terça-feira, 17 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18531: Agenda cultural (635): Convite para a inauguração da exposição "A Biblioteca de Samuel Schwarz, espelho de uma vida", amanhã, dia 18, 4ª feira, às 17h30, na Assembela da República (João Schwarz)


Cinquenta e cinco anos depois da nossa muito querida e saudosa amiga Clara Schwarz (1915-2016) ter chegado a um acordo com o Estado Português para a preservação e conservação da preciosa biblioteca do seu pai, Samuel Schwarz, Portugal homenageia a este homem, avô do Pepito e do João, que nos deixou um importante legado cultural.

Já o seu pai, Isucher Szwarc, nascido em Zgierz, na Polónia,  era detentor de uma um das  maiores bibliotecas  privada do país e a sua casa era o ponto de encontro de intelectuais de primeiro plano da Haskalá (movimento do iluminismo judaico, surgido na Alemanha no séc. XVIII).

Samuel veio para Portugal em 1914, e aqui prosseguiu os estudos sobre a história dos judeus portugueses, a par da sua atividade profissional como engenheiro de minas e homem de negócios. A biblioteca do pai, Isaque., foi pilhada   pelos nazis, desconhecendo-se o seu paradeiro.

A biblioteca do filho, Samuel  (e em especial a "biblioteca hebraica")  foi transferida para os arquivos históricos do Ministério das Finanças em 1953, em condições muito deficientes de transporte e depois de conservação, arquivo e salvaguarda. ...

Só em 1986 (!), a  biblioteca de Samuel Schwarz (ou que restava dela) foi finalmente parar a "boas mãos", a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa...  Foi preciso mais de meio século para, na casa da democracia, se dar a conhecer aos portugueses algumas das raridades da biblioteca de Samuel Schwarz (que em vida reuniu mais de 10 mil livros)...De qualquer modo, o ncleoo importante da biblioteca é chamada "biblioteca hebraica" (c. de mil livros e incunábulos).

Eu lá estarei amanhã para homenagear este homem, a quem se deve, entre muitas outras coisas, a descoberta da antiga sinagoga de Tomar (, edifício que ele próprio comprou, com dinheiro do seu bolso, e de que fez doação ao Estado Português), a par da descoberta da comunidade cripto-judaica de Belmonte. Nunca esquecerei o amor filial e a admiração intelectual que por ele tinha a sua filha Clara Schwarz. Esse trabalho de culto da memória tem sido continuado pelo seu filho João, irmão do Pepito. (LG)


1. Mensagem que nos foi enviada pelo nosso grã-tabanqueiro João Schwarz da Silva, hoje, às 11h38:

Caro Luís

Junto envio um convite para a exposição que terá lugar a partir de amanhã na Assembleia da Republica.

Abraços, João,


2.  Trata-se de um convite da Assembleia da República e da Faculdade de Ciências e Humanas (FCSH) da Universidade NOVA de Lisboa (UNL) para a inauguração da exposição "A Biblioteca de Samuel Schwarz, espelho de uma vida", no edifício da Assembleia da República, amanhã, 4ª feira, dia 18 de abril,  às 17h30 (no final da sessão plenária).

O engº Samuel Schwarz (Zgierz, Polónia, 1880 - Lisboa, 1953) tem meia dúzia de referências no nosso blogue. Foi pai da nossa grã-tabanqueira Clara Schwarz (Lisboa, 1915-Lisboa, 2016), e avô (materno) do Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito' (Bissau, 1949-Lisboa, 2014) e do João Schwarz da Silva, ambos membros da nossa Tabanca Grande, bem como bisavô (paterno) da nossa jovem amiga e grã-tabanqueira Catarina Schwarz que vive em Bissau.


3. Excerto da notícia relativa à à Biblioteca de Samuel Schwarz, que vai  ser exposta na Assembleia da República 

(...)  Samuel Schwarz juntou, ao longo de 73 anos de vida, uma extensa biblioteca, principalmente dedicada a temáticas judaicas. Depois de dezenas de anos no Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, esta coleção está hoje a cargo da Biblioteca Mário Sottomayor Cardia, da NOVA FCSH. A partir de 18 de abril e até 22 de maio, fica em exposição na Assembleia da República.

Esta mostra biobibliográfica, que fará igualmente parte das comemorações do Parlamento de Portas Abertas, a 25 de abril, estará dividida em três núcleos: um dedicado ao percurso de vida de Samuel Schwarz, com vários objetos pessoais e fotografias, outro com uma seleção de livros da sua biblioteca pessoal (alguns bastante raros, do século XVI e seguintes) e o terceiro com obra do próprio.

Samuel Schwarz, com formação em engenharia de minas, naturalizou-se português em 1939 e distinguiu-se como investigador e historiador, tendo publicado obras de referência acerca da presença dos cripto-judeus, também chamados marranos, em Portugal. O seu trabalho foi fundamental no processo de desocultação dos cripto-judeus portugueses.

Chegou ao nosso país em 1914, para trabalhar na extração de volfrâmio. No entanto, ainda no início dos anos 20, iniciou uma atividade paralela como arqueólogo e etnógrafo, o que lhe permitiu identificar a sinagoga de Tomar, que adquiriu e ofereceu ao Estado português em 1939. Algumas das fotografias que o próprio tirou nessa época farão parte do primeiro núcleo da exposição no Parlamento português, em formato físico ou digital.

Será também exposta uma seleção do seu acervo bibliográfico, que constituirá o segundo núcleo da exposição. Marcel Paiva do Monte, da Divisão de Bibliotecas e Documentação da NOVA FCSH, refere uma biblioteca “de grande coerência”, cujas obras estão maioritariamente relacionadas “com o povo judeu, a sua história, religião, língua e cultura”.

Da sua carreira como investigador serão também expostos alguns exemplares das suas publicações, entre artigos, livros e ensaios, que constituirão o terceiro núcleo desta exposição. Estas obras estão presentes nas suas versões originais, datilografadas ou manuscritas, mas também em versões e edições mais recentes, atualmente disponíveis na Biblioteca Mário Sottomayor Cardia.

Esta exposição teve origem num projeto de estudo e preservação do fundo de Samuel Schwarz, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian com o apoio da Direcção-Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas.(...)

(Fonte: FCSH / UNL,  14 abr 2018. Adapt. , com a devida vénia)

4. Sobre a biblioteca de Samuel Schwarz, ver ainda aqui, no síto do seu neto, João Schwarz:

Des Gents Interessants > Samuel Schwarz >  La bibliothéque de Samuel Schwarz [2012, em francês]

Vd. também o artigo a “Les bibliothèques de Isucher et Samuel Schwarz” [, em formato pdf, 9 pp., em francês].


Página do nosso amigo e grã-tabanqueiro João Schwarz > Des Gens Intéressants > "Eis aqui um mundo de outrora e de gentes que tiveram uma vida interessante. O que vai de Odessa a Lisboa, passando por Lisboa, Paris, Rio de Janeiro, Dacar, Montreal, Tel-Avive. Bissau e Zgierz. Todos têm por único atributo comum fazer parte da mesma família e ter conhecido sob uma forma ou outra as agruras da gierra ou da perseguição". [tradução do francês, LG]

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P18530: Os nossos seres, saberes e lazeres (262): 1.º Encontro de Teatro Sénior, Organização Actis Sintra, dia 21 de Abril de 2018, Casa da Juventude das Mercês (António J. Pereira da Costa)



1. Em mensagem de hoje 17 de Abril de 2018, o nosso camarada António José Pereira da Costa, Coronel de Art.ª Ref (ex-Alferes de Art.ª da CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74), enviou-nos para publicação o Programa do 1.º Encontro de Teatro Sénior, organização ACTIS SINTRA:

Estarei em cena a partir das 16H00. 
Muita m***a para mim! 

Um Ab. 

TZ



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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE ABRIL DE 2018 > Guiné 61/74 - P18521: Os nossos seres, saberes e lazeres (261): Uma visita à casa museu de um grande génio: Leal da Câmara (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18529: Inquérito 'on line' (129): "Este ano vou a Monte Real, ao XIII Encontro Nacional"... Resultados finais: em 39 respostas, 46% dizem que "sim", 10% estão "indecisos" e os restantes (44%) não vão, por razões de conflito de agenda, de saúde, económicas ou outras... Até à data já se inscreveram 90 (45% da lotação máxima)... Quem é grã-tabanqueiro, tem que ir pelo menos uma vez na vida a Monte Real... E quem não é, também pode vir... e só lhe faz bem!







Monte Real > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca Grande >
Imagens de arquivo do VI Encontro Nacional da Tabanca Gande, Monte Real, o segundo que se realizou no Palace Hotel Monte Real, em 4 de junho de 2011.

Recorde.se que o I Encontro Nacional foi na Ameira, Montemor-o-Novo, em 2006: o II em Pombal; o III e o IV, na Ortigosa, Monte Real, Leiria... Desde 2010, a 5.ª edição, mudámos para o Palace Hotel Monte Real. Até hoje... O XIII será de novo no mesmo sítio, no dia 5 de maio de 2018.

Estão a decorrer as inscrições. Lotação máxima: 200 lugares (Sala Dom Dinis, Palace Hotel Monte Real)

Fotos de Manuel Resende /: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)


1. Inquérito 'on line':

"Este ano a vou a Monte Real, ao XIII Encontro Nacional" (Resposta única)

Resultados finais (n=39)


Sim, vou > 18 (46,0%) 

Talvez, ainda não decidi > 4 (10,0%)


Não vou > 17 (44,0%) 


Total > 39  (100,0%)


2. Os que respondem  "Não" (n=17), é por razões:

(i) de conflito de agenda  > 4 (10,0%)
(ii) de saúde  > 2 (5,0%)
(iii)  económicas > 2 (5,0%)
(iv) outras > 9 (24,0%)


3. O prazo para responder ao inquérito terminou ontem dia 16, segunda-feira, às 22h32.


Quanto à inscrição, no XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande, camaradas e amigos/as, podem fazê-lo até pelo menos ao fim do mês de abril (ou até ao limite dos 200 lugares).

Até ontem à noite estavam  inscritos 90 amigos e camaradas da Guiné, 45% da lotação máxima.

Mas, por favor, aproveitem esta oportunidade... histórica. É que a Tabanca Grande é terna... mas não eterna.
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segunda-feira, 16 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18528: O Cancioneiro da Nossa Guerra (6): "Os Homens não Morrem" (Recolha de Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/ 68)


Batalha > Fetal > 26 de setembro de 2015 > Convívio da CART 1659 (Gadamael e Ganturé, 1967/69) >  Em primeiro plano, à esquerda, o ex-cap mil inf, hoje advogado, Manuel Francisco Fernandes de Mansilha... No final do almoço, leu as quadras que abaixo se reproduzem, e que lhe foram enviadas por um "Zorba", em 2011 pelo Natal. Segundo o Mário Gaspar, o autor dos versos é António Luís Faria Mendes, ex-1.º Cabo Operador Cripto.


Brasão da CART 1659, "Zorba" (Gadamael e Ganturé, 1967/68). Lema: "Os Homens Não Morrem".

Fotos (e legendas) : © Mário Gaspar (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Os Homens Não Morrem

por António Luís Faria Mendes,
ex-1.º Cabo Operador Cripto

Bem certo que o tempo passa,
Já nos vai pesando o pé, 
Mas não há nada que faça
Esquecermos a Guiné!

Alguns em Gadamael,
Os outros em Ganturé.
Fulas, mandingas, papel,
Sobe o rio com a maré.

Tempos difíceis, claro.
Sei que se foi cimentando
A amizade, um dom raro,
Que estamos comemorando.

Caro Mendes, Cabo Cripto,
Que que decifravas a mensagem,
Magro como um eucalipto,
Sempre com fé e coragem.

Vale a pena acreditar
Que há mar e os rios correm.
O que nos fez regressar?
Foi porque “Os Homens Não Morrem”!

Versos da autoria de António Luís Faria Mendes ex-1.º Cabo Operador Cripto. Data: c. 2011. Recolha de Mário Gaspar (ex-fur mil at art, minas e armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (*). Transcrição, revisão e fixação de texto: MG / LG (**)
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Vd,. postes anteriores:

27 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18261: O cancioneiro da nossa guerra (4): "o tango dos periquitos" ou o hino da revolta da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) (Silvino Oliveira / José Colaço)

27 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18259: O cancioneiro da nossa guerra (3): mais quatro letras, ao gosto popular alentejano, do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71)

8 de novembro de 2017> Guiné 61/74 - P17944: O cancioneiro da nossa guerra (2): três letras do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71): (i) Os Morcegos; (ii) Estou farto deles, tirem-me daqui; (iii) Fado da Metralha

30 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17811: O cancioneiro da nossa guerra (1): "Asssim fui tendo fé, pedindo a Deus que me ajude"... 4 dezenas de quadras populares, do açoriano Eduardo Manuel Simas, ex-sold at inf, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74

Guiné 61/74 - P18527: Notas de leitura (1058): “Memórias da minha guerra colonial”, de João Matos Lourenço Rosa; edição de autor de 2009 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Maio de 2016:

Queridos amigos,
Pela mão do Mário Vitorino Gaspar cheguei a este livro escrito por um auxiliar de serviço religioso.
Já tínhamos relatos de capelães, de combatentes a desnudarem as suas profissões de fé, sempre achei que fazia falta estas escavações junto daqueles que não eram formalmente combatentes, mas que acabaram por o ser pela força das circunstâncias ou resolvendo a quem vivia em destacamento no mato os problemas das transmissões, das viaturas e até os cortes de cabelo.
Li o relato do primeiro-cabo Lourenço Rosa e lembrei-me do Costa de quem o David Payne Pereira dizia ser o seu lugar tenente. Do Costa, que já se apresentou no blogue, tenho justificadas saudades e gratidão: pelos frascos de vitaminas, pelos cortes de cabelo, pela população do Cuor que lhe passou pelas mãos, pela sua presença na capela de Bambadinca.

Onde quer que tu estejas, Costa, um abraço muito afetuoso deste teu confrade,
Mário


O que era um auxiliar do serviço religioso nas nossas guerras africanas

Beja Santos

Uma das preocupações constantes no respigo de textos e no espírito das recensões é desvelar a natureza das especialidades de cada um, operações especiais, atiradores, capelães, médicos, enfermeiros, a todos se procura dar guarida. Tenho para mim que continuamos sem testemunhos que abarquem os soldados básicos, os maqueiros e aqueles que nas CCS auxiliavam nas transmissões, na manutenção das viaturas, nas cozinhas, etc. Neste entendimento, julgo que terá interesse dar atenção às “Memórias da minha guerra colonial”, de João Matos Lourenço Rosa, edição de autor de 2009. Esclareça-se que ele cumpriu a sua missão em Moçambique entre 1971 e 1974, integrado no BCAÇ 3866, destacado em Furancungo, no Tete. É um homem com itinerário curioso. Veio aos 12 anos da Portela do Fojo (Pampilhosa da Serra) para Lisboa, trabalhou numa fábrica de calçado, em feiras, num restaurante, em carrosséis de diversão, foi resineiro, teve uma passagem fugaz pelo Seminário dos Missionários Comboianos e até cumprir o serviço militar obrigatório tirou cursos profissionais nas áreas de eletrónica e da carpintaria mecânica. Vindo da guerra, trabalhou na Brisa, foi dirigente sindical, e ficamos por aqui.

Foi à inspeção, assentou praça em Aveiro, onde jurou bandeira. Colocado no RI 6 do Porto, onde se preparou a sério para ser auxiliar do serviço religioso, daqui seguiu para Espinho, já mobilizado para ir para Moçambique, houve viagem com peripécias, incluindo um pequeno incêndio no Niassa que obrigou a uma reparação em Bissau. Em Outubro de 1971 chegaram a Lourenço Marques, não gostou da chacota dos Moçambicanos brancos que os alcunhavam de “pior que pretos”, pessoas de baixo nível. Da capital seguem para a Beira. Diz abertamente que o capelão não lhe é uma pessoa cara:
“Era um homem que não tinha carisma, não tinha o dom da palavra. Mas eu haveria de encontrar bem piores em Nampula. Aí alguns não tinham mesmo qualquer feitio ou mesmo vocação para o sacerdócio. O padre de Nampula namorava com uma mulher da metrópole e casaria com ela quando chegou da sua guerra. Quanto ao padre Emílio, o do meu Batalhão, também ele pediu ao Papa a sua resignação e casou com uma senhora professora lá da terra”.

Da Beira rumam com destino a Moatize, são depois transportados de Berliet para a base aérea de Tete e depois Furancungo. O auxiliar do serviço religioso é cabo escriturário, faz rondas, é escalado para vigilâncias, dá catequese na Missão Nazareno e no Baué, quando necessário guarda urnas, os reforços de noite tornam-se um tormento, passa a ter graves problemas de sono, o médico receitou-lhe Fenobarbital, Diazepan e Bialzepan, mas nunca mais teve sono normal. É enviado a Nampula, ao serviço de psiquiatria, dois meses depois teve alta, o médico considerou que ele estava bem de saúde e que era um manhoso. Volta a Furancungo, no meio disto tudo houve uma punição, foi despromovido e depois promovido. Volta a Nampula, tem um desentendimento com a Polícia Militar, apanha 10 dias de detenção. Passa as férias com a família em Moçambique. Já vai no terceiro Natal passado na guerra. E em Dezembro de 1973, Furancungo é alvo do primeiro ataque com morteiros de 122 mm. Formou-se um grupo de combate, uma história patética. Os problemas com o sono não param. Nisto vem o fim da comissão, faz-se a viagem em sentido inverso, Furancungo-Tete, comboio a Moatize até à Beira, embarca de avião com escala em Luanda, Lisboa, acolhimento familiar, em 1974 casa-se com a menina que namora há muito.

O João Lourenço Rosa é despretensioso e não se ufana de quaisquer atos heróicos, no caso de uma mina anticarro com emboscada diz abertamente que se atirou para debaixo da viatura.

Fiquei a pensar neste relato e a procurar nos escaninhos da memória quem era o auxiliar do serviço religioso em Bambadinca. E recordei-me do Costa, que até já se apresentou no blogue. Extremamente gentil e prestimoso, era barbeiro, creio que escriturava, viu-o ajudar no posto de enfermagem e acolitava na celebração da missa na capela de Bambadinca. Era portanto uma especialidade com diferentes usos, um pouco como vem no relato de João Lourenço Rosa. Oxalá o Costa me leia e decida contar a sua comissão pluriprofissional, desde que se preparou para auxiliar de serviço religioso. E bom seria que chovessem mais depoimentos, a começar pelos maqueiros, os que comigo trabalharam eram incansáveis e forçosamente pluriprofissionais, faziam reforços, acompanhavam os patrulhamentos e nas horas difíceis faziam trabalho de trolha e outros místeres delicados. “Os do mato” não escondiam um relativo desdém pela malta da CCS, os que cozinhavam, reparavam viaturas, os cabo-cripto, a malta da manutenção. E como eles foram tão importantes, tão importantes para a nossa vida de combatentes!
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Nota do editor

Último poste da série de 13 DE ABRIL DE 2018 > Guiné 61/74 - P18519: Notas de leitura (1057): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (30) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18526: Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capítulos 39 e 40: Atenção, inimigo, não se metem connosco!... "Embora tu não ligues nada à guerra, eu quero informar-te de uma coisa: nós aqui lutamos contra as forças do PAIGC e comandante desse partido, que era o Amílcar Cabral, foi morto esta manhã no Senegal... Não sabemos se a guerra vai piorar ou melhorar, esperemos uns dias e depois digo-te algo"


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) > 1973 > Um dos postais que o José Claudino da Silva passou a mandar à namorada (e futura esposa), todos os meses, depois da notícia da morte de Amílcar Cabral (que foi morto na Guiné-Conacri e não no Senegal, em 20 de janeiro de 1973).

Foto: © José Claudino da Silva (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça]



1. Continuação da pré-publicação do próximo livro (na versão manuscrita, "Em Nome da Pátria") do nosso camarada José Claudino Silva [foto atual à esquerda] (*)

(i) nasceu em Penafiel, em 1950, de pai incógnito" (como se dizia na época e infelizmente se continua a dizer, nos dias de hoje);

(ii) foi criado pela avó materna;

(iii) trabalahou e viveu em Amaranete, residindo hoje naLixa, Felgueiras;

(iv) é vizinho do nosso grã-tabanqueiro, o padre Mário da Lixa, ex-capelão em Mansoa (1967/68), com quem, de resto, tem colaborado em iniciativas culturais, no Barracão da Cultura;

(v) tem orgulho na sua profissão: bate-chapas, agora reformado;

(vi) completou o 12.º ano de escolaridade;

(vii) foi um "homem que se fez a si próprio", sendo já autor de dois livros, publicados (um de poesia e outro de ficção);

(viii) tem página no Facebook; é avô e está a animar o projeto "Bosque dos Avós", na Serra do Marão, em Amarante;

(ix) é membro n.º 756 da nossa Tabanca Grande.

Sinopse:

(i) foi à inspeção em 27 de junho de 1970, e começou a fazer a recruta, no dia 3 de janeiro de 1972, no CICA 1 [Centro de Instrução de Condutores Auto-rodas], no Porto, junto ao palácio de Cristal;

(ii) escreveu a sua primeira carta em 4 de janeiro de 1972, na recruta, no Porto; foi guia ocasional, para os camaradas que vinham de fora e queriam conhecer a cidade, da Via Norte à Rua Escura.

(iii) passou pelo Regimento de Cavalaria 6, depois da recruta; promovido a 1.º cabo condutor autorrodas, será colocado em Penafiel, e daqui é mobilizado para a Guiné, fazendo parte da 3.ª CART / BART 6250 (Fulacunda, 1972/74);

(iv) chegada à Bissalanca, em 26/6/1972, a bordo de um Boeing dos TAM - Transportes Aéreos Militares; faz a IAO no quartel do Cumeré;

(v) no dia 2 de julho de 1972, domingo, tem licença para ir visitar Bissau,

(vi) fica mais uns tempos em Bissau para um tirar um curso de especialista em Berliet;

(vii) um mês depois, parte para Bolama onde se junta aos seus camaradas companhia; partida em duas LDM parea Fulacunda; são "praxados" pelos 'velhinhos', os 'Capicuas", da CART 2772;

(viii) faz a primeira coluna auto até à foz do Rio Fulacunda, onde de 15 em 15 dias a companhia era abastecida por LDM ou LDP; escreve e lê as cartas e os aerogramas de muitos dos seus camaradas analfabetos;

(ix) é "promovido" pelo 1.º sargento a cabo dos reabastecimentos, o que lhe dá alguns pequenos privilégio como o de aprender a datilografar... e a "ter jipe";

(x) a 'herança' dos 'velhinhos' da CART 2772, "Os Capicuas", que deixam Fulacunda; o Dino partilha um quarto de 3 x 2 m, com mais 3 camaradas, "Os Mórmones de Fulacunda";

(xi) Dino, o "cabo de reabastecimentos", o "dono da loja", tem que aprender a lidar com as "diferenças de estatuto", resultantes da hierarquia militar: todos eram clientes da "loja", e todos eram iguais, mas uns mais iguais do que outros, por causa das "divisas"... e dos "galões"...

(xii) faz contas à vida e ao "patacão", de modo a poder casar-se logo que passe à peluda;

(xiii) ao fim de três meses, está a escrever 30/40 cartas e aerogram as por mês; inicialmente eram 80/100; e descobre o sentido (e a importância) da camaradagem em tempo de guerra.

(xiv) como "responsável" pelo reabastecimento não quer que falte a cerveja ao pessoal: em outubro de 1972, o consumo (quinzenal) era já de 6 mil garrafas; ouve dizer, pela primeira vez, na rádio clandestina, que éramos todos colonialistas e que o governo português era fascista; sente-se chocado;

(xv) fica revoltado por o seu camarada responsável pela cantina, e como ele 1º cabo condutor auto, ter apanhado 10 dias de detenção por uma questão de "lana caprina": é o primeiro castigo no mato...; por outro lado, apanha o paludismo, perde 7 quilos, tem 41 graus de febre, conhece a solidariedade dos camaradas e está grato à competência e desvelo do pessoal de saúde da companhia.

(xvi) em 8/11/1972 festejava-se o Ramadão em Fulacunda e no resto do mundo muçulmano; entretanto, a companhia apanha a primeira arma ao IN, uma PPSH, a famosa "costureirinha" (, o seu matraquear fazia lembrar uma máquina de costura);

(xvii) começa a colaborar no jornal da unidade, e é incentivado a prosseguir os seus estudos; surgem as primeiras sobre o amor da sua Mely [Maria Amélia], com quem faz, no entanto, s pazes antes do Natal; confidencia-nos, através das cartas à Mely as pequenas besteiras que ele e os seus amigos (como o Zé Leal de Vila das Aves) vão fazendo...

(xviii) chega ao fim o ano de 1972; mas antes disso houve a festa do Natal (vd. capº 34º, já publicado noutro poste);

(xix) como responsável pelos reebastecimentos, a sua preocupção é ter bebidas frescas, em quantidade, para a malta que regressa do mato, mas o "patacão", ontem como hoje, era sempre pouco;

(xx) dá a notícia à namorada da morte de Amílcar Cabral (que foi em 20 de janeiro de 1973 na Guiné-Conacri e não no Senegal); passa a haver cinema em Fulacaunda: manda uma encomenda postal de 6,5 kg à namorada.


2. Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capºs 39  e 40

[O autor faz questão de não corrigir os excertos que transcreve, das cartas e aerogramas que começou a escrever na tropa e depois no CTIG à sua futura esposa. E muito menos fazer autocensura 'a posterior', de acordo com o 'politicamente correto'...  Esses excertos vêm a negrito. O livro, que tinha originalmente como título "Em Nome da Pátria", passa a chamar-se "Ai, Dino, o que te fizeram!", frase dita pela avó materna do autor, quando o viu fardado pela primeira vez. Foi ela, de resto, quem o criou. ]


39º Capítulo   > AMÍLCAR CABRAL

Ena, pá! Que ousadia!

“Atenção inimigo! Não se metam connosco. Estamos de olho vivo. Sabes meu amorzinho? Estes negros nojentos não querem nada com “Os Serrotes” as nossas laminas estão bem afiadas e eles sabem que podem cortar-se.”

Dizia isto em mais uma noite de prevenção. Seria mais uma noite, mas não foi. Aquela noite foi de 20 para 21 de Janeiro de 1973. O meu comentário no dia 21:

“Embora tu não ligues nada à guerra eu quero informar-te uma coisa. Nós aqui na Guiné lutamos contra as forças do P.A.I.G.C. (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde) e o comandante desse partido que era o Amílcar Cabral foi morto esta manhã no Senegal, país que faz fronteira com a Guiné e de onde entram os terroristas, por isso nós não sabemos se a guerra vai piorar ou melhorar, esperemos uns dias e depois digo algo”

Um facto histórico tão relevante foi passado por nós duma forma completamente superficial. Até o comandante foi de férias, no dia 25.

Que guerra aquela!

No mesmo aerograma falo de Camilo Castelo Branco e digo uma frase que ainda hoje sei de cor. (A dor que proporcionamos às outras pessoas devia ser equivalente à que sentimos.) Nos dias seguintes, apenas falei de amor.

Era domingo, decidi começar a mandar um postal por mês.


40º Capítulo  > DEPOIS DAS MORTES.  O CINEMA

26 de Janeiro de 1973

Estive tentado, como em muitas outras vezes, a não falar de guerra, mas neste dia na última página da carta do mês não resisti.

“Como sabes pertenço a um batalhão que tem quatro companhias. C.C.S. 1ª; 2ª e 3ª que é a minha. A C.C.S. está em Tite e já sofreram um ataque sem feridos. A 1ª está em Jabadá, também sofreram um ataque sem feridos. A 2ª está em Nova Sintra, sofreram um ataque tiveram quatro feridos e dois mortos. Nós ao quartel ainda não tivemos nenhum e decerto não teremos, agora toda a companhia está de prevenção das seis horas da tarde às quatro da manhã e dormimos de dia.

Hoje 85 colegas estão para o mato em operação. Acho que as coisas estão a piorar. Para tornar tudo mais difícil o gerador avariou e a vigilância é muito menos eficaz. Estamos sujeitos a só detectar o inimigo quando estiverem mesmo em cima de nós. Neste momento lá fora a escuridão é total, estou a escrever-te à luz da vela”


Não me levem a mal por, nos dias seguintes, só escrever sobre bigamia e gravadores de cassetes, futebol e bebidas, sobre o Zé Leal que tinha ido a Bissau, as contas de Janeiro que bateram certas e o reabastecimento que seria dia dois. Correu tudo tão bem que até recebi dois cabelos que a namorada mandou. Eram grandes. Ela ia cortar o cabelo à moda.

Guerra? Grave foi ter-me magoado num pé a jogar voleibol.

“Na próxima semana vamos ter cinema em Fulacunda. Fixe há muitos meses que não vejo um filme.

Quero dizer-te que a nossa companhia agora faz parte operacionalmente de uma outra que é a C.O.P. 7 e está cá um capitão dessa C.O.P. 7 que é um tipo porreiro, até se come melhor”


Foi em Fevereiro que mandei uma encomenda para a minha namorada. A cantina, em miniatura, uma faca de mato, um livro com duas comédias. (“Monsieur de Pourceaugnac" e “O Avarento” de Moliére), uma garrafa de whisky e mais umas latas de Coca-Cola para misturar. Pesava 6,5Kg.

Uma parvoíce, não? Quem era tão parvo que mandasse essas coisas para a metrópole? Eu, é claro!
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domingo, 15 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18525: Efemérides (273): No 24º aniversário da Apoiar - Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra: "Ter que matar para sobreviver", texto de Mário Gaspar, originalmente publicado no jornal Apoiar, nº 2, jul / set 1996


 Cartaz com o convite  para a sessão de comemoração do 24º Aniversário da APOIAR, Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra. O evento realizar-se-á na sede da APOIAR, sito na Rua C, Lote 10, Lj. 1.10, Piso 1 – Bairro Liberdade 1070-023 Lisboa, na quarta-feira, dia 18 de abril de 2017, pelas 15:00.Aderir através do Facebook. Vd página da associação aqui.



1. Mensagem,  com data 12 de abril de 2018, do nosso camarada Mário Vitorino Gaspar:

[foto atual à esquerda; ex-fur mil at art, minas e armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68; e, como ele gosta de lembrar, Lapidador Principal de Primeira de Diamantes, reformado; e ainda cofundador e dirigente da associação APOIAR; tem mais de. 100 referências no nosso blogue]




Caros Camaradas

Logo no início da fundação da APOIAR – Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra, registada no dia 18 de Abril de 1994, sendo fundador, também do Jornal APOIAR  (fui primeiro Director), vi-me na necessidade de escrever muitos textos sobre o tema. Lembrar que deixara de escrever desde que terminara Comissão na Guiné.

Este foi talvez o texto que teve mais impacto no Jornal fundado em Janeiro de 1996.

Já que dentro de dias a APOIAR comemora o aniversário [, o 24º], talvez fosse bom recordar o tema escolhido para falar de um tema que temos de afirmar era tabu. Lembrar que foi escrito dirigido a Combatentes que sentiam na pele o trauma da guerra.

Cumprimentos

Mário Vitorino Gaspar


Cabeçalho do jornal Apoiar, nº 2, jul / set 1966

2. Ter que Matar para Sobreviver 

[adaptação de texto publicado no Jornal Apoiar, nº 2, julho / setembro de 1996, pp. 10/11, "Ele teve que matar para sobreviver", da autoria de Mário Gaspar]

por Mário Vitorino Gaspar


“Nos nossos livros de escola glorificam a guerra
 escondem seus horrores.
Eles incutem ódio nas veias das crianças.
Eu preferia ensinar a paz do que a guerra.
Eu preferia incutir amor do que ódio.”


Albert Einstein


(...) O assistir a mortes e ter que matar para sobreviver; estar presente em acções de violência; passar fome e sede; assistir e/ ou participar na morte de crianças e mulheres; estar presente em acções de bombardeamentos, tiroteios intensivos; rebentamentos de minas e armadilhas, fornilhos e o tão famigerado napalm e as dificuldades de ambientação ao clima e o estar longe da família, tornou aqueles jovens sorridentes, ávidos de vida, em homens precocemente envelhecidos. Farrapos humanos, remendados.

Uns já haviam constituído família, outros fizeram-no logo de imediato, os restantes ficaram solteiros. Marcham para a vida, mas diferentes. As mulheres e os filhos paridos muitas vezes de atos sexuais de violência, mulheres violadas pelo guerreiro, e não pelo amor do marido. De imediato, ou posteriormente, o ex-combatente isola-se como se a aldeia, a vila ou a cidade fosse um aquartelamento. Não fala da guerra nem aos pais, à mulher, aos filhos, a familiares e amigos, como não o fizera quando combatia. Ao fazê-lo com alguém só narra as bebedeiras. E sorria.

Na generalidade, e num período curto ou mais lasso, volta a vestir a farda, embora civil, agride, esbofeteando a mulher, os filhos, ou ambos. Não tem paciência para o diálogo e, por vezes, a família embrião é destruída como por acção de um rebentamento. Os filhos ficam a cargo da mãe violada pela guerra colonial. Ele teve que matar para sobreviver na guerra. É o funeral da família. Foi uma mina, uma armadilha ou um fornilho?

Pais, irmãos, mulheres e os filhos daqueles que haviam contraído matrimónio antes da partida, num porão ou num avião, assim como as namoradas ou noivas, familiares e amigos, traumatizados pelo seu ente querido e amigos, choraram à partida para a guerra. Os pais, em muitos casos, morrem precocemente. O Estado português ignora e deixa viúvas, por vezes mães, na miséria. Um ex-combatente suicida-se. Perguntam: porque se suicidou? E não entendem. E os vivos, os ex-combatentes, vivem (se isso é viver!) com medo do futuro. Aqueles que ainda possuem o amor das esposas, dos filhos, por vezes partem portas, armários e outros utensílios domésticos, talvez por não quererem agredi-los.

No quotidiano, aqueles dóceis seres humanos que partiram para a guerra, são despedidos no trabalho. Na rua são presos por criarem conflitos e são desconfiados. São possuidores de um forte espírito de justiça.

E isto por existir um desdobramento em duas personagens distintas: a boa, porque era um jovem alegre, e a má porque partira para a guerra, onde ele teve que matar para sobreviver.

E é por tal razão que, na maioria dos casos odeiam fardas, qualquer tipo de fardas, inclusive a dos bombeiros, embora os adorem. E porque a farda alimenta o ódio, nas suas mentes amputadas, parecendo paradoxo, andam fardados, diariamente, andam em guerra consigo e com os outros, armados, imaginariamente, de arma na mão, como se os pavimentos fossem matas, atentos aos ruídos, passos e chorando como quando uma criança chora, lembrando, nalguns casos a criança que viram matar ou mataram.

Pela noite dentro, já depois de ingerirem doses excessivas de medicamentos, sonhos, pesadelos angustiantes, sufocantes, com gritos, choros, sangue em corpos retalhados, rebentamentos, tudo numa amálgama. Restando do sono três ou quatro horas de descanso, se é descanso, isto após inúmeras dificuldades em adormecer. Ao levantarem-se pretendem iniciar um novo dia, mas tudo se repete.

Na guerra bebia-se ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar. E também nos intervalos. E a bebida normalmente não faltava. Uma das principais razões de se ingerir álcool em demasia era, talvez terem que sofrer a sede nas operações, outra razão era para esquecer. Bebia-se, mas menos, nas matas quando acabava a água no cantil, o líquido dos charcos, onde por vezes se urinava. Aqueles que fumam fazem-no em excesso. Há ainda os que se tornaram toxicodependentes.

Ex-combatentes com PTSD [, sigla inglesa, Post-Traumatic Stress Disorder, em português Perturbação de Stress Pós-Traumático] de Guerra têm dificuldades de concentração, esquecem, quer se alaguem em álcool quer se droguem ou não. Têm, por vezes, tremuras, ranger de dentes e gaguejam, por vezes. A família não entende o medo que vai dentro deles, quando se deslocam a hipermercados, supermercados e outros locais de forte concentração de pessoas. Medo dos grandes espaços, não estando bem em local algum, nem no lar, se o possuem, no café, no restaurante ou noutro local público. Querem abandonar os locais onde se encontram. Não querem estar fechados. Quanto aos transportes, alguns nem sequer tiraram a carta de condução, porque sabiam que o carro na estrada podia ser um foco de conflitos com os outros; não andam, em muitos casos, de metro, não querem servir-se de elevadores e outros transportes públicos, principalmente os superlotados. Estar metido em bichas é uma afronta, uma agressão. Detestam.

São estes ex-combatentes, que no dia-a-dia estão em guerra consigo – a guerra continua, dentro deles. Na grande maioria não estão amputados de membros, não estão cegos, sem cicatrizes visíveis e não possuem próteses. Foram eles que transportaram – sim porque foram eles que o fizeram – os tais amputados, os cegos e inúmeras vezes foram eles que lhes salvaram as vidas. Apanharam das bolanhas, das matas, os pedaços dos mortos, escorrendo o sangue pelos seus corpos, colocando esses restos de corpos, bocado, a bocado em sacos de plástico e outros recipientes. Transportaram os feridos e choraram de dor os mortos.

Hoje os ex-combatentes com perturbações de stress pós traumático de guerra são autênticos despojos humanos, com as vísceras sangrando-lhes os corpos, dos camaradas abatidos pelo inimigo.

Os ex-combatentes com stress de guerra são portadores de outras doenças associadas: problemas musculares, cardíacos, ósseos, de pele, sexuais, etc.. Possuem uma vida curta. Vivem com problemas que a nossa sociedade desconhece. E por culpa de quem? (...)

Contem a história da Guerra Colonial nos manuais escolares, não a façam prisioneira.

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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18494: Efemérides (272): No Centenário da Batalha de La Lys, homenagem aos Combatentes do Concelho de Barcelos (Manuel Luís Lomba)

Guiné 61/74 - P18524: Blogpoesia (562): "Insaciável...", "Irrompeu a Primavera", e "Roda viva", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, CachilCatió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Insaciável… 

Insaciável é o cultor da arte. 
Vive dela como respira o ar. 
O poeta. 
Mal acaba um poema, sente viva a fome de dar vida a outro. 
Sua mente num rodopio. 
Não pára mais. 
Até encontrar o tema. 
Depois, segui-lo. 
O escultor. 
Ultimou a obra. 
Contempla-a. 
Se gosta dela, se sente triste. 
Chegou ao fim. 
O pintor.  
Sua alma encheu a tela. 
Amplidão. Harmonia e cor. 
Ali está tudo. 
Já não é seu. 
É outro ser. 
O músico. 
De repente, reluz a luz. 
O conduz ao céu. 
Encantado. 
É sou ouvir. 
O pior é o fim… 
O fogo só aquece enquanto arde. 

Ouvindo Hauser em violoncelo - Vocalise- Rachmaninov
Berlim, 8 de Abril de 2018
8h11m
Jlmg

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Irrompeu a Primavera 

Aquelas alamedas de sebes secas, 
Pareciam mortas. 
Aquelas copas hirtas e desgrenhadas 
Das árvores tristes. 
Aquelas hortas nuas, sempre a dormir, 
Tudo mudou. 
Bastou o sol de um só dia. 
Foi de repente. 
Dum dia para o outro. 
Ficaram verdes. Folhinhas tenras. 
Vieram flores, de várias cores. 
Com alegria. Fazia falta. 
A vida viva brota abundante. 
As vestes negras, de cores sombrias 
Se põem num canto. 
Surgiram braços à luz do dia. 
Brilham os rostos. 
Há algazarra da pequenada 
A jogar ao sol. 
Bailam baloiços. 
Se alcançam alturas 
Nas cordas bambas, 
Parece um circo. 
E os cantoneiros da praxe, 
De engaço em punho, 
Enchem o carro com o que há a mais, 
Pelo chão do bosque. 
Uma feliz ideia que ocupa os idosos 
E os faz felizes, por pouco dinheiro. 
Para eles é muito. 
Em vez da bisca... 

Berlim, 11 de Abril de 2018 
10h28m 
Jlmg

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Roda viva

A vida é roda viva.
Vela acesa.
Sua chama arde,
Brilha e ilumina.
Banha e inunda.
Dá cor.
Semeia a chuva
E sopra o vento.
Mas é o sol que a sustenta.
Um mar sem fim.
Um arco imenso.
Abraça o mundo.
Por vezes, plange,
Outras, sorri.
Tem duas faces.
Como a lua.
Uma brilha.
A outra não.
Para que serve, apagado
O farol na praia?
Moinho sem vento não mói.
Navio fantasma,
Carregado de oiro e de sonhos
Afugenta quem sonha,
Pelo aspecto que tem.
Afinal,
Para que serviu uma vida, sem vida?...

Berlim, 12 de Abril de 2018
17h12m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 8 DE ABRIL DE 2018 > Guiné 61/74 - P18501: Blogpoesia (561): "Natureza humana", "Deslumbramento...", e "Fulgurante o sol...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P18523: Parabéns a você (1420): António Pimentel, ex-Alf Mil Rec Inf do BCAÇ 2851 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de > Guiné 61/74 - P18516: Parabéns a você (1419): Francisco Alberto Santiago, ex-1.º Cabo TRMS do BART 3873 (Guiné, 1972/74)

sábado, 14 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18522: FAP (102): Paixões das nossas vidas - A Força Aérea Portuguesa (Mário Santos, ex-1.º Cabo MMA - F 86 e Fiat G-91)

1967 - Base Aérea 12 - Linha da Frente - Esquadra de Tigres 


1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, 1967/69), com data de 13 de Abril de 2018:

Caro Carlos 
Envio-te para publicação este texto e foto da Linha da Frente em 1968. Esquadra 121 "Tigres de Bissalanca", composta pelos primeiros Fiat's G-91 R/4 a operarem no nosso teatro de guerra. 
O nosso "logo" com uma Cabeça de Tigre e Boca de Tubarão pintados respectivamente por debaixo do Cockpit e na entrada de ar do Reactor. 
Vai também um logotipo da Força Aérea em que estão inseridos o novo emblema e outros bem mais antigos. 
É tudo pertença do meu espólio. 
Espero que seja do interesse da tertúlia... como sou "periquito" nestas lides, espero que este seja o procedimento normal. Tu dirás! 

Abraço amigo, 
Mário Santos



PAIXÕES DAS NOSSAS VIDAS

A Força Aérea Portuguesa

Num ser humano considerado emocionalmente equilibrado, as paixões de vida começam normalmente pela família, namoradas, amigos e conhecidos.
Esta é quanto a mim, a ordem natural da essência da vida, embora como bem sabemos as excepções existam.

Vêm depois as outras, as secundárias, mas bem importantes se tivermos em consideração o que se vai passando e sabendo hoje através dos media e das redes sociais. Refiro-me a este fenómeno curioso e transversal, que engloba a maioria do pessoal militar que passou pela gloriosa instituição que é a Força Aérea onde me integrei como voluntário aos 17 anos de idade.

Desde o mais simples soldado até à mais alta patente, “a nossa Força Aérea” mexe com todos, mesmo com aqueles que como eu, tiveram uma passagem curta, mas de tão intensa, marcou o meu percurso de vida até aos dias de hoje. Amizades que perduram passados mais de 50 anos. Eventos cuja memória não se desvanece nunca.

Todos ou quase todos, passámos pelos diferentes teatros de guerra, quando com honra, orgulho e sem preconceito, defendemos os territórios ultramarinos que os nossos antepassados nos legaram.

Aprendi na Força Aérea a cultivar o espírito da amizade, do fazer e fazer sempre bem, do rigor, da competência, da administração dos parcos recursos que a Nação colocou à nossa disposição, que a Instituição FAP, com inteligência e bom senso, soube utilizar com critérios de boa gestão, procurando sempre a proficiência dos seus recursos, buscando sempre em última instância o bom êxito da missão.

E, o mais importante, o apoio, a protecção e auxilio aos que no terreno combatiam o inimigo olhos nos olhos. Os nossos camaradas do exército terrestre. Os que mais padeceram e sacrificaram!

Colaborei em muitas missões, com técnicos e pilotos, que num espírito de união, trabalharam em uníssono, para que todas as missões tivessem sucesso. Admiro, louvo e reconheço publicamente, o nosso espírito de sacrifício, a entrega à missão que abraçámos e em que nos empenhámos devotadamente ao serviço de Portugal.

A Força Aérea Portuguesa existe para servir. Sem esperar recompensas. Hoje, como ontem, estão fortemente empenhados em continuar o seu caminho, de paulatinamente melhorar a sua prestação e o seu serviço ao País. O melhor de qualquer Instituição, são as pessoas que nela servem, com alegria, vontade firme e constante de dar o seu melhor, em favor de uma causa, que por ser pública e relevante, deve merecer de todos nós o nosso agradecimento e admiração.

Um grande bem haja a todos os meus camaradas de todas as armas que lutaram por Portugal.

Fraterno abraço para todos!
Mário Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 1 DE MAIO DE 2017 > Guiné 61/74 - P17303: FAP (101): Agora num expositor... Aventuras de um capacete... E não só... (Miguel Pessoa)

Guiné 61/74 - P18521: Os nossos seres, saberes e lazeres (261): Uma visita à casa museu de um grande génio: Leal da Câmara (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 23 de Janeiro de 2018:

Queridos amigos,
É impossível que um qualquer visitante saia da Casa-museu Leal da Câmara defraudado com aquele espantoso conteúdo de obras de arte e do recheio da habitação, isto para já não falar nos toques graciosos de diferentes apontamentos no exterior da casa e na beleza do jardim que ele desenhou mas não chegou a ver.
Como um dos maiores artistas do seu tempo, que o foi, concebeu uma casa-museu para desfrute do seu génio, e percorre-se a casa e a exposição permanente e percebe-se que só homens de grande testemunho e vibração são capazes desta dádiva. E vem-nos logo à mente um outro vulto pluridimensional, Júlio Pomar, que abre as portas para que todos nós possamos desfrutar uma outra dimensão do talento que marca pelo menos 60 anos das belas artes em Portugal.
Lá o visitaremos.

Um abraço do
Mário


Uma visita à casa museu de um grande génio: Leal da Câmara (2)

Beja Santos

Logo no ponto alto da brochura temos o sorriso maroto e o olhar desafiante de mestre Leal da Câmara, como de costas voltadas para o rei que ele tão ferozmente ridicularizou, D. Carlos. Aliás há um desenho em que Leal da Câmara põe D. Carlos como na estátua de Camões no Chiado e diz a D. Carlos I, o último. Por estas e por outras lá foi para Espanha onde os poderes constituídos também não lhe deixaram graça, e saiu-lhe a sorte grande, de Madrid partiu para o epicentro cultural da Europa, Paris. E escreve-se nesta brochura: “Será nesta nova ambiência cultural que Leal da Câmara permanecerá por uma década, construindo a sua carreira e impondo-se com a sua técnica e concepção artística. As suas paisagens de efeitos simples, os seus retratos sóbrios, a par das suas rebuscadas e irónicas caricaturas, são identificadores de um traço amplo e inteligente que reflectem o poder criador e alto nível técnico de um pintor todo ele de cor e movimento, pleno de originalidade, acabando por conquistar um lugar de relevo no mundo artístico e cultural parisiense de então”.


Regressado a Portugal, dedica-se ao ensino, primeiro no Norte e depois em Lisboa. A sua colaboração na imprensa é avassaladora. Vem viver para Lisboa e continua infatigável a colaborar com jornais e revistas da capital. Em 1930 fixa-se na Rinchoa, transforma uma habitação rústica numa casa cheia de gosto que sucessivas requalificações não desfiguraram. O viandante desconfia que o que está a ver não era exatamente o ambiente que cercava o maior dos desenhadores de humor da primeira metade do século XX, mas está tudo cheio de caráter e harmónico, as obras de arte falam com o mobiliário e não resta dúvida que terá sido aproximadamente assim mesmo depois da sua morte, ocorrida em 1948.



Como é que a corte espanhola não se teria enfurecido com este retrato da rainha disfarçada de abutre, ou mulher mostrengo, ou virago de rosto azedado? E depois rendemo-nos ao traço, fica-nos a vontade de saber se a grande bailarina, diva do seu tempo, Josephine Baker, soube da existência deste desenho, que lindo sorriso.



Aqui fia mais fino, estamos em Outubro de 1910, republicano convicto dá à estampa a implantação da República socorrendo-se do Zé Povinho abraçado ao símbolo da República francesa e temos a capa de L’Assiette au Beurre, aquele Zé Povinho é o alter-ego de Leal da Câmara.



Este 5 de Outubro de 1910 trouxe-o de volta a Portugal, rapidamente Leal da Câmara se desapontou com o que viu e daí ter partido voluntariamente para Paris onde permanecerá até 1915, entretanto não deixa de ironizar sobre tudo quanto se passa na vida política portuguesa como este guache intitulado “Os partidos republicanos emergentes: a galinha no choco”. Só as condições da guerra o puseram de volta, vai começar a sua vida de professor, ministrará lavores femininos.



Quem nos guia nesta exaltante visita recorda que este “Muro do derrete” é a derradeira obra do artista, ficou incompleta, os últimos anos foram de grande sofrimento físico, poucos antes de morrer, Leal da Câmara queria a casa de portas abertas, transformou o seu ateliê em museu e, como também se escreve na brochura, “assim se perpetuar a sua memória e a sua arte, para melhor se compreender que tudo aquilo que desenhou, quer caricaturalmente, quer numa tradução simbolizante ou de real impressionismo, como realidade de um quotidiano de um concreto não é mais do que, como diria Leitão de Barros, verificar a fertilidade, a espontaneidade, a graça pessoal, o espírito crítico e satírico de um dos maiores desenhadores da sua época”.
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Nota do editor

Último poste da série de 7 DE ABRIL DE 2018 > Guiné 61/74 - P18496: Os nossos seres, saberes e lazeres (260): Uma visita à casa museu de um grande génio: Leal da Câmara (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18520: Inquérito 'on line' (128): "Este ano vou a Monte Real, ao XIII Encontro Nacional"... Resultados das primeiras 30 respostas: 50% dizem que "sim", 13% estão "indecisos" e os restantes (37%) não vão, por razões de conflito de agenda, de saúde, económicas ou outras... O prazo de resposta ao inquérito termina na segunda-feira, dia 16, às 22h32... O prazo de inscrição termina no dia 30 de Abril ou quando se esgotarem os 200 lugares da lotação da sala Dom Dinis, do nosso Palace Hotel Monte Real


Foto nº 1 > Aspeto geral dos "aperitivos", na varanda da sala D. Dinis


Foto nº 2 > Em primeiro plano, o Jorge Narciso e o Victor Tavares


Foto nº 3 > O Sousa de Castro com um emissor-recetor AVP1. Foto: Sousa de Castro (2010)


Foto nº 4 > João Barge (1944-2010) e Carlos Nery


Foto nº 5  > O guineense António Estácio


Foto nº 6 > A prof Maria João Figueiras, dourorada em piscologia clínica (2000), esposa do camarada e editor Jorge Araújo. Na foto, está a folhear o livro autobiográfico do nosso saudoso Amadu Djaló (Bafatá, 1940-Lisboa, 2015)

Imagens de arquivo do V Encontro Nacional da Tabanca Gande, Monte Real, o primeiro que se realizou no Palace Hotel Monte Real, 2m 26 de junho de 2010.

Recorde.se que o I Encontro Nacional foi na Ameira, Montemor-o-Novo, em 2006: o II em Pombal; o III e o IV, na Ortigosa, Monte Real, Leiria... Desde 2010, a 5.ª edição, mudámos para o Palace Hotel Monte Real. Até hoje... O XIII será de novo no mesmo sítio, no dia 5 de maio de 2018.

Estão a decorrer as inscrições. Lotação máxima: 200 lugares (Sala Dom Dinis, Palace Hotel Monte Real)

Fotos: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)


1. Inquérito 'on line':

"Este ano a vou a Monte Real, ao XIII Encontro Nacional" (Resposta única)

Resultados preliminares (até 17h de hoje)


Sim, vou > 15 (50,0%) 

Talvez, ainda não decidi > 4 (13,0%)


Não vou > 11 (37,0%) 


Total > 30  (100,0%)


2. Os que respondem  "Não" (n=11), é por razões:

(i) de conflito de agenda  > 1 (3,0%)
(ii) de saúde  > 2 (6,0%)
(iii)  económicas > 2 (6,0%)
(iv) outras > 6 (20,0%)


3. O prazo para responder ao inquérito termina dia 16, segunda-feira, às 22h32.


Quanto à inscrição, no XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande, camaradas e amigos/as, podem fazê-lo até pelo menos ao fim do mês de abril (ou até ao limite dos 200 lugares).

Até sábado de manhã estavam  inscritos 85 amigos e camaradas da Guiné, 42,5% da lotação máxima.

Mas, por favor, aproveitem esta oportunidade... histórica. É que a Tabanca Grande é terna... mas não eterna.

Voltam a reproduzir-se aqui, hoje, algumas fotos de encontros anteriores, neste caso o V Encontro Nacional (2011). Na foto nº 5,  vemos o saudoso João Barge (1944-2010) a falar com o ex-cap mil Carlos Nery.
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(**) Vd. psste de 8 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17833: Inquérito 'on line' (127): Num total de 64 respondentes, mais de um 1/3 diz que não há (ou não sabe se há) um monumento aos combatentes do ultramar no concelho onde mora...