terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17048: Recortes de imprensa (85): O nosso camarada Armor Pires Mota no lançamento do livro da investigadora Sílvia Torres ("O jornaliismo português e a guerra colonial", Lisboa, Guerra & Paz, 2016, 432 pp.) na sua terra natal: Anadia, 2 de julho de 2016 (Excerto do "Correio do Vouga")




Anadia > Biblioteca Municipal > 2 de julho de 2016 > Da esquerda para a direita, Jorge Ribeiro, Sílvia Torres, Teresa Cardoso e Armor Pires Mota (Cortesia de Correio do Vouga)


1. Excerto do Correio do Vouga,semanário da diocese de Aveiro, com a devida vénia (*):

O livro “O jornalismo português e a guerra colonial”, da autoria de Sílvia Torres, foi apresentado na Biblioteca Municipal de Anadia, no dia 2 de julho [de 2016], e contou com a intervenção de dois jornalistas antigos combatentes na guerra colonial: Jorge Ribeiro e Armor Pires Mota, para além da autora e da presidente da autarquia anadiense, Teresa Cardoso. (...)

(...) Armor Pires Mota, que foi combatente na Guiné, de 1963 a 1965 e chefe de redação do “Jornal da Bairrada” (de Oliveira do Bairro), recordou a sua experiência pessoal no conflito, realçando que durante a sua estada no conflito foi escrevendo uma “espécie de diário”, publicando algumas dessas crónicas naquele jornal bairradino. Nessas crónicas, numa linguagem “nua e crua”, em jeito de “repórter de guerra, relatava as vivências por que passava na frente de combate, tendo sido alertado que essas publicações lhe poderiam provocar dissabores. No entanto, após regressar da guerra, resolveu reunir essas crónicas e publicá-las no livro “Tarrafo”, o qual suscitou, de imediato, a intervenção da censura, que apreendeu praticamente todos os livros, motivando que Armor Pires Mota fosse interrogado pela PIDE (a polícia política de então), o mesmo se passando com o diretor daquele jornal, o advogado Granjeia (com escritório em Aveiro).

Para Armor Pires Mota, muito do que foi escrito sobre a guerra colonial foi por pessoas que nunca lá estiveram e, pior ainda, com profundas mentiras sobre o que realmente se passou no conflito. “Quem lá esteve ficou bloqueado” e só a partir da década de 1980 começaram a publicar as suas memórias sobre o conflito.

Por causa da censura, Armor Pires Mota afirmou que “os jornalistas publicavam aquilo que podiam e eram autorizados”, realçando ainda que “os próprios jornalistas, no terreno, autocensuravam-se, não dando notícias nuas e cruas do conflito”, tanto mais que o regime impôs regras rígidas sobre a cobertura jornalística do conflito. Ressalvou que, no entanto, a censura existe em todas as guerras.

Cardoso Ferreira

2.  Comentário do editor:
Sílvia Torres,
nascida na Anadia, em 1982


A Silvía Torres, filha de antigo combatente da guerra colonial, doutoranda em ciências da comunicação, aceitou o nosso convite para integrar a nossa Tabanca Grande. Tem-se dedicado, enquanto investigadora, ao tema do jornalismo e a guerra colonial. Lançopi em maio de 2016 o livro "O jornalismo português e a guerra colonial" (Lisboa, Guerra & Paz, 2016, 432 pp.).

Entre os entrevistados para  a feituar deste livro, encontram-se nomes de jornalistas como Agostinho Azevedo, Armor Pires Mota, Baptista Bastos, Cesário Borga, David Borges, Fernando Dacosta, Fernando Correia, Francisco Pinto Balsemão, Joaquim Letria, José Manuel Barroso ou Maria Helena Saltão, O livro contém igualmente depoimentos escritos de académicos, como Francisco Rui Cádima, Alberto Arons de Carvalho ou José Manuel Tengarrinha, de militares, como Otelo Saraiva de Carvalho, Fontes Ramos e Aniceto Afonso, e de jornalistas como Avelino Rodrigues, Joaquim Furtado ou Rodrigues Vaz.

A Sílvia Torres, que vai ser apresenrtada à nossa Tabnaca Grande, pediu-nos entretanto contactos para  entrevistar pessoas que tenham trabalhado na imprensa da Guiné Portuguesa; O Arauto, Notícias da Guiné e/ou A Voz da Guiné - durante a Guerra do Ultramar (*ª).


3. Ficha técnica e sinopse da obra, editada pela Guerra & Paz, com sede em Lisboa:

Título: O jornalisnmo português e a guerra colonial
Autor: Sílvia Torres
Género: Não Ficção/Jornalismo
Ano de Edição: 2016
Formato: 15x23
Nº de Páginas: 432
Peso: 426
ISBN: 978-989-702-203-6
Preço de capa: 17,5 €

Sinopse: 

Armor Pires Mota conseguiu relatar a guerra da Guiné, com pormenores manchados de sangue e lágrimas, através de um jornal regional ao qual a censura não deu importância. Fernando Gonçalves criou o «Zé Povinho da Guerra Colonial» em Angola e pintou humoristicamente o conflito. Em Moçambique, Jorge Ribeiro gravou as mensagens de Natal dos soldados, que, por vezes, desejavam «Boas Festas para a esposa e para a noiva» ou «um Ano Novo cheio de propriedades». Fernando Correia, ao serviço da Emissora Nacional, não contou a verdade sobre a guerra porque não o deixaram. Estas e outras memórias das décadas de 60 e 70 do século XX, sobre Portugal, Angola, Guiné e Moçambique, preenchem este livro, «um exterminador implacável de lugares comuns e de ideias feitas sobre a Guerra Colonial e também, por arrastamento, sobre o jornalismo em geral e o jornalismo de guerra em particular», na opinião do ex-combatente Carlos de Matos Gomes.

(Fonte: Guerra & Paz, Editores) (com, a devida vénia)

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 11 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16943: Recortes de imprensa (84): Na morte de Fidel Castro, o apoio de Cuba ao PAIGC é relembrado por Fernando Delfim Silva e Oscar Oramas ("Nô Pintcha", Bissau, 1 de dezembro de 2016) - Parte II

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17047: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte II: Mobilização do batalhão e composição das companhias (2)



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[Comtinua)





Capa da brochura, "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.)



Foto do autor, José Rebelo, capitão SGE que foi entre junho de 1941 e dezembro de 1943 um dos jovens expedicionários do 1º batalhão do RI I1, então com o posto de furriel. Não sabemos se ainda hoje é vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Em qualquer dos casos, este nosso velho camarada  é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão.


A brochura que estamos a reproduzir é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio  do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1º cabo da 1ª companhia do 1º batalhão expedicionário do RI 11, pai do  nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73) (*)

Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do governador civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, tem 76 páginas, inumeradas.

Além do pai do Augusto Silva Santos, o 1º cabo Feliciano Delfim Santos (1922-1989), temos conhecimento de mais um expedicionário do RI 11, familiar de uma camaradas nosso, membro da Tabanca Grande: trata-se do tio do Benjamim Durães, o soldado atirador António Joaquim Durães. Seria interessante podermos identificar mais... A maior parte do pessoal do 1º batalhão do RI 11 era originário do distrito de Setúbal (LG)

Guiné 61/74 - P17046: Notas de leitura (929): “O PAIGC perante o dilema Cabo-Verdiano (1959-1974)”, por José Augusto Pereira, Campo da Comunicação, 2015 (2) (Mário Beja Santos)

Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Novembro de 2015:

Queridos amigos,
Há que reconhecer a este jovem historiador a ousadia na pesquisa e análise de uma questão tabu, passadas todas estas décadas, a dissecação histórica de uma unidade que se transformou no slogan mais dinâmico de direção do PAIGC e que a prática veio demonstrar, após a independência de facto, que as raízes históricas eram um argumento ideológico muito perto do vazio.
Quem escreve o prefácio é o comandante Pedro Pires. É no contexto da sua exposição que encontrei uma inverdade medonha, incompreensível num dirigente político com o peso de Pedro Pires. A dado passo do referido prefácio, a propósito da decisão de criar os Armazéns do Povo, escreve: "Fui encarregado da implementação desta decisão na Frente Sul. Os seus efeitos positivos se fizeram sentir rapidamente no mural dos nossos combatentes. Uma pequena nota banal, mas que tinha influência junto das populações: os produtos comercializados pelos Armazéns do Povo e postos à disposição dos combatentes e das suas famílias eram de melhor qualidade que os vendidos nas lojas do lado português. Isso causava cobiça e motivava assaltos às populações das zonas libertadas pelos supletivos coloniais". Como é que é possível ter audácia, hoje, de fantasiar que as forças armadas portuguesas faziam operações para assaltar e pilhar os bens dos guerrilheiros? Como é que é possível, tantas décadas depois, ter este desplante, este delírio para enganar o pagode?

Um abraço do
Mário


O PAIGC perante o dilema Cabo-Verdiano (2)

Beja Santos

O livro “O PAIGC perante o dilema Cabo-Verdiano (1959-1974)”, de José Augusto Pereira, Campo da Comunicação, 2015, dá uma excelente oportunidade para irmos conhecendo as diferentes vicissitudes da luta armada na Guiné e como o PAIGC, a partir de Conacri e Dakar, procurou incentivar a subversão cabo-verdiana. Vimos no número anterior como o autor cotejou dados fundamentais sobre as estruturas sociais e económicas da Guiné e Cabo Verde, o posicionamento histórico dos dois povos, a génese do PAIGC, as primeiras hostilidades postas à unidade Guiné-Cabo Verde, como Cabral impôs o PAIGC junto de países amigos e na esfera internacional.

O autor dedica bastante atenção à ação do PAIGC na frente político-militar, como se liderou a guerrilha, como conquistou a população no interior da Guiné, como lidou, nas diferentes fases da guerra, com a estratégia imprimida pelas Forças Armadas portuguesas. E assim chegamos à questão da unidade no pensamento de Cabral. Em Dezembro de 1960, Cabral enviou um memorando ao governo português, faz referência ao programa do PAIGC com duas parcelas territoriais e propõe negociações com as autoridades de Lisboa para se obter a independência num clima amistoso que culminasse na união orgânica dos povos da Guiné e Cabo Verde. O refrão de unidade passará a ser permanente. Quando confrontado com opiniões céticas, a argumentação usualmente apresentada tinha a ver com o lugar de Cabo Verde como entreposto negreiro ao longo dos séculos, Cabral dizia sem hesitação que Cabo Verde era uma cultura eminentemente africana, com predomínio de mestiços e poucos brancos. Nunca ousou pôr no seu elenco de argumentos o problema linguístico, religioso e cultural, tratou sempre lateralmente o contencioso entre o guineense e o cabo-verdiano. No fundo, Cabral precisava de como pão para a boca dos quadros cabo-verdianos e temia que se Cabo Verde permanecesse sob administração portuguesa estaria sempre em risco a independência de Guiné e até de outros países; e não poucas vezes argumentou que a questão económica da unidade entre os dois futuros países traria vantagens mútuas. E desde cedo que encontrou contestação às suas teses a começar por José Leitão da Graça, cabo-verdiano, estrénuo defensor da independência de Cabo Verde, rejeitando a união política com a Guiné, sublinhava que eram dois povos com personalidades distintas, chegando mesmo a falar do conflito entre guineenses e cabo-verdianos originado pelo papel assumido pelos ilhéus na ocupação efetiva do território guineense. Cabral nunca cedeu, toda a propagando do PAIGC, incluindo a sua ofensiva diplomática era laudatória a este tipo de unidade. Na propaganda, foram utilizados todos os argumentos emocionais para mexer com a alma cabo-verdiana: a emigração para S. Tomé; a escassez de chuvas em Cabo Verde e as concomitantes carístias, responsabilizando-se sempre as autoridades coloniais pelo modo de exploração do solo, indutor de permanentes penúrias. E como diz o autor, “igualmente relevante no dispositivo argumentativo utilizado pelo PAIGC na mobilização dos cabo-verdianos para a causa da independência foi a perceção das desigualdades existentes entre a população, de que avultam as diferenças salariais entre metropolitanos e ilhéus no desempenho da mesma categoria profissional, e nas discrepâncias na distribuição da terra, detida por uma minoria de proprietários”. A reação das autoridades de Lisboa dirigia-se sobretudo para os seus aliados: o posicionamento de Cabo Verde no Atlântico Norte, ser um porta-aviões indestrutível, um ponto de interação e de apoio nas comunicações marítimas e aéreas Norte-Sul no Oceano Atlântico, etc. Para consumo interno, pôs-se a questão das ilhas, a necessidade de estar atento a qualquer desembarque de guerrilha, de ter uma fiscalização política muito severa e de estrangular à nascença quaisquer formas de agitação e da presença de sublevadores do PAIGC.

O autor dá-nos um quadro correto do que se procurou fazer, a nível do PAIGC, para mobilização e agitação política no arquipélago, os seus principais intervenientes, a lógica do trabalho, em sucessivas etapas (entre 1959 e 1963; entre 1963 e 1968; e entre 1968 e 1974), inclui os principais nomes, com Jorge Querido e Abílio Duarte à cabeça. Leitão da Graça fica de fora nesta movimentação, ele tem o seu próprio partido para a independência de Cabo Verde. Houve planos de desembarque para Cabo Verde, mandava o bom senso que não havia condições para desembarcar tropas e fomentar a guerrilha; a despeito da falta de condições favoráveis, Cabral tinha que dar gestos de que animava os cabo-verdianos à luta. Entre 1966 e 1968 mais de 30 elementos, todos de origem cabo-verdiana foram preparados em Cuba para a luta armada a desencadear no arquipélago, entre eles: Pedro Pires, Silvino da Luz, Manecas, Agnelo Dantes. Receberam, treino militar envolvendo o manuseamento de armas ligeiras e de vários tipos de canhões e explosivos, foram submetidos a aulas de natação e desembarque noturno, para além de terem recebido assistência política e ideológica. A formação em marinha de guerra também foi dada pela União Soviética, foi uma preparação que durou dois anos e decorreu nas águas do Mar Negro, no porto de Odessa. Osvaldo Lopes da Silva foi o responsável que chefiou este grupo. Queria o destino que inviabilizada a operação de desembarque, todos estes quadros iriam ter posições relevantes no desfecho da guerra.

Abertos os dossiês, décadas depois, há hoje informação bastante fidedigna para se dizer que as atividades de cariz político desenvolvidas no interior do arquipélago nunca terão atingido o nível desejado, quer pela direção superior do partido quer pelos militantes nacionalistas ali colocados. Cabral tinha que estar permanentemente a aplacar a impaciência dos jovens cabo-verdianos, a tentar os melhores apoios para a sua preparação. A queixa dos cabo-verdianos era permanente: “Porque é que o nosso partido faz tanto para a Guiné e tão pouco para Cabo Verde?”. A impaciência era legítima mas nunca se comprovou incúria por parte de Cabral. Terá talvez o autor razão que está nesta situação o crescimento de um partido em crise, e que há duas dimensões da contestação ao líder ao mesmo tempo que crescia a tensão entre guineenses e cabo-verdianos.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17040: Notas de leitura (928): “O PAIGC perante o dilema Cabo-Verdiano (1959-1974)”, por José Augusto Pereira, Campo da Comunicação, 2015 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17045: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (40): O jornalismo e a guerra colonial: contactos precisam-se de pessoas (civis ou militares) que tenham trabalhado na imprensa da Guiné portuguesa: O Arauto, Notícias da Guiné, A Voz da Guiné... (Sílvia Torres, ex-oficial da FAP, doutoranda)


Capa do livro "O jornalismo português e a guerra colonial" (Lisboa, Guerra & Paz Editores, 2016). Organização de Sílvia Torres. Foto de capa do Facebook da autora (com a devida vénia...)


1. Mensagem da nossa leitora, ex-militar da FAP, e filha de antigo combatente da guerra colonial Slvia Torres:

Data: 6 de fevereiro de 2017 às 10:40
Assunto: Imprensa - Guiné Portuguesa

Caros senhores,

Para efeitos académicos (estou a fazer o Doutoramento em Ciências de Comunicação, na FCSH /UNL), necessito de entrevistar pessoas que tenham trabalhado na imprensa da Guiné Portuguesa - O Arauto, Notícias da Guiné e/ou Voz da Guiné - durante a Guerra do Ultramar.

Será que me podem ceder alguns contactos?

Até agora, só consegui falar com Agostinho Azevedo e ]

Desde já, muito obrigada pela vossa atenção.

Cumprimentos.
Sílvia Torres


2. Sílvia [Manuela Marques] Torres > CV abreviado:

(i)  nasceu em Mogofores, Anadia, em 1982, filha de um antigo combatente da guerra colonial;

(ii) licenciada em Jornalismo e Comunicação pela Escola Superior de Educação do Instituto
Politécnico de Portalegre;

(iii) mestre em Jornalismo pela Faculdade de Ciências  Sociais e Humanas da Universidade
NOVA de Lisboa (FCSH / UNL);

(iv) jornalista, entre 2005 e 2007, do "Diário de Coimbra"; tendo colaborado também no "Jornal da Bairrada" (o mesmo onde escreveu o nosso camarada., anigo e escritor, Armor Pires Mota, em meados dos anos 60);

(v) oficial da Força Aérea Portuguesa (FAP), em regime do contrato, de  outubro de 2007 a abril de 2014, 

(vi) enquanto militar, foi locutora da Rádio Lajes e exerceu também funções  na área da Comunicação no Departamento de Informação e Marketing, no Centro de Recrutamento da Força Aérea.

(vii) entre Agosto de 2012 e agosto de 2013,  cumpriu uma missão de Cooperação Técnico-Militar em Timor-Leste:  deu formação em Língua portuguesa  a militares das FALINTIL, Forças de Defesa de Timor-Leste, e  a funcionários civis  da Secretaria de Estado da Defesa da República  Democrática de Timor-Leste;

(viii) autora de “O jornalismo português e a guerra colonial” (2016)


(ix) atualmente é aluna de  Doutoramento em Ciências da Comunicação na FCSH / UNL.


3. Comentário do editor:

Sílvia, obrigado pelo seu contacto... Vamos tentar ajudá-la, com a generosidade e a solidariedade que são o timbre da nossa Tabanca Grande. Para mais, tratando-se da filha de um camarada nosso, combatente da guerra colonial... Costumamos dizer: Os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são...

Para já temos, na nossa comunidade virtual, a Tabanca Grande, um camarada que trabalhou, em Bissau, no pós 25 de abril, no jornal "Voz da Guiné"... Sob a direção do capitão Duran Clemente, do MFA da Guiné, esteve integrado na equipa que fez a transferência do jornal para as novas autoridades guineenses... e tem alguns exemplares das últimas edições (**)

Trata-se do Benvindo Gonçalves, ex-fur mil trms.. Mandámos-lhe, por mail, os seus contactos.

Temos  algumas referências, dispersas, sobre a imprensa da Guiné do nosso tempo, em especial sobre o "O Arauto" (que se pubicou, como diário, de 1950 até 1968) e sobre  a  "Voz da Guiné" (1972-1974): ambos foram que era dirigido pelo padre franciscano José Maria da Cruz Amaral (1910-1993).

O que poucos sabem (ou sabiam...) é que este padre franciscano, que passou quase 4 décadas em África (em Moçambique e depois na Guiné), foi também o diretor de "O Arauto", até 1968, altura em que terá sido  "extinto" pelo general Arnaldo Schulz, "em represália contra a linha editorial do Arauto, que procurou denunciar a anarquia militar e civil do seu governo da província" (, facto que precisa de ser comprovado por fontes independentes; na realidade, "O Arauto" foi sempre um jornal alinhado política e ideologicamente com as autoridades do Estado Novo).

Spínola, por sua vez, convidou-o, em 1972,  para director do novo jornal "Voz da Guiné" (, não confundir com "A Voz da Guiné", com vida efémera em 1922),  transformado entretanto em jornal oficial (ou oficioso) da província...
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 6 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16807: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (39): pedido de ajuda para tese de doutoramento em Antropologia, pelo ISCTE-IUL, sob o tema do uso de álcool e drogas na guerra colonial (Vasco Gil Calado)

(**) Vd. poste de 1 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6514: (Ex)citações (78): Como fui colocado no jornal Voz da Guiné (Benvindo Gonçalves, ex-Fur Mil Trms, CART 6250, Mampatá, 1974)

(...) Em 1974, fui mobilizado em rendição individual, como Furriel de Transmissões, para a Cart 6250, sita em Mampatá, e, hoje, envio-vos alguns dados sobre essa minha breve passagem, por esta Companhia e pelas terras da Guiné.

Com o advento da Revolução de Abril ou dos Cravos, a negociação de Paz e o fim da guerra com as Colónias, começou a desmobilização e o regresso a casa, sendo a Companhia onde estava integrado uma das primeiras a regressar, não me incluindo nesse lote, pois devido à minha situação seria deslocado para outro lado, substituindo colegas mais velhos em permanência.

A Cart 6250 saiu de Mampatá por via marítima, pois, além do pequeno aeródromo de terra batida existente em Aldeia Formosa, esta era a alternativa que nos restava, já que não havia estradas que nos ligassem a Bissau. Essa saída deu-se recorrendo a uma LDG (Lancha de Desembarque Grande), demorando bastante tempo, pois a navegação tinha que ser feita tendo em atenção as marés, pelo que passámos uma noite no caminho dormindo ao luar aguardando a subida da maré para podermos prosseguir a viagem.

Quando chegámos a Bissau, rumámos para o Ilondé, de onde a CART 6250 regressou à Metrópole, tendo-me eu apresentado no Quartel Geral de Adidos para nova colocação.

Não satisfeito com a situação, e com a ajuda e intervenção de alguns amigos um pouco influentes, consegui contornar o problema e fui colocado no jornal “Voz da Guiné”, fazendo o meu tempo de tropa como se na vida civil se estivesse, pois não era obrigatório andar fardado. (...)

(...) Como revisor de redacção, ajudei a proceder à transferência de propriedade do jornal de Portugal para a Guiné, e ainda guardo, como prova de passagem por esse serviço, um exemplar de cada um dos últimos jornais impressos sobre a administração Portuguesa antes e depois da independência.

Igualmente guardo com muito carinho, um outro exemplar do jornal com o nome de “Libertação“, já impresso sobre o controlo do PAIGC, no pós Independência da Guiné-Bissau, aí sim, já mesmo o chamado “órgão informativo do PAIGC", reflectindo para a sociedade e a população em geral, os pensamentos, ideias, ideais e reflexões sobre a guerra da Independência nas ex-colónias e noutros países de pensamento e cariz político nitidamente na linha dita comunista. (...)

(...) Foi um processo pacífico de transferência de papelada, fotografias, máquinas e demais material ligado à impressão do jornal, incluindo as instalações e veículos, culminando assim de forma ordeira, sem contestações, nem provocações, a nossa presença naquele serviço.

Procurámos sempre manter-nos fiéis a uma linha de conduta e orientação programada e fiscalizada pelo seu director, pessoa afável, educada e de bom trato,  sempre pronto a ajudar e nada militarizado, mesmo anti-regime.

Acaso do destino, esse Director era um dos capitães de Abril, conhecido como capitão Duran Clemente, que veio a protagonizar mais tarde a voz da revolta na tomada da Televisão em Portugal quando do 25 de Novembro de 1974.

Com a sua ajuda, terminei a minha curta passagem por terras da Guiné, tendo regressado a Lisboa por via aérea na noite do famigerado 28 de Setembro de 1974. (...)

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17044: Blogues da nossa blogosfera (76): Operadores Portugueses Lançam Guiné-Bissau (Ilhas Bijagós) como destino de férias 2017 (Tabanca do Centro)



OPERADORES PORTUGUESES LANÇAM GUINÉ-BISSAU

(ILHAS BIJAGÓS) COMO DESTINO DE FÉRIAS EM 2017

LUXO NOS BIJAGÓS

A francesa Solange Morin, proprietária do Ponta Anchaca na ilha de Rubane, assegura o transporte dos turistas ao seu hotel em avião privado

Os pacotes para a Guiné-Bissau serão lançados até à BTL, feira do turismo de Lisboa, como resultado da primeira viagem de reconhecimento do destino que envolveu a maioria dos produtores de viagens

Foi, literalmente, uma descoberta para os operadores turísticos portugueses. A primeira 'fam trip' à Guiné-Bissau de 'construtores' de programas de viagens promovida pela Euroatlantic de 6 a 11 de janeiro — onde participaram a Abreu, Solférias, Soltrópico, Sonhando, Clube Viajar, You e Across, que representam 80% da operação turística nacional — irá resultar na criação de pacotes de férias, de uma semana a 10 dias, a lançar já na próxima BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa), a feira que decorre na FIL de 15 a 19 de março e que é a principal montra do turismo português.

Para os operadores turísticos, a 'pérola' deste destino novo são os Bijagós, arquipélago com 88 ilhas ao largo da Guiné-Bissau e que é um santuário natural (tem os únicos hipopótamos marinhos do planeta, entre uma grande diversidade de vida animal, como tartarugas ou chimpanzés).

"O nosso objetivo é fazer um turismo de qualidade e controlado tendo em conta o ecossistema que existe em Bijagós, cujo potencial é muito aprazível para o turismo que o mundo hoje procura", salientou Fernando Vaz, ministro do turismo da Guiné-Bissau ao receber os operadores turísticos, a quem fez o apelo de criar um produto de férias "para que os portugueses também venham à Guiné onde vão sentir-se em casa, e não só ao Algarve".
O ministro guineense frisou ainda que "o nosso turismo ainda é incipiente, recebemos 30 mil turistas por ano, e queremos aprender com Portugal. Se Cabo Verde conseguiu tornar-se um destino reconhecido nós também vamos conseguir".


MAR DE ILHAS

O arquipélago de Bijagós, ao largo da Guiné, integra 88 ilhas em estado natural, o que é considerado um paraíso para eco-turismo

Para a Abreu Viagens, a Guiné tem todas as condições para "funcionar como um destino novo" de lazer, quando até à data era "desconhecido" dos turistas portugueses, conforme destaca Leonor Ramos, gestora do produto África do operador turístico, que participou nesta viagem de reconhecimento à Guiné-Bissau.

Tirando partido dos atuais quatro voos diretos por semana que ligam Portugal à Guiné (dois da TAP e dois da Euroatlantic), a perspetiva da Abreu é lançar a curto prazo programas de viagens de 5 a 7 dias, "focados no arquipélago de Bijagós mas sem deixar Bissau de fora, pois os portugueses têm uma ligação grande à cidade", adianta Leonor Ramos. Na sua perspetiva, o perfil do cliente-alvo para o destino Guiné é sobretudo o "passageiro que já bateu outros destinos ao nível de África, como São Tomé". Mas a gestora de programas da Abreu frisa que neste destino "está tudo ainda muito verde e tem de haver promoção do país, o que não passa só pelos operadores turísticos, é essencial que o Governo guineense assuma aqui o seu papel".


NA ROTA DO HIPOPÓTAMO

Os Bijagós têm a única colónia de hipopótamos marinhos no mundo, havendo programas especiais para os avistar

O mesmo objetivo é partilhado pela Solférias. "Faz todo o sentido incluir a Guiné-Bissau na nossa programação pois África é uma das principais apostas da Solférias", salienta Cláudia Martins, gestora de produto deste operador turístico. "Estamos a trabalhar já na programação de verão, válida de maio a final de outubro, e nesta altura do campeonato o que vamos fazer é lançar de imediato uma brochura com um combinado entre Bissau e Bijagós para pôr à venda já em fevereiro, e seguramente antes da BTL."

Do que viu na viagem de reconhecimento à Guiné-Bissau, a operadora da Solférias adianta que o objetivo é "lançar programas de uma semana, incluindo cinco noites em Bijagós e uma em Bissau" e também "conseguir pacotes a preços abaixo dos 2 mil euros", dependendo das tarifas a negociar com as companhias aéreas."Vai ser um complemento muito interessante para a nossa programação", prevê Cláudia Martins, sustentando que a Guiné pode funcionar como destino "que complementa a nossa oferta 'charter' para Cabo Verde, embora dirigindo-se a um mercado diferente, que não é do 'tudo incluído', mas sobretudo clientes que procuram outro tipo de experiências. Cada vez há mais pessoas a necessitar do contacto com a natureza, do desligar dos telemóveis, e destinos como este são cada vez mais procurados".


ECOSSISTEMA

O Turismo da Guiné-Bissau diz-se empenhado em "desenvolver um destino controlado e não massificado nos Bijagós"

Segundo a gestora da Solférias, "acreditamos que não será um destino de grande volume, mas nesta fase não queremos deixar de ajudar a Guiné-Bissau com tudo o que estiver ao nosso alcance". Salienta que "estão reunidas as condições" para se lançar este destino novo em Portugal, mas sublinha que há ainda "um longo caminho para a Guiné fazer, com todas as notícias negativas que têm saído sobre o país".

"UM PARAÍSO DESCONHECIDO PARA A MAIORIA DOS PORTUGUESES"

Lara Reis, gestora de produto da Soltrópico, também considera que o destino "tem muito potencial e o produto pode ter muita saída em Portugal, mas é preciso mudar a visão que os portugueses têm da Guiné-Bissau". Sustenta que este "pode vir a ser um produto Soltrópico", mas ressalva que terá de ser ainda sujeito à análise do operador turístico relativamente à programação para 2017. Na sua opinião, "de início, e para não correr muito risco, podíamos começar com um pacote mais pequeno, de cinco noites, com Bissau e Bijagós, um paraíso ainda desconhecido para a maioria dos portugueses e que poderá ser um próximo destino a estar em voga".

Segundo a criadora de pacotes de férias da Soltrópico, "mais tarde poderíamos fazer uma identificação de pontos interessantes no país com vista a programas associados a turismo de saudade e às memórias coloniais, pois há uma grande comunidade de portugueses que estiveram na Guiné-Bissau e podem ter interesse em voltar ao país e matar saudades". Frisando que "o que procuramos na Guiné não é um turismo de massas", Lara Reis refere que no início desta operação "os preços terão de ser bastante interessantes, em comparação com outros destinos como São Tomé ou Senegal".

No caso do operador turístico You, a previsão também passa por lançar programas a curto prazo. "Nós já tínhamos pensado fazer alguma coisa na Guiné-Bissau", salienta Elisabete Augusto, diretora de operações da You, para quem a recente visita de reconhecimento ao destino tornou "o produto mais fácil de trabalhar".


TURISMO DE SAUDADE

As memórias coloniais são visíveis na antiga messe dos oficiais em Bissau, que deu lugar ao Hotel Azalai

Para lançar o destino Guiné, o objetivo da You passa por "publicar circuitos de uma semana a 10 dias, com quatro a cinco noites para ir à praia, e vamos de certeza incluir Bijagós", refere Elisabete Augusto, adiantando que os programas terão um alcance mais vasto. "A nossa ideia é também montar um 'tour' pelo interior da Guiné, passando por cidades como Bafatá ou Gabu, além de Bissau, a pensar nos antigos militares que querem visitar os lugares onde estiveram durante a guerra colonial". Como frisa a diretora de operações da You, "vamos trabalhar para que as pessoas em Portugal possam vir conhecer a Guiné".

Tendo já algum tráfego para a Guiné, organizando viagens associadas a ações humanitárias, também o Clube Viajar, cujo operador é o Viajar Tours, tem a perspetiva de começar a lançar pacotes com Bissau e Bijagós. “O arquipélago dos Bijagós é um paraíso natural e apenas a quatro horas de distância de Portugal”, faz notar Manuela Varanda, agente de viagens do Clube Viajar, frisando que, face ao potencial da Guiné ao nível de programas de lazer, o destino merece começar a ser explorado. “E esta viagem de reconhecimento demonstrou tratar-se de um destino tranquilo, genuíno e com um povo muito gentil, além de ter boa comida.”

LANÇAR UM MANUAL DE VENDA PARA OS AGENTES DE VIAGENS

Para o operador Sonhando, a 'fam trip' à Guiné-Bissau foi “um sucesso”, e também "um verdadeiro derrubar de preconceitos, pois apesar da instabilidade política do país encontrámos um ambiente pacífico e seguro", salienta Mariana Correia, gestora de reservas da Sonhando.

Destaca ainda as "paisagens deslumbrantes como o arquipélago dos Bijagós, hotelaria diversificada e de qualidade, receptivos locais com produtos bem trabalhados e prontos a receber o turista português".


ENERGIA AFRICANA

Os operadores também querem destacar a vertente cultural nos programas de viagens à Guiné

Segundo Mariana Correia, "a Sonhando tudo fará para divulgar e colocar a Guiné-Bissau como um dos destinos de eleição dos portugueses", através da criação de pacotes de 5 a 7 noites, que serão lançados ainda antes da BTL. "Vamos apostar em programas de lazer, e também de turismo de saudade associados ao regresso de ex-combatentes, além caça/pesca ou negócios", adianta.

A operadora da Sonhando adianta que "a nossa intenção é fazer um manual de vendas para os agentes de viagens em Portugal, pois sabemos que apesar de uma língua que nos une, existe um profundo desconhecimento da Guiné Bissau enquanto destino turístico com enorme potencial".

Apesar de ser mais especializada em safaris, e tendo o foco em África, também a Across prevê começar a incluir a Guiné na sua programação já em 2017.

"Esta viagem deu-nos a mostrar a verdadeira imagem da Guiné", sustenta Reno Maurício, diretor-geral da Across, frisando que o seu interesse está em "destinos com uma relação forte com Portugal, locais que não tenham só animais mas também história, algo com que o cliente português se possa relacionar".

Segundo o diretor-geral da Across, "vamos já lançar três programas para a Guiné-Bissau, com vertente cultural, de vida selvagem e de praias", e a curto prazo sairão as respetivas brochuras para venda nas agências de viagens. "Vamos aproveitar os voos da Euroatlantic para vender uma série de experiências", que irão resultar em combinados de Bissau com Bijagós e com locais para safaris, além de "programas à medida na área de turismo de saudade, em que queremos levar pequenos grupos de umas 18 pessoas, pois este é um mercado forte na Guiné".

A nível de preços, Reno Maurício avisa que "não vamos ser os mais baratos do mercado, pois a nossa guerra não é a dos preços". Na Across o preço dos programas para este destino vai depender de uma série de opções disponíveis. "Na Guiné estamos a falar de um produto que pode ir de pouco mais de mil euros até três mil euros", avança.


VIDA SELVAGEM

Assistir à desova das tartarugas na ilha de Poilão é uma das experiências que os turistas podem ter nos Bijagós


"Eu acho que vai haver uma grande dose de boa vontade dos operadores que aqui vieram no sentido de promover a Guiné-Bissau", sustenta o diretor-geral da Across.

A "NECESSIDADE DE RESPIRAR NATUREZA"

Para alojar os turistas nos Bijagós, a mira dos operadores está sobretudo no Ponta Anchaca, hotel da francesa Solange Morin na ilha de Rubane onde os quartos são 'tabankas' de madeira à beira do mar e entre palmeiras, exalando um ambiente de luxo natural.

"Quando aqui cheguei isto era selva virgem, não havia nada, nada, tive de fazer tudo do zero", diz Solange Morin, assumindo o seu "grão de loucura" ao ter vendido os seus hotéis no Senegal para criar uma unidade nos Bijagós. "Tinha necessidade de respirar natureza, não há outra sensação de paz e liberdade como há aqui", confessa.

É a mesma sensação que Solange Morin quer transmitir aos clientes do hotel. "Quando as pessoas querem ver as tartarugas ou os hipopótamos, nós podemos fazer isso", garante. O Ponta Anchaca conta com várias lanchas para passeios e também um avião privado em permanência para assegurar o transporte dos hóspedes de Bissau. "É um destino que ainda não é conhecido. As pessoas perguntam: onde ficam os Bijagós?", refere Solange Morin, que tem recebido sobretudo hóspedes franceses, belgas, ingleses ou italianos, "e espero que cada vez mais portugueses".

Além do Ponta Anchaca, são sobretudo os hotéis virados para a pesca, e também de proprietários franceses, que predominam nos Bijagós.

ACAMPAR NA PRAIA

O Dakosta Island Beach Camp do guineense Adelino da Costa põe a tónica na cultura bijagó

O destaque também vai para o Dakosta Island Beach Camp, do guineense Adelino da Costa, junto à praia de Bruce em Bubaque, onde parece que o tempo parou.

Além dos quartos em vivendas, o Dakosta Island tem também um espaço de tendas marcado por instalações artísticas associadas à cultura bijagó.

"Estamos num espaço protegido pela UNESCO, isto é um museu ao ar livre, é a pura natureza que está a faltar no mundo", faz notar Adelino da Costa, que trocou a vida nos Estados Unidos (onde é um lutador medalhado e tem uma rede de ginásios em Nova Iorque, com a marca 'Pump') para estar mais próximo do investimento turístico que quer reforçar na sua terra.

"A língua portuguesa está-se a perder aqui", considera Adelino da Costa, lembrando que o investimento turístico nos Bijagós está a ser feito sobretudo por franceses, e "há zero de portugueses". Como guineense, propõe-se aqui diferenciar pelo toque da cultura. "O atraso da Guiné pode tornar-se na sua principal vantagem, pois os Bijagós ainda estão em estado natural, nada foi estragado", salienta. "É um local para desligar o telemóvel e desligar de tudo. E isto para os turistas é o mesmo que lhes dar ouro."

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Nota: O texto que reproduzimos foi publicado recentemente no Blogue dos Especialistas da BA12. O seu conteúdo poderá interessar a muitos dos combatentes que passaram pela Guiné e que gostariam de poder voltar a lembrar tempos e gentes do antigamente. Por isso achámos útil editar este texto, com a devida vénia aos Especialistas da BA12.

Acrescentamos ainda que a BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa) a que o texto faz referência é o maior evento de turismo realizado em Portugal e a sua 29ª edição vai ter lugar na FIL, Parque das Nações, de 15 a 19 de Março de 2017.

Os editores
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Notas do editor

Transcrito com a devida vénia ao Blogue da Tabanca do Centro

Último poste da série de 15 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16837: Blogues da nossa blogosfera (75): rumo ao norte, de Luanda a Pangala, "sinais de civilização": uma velha placa com o sinal de aproximação de estrada sem prioridade e os dizeres “Gasolina Sphinx” e por baixo “Vacuum Company”... [Ângelo Ribau Teixeira (1937-2012), ex fur mill, op esp, CCE 306 / BCE 357, Angola, 1962/64]

Guiné 61/74 - P17043: Blogpoesia (493): "O ribeiro de minha varanda..."; "Minha casa de inverno..." e "Branca capela...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros durante a semana ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


O ribeiro de minha varanda…

Há um ribeiro sonoro
Que corre constante,
Debaixo da minha varanda.
Ramagens frondosas nas bermas,
Cascatas de carros,
Fluindo sem fim,
De dia e de noite.

Com passarinhos e corvos,
Grudados nos beirais dos vizinhos.

Em vez de peixinhos e barcos,
Andam e cirando,
Cortejos de rodas.
Chiam na estrada,
Seca ou molhada.
Apitam frenéticas,
Em contra-relógio.
Uns são maléficos,
Por vezes piratas,
Muitas bondosos,
Socorrem doentes.

Cerro-lhes as janelas e portas.
Atrevidos, ferem os tímpanos,
Mordem a alma.

Que bom que seria,
Se em vez doida carreira,
Houvesse um rio a valer,
Ou um canal de Veneza,
Com gôndolas ou
Os moliceiros de Aveiro,
Pintados às cores…

Berlim, 6 de Fevereiro de 2017
5h23m
Noite cerrada
Jlmg

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Minha casa de Inverno…

Virada ao mar,
Bate-lhe o sol,
Assim que ele nasce,
Uma casinha breve,
Toda em madeira,
Encosta suave,
Doce ladeira.

Ali passo meus dias,
Horas de Inverno.
Recebo amigos.
Se fala de tudo.

Oro e medito,
Feito eremita.
Semeio e cultivo
Flores todo o ano.

A ela acorro,
Fugindo do mundo.
Dou asas ao sonho,
Levito no espaço.

Derramo meus versos,
Atiço-lhes fogo.
Os lanço ao vento.
Corram o mundo.
Vinho maduro.
Seara de pão…

Berlim, 8 de Fevereiro de 2017
8h5m
Jlmg

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Branca capela…

Branca capela,
Em cima de pedra,
Batida de ondas,
No meio do mar.

Resistindo ao tempo,
Sacrário lá dentro,
É lugar de romagem,
À vista do mundo,
De crentes de longe.

Fazendo milagres
No mar e nas terras.
Semeando o divino
Neste deserto apagado.
Ainda bem que lá está.

Quem o fita da terra,
Só de o ver,
Fica melhor.

O Senhor da Pedra,
Cheio de bênçãos
É quem lá mora
À espera de nós…

Berlim, 11 de Fevereiro de 2017
8h28m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17023: Blogpoesia (492): "Diviso as galáxias..."; "Da sombria madrugada..." e "Horas magnéticas...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P17042: Militares mortos na 1.ª Guerra Mundial e Guerra do Ultramar do concelho de Torre de Moncorvo (Armando Gonçalves) - Parte V: as 14 baixas mortais da I Grande Guerra: 2 em França, 12 em Moçambique



Torre de Moncorvo: logo da câmara municipal (cortesia da página do município). 

Lisboa > Despedida de um militar português, mobilizado para França. 
Foto do grande fotojornalista Joshua Benoliel (1873-1932). 
(Capa da "Ilustração Portuguesa", I Série, nº 582, 16 de abril de 1917)

Sobre a participação de Portugal da I Grande Guerra, ver aqui mais


1. Continuação do trabalho de pesquisa do nosso amigo Armando Gonçalves, professor de História, do Agrupamento de Escolas Dr. Ramiro Salgado, em Torre de Moncorvo, e que aceitou integrar a nossa Tabanca Grande, passando a ser o nº 733 (*)

Parte V (pp. 20-24)



sábado, 11 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17041: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte I: Mobilização do batalhão e composição das companhias (1)


Cabo Verde > Ilha do Sal > Vista de Santa Maria (1)


Cabo Verde > Ilha do Sal > Vista de Santa Maria (2)
[5]


Capa da brochura, "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.)








Brochura digitalizada a partir de cópia pessoal do Augusto Silva Santos




1. O nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)  [. foto à direita,] teve o pai, na II Guerra Mundial, como expedicionário em Cabo Verde: o Feliciano Delfim Santos (1922-1989) era 1º cabo da 1ª companhia do 1º batalhão expedicionário do RI 11, que esteve na ilha do Sal, entre junho de 1941 e dezembro de 1943 [, foto à esquerda].

Do seu espólio,  o filho aproveitou 33 fotos que, depois de digitalizadas, foram enviadas para publicação no nosso blogue, bem como  um exemplar da brochura que agora vamos apresentar...  O Augusto mandou-nos cópia em pdf e faz gosto em partilhá-la com todos os amigos e camaradas da Guiné que se sentam à sombra do mágico poilão da Tabanca Grande.

Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do governador civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada, tem 76 páginas, inumeradas. É seu autor José Rebelo, antigo expedicionário e na altura, em 1983,  capitão SGE. Não sabemos se ainda hoj3 é vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Em qualquer dos casos, este nosso velho camarada merece, onde quer que esteja, as melhores manifestações do nosso apreço e gratidão.

O Augusto Silva Santos e os editores do blogue defendem  que é um "dever de memória"  e uma obrigação salvaguardar e divulgar esta brochura, já rara, da qual se fizeram 1000 exemplares. A execução gráfica esteve a cargo da Setulgráfica, de Setúbal.

Recorde-se que os "expedicionários do Onze" partiram do Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, no vapor "João Belo", a 16 de junho de 1941, com desembarque na Praia, ilha de Santiago, a 23 do mesmo mês. O navio transportava igualmente os materiais de construção indispensáveis para a edificação das instalações para o pessoal de dois batalhões (do RI 11 - Setúbal e do RI 2 - Abrantes)  e de mais uma companhia (de comando e serviços do RI 11,  composta por 312 homens), além de serviços de saúde e intendência, tudo num total de 2244 militares: foram colocados na Ilha do Sal, e ali permanceram dois anos e meio (junho de 1951 / dezembro  de 1943).

Pelo relato do José Rebelo, sabe-se que:

 (i) o 1º Batalhão do RI 11, que esteve do Sal, era composto por 852 homens, a grande maioria oriundo do distrito de Setúbal;

(ii) a ilha era escassamente era povoada ("meia dúzia de casas"...);

(iii) as únicas atividades produtivas, além da pesca artesanal, eram a exploração de uma mina de sal e um fábrica de conservas de peixe (atum);

(iv) tiveram que recrutar lavadeiras de outras ilhas (Boavista, São Vicente e Santiago), que não as havia na ilha do Sal;

(v) nem sequer havia padre na ilha, apenas uma professora, na vila de Santa Maria, a "capital";

(vi) o aquartelamento era na Pedra de Lume, perto das minas de sal, no nordeste da ilha;

(vii) a água potável era racionada, tomando-se banho e lavando-se a roupa com água salgada;

e, por fim, (viii) cerca de duas dezenas de homens do 1º batalhão do RI 11 morreram de doença, ficando sepultados na ilha.

A par dos Açores, Cabo Verde (e muito em particular a ilha do Sal e a  ilha de São Vicente) tinha um papel estratégico na defesa contra eventuais ataques das potências envolvidas na II Guerra Mundial: a ilha São Vicente, por causa do porto de Mindelo; a ilha do Sal por causa das suas infraestruturas aeroportuárias... (E, no caso dos Açores, por ser um verdadeiro "porta-aviões" natural, no meio do Atlântico, tendo vindo a revelar-se decisivo para o desfecho, a favor dos Aliados, da guerra do Atlântico Norte).

A ilha do Sal, mais especificamente,  tem também um papel na história da aviação comercial e nomeadamente no desenvolvimento das ligações transatlânticas (entre a Europa e América do Sul)... Sabe-se que por volta de 1935/36 os italianos estavam muito empenhados em construir um aeródromo, em Cabo Verde, que permitisse à sua aviação comercial  fazer uma escala, a meio do Atlântico,  na longa viagem entre Roma e as capitais dos países da América do Sul onde viviam importantes comunidades de origem italiana.

A escolha acabou por recair no Sal (uma ilha plana com 30 km de comprimento e 12 km de largura, no sentido leste-oeste), com o beneplácito de Salazar:   a 13 de agosto de 1939, os italianos fazem desembarcar material destinado ao início das obras de construção do aeródromo (oficinas, central eléctrica, posto de rádio, camiões, etc, além de chefes, técnicos e operários). Em escassos meses foram montados os pré-fabricados, foi construída uma pista de terra batida, e  instalaram-se  os  indispensáveis serviços de apoio (hangares para os aviões, oficinas de manutenção, rádio, posto de meteorologia, armazéns, escritórios, hotel, locais de habitação, hospital)...

A linha Roma-América do Sul vai funcionar até maio de 1940, ou seja, até à entrada da Itália na guerra, ao lado da Alemanha. O  aeroporto fica desativado até ao final do conflito,  altura em que as suas infraestruturas são adquiridas pelo governo português... No pós-guerra, foram feitos bastantes melhoramentos, com destaque para a  construção de uma pista asfaltada de 2200 metros. O novo aeroporto internacional  (hoje batizado Amílcar Cabral)  foi inaugurado em  15 de maio de 1949.

Percebe-se melhor agora a "missão de soberania" que foi confiada aos "expedicionários do Onze" (mas também do RI 2)... De resto, o esforço de guerra do país, nessa época, não é conhecido (ou é muito mal conhecido) de muitos de nós: em outubro de 1943, eram mobilizados no continente 60 mil homens, juntando-se aos 40 mil espalhados pelos Açores, Cabo Verde e colónias.

Estima-se que, entre 1940 e 1945, o nº de homens em armas ascendesse aos 180 mil. Por sua vez, a modernização do exército, neste  período, implicou uma despesa extraordinária com rearmamento que, a par da mobilização,  auumentou 12 vezes e meia em escassos anos, passando dos 90 mil contos (em 1937) para os 1124 mil contos (em 1943) (Quadro a seguir).



Fonte: Portugal. Assembleia Nacional. Diário das Sessões. IV Legislatura, Sessão nº 11, em 14 de dezembro de 1945, p. 130. Intervenção do deputado Sá Viana Rebelo.


Até agora sabemos da existência de dois familiares de camaradas nossos que fizeram parte do 1º batalhão do RI 11: além do pai do Augusto Silva Santos, o 1º cabo Feliciano Delfim Santos (1922-1989), temos o tio do Benjamim Durães, o soldado atirador António Joaquim Durães. É possível que haja outros... (LG)





"Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da  autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) 


Parte I (pp. inum, 1 a 5)



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Nota do editor: