sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10740: Notas de leitura (433): "Elites Militares e a Guerra de África", por Manuel Godinho Rebocho (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Setembro de 2012:

Queridos amigos,
É preciso ler tudo, de fio a pavio, e reler cuidadosamente.
Temos aqui uma tese de doutoramento transformada num ajuste de contas com os oficiais do quadro permanente, incompetentes, fora do tempo, sem o sentido da liderança.
Fala-se na guerra de África mas as histórias fundamentais aqui descritas passaram-se na Guiné, sob a lente do doutor Rebocho.
Quem imagina que nas teses de doutoramento é totalmente impossível praticar assassinatos de caráter, então desiluda-se. O doutor Rebocho ensina que se chegou ao 25 de Abril, ao 28 de Setembro, ao 11 de Março e ao 25 de Novembro porque havia duas fações em disputa, irá ganhar a do quadro permanente.
Por favor, leiam este livro.

Um abraço do
Mário


A “milicianização” da guerra (2)

Beja Santos

A tese de doutoramento de Manuel Godinho Rebocho suscita a controvérsia. O título é “Elites Militares e a Guerra de África”. Os exemplos que vai buscar são predominantemente extraídos da Guiné e da sua vivência enquanto paraquedista, iremos ficar a saber os desaguisados que teve com vários oficiais. É impiedoso em referências a oficiais de carreira, de capitão para cima. Os cadetes da Escola Militar queriam era conforto, os milicianos que fizessem a guerra. A partir de 1970, formaram-se mais de 160 capitães milicianos por ano, situação que iria ter consequências quando os milicianos passaram a ingressar e a engrossar o quadro do complemento, a faísca virá de um decreto de 1973 que abrirá caminho para uma guerra de fações que irá desaguar no 25 de Abril. E num documento que devia ter probidade científica, o novel doutor dá como comprovado que houve lutas assanhadas entre os oficiais milicianos à volta de Spínola e os oficiais elitistas do quadro que apoiaram Costa Gomes. Não, isto não é para rir, vale a pena acompanhar o que escreve o doutor Rebocho, o que também dá pretexto para se rever a matéria do texto anterior.

Primeiro, os oficiais do quadro permanente foram fugindo do mato, ficaram acantonados nas sedes de batalhão (CCS) e na miríade de serviços relacionados com a gestão militar, não esquecendo o Estado-Maior que se revelou quase sempre incompetente ou fora das realidades. Foram os milicianos progressivamente que passaram a tomar conta das unidades de combate.

Segundo, vá de fazer a história da formação das elites militares, assim se irá concluir que nas campanhas de África do fim do século XIX começaram a brilhar os milicianos. O doutor Rebocho não concretiza nomes, mas pensamos tratar-se de Aires d’Ornelas, Mouzinho de Albuquerque e Teixeira Pinto. É evidente que muitos oficiais milicianos se distinguiram nas campanhas de África daquele tempo como mais tarde na Flandres. Mas fazer disto doutrina… O grande drama destas elites militares (quadro permanente, entenda-se) é que elas privilegiaram a formação científica/cultural e apoucaram a vocação e a experiência.

Terceiro, é bem verdade que na transição da década de 1950 para 1960 os altos comandos previram e propuseram reformas, aliás, na época até sopravam os ventos da NATO e já havia guerras de guerrilha para comparar, mas não houve reformas de fundo, o corpo de oficiais teve uma formação elitista, como estivesse a ser preparado para uma guerra convencional. Trata-se de gente saída predominantemente das classes médias, estavam centrados numa formação universitária, etc., etc.

Quarto, não há nada como ir buscar exemplos. Veja-se o BART 2865, foi-lhe atribuído o sector de Catió, em Fevereiro de 1969. Entre Fevereiro e Outubro de 1969 este batalhão formou 4 companhias, uma delas deslocou-se para o Norte da Guiné. Tinha adstritos vários pelotões e um dispositivo de quadrícula onde cabiam Catió, Cabedú, Cufar, Bedanda, Guileje, Gadamael Porto, Ganturé, Cacine e Cameconde, ou seja 9 unidades fisicamente separadas. O comando era, quase sempre exercido por oficiais de patente muito inferior à que seria normal. Contudo, o número de baixas foi reduzido e os atos de indisciplinas escassos. O que é que isto traduz? O factor humano era o elemento decisivo. O doutor Rebocho decidiu inquirir Canha da Silva, então capitão oriundo da Escola Militar que deu provas de liderança em empreendimentos essenciais como o reordenamento de Mato Farroba. Mas outros dois oficiais do quadro permanente que o novel doutor investigou revelaram ser oficiais que nunca o deviam ter sido. Um, Coutinho e Lima, esteve na Guiné de 1963 a 1965. Lê-se a documentação e o que é que salta à vista? 50 praças e sargentos desta companhia foram punidos, o que atesta a inapetência para o comando de Coutinho e Lima. A comissão do capitão Vasco Lourenço, está escrito textualmente, foi uma nódoa, o rancho miserável, as condições de alojamento péssimas, o armamento em mau estado de limpeza e conservação, e por aí adiante. Spínola encolerizou-se. Resultado: Vasco Lourenço não tinha aptidão para comandar. Lá para o fim da comissão, a companhia de Vasco Lourenço executou uma operação, “Última Vendetta”, durante a qual destruiu 44 moranças, 58 vacas, 15.700 kg de arroz, 1 porco, 60 molhos de capim, e por aí adiante.

Como este trabalho é científico, e o doutor Rebocho, por imperativos universitários, não pode abandonar a neutralidade, então escreve: “Operacional fui eu, em tropas de elite, durante 26 meses e nunca a minha companhia destruiu qualquer produto alimentar da população”. Será que Vasco Lourenço foi incompetente por mandar destruir alimentos destinados a apoiantes do PAIGC? E depois apanhamos uma injeção das tropas paraquedistas e elogios sem conta à unidade militar do doutor Rebocho, o BCP 12. E para demonstrar o quê, já que estamos a falar de elites: só se manda fazer a quem sabe, e os sargentos e praças paraquedistas eram uma matéria-prima de altíssima qualidade, vem até uma narrativa de uma operação em que participou o doutor Rebocho na área de Porto Gole onde se vê o desembaraço daquela tropa paraquedista. E como estamos a falar de um documento científico ficamos a saber que apareceu por lá o capitão miliciano paraquedista Henrique Morais da Silva Caldas, um homem que se relacionava muito mal com os sargentos e de quem ninguém gostava. O capitão Caldas acabou por aprender com a exemplaridade do doutor Rebocho que entretanto desatou a estudar e a fazer exames… O novo capitão, Costa Cordeiro, também foi outro osso duro de roer, mas acabou por baixar a grimpa, escreveu ao comandante de batalhão uma informação onde rezava: “O furriel Rebocho é um graduado aprumado, competente, disciplinado e disciplinador. Atualmente está a estudar, não descurando a sua valorização pessoal. Elemento muito válido e de prestígio na classe de sargentos, promete com mais experiência vir a tornar-se um opimo sargento".

Quinto, a partir de Março de 1973 as coisas complicaram-se na Guiné, a companhia do doutor Rebocho voltou ao Cantanhez e cedo se verificou que havia criatividade do lado da guerrilha e uma enorme apatia do Estado-Maior. Temos depois o relato da participação paraquedista em Guidage e depois em Gadamael Porto. E sentencia, sobre o que se passou em Guileje: “A posição de Coutinho e Lima não tem, nem pode ter a mínima justificação no campo militar. Compreende-se o seu estado de espírito, que terá motivado tão invulgar decisão, por quanto se nenhum outro oficial de carreira estava colocado a sul do rio Cacine, por que razão haveria ele de lá estar? Naturalmente que Coutinho e Lima não previu o desastre que a sua atitude iria provocar, desde logo não pode ser condenada no campo da moral”. Tudo o que se passou em Guileje, declara a sangue frio, é mais uma manifesta desarticulação do Estado-Maior.

Vejamos agora o comportamento das elites militares no pós-marcelismo. E se alguma dúvida houvesse que as teses de doutoramento andam pela rua da amargura bastava ler o que vem a seguir:

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 26 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10727: Notas de leitura (432): "Elites Militares e a Guerra de África", por Manuel Godinho Rebocho (1) (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10739: Memória dos lugares (198): A ponte do Saltinho e o ninho da metralhadora Breda (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53, 1970/72 / Luís Graça, CCAÇ 12, 1969/71)



Guiné > Zona leste > Setor L5 (Galomaro> Saltinho > 1972 > Pel Caç Nat 53 > Vista aérea da ponte e do Rio Corubal no Saltinho, antes da construção do reordenamento de Contabane, na margem esquerda (hoje, Sinchã Sambel).

Foto: © Paulo Santiago (2010). Todos os direitos reservados.[Editada por L.G.]


Fto nº 202 > Ponte do Saltinho... Militares da CCAÇ 12 que acabavam de chegar, em coluna logística, oriunda de Bambadinca... Presumo que a foto de seja do 3º ou 4º trimestre de 1969... Em primeiro plano, à esquerda, de costas, o Humberto Reis com 1º cabo, do seu 2º Gr Comb, o "Alfredo"... Mais à frente, à direita, também de costas, mas assinaldo com um círculo a vermelho, sou eu...Como se vê na foto, não havia na altura nem cavalos de frisa,. nem postos de sentinela, nem ninhos de metralhadora, nos topos da ponte...



Foto  > Arlindo Roda, fir mil da CCAÇ 12, fotigrafado, de no in´cio da ponte, do lado do Saltinho... Em primeiro plano, há duas inscrições que merecem ser descodificadas: dois números,  818, 1646... O primeiro deve um nº de identificação ou de inventário desta obra de arte; o segundo (, pintado à mão),
é mais provavelmente o nº da CART 1646 / BART 1904 (1967/68), que esteve no Xitole e Saltinho.

A lápide, em bronze, evoca a "visita, durante a construção" do então Chefe do Estado Português, general Francisco Higino Craveiro Lopes, acompanhado do Ministro do Ultramar, Capitão de Mar e Guerra Sarmento Rodrigues, em 8 de Maio de 1955. Era Governador Geral da Província Portuguesa da Guiné (tinha deixado de ser colónia em 1951, tal como os outros territórios ultramarinos) o Capitão de Fragata Diogo de Melo e Alvim... Craveiro Lopes nasceu em 1894 e morreu 1964. Foi presidente da República entre 1951 e 1958 (substituído então pelo Almirante Américo Tomás).

Fotos: © Arlindo Teixeira Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Editada por L.G.]



Guiné > Zona Leste > Sector L5 (Galomaro) > Saltinho > 1972 > Vista aérea do Rio Corubal, da ponte Craveiro Lopes , e 4 arcos (, construída em cimento armado e inaugurada em 1955), e do aquartelamento do Saltinho (na margem direita, instalações hoje transformadas em unidade hoteleira)... A montante da ponte, pode-se ver restos da "passagem submersível", em uso até 1955. Nesta foto de 1972 também é evidente a não existência,  nos topos, de quaisquer cavalos de friza ou postos de sentinela ou ninhos de metralhadora. Foto do nosso camarada Álvaro Basto, régulo da Tabanca Pequena (Matosinhos)

Foto: © Álvaro Basto (2007). Todos os direitos reservados.

1. Mensagem do Paulo Santiago, com data de hoje:

Luís

A propósito do teu último comentário no poste P10730, anexo uma foto (está algures no blogue),  onde se vê nada existir na ponte [, a primeira foto acima publciada, neste poste]. Existiam apenas, na foto não se notam, dois cavalos de frisa, um em cada topo. Esta foto foi tirada antes de iniciada a construção do reordenamento na outra margem.

Ao fundo, à direita da ponte, está o abrigo do meu pelotão. Junto do abrigo, à sua esquerda, o ninho da Breda que ficava no enfiamento daquela obra de arte.

Abraço
P. Santiago.


2. Mensagem de L.G., enviada hoje ao Paulo Santigao, com conhecimento ao Humberto Reis e ao Tony Levezinho:

Paulo: Mando-te umas fotos do álbum do meu camarada Arlindo Roda, da CCAÇ 12.. São do Saltinho, e devem ter sido tiradas, as de mais baixa numeração (nº ) em meados de 1970, já no tempo do novo batalhão, o BART 2917... Há malta da CCS que foi connosco, o caso do fur mil enf Coelho (que vive hoje em Beja, e tinha a esposa em Bambadinca).

Não me parece que as fotos, que não trazem legenda, tenham sido todas tiradas na mesma altura... As da numeração mais alta (F1000200 e ss.) , parecm-me mais antigas (3º ou 4º trimestre de 1969)... A maior parte das vezes, as nossas colunas logísticas não iam s ao Saltinho, fazíamos a segurança até ao Xitole, e voltávamos... O Xitole depois encarregava-se de fazer chegar ao Saltinho os abastecimentos...

Eu apareço, de costas, numa ou duas fotos, na ponte (nº 202)... Aparentemente se não veem nem cavalos de frisa nem posto de sentinela nem "ninho" de metralhadora... Terá sido confusão minha ?

Provavelmente já existia o tal abrigo do teu pelotão, à direita, antes do início da ponte, e o tal da ninho da Breda, à esquerda do abrigo, que podia varrer todo o tabuleiro da ponte, em caso de ataque IN pela ponte... Deve ter sido ido que eu vi, na altura, emboar tu ainda estivesses lá...

Devo ter ido ao Saltinho ainda em 1969 (no tempo do BCAÇ 2852), e depois em meados de 1970 (no tempo do BART 2917)... Já não te posso garantir quantas vezes lá fui... Um das minhas idas está documentada, e na altura a ponte estava cheia de ervas, denotando pouco ou nenhum uso ...

Ofereço-te estas belíssimas fotos que vou publicar no blogue...Mando também para o Humberto e para o Tony, pode ser que eles se lembrem de mais pormenores... Fiz um aproveitamento da tua foto aérea da ponte...para veres melhor os pormenores... Tens também uma de 1972, do Álvaro Basto.

Queres fazer algum comentário para eu inserir no poste ?... A ponte não era iluminada à noite... Vocês iam para o lado de lá ? Era seguro ? Donde vinham os ataques ? Alguma vez foste de viatura até Contabane ? Ou mais longe, Mampatá ? Quando é que a estrada ficou interdita ?

O Arménio Estorninho ainda se lembra de ter feito uma "coluna auto de Aldeia Formosa-Saltinho-Aldeia Formosa, com passagem por Contabane, que encontrava-se incendiado e evacuado."... Isto, em agosto de 68, sendo a finalidade da coluna a entrega de "material sobressalente para viaturas auto" no Saltinho. Também nos diz que por volta 1970 a Ccaç.2701 estava aquartelada no Saltinho, sendo o Furriel Mec Auto o José Luís dos Reis.

Também o Zé Brás já comentou aqui que "a estrada Xitole-Aldeia Formosa cheguei a fazê-la sozinho com um condutor em jeep ainda em 67 e sem problemas"...

Em comentário ao mesmo poste, o P10730,  eu expliquei ao Arménio, no meu tempo (junho de 69/março de 1971) a estrada acabava na ponte do Saltinho, se não estou em erro... e que ainda timha "uma vaga ideia de lá no fim haver um ninho de metralhadores, montado para defesa da ponte e do aquartelamento do Saltinho"... Ou teria sido "miragem minha", interrogava-me eu ?

Nessa altura, o percurso até Quebo estava "interdito"... O mesmo aconteceu entre novembro de 1968 e agosto de 1969, em relação ao troço de estrada Mansambo-Xitole... Fomos nós, CCAÇ 12 e outras forças, que o (re)abrimos nessa altura... Foi uma época épica de colunas logísticas de Bambadinca para o Xitole e o Saltinho (que até então só podiam ser abastecidos via Galomaro).


Um abração. Luís
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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10734: Memória dos lugares (197): Elvas, património mundial da humanidade - Forte de Nossa Senhora da Graça (ou Forte Lippe) - A barrilada (António José P. da Costa)

Guiné 63/74 - P10738: Agenda Cultural (239): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - História e Memória(s) - 1961-1974 (Carlos Cordeiro) (13): "Os Comandos em África", a proferir pelo Major-General Luciano Garcia Lopes, dia 30 de Novembro de 2012, pelas 17h30, no Anfiteatro C da Universidade dos Açores.

1. Mensagem com data de 28 de Novembro de 2012 do nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), actualmente Professor na Universidade dos Açores e coordenador do ciclo de conferências-debate "Os Açores e a Guerra do Ultramar História e Memória(s) - 1961 - 1974*:

Caríssimo Carlos,
Continuamos com o ciclo de conferências aqui na Universidade dos Açores.
Desta vez, será o Major-General Comando, Luciano Garcia Lopes (comandou a 15.ª CCMDS na Guiné) a intervir, precisamente sobre o papel das tropas Comando na Guerra do Ultramar.
A sessão terá lugar na próxima 6.ª feira (30), pelas 17H30, no pólo de Ponta Delgada da Universidade dos Açores (anfiteatro C).
Agradecia-te o favor de, se possível, a divulgares aí no blogue.

Um abraço amigo do
Carlos Cordeiro


Ciclo de conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974 História e memória(s)

No âmbito do ciclo de conferências-debate “Os Açores e a Guerra do Ultramar – 1961-1974: história e memória(s)”, Luciano Garcia Lopes, Major-General “Comando”, na reforma, – proferirá, no próximo dia 30 de Novembro (6.ª feira), a conferência “Os Comandos em África”.

Meio século passado sobre a formação dos primeiros grupos das tropas Comando, as comissões científica e organizadora do ciclo de conferências¬ debate decidiram integrar esta conferência no ciclo comemorativo do 50.º aniversário dos Comandos, que teve o seu momento alto com a abertura das comemorações nacionais, em 29 de Junho de 2012. No decorrer da sessão, antigos militares Comando que estiveram em campanha em Angola, Guiné e Moçambique prestarão breves depoimentos sobre as suas experiências na guerra do Ultramar.

O evento terá lugar no anfiteatro “C” do Pólo de Ponta Delgada da Universidade dos Açores, com início pelas 17H30, e estará aberto à participação de todas as pessoas interessadas.

Com início em Maio do ano transato, esta é a nona conferência do ciclo de conferências - debate “Os Açores e a Guerra do Ultramar – 1961¬ 1974: história e memória(s)”, uma organização do Centro de Estudos Gaspar Frutuoso do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade dos Açores.



Breve nota biográfica do Major-General Luciano Garcia Lopes

O Major-General Luciano de Jesus Garcia Lopes nasceu na vila do Nordeste em 25 de Dezembro de 1942.

Ingressou na Academia Militar em 1960, onde concluiu a licenciatura em Ciências Militares na arma de infantaria.

Posteriormente obteve outras qualificações, nomeadamente, o Curso de Comandos, Curso de Promoção a Oficial Superior, Curso Superior de Comando e Direcção e Auditor do Curso de Defesa Nacional 92/93.

Desempenhou diversas funções, de que se destacam as mais importantes: Instrutor do Curso de Oficiais Milicianos/Curso de Sargentos Milicianos, Curso de Promoção a Capitães e Tirocínio na Escola Prática de Infantaria, cursos de comandos e operações especiais no Centro de Instrução de Operações Especiais, comandante de companhia, comandante da 1ª Divisão da PSP do Porto, 2º comandante do Regimento de Comandos, comandante do Regimento de Infantaria do Porto, sub-director do Instituto Militar dos Pupilos do Exército, comandante da Escola Superior Politécnica do Exército e comandante da Zona Militar dos Açores.

Cumpriu duas comissões de serviço no ex-ultramar português, uma na Guiné no comando da 15ª Companhia de Comandos e a outra em Moçambique na 5ª Companhia de Comandos de Moçambique.

Por limite de idade passou à situação de reserva em 2001 e de reforma em 2006. É detentor de numerosos louvores e foi agraciado com diversas condecorações, das quais se destacam: Medalha de Ouro de Serviços Distintos, Medalha de Prata de Serviços Distintos com Palma, Medalha de Serviços Distintos da PSP, Ordem da Liberdade, grau Cavaleiro e duas medalhas de Mérito Militar.
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Nota de CV:

(*) Vd. último poste da série de 26 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10077: Agenda Cultural (206): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - História e Memória(s) - 1961-1974 (Carlos Cordeiro) (12): Açorianos na Guerra do Ultramar: memórias no feminino

Vd. último poste da série de 28 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10733: Agenda cultural (238): Histórias da guerra colonial, com Jaime Froufe Andrade e Onofre Varela, no Centro Republicano e Democrático de Fânzeres, Gondomar, 30 de novembro, 6ª feira, 21h30 (Juvenal Amado / Sousa de Castro)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10737: Álbum fotográfico do Alberto Pires, Teco, ex-fur mil, CCAÇ 726 (out 64/ jun 66) (Parte IV): A construção dos primeiros abrigos do aquartelamento de Guileje



Guiné> Região de Tombali > Guileje  > CCAÇ 726 (1964/64 > Vista aérea do aquartelamento e tabanca, após violento ataque do PAIGC, em 4 de dezembro de 1964 [ diz a legenda da foto]... Diversas instalações civis (moranças) e militares foram destruídas.


Foto nº1 


Foto nº 2


Foto nº 4


Foto não numerada


Foto nº 3


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Guiné> Região de Tombali > Guileje  > CCAÇ 726 (1964/64 >  Aspetos da construção dos abrigos.


Fotos: © Alberto Pires (Teco) (2007) / AD - Acção para o Desenvolvimento. [Editadas por L.G.]. Todos os direitos reservados


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Alberto Pires, mais conhecido por Teco, natural de Angola, ex-fur mil na CCAÇ 726, a primeira subunidade a ocupar Guileje em 1964)... A companhia esteve em Guileje entre Outubro de 1974 e Junho de 1966. [Foto à esquerda: Virgínio Briote, Teco e Carlos Guedes, Fundação Mário Soares, 2007. Foto de L.G.]

As fotos que estamos a publicar pertencem a um lote que o Teco pôs à disposição do Núcleo Museológico Memória de Guiledje e do nosso blogue (são mais de 60 fotos). Não trazem legenda, mas estão agrupadas por temas: (i) CCAÇ 726 (Guileje); (ii) construção de abrigos (Guilje); (iii) destacamento de Mejo; (iv) operação militar; e (v) guerrilheiros mortos (neste caso, são apenas duas as fotos disponibilizadas)...

Estas fotos que publicamos hoje, têm a ver com a construção dos primeiros abrigos[, não confundir com os abrigos construídos pela Engenharia Militar, a partir de 1969, e que eram à prova de morteiro 120; em 1965/67, os abrigos fazem uma espécie de U, invertido, enquadrando a tabanca e o aquartelamento: vd. diorama do nosso camarada , cor art ref Nuno Rubim. ] .   As fotos foram editadas por nós com vista à melhoria do seu enquadramento e resolução. Sabemos que o Teco e o Carlos Guedes têm em mãos a elaboração de uma publicação com a história da CCAÇ 726.




Diorama de Guileje (1965/67). Autor: Nuno Rubim, (2007)...Os abrigos formavam uma espécie de U invertivo, orientado para a fronteira com a Guiné-Conacri.


2. Comentário do editor:

Tenho dúvidas sobre a legenda da primeira foto (acima): o "violento ataque do PAIGC" foi a 4 de dezembro ou a 29 de novembro de 1964 ?  Trata-se de um pormenor que o Teco e o Carlos Guedes poderão esclarecer...


(...) "Dois ataques a Guileje no mesmo dia

"Na madrugada de 29 de Novembro de 1964, a CCaç 726 levantou-se mais cedo. Acordou com fogo nutrido de armas automáticas e granadas de morteiro e de RPG. Durou até ao nascer do dia o ataque ao aquartelamento. Depois do ataque, houve que evacuar os feridos mais graves. Guileje assistiu pela primeira vez a um movimento de helis e Dorniers, que, a partir daí, passaria a ser banal.

"Dos relatórios dos ataques:

"29 Nov 64 – grupo estimado em cerca de 200 IN atacou a tabanca e o quartel de Guileje, durante cerca de duas horas, com LGF, Mort 60 e 80, MP, Esp, P e GM, provocando incêndio e destruição de instalações militares e civis e causando 2 M e 11 F às NT e 4 M e 20 F à população.

"Cerca das 4h00 um grupo estimado em cerca de 200 elementos atacou Guileje usando toda a gama de armas, em especial morteiros, lança-granadas-foguete, metralhadoras pesadas e espingardas automáticas. A intensidade do ataque era brutal e o uso de granadas incendiárias deu origem à destruição por incêndio da maioria das instalações militares e casas da população.

"Por se tratar de um acontecimento notável e extraordinário refere-se aqui que no dia 29 de Novembro de 1964 foi Guileje atacada pela primeira unidade do chamado 'Exército Popular' IN, dotado de armamento poderoso, incluindo(…).

"Todas as casas da tabanca foram incendiadas e destruídas." (...)

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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10696: Álbum fotográfico do Alberto Pires, Teco, ex-fur mil, CCAÇ 726 (out 64/ jun 66) (Parte III): Um operação com baixas de um lado e outro (2ª sequência): uma evacuação em helicóptero Alouette II

Guiné 63/74 - P10736: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (15): 16.º episódio: Alô K3

1. Em mensagem do dia 25 de Novembro de 2012, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422, Farim, Mansabá, K3, 1965/67), enviou-nos mais um episódio da sua campanha no K3, dias que fazem parte dos melhores 40 meses da sua vida.


OS MELHORES 40 MESES DA MINHA VIDA

16.º episódio - Alô K3

Oficiais, Sargentos, Praças e tudo: Apresenta-se o Senhor Furriel Miliciano, que "desertou" daqui há 35 dias, para ir a Bissau tirar a carta de condução de veículos ligeiros, pesados e motos, e que acabou por andar a engonhar no bem-bom da Metrópole, devido a causas e artes mágicas. - Trago, para paparmos juntos, uns chóriços lá do porco dum meu parente, bem como uns paínhos do lombo do mesmo animal.

Nisto ouve-se uma voz vinda lá do fundo:
- Calha bem qu'o lume está aceso.

Era dum dos homens da minha Secção, experimentado nos temperos com que besuntava as distraídas cabras do mato que últimamente, e por vezes, se deixavam apanhar por ali e que melhor ainda, untava os pombos verdes que derribava com a pressão d'ar. Outros foram chegando para me dar as boas-vindas, atraídos que foram, pelo agradável cheirinho do grelhado e assim se consumiram os vinte quilos do bom enchido de fumeiro e dois garrafões de catorze litros do tinto ali estacionado para consumo interno, para além das bastas cervejolas das grandes. O Vat 69, veio logo após.

Pela matina, ergui-me ainda lusco-fusco e fui prestar vassalagem ao aquartelamento e mirar as novidades:

A cozinha estava já com as paredes, embora não muito alinhadas, e na parte virada para o exterior, havia sido construída um muro, um metro para fora, que seria cheio com terra, a fim de resistir às investidas do espingardum inimigo. Faltava só o tecto e fui para tal convidado a contribuir com cibes, para que se tapasse, o que farei já a partir de amanhã.

Também tínhamos agora, um gerador para fornecer luz a quatro potentes holofotes, colocados um a cada canto do recinto, luz essa que só seria ligada quando das visitas habituais nocturnas. A ideia era proporcionar aos manganões, uma melhor visão aquando da fuga rápida que costumavam iniciar logo que os cumprimentávamos de acordo com as mais elementares regras da boa educação. Dentro ainda daquele espírito religioso que nos animava, queríamos que não tropeçassem no escuro e, que se não aleijassem ou partissem alguma perna, coitados...

O agradecimento pela bondeza do acto (fazer bem sem olhar a quem) foi que, e sempre que acendíamos os tais, eles, quais bestas quadradas, destruíam-nos o que nos levava a pensar: "ingratos do caraças".

Além, junto à via rápida para Mansabá, perto da porta d'armas, fora criado um mini-zoo e construído um tanque onde boiava um metro de crocodilo, que fazia a alegria da rapaziada e também eu colaborei com alguns restos do leite condensado matinal, que comia às colheres, em vez do misturar com água, coisa que ainda hoje pouco consumo porque líquido sensaborão e com cheiro a lixívia. Uso apenas para lavagens.

Ao lado, fizera-se uma horta onde despontavam alfaces, couves e cenouras. Os resultados finais foram negativos, porque e a meu ver, especialista que fui em nabos e na produção de tomates, o terreno era ensopado pelas águas do Cacheu e estas traziam resquícios de sal marinho.

À volta do hotel e para lá das redes do arame farpado, a área capinada fora aumentada e as vistas estavam soberbas. Pena que os passeios a rodear as suites, continuavam feitos lamaçal e mais ainda agora, graças à bendita chuva de quentes águas, própria da época iniciada e que durará até lá para Oitembro, mas que me permitirá tomar grandes banhos ao ar livre, comungando com a natureza e utilizando o Lifebuoy que ainda uso, salvo um dia antes de ir ao barbeiro, pois que ele costumava dizer-me:
- A sua cabeça cheira a cão.

E pronto, despeço-me até "ao meu regresso".

Vou apanhar o trem das onze para Farim, onde e antes d'almoço, me espera um solilóquio científico, já contratado e cujo tema é: "CONVERSA GIRO"

 
K3 (Saliquinhedim), Junho de 1966 > Veríssimo Ferreira e o Cripto Rui
Foto: © Veríssimo Ferreira. (Direitos reservados)

(continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10724: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (14): 15.º episódio: Hora de voltar ao palco da guerra

Guiné 63/74 - P10735: Blogues da nossa blogosfera (59): Reabertura do Blogue Lapland to Key West da Tabanca da Lapónia (José Belo)



1. Mensagem do nosso camarada José (Joseph) Belo, autor e administrador do Blogue da Tabanca da Lapónia, com data de 26 de Novembro de 2012:

"CRUZADOS SERÔDIOS"

Mais uma vez o glorioso (como o Benfica!) blog da Lapónia foi censurado, e tirado da circulação, por lá ter escrito coisas "menos convenientes" sobre os nossos queridos irmãos islamistas.

Comentários vernáculos sobre os fanáticos bombistas suicidas não foram... apreciados.

Reabro o blog com nova morada http://laplandtokeywest.blogspot.com/ (apesar de, estranhamente, não conseguir pôr em marcha os motores automáticos das buscas dos bloggs na net, problema que não existia... antes).

De qualquer modo não vão conseguir calar este cruzado que se orgulha de ter participado nas gloriosas VITÓRIAS de Alcácer-Quibir e do... PREC!

Um grande abraço e bem vindo até ao QUADRADO em que o blog está formado, quase em planuras de Aljubarrota. (O que seria de nós sem estas referências constantes a uma "certa-História-certa"?)

José Belo
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 23 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10711: Blogues da nossa blogosfera (58): "O Homem sem cérebro" no Blogue "Coisas da Vida" (Jorge Teixeira - Portojo)

Guiné 63/74 - P10734: Memória dos lugares (197): Elvas, património mundial da humanidade - Forte de Nossa Senhora da Graça (ou Forte Lippe) - A barrilada (António José P. da Costa)


Vista Aérea do Forte de Nossa Senhora da Graça ou Forte Lippe
Foto: Curiosidades e Notícias de Elvas, com a devida vénia


1. Mensagem do nosso camarada António José Pereira da Costa (Coronel de Art.ª Ref, ex-Alferes de Art.ª na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69 e ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74), com data de 23 de Novembro de 2012:

Camaradas
Aqui vai uma foto da chamada "Barrilada".

Segundo me foi dito esta foto foi feita com "máquina oculta" entre as pernas do fotógrafo, um cabo enfermeiro, cujo nome não me disseram.
Ao que parece existem 4 fotos deste tipo, estando, pelo menos uma, na posse de uma loja de fotografia que há em Elvas.

O Forte não tinha água canalizada e estava colocado num sítio para onde era difícil transportá-la. Assim, os reclusos tinham de ir à fonte que fica já em terreno plano e transportá-la [, a água,]em barris meio-cheios que, embora pesando menos, eram mais difíceis de transportar por desequilibrarem o aguadeiro. Há quem comece a dizer que não foi assim, mas as "fotos" não mentem (como as cartas das bruxas).

Esta prática terminou ou quando o Gen Barrento (pai) era comandante da RMS (1967/68?) ou já em 1972 por iniciativa do elvense Cor Inf Amândio de Oliveira e Silva. Poderá ser também contactado o 1º Sgt Ref Amílcar Rosa Neves, residente na área.

O Museu Militar de Elvas tem um livrinho sobre este Forte. Este Forte era regido, enquanto prisão, pelo Decreto 24DEC896 (OE n.º 29 de 30DEC896) e Portaria 15832 de 18MAI955 (OE n.º 6 de 1955). Ignoro se há mais legislação.

Neste Forte estiveram presos dois fugitivos do caso da Praia do Guincho (Revolta da Sé): o cap Almeida Santos e o asp mil médico (João Jacques?) que fugiram com o auxílio do cabo da guarda (António Gil) no carro da amante do cap Maria José.

Seria boa ideia contactar o Museu Militar de Elvas e a Direcção de Infra-estruturas do Exército que tem mapas sobre as fortificações de Elvas.

Um Ab.
António José Pereira da Costa


"Barrilada"
Foto: Autor desconhecido
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Notas de CV:

(*) Vd. poste (e comentários) de 11 DE NOVEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10649: Memória dos lugares (195): Elvas, património mundial da humanidade, pelo seu conjunto de fortificações, o maior do mundo na tipologia de fortificações abaluartadas terrestres

Vd. último poste da série de 23 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10713: Memória dos lugares (196): Bolama, Agosto de 1966 (José António Viegas)

Guiné 63/74 - P10733: Agenda cultural (238): Histórias da guerra colonial, com Jaime Froufe Andrade e Onofre Varela, no Centro Republicano e Democrático de Fânzeres, Gondomar, 30 de novembro, 6ª feira, 21h30 (Juvenal Amado / Sousa de Castro)




Pela mão do Juvenal Amado, chegou-nos a notícia deste evento, que terá lugar no Centro Republicano e Democrático de Fânzeres, sito na Rua da Igreja, 470, 4510-582 Fânzeres, Gondomar,
no próximo dia 30 do corrente, 6ª feira, às 21h30.

Fica aqui o link para a página no Facebook desta instituição de utilidade pública, e já secular, fundada em 1908.

A sessão é animada pelo nosso  camarada,  Jaime Froufe Andadre, ex-alf mil op esp,  CCAÇ 2358/BCAÇ 2842  (Moçambique, 1968/70), autor do livro "Não sabes que vais morrer" (Porto, 2008)  (que já vai em 4ª edição), bem como pelo Onofre Varela, escritor, pintor, cartunista e ator (Rio Tinto).(*)

2. Ainda há dias recebemos do Sousa de Castro [, nosso grã-tabanqueiro nº 2, autor do blogue CART 3494 & Camaradas da Guiné,] um mail em que reencaminhava uma mensagem que lhe foi dirigida pelo Jaime Froufe de Andrade (, bancário reformado, Porto)... O nosso camarada José Martins também já aqui publicou um poste sobre este livro e o seu autor (**)


De: Jaime Froufe Andrade [mailto:froufe.andrade@yahoo.com]
Enviada: domingo, 4 de Novembro de 2012 23:07
Para: cart3494@gmail.com

Assunto: Guerra Colonial - Livro "Não sabes como vais morrer"

Caro camarada Combatente da Cart  3494!


Começo por te pedir desculpa por este meu atrevimento, que espero releves sem grande dificuldade.

Acaba de sair a quarta edição de um pequeno livro que escrevi sobre a minha experiência de guerra durante a minha comissão em Moçambique como alferes miliciano.

Infelizmente não posso oferecer um exemplar, como tanto gostaria, a cada camarada. Resta-me propor que me "comprem" esta obra-prima com o sombrio nome "Não sabes como vais morrer"...

Outra boa novidade para mim é eu poder disponibilizar livros a preço de custo ou seja a 2.80 Euros, quantia que decidi arredondar para os 3 (três) Euros por causa dos portes do correio.

Gosto grande seria ter-te como leitor. Se o quiseres só terás de me facultar um endereço (não esqueças o código postal) para eu te poder enviar o livro pelo correio.

Depois do livro chegar às tuas mãos, a quitação seria efectauda através da transferência dos 3 Euros para o NIB 0035 0651 0031 2990 2003 4.

Que me dizes? Confio na qualidade da tua resposta.

Abraço solidário.

Jaime Froufe Andrade

froufe.andrade@yahoo.com
telem. 93 93 20 807 / fixo 22 55 00 546  / 22 01 69 643

3. O livro está catalogado assim, no sítio Memória de África:

[277146]
ANDRADE, Jaime Froufe
Não sabes como vais morrer : 7 mais 1 histórias de guerra de Jaime Froufe Andrade e regresso atribulado no Vera Cruz. - Porto : Associacão dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 2008. - 84 p. ; 21 cm. - Memória percível)
Descritores: Literatura lusófona--séc.20 | Crónica | Guerra colonial | Moçambique | África Meridional

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 27 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10732: Agenda cultural (237): Visitas guiadas em 2 e 9 de dezembro à exposição Álbum de Memórias - Índia Portuguesa, 1954-1962, Padrão dos Descobrimentos, Lisboa

(**) vd poste de 5 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10121: Agenda Cultural (210): “Não sabes com vais morrer” um livro do nosso Camarada Jaime de Jesus Froufe Andrade – Moçambique -, 1968-70 (José Martins)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10732: Agenda cultural (237): Visitas guiadas em 2 e 9 de dezembro à exposição Álbum de Memórias - Índia Portuguesa, 1954-1962, Padrão dos Descobrimentos, Lisboa

INFORMAÇÃO / CONVITE

ÁLBUM DE MEMÓRIAS - ÍNDIA PORTUGUESA, 1954/62

Lisboa, Padrão dos Descobrimentos (30/9 a 30/12/2012)





ÁLBUM DE MEMÓRIAS – ÍNDIA PORTUGUESA
SCRAPBOOK OF MEMORIES – PORTUGUESE INDIA
1954.1962

Padrão dos Descobrimentos
Visitas Guiadas – Dezembro 2012


02 DEZEMBRO, 11.00 – MEMÓRIAS DA ÍNDIA

Maria de Lourdes Filomena Figueiredo de Albuquerque
Deputada por Goa à Assembleia Nacional 1965 a 1969 


Para saber mais:

http://app.parlamento.pt/PublicacoesOnLine/DeputadosAN_1935-1974/html/pdf/a/albuquerque_maria_de_lourdes_filomena_figueiredo_de.pdf


09 DEZEMBRO, 15.30 – A exposição ÁLBUM DE MEMÓRIAS ÍNDIA PORTUGUESA / SCRAPBOOK OF MEMORIES PORTUGUESE ÍNDIA 1954.1962

Fernanda Paraíso – Comissária da exposição

As visitas deverão ser previamente marcadas e estão sujeitas a confirmação

Preço: 03.00€

Reduções: Professores; Estudantes; Membros da Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra; Membros do Observatório Político
Inscrições: T. 213 031 950 / e.mail: info@padraodosdescobrimentos.pt

Padrão dos Descobrimentos
Avenida Brasília, 1400-038 Lisboa

www.padraodosdescobrimentos.pt

Guiné 63/74 - P10731: Memórias de Mansabá (26): Os meus 45 dias em Mansabá (José António Viegas)

 Vista aérea de Mansabá
 Foto de Carlos Vinhal


1. Mensagem do nosso camarada José António Viegas (ex-Fur Mil do Pel Caç Nat 54, Guiné, 1966/68), com data de 23 de Novembro de 2012:

Caro Carlos Vinhal
Vou voltar aos meus 45 dias em Mansabá. Pena que não tenha fotos desta fase pois ardeu-me tudo no ataque em Missirá.

Nos primeiros dias em Mansabá, ao cair da noite, começou o nosso obus 8.8 a cantar, vim até ao pé da bateria falar com o artilheiro um Fur. Mili. cabo-verdiano, perguntar o que se passava, dizendo ele que tinham informações que o Amílcar andava por ali.

Na semana seguinte foi feita uma operação em forte com a 5.ª CComandos, a CCP 121, a CCAÇ 1421 e o nosso Pelotão. Entrámos pelo Morés, os Comandos e os Páras fizeram o estrago e voltamos.
Um Sargº. Paraquedista trocou o seu camuflado com o meu, soube há pouco tempo que morreu com a doença maldita e que vivia aqui perto de Loulé.

Todas as semanas estávamos a sair sempre à noite. Nas progressões, até me habituar no escuro da noite, às grandes teias de aranha e aos terríveis bicos das Micaias, foi uma tortura.

Antes de sairmos, fomos montar uma emboscada no Alto de Momboncó com um Pelotão da 1421. Estava com o meu pelotão emboscado quando vejo os Fiat a picar sobre nós, deu para assustar, levantámos com as armas para o alto e vejo o asa a desviar, logo de seguida ouviu-se largar as bombas e o cheiro horrível de petróleo. Este era um dia não, e no regresso apanhámos com uma emboscada de abelhas, os nativos largaram as armas e toca a fugir. O Sargento Monteiro da 1421 ficou bem picado e ainda por cima tinha pouco cabelo, ficando num estado lastimável.

Desta CCAÇ 1421 lembro-me do Cap Carrapotoso, já falecido, e dos Furriéis Fernandes e Passeiro.

E aqui está uma pequena resenha da minha passagem por Mansabá.
Segue a nossa colocação no Enchalé com a CCAÇ 1439

Um abraço
Viegas
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8405: Memórias de Mansabá (25): Recordações de António Dâmaso, Sargento-Mor Pára-quedista - Operação Nestor

Guiné 63/74 - P10730: Facebook...ando (19): Adul Baldé, filho de Braima Baldé, natural de Cansamange... e que foi o condutor que transportou os feridos da emboscada do Quirafo...



Guiné-Bissau > Bissau > Escola Salvadro Allende > 2009 (?) >  De pé, na a segunda fila, da esquerda para a direita: o segundo é o Adul Balde, seguido da Paula Bijagó, do Alfa Baldé, Vanessa Batista e Telma Marta...Não há mais elementos identificados na foto, com exceção da Paula Vieira (a primeira da 1ª fila, a contar da direita) (e que legendoua foto)... Foto do álbum do Adul Baldé, constante da sua página no Facebook.  (Reproduzida aqui com a devida vénia...).


(...) Paulo Santiago - Esta foto foi tirada em Cansamange,em 2005. Conheces estas pessoas?

Adul Balde - Sim,  Sr. Paulo, o homem que está á esquerda é o irmão do meu pai,  ele chama-se Mamadu Baldé (Molo), actual chefe de tabanca de Cansamange, ao meio André, Budi Seide e Ansu Embaló. Sim,  todos são os meus avós, conheço-lo, agora vou te enviar uma foto do meu pai, amostra,  para te possa reconhecer-lo bem. (...)

Foto: Paulo Santiago (2005), já anteriormente publicada no nosso blogue (e de novo reproduzida na página do Facebook do Adul Baldé,

1. Amigos e camaradas: Na realidade, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!... Há 2 dias atrás dei comigo a falar com um jovem guineense, de seu nome Adul Baldé, através da nossa página no Facebook, Tabanca Grande... Não é muito frequente lá ir por falta de tempo, mas quando lá vou tenho sempre surpresas agradáveis. Como, por exemplo, a deste jovem que está à vontade a "facebook...ar", e que acaba de se tornar amigo do Paulo Santiago... Reproduzo aqui uma síntese da conversa que tivemos, eu e ele, Adul Baldé, ontem e onteontem, no Facebook (*):

(...) - Olá, Tabanca Grande, muito boa noite!... Sou o Adul Baldé, filho de Braima Baldé, ajudante mecânico,  filho de chefe de tabanca de Cansamange, esteve em 1969/73 em Saltinho com o capitão André... O furriel que estava com ele na Cansamange,  era chamado Tempera na companhia de capitão André.


- Sê bem vindo, Adul, os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são!... E tu o que fazes, vives em Bissau? Tens vídeo para a gente se conhecer ?

- Não, está a ligar através do computador dum colega meu. Sim, vivo em Bissau. Estou a estudar neste momento o curso de contabilidade numa escola privada,  aqui em Bissau.

- E como estão as coisas em Bissau ? Está tudo calmo ?

-  Ok , obrigado, Luís, aqui tudo está calmo,  sem problema,  sem pânico,  a vida está estável nada mas há de passar, tudo está bem.

- Temos grande amigo aí, em Bissau, [...]  podes contactá-lo se for preciso...

- Sei quem é. Bissau, tá bom,  vou ver se posso contactá-lo. [...] O meu pai conhece muitas pessoas,  muito mais de que eu,  ele fez vida depois de época colonial em muitas tabancas.

- Então fala-me mais do teu pai, nosso camarada...

- [...] Olá, Luis, já falei com o meu pai e ele me disse que esteve no Xitole e depois no Saltinho;  entre 1968/69 no Xitole, e ele era ajudante mecânico na companhia de artilharia, o número ele esqueceu, o chefe de mecânico era o Acácio Samicio [?], o Capitão na altura era chamado Madina Ramos e o condutor era Mugueira.

- Mugueira ?... Talvez Murgueira ou Musgueira...

- Ok,  Luís,  ele  [, o meu pai.] está muito ansioso de ver a sua actividade convosco nesta altura em Saltinho.

- Em março de 2008 estive no Saltinho, Iemberém, Guileje... e em Bissau.. Passei pela tua aldeia, ou perto, na estrada Xitole-Saltinho...

- Sei, Luís, e vi todos isto e as fotografias quando vocês vieram na Guine, sempre costumo entrar no Google assim: Ponte de Fulas,  Xitole, Saltinho, encontro sempre muitas fotos, até as fotos de Paulo Santiago em 2006 quando ele foi visitar a tabanca de Quirafo e a de Cansamange juntamenete com o seu filho [. João].

 - Olha, o que faz o teu pai hoje ? Qual é a sua profissão ? Tens foto dele ? Vocês são fulas, é isso ?!

- Não, não tenho uma foto dele nesta altura [, no tempo da guerra colonial], mas já enviei uma foto dele em 2011 na minha tabanca de Cansamange, e se puder contactar com o capitão André que estava no Saltinho em 1969/72 juntamente com o Paulo Santiago,  eles podem te ajudar procurar as fotos que falam dos soldados deles no Saltinho e na Cansamange. E  o meu pai foi aquele  que trabalhou muito no carro do seu pai  [?] para a construção da tabanca do outro lado de ponte,  chamada Sintchã Sambel. Ele foi o condutor que transportou os feridos no ataque do PAIGC no Quirafo.

- Ok, Adul... Ou Abdul ? Já tomei nota, amanhã ou depois, quando tiver um pouco mais de tempo, vou escrever uma nota no nosso blogue... Conheces ? Manda-me uma foto digitalizada do teu pai, atual... Essa companhia de 1968/70, do Saltinho (**),  é do meu tempo, vou confirmar os nomes...

- Sim, o meu pai esteve na tropa desde 1968 que ele entrou até a independência, mas primeiro ele começou logo no Xitole e depois passou no Saltinho nos tempos de capitão Clemente, André e Paulo Santiago.

- Tens aqui a página, no Facebook,do Paulo Santiago [...].

- Sim vi, obrigado.  Luis e vou tentar... Vi ele como um muçulmano, ehehehe!!!

- É do tempo do capitão Clemente!... O cap Clemente comandava a CCAÇ 2701... podes ver aqui fotos, no nosso blogue [...].. Alferes Julião, alferes Mota... Depois falamos mais!... tenho que trabalhar.

- Um abraço, Luís, mantenha para todos vocês e amigos aí em Portugal e espero que encontramos muitas das vezes para falar do historial da minha zona.

- Então, bom estudo, e um bom resto de dia. Mantenhas... Luís.

- Sim, obrigado, até amanhã e vou explicar tudo o meu pai sobre você e já vi também este novo blog. (...)





2. Por mail, o Adul mandou-me ontem foto com o seu pai, em Cansamange, a nordeste do Saltinho [, vd. mapa de Contabane]. Vendo melhor no mapa, confesso que nunca lá passei, embora tenha a ideia a CCAÇ 12 ter um dia feito uma coluna logística por Galomaro até ao Saltinho... Dei conhecimento ao Paulo, que me respondeu deste modo:

Luís: Já recebi, via Facebook, mensagem do Adul. Pedi-lhe,se possível, uma foto do pai quando militar. Tive um Braima no [pel Caç Nat] 53 mas não era condutor. Estive em Cansamange em 2005, onde encontrei os antigos milícias que tinham sido meus instruendos e me ofereceram 2 galinhas e 3 ovos.Vou esclarecer a situação com o Adul. Abraço.

3. Mensagem que acabei de mandar ao Adul Baldé:

Adul:

Quero que entres para o nosso blogue, para fazeres a "ponte" com o teu pai e outros camaradas nossos da região do Xitole/Saltinho... Aceitas ?... O Paulo Santiago pode ser o teu padrinho... Tenho as tuas fotos do Facebook... Não queres fazer uma pequena apresentação da tua pessoa ? Quem tu és, quem é a tua gente, o sítio onde nasceste, o que esperas da vida, o que pensas do futuro do teu país... Pensa nisso.
Um abraço. E obrigado pela foto que eu te fui "roubar"... Tens umas amigas giras...E amigos, claro... Onde é a escola Salvador Allende ? Tu vives em Bissau Novo, onde fica ?... Um abraço, Luis.

Luís Graça & Camaradas da Guiné
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt
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Notas do editor:


15 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9355: Facebook... ando (15): Um "regalo" para a Maria Ivone Reis, que anteontem fez anos (Hugo Moura Ferreira)

30 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9291: Facebook...ando (14): João José Alves Martins, ex-Alf Mil PCT (BAC1, Bissau, Bissum-Naga, Piche, Bedanda, Gadamael, Guileje, Bigene, Ingoré, 1967/70)

(**) Vd. poste de 15 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9610: O Nosso Livro de Visitas (130): Ex-Cap Inf Diamantino Ribeiro André, comandante da CCAÇ 2406 (Olossato e Saltinho, 1968/70), e ex-presidente da CM de Proença-a-Nova, ouviu-nos na rádio e quer ir ao nosso VII Encontro Nacional, em 21 de Abril próximo

(...) Recorde-se alguns dados sobre  esta subunidade orgânica do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70):

(i) A CCAÇ 2406 foi mobilizado no Regimento de Infantaria nº 2 – Abrantes; 

(ii) embarcou em 24jul68; desembarcou em 30jul68; regressou em 28mai70;

(iii) Divisa: “Sacrifícios não Contamos”;

(iv) Em 30jun68 seguiu para o Olossato para treino operacional e intervenção, destacando forças para Banjará e Maqué;

(v) Em 20fev69 seguiu para o Saltinho assumindo a responsabilidade do subsetor (que pertencia então ao Setor L1);

(vi) Destacou forças para, temporariamente, guarnecerem Xime, Quirafo, Cansamange e Sinchã Maunde Bucó;

(vii) Em 07nov69 passou para o setor L5 (Galomaro), mantendo as suas forças no Saltinho com forças em Cansamange e Cansongo;

(viii)  A 10mai70 seguiu para Bissau para efectuar o regresso;

(ix) Comandante: Cap Inf Diamantino Rodrigues André;

(x) Ao mesmo BCaç 2852 (Setor 1, Bambadinca, 1968/70) pertenciam a CCAÇ 2404 (Teixeira Pinto, Binar e Mansambo) e a CCAÇ 2405 (Mansoa, Galomaro, Dulombi).

Guiné 63/74 - P10729: Do Ninho D'Águia até África (30): As lavadeiras (Tony Borié)

1. Mais um episódio, enviado em mensagem do dia 20 de Novembro de 2012, da narrativa "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177.


Do Ninho D'Águia até África (30)

As Lavadeiras

Há mil histórias das ditas “Lavadeiras”!
Quase todo o militar dizia:
- A minha lavadeira, é melhor do que a tua!


 O Cifra depois da fraca experiência, com a sua lavadeira, que afinal era guerrilheira, andou um tempo sem lavadeira, andava sujo, e por vezes usava a roupa do Setúbal, ou mesmo do Curvas, alto e refilão.
Não podia continuar assim, pois não se sentia confortável, e em conversa com o Setúbal, este diz-lhe:
- Porque não usas a minha lavadeira? Creio que ela já desconfiou, que lhe entrego roupa a mais, todas as semanas.

E isso era verdade, pois por vezes, o Setúbal levava alguns calções e camisas do Cifra, para ela lavar, e ela era esperta, pois entre elas falavam, e sabiam quantas peças de roupa, era normal um militar usar por semana. Diziam por lá, que ela era de etnia “Papel”, e como tal muito desconfiada, nasceu na Ilha de Bissau, e tinha vindo para Mansoa, há catorze “chuvas”, que deviam de ser anos.

O que o Criador lhe deu a mais fisicamente, roubou-lhe um pouco na inteligência, e se se lembrasse de dizer que o Vinte e Oito da companhia velha, era o Trinta e Seis do pelotão de morteiros, tinha que ser mesmo, e lá havia um conflito, pois estes dois militares eram completamente diferentes na fisionomia do seu corpo.

Mas continuando com a história, passou a ser também a sua lavadeira, foto ao lado, e como tal, ficou sujeito a todas as anomalias da troca de roupa, e quando ao sábado a vinha entregar, e quando havia alguma confusão, ela logo respondia:
- Mi, lavá roupa para manga de pessoais!

O que era verdade, mas não motivo para entregar ao Cifra, três meias soltas, uns calções, onde cabiam dois Cifras, já sem forro nos bolsos, e sem botões na frente, e umas calças de camuflado, que o Cifra nunca usou, pois o Cifra não usava camuflado, toda a sua farda de camuflado, foi usada pelo Setúbal e pelo Curvas, alto e refilão, e que ela dizia a pés juntos que eram dele. Ao pôr uma mão no bolso dessas calças, encontrar o isqueiro do Curvas, alto e refilão, que já procurava há uma semana, pois “pedia lume”, a toda a gente e dizia:
- Se encontro o filho da p... que me roubou o meu isqueiro, eu máto-o. Cabrão!


Mas havia um dia, em que ela, quase nunca se enganava, e até colocava a tal flor de cheiro sobre a roupa, esse dia era ao final do mês, e antes de entregar a roupa, estendia a mão e dizia:
- Dá patacão, é fim de mês.

Às vezes, pagavam com notas do Banco Nacional Ultramarino, e ela nunca dava o referido troco, e dizia:
- Mi, “patacão ká tem”, está bem assim.

O Curvas, alto e refilão, dizia:
- Filha da p..., para ela, o mês só tem três semanas!. Qualquer dia mato-a!

(Ilustrações: © Tony Borié (2012). Direitos reservados) 
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10716: Do Ninho D'Águia até África (29): Maldita matacanha (Tony Borié)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10728: O nosso livro de visitas (153): Mário Oliveira, bravo marinheiro da Armada, cabo CM reformado, que esteve na Guiné, em 1961/63, ainda antes do início oficial da guerra, a bordo do NRP Sal, navio patrulha da classe Príncipe


NRP Santa Luzia, navio patrulha da classe Maio,construído no Arsenal do Alfeite. Foto de Eduardo Carlos Messias Camilo, alojada no sítio Núcleo Marinheiros da Armada do Concelho da Lousã. Reproduzido aqui com a devida vénia... (E Parabéns aos camaradas da Lousã pela sua página na Net!).


1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) Mário Oliveira,com data de ontem:

Data: 25 de Novembro de 2012 14:35

Assunto: o mundo é pequeno,  a nossa tabanca é grande

Olá Luis Graça

Ontem ao pesquisar no Google para saber mais sobre o "infeliz" cap  G3 , deparei-me com o nosso blogue, nosso, da malta que em épocas diferentes bateu com os "cornos" na nossa querida Guiné.

E digo querida, porque tive a felicidade de conhecer a Guiné na época imediatamente anterior ao inicio oficial da guerra, a minha comissão foi de 61 a 63.

Vou dizer algo sobre mim, e mais adiante falarei sobre o maravilhoso povo guineense. Sou marujo, cabo CM reformado, assentei praça na Armada em novembro  de 56, tenho 76 anos de idade, mas ainda consigo arrastar as patas e,  quando calha ainda como uns petiscos e bebo umas "cravanadas".

O meu primeiro contacto com a Guiné aconteceu em 1960, iamos a caminho de Angola no NRP Sal, um navio patrulha da classe "Patrulhas Americanos" [ou Classe Príncipe]. Havia outros,  os "Franceses" [, ou Classe Maio]. 

Chegá mos ao porto de  Bissau já noite cerrada, foi o meu primeiro contacto com a Africa Misteriosa, recordo-me como se fosse hoje, o meu posto de faina era na casa da máquina, o que quer dizer que nunca assistia visualmente á entrada nos portos, mas sempre dava para subir uns degraus da escada de ré e dar uma olhada. Com os olhos ofuscados com a iluminação da casa da máquinas,  subo clandestinamente dois ou três degraus. Meto as "trombas" fora da escotilha e que vejo eu? Três ou quatro fatos de marujo, calção e corpete a flutuar no ar. Explicação para o fenómeno: a noite estava tão escura, os marujos auxiliares da ponte cais eram tão pretos, que eu com os olhos saiídos de repente da luz da casa da máquina, a primeira sensação que tive foi a dos fatos brancos a flutuarem no ar.

Não foi este o meu primeiro contacto com a África, porque já tínhamos estado uns dias no porto de S. Vicente em Cabo Verde e no porto de Dakar no Senegal.

Fiz três comissões, uma em Angola, outra em Moçambique mas aquela que mais me marcou e que terei muito gosto em contar algumas incriíveis histórias, como aquela em que matei um crocodilo no Rio Cacheu, com um escopro e um martelo,  foi realmente a comissão na Guiné.

Irei cumprir as "formalidades",  fotos etc.,  para aderir formalmente á Tabanca Grande .

Um abraço

Mário Oliveira

2. Comentário de L.G.:

Mário:  É verdade,  o Mundo é Pequeno e a Nossa Tabanca... é Grande! Graças à Net e a gente determinada como tu... E dizes bem, a "nossa" tabanca,  mesmo que um marinheiro goste mais de água do que de terra, de tempos a tempos tem que pôr o navio no estaleiro (ou acostar)...e vir a terra para sentir o chão firme!

Pois, para os teus 76 anos, estás muito mais "puto" do que muitos dos "periquitos" que foram fechar a "guerra" em setembro de 74!... Gosto desse espírito jovial, que tem muito a ver com a gente que lida com (e respira) o mar...

 Li, com evidente orgulho e satisfação, a tua apresentação. É de "tugas" como este que a gente precisa - pensei logo.  Quero eu dizer com isto, que é uma subida honra ter um bravo marinheiro como tu no meio desta maralha toda que representa uma orgulhosa e valente geração que deu o melhor de si, nas bolanhas, lalas, rios, braços de ar, savanas, florestas-galeria, tabancas e céus da Guiné...

Estamos a caminhos dos 600 amigos e camaradas da Guiné, "atabancados". Manda-me as duas fotos da praxe que é para eu (ou o Carlos Vinhal) te apresentar aos demais "grã-tabanqueiros".

Um Alfa Bravo. Luís Graça

PS - Já agora... donde és ? onde vives ? E descodifica lá o que é que dizer, na Armada, cabo CM (classe condutor de máquinas ?)... E já agora que história é essa do "infeliz cap G3"...
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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de novembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10659: O nosso livro de visitas (152): João Meneses, 2º ten FZE RA, DFE 21, gravemente ferido na península do Cubisseco, em 27/9/1972

Guiné 63/74 - P10727: Notas de leitura (432): "Elites Militares e a Guerra de África", por Manuel Godinho Rebocho (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Setembro de 2012:

Queridos amigos,
As teses apresentadas pelo Doutor Manuel Godinho Rebocho têm suscitado alguma controvérsia e bastantes reparos metodológicos. Segundo ele, os capitães milicianos, genericamente, desempenharam a sua função de modo cabal e a sua qualidade de desempenho residiu nas capacidades pessoais e dentro das inteligências específicas sobressaiu a inteligência emocional e em contrapartida as elites militares constituídas por membros do quadro permanente não esteve ao nível no desempenho das suas responsabilidades.
Estes e outros objetos de análise são contundentes e deviam ser alvo de mais estudos, até na perspetiva de melhorar os processos de seleção, recrutamento de informação das Forças Armadas, como diz o autor.

Um abraço do
Mário


A “milicianização” da guerra

Beja Santos

“A investigação científica que realizei provou que, no decurso da guerra de África, os oficiais do quadro permanente foram-se progressivamente afastando do comando operacional. Desta situação, inusitada, resultaria terem sido os milicianos quem, de facto, comandou as unidades de combates, nos últimos e mais gravosos anos da guerra”. É com esta declaração que Manuel Godinho Rebocho nos apresenta o seu trabalho com base na sua tese de doutoramento ("Elites militares e a guerra de África”, por Manuel Godinho Rebocho, Roma Editora, 2009. Nesta sua investigação procurou igualmente sondar os termo em que se formaram as elites militares e o impacto dessa formação na qualidade do desempenho, na guerra e na forma como se comportaram no “pós-Marcelismo”.

É um trabalho vasto onde o seu autor esclarece aspetos metodológicos e a componente científica da investigação, procede ao enquadramento histórico da guerra para concluir que as autoridades portuguesas não desconheciam, quando se chegou a 1961, as condições naturais e ambientais em que a guerra se iria travar, e a tal propósito estudou a formação dos milicianos; descreve com exaustão a organização militar na guerra, escrutinando um conjunto de unidades de combate; analisa a forma como os oficiais conflituaram entre si, designadamente no período do PREC e apresenta por fim as conclusões. Pelo que é dado verificar em textos que circulam na Net, as teses do sargento-mor Godinho Rebocho estão longe de ser consensuais, tanto pela amostra das unidades estudadas como pela caracterização a que procede sobre os oficiais do quadro permanente ao longo da guerra.

O autor começa por entrevistar um conjunto de comandantes de unidades de combate e pede-lhes apreciação sobre três componentes: formação científica/cultural, vocação e experiência. O critério a que obedecem estas três componentes tem em vista ajuizar qual na prática a componente ou componentes que pesaram no bom desempenho. E discorre sobre a natureza do conflito militar a natureza das elites, as características da liderança, como se processa a cadeia de comando, etc. Na sequência do enquadramento do seu trabalho, repertoria o quadro histórico da descolonização, à escala mundial e as reformas militares ao longo do século XX até ao período que antecede o início da guerra. Do que investigou, concluiu que as cúpulas da Forças Armadas detinham o diagnóstico perfeito da situação quanto à necessidade de orientar o recrutamento e a formação dos quadros, num horizonte de guerra. E perde-se em consideração sobre a origem social do corpo de oficiais, contesta a tese exposta por diferentes investigadores de que os oficiais revoltosos provinham, pela origem social, de extratos humildes, dá por demonstrado que os militares não se comportaram nem se motivaram em função das suas origens sociais. E expende um juízo: “O maior, senão o único, problema das Forças Armadas Portuguesas durante todo o tempo da guerra de África, foi a falta de doutrinadores e reformadores quanto à sua organização e formação. Tudo o resto se resume a pequenas questões, de solução fácil e pontual. Mas a organização e formação tiveram de ser mantidas para satisfazer a classe média, razão pela qual se manteve uma hierarquia baseada nas habilitações literárias, de todo inconsequente. Destaca-se a classe média porque a classe alta nunca teve problemas: os seus filhos estiveram sempre em lugares seguros”. E mais adiante: “A organização e formação militares, durante a guerra de África, estiveram estruturadas e diferenciadas segundo as classes sociais, mas só na componente do serviço militar obrigatório. Na componente do quadro essa diferenciação não existia. A grande clivagem verificava-se entre oficiais de carreira e oficiais milicianos, sobretudo nas patentes de capitão. Tão evidentes e profundas eram essas diferenciações, que foi ali que se iniciaram, ou foi dali que partiram, as movimentações dos capitães: Puros e Espúrios, de carreira e milicianos, respetivamente”. E nada adianta se estas reivindicações e conflitos eram exclusivamente corporativas, de modo a que os capitães chegassem rapidamente aos tais lugares de gestão militar, afastando-se das missões espinhosas das operações.

É uma investigação onde se anda à lupa a saber quem e como frequenta cursos de formação, saber a origem social dos oficiais do quadro permanente no topo ou a caminho do topo. Com uma paragem demorada na Academia Militar em 1959, mas também na Escola Central de Sargentos, nas Escolas Práticas, averiguando qual a natureza da formação complementar por onde os oficiais eram habilitados, e procedendo de idêntica forma para a formação de sargentos e conhecimentos relacionados com formação em ação psicológica, e então detém-se nas tropas paraquedistas, de onde provém, assim as caraterizando: “Estes homens eram submetidos a rigorosas inspeções médicas, físicas e psicotécnicas. Eram provas muito seletivas: só os melhores as conseguiam superar. A formação das tropas paraquedistas, enquanto tropa de elite, acompanhou de muito perto a que foi seguida no Centro de Instrução de Operações Especiais para preparar as companhias de caçadores especiais. Se a formação era em tudo semelhante, o Exército não deu sequência àquela preparação, perdendo assim boas unidades, enquanto os paraquedistas não só a continuaram como a melhoraram progressivamente”. E detalha a formação dos paraquedistas.

E assim se chega à guerra de África e ao desempenho das elites militares. Socorre-se de um trabalho de John Cann, a cuja recensão já se procedeu aqui (“Contrainsurreição em África, O Modo Português de Fazer a Guerra, 1961/1974”*, por John P. Cann, Edições Atena). Aqui havia uma questão central que era a de, numa guerra subversiva, conquistar a população ou tê-la maioritariamente do seu lado, isto a par de manter baixos custos em guerra, o que, reconhece John Cann se ficou a dever à baixa tecnologia da guerra, à baixa intensidade da guerra, aos baixos custos com pessoal. E assim conclui: “A partir do que fica analisado e desenvolvido, forçoso é concluir que os altos comandos militares orientarem estrategicamente a guerra, segundo as melhores perspetivas, face aos recursos financeiros e humanos de que Portugal dispunha e o enquadramento internacional, que nos era totalmente desfavorável. Os erros e a falta de estratégia que influenciaram os resultados da guerra de África são fundamentalmente da responsabilidade dos políticos”.

E daqui parte para uma ponderação do sistema de forças, socorrendo-se de um exemplo extraído da Guiné. Recorde-se que uma das críticas mais apresentadas à investigação de Manuel Godinho Rebocho foi a limitação de fontes, nunca usando qualquer exemplo extraído de Angola, não invocando nada sobre o comportamento da Armada, etc.

(Continua)
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 DE SETEMBRO DE 2011 > Guiné 63/74 - P8741: Notas de leitura (271): Contra-Inssureição em África, 1961-1974, O modo português de fazer a guerra, de John P. Cann (Mário Beja Santos)

Vd. último poste da série de 23 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10710: Notas de leitura (431): "Crónica dos (Des)Feitos da Guiné", por Francisco Henriques da Silva (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P10726: A minha CCAÇ 12 (27): Novembro de 1970: a 22, a Op Mar Verde (Conacri), a 26, a Op Abencerragem Cadente (Xime)...(Luís Graça)









Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor do Xime > 1970 > CCAÇ 12 > A sequência dramática de uma helievacuação, no decurso da Op Boga Destemida (8 de fevereiro de 1970). Pelos vestígios de queimadas, nota-se que estávamos na época seca, logo a foto será dos primeiros meses de 1970... O riquíssimo Álbum Fotográfico do meu querido amigo e camarada Arlindo Teixeira Roda (natural de Pousos, Leiria, a viver em Setúbal há décadas) não tem  legendas... Da trágica Op Abencerragem Candente (25-26 de novembro de 1970, já no final da época das chuvas), não tenho infelizmente qualquer imagem.

Fotos: © Arlindo Teixeira (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

A. Continuação da séria A Minha CCAÇ 12, por Luís Graça (*)... Estávamos com 18 meses de Guiné, e de intensa atividade operacional, desde que na segunda metade do mês de julho de 1969 fomos colocados em Bambadinca, como subunidade de intervenção ao serviço do comando do BCAÇ 2852 (até maio de 1970) e depois do BART 2917 (a partir de junho de 1970)...

Sobre a Op Abencerragem Candente já se escreveu muito e ainda não se contou aqui toda a verdade (nem se contará tão cedo...) . Traz-nos, a todos aqueles que participaram nesta tragédia, terríveis recordações... Há gente viva, que ainda sofre sempre que se fala aqui da Op Abencerragem Candente...

Hoje optarei pelo laconismo. Limito-me a reproduzir a o que vem escrito na história da CCAÇ 12. Um dia, não sei quando, hei-de escrever um poema em memória de todos aqueles que morreram no dia 26 de novembro de 1970, na antiga estrada do Xime-Ponta do Inglês, um dos sítios mais sangrentos da guerra no TO da Guiné... Paz às suas almas. Evoquei-os, discretamente, em poste recente, num texto poético sobre a antiga estrada Xime-Ponta do Inglês, de má memória.  Fiz questão que este poste saísse hoje, 42 anos depois da Op Abencerragem Candente.










Excertos de: História da CCAÇ 12: Guiné 69/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores nº 12. 1969/71.
Cap. II. pp-41-43.





Guiné > Mapa geral da província (1961) > Escala 1 /500 mil > Pormenor de parte do Setor L1 (Bambadinca), compreendido grosso modo pelo triângulo Bambadinca- margem direita do Rio Corubal - Xitole. com a posição relativa da sede de batalhão, Bambadinca (BART 2917, 1970/72) e das respetivas subunidades de quadrícula, localizadas em Xime (CART 2715), Mansambo (CART 2714) e Xitole (CART 2716).

 A vermelho as duas estradas que existiam em 1961: Bambadinca-Xime-Ponta do Inglês (interdita desde finais de 1968); e Bambadinca-Mansambo (aquartelameento construído de raíz em 1968, pela CART 2339)-Xitole (, estrada que seguia  depois para o Saltinho, e a partir aí estava interdita). 

Para se ter uma noção da distância, os obuses 10.5 do Xime não conseguiam bater a zona da Ponta do Inglês/Foz do Corubal [mapa de Fulacunda), que tinha a norte a rica bolanha do Poindom e um núcleo populacional (balanta e beafada) controlado pelo PAIGC,desde a destruição, pelas NT, de Samba Silate e de Poindom, em 1963. A guerrilha mostrava-se sempre muito aguerrida na defesa da sua população, face a ações de contrapenetração das NT (com exceção da grande Op Lança Afiada, 8-19 de março de 1969, que mobilizou cerca de 1300 efetivos, entre militares e carregadores civis).______________

Nota do editor: