segunda-feira, 23 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10185: Humor de caserna (27): Recepção aos piras do BCAÇ 2927 em Bissorã, em fins de outubro de 1970 (Armando Pires)

1. Mensagem do nosso camarada Armando Pires (ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70) com data de 16 de Julho de 2012:

Meus Caros Editores Camaradas:

Dias atrás, lembrou o régulo maior da nossa Tabanca que o verão está à porta e com ele, por causa dele, a habitual diminuição do produto “noticioso” ameaça deixar o mural da Tabanca a pão e laranja. E sugeria, como alternativa, a actualização e aprofundamento do nosso álbum fotográfico.

Faz tempo que dentro da minha cabeça bailava a vontade de dar o meu contributo para o enriquecimento dessa página do blog. Vamos então a ela, deixando para depois das férias as duas histórias que já se encontram alinhavadas nos rascunhos.

E começo pelo fim. Por aquele momento em que definitivamente respiramos fundo. O momento em que o pensamento voa longe, até que alcance a família, levando nas suas asas uma mensagem escrita que diz, sosseguem, mais uns dias e estou aí. O momento em que recebemos e damos as boas vindas aos que nos vêm render. Quem não recorda esses instantes que foram mistura de perplexidade e medo à chegada, de jubilo e paz na partida?

Tenho tão vivo e tão presente aquele 15 de Fevereiro de 69, quando saí da jangada e meti pé em terra firme de João Landim, assustado e atónito com tudo à minha volta, com uns tipos de camuflado de cor completamente diferente do meu a atirarem-me mãos cheias de amendoins (vim a saber depois que se chamava mancarra), ao mesmo tempo que gritavam, “salta periquito, vem que o paizinho quer ir para casa”, o bater metálico das culatras à rectaguarda, o roncar das Panhard  a ganharem posição na coluna, o arranque em grande velocidade estrada fora e, finalmente, a entrada no aquartelamento de Bula por entre filas de militares que se riam, que para nós se riam, com ar de quem mais parecia dizer, “coitadinhos, tão tenrinhos, nem sabem no que se metem”.

Depois, o tempo encarregou-se de tornar tudo isto normal, encarregou-se de em nós deixar fruir a ideia de que “a nossa hora também chegará”. E chegou em fins de Outubro de 1970, em data que a memória, a nossa e a deles, não consegue precisar.

Lá vêm os “piras”. 

Vindos da estrada de Mansoa, entram em Bissorã as primeiras viaturas que transportam a CCS e a CCAÇ 2781 do BCAÇ 2927. À sua espera a “Policia da Unidade”, formada pelo impagável Orlando Bonito, Fur Mil Amanuense, e o seu inseparável 1.º Cabo, o "Alentejano”, que se esforçou, todo o dia, por convencer os recém-chegados que, não obstante estarem “no mato”, tinham de andar devidamente escanhoados e ataviados, sem esquecer as botas devidamente engraxadas.

É destas praxes, destes momentos mais ou menos hilariantes, que cada um, no seu lugar e à sua maneira, preparava para receber condignamente aqueles que os vinham render, que quero dar testemunho nas fotos que se seguem. Peço desde já desculpa por algumas delas não serem “exclusivas”. De facto, algum tempo atrás, o Quim Santos, que pertenceu à CCAÇ 2781, que edita o blog “Guiné-Bissum” , pediu-me uma ou outra fotografia da sua chegada. Mas atrevo-me a oferecê-las ao nosso álbum por nele nunca ter visto semelhante tema retratado. Vamos a isso.


O pano é a legenda. "A ferrugem saúde os piriquitos". A festa dos putos é a vida.


Provocações! "Piras, tendes fome ? A velhice oferece-vos mancarra... Saltitão!...


A equipa de reportagem da RadioTelevisão de Bissorã registou o grande momento. Ao volante o Fur Mec Meneses, no lugar do realizador o Fur Trms Gesteiro, o camara é o 1.º Cabo Trms Carlos Senra. A velhcie saúda os piriquitos!"...


Esta até a mim me surpreendeu. Sobretudo ao ver que os pilantras foram aos fundos da enfermaria “gamar” as batas que não eram utilizadas mas que faziam parte do espólio a entregar. Aos protagonistas peço desculpa por me “faltarem” os nomes, mas vamos, a partir da esquerda: 1- “Setúbal”, pintor 2- Lameiras, mecânico 3- era o condutor da GMC rebenta-minas 4- o bate-chapas. O 5º sou eu, que também quis ficar para a posteridade. Cartazes: "Assistência à velhice", "Serviço de saúde ao domingo"...


Alinhada já no interior do aquartelamento de Bissorã, a coluna que transportou os homens do BCAÇ 2927.


Lindos e frescos, os periquitos sorriem para a objectiva. Aquele ali ao centro, de G3 com dilagrama e cigarro ao canto da boca, é o Furriel Cerqueira, o enfermeiro da CCS que me foi render.


E pronto! Chegou a hora de ir para casa. A nossa última coluna à partida de Bissorã para Bissau. Em primeiro plano a minha equipa. Juntos, unidos, como sempre estivemos naqueles 22 meses de Guiné. A contar da esquerda, eu, o 1º Cabo Enf Machado e os Soldados Maqueiros Maltez, Teixeira e João. Infelizmente, não está na foto o Soldado Maqueiro Daniel Agostinho, de cuja história já aqui vos dei conta no P9877. Esperou por nós em Lisboa e deu-nos uma grande alegria. 
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 5 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9562: Humor de caserna (26): Chocos recheados para curar o paludismo (Henrique Cerqueira)

Guiné 63/74 - P10184: Notas de leitura (383): "No Percurso das Guerras Coloniais 1961-1969", de Mário Moutinho de Pádua (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 28 de Maio de 2012:


Queridos amigos,
É pena que este militante comunista disperse as suas memórias em questões fulcrais, salta de um assunto para outro, relata pessoas e situações com pouca consistência, o que é pena para quem quase ia sendo executado no Congo, observou a sociedade checa, viveu nos meios oposicionistas de Argel e trabalhou no Lar de Ziguinchor, apoiando o PAIGC.

É o relato de quem esteve no outro lado,  sentindo-se português antifascista e apercebendo-se que as causas com que simpatizava ruíam na areia. Apesar de tudo, confessa que viveu intensamente todo esse idealismo.

Um abraço do
Mário


Mário Moutinho de Pádua e o PAIGC

Beja Santos

Mário Moutinho de Pádua foi o primeiro dos oficiais portugueses a desertar, logo em 1961. Em 1963 escreveu um livro que provocou sensação, “Guerra em Angola”. O seu segundo livro, como escreve Pepetela, é uma espécie de crónica de vida, fica-se a saber como fugiu pelo Norte de Angola, as prisões que conheceu no Congo Léopoldville, onde parecia inconcebível que militares portugueses se recusassem a combater contra os angolanos, correu aqui todos os riscos de vida. Do Congo partiu para a Checoslováquia, e se vinha desiludido do Congo enquanto país dito descolonizado, o tal país dito socialista amargurou-o. Da Europa voltou a África, primeiro a Argélia e depois o Senegal, como médico apoiante do PAIGC (“No Percurso de Guerras Coloniais, 1961-1969”, por Mário Moutinho de Pádua, Edições Avante!, 2011). Se a todos os títulos estas memórias justificam leitura para se conhecer um testemunho comprometido deste militante comunista sobretudo quanto à causa angolana e à sua vivência no meio oposicionista de Argel, é do maior interesse histórico o que ele escreve sobre o PAIGC. Como se vai sintetizar.

Mário Pádua chega a Conacri em 1967, começa a tratar os guerrilheiros guineenses no Lar do Combatente. Descreve as relações por vezes muito difíceis entre os políticos influentes da Guiné-Conacri e a Direção do PAIGC. Ao fim de algum tempo de estar em Conacri, Mário Pádua sentiu que estava a desperdiçar aqui as suas habilitações, vai então para Boké trabalhar com médicos e enfermeiros cubanos, um trabalho com recursos muito limitados. E conta o que viu numa visita que fez a uma base do PAIGC já em território guineense:

“A base constava de uma dezena de cabanas dissimuladas debaixo de árvores frondosas. Observei com particular interesse a sala de operações. Esta surpreendeu-me pela extraordinária limpeza do solo. Muitas salas de operações de países ricos não são tão escrupulosamente varridas ou aspiradas. Uma enfermeira afugentava as moscas durante as intervenções cirúrgicas”.

E de Boké foi transferido para Ziguinchor, colocado no recém-criado Lar do Combatente. A sua memória desliza para dirigentes, situações e considerações sobre a guerrilha. Mário Pádua sentia-se bem ali, havia mais meios:

“Enquanto eu ali trabalhei a provisão de medicamentos renovava-se sobretudo com os envios da RDA e, em menor escala, de outros países socialistas assim como de países nórdicos (…) O hospital local, cobrindo uma área cheia de pavilhões muito maior que o lar do PAIGC, dispunha de pouco mais camas e a alimentação não fazia parte dos serviços inerentes ao internamento”.

E conta como se relacionou com o médico vietnamita que prestava serviço no hospital de Ziguinchor.

Os meios postos à disposição do PAIGC eram rudimentares, nas suas bases os guerrilheiros passavam toda a casta de provações, viviam muitas vezes subalimentados. É uma descrição que importa registar. Primeiro os feridos:

“Logo que os desembarcavam assistíamos ao espetáculo de feridas enormes, abertas, que já não se podiam suturar, dado o intervalo de tempo que decorrera após a lesão. Eu e os enfermeiros guineenses, meus colaboradores, limpávamos os tecidos infetados com água oxigenada, cortávamos os tecidos mortos e terminada a limpeza cirúrgica tentávamos aproximar os bordos esticando a pele com adesivo. Sucedeu, em feridas fundas e com pequeno orifício de entrada, que quando retirava a sonda exploratória, me vinha ao nariz o cheiro inconfundível da gangrena gasosa. Um dia comecei a tratar um soldado que tinha o braço direito muito destroçado embora não sangrasse. Estas limpezas cirúrgicas em geral demoravam horas. Este doente não se queixava de dores. Quando terminei, pele, músculos, vasos e nervos de um dos membros superiores tinham praticamente desaparecido. Apenas restavam os ossos, completamente descarnados. Nessas circunstâncias só restava a amputação”.

Conta-nos episódios de extremo sofrimento, os guerrilheiros demoravam demasiado tempo a chegar a Ziguinchor. Mário de Pádua descobriu nos seus exames laboratoriais que o PAIGC travava a luta com um número impressionante de soldados anémicos.

Mário de Pádua é também testemunha da educação dos combatentes e da preparação ideológica dada no Lar de Ziguinchor. Mas tudo era precário face às inúmeras deficiências em meios de diagnóstico. Além de anémicos, os guerrilheiros passavam literalmente fome. Verificou que a alimentação em particular na época seca era tão fraca que chegava a induzir situações de fome, os camponeses tinham tal falta de arroz que não entregavam aprovisionamento ao PAIGC para não morrerem à míngua.

No Lar de Ziguinchor momentos houve em que a alimentação estava reduzida a arroz. O autor desdobra-se em histórias relacionadas com falta de meios de diagnóstico de tratamento que redundavam em insucessos no tratamento, para desespero dos profissionais de saúde. Mostra-se sempre assombrado com o estoicismo dos guerrilheiros:

“Quando os feridos demoravam dias para chegar a Ziguinchor, as larvas fervilhavam nos tecidos expostos. O que fazia parte da rotina da guerra e me deixava estupefato era o transporte de feridos e doentes por zonas flageladas, vinham em macas fabricadas com troncos. O esforço físico exigido dificilmente se pode conceber”.

E de novo o relato salta para assuntos de espetro mais largo como o relacionamento entre as autoridades do Senegal e o PAIGC. São notas soltas onde cabem a superstição africana, a convivência de Mário de Pádua com médicos vietnamitas e jugoslavos, os aspetos chocantes da extrema pobreza e a grande riqueza em Dakar, o vespeiro de informadores e boateiros,  conta como Amílcar Cabral lidava com o conceito de libertação da mulher e evitava o combate à poligamia.

À distância dos anos, perpassa por estas memórias uma incontida melancolia, medindo o desaire de tudo quanto se passou após a independência da Guiné-Bissau. Mário de Pádua faz muitas vezes uso das memórias de Luís Cabral vazadas em “Crónica da Libertação”, mostra-se inconformado com os desvios dos dirigentes para o prazer e as venalidades. Deixa transparecer muita inocência para as questões graúdas do caos pós-independência e a corrupção que assaltou o aparelho de Estado, em Bissau, diz não acreditar nos crimes que são atribuídos a Luís Cabral, o fantasma da PIDE e o perigo das tropas africanas parecem ser suficientes para justificar a barbárie em que se tem vivido permanentemente desde a independência.

São memórias avulsas, por vezes pouco consistentes, é enorme a porosidade no tratamento dos temas, salta vertiginosamente de uns para outros, deixando o leitor atónito pela mudança de agulha. Porque Mário de Pádua tem testemunhos riquíssimos e não ilude a frustração por ver espatifarem-se os mitos em que acreditou.

Pepetela descreve-o como um homem bom, corajoso, de ideias firmes, um homem que conhece as fraquezas dos outros, que percebe as tibiezas e as traições, mas não se vinga delas. A verdade é que sabe contar as suas deceções e adversidades sem abdicar das suas convicções, mesmo que apresente justificações insensatas. E as suas memórias são incontornáveis no que toca ao que viveu no Lar de Ziguinchor.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 20 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10174: Notas de leitura (382): A Caça no Império Português, de Henrique Galvão, Freitas Cruz e António Montês (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P10183: Facebook...ando (18): Os nossos (re)encontros (Armando Pires / Bernardino Cardoso)



1. Troca de mensagens, em 16 do corrente, na página do Facebook da Tabanca Grande, entre o Armando Pires e o Bernardino Cardoso, dois grã-tabanqueiros (o último, mais recente). Recorde-se que o Armando Pires,que mora em Santarém, foi ou ainda é jornalista ( Rádio Ribatejo, Rádio Clube Português, Rádio Comercial, Antena 1, Agência France-Presse,Jornal "Europeu"), de acordo com a informação que consta da .



(i) Armando Pires:

Meu Caro Cardoso.

Aqui tens a foto da última vez em que estivemos juntos. No almoço do Esquadrão [ de Reconhecimento 2454], em Coimbra.

Já faz tempo, eu sei, mas o tempo apenas nos soma idade.

Nesta foto do teu perfil, a que utilizas [, no Facebook], não te reconheci. Mas sendo do esquadrão, e do meu tempo, dei voltas para te "apanhar".

Foi a outra foto, a do golfe, por estar mais aberta, que gritei: Eureka!.

Eu sou o gajo Fur Enf [da CCS / BCAÇ]2861, que animava as noites cantando o fado, acompanhado pelo nosso outro companheiro de fotografia, que não consigo escrever o nome (que tu me vais recordar) porque só me vem à ideia "o Guitarrinha".

Bolas, quanta alegria voltar a cruzar-me contigo.

O Blog do [Luís] Graça tem feito verdadeiros prodígios a proporcionar reencontros de velhos camaradas.

Vai para ti um grande abraço.

(ii) Bernardino Cardoso:

Um grande abraço para ti. Já começo a recordar estas noites de Fado no esquadrão até às quinhentas, assim como a Lerpa até que o gerador era desligado. O Guitarrinha era o Dias. Guitarreiro de gema, creio que ainda.

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Nota do editor:


Último poste da série > 29 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9958: Facebook.. ando (17) : Alexandre Leites, de Sandim, V.N. Gaia, ex-1º cabo enfermeiro, CCAP 122/BCP 12 (1971/73)

domingo, 22 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10182: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (1): Animais do Cantanhez: nomes científicos e outras curiosidades...

















Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Iemberém > 2 de março de 2008 > Animais desenhados nas paredes exteriores das instalações da AD -Acção para o Desenvolvimento. Fotografia de Luís Graça, por ocasião de visita ao sul, no ãmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008).

Fotos: © Luís Graça (2008) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Todos os anos, por  esta altura, em que baixa, com as férias escolares e a canícula do verão,  a "tiragem" e a "audiência" do nosso blogue, arranjamos um passatempo para entreter os leitores e fazer descansar os editores...  Este ano não será exceção: férias são férias, e os editores bem merecem uns dias de descanso...

A série que que inventámos vai chamar-se "Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor"... Qualquer leitor do nosso blogue, quer seja ou não camarada da Guiné, membro ou não da Tabanca Grande, pode colaborar na edição deste poste (que está incompleto)... O objetivo é encontrar, com recurso à Internet, mas também aos livros que a malta tem lá em casa (incluindo os dos filhos e netos em idade escolar...), os "nomes científicos", a classificação zoológica desta bicharada que ainda hoje, felizmente, se  pode encontrar nas matas do Cantanhez, a última floresta húmida da Guiné-Bissau... 

Os nomes que vêm nas imagens são as designações, em crioulo, por que são conhecidos estes animais entre os guineenses (a maioria dos quais, sobretudo os que nasceram e vivem em Bissau, nunca os viram)... O nosso leitor, com tempo e vagar, pode explicar-nos melhor, por exemplo, que raio de bicho é esse tal Tucurtacar Pangolim, como é que os zoólogos o classificam, quais são as suas principais caraterísticas, habitat, alimentação, distribuição geográfica, etc.Quem diz o Pangolim, diz o Nhinhte Camatchol - cobra ou ave ? nem sei.. -  que nunca encontrei, confesso, nas minhas andanças pela zona leste, só sul, no chão dos nalus... Já quanto à onça tenho dúvidas: trata-se de um felino, sem sombra de dúvida, mas será onça ou leopardo ?

As contribuições de cada leitor podem chegar-nos por duas vias: (i) por email, através do nosso endereço: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com
; ou  (ii) por comentário (o leitor não precisa de estar registado no Google, pode enviar-nos o comentário "como anónimo" (mas nome e apelido, no final, da mensagem são obrigatórios)... Sugerimos que cada leitor "adote um bicho" e faça uma pequena pesquisa sobre ele... 

À medida que as contribuições forem chegando, há um escravo de um editor de serviço (que só terá férias em setembro... do ano que vem) que vai atualizando o respetivo poste... O leitor, não sendo grã-tabanqueiro, pode mandar-nos uma foto tipo passe, digitalizada, para publicar ao lado  do seu nome... (mas isto é facultativo, ninguém é obrigado a mandar a "chapa")...  Podem mandar-nos "asneiras" que a gente não censura nada, mas, atenção!,  ficam sujeitos - se o TPC não for bem feito - a "levar na pinha" por parte dos outros leitores... A ideia deste passatempo é que podemos, em conjunto, aprender algo mais - neste caso, sobre a fauna da Guiné-Bissau - , e ao mesmo tempo divertir-nos... Aceitam o desafio ?!
Bom verão, boas férias, bons passatempos, bons encontros... Carpe diem... Gozem as coisas boas da vida!

Luís Graça e seus co-editores de serviço, Carlos Vinhal e Eduardo Magalhães Ribeiro.
PS - Atenção: continuem a visitar-nos. Queremos, no final de agosto, chegar aos 4 (quatro) milhões de visitas... e no final do ano aos 600 (seiscentos) grã-tabanqueiros (membros registados na Tabanca Grande).

Guiné 63/74 - P10181: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (5): A emboscada das abelhas

1. Segunda estória dos Fidalgos de Jol enviada pelo nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73), na sua mensagem de 15 de Julho de 2012:


ESTÓRIAS DOS FIDALGOS DE JOL (5)

A “Emboscada” das Abelhas

Lendo há algum tempo atrás um episódio do nosso camarada Luís Faria sobre o que consigo se passou com um “ataque” de abelhas, que poderia ter consequências trágicas (felizmente tudo não passou de um valente susto), veio-me à lembrança uma situação semelhante (salvo as devidas proporções) que comigo se passou.

Estando dois dos nossos grupos de combate em progressão para realizar mais uma emboscada em possível local de passagem do inimigo, baseados no relato de um elemento da população, em dada altura da deslocação e, já muito perto do objectivo, fomos surpreendidos por uma autêntica debandada pelo pessoal que seguia na frente, com cada um a correr para seu sítio, sem que nos fosse dada qualquer explicação sobre o que estava a acontecer, e numa autêntica desorganização.

Sendo o meu grupo o que seguia na retaguarda, com o mato bastante denso e sendo difícil de descortinar o que realmente se estava a passar, perante tal cenário, mesmo sem até então termos ouvido qualquer tipo de contacto (tiros), logo nos colocámos todos em posição de combate prontos para uma eventual protecção aos nossos camaradas em apuros.

Não tardou porém muito tempo, para que igualmente o meu grupo se levantasse das suas posições e, desordenadamente, cada um se pusesse a fugir para o seu lado, pois do que efectivamente se tratava era de um violento ataque de abelhas, que ainda conseguiu fazer várias vítimas, algumas das quais com bastantes ferradelas.

A minha sorte e do guia das milícias que comigo de perto seguia, de seu nome Vermelho, foi termos connosco um pano de tenda com o qual nos cobrimos completamente, conseguindo assim escapar ao ataque e a algumas picadelas.

Foi um valente susto, felizmente também aqui sem consequências de maior, mas ainda demorou algum tempo até que conseguíssemos recompor todo o pessoal, mas o que desde logo ficou decidido é que naquele local já não iríamos emboscar. É que ainda tínhamos presente o que havia acontecido a um camarada Furriel da Companhia do Pelundo, que algum tempo antes numa situação semelhante, levou tantas ou tão poucas ferradelas, nomeadamente na cabeça, que ficando inconsciente teve de ser evacuado de helicóptero.


Jolmete, Maio de 1972 > Posto de vigía

Jolmete, Maio de 1972 > Junto à entrada do meu abrigo

Jolmete, Maio de 1972 > Com o Fidalgo, filho do Cájan e neto do Régulo

Jolmete, Junho de 1972 > Na hora da correspondência

Jolmete, Julho de 1972 > Convívo com o pessoal do Pelundo. O meu irmão é o mais alto ao meio.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10170: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (4): De caçador a caçado

Guiné 63/74 - P10180: Tabanca Grande (351): Guilherme Gabriel da Costa Ganança, ex-Alf Mil da CCAÇ 1788/BCAÇ 1932 (Cabedú, Catió e Farim, 1967/69)

1. No passado dia 11 de Julho de 2012 o nosso camarada Guilherme Ganança dirigiu ao nosso Blogue a seguinte Mensagem:

Caro Camarada 
Acabo de ler no blogue um pedido de informação sobre o capitão Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes, o sogro de um camarada do António Teixeira Mota(1).
Estou a tremer!... Ele que entre em contacto comigo, através do meu endereço de mail.
Sei tudo o que se passou.

Com um grande abraço.
Não sei se conseguirei dormir esta noite.
GCG


2. A pedido do nosso editor Luís Graça, José Martins enviou a 15 de Julho a seguinte mensagem ao nosso camarada Ganança:

Bom dia
Os mail abaixo caíram na minha caixa de correio e, como sempre, cá estou a tentar encontrar o "fio da meada", ou seja, ajudar a construir a nossa memória colectiva.
Poderia deslocar-me ao Arquivo Histórico Militar para consultar a história da unidade, mas, por experiência adquirida, encontraria alguma menção, vaga, sobre o acontecido com o nossa camarada de armas Capitão Geraldes Nunes, se por acaso estivesse lá mencionada.
Como leitor do blogue, que parece ser, em nome dos mais de quinhentos membros da mesma e, na qualidade de colaborador, estou a fazer um convite formal para "entrada directa e imediata" para a Tabanca Grande, a um preço simbólico: duas fotos, uma dos nossos tempos de "mininos" e outra actual, assim como uma breve referência para nos localizarmos o tempo e espaço da Guiné, e a primeira de muitas histórias, creio, que a memória nos vai trazer. 
Permito-me sugerir que a "história de apresentação" fosse essa história que, apesar de passados mais de 40 anos, ainda "tira o sono". Cada um de nós temos uma história dessas, que temos de exorcizar e seguir em frente.
Somos contemporâneos da Guiné. Estive no Leste (Nova Lamego e Canjadude) entre Junho de 68 a 70, na CCaç 5, uma companhia de africanos, formada em 1961 e que foi desactivada em 20 de Agosto de 1974, após a entrega do aquartelamento ao PAIGC. 
Esperamos pois, dar as boas vindas a mais um membro, que já tem provas dadas, e acolher mais um camarada à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande.

Até lá, aqui vai um fraterno abraço do
José Martins


3. Ainda no mesmo dia recebemos esta mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Guilherme Gabriel da Costa Ganança, ex-Alf Mil da CCAÇ 1788/BCAÇ 1932, Cabedú, Catió e Farim, 1967/69):

Caro camarada José Martins.
Confesso que não sou muito dado aos blog's. Por isso, ainda não entrei para a Tabanca. Esta é uma fase da vida em que preciso levantar a moral, de novo!...
Na semana que findou, vi partir a minha irmã. Completara 69 anos, na véspera da "grande viagem". Mas, como acontecia na Guiné, temos de levantar a cabeça, encontrar energia no fundo das entranhas e prosseguir a luta pela sobrevivência daqueles que estão ao nosso lado e confiam em nós!...

No Blog do Luís Graça, já mora a solução para o "enigma" do António Teixeira Mota. Lá está um comentário do camarada Mário Beja Santos, sobre um romance publicado no ano passado: "Do Cacine ao Cumbijã - 67 Guiné 68"(2). Sou o autor e, conforme suspeitava o Beja Santos sou o "alferes Gabriel Silva".

Os nomes são fictícios, mas o livro é mesmo autobiográfico. Lá está tudo, timtim, por timtim, sobre a Ccaç1788 (de código: 78081), sobre o carinho especial que todos tinham (e mantêm) pelo capitão Geraldes Nunes (de Código: Germano Neves). É só ler este romance, que já vai para a 2.ª edição!

Esta obra levou "os minino" para a guerra e deixou-os lá...

Os leitores ficaram sem saber como de lá sair. Isso aconteceu porque o autor, o alferes Gabriel Silva, teve de travar um novo combate decisivo, sem saber se de lá saía vivo. E, antes que o comandante dos Corsário se "evaporasse", colocou a boina preta na cabeça e providenciou a publicação da parte da obra que já estava escrita. "Cavalgou para o fim", conforme se "queixou" o camarada Beja Santos. Felizmente para o "alferes corsário" e para todos os que desejavam saber o fim daquela "viagem pelas matas da Guiné", o autor, de nome completo Guilherme Gabriel da Costa Ganança, saiu vivo da Operação "IPO-2011".

Foram seis meses de combates e "bombardeamentos" sucessivos ao inimigo.
O "desgraçado" rendeu-se sem condições e o velho combatente "corsário" voltou às memórias para escrever e publicar "O Corredor de Lamel - 68 Guiné 69".

Não tenho o contacto do camarada Beja Santos. Gostaria de lhe dizer como o entusiasmo que coloquei na publicação da obra Do Cacine ao Cumbijã me ajudou a eliminar "O bandido".

Bem... Vamos agora ao que interressa:
O passaporte para a nossa Grande Tabanca.
Envio algumas imagens.
Numa pesquisa em "Guilherme Costa Ganança" encontra as sinópses das duas obras, que podem ser os textos do "passaporte" para a Grande Tabanca.

Com um grande abraço,
Guilherme Ganança


4. Sinopses dos livros referidos:

"Do Cacine ao Cumbijã"
Autor: Guilherme da Costa Ganança
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 342
Editor: Chiado Editora
ISBN:9789896971625
Coleção: Viagens na Ficção

As acções ocorreram, realmente, no espaço e no tempo da narrativa.
A acção decorre desde Outubro de 1967 a Março de 1968 e transporta um jovem de 22 anos para um ambiente repleto de incertezas, audácia e desespero, nas matas da Guiné.
São as memórias de um alferes, salpicadas de momentos de pura ficção. É o desenrolar de sentimentos e emoções. Juventude e generosidade, medo e coragem, dor e amor, tragédia e sobrevivência misturam-se numa exótica amálgama com o bálsamo das amizades e uma inveterada cultura da auto-estima.
Paisagens, ambientes e interacção com as tradições e gentes locais povoam a narrativa. A marca do tempo, que custa tanto a passar, é mitigada com nostálgicas recordações e ilusórios propósitos de vida. Na miragem, os «devaneios» adoçam-se com o carinho de uma geração generosa de «madrinhas de guerra».
Gabriel despede-se da sua cidade, da sua família e dos amigos e é levado a mergulhar nas teias da guerra.
Valoriza o rigor e o saber, como os melhores aliados da «sorte». Os «tempos livres» revelam-se marcantes para a concretização dos seus próprios desígnios.


"O CORREDOR DE LAMEL - 68 GUINÉ 69"
Autor: Guilherme da Costa Ganança
Colecção: Ecos da História
Páginas: 414
Data de publicação: Junho de 2012
Género: Romance Histórico
ISBN: 978-989-697-525-8

Entre Abril de 1968 até finais do ano de 1969, um jovem e tenaz alferes, imerso nas teias da guerra da Guiné, dá meia volta ao seu destino e radica os seus horizontes no ambiente de Lisboa. A sua alma suplicava "Tirem-me daqui!". Se outrora pensara que "podia morrer", naquele momento só pensava "quero viver".
Mesmo na guerra, Gabriel perseguia um norte, que lhe movia a esperança e espicaçava a fé... Sonhava "entrar na Universidade". Pela frente, muitos meses de vitórias e desânimos, de crenças e incertezas, de relações humanas complexas, em teatros de guerra.
Contava com a sua "Santa mãe", a sua Padroeira e as "madrinhas-de-guerra" por quem nutria afeição especial.
Trazer os seus rapazes, vivos, para o seio das famílias era o propósito do alferes Gabriel Silva. O destino, por vezes, seria cruel. Perante a ameaça permanente dos ataques inimigos, tudo fazia para domar o fantasma de um acidente fatal. Reforçava a auto-estima e nem o fogo hostil o faria esmorecer.

10 de Maio de 1966 > Guilherme Ganança > Cadete da EPI > Mafra


Sobre Guilherme da Costa Ganança
Nasceu no Funchal em 1945.
O nome de Família, Ganança, que se diz de origem nórdica, remonta há mais de três séculos, época em que o seu antepassado se radicou na Ponta do Sol.
Concluiu o Ensino Secundário no Liceu de Jaime Moniz, do Funchal.
De 1967 a 1969, prestou Serviço Militar na Guiné e passou à disponibilidade com o posto de Tenente.
Licenciou-se em Engenharia Electrotécnica, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa e, mais tarde, acrescentou ao currículo académico o Bacharelato em Engenharia Civil, pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco.
Casou e radicou-se na cidade albicastrense, onde exerceu intensa actividade.
Foi professor no Ensino Secundário e no Politécnico, Vereador e Director do Departamento de Desenvolvimento, Educação e Cultura, da Câmara Municipal. Foi, também, Director de Produção de uma empresa de cablagens, a «Cablesa», hoje, «Delphi». Exerceu cargos políticos, a nível concelhio e distrital, mas sentiu que não era esse o seu universo e renunciou.


Cabedú, 31 de Janeiro de 1969

Lamel > Farim > 22 de Março de 1969

Brá > Bissau > 15 de Agosto de 1969


5. Comentário de CV:

Caro camarada Guilherme Ganança, bem-vindo à Tabanca Grande.
Estou a receber-te em nome dos editores e da tertúlia depois de o camarada José Martins nos ter feito chegar a tua mensagem de apresentação.

Começas por dizer que não és "muito dado" a blogues, mas este não sendo este melhor nem pior do que os demais, é diferente na medida em que se tornou um repositório de memórias dos ex-combatentes da Guiné, onde alguns textos deram já origem a livros sobre o tema Guerra Colonial, como é o caso do nosso camarada Mário Beja Santos que já lançou três obras com textos publicados no Blogue. Temos esperança de que outros camaradas lhe sigam o exemplo.

A tua colaboração nesta página, que a partir de hoje também te pertence, pode ser em texto ou em fotos mas, oiro sobre azul seria enviares as tuas histórias, ou memórias como lhes queiras chamar, ilustradas com fotos a propósito. Fica ao teu critério o modo e a frequência da tua colaboração que esperamos seja regular.

A tua correspondência deverá ser enviada para luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com (caixa de correio do editor principal Luís Graça) e para um dos co-editores cujos endereços encontrarás no lado esquerdo da página.

Não queria terminar sem te pedir para não estranhares o tratamento por tu, que é o modo como nos relacionamos, já que ser camarada da Guiné nesta tertúlia elimina todas as barreiras sociais e culturais, assim como a particularidade de se ter sido na vida militar Praça, Sargento ou Oficial.

Quero que recebas um abraço de boas-vindas em nome de toda a tertúlia onde se inclui naturalmente os editores.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(1) Vd. poste de 29 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3813: Em busca de... (62): Referências à CCAÇ 1788/BCAÇ 1932, Guiné, 1967/69 e à morte do Cap Artur Nunes (José Martins)

(2) Vd. poste de 3 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8850: Notas de leitura (282): Do Cacine ao Cumbijã, 67 Guiné 69, de Guilherme da Costa Ganança (Mário Beja Santos)

Vd. último poste da série de 16 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10156: Tabanca Grande (350): Bernardino Cardoso, ex-fur mil, Pel Rec 2024 (Bula, jan 1968/dez 1969), grã-tabanqueiro nº 567

Guiné 63/74 - P10179: Historiografia da presença portuguesa em África (43): Missão zoológica na Guiné, 1944/46, chefiada pelo naturalista Fernando Frade (1898-1983) (Parte II)










Fonte: Cortesia do sítio Triplov > Missão Zoológica na Guiné: Fernando Frade, Amélia Bacelar e Bernardo Gonçalves

(Continuação do poste sobre a Missão Zoológica na Guiné - II e última parte) (*)



3. Publicações de Fernando Frade relacionadas com o ultramar português, em geral, e a Guiné, em particular (seleção de L.G.)

Em 1968, o prof Fernando Frade (1898-1983) fez 70 anos e foi jubilado. Em 1973, foi-lhe feita uma homenagem pública e é publicada a lista (impressionante) dos seus trabalhos. Repare-se que este homem e este português publicou ininterruptamente desde 1922 a 1980, três anos antes de morrer... À boa maneira do seu tempo, era um naturalista que se interessava por tudo, tendo estudado desde os peixes (o atum algarvio, por exemplo) aos grandes mamíferos, como os elefantes de Angola e de Moçambique... O seu último artigo, de 1980, foi justamente sobre os mamíferos da Guiné. É, por um lado, um naturalista já com preocupações ecológicas, "avant la lettre". Não se limita a estudar a fauna, tem preocupações conservacionistas e ambientais. Julgo que o seu nome deve ser conhecido pelos camaradas e amigos da Guiné. Além disso, a sua missão zoológica andou por muitos sítios nossos conhecidos. Apesar da sua fraca qualidade, reproduzimos aqui mais algumas fotos do relatório da missão (1946), tendo como fonte o portal Triplov, a quem agradecemos a gentileza.

 (i) Lista de  trabalhos  sobre a fauna da  Guiné:


FRADE, F. (1945) - Ofídeos da Guiné. In: F. Azevedo, F.Cambournac e Manuel Pinto: Observações sobre ofídeos, etc.. An. Inst. Medic. Tropical, II, Lisboa.
FRADE, F. (1945) - A doença do sono na Guiné em 1944 e observações sobre ofídios, culicídeos e Phlebotomus por J. Fraga de Azevedo, F.J.C. Cambournac e Manuel R. Pinto. Ann. Inst. Medicina Tropical, II: 7-47. Insecta. Medicina.
FRADE, Fernando (1946) - Aves. In: Nomes de Vertebrados da Guiné Portuguesa. Anais da Junta de Investigações Coloniais, I, Lisboa.
FRADE, Fernando (1946) - Esboço ecológico da fauna da Guiné Portuguesa. Anais da Junta de Investigações Coloniais, I, Lisboa. Com Amélia Bacelar e B. Gonçalves. 
FRADE, Fernando (1946) - A fauna da Colónia da Guiné Portuguesa e a Convenção Internacional de Protecção à Fauna. Anais da Junta de Investigações Coloniais, I, Lisboa. Protecção.
FRADE, Fernando (1946) - Mamíferos. In: Nomes de Vertebrados da Guiné Portuguesa. Anais da Junta de Investigações Coloniais, Lisboa.
FRADE, F. (1946) - Batráquios e Répteis in Nome de Vertebrados da Guiné Portuguesa. Anais da Junta de Investigações Coloniais, Lisboa, Vol. I. Lisboa, 1946
FRADE, F. Amélia Bacelar & Bernardo Gonçalves (1946) - Relatório da missão zoológica e contribuições para o conhecimento da fauna da Guiné Portuguesa. Separata dos Anais da Junta de Investigações Coloniais, Lisboa, Vol. I. Trabalhos da Missão Zoológica da Guiné (1-5): 259-416. Fernando Frade. Guiné-Bissau. Zoologia.
FRADE, F. Amélia Bacelar & Bernardo Gonçalves (1947) - Pescarias da Guiné Portuguesa. Anais da Junta de Investigações Coloniais, Lisboa, Vol. I. Lisboa, 1946 (1947). Pescas.
FRADE, F. (1947) - Peixes in Nome de Vertebrados da Guiné Portuguesa. Anais da Junta de Investigações Coloniais, Lisboa, Vol. I. Lisboa, 1946 (1947).
FRADE, Fernando (1948) - Escorpiões, Solífugos e Pedipalpos da Guiné Portuguesa. Separata dos Anais da Junta de Investigações Coloniais, Lisboa, Vol. III, Tomo IV. Trabalhos da Missão Zoológica da Guiné (10): 5-18. Fernando Frade. Guiné-Bissau. Zoologia. Scorpiones. Solifuga. F. Newton. Leonardo Fea. Ananteroides feae Borelli - Caconda junto do rio Cacine, localidade de Leonardo Fea. Não coligida por Frade. Coligida por Monard em Madina do Boé. Resumo em Conf. Int. Afr. Ocident. (CIAO), Bissau, 1947. III, 2ª parte, 1951.
FRADE, Fernando (1949) - Considerações acerca da distribuição da fauna na Guiné Portuguesa. Separata dos Anais da Junta de Investigações Coloniais, Lisboa, Vol. IV, Tomo IV. Trabalhos da Missão Zoológica da Guiné (13): 9-16. Fernando Frade. Guiné-Bissau. Zoologia. Fauna.
FRADE, Fernando (1949) - Algumas novidades para a fauna da Guiné Portuguesa. Separata dos Anais da Junta de Investigações Coloniais, Lisboa, Vol. IV, Tomo IV. Trabalhos da Missão Zoológica da Guiné (22): 165-208, estampas I-VI. Fernando Frade. Guiné-Bissau. Zoologia. Fauna. Aves. Mammalia.
FRADE, Fernando (1950) - A propósito da Fauna da Guiné. Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, 20: 563-581. Bissau.
FRADE, Fernando (1950) - Notas de zoogeografia e de história das explorações faunísticas da Guiné Portuguesa. Estudos, Ensaios e Documentos, VIII. Junta de Investigações Coloniais, Lisboa. Refere José de Anchieta como colector na Guiné-Bissau.
FRADE, Fernando (1950) - Estudos de pescarias do Ultramar Português. Os atuns. Colóquios Junta Inv. Coloniais, Lisboa. 1950. Pisces.
FRADE, Fernando (1950) - Notas de zoogeografia e de história das explorações faunísticas da Guiné Portuguesa. Junta de Investigações Coloniais, Lisboa. Estudos, Ensaios e Documentos, 8: 32 pp., fotos. Guiné-Bissau. F. Newton (1898). Leonardo Fea (1899-1900).
FRADE, Fernando (1951) - Escorpiões, Solífugos e Pedipalpos da Guiné Portuguesa. Separata dos Anais da Junta de Investigações Coloniais, Lisboa, Vol. III, Tomo IV. Trabalhos da Missão Zoológica da Guiné (10): 5-18, 1948. Resumo em Conf. Int. Afr. Ocident. (CIAO), Bissau, 1947. III, 2ª parte, 1951.
FRADE, F. (1954) - Investigação para o melhoramento da pesca indígena nas águas interiores da Guiné Portuguesa. Bol. Cult. da Guiné Port., 36, 1954. Em colab. com F. Correia da Costa e J. Gonçalves Sanches. Pescas.
FRADE, F. (1954) - Possibilidades de melhoramento da pesca indígena nas águas interiores da Guiné Portuguesa. Resumo do anterior. Anais da Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa.
FRADE, F. (1954) - Aves do Ultramar Português, I. Aguarelas de Silva Lino. Anais da Junta de Investigações do Ultramar, II (3), Lisboa.
FRADE, F. (1954) - Aves do Ultramar Português, II. Aguarelas de Silva Lino. Anais da Junta de Investigações do Ultramar, II (3), Lisboa.
FRADE, F. (1954) - A propósito de prospecções piscatórias nos mares de cabo Verde e da Guiné. Garcia de Orta, Junta Invest. Ultr., Lisboa.
FRADE, F. & BACELAR, Am. (1955) - Catálogo das aves da Guiné Portuguesa. I - Non Passeres. Lisboa. Trabalhos da Missão Zoológica da Guiné e do Centro de Zoologia, 44, Lisboa, 1957 .
FRADE, F., & BACELAR, Amélia (1955) - Catálogo das aves da Guiné Portuguesa. Junta das Missões Geográficas e de Investigação Coloniais, Lisboa. Anais, Vol. X, Tomo IV, fasc. II. Trabalhos da Missão Zoológica da Guiné e do Centro de Zoologia (44): 7-194, fotos. Guiné-Bissau. Ornitologia. Fernando Frade e Amélia Bacelar. Leonardo Fea: Farim, Bolama, Cacine em 1899-1900. Francisco Newton e José de Anchieta.
FRADE, F., F. Correia da Costa & J. Gonçalves Sanches (1955) - Possibilidades de melhoramento da pesca indígena nas águas interiores da Guiné Portuguesa. Junta das Missões Geográficas e de Investigação Coloniais, Lisboa. Anais, Vol. X, Tomo IV, fasc. I. Trabalhos da Missão Zoológica da Guiné e do Centro de Zoologia (41): 165-178, fotos. Guiné-Bissau. Pesca.
FRADE, F. (1955) - A propósito de prospecções piscatórias nos mares de Cabo Verde e da Guiné. Junta das Missões Geográficas e de Investigação Coloniais, Lisboa. Anais, Vol. X, Tomo IV, fasc. I. Trabalhos da Missão Zoológica da Guiné e do Centro de Zoologia (42): 179-183. Guiné-Bissau. Pesca.
FRADE, F., & BACELAR, Amélia (1959) - Catálogo das aves da Guiné Portuguesa. II - Passeres. Junta das Missões Geográficas e de Investigação Coloniais, Lisboa. Memórias da Junta de Investigações do Ultramar, 7. Guiné-Bissau. Ornitologia. Fernando Frade e Amélia Bacelar.
FRADE, Fernando (1980) - Mamíferos da Guiné (colecção do Centro de Zoologia).  Garcia de Orta, Sér. Zoologia., 9 (1-2): 1-12.

(ii) Há outros, inúmeros, trabalhos sobre a fauna dos territórios do ultramar português, incluindo a Guiné, que seria fastidioso listar aqui..

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Nota do editor:

Vd. poste anterior da série > 20 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10175: Historiografia da presença portuguesa em África (42): Missão zoológica na Guiné, 1944/46, chefiada pelo naturalista Fernando Frade (1898-1983) (Parte I)

Guiné 63/74 - P10178: (In)citações (41): Serpentes, feitiços e casamentos inter-étnicos... (Cherno Baldé)


1. Comentário, de 19 do corrente, do nosso amigo Cherno Baldé [, aqui na foto, quando jovem estudante em Kiev, Ucrânia, no final dos anos de 1980], ao poste P10166:


Caro Luis Graça e amigos,

Esta serpente verde ], a mamba verde,] é bem conhecida e motivo de muita desgraça entre as populações do sul da Guiné, mais precisamente entre os jovens que se ocupam do trabalho do corte de chabéu e da limpeza das plantaçoes de bananeiras.


E, muitas vezes, pelo facto das habitações estarem rodeadas de árvores de cola e pés de bananas, ela chega a invadir as casas e semear o terror.

O mais interessante, no fim, é que a explicação ou justificação da sua existencia e das desgraças que provoca é, como se pode perceber, sempre de natureza social e/ou existencial. Não é a serpente que mata mas sim o vizinho ao lado ou a madrasta má que se transformam e, furtivamente, atacam as vitimas.

As vezes, as explicações, de tao reais, chegam a ser convincentes, pois nao raras vezes, ou as serpentes perseguem as suas vitimas ou estão escondidas em cima da palmeira a sua espera. As mordeduras são sempre mortais.


Por diversas vezes, tive ocasião de visitar esta região, ouvir falar e assistir a alguns casos porque a familia materna da minha esposa [, foto à esquerda,] é da etnia Nalu e natural de Calaque, aldeia situada entre Cassaca e Campeane, no sector de Cacine.

A titulo de curiosidade, digo que somos, assim, um casal misto que representa o cruzamento de um Nordestino, região colaboracionista e aversa ao PAIGC,  e duma mulher originária do Sudeste (Cacine), filha de antigos combatentes do PAIGC e nascida em Boé (Fevereiro de 1973), que foram os maireos bastiões deste movimento durante a luta.

Um abraço amigo, Cherno Baldé

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Nota do editor:

Último poste da série > 5 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9999: (In)citações (40): Deixem-me aliviar a angústia das notícias vindas da minha terra (Braima Djaura, ex-sold cond auto, CCaç 19, Gudiaje, 1972/74)