terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9143: Um novo Monumento aos que tombaram pela Pátria, aos que construíram uma terra (1) (José Martins)

1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins* (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 26 de Novembro de 2011:

Boa tarde
Junto trabalho sobre a região norte de Lisboa (Loures e Odivelas) sugerindo razões para a construção de um Monumento aos Mortos na Guerra do Ultramar (1961/74) do então Concelho de Loures.

Cumprimentos
José Martins


UM NOVO MONUMENTO AOS QUE TOMBARAM PELA PÁTRIA!

Aos que construíram uma terra!

Depois da ocupação de Leiria moura e do seu castelo em 1135, da queda da fortaleza nos anos de 1137 e de novo em 1140, e reconquista definitiva da mesma praça em 1142 e da conquista de Santarém em 15 de Março 1147, Afonso Henriques, primeiro rei dos portugueses, rumou a sul com as suas hostes, sobre o vale do Tejo, a fim de conquistar para a cristandade mais uma zona, ainda na posse dos sarracenos.
Nessa mesma altura, o Papa Eugénio III (168.º Papa e com pontificado de 15/02/1145 a 08/07/1153), havia lançado as Cruzadas para libertação da Terra Santa. O rei português pediu a intervenção dos Cruzados flamengos e ingleses que se dirigiam à Terra Santa, e se encontravam em trânsito no Porto, para o auxiliarem na conquista de Santarém e Lisboa, uma vez que o Santo Padre concedia as mesmas indulgências a quem combatesse pela cristandade no Médio Oriente ou na Península Ibérica. Além das indulgências, o rei português oferecia outras benesses aos Cruzados, como a totalidade do saque da cidade, incluindo os prisioneiros de guerra e seus resgates.

Castelo de S. Jorge
(Autor desconhecido)

Desta forma, as forças portuguesas avançam por terra para o vale do Tejo, enquanto os Cruzados, transportados nos seus navios, navegaram para sul, entrando a barra do Tejo e cercando a cidade pelo rio, evitando não só a fuga mas, também, impossibilitando a chegada de reforços à cidade.
Foi posto cerco à cidade entre 1 de Julho a 25 de Outubro de 1147, tendo tomado parte nesta empresa milhares de homens de um lado e outro, havendo um número indeterminado de baixas - mortos e feridos - terminando com a capitulação da praça, de que se conta o célebre feito de Martim Moniz cuja acção foi decisiva na conquista da cidade.

Em qualquer guerra, em qualquer tempo, há sempre uma “ordem de operações” que, ao ser executada pelas forças destacadas, permite antecipar factos ou acções de forma a alcançar o objectivo - a conquista.
Lisboa, assim como outras praças-fortes, por serem detentoras de castelos devidamente guarnecidos pelas suas tropas, não era só o espaço que se confinava dentro das muralhas. Este, que era um espaço exíguo, albergava a burguesia e os militares mas, o povo, esse vivia e trabalhava fora das muralhas, só recolhendo à sua protecção em caso de crise ou guerra iminente. Estas áreas confinantes com os castelos, nalguns casos constituídos por dezenas de léguas [em Portugal, por Decreto de 2 de Maio de 1855, foi estabelecido que uma légua seria equivalente a 5000 metros], eram patrulhadas por forças empenhadas na defesa desse território e, em caso de invasão, como o que agora aqui tratamos, era também patrulhado por pequenos grupos avançados, com a missão de fazer o reconhecimento do terreno, avaliar as forças de defesa e determinar, de posse desses elementos, qual o melhor local e melhor altura de efectuar o ataque. Eram na época os exploradores-observadores ou, no nosso tempo, faziam o que agora fazem os “satélites de observação” ou seja, espionagem.

Face às tácticas militares usadas na altura, chega até ao nossos dias que, tentando evitar a todo o custo a perda de Lisboa a favor dos cristãos, Bezai Zaide, alcaide muçulmano de Sacavém, reúne uma força de cerca de 5000 combatentes, reunidos nas povoações árabes circundantes, para dar combate à força de 1500 cavaleiros e peões de Afonso de Portugal. O combate ter-se-ia travado junto da ponte romana em Sacavém, da qual existem desenhos datados do terceiro quartel do Século XVI, que existia sobre o Rio Trancão. Outro facto atribuído a esta batalha é que, depois da derrota, o alcaide Bezai Zaide se converteu à fé cristã, vindo a ser o primeiro sacristão da ermida dedicada a Nossa Senhora dos Mártires, em memória dos que tombaram no combate.

A Batalha de Sacavém, travada entre D. Afonso Henriques e os Mouros (1147).
© Foto: Wikipédia, com a devida vénia

Algumas teorias e falta de prova documental, atribuem a este episódio os contornos de lenda, enquanto outros aceitam a existência deste combate, embora com uma “grandiosidade menor”, mas também pelos factos de se poder ter tratado do recontro entre duas patrulhas em missão de observação e defesa.
O certo é que, a actual cidade de Sacavém, pertence ao concelho de Loures, pelo que, estando estes locais dentro dos Termos de Lisboa, também foram palco dos combates havidos em 1147, não só no assalto ao castelo, actualmente denominado de S. Jorge, mas em todo o território envolvente, de forma a estabelecer o comando e as ordens da nova entidade ocupante - o Reino de Portugal -, como aconteceu em Odivelas, de que João Ramires foi o primeiro prelado da Igreja de Odivelas, cargo que lhe foi entregue pelo próprio rei. Este prelado e combatente, provavelmente ligado a alguma das Antigas Ordens Militares, veio a falecer em 13 de Fevereiro de 1183, tendo sido enterrado na Igreja de Odivelas.

Os Termos de Lisboa, dos quais só no referiremos aos que pertencem, actualmente aos concelhos de Loures e Odivelas, apesar de nem sempre estarem ligados administrativamente entre si, têm ligações muito mais vastas, começando por serem ligados pelo Rio da Costa que, além de ligar, qual cordão umbilical as duas cidades, era uma via de navegação, desde o Porto da Paiã, na Pontinha, até ao Rio Trancão e, deste ao Rio Tejo até Lisboa.
No que respeita à grande parte da população que não fugiu, e como é hábito dos portugueses desde longa data, e mesmo até na actualidade, existe uma característica bem portuguesa que “quase que força” à aculturação com outros povos.
Se os “Termos” estavam ligados à grande cidade, que se tornou capital do reino em 1256, passou também a viver os sobressaltos que, ao longo dos anos atormentaram Lisboa.

Padrões que assinalam os Termos de Lisboa, da época de D. Maria I
Foto: © José Martins - 8 de Agosto de 2011

Após a morte de Fernando I, último rei da 1.ª Dinastia, por causa da sucessão ao trono de Portugal, Lisboa foi alvo de um cerco pelas forças de D. João I de Castela, que durou 4 meses e 27 dias. Este período que ficou conhecido na história como a Crise de 1383/1385, acabou por levar a um levantamento popular que culminou com a aclamação de Regedor e Defensor do Reino o Mestre da Ordem de Avis.
Após várias escaramuças levadas a efeito por forças comandadas por Nuno Álvares Pereira, Fronteiro Mor do Alentejo, e da Peste Negra que assolou as tropas invasoras, o rei de Castela levantou o cerco em 3 de Setembro de 1384, não deixando de massacrar as populações durante a retirada.

Temos vindo a utilizar a expressão Termo de Lisboa, mas este conceito só foi criado durante os dias seis, sete e oito de Setembro de 1385, com as cartas de doação à cidade de Lisboa, assinadas por D. João I, como reconhecimento pelo auxílio dado na luta contra Castela e da sua elevação a rei. Para que nos possamos aperceber da extensão dos Termos de Lisboa, referiremos algumas das localidades, e seus termos, que passaram a fazer parte deste território: Sintra, Torres Vedras, Vila Verde, Colares Ericeira e Mafra.

Podemos aqui referir dois factos curiosos:
a) Em 20 de Outubro de 1809, Sir Arthur Wellesley, duque de Welington e comandante das forças luso-britânicas, encarregou o Coronel de Engenharia Richard Fletcher, de proceder ao levantamento de pequenos fortins, ao entregar-lhe um memorando em que era especificada a estrutura das futuras Linhas de Torres. Essa linha tinha, sensivelmente, o recorte que se conhece para os Termos de Lisboa.

b) Em 1943, durante a II Guerra Mundial, prevenindo a invasão de Portugal por tropas do Eixo, apesar da neutralidade anunciada, veio a estabelecer-se, no plano de defesa, uma linha que tentaria obstar ao avanço do invasor até à chegada de reforças ingleses, com as guarnições dos regimentos disponíveis (recorde-se que tinha havido mobilizações massivas para os Açores, Cabo Verde, além do reforço das guarnições dos outros territórios), que abrangia, também, o “desenho” dos Termos de Lisboa e das Linhas de Torres.

Mapa das Linhas de Torres - © Foto: Wikipédia, com a devida vénia

Em meados do século XV, ainda nos Termos de Lisboa, nas terras até onde vai a freguesia de Vialonga, deu-se uma batalha entre portugueses, por, mais uma vez e que não seria a última, pelo poder de governar Portugal.
D. Duarte (n. 31 de Outubro de 1391 † 09 de Setembro de 1438) quando morreu, o seu sucessor tinha, apenas, 6 anos de idade. O rei deixa instruções para que a regência, até à maioridade do futuro D. Afonso V (cognominado O Africano, pelas suas campanhas em África, nomeadamente Alcácer Seguer, Anafe, Arzila, Tânger e Larache), a regência, dizíamos, fosse exercida por D. Filipa de Lencastre. Reunidas as Cortes, foi decidido que seria D. Pedro, irmão de D. Duarte e tio de Afonso, a assegurar a regência. Porém, uma facção da nobreza encabeçada pelo Duque de Aveiro, o Conde de Ourém e o Arcebispo de Lisboa que, face a intrigas palacianas, D. Pedro viu-se afastado da corte, refugiando-se no seu Ducado em Coimbra.

Com a subida ao trono de D. Afonso, D. Pedro resolve avançar sobre Lisboa, tendo parte do seu exército deixado Coimbra em 5 de Maio de 1449, vindo a reforçar as suas forças nas imediações da actual Vila da Batalha, chegando à Castanheira em 17, acampando junto ao ribeiro de Alfarrobeira, em Vialonga, a 18 desse mês. Sabedor de que o povo de Lisboa não estava a seu favor, resolve não continuar a marcha sobre Lisboa.
Entretanto, D. Afonso, no dia 16, parte de Santarém para travar o avanço das forças do seu tio e ex-regente. O recontro entre os dois exércitos dá-se em Vialonga no dia 20 de Maio de 1449, no que ficou conhecido como a Batalha de Alfarrobeira.

Mais tarde, em Agosto de 1580, e por causa de nova crise de sucessão com a morte de D. Sebastião em Alcácer-Quibir, novo sobressalto assolou a capital, com a chegada das tropas fiéis a D. Filipe I de Portugal, comandadas pelo Duque de Alba. Tendo entrado pelo Alentejo dirigira as suas tropas para Lisboa, provocando a fuga de muitos populares, que procuraram refúgio nas imediações da cidade. Quis a sorte das armas que pendesse para o lado dos espanhóis a vitória, depois de um breve combate, na zona da ribeira de Alcântara, que causou cerca de 4000 baixas, entre mortos, feridos e prisioneiros. Era o dia 25 de Agosto de 1580.

Devido ao facto de Portugal manter uma aliança com a Inglaterra desde 1294, confirmada em 9 de Maio de 1386 pelo Tratado de Windsor e, confirmado várias vezes ao longo dos tempos, originou que, sempre que houvesse algum conflito que envolvesse esse reino, Portugal estaria envolvido, directa ou indirectamente, como a história haveria de confirmar.
A Restauração da Independência proclamada em 1 de Dezembro de 1640, assim como todos os acontecimentos que lhe estão associados, também abrangeram as gentes dos termos, no sentido de que, os castelhanos instalados em Portugal e, nomeadamente nos seus arredores, influenciaram a actividade e o pensamento dos habitantes dos arrabaldes.

Tendo como pano de fundo a Campanha do Rossilhão, que durou entre 1793-1795, que foi movida pela Inglaterra, com o apoio de tropas portugueses e espanholas, uma guerra contra a Revolução Francesa, período que durou desde 5 de Maio de 1789 a 9 de Novembro de 1799. Foi nesta altura que Napoleão Bonaparte, quando ascende ao poder em França e pretende atingir os interesses comerciais da Inglaterra, lança o Bloqueio Continental, pelo qual seriam fechados todos os portos àquele país. Como de imediato Portugal não adere a esta iniciativa, Napoleão, com os acordos secretos de Tilsti realizado entre a França e a Rússia, datada de 7 de Julho de 1807, iria tentar colocar uma nova ordem mundial a favor destas potências.

De acordo com o Tratado de Fontenebleau, de 27 de Outubro de 1807, o nosso território seria dividido da seguinte forma:
• Lusitânia Setentrional - território entre o rio Minho e o rio Douro, um principado a ser governado pelo soberano do extinto reino da Etrúria (então Maria Luísa, filha de Carlos IV de Espanha);
• Algarves - região compreendida ao sul do Tejo, a ser governada por Manuel de Godoy, o Príncipe da Paz, primeiro-ministro de Carlos IV, com o título de rei; e
• Resto de Portugal - território circunscrito entre o rio Douro e o rio Tejo, região estratégica pelos seus portos, a ser administrada directamente pela França até à paz geral.

Se por um lado a França e a Espanha, através dos seus representantes diplomáticos forçam Portugal a aderir ao bloqueio, e, na iminência da invasão, o Príncipe Regente D. João informa Napoleão que adere ao mesmo, declarando, a 30 de Outubro, guerra à Inglaterra e procedendo à prisão de súbditos ingleses, residentes no país. Paralelamente, por convenção secreta assinada no mesmo dia (30 de Outubro), os signatários da aliança Luso-Britânica, acordam numa manobra para pôr a salvo, no Brasil, a Família Real e a Corte de Portugal.

Quando o país é invadido por tropas franco-espanholas sob o comando de Jean-Andoche Junot, Coronel-General dos Hussardos, que entra no país em 20 de Novembro, as forças ocupantes não encontram resistência militar, atingindo Abrantes no dia 24 e Santarém no dia 28. A vanguarda, das forças ocupantes, composta por dois regimentos, não puderam aprisionar a Coroa Portuguesa de acordo com o decreto de Napoleão datada de 30 de Outubro anterior, que bania a Casa de Bragança do trono de Portugal.
Já se encontrava ao largo, tendo zarpado no dia anterior, a esquadra portuguesa, protegida por navios ingleses que, levavam para o Brasil, alem da Família Real, cerca de 15.000 pessoas, tendo sido deixado ao governo a ordem de “não resistir”.

Com a ocupação de Portugal dão-se escaramuças por todo o país, até que chega o auxilio inglês, cujas forças estão sob o comando do General Arthur Wellesley - mais tarde Duque de Wellington - que desembarca no Porto, onde se inteira da situação e é decidido que o desembarque das forças se fará na foz do Mondego, marchando para sul em direcção a Leiria, onde se lhe juntarão as forças às ordens de Bernardino Freire. Num total de 14.000 britânicos e 6000 portugueses, iriam confrontar o invasor e provocar a Convenção de Sintra, que se realizou em 30 de Agosto de 1808, em cujos termos se previa e aceitava a retirada das forças invasoras, que transportariam consigo, não só o armamento e bagagens mas, também, todo o saque que tinham cometido aos bens portugueses, do estado e/ou particulares. Os protestos portugueses não foram tomados em conta e, ainda hoje, passados 200 anos, se pode verificar nalguns lugares, as atrocidades cometidas contra o património.

Quinta da Carrafoucha – A das Lebres – Santo Antão do Tojal – Loures
Foto: © José Martins - 29 de Julho de 2011

Mais uma vez, as gentes dos Termos de Lisboa, na área percorrida pelos invasores franceses durante a sua permanência na zona, já que o General Junot instalou a sua residência, pelo menos temporariamente, nas Quinta das Carrafouchas, nos campos de A-das-Lebres, em Santo Antão do Tojal - Loures, foram humilhadas e vilipendiadas, mesmo antes da retirada ao abrigo da Convenção anteriormente assinada.

No ano de 1809, há nova invasão francesa contra Portugal, esta sob o comando do Marechal Nicolas Jean de Dieu Soult, restringiu-se ao Norte do País, não lhes sendo possível avançar para sul do Rio Douro.

A terceira invasão francesa, comandada pelo Marechal André Masséna, não atingiu directamente a região norte de Lisboa, nomeadamente o que entende hoje pelos concelhos de Loures e Odivelas.

Nesta campanha foi utilizada outra estratégia, já que uma estratégia que deu êxito não se deve repetir. Nos arredores da capital, entre a actual localidade de Vialonga (junto ao Rio Tejo) e numa linha que se estendia até ao Oceano Atlântico junto à foz do Rio Safarujo, passando pela Serra de Serves, Cabeço de Montachique e Mafra, foi erguida uma “muralha defensiva” construída pela engenharia militar, que seria o principal reduto de defesa nessa invasão - as célebres Linhas de Torres (Vedras).

Tenente-Coronel Sir Richard Fletcher. Engenheiro que dirigiu a construção das Linhas de Torres.
© Foto: Wikipédia, com a devida vénia

Dando combate às tropas invasoras mas, mesmo que em caso de vitória as forças defensivas recuavam, os franceses foram avançando tendo de lutar num combate que hoje seria apelidado de “guerrilha”, esgotando as resistências dos invasores e não lhes permitindo, no “avanço” que iam adquirindo, encontrar alimentos para saciar as suas necessidades, uma vez que as povoações eram incitadas a transportar os seus bens para trás da linha defensiva, ou queimarem o que não fosse possível transportar.

A 14 de Outubro de 1810, o exército francês atingiu as Linhas de Torres, onde as tropas Luso-Britânicas os aguardavam desde o dia 10 e, dando-lhes batalha, os venceram e forçaram a retirar.
Foi mais uma vez a arraia-miúda que “pagou os custos da guerra”, não só no “fornecimento de soldados e/ou simplesmente resistentes”, mas também dando os seus bens para alimentar a tropa e os civis que, face à estratégia traçada pelos generais, teve que sustentar o povo que, “fugindo a barbárie do invasor”, abandonava os seus bens para salvar a vida.

Na sequência da independência do Brasil, proclamada em 7 de Setembro de 1822, mas só reconhecida em 29 de Agosto de 1825, assim como a morte do Rei D. João VI, em 10 de Março de 1826, levanta o problema da sucessão, à qual se apresentam dois dos filhos do monarca falecido: D. Pedro (rei de Portugal como D. Pedro IV de 10 de Março a 28 de Maio de 1826, tendo abdicado a favor de sua filha D. Maria II que governou o país de 2 de Maio de 1826, de jure e a partir de 26 de Maio de 1834, de facto, até 15 Novembro de 1853) e D. Miguel (rei entre 11 de Julho de 1828 e 26 de Maio de1934).

Foi a problemática em volta da sucessão de D. João VI que deu origem às denominadas Lutas Liberais, das quais a mais destacada é o Cerco do Porto (18 de Julho de 1832 a 20 de Agosto de 1833), mas vários combates e escaramuças houve por todo o país, uma vez que as opiniões se dividiam entre os portugueses. Um desses combates deu-se nos campos de Loures, no dia 10 de Outubro de 1833, em que os liberais, apoiantes de D. Pedro, venceram os absolutistas que apoiavam D. Miguel.

Com o país pacificado e consolidado “do Minho a Timor”, depois da perda da importância da coroa portuguesa na Ásia e da independência do Brasil, Portugal vira-se para África.

Entre 19 de Dezembro de 1884 e 26 de Fevereiro do 1885, na Alemanha, sob proposta de Portugal e organizado pelo Chanceler Otto Bismark participam além do país anfitrião e do país proponente, a Grã-Bretanha, França, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos da América, Suécia, Áustria-Hungria, Império Otomano, que acabam por fazer vingar a tese de que o direito a possessões em África terá de advir não do direito de descoberta, mas do direito de ocupação. Foi a conferência de Berlim.

Estamos no último quartel do século XIX e não é só Portugal, mas também outros países, iniciam a corrida a África. Portugal reivindica para si uma faixa que liga Angola a Moçambique, além de outras possessões que foi descobrindo e mantendo ao longo dos séculos. Muitos territórios, com novos senhores, foram “desenhados a régua e esquadro”, acabando por dividir nações, povos, etnias e até famílias.
Foi nesta altura que os Oficias de Marinha e exploradores africanos realizam a exploração do território que viria a ficar conhecido pelo Mapa Cor-de-Rosa, cor com que foi assinalado no mapa apresentado por Portugal na Conferência de Berlim.

A Inglaterra disputando com o nosso país essa faixa de território, que contraria a ideia inglesa de unir o Cabo ao Cairo, lança um ultimato exigindo a retirada de toda e qualquer presença portuguesa na área. Estávamos a 11 de Janeiro de 1890.
A partir desta altura, Portugal, na defesa dos seus interesses ultramarinos, lança campanhas sucessivas nos seus territórios africanos, que continuam muito para além do Armistício da I Grande Guerra, em 11 de Novembro de 1918.

Entretanto, em Portugal, assiste-se ao assassinato do Rei D. Carlos e do Príncipe Herdeiro D. Luís Filipe, em 1 de Fevereiro de 1908, à implantação do Regime Republicano em 5 de Outubro de 1910.

Junta Revolucionária de Loures - Em pé (da esquerda para a direita): Jacinto Duarte, José Joaquim Veiga, Manuel Marques Raso, Joaquim Augusto Dias. Sentados (da esquerda para a direita): António Rodrigues Ascenso, Augusto Herculano Moreira Feio, José Paulo d’Oliveira. Na foto não se encontra o oitavo elemento da Junta Revolucionária: José Ferreira Cleto.
© Foto cedida pelo Arquivo da Quinta do Conventinho

Porém, nesta altura, Loures já se encontrava sob o regime republicano, visto que, quando no dia 4 de Outubro se ouviu o troar dos canhões no Tejo, Augusto Moreira Feio (farmacêutico), Manuel Marques Raso (padeiro), Jacinto Duarte (operário da Câmara Municipal), José Joaquim Veiga (escrivão das Finanças), Joaquim Augusto Dias (comerciante), António Rodrigues Ascenso (ourives e relojoeiro), José Paulo Oliveira (comerciante e regedor) e José Ferreira Cleto, constituídos como Junta Revolucionária, cerca das 15 horas, dos Paços do Concelho situados na Rua Azevedo Coutinho (hoje Rua da República, n.º 70), proclamam a Republica. Destes cidadãos viriam a desempenhar o cargo de Presidente da Câmara, Augusto Moreira Feio (entre 07/10 e 23/11/1910) e Manuel Marques Raso (entre 02/07/1919 e 21/01/1920).

Note-se que, durante o período que se inicia cerca da última década do século XIX, se desenvolvia uma Campanha de Ocupação em África, que duraria até aos anos trinta do Século XX, tendo sido enviadas para África várias expedições que envolveram mais de 35.000 homens oriundos da metrópole, tendo originado, num calculo estimado, mais de 5600 mortos e 2300 feridos e incapacitados.

Houve uma guerra mundial que, mais uma vez e para defesa dos territórios de além-mar, foi formado o Corpo Expedicionário Português, que mobilizou cerca de 57.000 homens, originando 2287 mortos e 12.508 feridos ou incapacitados, que estiveram em campanha desde Janeiro de 1917 até à desmobilização geral que ocorreu já no ano de 1919.

Em 1941, já durante o decurso da II Guerra Mundial, e perante a hipótese de invasão de tropas, e apesar da neutralidade portuguesa, foram mobilizados para os Açores e para Cabo Verde, mais uns milhares de homens, além dos que ficaram em estado de prontidão no território nacional, para fazer face à defesa de Lisboa.

No final dos anos 50 do século passado, novos ventos sopram sobre África, iniciando-se, ou continuando, o aparecimento de movimentos independentistas que, pouco a pouco foram conseguindo a sua emancipação face aos países administrantes, sendo Portugal um dos últimos a reconhecer tal direito, o que levou ao envolvimento de cerca de um milhão de homens nas três frentes de combate, além da retaguarda constituída pelas famílias e amigos dos que partiam, originando cerca de 10.000 mortos e um número, até hoje ainda não quantificado, de feridos e incapacitados.

Todo este esforço, repartido por todo o território nacional, não passou ao lado das gentes que, durante esses períodos, habitavam os termos de Lisboa que, no nosso sentido restrito, são os actuais concelhos de Loures e Odivelas.
Muitos dos militares anónimos, que daqui partiram, deixando os campos e as fábricas ou os escritórios e as escolas, e que, tomando uma farda e uma arma, abalaram à sombra da Bandeira das Quinas oferecendo, se necessário, a sua própria vida.

É ao esforço da Raça Portuguesa e, muito especialmente, aos que tombaram para além do mar, mas também àqueles que, voltando ao solo natal, consigo trouxeram as amarguras e as penas duma estadia em teatro de guerra, que se pretende louvar, erigindo um MONUMENTO AOS COMBATENTES DO ULTRAMAR, inscrevendo nele o nome dos que tombaram, mas que inclua, ainda que não explicitamente, aqueles que, por razões várias, a História não registou o seu nome: O Combatente Desconhecido!

Estandarte Nacional da Ligas dos Combatentes
Foto: © José Martins – 14 de Novembro de 2009.

(Continua)
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 11 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9023: Patronos e Padroeiros (José Martins) (24): São Martinho de Tours, militar que se tornou santo

Guiné 63/74 - P9142: Se bem me lembro... O baú de memórias do José Ferraz (11): Pilhas para o datador, ou um partida ao nosso Primeiro, com a cumplicidade do Capitão Lanjinhas

1. Outra história do José Ferraz de Carvalho, filho de um oficial da marinha, emigrante nos EUA desde 1970 (O Zé vive atualmente em Austin, Texas), ex-Fur Mil Op Esp, CART 1746 (Xime, 1969; CCS/QG, Bissau, 1969/70)(*)


Companheiro e Camarada Luís: Outra história humorística do meu tempo na CCS/QG-Bissau.

O tal Primeiro que tinha recentemente chegado de Lisboa, e que era da GNR (*), de início trabalhou para a Secção de Justiça do QG mas fez tal granel com a arquivo que ninguém conseguia encontrar nada porque decidiu reorganizar o arquivo por ordem alfabética e não por ordem do processo. Foi portanto transferido para outra secção. (**)

Ora bem, em conversa com ele na messe de sargentos um dia perguntei-lhe:
- Então,  ó meu Primeiro,  que tal no novo trabalho? - Diz-me ele:
- Ah,  nosso furriel,  comecei ontem e agora tenho um trabalho muito importante.
- Ah sim, então diga-me o que é que faz ?
- Bom - diz-me ele - sento-me a minha secretária e tenho esta máquina e um carimbo com uma setazinha e então quando chegam mensagens eu agarro na máquina e imprimo na mensagem a data de recepção, depois pego no carimbo e aqui tenho que ter muito cuidado porque se a setazinha não está em frente do nome da pessoa para quem  essa mensagem é dirigida, é uma chatice porque vai para outra pessoa...
- Ah - comentei eu - sim,  senhor,  isso é um trabalho da maior importância, ó meu Primeiro...

Fez-me então uma confidência:
- Ó nosso Furriel, eu tenho um problema com a essa máquina da data.
- Ah, sim? - digo eu - Qual é o problema ?
- Ontem a data estava correcta,  hoje já tinha carimbado uma quantidade de mensagens quando me dei conta que tinha a data de ontem e não a de hoje... O que é que eu faço ?...

Eu não queria acreditar no que o pobre Primeiro me estava a dizer e pensei que estava a reinar comigo e então continuei:
- Bom,  meu Primeiro,  lá na GNR não tinham esse tipo de máquina?
- Não - responde-me ele -  lá no quartel era tudo feito à mão...
- Não me diga!... Deixe-me lá ver se o posso desenrascar... - Diz-me ele:
- Ficava-lhe muito agradecido...

E aqui vem a estocada:
- Pois é,  ó meu Primeiro,  o que o senhor tem na sua secretária é um destes modernos datadores e o que o senhor precisa é de pilhas.
- Muito obrigado... E a propósito, onde é que eu arranjo essas pilhas ?...
- Isso é facil,  o Primeiro faz uma requisição em cinco cópias e apresenta-se na CCS/QG a despacho e eu peço ao nosso Capitão que assine essa requisição e com ela aprovada o Primeiro vai ao depósito e levanta essas pilhas.
- Mas,  ó nosso Furriel,  eu preciso delas hoje... Como é que faço essa requisição ?
- É simples, em papel timbrado e dirigida ao comandante da CCS/QG. O senhor escreve algo do estilo Vossa senhoria,  meu capitão,  venho por este meio requisitar pilhas para o datador da minha secção... O senhor assina e não se esqueça de escrever Aprovado e uma linha abaixo para o nosso capitão assinar...Bom, hoje depois do almoço passe por lá que eu arranjo-lhe isso... Até logo...

Eu a rir como um estúpido e a pensar:
- Vou reinar com o Langinhas [Cap Laranjeira Henriques, último comandante da CART 2339, Mansambo, 1968/69, colocado depois na CCS/QG, Bissau; fora colega de Liceu do Zé Ferraz]...

A minha secretária estava dentro do gabinete do Langinhas, por isso eu queria e podia ver a reacção dele quando esta partida se desenrolasse.

Aí chega o Primeiro,  eu morto de riso,  bate à porta do gabinete;
- Entre - diz o Langinhas...- Fazem as cortesias do costume e diz o Primeiro:
- Meu Capitão,  aqui o nosso Furriel foi uma grande ajuda.
- Ah sim ? - responde  o Langinhas -. E então o que é que  quer ?
- Preciso que me assine esta requisição. - E  põe-lhe o documento em frente...

Ah,  pá,  quando o Langinhas deixa cair a caneta... e dispara:
- Ó Primeiro,  espere lá fora...
O Primeiro olha para mim com um ar amedrontado e  lá vai porta fora.

Pergunta-me o Capitão:
- Ó Zé,  o que é isto?
Quando lhe expliquei os antecendentes,  rimo-nos a fartazana... Por fim, diz-me o Capitão:
- Manda lá entrar essa ave rara... - E dirigindo-se ao homem: 
- Ó nosso Primeiro,  aqui o nosso Furriel quis ajudá-lo mas não precisa desta requisição,  essa máquina datadora não deve precisar de pilhas mas o nosso Furriel aqui vai consigo e ensina-lhe como mudar a data...Não é verdade,  nosso Furriel?

Ah grande Langinhas,  o ultimo a rir é o que se ri melhor...

Um forte abraço, Zé


__________________

Notas do editor:

(*) Vd. último poste da série > 2 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9130: Se bem me lembro... O baú de memórias do José Ferraz (12): Os azares de um Primeiro, periquito, que apanhou a Flor do Congo, na sua primeira viagem a África...


(**) Veja-se esta história apenas como um momento de humor de caserna, um espécie de caricatura desenhada com o lápis grosso do caricaturista....Não se façam, portanto, generalizações abusivas, nem se vejam aqui intenções de atacar nenhuma classe profissional do exército português de então. Conheci gente de muito mérito entre oficiais, sargentos e praças. Mas também conheci gente que eram verdadeiros erros de "casting". Na Guiné, havia de tudo, até básicos que, à noite, viam elefantes junto ao arame farpado do quartel...


Devo acrescentar que tive, na Guiné, bons amigos entre os sargentos do quadro. E até ajudei, com explicações, pelo menos dois Primeiros (da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, e da CCS/BART 2917) a prepararem-se para o exame de acesso à então Escola Central de Sargentos, em Águeda.  Hoje, ao que sei, são majores reformados, embora nunca mais os tenha visto.

Guiné 63/74 - P9141: (De)Caras (10): Os camaradas do PAIGC não são nossos camaradas... mas podemos ou não falar aqui deles ? (Parte I) (Amilcar Mendes / Virgínio Briote)


Serra da Carregueira > Centro de Tropas Comandos > 29 Junho de 2011 > Eu e alguns camaradas Comandos Africanos que, passados 40 anos, continuam a amar a bandeira sob a qual combateram e e que mostram um orgulho desmedido em serem Portugueses, e com milhares de histórias de vida para figurar no nosso blogue. Dos nomes, não me lembro de dois, quando souber de todos mando a sua identificação. Amilcar Mendes. Saudações, amigo Luís,  e muito contente fiquei com o teu contacto. Abraço do Amilcar".

Foto: © Amílcar Mendes (2011). Todos os direitos reservados.

1.  Mensagem do nosso camarada Amílcar Mendes (ex-1.º Cabo Comando da 38.ª Companhia de Comandos, Brá, 1972/74; e hoje taxista na praça de Lsiboa):

Data: 31 de Outubro de 2011 18:17
Assunto: Comandante BOBO KEITA

Amigo Luis Graça , estimados co-editores do blog e todos os camaradas ex-combatentes da Guiné:

Com pedido de publicação gostaria de tecer algumas considerações sobre um assunto que já me começa a incomodar e, sinceramente, sem querer puxar ninguém para esta conversa permito-me [dizer] o seguinte:

Durante quase 10 anos todos os dia ouvia o Código Comando  e uma das partes que retenho era o seguinte: Mas respeita os estóicos e abnegados que servem sem preocupação de paga ou satisfação de interesses de qualquer natureza.

 Neste contexto respeito todos os que lutam ou lutaram na defesa de algo em que acreditaram ou julgaram ser o mais certo e aqui englobo todos os que passaram pelos campos de batalha e,  claro,  os antigos combatentes do PAIGC. 

Presto-lhes a minha homenagem enquanto combatentes e respeito-os como seres humanos mas daí a ter que enaltecer o seu papel na Guerra Colonial da ex-Guiné Portuguesa ?!... Escalpelizar o seu desempenho, modo de atuação e armamento que usavam para nos combater, etc.,  acho eu,  evidentemente, que é protagonismo a mais nas páginas deste blogue! 

Acho mesmo, amigo Luís ! Enquanto me lembrar das atrocidades cometidas - e sei do que falo, amigo Luís -,sobre camaradas meus e de todos nós, em particular os que combateram ao meu lado, os Comandos Africanos mas Portugueses, torturados, mutilados, assassinados a sangue frio em [carreiras]  de tiro porque, segundo o PAIGC,  os Comandos Africanos  eram, e cito, "cachorros de duas pernas"! 

Amigo Luís, o comandante Bobo Keita até será uma excelente pessoa mas para ser enaltecido nos blogues do PAIGC! Este é o blogue dos combatentes portugueses da ex-Guiné Portuguesa e é nessa qualidade que aqui estou. E é sobre nós e sermos nós a preenchê-lo é que me agradaria.  

De outro modo peço humildemende,  a partir de agora,  a minha exclusão deste blogue. As notícias somos nós e o que lá fizemos,  bem ou mal,  mas é o nosso bocadinho. Se se quer escrever sobre os Africanos que lutaram à sombra da bandeira portuguesa na Guiné, vamos até ao largo do Rossio em Lisboa e aí,  sim,  temos material para preencher páginas e páginas de blogue .(À consideração do Dr. Beja Santos). 

Para mim,  Bobo Keita aqui no blogue chega!  

Abraços para todos os bloguista e em especial ao meus camaradas comandos, naturais da Guiné, que tão mal estão a passar.  

Amílcar Mendes,  1º cabo comando da 38ª Companhia de Comandos na ex-Guiné Portuguesa em 72-74 com oito baixas mortais e cerca de 40 feridos em combate com as forças do PAIGC.






Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > "Dois homens dos comandos que ainda hoje vivem, à sua maneira, a mística dos comandos: o Virgínio Briote, nosso co-editor, dos velhos comandos de Brá (1965/67) e o Amílcar Mendes, da 38ª CCmds (1972/74)... Tive o grato prazer de lhe dar, a este útimo, o Alfa Bravo (abraço) que nos faltava... Conhecíamo-nos apenas do blogue, dos mails, do telefone" (LG)...


Foto: © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados


2. Comentário,  com data de 2 de Novembro, do nosso co-editor Virgínio Briote (que, por razões de saúde, já não pode estar tão ativo como ele e nós gostaríamos, nas nossas lides bloguísticas, mas que continua a ser uma voz respeitada na nossa Tabanca Grande):

O blogue está aberto à participação de todos o ex-combatentes. Mais que uma vez, alguns camaradas, nestas páginas, lamentaram a não participação dos ex-IN. E que eu saiba, o blogue não se destina a fazer a história dos acontecimentos vistos apenas por um dos lados, pelo menos tal não aparece como premissa. Assim, vejo com muito interesse que o blogue esteja aberto a todos os ex-combatentes, qualquer que tenha sido o lado de onde dispararam. Só assim pode vir a ter algum interesse histórico e, contribuir, inclusivamente, para um bom entendimentos dos [nossos dois] povos irmãos.



A guerra acabou em Abril de 1974, passaram já 37 anos. Houve acontecimentos muito dolorosos, excessivos, mas inevitáveis numa guerra que atingiu, em muitas alturas, violência extrema. Esses casos ocorreram, a grande maioria dos camaradas ouviu falar deles e alguns de nós até testemunhámos alguns. Protagonistas? De ambos os lados, naturalmente.



Sempre julguei que para a grande maioria dos combatentes, de um lado e do outro, a causa por que lutam é justa e todos têm o direito de a contarem com os olhos como a viram.



Tudo isto, caro Luís, para te dizer que não só dou as boas-vindas ao livro que acaba de ser publicado (que ainda não o tenho) como não vejo qualquer inconveniente que alguns dos textos sejam publicados no blogue do Luís Graça e Camaradas da Guiné.



Não vou dar seguimento escrito a qualquer opinião contrária à minha. Aceito-a simplesmente. Por isso fica ao teu critério: publicitar esta opinião ou guarda-la para ti.  Espero que já andes, sem dores, pelo teu pé. E que brevemente participes numa meia-maratona...



Um abraço do Briote
___________________

Nota do editor:


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9140: Recortes de imprensa (52): Revista Expresso , nº 1299 - Memórias de Alexandre Carvalho Neto, secretário de Spínola e de Marcello Caetano (Arménio Estorninho)

1. Mensagem de Arménio Estorninho (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), com data de 2 de Dezembro de 2011:

Camarigo Carlos Vinhal, Saudações.

Antes de mais, desejaria deixar bem expresso que este trabalho é um repositório do que já foi divulgado, sobre as memórias do ex-Tenente Reserva Naval Alexandre Carvalho Neto e que ao tempo foi Secretário do General Spínola, na Guiné e do Dr. Marcello Caetano, em S. Bento. Foi um posto de observação privilegiado dos últimos anos do anterior regime, sendo uma testemunha única no relacionamento entre estes dois governantes. Tais memórias estão insertas na Revista Expresso n.º 1299, de 20 de Setembro de 1997.

Como é princípio assente, aquando das facilidades concedidas para a partilha da informação, agora agradeço com a devida vénia, por incumbência a Srª. D. Sónia Afonso, do Serviço de Cliente Gesco S.A. “Jornal Expresso” e por inerência o Sr. jornalista Ricardo Costa, Director da Publicação Expresso, bem como o Sr. José Pedro Castanheira, jornalista autor do texto e ao Sr. Alexandre Carvalho Neto, pela utilização das suas fotos.

Após vários meses, foram concluídos os contactos achados por convenientes (agradeço também o apoio do camada ex-Ten. RN Manuel Lema Santos) e recebidas as autorizações para os fins solicitados, resolvi então organizar este trabalho e executar de forma a não alterar a essência do conteúdo do texto.

Enuncio embora sucintamente, que tendo nascido em Lisboa em 1943, o Dr. Alexandre Carvalho Neto, foi o primeiro filho de 14. Educado no Colégio de S. João de Brito, em Lisboa, fez o Curso de Direito, tendo terminado em 1966.
No ano seguinte concorreu à Marinha, obtendo a especialidade de Administração Naval, tudo indicando que o Aspirante se livraria da Guerra Colonial e ficaria na Metrópole. Um belo dia porém, foi chamado ao gabinete do Chefe de Estado-Maior da Armada, Almirante Reboredo e Silva, onde lhe comunicaram que fora escolhido para ir para a Guiné.


Memórias de Alexandre Carvalho Neto

Ao serviço do General Spínola, na Guiné e de Marcelo Caetano em São Bento

O jurista - aspirante aterrou no aeroporto de Bissalanca em Setembro de 1968. Em Bissau, o homem forte chamava-se António de Spínola, chegado à província em Maio.
 
O anterior Comandante General Arnaldo Schulz, enquanto ali permaneceu não melhorou a situação sócio-militar. A situação era absolutamente catastrófica à beira do colapso, conta Carvalho Neto. Bissau ficou a estar praticamente cercada. Durante meses ouviam-se distintamente os rebentamentos em Tite, que fica na outra margem do Rio Geba.



Guiné > Bissau > Aeroporto de Bissalanca > Março de 1970 > O Ministro do Ultramar, Silva Cunha, visita a Guiné. Acompanham-no Pedro Cardoso, António de Spínola, Almeida Bruno e Carvalho Neto.

A iminência de uma derrota militar fora constatada pelo próprio Presidente da República, Américo Tomás, na visita que fizera à Guiné em Fevereiro de 1968.
Quando o Almirante Tomás regressou a Lisboa, teve uma conversa com Salazar e disse-lhe que a guerra estava por um fio. Salazar chamou então o General Schulz à Metrópole e destituiu-o de Governador e Comandante-Chefe. Schulz ainda voltou a Bissau, para se despedir e “empacotar” várias lembranças da Guiné, trouxe-as para Lisboa. Carvalho Neto disse que o episódio foi relatado por um funcionário civil do Palácio do Governador, em Bissau, que fazia a comparação com a seriedade do Spínola.

A primeira prioridade de Spínola foi de carácter militar. Com sucesso reconhecido até pelos inimigos do PAIGC. Ao fim de seis meses, evocou Carvalho Neto: "Deixámos de ouvir explosões em Bissau. E em menos de um ano a província estava pacificada”.

O jovem Subtenente que nunca ouvira falar de Spínola, foi integrado no Gabinete Militar. "Éramos quatro da Marinha, outros tantos da Força Aérea e os restantes oitenta do Exército, a maior parte de Cavalaria, a Arma de que Spínola era oriundo".

A primeira tarefa de que fora incumbido era não só burocrática, como nada estimulante: A contabilização das baixas em combate. Da sua mórbida estatística constaram os três Majores mortos à queima-roupa pelo PAIGC, em Abril de 1970, um crime que pôs termo a uma prolongada negociação entre as forças inimigas. Antes desta matança, e durante três ou quatro meses, não houve praticamente mortos em combate, o que é um dado sintomático da espécie de tréguas que rodeou aquelas conversações.

Em Abril de 1969, Marcelo Caetano visitou a Guiné, num périplo que também incluiu Angola e Moçambique. Foi uma visita histórica, ou não fosse a primeira de um Chefe de Governo em cinco séculos! Velhos conhecidos, Alexandre Carvalho Neto cumprimentou afectuosamente o novo Presidente do Conselho. "Havia entre nós uma relação de amizade pessoal", explica. O facto não passou despercebido na pequena aldeia que era Bissau. Talvez por isso, decorridas algumas semanas o Tenente da Marinha foi destacado do Gabinete Militar para o Gabinete do Governador.



Guiné > Bissau > Salão Nobre do Palácio do Governador > Março de 1970 > Numa cerimónia presidida por Silva Cunha, Spínola e Pedro Cardoso. Carvalho Neto é o primeiro da esquerda.

O Secretário do Governador passou a lidar diariamente com Spínola e com o Secretário Geral da Província e número dois da Administração, o então Tenente-Coronel Pedro Cardoso. Spínola tinha uma capacidade de trabalho completamente maluca. Acordava pelas quatro da manhã e trabalhava no quarto até às oito. A manhã reservava-a para as funções militares, incluindo as visitas às frentes. A seguir ao almoço fazia uma pequena sesta e só então ia ao seu gabinete de Governador, onde trabalhava das três até às seis. Ao fim da tarde tinha o `briefing´ diário com as chefias militares. Normalmente voltávamos a trabalhar depois do jantar, até à meia-noite. Ele tinha uma teoria, que estava sempre a apregoar: “Não há nada melhor para descansar do que mudar de actividade”.

Dos raros militares colocados em Bissau licenciados em Direito, Carvalho Neto fazia de tudo um pouco; secretariar o Governador, receber visitas, tratar da correspondência, etc.

Nas várias “entouranges”que o rodearam, os hieróglifos de Spínola ganharam fama. Em jeito de caricatura, o ex-Secretário gostava de dizer que Spínola tinha quatro tipos de letras: uma que toda a gente entendia; outra que só os familiares e os colaboradores bem treinados liam; outra só ele percebia; e, por último uma letra que nem ele próprio decifrava. Quantas vezes aconteceu ele ser incapaz de perceber o que tinha escrito, na sua letra típica e muito bonita, quase sempre a tinta preta, mas ininteligível!



Guiné > Bissau > Março de 1970 > Varanda principal do Palácio do Governador. Ao centro, Silva Cunha com o chapéu a corresponder aos vivas dos manifestantes; pela direita: o ex-1.º Cabo Fotocine e o ex-Ten RN Alexandre Neto.


O monóculo que caiu na sopa

Alérgico ao ar condicionado, nem por isso o General largava o aprumo enquanto trabalhava no gabinete. Entre paredes, trocava o famoso monóculo por óculos de ver ao perto. O monóculo era apenas um enfeito, não lhe servia para nada, porque não era graduado. Fora na Alemanha da II Guerra Mundial, a exemplo dos Oficiais de formação prussiana, que Spínola começara a usar o monóculo e foi um hábito que nunca perderia. Ele tinha uma boa colecção em casa, mas não eram de vidro, eram de material plástico. Uma vez, numa inspecção ao rancho de um aquartelamento, deixou cair o monóculo na sopa, que estava muito quente, e aquilo ficou empenado e até derreteu um bocado.


Guiné > Bissau > Palácio do Governador > Março de 1970 > O Ministro Silva Cunha, desceu ao pátio da entrada principal concedendo uma sessão de cumprimentos às Autoridades Tradicionais.


Pelas mãos do Tenente-marinheiro passou a correspondência trocada com o Ministro do Ultramar Silva Cunha, o titular da Defesa Venâncio Deslandes, e o próprio Marcelo Caetano. "Cheguei a tratar de alguns ofícios muito secretos sobre a preparação da Operação Mar Verde - a invasão a Conacri, em Novembro de 1970". Enquanto Spínola esteve na Guiné, as coisas correram quase sempre bem. "Ele era considerado um bom General e tinha apoio do Governo Central". Seria exagerado falar propriamente de uma relação cordial, muito menos de amizade entre ambos, mas é indiscutível que havia uma boa relação institucional. Bem melhor por exemplo do que com o Ministro do Ultramar, Silva Cunha, com quem o General não se entendia muito bem. A facilitar a articulação entre o Governador e o Chefe do Governo, estavam opiniões muito semelhantes sobre o Ultramar e por isso “falavam pessoalmente”.


Guiné > Bissau > Parque Teixeira Pinto > Março de 1970 > Encerramento da Festa do Ramadão. Os crentes seguem os movimentos do Imã. No palanque estão presentes o General Spínola, o TCor Pedro Cardoso e outras Autoridades Militares e Civis.


Finda a comissão guineense, Carvalho Neto regressou à Metrópole no início do Verão de 1970. Em Lisboa, o ex-miliciano tratou de dar novo rumo à vida. Marcelo soubera pela mãe do jovem Alexandre que este estava à procura de emprego. O Chefe do Governo necessitava de um jurista para o seu gabinete. "Aceitei o convite. Conhecia-o, era uma pessoa estimável, eu estava desempregado, porque não?"

Da janela de São Bento, Carvalho Neto assistiu de perto aos últimos dias do regime. A contagem decrescente disparou com a publicação do livro Portugal e o Futuro. O Spínola foi a São Bento, sem qualquer aviso, oferecer um exemplar ao Marcelo. Mas não era assim que este funcionava, pelo que não o recebeu de imediato. O General estava com pressa, deixou dois exemplares e foi-se embora.
"A leitura do livro deixou Marcelo sem ilusões, como ele admite do seu volume de memórias, Depoimento. Ficou de cabeça perdida depois de o ter lido, confirma o ex-Secretário, só dizia isto é o princípio do fim”.

O ex-Secretário soube que o golpe de 25 de Abril estava na rua pela rádio. Surpreendido como quase todos os portugueses, foi para a residência oficial onde permaneceu todo o dia, na companhia de quase todos os membros do gabinete.

Marcelo como se sabe, procurou refúgio no Quartel da GNR, no Carmo. A sua rendição teve momentos verdadeiramente dramáticos e não completamente conhecidos.

O último secretário do Presidente do Conselho conta que durante as horas em que esteve sitiado pelas forças revoltosas do Capitão Salgueiro Maia, Marcelo Caetano ponderou três soluções possíveis: "Ou ia para Angola, em resposta à sugestão que lhe terá sido feita, a partir de Luanda, pelo então Governador-Geral Eng. Santos e Castro; ou entregava o poder nas mãos de Spinola; ou suicidava-se".

É certo que Carvalho Neto não viveu esses momentos cruciais. "Quem lhe contou foi o Comandante Coutinho Lanhoso, que esteve no Carmo e presenciou tudo. O Prof. Marcelo pediu a pistola ao seu Adido Militar e colocou-a em cima da mesa. Se o poder não fosse entregue ao General Spínola e o Quartel fosse invadido, ele suicidar-se-ia".

O poder acabaria por ser entregue a Spínola. Foi a “condição” de Marcelo, assim sintetizada por Carvalho Neto:
"Entregar o poder a Spínola, só a Spínola e a ninguém mais que Spínola".
Esta última vontade do governante apeado é bem reveladora da confiança que, apesar de tudo, Marcelo continuava a ter no general do monóculo;
"Não me venham, portanto, dizer que os dois homens não se entendiam. E a verdade é que Spínola correspondeu em pleno, ao enviar Marcelo para a Madeira e, depois, para o Brasil, com vários políticos aos saltos".

Resta-me, portanto concluir, que tratando-se de um texto extenso fiz contenção na transcrição e adaptação de parte das memórias de Alexandre Carvalho Neto. Quem, atentamente, debruçar-se sobre o mesmo compreenderá que dizem respeito às suas funções como secretário ao serviço do General Spínola, na Guiné - 1968/70 e que no dia 25 de Abril de 1974 era secretário pessoal de Marcelo Caetano, em São Bento. Pelas suas mãos passou grande parte da correspondência entre o General e o Presidente do Conselho.

Com um Abraço para todos
Arménio Estorninho
CCaç 2381 “Os Maiorais” de Empada
Guiné - 1968/70
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8656: Álbum das Glórias (52): Ordem de Serviço N.º 43 do BCaç 2892, de 18 Fevereiro 1970 (Arménio Estorninho)

Vd. último poste da série de 16 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8912: Recortes de imprensa (51): Strela, a ameaça ao domínio dos céus do ultramar português - II Parte - Revista da FAP, Mais Alto, n.º 393 , Set / Out 2011

Guiné 63/74 - P9139: O nosso blogue em números (27): 73,3% das visitas são oriundas de Portugal, seguindo-se o Brasil (13%), os EUA (2,7%) e a França (2,1%)...

Histórico de visitas do nosso blogue: Gráfico adaptado do Blogger, o nosso servidor. A metodologia estatística é ligeiramente diferente no no caso do Bravenet, que é o nosso contador (gratuito).




1. Amigos/as e camaradas:


Ultrapassámos os 3 milhões de visitas na 1ª quinzena de novembro de 2011. (A previsão era outubro, errámos por 15 dias ou um mês).  Recorde-se que os 2 milhões de visitas tinham sido atingidos em meados de setembro de 2010


O ponto de partida era promissor mas ainda modesto: cerca de 70 mil visitas em finais de Maio de 2006 (na passagem para a II Série), 400 mil em Outubro de 2007, 800 mil em Outubro de 2008, o primeiro milhão em Fevereiro de 2009... 


Em termos de visitas, desde julho de 2010 (altura em que passámos a ter estatísticas do nosso servidor, o Blogger), até ao mês de novembro de 2011, o total de visitas foi de 1 milhão e 263 mil: o melhor mês de todos foi o janeiro de 2011 (com 97,9 mil) e o pior o mês de agosto de 2011 (59,9 mil).


Pelo gráfico acima reproduzido, percebe-se que os meses de verão são sempre de algum abrandamento, devido às férias escolares e laborais. A partir de setembro de 2011, começámos a recuperar: 62,6 mil (setembro), 66,7 mil (outubro) e 71,1 mil (novembro).

Já na segunda quinzena de novembro mudámos o visual do nosso blogue. No dia 28, 2ª feira, atingimos uma cifra até então nunca antes alcançada, em quase oito anos de vida do blogue: 4110 visitas num só dia… 


A nova interface do Blogger (o nosso servidor) tem outras funcionalidades tais como a possibilidade de partilha dos nossos postes com a(s) nossa(s) página(s) no Facebook, nomeadamente a Tabanca Grande_Luís Graça_Guiné.

Grosso modo, o nº médio de visitas/dia neste período de tempo (de julho de 2010 a novembro de 2011) cifra-se em cerca de 2500 (ou sejam, c. 75 mil/mês).


Convém esclarecer os nossos leitores: segundo o nosso contador, Bravenet, visitas quer dizer page view, vizualizações,  páginas visualizadas (ou seja, cada vez que um visitante abre o nosso blogue, podendo ver ou mais páginas).


De maneira simplificada, podemos dizer que os visitantes podem ser de dois tipos: (i)  o "first-time visitor", o visitante que acede ao nosso blogue pela primeira vez nesse dia;  (iii) o "returning visitor": o visitante que acede ao nosso blogue duas ou mais vezes no espaço de 24h...


Por exemplo, nos últimos 6 dias completos (de 29 de novembro a 4 de dezembro) para os quais temos estatísticas disponíveis no Bravenet,  foram contabilizadas 19728 visitas ("page views"), o que dá uma média de 3288/dia. 


O número de visitantes ("unique visitors"), neste período de tempo de 6 dias, foi de 4934, o que dá uma média de 822/dia. Desses visitantes,  62,5% são "first-time visitors", e os restantes (37,5%) são "returning visitors"... (São os tais que acedem ao nosso blogue duas ou mais vezes por dia, em horas diferentes).


Recorde-se, por outro lado, que em Abril de 2011 celebrámos os 500 membros da Tabanca Grande. Hoje temos mais cerca de 3 dezenas. E éramos pouco mais do que 100, em meados de 2006, quando passámos da I para a II Série (a atual) do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. 


Em final de 2009, éramos 390, em Maio andávamos pelos 410 e em meados de Setembro de 2010 estávamos a caminhos dos 450.Também ultrapassámos, na primavera de 2011, os 8 mil postes e os 2,5 mihões de visitas.  Este poste, que o leitor está a ler, é já o 9139.


Nesse mês, a 23 de Abril de 2011 celebrámos discretamente o nosso 7º aniversário (enquanto blogue inteiramente dedicado às memórias dos ex-combatentes da guerra colonial na Guiné).


Quanto à origem geográfica das visitas (n=1273 000), o perfil já aqui há tempos traçado (com base nas estatísticas do Blogger) não se tem alterado substancialmente:


(i) 73,3% das visitas são oriundas de Portugal;
(ii) segue-se, em segundo lugar, o  do Brasil (13,0%);
(iii) vem depois os Estados Unidos (2,7%) e a França (2,1%), totalizando estes 4 países mais de 91%;
(iv) entre os dez mais contam-se ainda, por ordem decrescente,  a Alemanha, o Canadá, o Reino Unido, a Espanha, a Dinamarca e a  Holanda (estes seis países totalizam 2,7%, tanto quanto os EUA)...
(vi) Pouco mais de 7% das visitas vem do "resto do mundo" (incluindo a Guiné-Bissau e outros países lusófonos, não sendo possível no entanto saber o seu "ranking")...


Sugestão de comentário: queridos/as leitores/as, o pessoal da Tabanca Grande tem opinião... digam lá se gostam (muitíssimo, muito, bastante, assim-assim, pouco, muito pouco ou nada) do nosso novo "visual"...Agradeço ao nosso co-editor Carlos Vinhal a paciência e o carinho com que fez a(s) escolha(s) e as afinações... (LG)
__________________


Nota do editor:


Último poste da série > 26 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9102: O nosso blogue em números (25): A propósito da sondagem dos 3 milhões: E de repente deixássemos de fazer... anos ? (José Colaço / Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P9138: Agenda cultural (175): Apresentação do livro As Mais Belas Cidades de Angola, de Sandro Bettencourt, dia 6 de Dezembro, pelas 18h30 na Bertrand do Chiado

1. A solicitação da nossa tertuliana Teresa Almeida (Bibliotecária da Liga dos Combatentes), damos a conhecer o lançamento do livro "As Mais Belas Cidades de Angola" de autoria de Sandro Bettencourt, a realizar no dia 6 de Dezembro de 2011, pelas 18h30 na Bertrand do Chiado. 
A apresentação desta obra estará a cargo de Júlio Magalhães.

Sandro Bettencourt é natural de Angola e filho de um ex-combatente, também, em Angola.

____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9133: Agenda cultural (174): Museu da Marinha, 10 de Dezembro, sábado, às 11 h: Cinquenta anos da invasão de Goa: a acção da Armada: conferência do Cmdt Rodrigues Pereira

Guiné 63/74 - P9137: Notas de leitura (308): De Campo em Campo, de Norberto Tavares de Carvalho (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Novembro de 2011:

Queridos amigos,
O confrade António Marques Lopes confiou-me esta leitura.
O Cote ou Norberto Tavares de Carvalho teve o inegável mérito de recolher da boca de Bobo Keita informações de grande valor pessoal, captou o seu olhar sobre os acontecimentos na viragem dos anos 50 para os anos 60, sente-se a confiança do jovem guerrilheiro a propagar a mensagem de Cabral.
Não se entende a metodologia que desorienta mais o leitor ao invés de o motivar. As memórias batem certo quanto à chegada de armamento e às múltiplas dificuldades nos primeiros anos da luta. Há omissões ininteligíveis, corre-se rapidamente dos anos 60 para os anos 70, há uma infinita pressa em chegar ao assassinato de Amílcar Cabral. Nas entrevistas é obrigatório um corpo-a-corpo com o entrevistado, em momentos cruciais somos arrastados pelo que Bobo quer dizer com a agravante de o Cote nos encharcar com notas e esclarecimentos.
Podia muito bem ter sido de outra maneira, para bem de todos.

Um abraço do
Mário


Bobo Keita: Memórias valiosas de um guerrilheiro errante

Beja Santos

Ninguém nos conhece que as memórias dos guerrilheiros do PAIGC mal cabem nos dedos de uma mão. “De Campo em Campo, Conversas com o comandante Bobo Keita, por Norberto Tavares de Carvalho, edição de autor, 2011 (notaca-ocote@hotmail.com) é um registo de todo um percurso, dá para medir o pulso a uma trajectória, a um modo de ver e fazer a revolução e de a apreciar, desencantado, ao longe e já com poucas forças. Vale pela intensidade das memórias da juventude, para se perceber como se recrutava um jovem guerrilheiro, como evoluíram as etapas da guerra, o que ele pensa do assassinato de Amílcar Cabral e qual o âmago do diferendo entre guineenses e cabo-verdianos, por exemplo. O guerrilheiro participou activamente na alvorada da independência, faz declarações profundamente críticas quanto ao comportamento das tropas portuguesas – só neste domínio era importante que os actores da época clarificassem com os seus depoimentos o que realmente se passou, o guerrilheiro, mesmo pelo facto de já ter falecido, tem que ser submetido ao contraditório, os militares também têm honra.

É muito discutível a metodologia usada por Norberto Tavares de Carvalho, interrompe repetidamente as memórias do guerrilheiro com explicações que muito bem podiam aparecer em notícias de rodapé ou em anexo, cansa o leitor, quebra o ritmo, tantas fontes como as obras citadas revelam escassez de investigação, tudo leva a querer que Bobo Keita faz revelações dignas de melhor tratamento.

O guerrilheiro enche-se de orgulho a falar das suas raízes, lembra Amadu Djaló a conversar com Virgínio Briote: “Chamo-me Bobo Keita, sou o primeiro filho de Fofana Keita, alfaiate, e de Mbália Turé, mãe e doméstica. O meu pai nasceu na tabanca de Dabis, região de Boké. Os meus avós pertencem à tribo dos Landoma. O meu pai herdou dos seus progenitores a fé, o respeito e a confiança no divino. A minha mãe pertence à etnia Sosso da parte do pai e Papel de Safim da parte materna”. Depois o orgulho da infância, de participar nas obrigações familiares: “Lembro-me do meu quotidiano feito de vaivéns de tecidos e de panos que o pai transportava cuidadosamente do mercado e do ruído insistente da sua máquina de costura que só se calava quando a mãe anunciava a hora de comer. E tudo aquilo me fascinava e punha-me a sonhar que um dia viria a ser alfaiate como ele. Até que, vendo a paixão que eu manifestava observando os seus gestos, resolveu ensinar-me a profissão”. Vai ser um futebolista conceituado, aos poucos ganha percepção do que é o poder colonial, o que distingue um “civilizado” de um indígena, a natureza da hierarquia instituída: os que tinham bilhete de identidade, os grumetes portadores de apelidos portugueses, o gentio constituído só por indígenas. Fala em Rafael Barbosa e Momo Turé, e em 1960, com vinte e um anos, parte para a luta armada, vai para Conacri, aqui conhecerá Cabral, fica instalado no lar do PAIGC, nesta altura as duas primeiras fornadas de combatentes já tinham sido preparadas na China. Estavam lá há quinze dias quando regressou a segunda fornada constituída, entre outros, por Domingos Ramos, Osvaldo Vieira, Manuel Saturnino da Costa, Victorino Costa, Nino, Francisco Mendes e Constantino dos Santos Teixeira.

Descreve a sua preparação, as desconfianças de Sekou Turé, as disputas do PAIGC com os movimentos rivais, tanto na Guiné-Conacri como no Senegal, e parte para a sua primeira missão, no Norte, entre 1961-1962, esteve no chão dos Felupes, junto a S. Domingues, foram aparecendo as armas e regista detalhadamente as muitas dificuldades vividas devido às reticências das autoridades senegalesas.

As perguntas e respostas andam por vezes em ziguezague, o leitor, desnorteado, entra de chofre no Congresso de Cassacá e na formação do exército guineense. Toda esta informação confirma outros relatos já produzidos sobre a génese da orgânica da guerrilha após 1964. Bobo Keita é um guerrilheiro da frente Norte, anda por Binta e Guidage, a base era Sambuiá. Em Junho de 1968 é ferido e evacuado para Moscovo e depois regressa à frente Norte. Frequentou seminários em Conacri e depois foi para a Jugoslávia. No regresso, ofereceu-se para ficar nas regiões de Xime, Bambadinca e Xitole, aqui passou nove meses, vinha substituir provisoriamente Mamadu Injai, reorganizou a quadrícula: “A primeira medida que tomei no Leste foi acabar com a base central onde se concentrava toda a guerrilha e que daí procedia a longas marchas para ir atacar os quartéis. Além disso, na base central concentravam-se as milícias e havia uma certa confusão. Existia também o risco de que qualquer ataque do inimigo pudesse causar muitas baixas na base, devido a tamanha promiscuidade. Formei três destacamentos e um comando móvel. Com a nova organização, a população estava mais segura. Criei um depósito dos Armazéns do Povo. Com isto consegui criar uma nova vida nessa região”. Em Outubro de 1971 acompanha Amílcar Cabral numa viagem à União Soviética. No regresso, tendo-se intensificado a guerra no Sul, Cabral achou pertinente enviar um grupo de comandantes para reequilibrar a situação.

No final do ano de 1972, Cabral informa que alguns camaradas tinham sido presos (Aristides Barbosa, Momo Turé e o seu irmão Baciro). E comenta: “Esses camaradas tinham sido presos porque desenvolviam no seio dos militantes, em Conacri, actividades de mobilização contra a direcção do Partido, explorando de maneira perigosa as velhas rivalidades entre guineenses e cabo-verdianos”. Para Bobo Keita, esses camaradas teriam sido recrutados por Spínola, a sua missão era alargar o descontentamento. Em 20 de Janeiro de 1973, tendo de regressar a Boké, juntamente com Inocêncio Cani, foi despedir-se de Amílcar Cabral e este disse-lhe que tinham acabado de sair do seu gabinete dois embaixadores acreditados em Conacri que lhe tinham dado informações de que os portugueses tinham fechado a zona de Cacine e preparavam um novo golpe contra a República da Guiné: “Disse-me que os portugueses previam libertar os prisioneiros capturados pelo Partido e levá-los para Cacine bem como os homens do PAIGC que teriam capturado durante a operação. Que o plano deles incluía também a eliminação da sua própria pessoa”. Segundo Bobo Keita, a situação em Conacri estava caótica.

E ficamos por aqui, seguir-se-á o episódio do assassinato e daí partiremos para a independência e todo mais que se seguiu, até Bobo Keita, em colisão frontal com Nino, se ter afastado da Guiné-Bissau.

É um relato com muitos altos e baixos, seguramente que Bobo Keita teria muito mais a dizer sobre a evolução da guerra, ele conheceu perfeitamente a frente Norte e viveu largos meses na frente Leste. Há notoriamente silêncios, beliscadelas e sentimentos feridos. Não se lhe pode assacar a responsabilidade de exibir fontes escritas, ao que parece o manancial da documentação estava em poder de Cabral e do secretariado político. Mas estes comandantes recebiam documentação, nunca a invocam e muito menos a exibem. O que nos leva permanentemente a questionar como é que se vão cozer todas estas peças constituídas por depoimentos que mais ninguém valida.

(Continua)
____________

Notas de CV:

Vd. postes da recensão deste livro feita por Luís Graça, de:

24 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8941: Notas de leitura (290): De campo em campo: conversas com o comandante Bobo Keita, de Norberto Tavares de Carvalho

25 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8947: Notas de leitura (292): De campo em campo: conversas com o comandante Bobo Keita, de Norberto Tavares de Carvalho (Parte II): Futebol e Nacionalismo (Nelson Herbert / Luís Graça)

27 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8952: Notas de leitura (294): De campo em campo: conversas com o comandante Bobo Keita, de Norberto Tavares de Carvalho (Parte III): Cupelom, Pilum, Pilom, Pilão..., um bairro que dava de tudo, fervorosos muçulmanos, bajudas giras, futebolistas talentosos, destacados militantes do PAIGC, bravos comandos africanos... (Luís Graça)

29 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8961: Notas de leitura (296): De campo em campo: conversas com o comandante Bobo Keita, de Norberto Tavares de Carvalho (Parte IV): Os 'Portuguis Nara' de Boké e de Conacri (Luís Graça)
e
31 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8968: Notas de leitura (297): De campo em campo: conversas com o comandante Bobo Keita, de Norberto Tavares de Carvalho (Parte V): Início desastrado e desastroso da luta de guerrilha no chão fula, em 1963 (Luís Graça)

Vd. último poste da série de 2 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9128: Notas de leitura (307): Dois Anos de Guiné - Diário da Companhia de Caçadores 675, por Fur Mil Oliveira (4) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P9136: Troca dos últimos prisioneiros: 35 guerrilheiros do PAIGC e 7 militares portugueses (Parte I) (Sousa de Castro / Luís Beleza Gonçalves Vaz)

1. Mensagem do nosso tabanqueiro nº 2, o mais antigo, Sousa de Castro (ex- 1º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74; minhoto, técnico fabril dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, hoje reformado), enviada a Luís Vaz, com conhecimento ao nosso blogue:

Data: 4 de Dezembro de 2011 21:53
Assunto: Troca dos últimos prisioneiros na Guine

Caro Luís Vaz,
Aradeço muito o documento que acaba de me enviar, é de extrema importância para não só esclarecer como foi feita a troca dos prisioneiros entre as Forças Armadas e o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), como também ajudar a completar o puzzle do teatro de operações na Guiné .

Por outro lado convido-o a visitar estes blogues que têm muito a ver com a História sobre a Guerra colonial na Guiné. Fico a aguardar mais histórias para possível divulgação neste ou noutros blogues se achar conveniente.

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/

http://coisasdaguine.blogspot.com/

Com deferência,

Sousa de Castro

2. Mensagem de Luís Vaz ao nosso camarada e amigo Sousa de Castro:

Data:: domingo, 4 de Dezembro de 2011 16:42
Para:
sousadecastro@gmail.com
Assunto: Troca dos ultimos prisioneiros na Guine

Caro Sousa Castro:


Muito obrigado por me ter respondido de forma tão célere!

Em primeiro lugar quero informá-lo de que não sou ex-combatente, apesar de ter vivido em 1973/74 na Guiné Bissau, pois acompanhei o meu falecido pai, Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz na sua última comissão em África, em que foi o último Chefe do Estado-Maior do CTIG (do QG) sobre o Comando do General Bettencourt Rodrigues.

Depois do 25 de Abril, sobre o comando do então Brigadeiro Fabião, e em articulação com outros oficiais do Estado–Maior, implementaram os dispositivos de retracção para acantonarem e retirarem deste Teatro de Operações os milhares de militares portugueses presentes nesta Província, tendo só abandonado a Guiné, no último voo com tropas Portuguesas, no dia 14 de Outubro de 1974 na companhia do Brigadeiro Fabião.

Como tal, e ao realizar a Biografia do meu falecido pai, Coronel de Cavalaria e do Estado-Maior, li muitos documentos classificados, do seu arquivo pessoal, e poderei acrescentar algumas informações sobre a troca dos últimos prisioneiros de guerra, com o PAIGC.

Mantivemos 35 prisioneiros (guerrilheiros do PAIGC) na ilha das Galinhas até a véspera do reconhecimento da Independência da República da Guiné-Bissau por parte do Governo Português. Pelo lado do PAIGC, mantinham 7 prisioneiros (4 soldados e 3 primeiros Cabos, do nosso Exército), um dos quais era o soldado António Baptista, que tinha sido dado como morto em 17 de Abril de 1972, numa emboscada em Madina-Buco, onde as nossas tropas sofreram 1 desaparecido e 10 mortos, 6 dos quais queimados na explosão da viatura em que seguiam.

A troca destes sete prisioneiros na posse do PAIGC (retidos no Boé) por 35 guerrilheiros do PAIGC (retidos pelas nossas tropas na ilha das Galinhas) , foi feita segundo o estipulado pelo Acordo de Argel, e foi marcada para o dia 9 de Setembro, em Aldeia-Formosa, no entanto o PAIGC não compareceu nessa data como estava combinado, só no dia 14 de Setembro a troca se realizou.

Estiveram presentes nesse ato pelas nossas tropas, o Major de Inf Tito Capela (Chefe da 2ª Rep. Do QG), o Major de Art Aragão, o Capitão-tenente Patrício, o capitão de Inf Manarte e o Furriel miliciano Elias (da 2ª Rep/QG/CTIG). Por parte do PAIGC, estiveram presentes os seguintes elementos: Manuel dos Santos (Sub Secretário Informação/Turismo da GB), Carmen Pereira (Membro do Conselho de Estado/GB) e Iafai Camará (Comandante do Aquartelamento de Aldeia Formosa).

Imediatamente após a troca, foi feita a identificação: os soldados António Teixeira, Jacinto Gomes, António da Siva Baptista, Manuel Ferreira Vidal ;e os 1ºs cabos Duarte Dias Fortunato, Virgílio da Silva Vilar e o Manuel Fernando Magalhães Vieira Coelho; tendo depois os prisioneiros e a comitiva regressado de avião a Bissau.

Ficaram instalados no Hospital Militar de Bissau e, no dia seguinte, dia 15 de Setembro de 1974, seguiram por via área para Lisboa.

Luís Beleza Gonçalves Vaz

(filho do Coronel Henrique Gonçalves Vaz,

Chefe do Estado-Maior do CTIG,  1973/74)

Com os meus melhores cumprimentos>

Luís Beleza G. Vaz

3. Comentário do editor:

Agradecemos vivamente ao Sousa de Castro e ao Luís Vaz a partilha desta informação. E aproveitamos a oportunidade para oferecer ao Luís Vaz as páginas deste blogue para, se assim o entender, fazer chegar a um público mais vasto, de amigos e camaradas da Guiné, a informação e o conhecimento privilegiados que certamente possui sobre os últimos meses da presença soberana de Portugal, entre 1973 e 1974, naquela terra a que continuamos ligados pelos laços da História, da Língua e da Amizade.  Por outro lado, achamos um gesto de grande nobreza e de amor filial a iniciativa que se propôs o Luís Vaz ao escrever (e possivelmente ao querer publicar) a biografia do seu pai que serviu o seu país num momento único e irrepetível da sua História. Bem haja! (LG)

PS - O drama dos nosso camaradas que ficaram retidos pelo PAIGC em Conacri e depois na região do Boé, até ao final da guerra, já aqui deu azo a muitas páginas, em especial o caso do nosso querido "moto-vivo do Quirafo", e membro da nossa Tabanca Grande, o António Batista, sem esquecer o caso, não menos dramático, do José António de Almeida Rodrigues que conseguiu fugir do cativeiro, seguindo o curso do Rio Corubal até ao Saltinho.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9135: Convívios (390): Rescaldo do último Encontro de 2011 da Tabanca do Centro, dia 30 de Novembro de 2011 em Monte Real (Carlos Pinheiro / Miguel Pessoa)

1. Com a devida vénia à Tabanca do Centro, e aproveitando o magnífico trabalho gráfico do inegualável camarada Miguel Pessoa, reproduzimos na íntegra o poste "Natal antecipado na Tabanca do Centro" referente ao Convívio do dia 30 de Novembro de 2011:



(Fotos de Carlos Pinheiro)
____________

Nota de CV:

Vd. poste de 12 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9030: Convívios (379): Último Encontro de 2011 da Tabanca do Centro, dia 30 de Novembro de 2011 em Monte Real (Joaquim Mexia Alves)

Vd. último poste da série de 29 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9113: Convívios (382): O Convívio da Tabanca da Linha visto por José Manuel Matos Dinis