quarta-feira, 9 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7917: Caderno de notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (13): Emigração para as Colónias, só com Carta de Chamada







Fotos de: Luis Graça, 2010. (Com a devida vénia ao autor, Manuel Botelho,  o artista plástico português, nascido em 1950,  que mais se tem interessado pela guerra colonial e que já tem utilizado materiais do nosso blogue)...

Título da obra: "Matchbox: Portugal is not a small country" [ O autor ter-se-á inspirado em material cartográfico, publicado sob o título Portugal não é um país pequeno em Lisboa, s/d,  pelo Secretariado da Propaganda Nacional,  sob a direcção literária de Henrique  Galvão (1895-1970). Mapa a cor, com 55 x 38 cm, escala circa  1:13000000. No canto inferior direito contém a seguinte legenda: "Superfícies do Império Colonial Português comparadas com as dos principais países da Europa"].


 
Esta obra do pintor, arquitecto e professor de belas artes Manuel Botelho,  neto do grande pintor Carlos Botelho (1899-1982), esteve exposta em Res Publica 1910 e 2010 face a face. Exposição organizada pelo CAM/FCG [, Centro de Arte Moderna / Fundação Calouste Gulbenkian] em parceria com a Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. Piso 0 e 01 do edifício central da sede da Fundação e jardim. Lisboa, 8 de Outubro de 2010 a 16 de Janeiro de 2011. Curadoria: Helena de Freitas e Leonor Nazaré.  (LG).




1. Mais um pensamento do nosso Mais Velho António Rosinha, enviado em mensagem do dia 7 de Março de 2011:


Caderno de notas de um Mais Velho (13) > Emigração para as colónias e a "Carta de Chamada" . Por que Salazar não deixou "europeizar" em força as colónias?


A Carta de Chamada  consistia em um termo de responsabilidade assinado por um comerciante ou um funcionário público residente na colónia, a responsabilizar-se por um candidato à emigração, o que fazia que muita gente que,  não tendo familiares ou amigos para assinar essa carta, desistia e ia para a América ou Brasil onde tinha parentes que o mandavam ir.


Escreve-se tanto sobre Salazar, muitas coisas não passam mesmo de deduções de quem escreve, pois o homem nunca se abriu muito, que podemos perguntar a nós mesmos, e falava-se efectivamente, porque Salazar viu tanta gente ir para o Brasil e EUA, nos anos 50, e não encaminhou essa gente para Angola, Guiné e Moçambique.


Exceptuando os militares ou funcionários em comissão de serviço, ou deportados para o Tarrafal, Salazar só deixava ir par as colónias, colonos, selecionados, ou emigrantes com carta de chamada como se fossem para o estrangeiro.


Isto nos anos 50 do outro século, no imediatamente antes da guerra do ultramar, ou seja, já estavam em marcha as independências francófonas e anglófonas, e Agostinho Neto, Amílcar, Luandino Vieira, etc. já tinham ideias formadas.


Havia várias dificuldades para se emigrar para as colónias portuguesas, até que apareceu a guerra do ultramar em 1961, acabando a maioria das complicações. A partir dessa data já não era preciso ter um familiar em Angola para o mandar ir.


Não recorrendo a documentos, falando apenas de casos popularmente conhecidos ou propalados, houve casos como o Zé do Telhado [, 1818-1875,] que foi para Angola como degredado [em 1861] e, recorro a este exemplo, porque foi um processo usado pela Justiça durante séculos para punir criminosos e simultaneamente ajudar à colonização por portugueses.


Ainda durante a chamada 1.ª República, foram pensados uns colonatos em Angola para serem enviados colonos brancos para esses lugares, portanto era uma maneira de se emigrar com a família para as colónias por convite, ou aliciamento, ou como quisermos interpretar esse processo.


Salazar também usou esse processo do colonato, mas no caso de Angola não foi muito numerosa essa emigração, como às vezes se ouve em certos escritos, e no caso da Guiné, penso que nem existiu essa prática. Em Angola havia o colonato da Cela no planalto central e Capelongo junto do Cunene, os que verdadeiramente chegavam a formar uma pequena vila rural portuguesa.


Quem foi muito apologista da emigração branca para Angola, de uma maneira maciça, foi o célebre anti-salazarista General Norton de Matos [, 1867-1955], muito conhecedor de Angola devido aos anos passados lá como governador e outras atividades políticas dedicadas ao ultramar.


Sobre Norton de Matos, fundador da cidade de Nova Lisboa (Huambo),  em Angola, diziam muitos africanistas angolanos que tinha ele uma visão de desenvolvimento para as colónias, que,  a ser seguida a política dele, transformava Portugal e as suas colónias numa grande potência económica.


Alguns mais entusiastas por Angola, até imaginavam uma capital portuguesa em Nova Lisboa.


Mas, diziam os africanistas e antisalazaristas, que o Salazar atrofiava as ideias dos portugueses empreendedores, usando processos e burocracias atrasadas.


E aí, aparece a burocracia da CARTA DE CHAMADA, da qual Salazar não abria mão. Acompanhada de outras burocracias como vacinas, registo criminal e três contos e quinhentos por cabeça, para viajar de porão. Não sei se crianças, normalmente muitas, pagavam por igual.


Para evitar a burocracia da Carta de Chamada havia uma solução, era pagar as viagens de ida e volta, com direito a receber a devolução das viagens de regresso, quando passassem seis meses ou um ano, conforme as informações sobre a adaptação à nova terra.


Também era dispensada a Carta de Chamada, a quem casasse por procuração com um residente nas colónias. Foi um meio usado com muita frequência.


Quem era a favor de uma forte ocupação branca das colónias, principalmente Angola, condenava a política de Salazar em que este se contradizia, em que ao mesmo tempo que dizia que era tudo Portugal, e ao mesmo tempo tinha que haver a tal carta de chamada.


Também se dizia que Salazar não deixava colonizar e desenvolver fortemente Angola, por medo de os brancos fazerem como os da Africa do Sul, isto é, abandonar o "pobre rectângulo".


Já se ouvia antes da guerra bocas como aquela em que Angola valia a pena, mas a Guiné e Cabo Verde era só prejuízo, e outras coisas deste género. Mas não era o Salazar que dizia isso, antes pelo contrário, o que transparecia era que nem um centímetro quadrado era para ceder.


Isto eram conversas à mesa do café, sem medo da PIDE, à vontade, em toda a Angola, menos nuns certos cafés da baixa de Luanda onde circulavam uns tantos popularíssimos inspectores da dita policia, conhecidos de todos os frequentadores habituais. Em Luanda, toda a gente se conhecia, não sei explicar como, mas era assim mesmo.


Penso que PIDE tinha instalações apenas em Luanda, no resto de Angola nunca ouvi falar, a não ser depois de 1961.


Antes de a guerra começar, já era conhecido o petróleo de Angola, os diamantes, o algodão, o café, o cobre etc, e aquilo que hoje ouvimos sobre o que as riquezas angolanas estão a fazer, desde ter mantido uma guerra de quase 30 anos, e hoje dá trabalho a milhares de chineses, brasileiros e portugueses, pergunta-se muita gente, porque Salazar não criou riqueza, desenvolveu, ocupou... com aquela riqueza toda à mão de semear.


Mas ninguém que escreve sobre Salazar tenta outra explicação para o impedimento de um grande povoamento europeu, que não fosse o medo de perder o controle e haver uma independência.


E, porque depois de tantos anos que passaram, sabendo que Salazar não fazia nada sem ser tudo bem pensado, não será de imaginar que haveria naquela cabeça certezas bem desastrosas, com as piores consequências de uma qualquer independência, havendo uma enorme ocupação europeia?


Para já, tenho a dizer que conhecendo a Guiné como conhecemos, em que a capital era numa ilha, Bolama, e cidades com direito a esse nome era Bissau e Bafatá, bem diminutas, todos consideramos que Portugal nunca fez grande colonização, nem asfalto, nem escolas, mas apenas uns postos administrativos espalhados em grandes áreas.


Se alguém pusesse em dúvida o nosso direito a considerar a Guiné, colónia portuguesa, não sabemos num caso de conflito, se não aconteceria o mesmo como Goa e depois com Timor.


Mas se a Guiné estava naquele atraso em 1963 que todos conhecem, talvez leiam pela primeira vez, mas Angola, proporcionalmente estava várias vezes mais "isenta" de qualquer colonização. Isto vi eu, porque conheço exaustivamente as duas ex-colónias. Para isso, não tive tempo de viajar para lá de Olivença, pelo que não me considero europeísta.


Para dar um exemplo dessa falta de colonização, refiro a quantidade de asfalto em Angola em 1961: havia asfalto nas principais ruas das principais cidades; mas nas estradas, viajava-se em asfalto de Luanda a Catete, aproximadamente 70Km, entre Benguela e Lobito, 20Km, um troço experimental de asfalto de 30Km, entre Lucala e Camabatela, e acabou.


O resto eram picadas e jangadas, ou seja, como exemplo ir de Lisboa a Paris, (de Luanda ao Cazombo) íamos de asfalto até Pegões, daí em frente preparávamo-nos com alimentação, roupa, combustível para semanas em tempo seco, e para meses em tempo de chuva até chegar a Paris.


Qualquer colonização europeia que se encontrasse no caminho não passava de comerciantes isolados ou chefes de posto, sem comunicação rádio, e se tivessem um jeep Willys, era um luxo.


Quando se chegava a uma capital de distrito ou a uma missão católica ou protestante, aproveitava-se para reabastecer combustíveis gerais e actualizar novidades.


Como Salazar sabia melhor que ninguém que de 1933, quando fica com as rédeas do poder na mão, até 1961 não tinha ocupado nem desenvolvido as colónias (Uns anos antes de Salazar, Lisboa não acendia as luzes em Lisboa por falta de dinheiro para o carvão que vinha da Inglatera). Salazar sabia também que dando muita visibilidade às riquezas angolanas ficava sem "passada" para acompanhar os ventos da história, que era mais tufões do que vento.


Ninguém tinha o mais pequeno respeito pela "nossa missão colonizadora", e desde os tripulantes de barcos nórdicos até aos americanos que aportavam em Luanda a carregar café, algodão, etc, dia e noite os guindastes em movimento, achavam escandaloso, ridículo, e com uns brandys no bucho perguntavam-nos na cara se não tínhamos vergonha de ser tão pequenos e pobres, e explorar aquela terra tão grande e rica.


Hoje vemos os americanos a gozar com a compra dos submarinos pelo tal de Portas e vemos o que se passa hoje com os nossos europeístas a serem gozados em Berlim e Bruxelas por causa dos orçamentos, porque tal como antes, hoje também queremos dar passadas maiores que as nossas pernas, e todos acham que é um descaramento querermos ser do clube dos grandes.


Podemos hoje conjecturar que as dificuldades portuguesas de há 50 anos eram historicamente das mais complicadas dos nossos 800 anos, (os 800 anos foram lembrados em Berlim, recentemente à Frau Merkel) e que Salazar usou de muitas manhas para atingir os fins.


E podemos conjecturar que,  graças à Carta de Chamada, provavelmente no 25 de Abril houve um número inferior a um milhão de portugueses retornados. O que seria se não fosse essa Carta que Salazar cuidadosamente exigia?


Será que Salazar não previa um fim de império? É que os estudiosos portugueses falam sempre do que Salazar nos obrigava a enfrentar: emigração, manter as colónias, manter uma agricultura arcaica e uma pesca controlada pelo Tenreiro, uma indústria insignificante, etc. e uns direitos sociais miseráveis, mas esses estudiosos já estão a tempo de escrever que há muitas dúvidas hoje, qual o perigo de darmos passadas maiores que as nossas pernas.


E esses estudiosos de Salazar já estão a tempo de escrever que a ditadura ganhava vida com as dificuldades que lhe eram criadas com casos como as revoltas nas colónias, o assalto ao Santa Maria por Henrique Galvão e, até quando Humberto Delgado foi assassinado, a ditadura aproveitou para espalhar que a oposição (os do contra, como se dizia), é que o atraiçoou e o conduziu a uma cilada.


Escreve-se sempre que estes casos "abanavam os alicerces da ditadura" mas não era essa a sensação, e hoje vemos que Salazar cai da cadeira em 1968 e apenas em 1974 se dá o "o fim do império e da ditadura".


Não estou com isto a armar-me em salazarista, mas considero que o papel de Salazar no que toca ao assunto colonial, que ele também herda de uma maneira muito complicada, não é analisada de uma maneira isenta de preconceitos, nem os que apoiam nem os que condenam o Botas.


E, aquilo que hoje é dado como ponto assente sobre o pensamento de Salazar, que estava ultrapassado e isolado internacionalmente, é fácil de mostrar o contrário.


Termino para dizer que o homem que assinou a minha CARTA de CHAMADA para eu emigrar para Angola, foi assassinado no Norte de Angola nos massacres da UPA.


O Norte de Angola, zona cafeeira, podia considerar-se provavelmente que era a única área verdadeiramente colonizada com missões, escolas e uma economia cafeeira importante.


Um abraço e desejo boa disposição aos editores para continuarem com ânimo


Anº Rosinha
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Nota de CV:


Vd. último poste da série de 8 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7744: Caderno de notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (12): Os guineenses apenas assumem o idioma português como língua oficial

Guiné 63/74 - P7916: Efemérides (61): 4 de Março de 1972, uma data trágica para a família pára-quedista: 6 mortos e 12 feridos, em Gampará, na margem esquerda do Rio Corubal (Victor Tavares, CCP 121/BCP 12, 1972/74)


1. Mensagem do nosso querido amigo e camarada Victor Tavares [, foto à esquerda,] com data de 4 do corrente;


Camarada e amigo Luís Graça:

Faço votos sinceros para que te encontres bem de saúde assim como os teus familiares . . . Há já algum tempo que não dou notícias, tive alguns problemas no computador, os ficheiros que tinha foram ao ar, nesses incluindo alguns trabalhos para te enviar, com relatos de algumas operações...

Vou tentar recuperá-los, não sei aonde, numa disquete que penso mandei tirar, só não sei onde ela para . . .

Luís, o motivo que me leva a contactar-te,  é o seguinte: que faz hoje,  às 23.50 horas  da Guiné-Bissau , 39 anos que os Pára-quedistas Portugueses e a CCP121 sofreram,talvez, o maior golpe desde a sua existência. GAMPARÁ não nos sai da memória,  6 mortos e 12 feridos, onde eu me incluí, poucos minutos faltavam para terminar o dia 04/03/1972  e começar os primeiros minutos do dia 05/03/1972.

Foi uma noite terrivelmente azarenta, para nós, um  bigrupo da CCP121 que se deslocava apeado para a margem do rio Corubal junto à pedra de água onde nos juntaríamos a outra forças, a  CCP 123, esta transportada em LDG para executaar na zona de TITE uma operação designada como Pato Azul.

Este relato já foi publicado no blogue, foi um dos relatos que te enviei (*).

Não sei se terá para o blogue interesse em fazer alguma referência para recordar esta data marcante.  Fica ao teu critério. (**)

Amigo,  despeço-me enviando um forte abraço para ti, extensivo a todos os camaradas blogue que tão bem diriges.

Victor Tavares

2. Comentário de L.G.:

Obrigado, Victor, pela tua lembrança e diligência. Infelizmente não consegui publicar a tua mensagem mais cedo, no próprio dia, por ter estar estado ausente de Lisboa nestes últimos dias. Mas fica aqui a tua e a nossa intenção de saudar a memória dos bravos da CCP 121/BCP 12, mortos nessa fatídica noite de 4 de Março de 1972. Obrigado, também, por mandares notícias tuas. Espero que resolvas rapidamente os teus problemas informáticos. Fico a aguardar a tua sempre muito apreciada colaboração. Saúde. Luís
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Notas de L.G.:


 (...) Desta tragédia para a família pára-quedista, que jamais esquecerá este dia, resultaram seis mortes, Alf Mil Pára-quedista Abreu , Furriel Pára-quedista Cardiga Pinto, PCB/Pára-quedista 47/68 Santos , PCB/Pára-quedista 129/69 Almeida , Sol/Pára-quedista 318/69 Jesus , PCB/Pára-quedista 412/69 Sousa, 2 feridos graves e nove com menos gravidade , Furriel Pára-quedista Casalta (Comandante da 1ª secção do 2º Pelotão) , Sol Pára-quedista Inês (evacuado para a metrópole ), Ferreira , Tavares, Ventura, e 1º Cabo Pára-quedista Figueiredo, todos do 2º Pelotão, e o Sold Pára-quedista Salgado - Estilhaço,  de alcunha - do 1º Pelotão, faltando três por identificar pois, passado todos estes anos, já não me recordo, e ficará para sempre uma saudade enorme D’AQUELES EM QUEM PODER NÃO TEVE A MORTE" (...).

(**) Último poste da série > 15 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7616: Efemérides (59): 17º Aniversário do Monumento Nacional aos Combatentes da Guerra do Ultramar

Guiné 63/74 - P7915: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (79): Na Kontra Ka Kontra: 43.º episódio




1. Quadragésimo terceiro episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 8 de Março de 2011:


NA KONTRA
KA KONTRA


43º EPISÓDIO

Em Lisboa, o ainda Alferes Magalhães, desembarca por volta das nove da manhã e como era de rendição individual, toma um táxi, leva as malas à Estação de Santa Apolónia onde as deposita e sempre no mesmo táxi vai aos Adidos e à sua Unidade de Mobilização, o RAL 1, tratar da sua desmobilização. Chega novamente a Santa Apolónia, paga a corrida de toda a manhã com uma nota de cinquenta escudos e ainda tem tempo para almoçar um óptimo coelho de cebolada, num restaurante ao lado da estação.

Porque do barco, por questões de segurança, não se podiam mandar telegramas, apenas receber, o agora simplesmente Magalhães Faria não pode avisar ninguém da sua chegada, pelo que aparece no Porto de surpresa.

Junho de 1970. Com a mulher colocada no Liceu Alexandre Herculano no Porto, Magalhães Faria tenta reatar o curso de Arquitectura que interrompera. Devido às convulsões académicas existentes nesta altura na Escola de Belas Artes, onde se tenta implementar um novo processo de ensino, a chamada “Experiência”, sente-se desfasado, sem os antigos colegas, e acaba por desistir. Para essa tomada de posição muito contribui o facto de o sogro ser empresário e lhe “acenar” com um emprego estável na sua empresa.

Um belo dia, o agora Senhor Magalhães Faria, ao inspeccionar um armazém de matéria prima da empresa, onde se encontravam vários empregados a trabalhar ouve nas suas costas a alguma distância dois C… F…

Magalhães Faria como que ficou paralisado. Aquelas expressões com aquela voz só podiam ter vindo de uma pessoa, o Dionildo. Não se voltou de imediato pois custava-lhe a acreditar na aparição daquele que passaria a ser conhecido pelo morto-vivo.

Neste espectacular NA KONTRA o Dionildo conta a sua história:

Depois de o Alferes ter ido embora de Madina Xaquili e devido à pressão do PAIGC, passou a andar aterrorizado. Logo no primeiro ataque à tabanca, conhecendo o caminho para Bambadinca, resolve desertar. Contorna Galomaro de forma a não ser visto e em Bambadinca, apanha boleia de uma coluna que vai para o Xime com pessoal e material para embarcar numa LDG, com destino a Bissau. Numa situação como esta não era costume os próprios camaradas perguntarem pelas Guias de Marcha. Chegado a Bissau, junto do Cais da Amura onde as lanchas costumavam atracar, logo verificou que na Ponte Cais estava também o navio Uíge, de transporte de tropas. Soube que o barco ia partir à noite e pensou embarcar. Se bem o pensou melhor o fez. Apesar de ser o único militar a bordo vestido de camuflado, ninguém lhe perguntou o que quer que fosse, também pelo facto de irem no barco muitos militares de rendição individual. Ele seria mais um. Passada uma semana, desembarcava em Lisboa. Veste-se à civil com roupa que levava num pequeno saco e ruma ao Porto apresentando-se ao trabalho na empresa onde tinha trabalhado antes de ir para a tropa, a empresa do agora sogro do nosso Magalhães Faria. Passados precisamente quarenta dias aparece-lhe na empresa a Polícia Militar que rapidamente o mete num avião rumo a Bissau, agora com Guias de Marcha para a sua antiga Companhia, sediada em Madina Xaquili. Como perspectiva tinha outra comissão, a começar agora. Com o contínuo agravar da situação, passados poucos dias é planeada uma operação de alto risco, com a intervenção de um Pelotão de Comandos helitransportados e, para a qual, se pediram voluntários. O Dionildo viu ali uma possibilidade de limpar a sua “folha militar” e ofereceu-se. Tudo correu muito melhor do que esperava e até veio a ter um louvor. Retiraram-lhe o castigo e regressou à Metrópole com a sua Companhia. E o Dionildo termina dizendo:

- E aqui estou na empresa onde sempre trabalhei Senhor Faria.

- Magalhães Faria, Faria há muitos.

Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7910: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (78): Na Kontra Ka Kontra: 42.º episódio

Guiné 63/74 - P7914: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (18): Mais achados 'arqueológicos' (Pepito)



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico Memória de Guiledje > Foto 1




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Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico Memória de Guiledje > Foto 11




Fotos: © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento  (2011). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do nosso amigo Pepito, com data de 7 do corrente

Assunto: Novidades de Guiledje

Olá, Amigo:
A “arqueologia” em Guiledje continua. Mando-te fotos com as últimas descobertas:

(i) Fotos 1-2-3: removeu-se toda a terra que existia entre a Messe dos Oficiais e a casa do Capitão Neto. Agora nota-se perfeitamente o conjunto que existia.

(ii) Foto 4: descobriu-se um “armazém” subterrado onde estava grande número de garrafas de cerveja que, ao longo destes anos todos, sofreram a oxidação das tampas e ….. perderam o conteúdo. Eram fabricadas pela CUFP (Companhia União Fabril Portuense). Algumas ainda conservam o rótulo.

(iii) Foto 5: parte de uma placa em que julgamos ter estado escrito “COP 5”. Não sabemos onde estava, antigamente, localizada esta placa. Alguém sabe?

(iv) Foto 6: sandália de plástico que já não se fabrica. Os fulas chamavam-lhe “pontada de burro”, querendo com isso dizer que a separação entre as tiras de plástico são tão grandes como as pontas (início e fim das costas) de um burro   

(v) Foto 7: tapete metálico

(vi) Foto 8: chaleira de água

(vii) Foto 9: cama metálica (embora haja quem duvidasse da sua existência em Guiledje…)

(viii) Foto 10: prato metálico com algumas balas

(ix) Foto 11: estado de avanço das obras de recuperação da antiga Messe dos Oficiais e que irá servir de alojamento do técnico Domingos Fonseca e local de trabalho da AD para toda a zona transfronteiriça.

Como vez, a pouco e pouco vamos pondo no lugar o puzzle da Memória de Guiledje.
Abraços
pepito


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Nota de L. G.:


Último poste da série >  25 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7670: Núcleo Museológico Memória de Guileje (17): recuperação e reconstrução da antiga messe de oficiais (Pepito)

terça-feira, 8 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7913: Notas de leitura (214): Jardim Botânico, de Luís Naves (Francisco Henriques da Silva)


1. O nosso camarada Francisco Henriques da Silva* (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402, , Mansabá e Olossato, 1968/70), ex-embaixador na Guiné-Bissau nos anos de 1997 a 1999, enviou-nos a seguinte mensagem em 6 de Março de 2011:

Queridos Amigos,

Li a recensão crítica ao livro "Jardim Botânico" de Luís Naves elaborada pelo meu amigo de longa data e camarada de armas, Mário Beja Santos no poste (Guiné 63/74 - P7902: Notas de leitura (213): Jardim Botânico, de Luís Naves (1) (Mário Beja Santos))

Escusado será de dizer que devorei, com acrescido apetite, o romance em apreço de uma única assentada.
Concordo genericamente com os comentários do Mário e com a classificação dada. Trata-se com efeito de um belo romance, os dramas humanos da guerra civil estão bem retratados, as personagens ganham forma, dimensão e consistência ao longo das páginas, Luís Naves, como sublinha o nosso camarada Beja Santos, "ficciona superiormente um tempo de dilúvio que ainda hoje mantém um povo traumatizado".
Tenho, porém, quatro pontos críticos importantes a relevar:
- em primeiro lugar - e aqui há um erro de alguma gravidade por parte do autor - a guerra civil começou a 7 de Junho de 1998 e não a 9. Estes dois dias são importantes para se entender o encadear dos eventos. Muito embora assista ao romancista uma ampla margem de liberdade para relatar os acontecimentos e dar largas à sua criatividade, esta imprecisão histórica basilar reveste-se de enorme relevância, na medida em que os acontecimentos cruciais que desencadeiam a insurreição ocorrem a 7, com dois pontos focais: Brá (onde são inicialmente emboscados os carros do protocolo e da segurança do Estado) e nas imediações de Santa Luzia (onde se encontrava a residência do brigadeiro Ansumane Mané, líder da revolta, que "Nino" mandara deter). A situação político-militar acabaria por fixar-se, com dois campos definidos e com posições no terreno relativamente demarcadas, a 8 ou 9 de Junho. O pedido para a intervenção estrangeira (senegalesa e da Guiné-Conakry) é, oficialmente, feito a 8 (se é que não estava já na forja desde há muito). Na mesma data, uma tentativa de assalto a Brá por parte das forças governamentais falha rotundamente, sendo esta ofensiva rechaçada com grande número de baixas pelos insurrectos. É a 8 que se sabe que o cargueiro "Ponta de Sagres" poderá eventualmente deslocar-se a Bissau. Os combates, designadamente os duelos de artilharia prosseguiram com intensidade durante todo este tempo. A 9 desembarcaram os primeiros contingentes senegaleses. A fuga da população para o interior do país tem lugar logo nos primeiros dias. A evacuação dos portugueses e estrangeiros no navio referenciado só tem lugar a 11.
- em segundo lugar, Luís Naves não menciona um acontecimento fundamental do conflito de 98-99, de que o autor foi uma das raras testemunhas presenciais (que eu me lembre foi talvez o único jornalista português que assistiu a esses sucessos) e que determinou tangivelmente a sorte da guerra. É claro que o romancista é livre para o fazer, mas o episódio merecia ser relatado. Refiro-me à batalha de Mansoa que teve lugar a 22 de Julho de 1998 e que permitiu à Junta Militar de Ansumane Mané o controlo de Mansoa e do cruzamento estratégico de Jugudul garantindo-lhe o acesso irrestrito ao Leste (Bafatá, Gabu, Bambadinca) e ao Norte (Bula, Bissorã, Mansabá, Farim). Nesta batalha uma das mais importantes da guerra civil, as forças senegalesas e ninistas sofreram uma pesada derrota, tendo sido feitos prisioneiros muitos soldados bissau-guineenses, que combatiam do lado do Presidente da República, para logo em seguida mudarem de campo e se juntarem aos efectivos da Junta. Esta com a batalha de Mansoa obtém o controlo quase total do país, reduzindo-se as forças governamentais e “aliadas” ao “Bissauzinho” (a parte central da Bissau colonial). O avanço só foi sustido pela assinatura de um Memorando de Entendimento entre o Executivo de João Bernardo Vieira e a Junta Militar, a bordo da fragata “Corte Real”, mediado pelo Grupo de contacto da CPLP, em 26 de Julho. Por outras palavras, a alteração das posições no terreno teve implicações certas nas negociações de paz e na evolução da situação.
- Em terceiro lugar, tanto quanto sei e encontrava-me em Bissau, na altura, Luís Naves jamais entrou na capital ou se o fez tê-lo-á feito da forma clandestina que relata no livro, o que, a meu ver, é pouco crível dada a insegurança então reinante, correndo em permanência risco de vida. se acaso tentasse.
- Finalmente, como é relatado no romance, o regresso de 4 pessoas a Bissau, poucos dias depois de terem sido evacuadas no “Ponta de Sagres”, designadamente da médica russa (Ana), não faz muito sentido. É claro que o jornalista estava incumbido de uma missão específica, Daniel buscava os papéis da mina e o Dr. Fonseca por lá tinha os seus negócios. Há, obviamente, sempre gente para tudo e quem goste de aventuras arriscadas, mas prevalece aqui uma boa dose de exagero. Quem é que vai fazer turismo às profundezas do inferno, a não ser que a tal seja, de algum modo, obrigado?
Posto isto, li com prazer o “Jardim Botânico”, que muito me tem ajudado a meditar sobre a guerra absurda que então vivi e como o Mário Beja Santos sublinha marcou indelevelmente a Guiné-Bissau. Tenho pena que exista tão escassa literatura sobre o conflito armado. Assim, esta obra é uma referência obrigatória.
E por aqui me fico.

Como se diz na Guiné-Bissau,
Mantenhas
Francisco Henriques da Silva
(Alf. Mil da C.Caç 2402 - Có, Mansabá e Olossato, 1968-1970; ex-embaixador na Guiné-Bissau, 1997 a 1999)
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Notas de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

5 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7902: Notas de leitura (213): Jardim Botânico, de Luís Naves (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P7912: Memorial aos Soldados do Concelho de Silves mortos na Guerra de África (1961-1974) (Amílcar Ventura/João Pargana)

1. O nosso Camarada Amílcar Ventura, ex-Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323, Bajocunda, 1973/74), enviou-nos uma mensagem solicitando a divulgação da seguinte carta:

Camaradas,
Agradeço a divulgação da carta do meu Amigo João Pargana, que foi Capitão de Engenharia em Moçambique, para se construir um Monumento aos Combatentes da Guerra de África em Silves.

Eu também estou a tentar tudo o que me é possível, junto dos mais altos responsáveis da Câmara Municipal, para que tal possa vir a ser uma realidade.
Obrigado.
Amílcar Ventura
Fur Mil da 1.ª CCAV do BCAV 8323
Memorial aos Soldados mortos na Guerra de África (1961-1974)do Concelho de Silves

Ex.ma Senhora
Presidente
Câmara Municipal de Silves
Praça do Município
8300 SILVES


Silves, 15 de Fevereiro de 2011
m. ref. 11353

Assunto: Memorial aos Soldados do Concelho de Silves e aos Soldados Desconhecidos mortos na Guerra de África (1961-1974). Proposta.

Ex.ma Senhora:

Considerando que, passados 37 anos sobre o termo de Guerra de África (1961-1974), estarão esbatidos todos os complexos ideológicos quanto à designação com que a História recordará esse conflito,
Considerando a convicção de que a designação Guerra de África (1961-1974) será aquela que a História vai adoptando, e a que vem sendo progressivamente a ser adoptada pela generalidade dos autores independentes,
Considerando que não cabe aos soldados decidir sobre a guerra, e que se a fazem, é na convicção do cumprimento de um dever,
Considerando que o cumprimento desse dever até ao sacrifício da própria vida os torna credores da gratidão dos seus concidadãos,
Considerando a vocação histórica de Silves e do seu Concelho,
Considerando que honrar os seus mortos, além de um dever primário, é um contributo para a consolidação dessa vocação,
Considerando que na guerra acima referida morreram não menos de 32 soldados nascidos no Concelho de Silves.

Venho com a presente propor à Câmara Municipal da mui digna Presidência de V. Exª que seja construído na rotunda da Cruz de Portugal um memorial aos Soldados do Concelho de Silves e aos Soldados Desconhecidos Mortos na Guerra de África (1961-1974).
Na expectativa do melhor acolhimento para esta iniciativa, sou, com os meus mais respeitosos cumprimentos,

De V. Exª
Atentamente

(João José Gonçalves Pargana)

P.S. - Com a minha modesta homenagem àqueles que souberam tudo dar, sem nada esperar em troca.
____________
Notas de M.R.:

Diz textualmente o Sr. Capitão João Pargana na carta: “Memorial aos Soldados do Concelho de Silves e aos Soldados Desconhecidos mortos na Guerra de África (1961-1974)”

Peço desculpa pela minha ignorância, mas “… Soldados Desconhecidos…”?

Não estão todos os soldados falecidos em combate nas três frentes da Guerra de África devidamente identificados?

Vd. último poste sobre um Monumento em:
4 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7897: Monumento aos Mortos da Grande Guerra do Concelho de Loures (José Martins)

Guiné 63/74 - P7911: As Nossas Mães (8): O tempo passa depressa - Homenagem à Mulher, à Mãe (Juvenal Amado)

1. Mensagem de Juvenal Amado* (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), com data de 07 de Março de 2011:

Caros Luís, Carlos, Virgínio, Magalhães e restante atabancados.
As nossas mulheres serão sempre fonte de inspiração, não quero por isso deixar passar o seu dia sem uma pequena referência.

Um abraço e bom Carnaval
Juvenal Amado




 "Mother and Child" de Don Miller


O TEMPO PASSA DEPRESSA

Os olhos rasos de água
Olhavam para as mãos dele
Da boca sai um esgar, que pretende que seja sorriso
Em presença do inevitável
Tenta enganar o medo

Quando partes?

O coração tinha partido à desfilada
A realidade estava ali
O filho para si ainda menino
Quer perguntar
Mas uma garra esgana-a

Quando partes?

Da boca não sai nenhum som
Os olhos alternavam entre o rosto e farda
Mas o verde é esperança!
Dir-lhe-ão que o tempo passa depressa
Segundo a segundo, minuto a minuto

Quando partes?

Ela não houve a resposta
O grito que tem preso na garganta abafa todos os sons
Cada notícia de morte
Esmaga-lhe o coração
O peito dói como se amamentasse
Tantos anos depois a dor regressa

Quando partes?

Depois em silêncio
Desmancha os sacos
Corta e cose as bainhas
Cada ponto tece uma promessa
E pergunta para si baixinho
Quando regressas?

Juvenal Amado
8 de Março 2011
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 28 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7690: Estórias do Juvenal Amado (35): Rodéro, o corneteiro com falta de embocadura

Vd. poste de 13 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7426: As nossas mulheres (18): Mulher é ...mulher (José Brás)

Guiné 63/74 - P7910: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (78): Na Kontra Ka Kontra: 42.º episódio




1. Quadragésimo segundo episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 7 de Março de 2011:


NA KONTRA
KA KONTRA


42º EPISÓDIO

Aproxima-se o dia da boda e são os próprios noivos que decoram a capela com uma única espécie de flores: Narcisos poetas.

O casamento do Alferes Magalhães na
capela da Boa Nova.

O casamento é celebrado pelo pároco de Leça da Palmeira. São tiradas as fotografias da praxe e o almoço de casamento é servido no restaurante ali ao lado. Ao fim da tarde, o agora casal, segue para a viagem de núpcias. A intenção é irem ao longo da costa até ao Algarve. Porém no primeiro dia não passam de Coimbra…

De boas intenções está o inferno cheio, como se costuma dizer e é bem verdade: No segundo dia não “conseguem” passar de São Martinho do Porto e no terceiro, de Óbidos… Depois Lisboa foi uma autêntica barreira para continuarem mais para Sul. Para isso também contribuiu muito o terem ficado alojados num Hotel em plena Baia de Cascais, local espectacular que ele conhece muito bem. No curso intensivo sobre Informações que tinha tido em Lisboa antes de ir para a Guiné, tinha ficado alojado na messe dos Altos Estudos, em Pedrouços, perto de Cascais.

Nos dias que aí se mantêm, sempre lhes servem o pequeno almoço na varanda do quarto após o que rumam à capital onde muito há que ver. Não deixam de ir à feira da ladra, outro sítio que o Alferes conhece bem pois é nas imediações que se situa o “Casão” da Manutenção Militar e também o departamento onde o então Aspirante Magalhães frequentou o tal curso intensivo.

Já de regresso ao Porto, resolvem parar no “Pedro dos Leitões” pois ambos gostam muito de leitão à Bairrada. Quando estavam a deliciar-se com tal petisco notam que na maioria das mesas se come pescada ou bacalhau. Acham muito estranho ir àquele local e não comer leitão. Seguem viagem. Chegados a casa dos familiares comentam o caso do restaurante. Resposta imediata:

- Então não sabeis que hoje é Sexta-feira Santa? Como o amor é cego…

Até acabarem as férias da Páscoa da agora esposa de Magalhães Faria, os dois aproveitam todas as horas vagas da mulher para conhecerem melhor o Minho, com o seu verde inconfundível.

Quando dá por ela, o nosso Alferes já está metido num avião a caminho da Guiné, mas pouco tempo está em Bafata e, na Guiné. Acaba a comissão e regressa à Metrópole, agora no navio “Carvalho de Araújo”, mais um cargueiro adaptado para o transporte de tropas.

Chegada do navio Carvalho Araújo ao Funchal.

Passa pela ilha da Madeira que não conhece e aproveita as seis horas disponíveis para, numa excursão encomendada ainda do barco em alto mar, visitar o que é considerada a paisagem mais espectacular da Madeira: A Eira do Serrado de onde se vê a povoação do Curral das Freiras, uns setecentos metros por baixo de uma escarpa quase na vertical.

Madeira. O Alferes Magalhães na Eira do
Serrado com o Curral das Freiras lá ao fundo.

Em Lisboa, o ainda Alferes Magalhães, desembarca por volta das nove da manhã e como era de rendição individual, toma um táxi, leva as malas à Estação de Santa Apolónia onde as deposita e sempre no mesmo táxi vai aos Adidos e à sua Unidade de Mobilização, o RAL 1, tratar da sua desmobilização. Chega novamente a Santa Apolónia, paga a corrida de toda a manhã com uma nota de cinquenta escudos e ainda tem tempo para almoçar um óptimo coelho de cebolada, num restaurante ao lado da estação.

Porque do barco, por questões de segurança, não se podiam mandar telegramas, apenas receber, o agora simplesmente Magalhães Faria não pode avisar ninguém da sua chegada, pelo que aparece no Porto de surpresa.

Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Março de 2011 Guiné 63/74 - P7905: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (77): Na Kontra Ka Kontra: 41.º episódio

Guiné 63/74 - P7909: O Nosso Livro de Visitas (106): Manuel Alberto Cunha Bento, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista no CAOP 1

1. Mensagem de Manuel Alberto Cunha Bento, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do CAOP (Chão Manjaco), com data de 5 de Março de 2011:

Boa tarde colegas
Só ultimamente tenho entrado no blogue, mas sinceramente como não sou nenhum perito em informática é-me muito difícil compreender como isto funciona. Agora que estou reformado e tenho vagar, vou tentar descobrir.

Vi as várias noticias do massacre no CHÃO MANJACO, onde os 3 Majores e Alferes foram assassinados. Eu pertencia ao CAOP, era Cabo Telegrafista e estava sempre em contacto com os referidos oficiais.

Alguém do Agrupamento lhes prestou uma homenagem por escrito e deu-me uma fotocópia que eu guardei nos meus arquivos, e que junto para ser inserida no blogue se acharem conveniente.

Gostava de encontrar os seguintes camaradas, que além dos referidos oficias, também faziam parte do CAOP:

Alf Mil Giesteira, Fur Mil Bento, o Lisboa, o Nunes, o 2.º Cabo Faria, José Carlos e outros que agora não me lembro, pois fomos todos em rendição individual e éramos cerca de uma dúzia.

Por agora é tudo. Aguardo noticias.

Cumprimentos
Manuel Alberto Cunha Bento
manuelben@gmail.com
Telem 969 609 701


Majores Joaquim Pereira da Silva e Raul Passos Ramos, Alf Mil Fernando Giesteira Gonçalves e Major Magalhães Osório
Foto: Maria da Graça Passos Ramos / Círculo de Leitores. In: ANTUNES, J.F. - A Guerra de África: 1976-1974. Vol. I. Lisboa: Círculo de Leitores. 1995. p. 373. (Com a devida vénia...).



2. Comentário de CV:

Caro Manuel Bento, muito obrigado pelo teu contacto e pelo envio da homenagem escrita feita aos camaradas, barbara e gratuitamente, assassinados no Chão Manjaco no dia 20 de Abril de 1970, tinha eu apenas três dias de Guiné.
Aquilo não foi um acto de guerra, foi um puro assassínio a sangue frio.

Esperemos que venhas a encontrar os camaradas que estiveram contigo no CAOP, como no teu tempo se designava, já que no dia 1 Agosto de 1970 passou a CAOP Oeste e poucos dias depois, no dia 22, a CAOP 1.
Temos na tertúlia um camarada, o ex-Alf Mil António Graça de Abreu, que esteve no já CAOP 1, entre 1972 e 1974.

Se quiseres aceitar, ficas desde já convidado a  integrar a nossa tertúlia, bastando para tal que nos envies uma foto tua actual e outra do tempo de tropa.
Diz-nos quando foste e quando regressaste e se estiveste sempre no CAOP em Teixeira Pinto.
Conta-nos uma pequena história para começares a participar, juntando algumas das fotos que tens guardadas.

Aceita um abraço em nome da tertúlia
O teu camarada
Carlos Vinhal
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7709: O Nosso Livro de Visitas (105): José Figueiral, ex-Alf Mil da CCAÇ 6 (Bedanda)

Guiné 63/74 - P7908: Parabéns a você (224): António Marques Lopes, Coronel DFA (Reformado), ex-Alf Mil da CART 1690 e CCAÇ 3 (Tertúlia / Editores)


PARABÉNS A VOCÊ

08 DE MARÇO DE 2011


Caro camarada Marques Lopes*, a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva.

Assim, vêm os Editores, em nome de toda a Tertúlia desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos.

Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.

__________

Notas de CV:

(*) A. Marques Lopes, hoje Coronel DFA na reforma, (Guiné 1967/69) foi Alf Mil na CART 1690 que esteve em Geba e na CCAÇ 3 que esteve em Barro.

(*) Marques Lopes tem um Blogue "Coisas da Guiné", dedicado às suas lembranças do tempo de guerra e já fora dela, nas suas palavras.

(*) 8 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5950: Parabéns a você (85): A. Marques Lopes, mouro de Lisboa disfarçado de morcão em Matosinhos faz hoje 66 luas... (Os Editores)

Vd. último poste da série de 1 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7881: Parabéns a você (223): Fernando Chapouto, Fur Mil Op Esp da CCAÇ 1426 (Tertúlia / Editores)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7907: Álbum fotográfico de Vitor Raposeiro (Bambadinca, 1970/71) (5): Há festa na tabanca...

 .
Guiné > Zona Leste > Sector L1  > Bambadinca >  1970  > Convívio no bar de sargentos, em meados de 1970 (ainda estávamos em lua de mel, a CCAÇ 12, e os "piras" do BART 2917, aqui representados pelo 2º Comandante, Maj Art Anjos de Carvalho, e o 1º Sargt Art Fernando Brito... As senhoras: à direita do Brito, a Helena, mulher do Carlão; à direita do Anjos de Carvalho, a esposa do Major de operações B.B. (Barros Bastos) e à sua direita, a mulher do Coelho, o Fur Mil Enf da CCS/BART 2917. Não me parece que tivesse sido o jantar de Natal, ou coisa parecida: nessa altura, as relações com o major Anjos de Carvalho, a três meses de acabar a nossa comissão,  eram muito tensas... Inclino-me mais para uma festa de anos, logo no princípio da chegada do BART 2917 a Bambadinca, que veio render o BCAÇ 2852... Pede-se ao pessoal da CCAÇ 12 e do BART 2917, para completar as legendas...(LG)




"Aqui do lado direito: 1º o falecido Rodrigues [Alf Mil do 4º Gr Comd da  CCAÇ 12], a seguir o Carlão [Alf Mil do 2º Gr Comb da CCAÇ 12], em 3º o Branquinho (de Évora) [ Fur Mil da CCAÇ 12, do 1º Gr Comb] e do lado oposto parece-me ver o 1º sarg Brito (tendo em atenção as fotos anteriores, à sua direita, encoberta, a mulher do Carlão), o maj Anjos de Carvalho [2º comandante do BART 2917]. Que raio de jantar terá sido este? Já não me lembro. Oficiais do Bart junto com sargentos da CCAÇ12?" (Legenda: Humberto Reis)




"Ao fundo brilham os óculos do 2º sarg Piça, á direita com a boina no ombro o ex-fur Mil Enfermeiro do 1917, o Coelho (era de Évora), à direita do Piça o 1º sarg da engenharia ( tal que dizia "pró Xime? Vão lá os cabos que são novos")... Reconheço-me eu com a minha pera, ao lado do camarada o que está com o copo na boca, e o que está de frente e ao lado, com bigode, já não me lembro quem são. [Em primeiro plano, de perfilç, de bigode o Vacas  de Carvalho, o comandante do Pe l Rec Daimler]." (Legenda do Humberto Reis)

Fotos: © Vitor Raposeiro (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


 Fotos do Álbum do Vitor Raposeiro (ex-Fur Mil, Radiotelegrafista, STM, de rendição indiviual, que passou por Aldeia Formosa, Bambadinca, Bula e Bissau, 1970/72) (*).
___________

Nota de L.G.:



Guiné 63/74 - P7906: Convívios (297): Almoço/convívio do pessoal da CART 2519, dia 7 de Maio de 2011, no Moita do Ribatejo (Mário Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem:
CART 2519 OS MORCEGOS DE MAMPATÁ OS COIRÕES

ALMOÇO/CONVÍVIO
Fazemos este ano 40 anos que chegámos da Guiné, vamos comemorar esta data no dia 7 de Maio de 2011 na Quinta do Branco – MOITA DO RIBATEJO, com concentração dos Coirões junto às instalações da CP.
Programa
10h00 – Início da concentração (Largo da Estação da CP)
12h00 – Recepção na Quinta do Branco
12h30 – Entradas e aperitivos na esplanada
13h00 - Almoço servido no (Salão)
15h00 – Baile
17h00 – Abertura do Bufete (lanche)
18h00 – Partir do bolo e espumante
19h00 – Encerramento
Almoço – Sopa do Mar, Vitela assada c/batatinhas assadas e legumes, Gelado á Chefe. Bebidas – Vinho Tinto e branco, Cerveja, sumos e águas, café e digestivo.
Haverá – Imperial, sumos e águas durante a tarde. Bufete (Lanche) – Camarão, Leitão, Lombo de Porco, Franguinhos, Presunto, Carnes frias, Enchidos, Saladas várias, Pastelaria e Doces vários.
Nota – Os Whiskys e Aguardentes velhas não estão incluídos.
Custo p/pessoa: 35 Euros.
Crianças até aos 10 anos: 17,5 Euros.
Crianças até aos 4 anos: Estão isentas.
Transportes
Os camaradas que optarem por virem de comboio, tanto do Norte como do Sul, devem utilizar a Estação do Pinhal Novo, com ligação á MOITA DO RIBATEJO.
A comissão
Mário Pinto...... Telef. 212051384 ou 931648953
Inácio................ Tel 922094072 ou 965268234
Edmundo.......... Tel 963735598
__________
Nota de M.R.:
Vd. o último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P7905: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (77): Na Kontra Ka Kontra: 41.º episódio




1. Quadragésimo primeiro episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 6 de Março de 2011:


NA KONTRA
KA KONTRA


41º EPISÓDIO

Os dias vão passando e em determinada altura o Ibraim confidencia ao amigo que pretende ir para a Metrópole trabalhar. O pai, Régulo de Canquelifá, estaria disposto a ajudá-lo com dinheiro. O Alferes, medindo bem as palavras, pois não quer criar outra situação de melindre, diz-lhe que na Metrópole a vida não está fácil, principalmente para um africano e que ficaria lá totalmente desinserido do resto da sociedade. Enriquecer só com o fruto do trabalho será uma ilusão.

Pareceu ao Alferes que o amigo não gostou das suas advertências dado que nos dias a seguir deixou de o ver pelo cinema. Passam duas semanas sem o Ibraim ser visto. Avoluma-se no Alferes a ideia de que o amigo estivesse novamente agastado com ele.

Numa ida ao cinema onde ia ver o “Marnie” do Hitchcock, novo “NA KONTRA” com o amigo que explicou o motivo da sua ausência, concluindo o Alferes que o Ibraim não tinha nada contra ele.

O Ibraim tinha sido chamado a Bissau para prestar provas, pois tempos atrás, tinha concorrido a um curso para Pára-quedistas.

Muito mais tarde soube que o Ibraim não tinha sido admitido no curso apesar de parecer física e intelectualmente muito apto. Consequências dos exames médicos? Se assim foi nada disse pois talvez quisesse ocultar que tinha qualquer problema se saúde.

Março de 1970. O Alferes Magalhães vai novamente de férias, desta vez para se casar. O Alferes tinha conhecido em Bafata um soldado africano, o Seidi, que ia ser julgado em tribunal militar em Bissau. Este pedira-lhe que o fosse ver à prisão quando passasse por Bissau, onde sabia que iria ficar preso.

Chegado à capital, de imediato vai a Santa Luzia onde sabe que fica a prisão. Quer resolver logo o prometido. Já perto da prisão ouve chamar. Era o Seidi, que depois de muitas queixas quanto ao tratamento dos presos, e uma vez que era muçulmano, lhe pede para interceder junto do Major responsável pela prisão, no sentido de não lhe darem vinho às refeições substituindo-o pelo correspondente “patacão” para poder comprar o que mais necessita.

Despedem-se e o Alferes vai fazer o pedido ao Major. Ainda não tinha acabado de explicar a situação e já o Major aos berros, perfeitamente possesso:

- Não conhece o RDM? Não sabe que não se podem visitar presos sem a minha autorização? O que é que o nosso Alferes faz aqui em Bissau?

- Vou de férias à Metrópole.

E aos berros continuou:

- Ia, ia.

Em circunstâncias normais o Alferes teria reagido mas, vendo a sua vida, e não só a sua, a andar para trás, comete o que ele considera a maior humilhação da sua vida.

- Mas, meu Major, não vou só de férias. Vou casar e está tudo marcado para o casamento.

O Major como que limpa a espuma, qual besta enraivecida e manda o Alferes embora. Da tropa também faz parte isto.

Não acontecem mais peripécias e o Alferes Magalhães embarca no Boing 727, rumo à Metrópole. Revê novamente com agrado a costa africana e após a prevista escala na Portela chega ao Porto.

Desta vez não tem dúvidas de quem estará à sua espera. Como sabe que depois das férias já vai estar pouco tempo na Guiné sente-se como se já estivesse em casa definitivamente.

Como o casamento está marcado para quinze dias depois, aproveita para, juntamente com a noiva, reverem a família no Nordeste Transmontano, de onde ambos são oriundos, cada um de sua aldeia: Uma quase debruçada sobre o fértil Vale da Vilariça, a outra nas encostas do “selvagem” rio Sabor. Quer um quer outro gostam muito das suas aldeias, principalmente pela alternância de montes e vales que caracterizam a região. Magalhães Faria, embora gostando muito da Guiné, só lhe põe um defeito: Não ter o relevo que há em Trás-os-Montes.

O vale da Vilariça envolto em nevoeiro.

Revistas as respectivas famílias, dão grandes passeios pelas encostas do rio Sabor. Visitam o castelo roqueiro da Marruça de onde se aprecia uma paisagem única em Portugal: O rio serpenteando ao fundo da ladeira e, de onde em onde, antigos moinhos. Nas imediações não há viv’alma e o local convida ao amor… Regressam já noite à povoação.

O rio Sabor visto do Castro da Marruça.

É preciso ultimar os preparativos do casamento e ambos voltam ao Porto.

Aproxima-se o dia da boda e são os próprios noivos que decoram a capela com uma única espécie de flores: Narcisos poetas.

O casamento do Alferes Magalhães na
capela da boa Nova.

O casamento é celebrado pelo pároco de Leça da Palmeira. São tiradas as fotografias da praxe e o almoço de casamento é servido no restaurante ali ao lado. Ao fim da tarde, o agora casal, segue para a viagem de núpcias. A intenção é irem ao longo da costa até ao Algarve. Porém no primeiro dia não passam de Coimbra…

Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7896: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (76): Na Kontra Ka Kontra: 40.º episódio

domingo, 6 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7904: Recortes de imprensa (40): Ruínas de uma guerra e ódio destruidor de uma liberdade não preparada (D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro, Diário de Aveiro)

1. Recorte do jornal Diário de Aveiro enviado por  Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), em mensagem do dia 1 de Março de 2011, que publicamos com a devida vénia ao referido Jornal e ao autor do artigo de opinião nele contido:



Clicar na imagem para ampliar
____________

Vd. último poste da série de 11 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7765: Recortes de imprensa (39) "Não queria morrer sem voltar à Guiné... E já voltei" (J. Casimiro de Caravlho, JN - Jornal de Notícias, 6/2/2010)

Guiné 63/74 - P7903: Álbum fotográfico de Vitor Raposeiro (Bambadinca, 1970/71) (4): Em Bula, com o Cap Cav Salgueiro Maia, e com o Gen Spínola



Guiné > Região do Cacheu > Bula > O Cap Cav Salgueiro Maia (comandante da CCAV 3420, Bula, 1971/73) observando a visita do Gen Spínola a Bula em Fevereiro ou Março de 72. 



Guiné > Região do Cacheu > Bula > 1972 > Visita do Gen Spínola em Fevereiro ou Março de 72 



Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa  > Junho ou Julho de 1970 > Operação helitransportada com tropas especiais...

Fotos: © Vitor Raposeiro (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


Fotos do Álbum do Vitor Raposeiro (ex-Fur Mil, Radiotelegrafista, STM, de rendição indiviual, que passou por Aldeia Formosa, Bambadinca, Bula e Bissau, 1970/72) (*).



1. Mensagem de Vitor Raposeiro, com data de 19/11/2009:


Companheiros:


Ontem quando me referi ao dia 13 de Janeiro está claro que foi em 1971 e não em 1970 (*), pois neste ano ainda não tinha chegado à Guiné.Eu acho que vocês perceberam o lapso. 

Aqui vão mais algumas curiosidades,  não de Bambadinca,  mas tambêm são interessantes para a história da Guiné daquele tempo. Vivo em Setúbal e conheço bem o Durães.

Primeira  foto: visita do Gen Spínola a Bula em Fevereiro ou Março de 72. As fotos que fiz foram com o zoom no máximo pois fomos proibídos (toda a tropa) de sair do quartel porque ele queria provar aos jornalistas estrangeiros que o povo estava com ele e o resto era propaganda anti-lusitana.

Segunda foto: o Capitão Salgueiro Maia e outros oficiais e sargentos observam a cena em cima de um dos abrigos do quartel. Quando tiver tempo e pacência conto-vos uma história que se passou entre mim e o Cap Salgueiro Maia que só no dia 25 de Abril eu percebi e dei valor.

Terceira foto,  tirada em Junho ou Julho de 1970. Refere-se a uma grande operação helitransportada com tropas especiais,  etc. Observe-se a arma que o Parafuso está a usar.Tenho muito mais fotos desta operação.Bom por agora já

Chega,  já me doem as costas de tanto escrever. Saudações do Vitor
___________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 4 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7898: Álbum fotográfico de Vitor Raposeiro (Bambadinca, 1970/71) (3): O malogrado Fur Mil At Inf Luiciano Severo de Almeida (CCAÇ 12, 1969/71)