terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7430: Convívios (287): Novo Encontro da Tabanca da Linha (3) (José Manuel Matos Dinis /Miguel Pessoa/Mário Fitas)


1. O nosso Camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), enviou-nos, em 12 de Dezembro de 2010, a seguinte mensagem, com fotos de Mário Fitas e Miguel Pessoa:
Almoço da Magnífica Tabanca da Linha

Aguardava-se com grande expectativa o almoço de confraternização realizado no passado dia dez, uma sexta-feira, dia aziago para os que vivem de crendices, potenciado pela recordação do último que se realizara e merecera fartos comentários sobre a qualidade alimentícia, e o preço esportulado, todos coincidentes no que em linguagem comum se designa por barretaço.
A expectativa alargava-se a outras áreas de acção terrorista, com as anunciadas presenças do Dinis e do António Graça de Abreu, que têm brindado o estimado público com ameaçadores postes e comentários, enrijecendo a luta dos pontos de vista sobre a guerra santa, de quem ganhou e quem perdeu, sobre os vilões e os heróis, sobre complexos esquerdizantes ou reaccionários, com mais ou menos propósito, pois como todos sabiam, e mostravam-se apreensivos, em tempo de guerra não se limpam as armas. Luta-se com tudo, até à dentada. E foi assim que a coisa se resolveu.

Contavam-se as espingardas, e misturavam-se os simpatizantes na óbvia tentativa de se neutralizarem, quando os litigantes se encararam e correram um para o outro de braços abertos a selar uma paz, provisória, que permitisse refazer forças pela aliança estratégica no ataque ao almoço. Abancaram os senhores da guerra onde os outros permitiram, que isto de resolver os problemas do estômago não tem favoritos.
Conversaram os participantes sobre os mais variados temas, trazendo à evidência que a história da Guiné ainda está por fazer, mormente, no que às refeições dizia respeito, essa indesmentível fonte de moral e capacidade, que um certo bardo ainda não acabou de as cantar.
Todos juntos, eram mais de vinte e dois, incluindo três simpáticas senhoras, as esposas do Marques, do Humberto Reis e do Miguel Pessoa, a nossa Giselda.


Após o repasto, quando as conversas reatavam de vitalidade, o Zé Carioca fez uma nova prelecção sobre os objectivos e necessidades para uma associação de solidariedade para com os jovens guineenses, que lhe anda a matutar no toutiço há muito tempo e, agora, pretende concretizar. A dedicação apresentada com alguma nervoseira, mereceu palmas.
Tiraram-se retratos para a posteridade, anunciou-se a pretensão do Alberto Branquinho querer comprar uma casa na linha, com vista para o mar, ou outro privilégio que convença a esposa à mudança, e, vim a descobrir, só para fazer parte integrante dos membros da Magnifica.


Notaram-se faltas: em primeiro lugar a do impulsionador desta Tabanca, o Rogério Cardoso que se debate com dores no meio das vértebras (a ver se alguém providencia uma bagaceira que lhe restitua a alegria de viver); em segundo lugar, o sempre requisitado Luís Graça, que não resistiu aos apelos de uma belíssima aluna para lhe fazer um exame (não é para todos, sosseguem, isto de fazer exames às melhores alunas, é só para quem tem muita experiência e continua a praticar); em terceiro lugar, menciono todos os restantes atabancados e voyeurs, que não sabem o que perderam.

Espero ter cumprido a minha parte com discrição, pois nem sequer mencionei o vinho que, pecaminosamente, o Fitas derrubou sobre o Rosales, sabe-se lá porquê, pelo que dou por terminada esta tarefa, e vou fazer uma sesta que me ponha em paz com as volúpias bem combinadas do robalo com o tintol.
Abraços fraternos
JD
2. Também o nosso Camarada Humberto Reis (ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 12 - Contuboel e Bambadinca -, 1969/71, enviou um resumo das actividades deste convívio, com algumas das suas fotos:
Camaradas,
Aqui vão umas fotos da almoçarada de Natal realizada hoje, dia 10, da raparigada e rapaziada da Tabanca da Linha.
Foi no Restaurante de comida transmontana "O Infante" na estrada de Algés para Linda-a-velha. Não identifico o pessoal todo mas alguns são mais mediáticos que outros.
Reconhecem-se o Fernando Marques da CCaç 12, a esposa Gina, a Giselda, o Miguel Pessoa, o Gabriel Gonçalves tb. da CCaç 12, o Moreira da CCS do Bart 2917, o Graça de Abreu, o José Dinis, o José Carioca e o Mário Fitas dos Lassas de Cufar.

Aquele abraço
Humberto Reis
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Nota de M.R.:

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7429: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (37): Teixeira Pinto - Erro que podia ter sido fatal

1. Mensagem de Luís Faria (ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72), com data de 20 de Novembro de 2010:

Amigo Carlos Vinhal
Um bom dia.

Como as anteriores, mais uma passagem verídica de “Viagem…” que à altura me viria a afectar bastante em alguns dos dia-a-dias seguintes e que sai agora, ao fim de trinta e nove anos, do exclusivo conhecimento dos intervenientes.

Para ti Vinhal e para os que tiverem a paciência de ler, o meu abraço.
Luís Faria


Viagem à volta das minhas memórias (37)

Teixeira Pinto - Erro que podia ter sido fatal

Ao meu 2.º GRCOMB foi finalmente atribuído um descanso de dias na actividade operacional de intervenção, passando a operar em serviços e patrulhamentos, aliados a emboscadas na povoação e imediações, o que para nós era uma espécie de férias que nos começou a diminuir a tensão psicológica, levando-nos porventura a baixar um tanto a guarda, o que a acontecer, podia traduzir-se no facilitismo e no erro fatal.

Por muito pouco esse erro… não aconteceu,ficando-me de emenda, como responsável!

No meu 2.º GRCOMB, logo após as primeiras Operações na Guiné, tínhamos instituído que quem fizesse anos seria dispensado de qualquer serviço nesse dia, podendo inclusive e eventualmente, beneficiar também da dispensa de um amigo. Era de certo modo uma maneira de premiar o Pessoal mais que merecedor e ao mesmo tempo prevenir qualquer situação de fragilidade emocional potencialmente de risco, em especial na mata, onde a segurança devia ser sempre uma constante. Na situação em concreto (neste descanso), os graduados revezavam-se nas saídas, considerando a ausência ou diminuta periculosidade das mesmas.

A época das chuvas caminhava para o seu termo, não obstando a que fortes bátegas de água, mais ou menos prolongadas, se abatessem dos céus alagando tudo e que, ao esparramar-se no chão levantava uma espécie de nevoeiro, como se de um aspersor se tratasse.

Assim está o tempo nesse final de tarde em que íamos fazer um patrulhamento com emboscada nocturna pela Povoação e periferia próxima, com regresso previsto, salvo erro, pelas uma ou duas da manhã

Um e depois outro elemento do grupo pedem por licença de anos e pela presença no convívio de alguns amigalhaços. A autorização é-lhes concedida, já que foi considerada uma saída sem ou diminuto risco. Ao Castro (Fur Mil) digo-lhe que dado o pouco Pessoal que ia alinhar, não era preciso vir, pelo que ficou a descansar. O Barros creio que estava para… a Família!?!

Na parada, sob chuva séria, um 2.º GRCOMB (?!) composto por cerca de uma dúzia de elementos com armamento leve e sob o meu comando (só levava a Walter) apresenta-se ao Cap. Branco que, vendo o pequeno número de Homens, me interroga se estamos todos. Mediante a minha resposta afirmativa recebe a apresentação e arrancamos debaixo do aguaceiro.

A zona pré determinada para emboscar era algures entre o perímetro da Povoação e a Ponte Alferes Nunes. Pelo caminho íamos patrulhando a periferia.

Noite adentro e o dilúvio não abranda, ensopando-nos até aos ossos, apesar da protecção dos ponchos. Ainda um tanto afastados da zona de emboscada reparo em duas moranças isoladas à face do caminho e para não nos castigar mais, resolvo e dirijimo-nos para a protecção dos seus beirais zincados. Pareciam inabitadas.

Digo à rapaziada para se abrigar mas, por estarmos fora de zona não queria barulho de molde a acordar ou sermos pressentidos pelos eventuais moradores, já que se o “baldanço” chegasse aos ouvidos do Comando, na certa me lixava. O Cor Pára Durão não era para brincadeiras!!

A Rapaziada anuiu satisfeita e por lá fica abrigada, em conversa sussurrada à mistura de umas cigarradas. Avisados de que vou fazer a segurança e verificar o terreno, afasto-me por um trilho na perpendicular, entre capim alto, que a uma trintena de passos se divide à minha direita com um outro que parece ir na direcção da povoação. Logo a seguir a essa bifurcação, resolvo posicionar-me do lado direito, aninhado sobre os calcanhares e dissimulado no capim, quase à face do trilho, de molde a poder perscrutá-los, ficando coberto pelo poncho e em observação por uma nesga do capuz cerrado sobre a cabeça.

O tempo vai passando e da Rapaziada atrás de mim, não ouvia qualquer barulho, talvez por terem seguido o meu pedido ou por o som ser abafado pelo ruído do aguaceiro.

A chuva continua a cair com força e a dada altura parece-me distinguir a uma vintena de metros, vultos silenciosos na noite que se aproximam, vindos em fila pelo trilho na minha direcção! Surpreso, empunho a Walter, encolho-me e fico estático. Os olhos aguçam-se-me tentando perceber se é população, o que seria estranho àquela hora. Ligeiros continuam a avançar na minha direcção e começo a distingui-los melhor… parece-me… trazem armas… também um RPG! Grande porra, são turras… estou fod …!!


Sem hipótese de ir para junto dos meus, puxo-me lentamente um pouco para trás, aninho-me mais no capim com a Walter já em posição de fogo e fico pronto a disparar com o primeiro na mira. Tenho a noção de que um ou dois tombariam sem que em princípio e dado o meu posicionamento, algo me acontecesse ! O pensamento voa para os meus Homens que, se eu disparar ficarão no enfiamento dos tiros de resposta e serão apanhados de surpresa, na certa com graves consequências. Pena não levar granadas!

Um “flash” mostra-me três hipóteses possíveis: não me detectam e continuam em direcção ao Pessoal, só me possibilitando disparar quando a maioria já por mim tivesse passado, fazendo assim com que a resposta fosse na minha direcção (em principio não me atingiria) e como tal em direcção oposta aos Rapazes, que ao mesmo tempo ficariam alertados e interventivos.

A segunda hipótese, com sorte a melhor, seria eles virarem à esquerda pelo trilho sem me detectarem. A acontecer isso… não haveria tiros.

A terceira hipótese, ser detectado… a acontecer seria um cu de boi !!

A decisão está tomada, só disparo se for detectado ou se eles se dirigirem na direcção dos meus Rapazes. Resta aguardar. Preparado e estático, rezo para que não se ouça a Rapaziada desprevenida.

Continuam a aproximar-se ligeiros e em silencio… dez metros, cinco metros, um metro… estou em tensão, mas calmo e frio… começo a contá-los… vão-me passando pela frente quase me roçando, dezassete elementos com espaçamentos curtos - quinze metralhadoras visíveis, confirmados dois RPG e não um - que começam a virar à esquerda, só Deus sabe porque e vão desaparecendo na noite.

Estávamos safos, graças a Deus. Três ou quatro minutos se tanto que me pareceram uma eternidade, se tinham escoado. De imediato movimento-me e instruo o Pessoal, que de nada se tinha apercebido. Pelo “banana” AVP1 contacto o Comando, alertando para eventual flagelação e informando do observado.

O mote estava lançado… movimentações bélicas iriam acontecer… outra dor de cabeça ia começar !

Luís Faria
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7314: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (36): Teixeira Pinto, uma nesga do Paraíso

Guiné 63/74 - P7428: Parabéns a você (187): Agradecimento de Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872

1. Mensagem do nosso recente aniversariante Luís Dias*, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74, com data de 13 de Dezembro de 2010:

Camarigos Editores
A vida é, também, esta oportunidade de ter amigos que se lembram de nós e que no caso da Nossa Tabanca Grande se manifesta no não deixar passar em claro a data de aniversário de cada um de nós. Aos editores agradeço os parabéns, em especial ao Carlos Vinhal, pelas suas palavras (foi o editor que me recebeu quando da minha entrada no blogue).

Sou, “finalmente”, um sexagenário, um produto da maravilhosa colheita de 50. O tempo passou bem depressa, desde os tempos em percorria as ruas e becos de Alfama com os putos do meu tempo, em correrias desenfreadas, brincando aos índios e “cowboys”, ou participando em jogatanas apaixonadas de futebol e de hóquei. Foi o tempo de aprender, de acampamentos de escuteiros, de escutar e observar os valores, princípios e exemplos dos meus pais, dos primeiros namoros no Castelo de S. Jorge, de crescer e iniciar a caminhada pela vida.

O facto de ter feito anos a um Domingo proporcionou-me a possibilidade de juntar elementos mais chegados da família e um grupo de amigos (como também salientou o Vinhal) e de conviver num espaço que eu muito admiro: Jardim Zoológico de Lisboa, que continua lindo e assentar arraial no Restaurante Buffalo Grill (passe a publicidade).

Tive a oportunidade de agradecer pessoalmente à minha mãe (felizmente ainda viva, embora com a saúde debilitada), a forma como me criou e acompanhou ao longo desta vida, dando-me aquele carinho, aquele amor, aquele apoio, que só uma mãe sabe dar, quer nas horas boas, quer nas horas em que a vida não me correu tão bem. Rezei uma prece pelo meu pai, que já partiu há uns anos atrás (que saudades eu tenho dele) e agradeci a Deus o ter chegado a esta idade e esperar que me permita continuar nesta vida por muitos anos mais.

Depois do almoço a malta mais madura esteve em minha casa para beber uma garrafa Dimple (mais uma das velhinhas garrafas de uísque que ainda sobreviveu dos diversos “ataques” de amigos que vinham a minha casa e me iam pedindo para as abrir). Estava na minha posse há 38 anos, mas passou à história. Ainda me restam três heróicas e resistentes (Logan, Something Special e President), mas a seu tempo também marcharão.

Aproveito a oportunidade para agradecer a todos os camarigos que me parabenizaram através do blogue, de e-mails, sms e telefonemas (nomeadamente: Carlos Filipe, Santos Oliveira, Amílcar Ventura, António Graça Abreu, José Marcelino, António Tavares, Manuel Marinho, J. Belo, Torcato, Artur Soares, Adriano Moreira, Luís Faria, Juvenal Amado, Magalhães Ribeiro, Mexia Alves, J.Dinis, César Dias, Sousa de Castro, Eduardo Campos, Mário Miguéis, António Paiva, Mário Gualter Pinto, António Marques, B. Sardinha, Luís Graça, Luís Borrega, Jorge Picado, José Câmara, Felismina Costa, Helder Valério e Fernando Barata); fiquei com mais uns amigos no meu coração e abracei-os todos num brinde em minha casa.

Desejo expressar a todos elementos da nossa Tabanca Grande o desejo de longa vida, muita paz, prosperidade, com os votos de um Feliz Natal e um Bom Ano Novo.

Luís Dias

P.S. Caro Luís Graça em resposta à tua pergunta e face ao interesse sobre armamento, nomeadamente sobre a Kalashnikov versus HK-G3, em breve remeter-te-ei um histórico sobre os Fuzis de assalto, origens, o lado do bloco soviético e o lado ocidental, a actualidade, as “bull pup”, o futuro dos fuzis de assalto.
A talhe de foice, também o meu Benfica, resolveu dar-me uma pequena alegria cumprindo a função social e de marketing, ao enviar-me um sms de parabéns e especialmente ao ganhar ao SC Braga, hoje à noite, como lhe competia. Um dia em cheio, com excepção do raio da chuva que caiu durante o dia (o tempo a carpir lágrimas!!!).
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7422: Parabéns a você (186): Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Tertúlia / Editores)

Guiné 63/74 - P7427: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (34): A fama que vamos tendo por aí (César Dias)

1. Mensagem de César Dias* (ex-Fur Mil Sapador da CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71), com data de 11 de Dezembro de 2010:

Carlos,
Envio-te este e-mail que recebi só para veres a fama que vamos tendo por aí, este foi um camarada da recruta que seguiu depois para Angola, mas ficou doido com a dimensão do nosso blogue, disse-me que por ali podem fazer a história da guerra da Guiné.

Um abraço Carlos
César Dias


2. Olá César
Aqui vai o teu mail que enviei para os meus amigos.
Esta foi a minha prosa.

Abraço
Hipolito

3. Assunto: Maior Blog-Guerra Colonial-Guiné

Meus Amigos
Um ex-camarada da Recruta enviou-me um mail com este Blog que acho fantástico.
Nele está uma foto em que este vosso amigo se encontra. Foi no Juramento de Bandeira.

Na foto do dia 24 de Novembro, estou ao lado do camarada com a elipse a azul.
Situações do acaso. Este meu ex-camarada soube de mim através de algo que enviei para a revista do Combatente. Viu o meu nome (pouco comum) e o meu mail. Contactou-me e agora temos posto a nossa vida em dia.

Abraço
Hipolito



Recapitulando. Na foto: A encarnado Tony Levezinho, a azul César Dias e a amarelo Hipólito http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search?q=%22P7325%22


4. Comentário de CV:

Que se pode acrescentar?
Contra ventos e marés somos aquilo que somos e não aquilo de que nos querem apelidar.
Este comentário tem destinatário, pelo que a tertúlia deve ignorá-lo.

O camarada Hipólito fica no nosso Blog, nesta foto, assinalado a amarelo, ao lado do nosso camarada César Dias, por sua vez assinalado a azul.

Pela minha parte, pelo que fizeste do teu (nosso) blogue, obrigado Luís Graça.
CV
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 4 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7279: Parabéns a você (172): César Vieira Dias, ex-Fur Mil Sapador da CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71 (Editores/Tertúlia)

Vd. último poste da série de 11 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7420: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (33): Tradutora pede ajuda ao nosso blogue para as expressões zone-call e clock-code, usadas em especial pela artilharia (José Martins)

Guiné 63/74 - P7426: As nossas mulheres (11): Mulher é ...mulher (José Brás)

1. Andam os editores a tratar de um assunto delicado, um texto enviado por um camarada que nos suscita algumas dúvidas quanto à forma e ao conteúdo.
Pedimos opiniões a alguns camaradas, entre os quais incluímos o nosso tertuliano José Brás.

Depois de alguns considerandos, explanando a sua opinião, brindou-nos com este texto, para cuja publicação pedi a devida autorização.

Eis o exemplo de palavras, que ordenadas, nos transmitem uma sensação de melodia, harmonia e beleza.




2. Mulher é ...mulher!

No meu fraco modo de ver, acho que a mulher é a mais acabada síntese da beleza que só o universo encerra.

Mulher/mãe, mulher/irmã, mulher/amante, mulher companheira desta coisa complicada e lindíssima que é o viver, não merece peças daquelas e infelizmente é o que tem tido mais em vastos lugares do mundo, por vezes ao lado da nossa porta.

Séculos correram na crença do tal sexo fraco, da ideia de uma cópia mal feita de homem, incapaz de se encarregar de muitas e, sobretudo, de grandes tarefas.

Orgulhoso de seu erecto falo, o homem levou séculos para perceber a superioridade sexual da mulher, face à fal(ácia) da sua tão precária potência.

Encurralado pelo preconceito de macho, o homem nem percebeu que estava a deitar fora o melhor da festa, na recusa do que havia trazido da barriga da mãe mas que achava mais próprio de fêmea, a ternura, a sensibilidade, a vontade de partilhar, com isso, encurtando o acto meio comprado e consumido à pressa.

Podem bater-me, se assim o entenderem, porque não me coíbo de dizer que em minha opinião, a mulher é um ser mais perfeito e mais capaz do que o homem.

Não o digo apenas porque na minha longa experiência de piloto e de instrutor de voo, as mulheres foram os melhores alunos que tive. Entendendo mais rapidamente a matéria teórica, mais corajosas na aventura do voo, com maior sensibilidade para entender ao espaço, o movimento no espaço e os gestos necessários para manobrar.

Digo-o também por ter ouvido a Sobrinho Simões quando fala disso.

Digo-o também por ter ouvido a José Júlio, um dos maiores espadas da "toureria" portuguesa, de grande nome nas praças espanholas, anos a fio no topo do "escalafon" em duelo com os grandes nomes do seu tempo, hoje dirigindo uma escola de toureio em Vila Franca . Diz ele que a mulher tem maior noção do tempo e do espaço da lide, maior plasticidade nos passes e coragem que nunca é inferior à dos homens, sendo pena que os namorados lhe acabem por impor fim a uma carreira,

Poderia dar muitos outros exemplos mas não o farei porque me parecem suficientes estes que aqui trago.

Mulher, branca, negra, amarela... é ser para partilhar vida em igualdade de direitos e deveres de cidadania, de companheirismo e de amor.
E isso nada tem a ver com falsos conceitos de recusa da "mais velha profissão do mundo".

A mulher vende o corpo por muitos e secretos motivos individuais e também por consequências sociais que a empurram para tal prática.

No fundo, porque hoje me está a apetecer gramar com muitas críticas de milhentos camarigos que não me acompanham neste pensar, eu adianto ainda que é o corpo que qualquer operário vende quando, pelo trabalho e pelo salário, cria riqueza tangível ou intangível.

E digo mais ainda. É muito mais que o corpo que o poeta vende, quando coloca no mercado o produto das suas ânsias individuais, a sua alma e a sua subjectiva interpretação da vida e do mundo.

E nunca ouvi que lhe chamassem prostituta!
E a fechar...


3. Queria

Queria falar-te amor
deste veludo interior
que me afaga
nos sentidos
destes dedos/raizes
escalavrados aéreos/elos
do corpo fugitivos
na ânsia que sentem
pelo abismo
queria falar-te eu
mas no tom
de quem espalha a confiança
como um deus antigo
ou então
com a voz rouca
de incerteza
o gesto demorado
do pudor
os olhos vadiando-te
o corpo/mar
a ti mulher
depósito grandioso
e secreto
da ternura
queria eu falar
do meu amor
mas como
se nos separa já
a distância
à estrela da manhã?


José Brás
Toronto, 1987


4. José, permite-me que transcreva no teu poste uns versos que guardei há muitos anos, de José Gomes Ferreira**

CABARET
(À infalível prostituta, a um canto)

Se eu quisesse, tornava-te humana
Fazia-te chorar
as lágrimas que trago em mim
E beijava-te na boca
a menina que ainda existe
no fundo dos teus olhos
Mas não quero
Prefiro ver no teu corpo
o desenho da minha indiferença.
E sentir-te na pele
tudo o que há de vil na minh'alma
...e já não cabe em mim

__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 7 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7396: (Ex)citações (117): Transição da Soberania da Guiné, Idiotas e Ressabiados (José Brás)

Vd. último poste da série de 1 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6667: As nossas mulheres (17): Um pouco de mim (Ana Duarte)

(**) Em tempo: Informação prestada pelo nosso camarada Alberto Branquinho, porque eu desconhecia o autor dos versos que guardei durante dezenas de anos.

- Imagem retirada da Internete. As devidas vénias ao seu autor

domingo, 12 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7425: Operação Tangomau (Álbum fotográfico de Mário Beja Santos) (3): Dia 21 de Novembro de 2010

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Dezembro de 2010:

Malta,
Acabou-se a vagabundagem, Fodé Dahaba é o condutor dos eventos. Comecei o dia em apresentações, consegui uns minutos para ir até à Missão do Sono, depois a ponte do rio de Udunduma, Amedalai, Taliurá, Ponta Coli, Xime e Ponta Varela. Nos intervalos, bebi água, comi bolacha Maria, banana-maçã e goiaba.
Enquanto comprava fruta fui abordado por Demba Embaló, que me disse ser guarda-costas do Jorge Cabral e obrigou-me a escrever: 19662, espero que não seja nenhum código secreto, talvez um número mecanográfico.
Outro Demba, Demba Djau, anunciou-se: “Pertenci ao 1.º Pelotão da CCaç 12, peço a todos que me escrevam”.
E agora Lorde Torcato de Mansambo que se acautele: um tal Mamadu Baldé, que se apresentou como pertencente ao pelotão de milícias de Candamã, perguntou por ele. Amanhã, em Samba Juli, começarei as inquirições de que ele me incumbiu.
A minha vida mudou: jantar cedo, deitar cedo, levantar cedo. À cautela, tirei uma fotografia do pôr-do-sol, no Bairro Joli, sobre as bolanhas de Finete e Chicri. Deixara, em definitivo, o chão multiétnico de Bissau, pé entre pé estava a mergulhar no meu mundo.
Amanhã de manhã, vou atravessar Bambadinca sempre com os olhos rasos de lágrimas.

Um abraço do
Mário


OPERAÇÃO TANGOMAU - ÁLBUM FOTOGRÁFICO (3)

DIA 21 DE NOVEMBRO DE 2010

Este edifício era a Missão do Sono, sediada no Bambadincazinho. Depois do ataque de 28 de Maio de 1969, o Bambadincazinho, tal como a ponte do rio Udunduma, passou a fazer parte do plano defensivo, todas as noites um pelotão ficava aqui acantonado, na presunção de dissuadir qualquer ataque do PAIGC a partir do flanco do Xitole. À frente do edifício da missão, havia um gigantesco U com bidões cheios de terra e cobertura de cimento, seria a estrutura defensiva contra o ataque do IN. Aqui vieram “acampar” vários Pel Caç Nat, todos os pelotões da CCaç 12, isto entre 1969 e 1970. Ao amanhecer de 1 de Janeiro de 1970, o Bambadincazinho e a Missão do Sono ficaram a fazer parte dos eventos funestos do Tangomau. Passava das 5 e meia da manhã quando chegou o Xabregas (Mário Dias Perdigão) vinha buscar o contingente de duas secções do Pel Caç Nat 52. Sentei-me ao lado do Xabregas, Uam Sambu sentou-se ao meu lado e estendeu a mão a Quebá Sissé para o ajudar a subir. A fatalidade veio imediatamente. No momento em que o Unimog arranca sucedem-se vários tiros e Uam Sambu caiu-me no colo a esvair-se em sangue: “Ai, me alfero, mim muri…”. E morreu mesmo, para desgosto de nós todos e para a penitência de Quebá Sissé, que metera inadvertidamente a patilha na posição de fogo e, ao dar balanço ao corpo, meteu o dedo no gatilho.

Foi neste sombreado que se deu a tragédia ao amanhecer de 1 de Janeiro de 1970. O Unimog partiu à desfilada, como numa grotesca Pietá, eu levava Uam Sambu em agonia, o nosso médico, Joaquim Vidal Saraiva, tudo tentou, mas hemorragias provinham de órgãos vitais. Rapidamente evacuado, Uam Sambu terá já chegado morto ao HM 241. O Tangomau procurou falar com a sua viúva e lavadeira, Binta Sambu, vive para os lados de Gabu, foi o que lhe disseram. Deixou-lhe saudades e até um grande abraço do Cherno, pura mentira, pareciam o cão e o gato, ela partia todos os botões, ele protestava pois tinha que comprar material substituto e cozê-los. Estamos a menos de 50 metros da casa de Fodé Dahaba, na actualidade.

Quando cheguei às 8:30 do dia 21 a casa do Fodé, tinha um comité de recepção à minha espera. O “homem grande” é Alai Fuma, paizinho de Fodé. Combateu ao lado dos portugueses em Canhabaque, nos Bijagós, em 1936. Está rodeado de vários familiares e dois deficientes das Forças Armadas. Houve abraços e a sessão de cumprimentos terminou proverbialmente com uma oração dirigido a um Deus todo misericordioso que na sua bondade alegra o coração dos homens, reencontrando-os imprevistamente.

A segunda sessão de boas vindas juntou sobretudo mulheres e crianças das famílias Dahaba e Fati, a viverem na órbita do organizador do evento. O Tangomau pede desculpa pela pouca visibilidade da imagem, havia já uma luz tão crua que ele procurou pôr este comité de recepção no recato de uma boa sombra… e excedeu-se.

Findas as duas cerimónias de recepção, Fodé Dahaba deu largas à sua hospitalidade, começavam a chegar os milícias de Finete da sua secção. Aí o meu coração começou a tremer quando apareceu Samba Gêbo ou Samba Baldé, sempre pressuroso e afável, eternamente gaiato. O Tangomau escreveu no seu caderno: “Abracei-o a chorar, era o encontro da minha juventude, o Samba pedia-me livros, era um leitor infatigável. Não me admirei quando me perguntou: “Trouxeste livros para mim?”. Em voz alta, Fodé começou a dar ordens, anunciou que iriam a Amedalai continuar a ver a família. Seguiram todos num carro de combate disfarçado de viatura civil. Enquanto se conversa e naturalmente o Tangomau é questionado quanto ao número de mulheres e filhos (quantos machos, quantas fêmeas?), passam baratas e formigas que dão ferroadas. Na comitiva seguirão três filhos da terceira mulher de Fodé: Calilo, Iaguba e Braima.

Quando o Tangomau procurou a área correspondente ao antigo destacamento da ponta do rio de Udunduma encontrou a nova tabanca, com o mesmo nome. As mulheres dançavam, tanto quanto lhe foi dado perceber celebrava-se um corte de cabelo feminino, todas as mulheres posaram para a fotografia. Até se pode imaginar que nunca houve aqui um destacamento, é ainda por cima odiado por todos que aqui tinham que prestar serviço.

Samba Gêbo em pose sobre a velha ponte do rio de Udunduma. Era aqui que se situava um dos buracos mais infectos que dava por nome de destacamento. O Luís Graça e a CCaç 12 sabem do que falam. Talvez até o Jorge Cabral, não sei. Na retirada da flagelação de 28 de Maio de 1969, as forças do PAIGC tentaram destruir a ponte que cedeu ligeiramente na outra margem. À cautela, todas as noites um pelotão pernoitava perto da ponte em condições inenarráveis: camas a boiar em poças de água, abrigos com seteiras impróprias para responder ao fogo do inimigo, um arremedo de refeitório onde o corpo ficava ainda mais picado à hora do almoço e do jantar. Com a nova estrada Xime-Bambadinca, este caminho e esta ponte só servem a tabanca de Udunduma, que o Tangomau foi visitar, antes de chegar a Amedalai.

Uma perspectiva da nova ponte sobre o rio Udunduma a partir da velha estrada Xime-Bambadinca.

Era obrigatório, chegados a Amedalai, que o Tangomau perguntasse por um dos seus mais dilectos amigos, Mamadu Djau, o 126, bazuqueiro de elite, aquele que na noite de 16 de Outubro de 1969 dera a sua palavra de honra (e cumprira) que defenderia até à morte a coluna de sinistrados que o Tangomau lhe deixara à porta. Djau partira na antevéspera para um choro em Bissau e anunciara à família que tinha de voltar rapidamente para receber nosso alfero. Quando se chegara a Amedala, o Tangomau fora interpelado pelo homem que está sentado no centro, primeiro cabo José Carlos Suleimane Baldé, da CCaç 12. E dera a seguinte ordem: “Mostre-lhes a minha fotografia, quero que saibam que ainda existo, que penso em todos eles e que lhes mando um abraço”. Por detrás, temos a morança de Mamadu Djau e a sua família.

Quando perguntei pelo Mamadu Djau e alguém me disse que ele não estava, apresentou-se um jovem que disse ser “o macho mais velho”. O Tangomau disse-lhe que devia ter muito orgulho no seu pai, tanto pela sua bravura como pelas suas qualidades de carácter. Ele tudo ouviu sem fazer um comentário mas no final disse-lhe: “Tira fotografia, eu e os meus irmãos não temos uma fotografia juntos, é para lembrar a viagem do branco de quem o nosso pai está sempre a falar”. Embargado pelo pedido, o Tangomau não se fez rogado, aqui estão os Djaus, machos e fêmeas.

É o que resta da estrada do Xime, junto ao porto, reduzido a meia dúzia de estacas. O Tangomau pretende mostrar homenagem a quem alcatroou esta estrada que está adubada em sangue. São incontáveis os feridos nas emboscadas e minas. Este porto e esta estrada transformaram-se num ponto vital para o abastecimento do Leste, em finais de 1969. Por ironia, Mato de Cão perde a sua importância, os barcos de maior calado aportavam ao Xime, a partir de 1970 só atracam em Bambadinca as pequenas embarcações civis. A comitiva viera de Amedalai até ao Xime, na povoação o Tangomau foi novamente apresentado à família Fati, conheceu a viúva de Mankaman Biai, um guia muito competente que ele fez louvar quando foi responsável pela operação “Rinoceronte Temível”, que ocorreu em 8 e 9 de Março de 1969. E daqui partiu-se para Ponta Varela. Nas suas notas, o Tangomau escreveu, a este propósito: “Como é bom voltar a esta estrada que se viu crescer e que se protegeu ininterruptamente durante semanas, em Junho e Julho de 1970. Gostei muito de ver as novas tabancas dos manjacos em Taliurá e Ponta Coli”.

O Tangomau fora três vezes a Ponta Varela. Naqueles tempos de guerra, saia-se do Xime, ia-se por um caminho perto do rio Geba, flanqueava-se a bolanha através do interior de um palmar e depois subia-se pela velha tabanca. A partir daí, e sempre a corta-mato (o PAIGC tinha vários caminhos minados) seguia-se ou para o Poindom e depois Ponta do Inglês, ou atravessava-se a estrada Xime-Ponta do Inglês em direcção seja a Madina Colhido, Gundaguê Beafada ou mesmo Baio ou Buruntoni. Eram recordações tão impressivas, havias tantas e tais lembranças dos ataques às embarcações em Ponta Varela que o Tangomau fez questão de ir exactamente ao local do crime. Acontece que o local do crime está a sensivelmente a três quilómetros da actual tabanca de Ponta Varela. Foi uma viagem inesquecível, os raios solares, cor de ouro, infiltravam-se pelos cajueiros, atravessaram-se hortas, avistaram-se mangais, palmares, até que se chegou ao tarrafo do Geba. O Tangomau veio acolitado por um jovem de nome Mussá e Calilo Dahaba andou sempre na minha sombra, o pai não queria que me acontecesse qualquer desgraça… para que fique gravado para todo o sempre, os ataques às embarcações ocorriam neste ponto onde está um pilar em cimento que permitia a leitura das marés, é um pilar semelhante ao que está em Mato de Cão. Havia igualmente pilastras em cimento que suportavam uma escada em madeira: as pilastras estão lá, a madeira foi devorada pelos furores do tempo. Trata-se de uma obra dos anos 50, decorrente das actividades da segunda missão geo-hidrográfica da Guiné, coordenada por Manuel Pereira Crespo, que chegou a ministro da Marinha.

O leitor que se prepare, vai ver variações deste pôr-do-sol, tendo como fundo Finete e Chicri. Foi um dia de emoções, o Tangomau levantou-se cedo, tomou um banho de caneco, bebeu chá de erva cidreira, comeu doce de papaia, eram 8 horas quando chegou Fodé, Calilo, Iabuba e Braima. Os eventos sociais de Bambadinca deixaram marcas. A recepção dos Fati em Amedalai foi demorada, pela primeira vez na sua vida o Tangomau explicou o modo como Fodé Dahaba se sinistrara perto de Madina, no amanhecer de 22 de Fevereiro de 1969. A grande surpresa foi a viagem entre a tabanca de Ponta Varela e o local do Geba onde as forças do PAIGC atacavam as embarcações. Vezes sem conta, em Mato de Cão, o Tangomau ouvira o foguetório e algumas vezes recolheu vítimas que chegaram ao Cuor. Há mais duas variações desta fotografia, ficarão à disposição de quem as solicitar.

Fotos: © Mário Beja Santos (2010). Direitos reservados.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de Guiné 63/74 - P7417: Operação Tangomau (Mário Beja Santos) (4): 20 de Novembro, de Bambadinca para o Bairro Joli

Vd. último poste da série de 9 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7410: Operação Tangomau (Álbum fotográfico de Mário Beja Santos) (2): Dia 20 de Novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7424: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (25): Segunda parte do filme do meu tempo de tropa (Alcides Silva)

1. Mensagem de Alcides Silva (ex-1.º Cabo Estofador, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69), com data de 13 de Novembro de 2010:

Caro Carlos,
Aguardava qualquer informação sobre o caso da minha pequena brincadeira referente ao tempo de tropa*.
A 2.ª parte vai no LINK que se segue.

Para aceder à segunda parte do filme do nosso camarada Alcides, clicar aqui
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7416: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (24): Primeira parte do filme do meu tempo de tropa (Alcides Silva)

Guiné 63/74 - P7423: Agenda Cultural (94): A exposição A Marinha na República, Museu da Marinha, em Lisboa, Belém, até ao dia 5 de Janeiro de 2011 (Luís Graça)


Exposição A Marinha na República... Museu da Marinha, Lisboa, de 1 de Outubro de 2010 até 5 de Janeiro de 2011, das 10:00 às 17:00 horas.
 

A exposição, organizada no âmbito das Comemorações do 1.º Centenário da Implantação da República, está dividida em dois núcleos: (i)  o papel dos Marinheiros e Navios no desenrolar dos acontecimentos do 5 de Outubro de 1910; (ii) o papel da Marinha na Implantação da República e das unidades navais na primeira década do século XX.


Num primeiro núcleo evoca-se a participação dos Marinheiros, abordada de forma sequencial, desde os dias que precederam o Cinco de Outubro, sendo localizado no Arsenal da Marinha, que confinava com a Praça do Município, o Terreiro do Paço e o rio Tejo. O segundo núcleo  respeita aos Navios que a Marinha possuía em 1910 e em especial aos que estavam ancorados no estuário do Tejo na altura dos acontecimentos.


Este poste resulta de uma pequena reportagem feita a pensar sobretudo nos camarigos que, vivendo fora de Lisboa, não irão ter oportunidade de ver esta exposição de grande interesse cultural e historiográfico... Afinal, trata-se da nossa história e da nossa marinha... É também uma pequena homenagem aos nossos camaradas da Marinha que passaram pelo TO da Guiné, entre 1961 e 1974, bem como a todos os meus parentes, os Maçaricos de Ribamar, Lourinhã, que ao longo de séculos viveram (e ainda vivem) no mar, junto ao mar, com o mar, do mar,  para o mar e por causa do mar, servindo nomeadamente a nossa Marinha... (Um exemplo extraordinário de gente de gente corajosa e abnegada que não se deixa facilmente encantar pelas sereias de terra...). (LG)



O papel da Marinha foi determinante no triunfo da República em 5 de Outubro de 1910... O desenvolvimento da nossa moderna Marinha de Guerra está, por sua vez,  associado à reacção do País ao Ultimato Inglês, em 1890, e à expansão colonial...


Legenda > 1- Rotunda; 2- Quartel de marinheiros (em Alcântara); 3 - Baixa.... No estuário do Tejo, estavam ancorados três cruzadores (D. Carlos I, S. Rafael e Adamastor) e um navio de transporte (Pêro de Alenquer)...




A adesão de oficiais, sargentos e marinheiros aos ideais republicanos é explicada, na exposição, por factores de natureza sociológica: (i) duas importantes unidades da Marinha, em terra - o Arsenal da Marinha e o aquartelamento de marinheiros em Alcântara - situavam-se em zonas de habitação popular onde era maior a implantação do Partido Republicano; (ii) a longa permanência, no estuário do Tejo, de navios da Marinha, ou em fase de construção no Arsenal... Um desses navios, o cruzador Adamastor, tinha sido construído graças a uma subscrição pública nacional... 


Foto acima:  Os cruzadores da Marinha salvando a terra, aquando da proclamação da República. Imagem de Illustração Portugueza, nº 243, de 17 de Outubro de 1910.

As canhoneiras Zagaia e Lúrio navegavam, em 5 de Outubro de 1910, pelas águas de Cabo Verde e Guiné...



A esquadra de guerra portuguesa, em 1910, defendia a soberania do país nos diferentes territórios ultramarinos, desde a África à Ásia... Portugal dispunha de um couraçado (Vasco da Gama) e de cinco cruzadores (D. Carlos I, S. Gabriel, S. Rafael, Adamastor e Rainha D. Amélia)...


A canhoneira Pátria, óleo sobre tela, da autoria de Jorge Estrada (1906) (Museu da Marinha)... Construído no Arsenal da Marinha em Lisboa com fundos recolhidos por portugueses do Brasil, no âmbito de um Subscrição Patriótica... Entrou serviço da Armada em 1903...




O famoso Mapa Cor de Rosa (1886) cuja contestação, pela Inglaterra, levaria ao humilhante Ultimatum, de 1890... O  ultimato do governo britânico, então chefiado pelo primeiro ministro Lord Salisbury,  foi entregue a 11 de Janeiro de 1890 na forma de um Memorando que exigia a retirada das forças militares portuguesas, chefiadas pelo major Serpa Pinto,  do território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola (actuais Zimbabwé e Zâmbia).  Essa vasta região, de Angola à contra-costa, era reivindicada como direito histórico por Portugal. O  famoso Mapa cor-de-rosa terá nascido justamente da Conferência de Berlim (1884/85), na altura em que as grandes potências europeias (Inglaterra, Alemanha e França) disputam entre si a partilha de África...


Cartoon do grande Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905)... A claudicação de Portugal face às exigências britânicas será vista como uma suprema humilhação nacional pelos republicanos portugueses, que crucificaram o governo e o rei D. Carlos I. António de Serpa Pimentel será então nomeado primeiro-ministro, na sequência da queda do governo. Estes acontecimentos estão também na origem da criação de A Portuguesa, o nosso futuro hino nacional.


Sob a liderança do Ministro da Marinha, o açoriano Jacinto Cândido da Silva (1857-1926), e com a lei de 21 de Maio de 1896, Portugal iniciou um programa de modernização da sua esquadra de guerra, substituindo por modernos cruzadores as velhas e obsoletas corvetas mistas (compare-se a esquadra de 1880 com a de 19910). Foram construídos cruzadores no estrangeiro, em Inglaterra (D. Carlos) e em França (S. Gabriel e S. Rafael), mas também no Arsenal de Lisboa (Rainha D. Amélia)... Mas o primeiro cruzador a ser construído, em Itália, será o cruzador Adamastor, fruto da Grande Subscrição Nacional, uma campanha patriótica de recolha de fundos que mobilizou o país, na sequência da humilhação que foi o Ultimato inglês e da nossa incapacidade de resposta, política, diplomática e militar...




A canhoneira Chaimite, no Rio Tejo, em 3 de Outubro de 1898 (Foto do arquivo fotográfico do Museu da Marinha). Foi, além ao cruzador Adamastor, a outra unidade naval adquirida com os fundos resultantes da Grande Subscrição Nacional... Foi, além disso,  a primeira unidade naval a ser construída em aço, no nosso país, no estaleiros da Parry & Son, em Lisboa... Lançada à água em 1898, será abatida em 1920, aos efectivos da Armada, depois de intensa actividade operacional.




Ainda com os dinheiros da Grande Subscrição Nacional (, iniciada em Lisboa, no Teatro da Trindade, em 23 de Janeiro de 1890, doze dias depois do Ultimato), foram construídos duas lanchas-canhoneiras, a Pero d'Anaia e Diogo Cão, em aço, nos estaleiros da Parry & Son. Foram navios como este que participaram nas campanhas de pacificação em África, nos últimos anos da Monarquia e depois durante a República... Ambos os navios foram lançados à água em 1895... Na foto acima, a Diogo Cão "num dos rios africanos por onde navegou entre 1895 e 1910" (Imagem do arquivo fotográfico do Museu da Marinha).



O cruzador Adamastor... Entrou ao serviço da Marinha em 1897 e foi abatido ao efectivo em 1932.  A revolução industrial e os progressos tecnológicos no domínio da metalurgia permitiram substituir a vela e a madeira pelo aço e pela energia a vapor, bem, como equipar os novos navios com peças de artilharia mais potentes, sofisticadas e seguras. Houve igualmente uma revolução a nível do armamento e das transmissões: por exemplo, o cruzador D. Carlos foi a primeira unidade da nossa Armada a dispor de telegrafia sem fios (TSF).

Marinheiros do cruzador Adamastor, em exercício de manobras, em 1905. Na madrugada de 4 de Outubro de 1910, a guarnição tomou conta do navio e,  sob as ordens do 2º tenente Mendes Cabeçadas (1883-1965), foram disparados três tiros de artilharia, sinal de código, para as forças em terra, significando que os navios no Tejo estavam sob controlo dos revoltosos... (Pormenor de fotografia do arquivo fotográfico do Museu da Marinha).



Machado Santos (1875-1921), o "herói da Rotunda", tinha o posto de 2º tenente... Morrerá assassinado,  na noite de 19 de Outubro de 1921...





O resto da exposição é para se ver,com tempo e vagar, no Museu da Marinha, até ao próximo dia 5 de Janeiro de 2011. Sobre as comemorações do I Centenário da República, e as iniciativas culturais que se realizaram ao longo de 2010, vd. o sítio oficial da respectiva comissão.


Reportagem fotográfica: Luís Graça (2010) (com a devida vénia ao Museu da Marinha...)
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Nota de L.G.:


Último poste da série > 3 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7376: Agenda Cultural (93): A Sociedade Filarmónica de Crestuma (José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp, CART 1689, 1967/69)

Guiné 63/74 - P7422: Parabéns a você (186): Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Tertúlia / Editores)



1. Estamos de novo a festejar mais um aniversário. Desta feita, hoje dia 12 de Dezembro de 2010, completa mais um ano de vida o nosso camarada Luís Dias*, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74.

Caro Luís Dias, a Tabanca está aqui a dar o seu testemunho de amizade, desejando-te um dia cheio de alegria condizente com a data.
O domingo é um dia em que é possível juntar mais as pessoas pelo que provavelmente vais ter junto de ti muitas das pessoas que mais queres e que te querem.


Em nome da Tertúlia e dos editores deixo-te um abraço e votos de boa saúde

O editor de serviço
Carlos Vinhal




Guiné > Zona Leste > Sector de Galomaro > CCAÇ 3491 (1971/74) > "Chegada a Galomaro da CCAÇ 3491 [, pertencente ao BCAÇ 3872,]  no dia 9 de Março de 1973. No jipe podemos ver o Alf  Luís Dias, atrás o Fur Baptista,  do 1º Gr Comb,  e ao lado, a sorrir, um guerrilheiro do PAIGC que, no dia anterior, se tinha entregado a uma patrulha nossa na área do Dulombi. A arma é uma Shpagin PPSH 41, no calibre 7,62 mm Tokarev, mais conhecida por "costureirinha" e com a particularidade de ter um carregador curvo de 35 munições, em vez do habitual tambor de 71". (Foto do Luís Dias, reproduzida com a devida vénia, do seu blogue, Histórias da Guiné, 71-74:  A CCAÇ 3491, Dulombi.
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Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

30 de Maio de 2008> Guiné 63/74 - P2901: O Nosso Livro de Visitas (15): Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491 (Dulombi e Galomaro, 1971/74)

5 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3022: Tabanca Grande (78): Luís Dias, ex-All Mil da CCAÇ 3491, Dulombi e Galomaro (1971/74)
e
12 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5451: Parabéns a você (51): Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Editores)

Vd. último poste da série de 10 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7413: Parabéns a você (185): Fernando Barata, ex-Alf Mil da CCAÇ 2700, Dulombi, 1970/72 (Tertúlia / Editores)