terça-feira, 30 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7361: Contraponto (Alberto Branquinho) (19): Já que se falou de heróis

1. Em mensagem de 28 de Novembro de 2010, Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos mais um Contraponto:

CONTRAPONTO (19)

JÁ QUE SE FALOU DE HERÓIS…

1 – Herói, herói…
Mas, afinal, o que é um herói?
Eu próprio, passando por Bissau, fui chamado “herói” pelo pessoal do “ar condicionado” e não me senti nada bem. Já contei isso aqui, há uns tempos.

O Dicionário Francisco Torrinha, da Livraria Simões Lopes/Porto, edição dos anos 40 do século passado, define herói do seguinte modo (deixando de lado os heróis mitológicos, semideuses e afins):
«Homem extraordinário pelas suas proezas guerreiras;…………………………….».

O Dicionário Porto Editora apresenta a seguinte definição:
«Homem ilustre por feitos guerreiros ou de grande coragem;………………………….».

Finalmente o Dicionário HOUAISS (para que não se diga que não falei de “bossa nova”) caracteriza o herói do seguinte modo:
«1 …………;2…………..; 3 indivíduo notabilizado pelos seus feitos guerreiros, a sua coragem, tenacidade, abnegação, magnanimidade, etc. 4…….5……,6…….7…..8…..
9 indivíduo que desperta enorme admiração; ídolo………………………………….».


Portanto, é isto mesmo que todos temos em mente quando falamos de heróis, não interessando se esses feitos, proezas, etc. foram praticados em terra, no mar ou no ar, que é como quem diz por militares do Exército, da Marinha ou da Força Aérea.

2 - Mas, ao pensar exactamente nisso, surgiu-me a dúvida sobre se, no ideário (e imaginário) português, o conceito de herói é entendido como aplicável também aos que se destacaram ao serviço da Força Aérea. Ora, vejamos.

3 – Camões, n’”Os Lusíadas”, não inclui no conceito de herói, salvo melhor opinião, qualquer homem do Exército. Enaltece somente os feitos marítimos, a Marinha. Claro que não poderia ter cantado os feitos da Força Aérea, porque ela não existia ainda.
Tomemos como exemplo a terceira estância, logo no início do “Canto Primeiro”, quando Camões explica a obra a que se vai abalançar:

«…………………………………………………
………………………………………………….
………………………………………………….
………………………………………………….
Que eu canto o peito ilustre Lusitano
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
………………………………………................
………………………………………………..».


Note-se: os feitos do Portugueses nos mares foram tais que até Neptuno (deus do mar) lhes obedeceu. Não interessa, portanto, fazer especial menção aos humanos inimigos da armada Portuguesa (digamos, a Marinha).

- E Marte? - perguntarão. - O Deus da guerra também é referido por Camões.

Pois é. Mas, na minha interpretação, a referência que Camões faz à obediência prestada por Marte aos Portugueses, deve ser entendida como numa relação directa com Neptuno, portanto à guerra conduzida nos mares. No entanto, dou de barato que seja, também, uma referência às guerras apeadas feitas pelos Portugueses. Seja, portanto, uma menção aos feitos heróicos do Exército, na medida em que Marte é sempre representado com os pés assentes na terra e não embarcado.

Muito bem.
“Siga a Marinha!”

4 – Mas lembremos, agora, a letra do Hino Nacional. Há nela alguma referência à Força Aérea?
Duas passagens são de realçar:

(i) A Marinha em primeiro lugar: «Heróis do mar…»;

(ii) E uma passagem mais adiante:
«Às armas, às armas
Sobre a terra e sobre o mar
. …………………
»

Note-se: Exército e Marinha somente.
Onde está a referência (implícita que seja) à Força Aérea? Não há!

QUESTÕES:

– Será que para o ideário (e o imaginário) Português não há mesmo heróis da Força Aérea?

– Não deveria a Força Aérea constituir-se em “lobby” para conseguir que seja alterada a letra do Hino Nacional, de modo a fazer referência expressa aos seus heróis?


ANTES QUE OS ELEMENTOS DA FORÇA AÉREA COMECEM A LARGAR BOMBAS, vamos lá repor a verdade histórica e falar de uma curiosidade Portuense:

1 – “A Portuguesa”, apesar de muito anterior a 1910, só foi adoptada como Hino Nacional a seguir à implantação da República;

2 – A aviação só começou a ser Aviação já na parte final da Guerra 1914/18,

Portanto, a letra d’“A Portuguesa” nunca poderia conter qualquer referência à Aviação, então incipiente e não imaginada, então, como instrumento de combate e muito menos em Portugal.

3 – O feito de Gago Coutinho e de Sacadura Cabral no início dos anos 20 do século passado (que teve um grande impacto popular) está assinalado através de um bonito painel desses tempos (em bronze?) no “hall” da Estação de São Bento, no Porto.

Terá sido colocada numa construção destinada a albergar transporte ferroviário por não existir uma estrutura aeroportuária? Ou a razão foi outra?

Alberto Branquinho
__________

Notas de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7288: Contraponto (Alberto Branquinho) (18): Regresso

Aqui fica a letra (completa) de "A Portuguesa", de autoria de Henrique Lopes de Mendonça.
O autor da música foi Alfredo Keil


Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O Oceano, a rugir d'amor,
E teu braço vencedor
Deu mundos novos ao Mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal do ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!


Fonte: http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/portuguesa.html

Guiné 63/74 - P7360: Memória dos lugares (115): Fajonquito, fotos de Sérgio Neves, ex-Fur Mil Mec Auto da CCAÇ 674, 1964/66 (3) (Constantino Neves)

Fim da publicação das fotografias do espólio de Sérgio Neves que foi Furriel Miliciano na CCAÇ 674 (Fajonquito, 1964/66), irmão do nosso camarada Constantino Neves.


Fotos 17 e 18 > Foto tirada com camaradas. Em todas elas está um grande amigo dele, chamado Faria, que residia em Sobral do Monte Agraço, tão amigo, que pôs ao filho o nome de Sérgio. Há já algum tempo que perdi o contacto dele. Gostava muito de o rever.

Fotos 19 e 20 > Sérgio Neves em actividade fluvial

Foto 21 > Sérgio Neves ao volante do único carro de Fajonquito, na altura, [Simca]

Fotos 22 e 23 > Quando se tem sede, até um bom tinto, (não sei se do Alentejo, Algarve, Douro ou do Cartaxo), talvez seja da Manutenção Militar com toda a certeza.
__________

Nota de CV:

Vd. postes da série de:

26 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7341: Memória dos lugares (112): Fajonquito, fotos de Sérgio Neves, ex-Fur Mil Mec Auto da CCAÇ 674, 1964/66 (1) (Constantino Neves)
e
28 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7352: Memória dos lugares (113): Fajonquito, fotos de Sérgio Neves, ex-Fur Mil Mec Auto da CCAÇ 674, 1964/66 (2) (Constantino Neves)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7359: A última missão, de José Moura Calheiros, antigo comandante pára-quedista: apresentação do livro (1): Intervenção do cineasta António-Pedro Vasconcelos


Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > Intervenção, em último lugar, do autor do livro, A Última Missão, José Moura Calheiros, Cor Pára Ref, O título do livro é inspirado na missão, que o coronel chefiou, em Março de 2008, de recuperação dos restos mortais de três soldados pára-quedistas mortos em combate, em Guidaje, em 23 de Maio de 1973, e sepultados no perímetro do aquartelamento... Recorde-se aqui os seus nomes: Manuel da Silva Peixoto, de 22 anos, natural de Vila do Conde; José de Jesus Lourenço, de 19 anos, natural de Cantanhede e António das Neves Vitoriano, de 21 anos, natural de Castro Verde.

Essa missão acabou por levar o antigo oficial pára-quedista rever os anos de guerra em África, em três teatros diferentes, por ele duramente vividos, com o todo o seu cortejo de boas e más memórias.



Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > O cineasta António-Pedro Vasconcelos lendo a sua apresentação do livro do Moura Calheiros. Uma belíssima e inteligente "leitura" do livro de um grande militar português feita por um "paisano", que é também um dos grandes nomes do cinema português... Foi o Prof Rui Azevedo Teixeira, o prefaciador, quem sugeriu, ao autor, o nome do realizador de cinema e conhecido analista desportivo para apresentação da obra. Neste excerto Pedro Vasconcelos começa por evocar a nossa péssima relação com a memória... "Sempre me impressionou que os portugueses tivessem uma tão má relação com a memória"... Há um silêncio, nomeadamente no nosso cinema, na nossa literatura, na nossa ficção, sobre os nossos grandes momentos históricos, fruto da nossa tendência para esquecer em vez de lembrar, de ocultar em vez de mostrar, e sobretudo da dificuldade de nos confrontarmos com a verdade, com as ambiguidades e as contradições de que é feita a acção (individual e colectiva) dos homens e de que a história não pode deixar de dar conta...


Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > Aspecto geral da mesa. Na ponta direita está Moura Calheiros, ladeado, se não me engano, pelo Director da Academia Militar. Como cheguei atrasado, não consegui saber qual era exactamente a composição da mesa, mas presumo que seja a seguinte, a contar da esquerda: o editor ou o representante da editora, um elemento (feminino) da equipa do Moura Calheiros em Guidaje, uma das antropólogas forenses da Universidade de Coimbra... Não sei quem é 3.º terceiro da mesa, possivelmente o prefaciador da obra, o Prof Rui Azevedo Teixeira, especialista em literatura sobre a guerra colonial... O 4.º elemento era o António Pedro Vasconcelos, naquele momento a discursar.


Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > Três guineenses, o Dani, pára-quedista, do BCP 12, o António Estácio e o Manecas dos Santos (que tinha estado há dias com o Pepito no Cacheu, segundo me revelou, nos escassos dois minutos em que falámos. Estivemos juntos no Simpósio Internacional de Guileje, Bissau, 1-7 de Março de 2008, onde apresentámos comunicações) 


Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > O Humberto Reis, o Zé Martins e o Danif, o filho da Dona Rosa, de Bafatá (antigo pára-quedista do BCP 12).


Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > Uma longa fila, no final, na sessão de autógrafos... Acabei por não poder cumprimentar o autor, com quem já falei uma vez ao telefone há tempos... Transmitiu-me por sua vez o seu apreço pelo nosso blogue, embora tenha declinado o meu convite para ingressar na nossa Tabanca Grande, por razões que eu entendo perfeitamente.


 
Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > Excerto (segunda e última parte) do discurso de apresentação do livro, por parte do cineasta António-Pedro de Vasconcelos (n. 1939).

Fotos e vídeo (7' 46''): © Luís Graça (2010). Video alojado em You Tube > Nhabijoes. Todos os direitos reservados.


1. Foi hoje apresentado o livro, A Última Missão, do José Moura Calheiros, Cor Pára Ref, ao fim da tarde (mais cedo, um quarto de hora,  do que o que estava anunciado no nosso blogue). A sessão decorreu no Grande Auditório do Aquartelamento da Academia Militar, na Amadora, perante uma vasta de plateia de algumas centenas de pessoas, entre militares no activo e amigos e camaradas do autor, muitos deles ligados ao BCP 12.

Dos membros da nossa Tabanca Grande, consegui localizar o Humberto Reis, o José Marcelino Martins, o Carlos Silva (e esposa), o João Seabra (que forneceu várias fotos de Gadamael ao seu amigo Moura Calheiros), o Miguel Pessoa, a Giselda, o António Martins de Matos, o António Dâmaso, o António Estácio, só para citar alguns com quem falei...

Falei igualmente com o Danif, o filho da Dona Rosa, de Bafatá, irmão das libanesas, e antigo pára-quedista, que serviu na Guiné sob as ordens do Moura Calheiros (, portanto no BCP 12). Perguntou pelo Zé Brás, seu amigo, do tempo de Tomar... Com ele, estava o Manecas dos Santos, que foi convidado pelo Moura Calheiros para estar nesta cerimónia. O forte simbolismo da presença deste antigo guerrilheiro do PAIGC será sublinhado pelo autor do livro, na sua intervenção, a última da sessão. Recorde-se que o Manecas dos Santos foi um dos míticos comandantes do PAIGC,  responsável  pela Frente Norte e pela artilharia (incluíndo os mísseis Strela). Não sei exactamente se foi ele que comandou as forças do PAIGC que, em Maio de 1973,  fizeram o cerco  à guarnição portuguesa de Guidaje. Também não sei exactamente se foi  ele igualmente que comandou a emboscada à CCP 121 de que resultaram as mortes  dos soldados pára-quedistas. Em Maio de 1973, Moura Calheiros era então o 2º comandante e o oficial de operações do valoroso BCP 12.

A apresentação da obra (de cerca de 600 pp.) esteve a cargo do cineasta António-Pedro de  Vasconcelhos, de que se apresenta um excerto com a segunda (e última) parte. 

A obra, que foi vendida na sessão de lançamento a 25 €, tem a chancela da Editora Caminhos Romanos-Unipessoal, Lda., Porto (contacto por e-mail, na ausência de sítio na Internet: ac.azeredo@hotmail.com)


2. Breve nota biográfica sobre o nosso camarada José Alberto de Moura Calheiros:

(i) Nasceu em 1936 no Peso, Covilhã;

(ii)  Frequentou o Curso de Infantaria da Escola do Exército (1954-1957), hoje Academia Militar;

(iii) Foi admitido nas Tropas Pára-quedistas em 1959;

(iv) Cumpriu três comissões de serviço no Ultramar: Angola (1963-1965) e Moçambique (1967-1969) como comandante de Companhia de Pára-quedistas; e, por fim, Guiné (1971-1973) como 2º Comandante e Oficial de Operações do BCP12, COP4 e COP5 e ainda como Comandante do COP3;

(v) Em Tancos, foi Comandante do Batalhão de Instrução, Comandante do Regimento de Caçadores Pára-quedistas e Comandante da Escola de Tropas Pára-quedistas;

(vi) Em 1977-1981, nos seus três últimos anos de actividade como militar,  desempenhou funções de Chefe do Estado Maior do Corpo de Tropas Pára-quedistas;

(vii) Passou à situação de Reserva em Fevereiro de 1981;

(viii) É licenciado em Finanças pelo ISCEF – Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (hoje, ISEG -Instituto Superior de Economia e Gestão);

(ix) Desempenhou funções de técnico economista no Ministério da Indústria, IPE – Instituto de Participações do Estado bem como na Direcção Financeira de empresas;

(x) Dedicou-se mais tarde à gestão de empresas;

(xi) Hoje está reformado e afastado de qualquer actividade profissional.

Guiné 63/74 - P7358: José Corceiro na CCAÇ 5 (19): Pára-quedistas contra Gatos Pretos

1. Mensagem de José Corceiro (ex-1.º Cabo TRMS, CCaç 5 - Gatos Pretos , Canjadude, 1969/71), com data de 27 de Novembro de 2010:

Caros amigos, Luís Graça, Carlos Vinhal, J. Magalhães.
Estive uma semana ausente, mas já regressei.
Aqui me encontro, com as baterias recarregadas, a enviar mais uma descrição dum episódio que vivi em Canjadude, e que redigi, recorrendo ao que escrevi na época em que se deu o acontecimento.
Publicarão, se entenderem que é adequado.

Um abraço
José Manuel Corceiro


José Corceiro na CCAÇ 5 (19)

Foto 1 - Operação realizada o dia 26 e 27 de Abril, de 1971, ao Burmeleu, sudeste do Cheche. Na foto, onde ao amanhecer do dia 27, são visíveis os carregadores em, progressão, com os garrafões de água à cabeça.

CONFRONTO ENTRE TROPAS PÁRA-QUEDISTAS, CCP 123 E GATOS PRETOS, CCAÇ 5

Este meu artigo é também uma singela e sentida homenagem à lembrança dos três jovens heróis, que pereceram em Ganguiró, naquela fatídica manhã do dia 15 de Abril de 1971, quando a guerra lhe roubou todos os sonhos, na flor da idade…

MAMADU DJALÓ
AVELINO JOAQUIM GOMES TAVARES
CARLOS ALBERTO FERREIRA MARTINS

O mês de Abril de 1971 foi particularmente dificílimo para a CCAÇ 5 e para a população civil de Canjadude, tendo contribuído para essas contrariedades múltiplas complicações.

As inundações de água irmanadas com o capim, que há cerca de quatro meses eram um dos obstáculos que nos dificultavam o progredir nas bolanhas alagadas, durante as saídas para o mato, é agora a escassez dessa água, um óbice aliado concomitantemente com o calor tórrido, que ameaça abrasar tudo o que nos rodeia, que nos causam embaraço e são um quebra-cabeças quando fazemos operações para o mato, ao faltar-nos a água para matar a sede.

A carência de água é tão veemente sentida, que a continuar assim esta penúria de seca, aliada ao calor que ameaça torrar tudo, porque a chuva tarda em vir, vamos ser obrigados a ter que recorrer para nos abastecer de água, ao rio Corubal onde a poderemos captar (miragem de oásis no deserto - o Corubal dista de Canjadude mais de 18 quilómetros) para suprir as necessidades mais básicas. Quer a tropa quer a população civil estão a sofrer seriamente as consequências da insuficiência de água, que têm gerado conflitos entre os militares nativos e a população civil.

Foto 2 - Canjadude > Tínhamos logo uma bolanha alagada, na época das chuvas a 200 metros do arame farpado, lado nascente. Estão na água, o Ferra, o Monteiro, o Marques, o Montóia e o Viana.

Foto 3 - Vista do arame farpado, lado nascente, a bolanha que na época das chuvas está alagada, está agora seca.

Na Tabanca de Canjadude a população civil é de etnia Mandinga e o grosso dos militares são de etnia Fula, que por princípios culturais tradicionais rivalizam uma com a outra, com ódio de morte, ao ponto da população civil Mandinga ter vedado aos familiares dos militares o acesso à água dos dois ou três poços da tabanca. Os Mandingas argumentam, que toda a zona circundante, por aqui, é propriedade deles, por direito próprio, replicando que a sua conduta ao tamponarem os poços foi por necessidade, devido à exiguidade de água, e não uma atitude de vingança. No seu entender estão a comportar-se com civismo e gentileza para com os vizinhos, que têm que suportar, porque segundo dizem lhes foram impostos contra a sua vontade.

Enfatizam, dizendo, que já é um grande ultraje tolerar os vizinhos no seu meio, forçados que foram a cederem temporária e graciosamente, o espaço para as construções das tabancas, onde os fulas com as suas famílias habitam, disseminados entre as dos mandingas.

Foto 4 - Corceiro, com corda e balde, a tirar água do único poço que havia no Aquartelamento de Canjadude, que ficava localizado atrás do antigo abrigo de Transmissões. O poço tinha de profundidade entre 7 e 8 metros. Atrás está o Cripto Costa.

Foto 5 - Furriéis a construir o seu bar, visto o bar antigo ter sido destruído pelo incêndio. Rito, Perestrelo, Cabrita, Silva, Gonçalves e Laminhas. Não recordo o nome do africano.

Os reordenamentos em Canjadude, já desde o mês passado que foram totalmente suspensos, visto a população civil se ter desmotivado por completo e não quer colaborar na continuidade do projecto. O stock de alimentos na população da Tabanca, e porque aqui a agricultura é praticamente inexistente, já há muito tempo que se esgotou. Eu não sei como estas pobres alminhas conseguem sobreviver, sobretudo as crianças, com uma alimentação tão descompensada e míngua, porque os mais velhos lá se vão aguentando com a saliva do mastigar a castanha de cola?!

Foto 6 - Uma mãe de Canjadude, com alguns dos seus filhos.

Foto 7 - Uma família de Canjadude com a sua prole.

Foto 8 - Atrelado depósito para transportar água. Está junto da cozinha. Furriel Ramos, que foi o graduado que comandou o primeiro grupo que saiu de Canjadude, em direcção a Ganguiró, no dia 15. Infelizmente já não está entre nós.

Ultimamente na zona, a actividade do IN tem-se manifestado intensamente de diversas e variadas maneiras:

Dia 3 de Abril, Nova Lamego foi flagelado.
Dia 9, o IN levou a cabo uma grande flagelação a Cabuca.
No dia 4, dois pelotões da CCAÇ 5, quando eram transportados em viaturas para uma acção de patrulhamento a Liporo, na zona de Uelingará, picada Canjadude/Nova Lamego, durante a picagem detectaram-se duas minas anticarro, que foram levantadas com êxito.
Também as forças de Cabuca, numa coluna que realizaram a Nova Lamego, durante a picagem tiveram a sorte de detectar duas minas, que levantaram.
A actividade inimiga aqui na zona, não tem sido só proactiva contra as nossas tropas, pois têm havido incursões contra a população civil e também sobre alguns caçadores. Aconteceram assaltos e pilhagens nas Tabancas de Cansambael e Sincha Dembo, onde as populações foram molestadas e desprovidas de alguns dos seus haveres.

Foto 9 - No Aquartelamento de Canjadude, distribuição de alguns alimentos às crianças da tabanca.

A operacionalidade da CCAÇ 5 tem sido intensíssima, pois temos palmilhado tudo desde Ganguiró ao Burmeleu, passando pelo Cheche. Há excepção que merece realce durante estas correrias, houve indícios detectados por nós, cujos sinais e trilhos denunciaram ter havido organização e tentativa, não concretizada, para emboscar as nossas tropas, em Uelingará, só não terá acontecido e tido desenlace a emboscada, por desfasamento temporal entre a permanência do IN no local e a passagem das nossas tropas. Para além destas marcas, felizmente têm sido ténues os vestígios detectados da passagem do IN pela nossa área!

Como é que uma prática, que se afigurava tão rotineira e banal, envolvendo forças, dum grupo de elite, altamente especializados e treinados, e no outro, militares tão cheios de experiência de guerra e com tanta animosidade combativa, degenerou em tragédia!?...

No dia 13 de Abril de 1971, recebemos instruções no posto de rádio de Canjadude, que ia ter início uma grande operação de assalto a um provável refúgio IN, envolvendo um conjunto de forças diversas, mas que o envolvimento dos Gatos Pretos, em princípio, iria ter um certo grau de passividade, com relativa actividade, embora o desenrolar operacional progredisse no subsector da CCAÇ 5. O posto de rádio de Canjadude, devido à sua posição, era o interlocutor privilegiado e responsável pela rede de comunicações durante o desenrolar da acção militar em curso, utilizando como veículo de transmissão o E/R Racal. Foram-nos dados esclarecimentos sobre as frequências a utilizar, distribuídas as matrizes com as chaves de validação e autenticação para as identificações das forças implicadas, dados alguns códigos temporários do Codoperex, para conhecimento e localização de locais. Tudo indicando que seria mais uma operação como tantas outras já havidas…

Foto 10 - Corceiro no Aquartelamento de Canjadude.

Eu desconhecia por completo o grau de risco e perigosidade que a operação em curso envolvia, assim como não tinha outras noções, mas outras pessoas mais bem colocadas em locais de comando teriam outro entendimento! No entanto, deu para eu deduzir que provavelmente a manobra estaria relacionada com as últimas investidas e vestígios deixados pelo IN na zona, visto que o rumo que este tomava, depois de executar as acções, era sempre na mesma direcção, Siai, possivelmente onde se fazia a cambança, no rio Corubal, para a margem de Madina de Boé.

Dia 14 de Abril, é elaborada uma escala no posto de rádio, para dedicar um operador unicamente ao E/R Racal, permanentemente em escuta, fazendo só chamadas nas horas que estavam definidas nos procedimentos da operação. Durante todo o dia, nunca a força do mato comunicou uma vez que fosse com Canjadude, ou respondeu a qualquer chamada de rádio por este efectuada, chegando-se ao ponto de pensar, (nós, os operadores de rádio) que não tivesse havido operação. Em outras ocasiões tivemos casos idênticos, mas houve sempre comunicação via rádio, excepto uma vez em que o rádio foi para o mato sem acumuladores. Será que neste caso houve avaria no equipamento, ou as forças envolvidas estavam receosas de denunciar a localização onde se encontravam ao IN, ao utilizar o rádio, ou outra razão que a eles aprouvesse!?...

Dia 15, conforme o estipulado na estratégia da operação, saiu de Canjadude, próximo das 08,00h, um pelotão com viaturas e picadores, para ir ao encontro das forças operacionais, a fim de serem recolhidas, como previamente estava definido no plano do recontro, em Ganguiró (localidade onde em tempos existiu uma tabanca).

Embora nunca tenha havido contacto via rádio, com a CCP 123, (Pára-quedistas) estava tudo a correr conforme o plano da operação. Os militares, da CCAÇ 5, iam a escoltar as viaturas, com flancos laterais, e com os picadores a detectar minas à frente, picando o trilho. A cerca de três centenas de metros de Ganguiró, lugar do previsível e estipulado encontro, tudo OK.

Foto 11 - Bolanha de Canjadude, lado Nascente, está tudo seco, mas durante a época das chuvas está tudo inundado de água. É visível um baga-baga, assim como esta árvore grande, na bolanha, que é a mesma que aparece na 3.ª foto, está enquadrada a partir da bolanha.

Mas eis quando, um militar africano da CCAÇ 5, a 300 metros do local de encontro, vê um objecto branco no trilho, por entre os arbustos a movimentar-se. Este, sem ter identificado o objecto, tentou encobrir-se e proteger-se atrás dum “baga-baga”, posteriormente apurou-se que o objecto branco era um lenço que o militar “Pára” tinha ao pescoço. O militar “Pára” ao aperceber-se da movimentação de alguém africano, que se estava a tentar ocultar e resguardar-se pelo “baga-baga”, abriu fogo. Não ligou à cor da farda, porque o IN por vezes tinha farda igual, mas sabia que eram tropas nativas que iam ao seu encontro deles, e provavelmente devia ouvir o barulho das viaturas…

Perante o inabitual e inesperado incidente, desencadearam-se disparos de munições de parte a parte, muitos dos quais talvez por simpatia e contágio, de forma que o fogo se generalizou aos dois lados das forças em presença. Durante uns minutos Gatos Pretos a lutar contra a CCP 123, até se darem conta que o som dos rebentamentos das armas que disparavam eram das nossas tropas, eram forças amigas que se estavam a digladiar… e parou-se o confronto…

Em Canjadude foi audível o “fogachal”, ainda não havia informação através de rádio do sucedido, e de imediato se disponibilizaram militares para ir em auxílio dos seus irmãos, que deviam estar em apuros. Efectivamente acabou por sair mais um pelotão da CCAÇ 5 ao encontro das forças que estavam no mato, mas quando saíram já se sabia o que tinha acontecido (Ganguiró dista de Canjadude cerca 7 ou 8 quilómetros na direcção de Cabuca, Nascente).

Do anómalo e imprevisto incidente, resultaram alguns feridos, um dos quais com muitíssima gravidade, que foi o Mamadu Djaló. Informou-se via rádio Canjadude, para pedir urgentemente heli para as evacuações. Entretanto, escolheu-se local apropriado, uma clareira, para efectuar as evacuações. Procedeu-se à organização das respectivas forças para garantirem segurança à aterragem do meio aéreo. Estava tudo a postos e na expectativa que o heli chegasse a todo o momento…

Eis senão quando, sem que ninguém o previsse, se desencadeia inusitado e bem coordenado bombardeamento, com violência feroz, utilizando todo o tipo de armas, desde a desconcertante kalashnikov, até ao armamento mais pesado, passando pelo morteiro 82 ao canhão sem recuo!... Estávamos cercados e emboscados, debaixo da mira do fortíssimo fogo do inimigo, o qual organizou, preparou e desencadeou a emboscada, a seu contento dispondo-se no terreno em L aberto. Grosso modo, as posições das forças em confronto no terreno, eram as seguintes: Do lado Nascente e ligeiramente a sul, estava emboscado o IN, a bombardear incessantemente, ao centro, as forças dos “Páras” e a Poente, as forças da CCAÇ 5. Instalou-se a confusão, e para a agravar ainda mais o caos, o IN vestia farda igual à nossa… A CCAÇ 5, africana, ávida que estava para fazer fogo, não podia fazê-lo e estava a ser massacrada com fogo inimigo, sem poder ripostar, porque na sua trajectória de fogo contra o inimigo, estavam os “Páras”…

O fogo ininterrupto, prolongou-se por mais de meia hora…

A força da CCAÇ 5, solucionou a sua posição critica e de desconforto, rodando estrategicamente para Sul, por um lado, para não ter na sua mira de fogo as tropas dos “Páras” e poder disparar à vontade contra o IN, por outro, para barrar a fuga ao inimigo, naquela que parecia ser a sua saída natural, e neste caso teve êxito, que rechaçou o inimigo que teve que retirar e fugir em debandada, pela escapatória que menos esperava…

Deste combate tombaram no terreno, dois jovens heróis “Páras”, que foram amortalhados em Canjadude, e um jovem herói, africano, da CCAÇ 5, que ainda foi evacuado do local para o Hospital de Bissau, onde veio a falecer… houve quase uma dezena de feridos, evacuações e dia de luto, em Canjadude…

Chegaram a vir meios aéreos…

Entretanto, já tinha chegado ao local o outro pelotão, vindo de Canjadude, que juntamente com um grupo da CCP 123 seguiram o trilho da fuga do IN, onde havia muito rasto de sangue, mas não sendo detectadas presenças humanas acabaram por abandonar a perseguição sem obter algo de positivo…

Tornou-se de difícil compreensão o aparecimento tão célere dum grupo inimigo, assaz numeroso, que demonstrou altas capacidades de organização de combate, que soube tirar proveito dum momento de fragilidade das nossas tropas, para entrarem em acção, que estava equipado com quantidade e qualidade de armamento, desde o mais leve ao mais pesado!

Como terá sido feita a mobilidade deste material, em tempo recorde?

O que se comentou na época foi o seguinte:

- Que o inimigo tinha já planeado para esse dia um possível ataque a Canjadude e estaria com o armamento em trânsito;

- Que o inimigo teria por ali perto um refugio, bem equipado, e ao aperceber-se do tiroteio entre as nossas tropas, terá vindo em auxílio, julgando que fosse alguma escaramuça com algum dos seus vigias;

- Ou que já soubessem, que o ponto de encontro e recolha das nossas tropas fosse naquele local, e se antecipassem a montar a emboscada para tirar partido e actuarem no momento de subir para as viaturas, que é sempre um momento crítico e de fragilidade, com alguma confusão que gera o amontoar do pessoal.

Também foi difícil de digerir a modesta eficácia da nossa actuação, em função das forças em presença no terreno, visto serem especializadas e bem equipadas, assim como durante a perseguição ao IN, não o ter conseguido alcançar, nem ter havido êxito algum visível, nem captura de material!

Foram louvados alguns combatentes africanos, (nos “Páras” desconheço) que neste combate se evidenciaram pela sua bravura, progredindo no terreno debaixo de fogo, sempre a deslocarem-se em pé, desprezando as protecções e o amor à vida…
Creio até que o “bazookeiro” foi louvado pelo Comandante-Chefe, porque debaixo de intensíssimo fogo se lhe avariou a arma. Teve a calma, o sangue frio e notável serenidade, desprezando procurar abrigo para se proteger, para reparar a anomalia na bazooka, que acabou por consertar, e progrediu com os seus disparos certeiros e eficazes…

Um abraço para todos e boa saúde
José Manuel Corceiro
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Nota de CV:

8 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7240: José Corceiro na CCAÇ 5 (18): Insubordinação na CCAÇ 5, dia 8 de Novembro de 1969

Guiné 63/74 - P7357: In Memoriam (64): Hoje faleceu o Alfredo Dinis (ex-1º Cabo Enfermeiro da CCS / BART 6523, Nova Lamego, 1973/74)


1. Amigos e Camaradas, comunico-vos mais uma triste notícia. Faleceu hoje no IPO do Porto o nosso Camarada Alfredo Dinis, que foi 1.º Cabo Enf da CCS do BART 6523 - Nova Lamego -, 1973/74. Era membro da nossa Tabanca Grande, desde Outubro de 2009 (*).


Muito conhecido na zona da Sé do Porto, onde vivia desde miúdo, era um Homem de baixa estatura física mas de grande coração e elevada formação moral, respeitador, educado, amigo dos seus amigos e sempre pronto a ajudar quem mais necessitava.
Acerca de 5 anos foi-lhe diagnosticado um cancro na faringe e parte da língua, tendo sido submetido a oito operações no IPO do Porto.

O Alfredo em pleno tratamento de queimaduras no seu Camarada de Companhia - Filipe (Matosinhos)

Era um lutador,. amigo de viver, muito feliz com a nova casa que a Câmara Municipal do Porto (sua entidade patronal) lhe atribuira recentemente, na zona de Costa Cabral, mas a doença foi mais forte e acabou por derrotá-lo.
Hoje, quando ia visitá-lo por volta das 19h30, recebi a triste notícia de que falecera de madrugada.
Até no IPO era muito estimado, pois ao ver o sofrimento à sua volta e estando de baixa prolongada, dedicava quase todo o seu tempo livre ao voluntariado nesta instituição.
Resta-me dedicar-lhe as seguintes palavras: “Bom Amigo e Excelente Camarada,  até breve, que Deus permita que, no seu maravilhoso e infinito reino, te acolha eternamente junto d’Ele!”


O louvor que o Alfredo recebera, lavrado pelo Comandante da sua CART 6523
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Notas de M.R.:




Guiné 63/74 - P7356: O Nosso Livro de Visitas (104): Hilário Peixeiro, ex-Cap Inf da CCAÇ 2403 (Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato, Mansabá e Bissau)

Guiné > Região do Oio > Mansabá > CART 2732 (1970/72) > 12 de Novembro de 1970 Ataque do PAIGC... Enfermaria militar atingida por munição de canhão sem recuo. A CART 2732 foi render a CCAÇ 2403.

Foto: © Carlos Vinhal (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas. Todos os direitos reservados


1. Comentário de Hilário Peixeiro ao poste P3769:

Caro amigo (julgo poder tratá-lo por amigo) Raul Albino, ex-Alferes da CCAÇ 2402

Comecei, infelizmente há pouco tempo, a frequentar o Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné com muito agrado,  apesar de muitas incorrecções que encontro nos acontecimentos que vivi,  como por exemplo o desastre do Cheche [, em 6 de Fevereiro de 1969]. 

Comandei a CCaç 2403 de que não tenho conhecimento que haja história escrita e interessei-me por ler o que encontrei sobre a CCaç 2402. Como o senhor refere um possível ataque no Olossato à CCaç 2403,  resolvi contribuir com o esclarecimento de que só chegámos ao Olossato em finais de Março [de 1969] depois da Operação Lança Afiada [, no Sector L1, Bambadinca] e, ao fim de pouco tempo, ou seja a seguir ao grande ataque a Mansabá que vocês sofreram, nós fomos para Mansabá e vocês foram para o Olossato. 
É apenas um contributo e uma maneira de comunicar com os companheiros de tempos difíceis.

Um abraço com a garantia de que vou acompanhar as vossas trocas de recordações. Hilário Peixeiro
Então Capitão

 

2. Comentário de L.G.:

Meu caro capitão da CCAÇ 2403, se nos quer "acompanhar" nesta "troca de recordações" , então porque não ingressar na Tabanca Grande e passar a conviver, de pleno direito, com os 460 membros registados, sob o secular e frondoso poilão que nos inspira e protege?

Todos temos um "dever de memória" uns para com os outros, de nós connosco, e nós com os nossos descendentes... Nenhum de nós tem a versão definitiva, acabada, da história da guerra da Guiné, até porque cada um viveu no seu Bu...rako!... Só o nosso ilustre camarada António Lobo Antunes é que faz edições ne varietur (daquelas que são para ser lidas daqui a 5 mil anos, sem mais nenhuma alteração, nem de ponto nem de vírgula)... O nosso projecto é bem mais modesto e sobretudo colectivo: escrevemos a muitas mãos, centenas e centenas de mãos, e às vezes, a pontapé (sobretudo na gramática...).

Será uma honra para nós ter o 1º comandante da CCAÇ 2403 a representá-la no nosso blogue. Para já não temos ninguém que represente essa unidade. Por outro lado, dá-se a coincidência do nosso co-editor Carlos Vinhal ser da CART 2732 (madeirense) que foi render a CCAÇ 2403, justamente em Mansabá... Mas desses tempos ele, como bom "mansabense", poderá falar melhor do que eu... E que espero que possa ser, no futuro, o seu interlocutor privilegiado, aqui no nosso blogue.

Para os nossos leitores, direi apenas que o comandante da CCAÇ 2403 era Cap Inf, de seu nome completo Hilário Manuel Pólvora Peixeiro. Esta companhia foi mobilizada pelo RI 1. Embarcou para a Guiné em 24/7/1968 e regressou a casa em  20/6/1970. Esteve em Nova Lamego, Piche. Fá Mandinga, Olossato,  Mansabá e Bissau. Pertencia ao  BCAÇ 2851 (Mansabá, Galomaro).
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Nota de L.G.:

Último poste desta série 17 de Novembro de 2010 Guiné 63/74 - P7299: O Nosso Livro de Visitas (103): A Tabanca Grande não é para todos? (Eduardo G. Silva / José Marcelino Martins)

domingo, 28 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7355: In Memoriam (63): Partiu para a sua última morada o Aníbal Manuel de Oliveira Farraia (ex-Fur Mil Trms CCAÇ 3549) (José Cortes)


1. O nosso Camarada José Cortes, ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito, 1972/74, em 28 de Novembro de 2101, a seguinte mensagem:

Companheiros:
Hoje foi um dia triste. Acompanhei um companheiro à sua última morada.
Neste triste cortejo fui acompanhado pelos camaradas, São Pedro, Eduardo Deus, Daniel Cunha, Alfredo Oliveira (Elsa), Teixeira, Machado, Magalhães, Celestino, Andrade, Barbosa, Lavoura e Mandinga. Que não quiseram deixar de estar presentes.
Foram os que consegui contactar, de certeza que se mais soubessem mais compareciam para se despedirem do Farraia (Aníbal Manuel de Oliveira Farraia), que foi Furriel de Transmissões da CCAÇ 3549.
A família dos “DEIXÓS POISAR”, ficou muito mais pobre sem a alegria que o Farraia punha sempre nos nossos encontros. O Eduardo Deus já não tem quem toque viola para ele cantar o fado. Vão fazer falta as graçolas que o Farraia dizia e que nos deixavam todos alegres.

Já partiu para a sua última morada.
Paz à sua Alma, e que descanse em PAZ.
Obrigado amigo pela alegria com que viveste a tua vida.

José Cortes
Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

26 de Novembro de 2010 >
Guiné 63/74 - P7339: In Memoriam (62): Por quem os sinos dobram hoje, 40 anos depois: Fernando Soares, Joaquim de Araújo Cunha, Manuel da Silva Monteiro, P. Almeida, Rufino Correia de Oliveira e Seco Camará, os bravos do Xime, mortos na Ponta do Inglês (Op Abencerragem Candente) (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P7354: A minha CCAÇ 12 (9): 18 de Setembro de 1969, uma GMC com 3 toneladas de arroz destruída por mina anticarro (Luís Graça)



Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Estrada Bambadinca - Mansambo - Xitole  > Uma viatura civil, transportando cunhetes de granadas e, em cima, pessoal civil



Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Estrada Bambadinca - Mansambo - Xitole  >  Um burrinho com a secção do Humberto Reis, do 2º Gr Comb

Fotos: © Humbero Reis (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas. Todos os direitos reservados



Guiné> Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Estrada de Bambadinca-Mansambo-Xitole-Saltinho> Assinalada, com um círculo a azul, a ponte do Rio Jago onde a GMC, com 3 toneladas de arroz, accionou uma mina anti-carro, no dia 18 de Setembro de 1969.

A distância de Bambadinca a Xitole (hoje uma estrada alcatroada) era, na época (1969/71), de 30 km. As colunas logísticas, de reabastecimento, podiam levar um dia ou até mais (na época das chuvas) a fazer este percurso perigoso (interdito entre Novembro de 1968 a Agosto de 1969 ). A CCAÇ 12 participou em diversas colunas logísticas a Mansambo, Xitole e Saltinho (junto ao Corubal). 



Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (*), por Luís Graça (, foto à esquerda, Bambadinca, 1969).


1. Para se chegar a qualquer uma das unidades de quadrícula do Sector L1, a sul de Bambadinca (Mansambo, Xitole e Saltinho, embora esta já pertencesse ao sector de Galomaro) não havia nenhuma alternativa a não a ser a terrestre (a estrada Bambadinca-Saltinho, que terminava justamente no Saltinho, estando interdita a partir daí).  A estrada de Galomaro-Saltinho às vezes também ficava interdita devido às chuvas e à acção do PAIGC, pelo que as NT ali colocadas também dependiam do abastecimento feito a partir de Bambadinca (o eixo Xime-Bambadinca era a grande porta de entrada de toda a zona leste).


No entanto, a própria estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole estivera interdita entre Novembro de 1968 e Agosto de 1969.  O Op Belo Dia, a 4 de Agosto, já aqui sumariamente descrita,   destinou-se justamente a reabrir esse troço fundamental para as ligações do comando do Sector L1 com as suas unidades a sul. Um mês e tal depois, ainda em época das chuvas,  fez-se uma segunda operação para novo reabastecimento, patrulhamento ofensivo e reconhecimento.


São as peripécias dessa operação (Op Belo Dia II) que se relatam aqui, peripécias que, de resto, não eram muito diferentes do que se passava noutras regiões da Guiné. Mas,  ainda a propósito de meios de transporte, convirá referir que só Bambadinca possuía uma pista, com cerca de 150 metros, permitindo a aterragem de aeronaves como a Dornier. 


No meu tempo o sargento (ou furriel) piloto Honório, caboverdiano, era uma figura muito popular, quase lendária,  entre as NT, porque nos trazia o correio e alguns víveres (frescos). Era conhecido pela sua temeridade, destreza e coragem. Dizia-se que capaz de aterrar numa nesga de terra. Em Mansambo só havia heliporto. No Xitole, também havia pista para avionetas. Fica aqui também uma palavra de homenagem a todos os pilotos (e mecânicos) que aterraram naquelas pistas de terra batida, com sol, chuva e vento (e às vezes "chumbo" do PAIGC).


2. Setembro/69 (II Parte): Uma GMC destruída por uma mina anticarro

Na segunda quinzena de Setembro (*) realizar-se-ia outra operação a nível de batalhão afim de escoltar uma coluna logística do BCAÇ 2852 para as companhias de Xitole e Saltinho (Op Belo Dia II).


Dois Gr Comb [Grupos de Combate] da CCAÇ 12 (2º e 3º), um da CART 2339 [Mansambo] e o Pel Caç Nat 53 (que seguiria depois com o Dest B para o Saltinho) formavam o Dest [Destacamento] A cuja missão, além da picagem do itinerário, era escoltar a coluna até ao limite da ZA Zona de Acção da CART 2339 [Mansambo] onde se efectuaria o transbordo da carga para outra coluna da CART 2413 [Xitole].


O Pelotão de Caçadores Nativos nº 53, normalmente sediado em Bambadinca, estava, na altura, em reforço temporário ao Saltinho. Havia mais outros Pel Caç Nat no Secor L1: 52 (Missirá), 63 (Fá)...
Desenrolar da acção:


A coluna que chegou a Mansambo às 17.30 do dia 17 de Setembro, proveniente de Bambadinca, prosseguiria no dia seguinte, tendo-se processado sem incidentes de maior até à ponte do Rio Jago, a cerca de 3 km a sul do aquartelamento de Mansambo, altura em que se fez um alto para recompor a carga da viatura que seguia em 3º lugar (onde eu ia).


Ao retomar-se a marcha, o rodado intermédio direito da 4ª viatura, uma  GMC, de matrícula MG-17-21, que vinha imediatamente a seguir ao meu Unimog 404, GNC essa que pertencia à frota da  CCAÇ 12, accionou uma mina A/C (anticarro) reforçada, tendo-se voltado espectacularmente. A viatura ficou muito danificada, tendo-se inutilizado parte da sua carga de 3.000 kg de arroz. 


Em virtude de ter sido projectado, ficou gravemente ferido um 1º cabo do Pel Caça Nat 53 . O condutor, soldado Dalot, meu camarada,  saiu ileso. Por milagre...
A mina não fora detectada pela equipa de 12 picadores (!!!), seguida de 2 Gr Comb que progrediam na frente.


Alguns quilómetros à frente, junto à ponte do Rio Bissari foram detectadas e levantadas mais 3 minas A/P que deveriam fazer parte do campo de minas implantado pelo IN posteriormente à Op Belo Dia I, e das quais 7 já sido levantadas até então.


Pelas 13h do dia 18 de Setembro deu-se finalmente o encontro dos 2 Dest (A e B), tendo-se procedido ao transbordo da carga, uma operação sempre e penosa.


No regresso a coluna foi sobrevoada várias vezes por uma parelha de FIAT  cujo apoio estava previsto na ordem de operações. Mansambo foi atingido pelas 17 h, depois de se ter armadilhado a viatura cuja remoção se verificou ser impossível com os meios disponíveis na ocasião. 


Durante anos, a Guiné-Bissau foi um cemitério de sucata, como viaturas (militares e civis) abandonadas pelas NT, destruídas por minas e roquetadas... Não tenho a certeza se esta viatura, a GMC MG-17-21, foi posteriormente desarmadilhada e rebocada para Bambadinca... Os custos de uma tal operação eram sempre elevados.


Já não me lembro, mas devemos ter ficado nessa noite em Mansambo, dado o estado adiantado da hora, se bem que o percurso até Bambadinca fosse mais seguro. É provável que tenhamos regressado ainda a Bambadinca, nesse fim de tarde.


Recorde-se, por outro lado,  que o nosso Fiat era um avião a jacto, subsónico, monolugar, que equipava a nossa força aérea (O Fiat G-91 era fabricado pela FIAT). A sua presença no céu era sempre tranquilizante. 


O IN também se manifestaria no regulado do  Cuor, flagelando duas vezes Missirá e atacando Finete, um destacamento de milícia situado a 3 km a NW de Bambadinca, do outro lado do Rio Geba. 


O ataque, efectuado ao anoitecer do dia 20 por um bigrupo, durou cerca de uma hora, obrigando o 2º Gr Comb da CCAÇ 12 a intervir em socorro do destacamento. Tendo combado o rio em canoas, a força de intervenção foi progredindo ao longo da estrada da bolanha, nalguns pontos com água quase pela cintura, e quando chegou a escassos 500 metros da tabanca, começou a bater com morteiro 60 e bazuca as posições do IN que estava instalado do lado de Maladin, e que ripostou, aliviando a pressão sobre o destacamento. 


Apoiados pelo morteiro 81 que fazia fogo do quartel de Bambadinca (nessa época, Bambadinca não dispunha de artilharia, só mais tarde, mas já não no meu tempo, passou a ter um pelotão de artilharia com obuses 14), os grupos de intervenção acabaram por silenciar as posições do IN, obrigando-o a retirar. As NT tiveram apenas um ferido (milícia).


Entretanto, uma semana antes, a 12 de Setembro, durante um patrulhamento levado a efeito com o Pel Caç Nat 52 na região de Missirá-Biassa-Nascente do Rio Biassa – Chicri – Gambana – Maná, o 4º Gr Comb da CCAÇ 12 surpreendeu no trilho de Chicri um grupo de carregadores que vinha da direcção de Nhabijões.


A secção do Pelotão de Milícia de Finete (**), que reforçava as NT, abriu fogo precipitadamente e sem ordem expressa, tendo feito feridos confirmados. Na fuga, o IN que muito provavelmente não trazia escolta armada, abandonou todo o carregamento, constituído por esteiras, tabaco em folha, mosquiteiros e aguardente de cana, além de uma certa quantidade em dinheiro (***).


Por outro lado, as constantes patrulhas de reconhecimento aos núcleos populacionais de Nhabijões, sob duplo controlo, não obstaram a que a tabanca de Bedinca (balantas mansoanques) fosse assaltada em 23, à 1 hora da noite, por um grupo IN que teria espancado alguns nativos e roubado arroz e gado, segundo a versão do chefe de tabanca.


Feito o reconhecimento no dia seguinte, verificou-se apenas que o grupo IN (bastante numeroso) retirara para norte, tendo cambado o Rio Geba em canoa na direcção de S. Belchior.


A 10 de Setembro, o 3º Gr Comb e o Pel Rec Info da CCS / BCAÇ 2852, reforçados por 1 secção do Pel Caç Nat 53, tinham realizado um cerco e rusga à tabanca de Nhabijão Bulobate, sem resultados nem vestígios do IN, tendo capturado no entanto 3 homens balantas que se verificou apenas serem “ladrões de gado” no Enxalé (Op Grampo).


Durante o mês, a CCAÇ 12 (a 2 Gr Comb) efectuaria ainda um patrulhamento ofensivo, com as forças da CART 2339 (Mansambo) a fim de detectar vestígios IN na região de Boló (Op Glutão).


Fontes consultadas:


História da CCAÇ 12: Guiné 69/71. Bambadinca: CCAÇ 12. Cap. II. 13-16.


Diário de um Tuga, de Luís Graça (arquivo pessoal)


Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, I Série


(Continua)
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Notas de L.G.

(*) Último poste desta série > 

Guiné 63/74 - P7353: Blogpoesia (90): Peregrinação (Manuel Maia) (2): Regimento das Beiras, Montes Hermínios, RI 14 de Viseu



1. Mensagem de Manuel Maia* (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de  26 de Novembro de 2010:

Carlos,
Aqui seguem mais umas quantas sextilhas sobre a "guerra" cá dentro...
abraço
manuelmaia



Sé de Viseu



PEREGRINAÇÃO -2

Prazer de dormir fora é inenarrável,
tornando a tropa assim mais suportável,
quartel, como trabalho, era entendido...
Depois da janta, às sete, era esta a hora,
a vida começava porta fora,
Algarve, "um mundo novo" ali estendido...


Especialidade chega ao fim,
melhor do que a recruta, quanto a mim.
Para os Hermínios montes sou mandado...
Catorze, tem por nome o Regimento
das Beiras Centro de Recrutamento
para ensinar mancebo a ser soldado...


Em muitos episódios ocorridos,
alguns, talvez por serem mais vividos,
gravados para sempre os quis comigo...
Recruta que lá dei foi a primeira,
e o frio ali não é p`ra brincadeira,
Inverno por Viseu, só por catigo...


Bem linda é no entanto esta cidade,
de antiga traça e muita urbanidade,
de gentes fino trato, hospitaleiras...
Bem-haja é expressão de cortesia
usada p`lo beirão no dia a dia,
em toque a distinguir boas maneiras...


Um dia de Sargento à Companhia,
e Sargento da Guarda (não podia...)
com titular dali "desenfiado"...
Alarme disparou, de madrugada,
gerando o caos, a "confusão danada"
tão logo ao Comandante fui chamado...


Ao ver-me perguntou porque aqui estás?
Chamei homem da guarda, meu rapaz.
-Sargento me incumbiu desta função...
-Interruptores há dois e um é meu,
se o não premi, o que é que aconteceu
explica porque usaste lá o botão...


Por sorte, comprovou electricista
que um curto fora a causa, mais que vista,
do ruidoso alarme então sentido...
Em paz, "regresso à base", aliviado,
Sargento acabaria castigado,
meu rumo p`ra Guiné foi decidido...

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Nota de CV:

Vd. Primeiro poste da série de 25 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7337: Blogpoesia (89): Peregrinação (Manuel Maia) (1): Recruta e Especialidade

Guiné 63/74 - P7352: Memória dos lugares (114): Fajonquito, fotos de Sérgio Neves, ex-Fur Mil Mec Auto da CCAÇ 674, 1964/66 (2) (Constantino Neves)

Continuação da publicação de fotografias do espólio de Sérgio Neves que foi Furriel Miliciano da CCAÇ 674 (Fajonquito, 1964/66), irmão do nosso camarada Constantino Neves.

Foto 8 > Sérgio Neves acompanhado de dois jovens

Foto 11 > Foto tirada com camaradas. Em todas elas está um grande amigo dele, chamado Faria, que residia em Sobral do Monte Agraço, tão amigo, que pôs ao filho o nome de Sérgio. Há já algum tempo que perdi o contacto dele. Gostava muito de o rever.

Foto 12 > Um dos muitos miúdos que nos acompanhavam nos aquartelamentos

Foto 13 > Sérgio Neves junto a um velho poilão

Foto 14 > Sérgio Neves junto a um bagabaga

Foto 15 > Sérgio Neves e um camarada em cima de uma autometralhadora Daimler

Foto 16 > Sérgio Neves junto a viaturas Unimog 404
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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 26 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7341: Memória dos lugares (112): Fajonquito, fotos de Sérgio Neves, ex-Fur Mil Mec Auto da CCAÇ 674, 1964/66 (1) (Constantino Neves)