quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5839: O 6º aniversário do nosso Blogue (5): A Tabanca Grande (Rogério Cardoso)

1. O nosso Camarada Rogério Cardoso, (ex-Fur Mil At Inf da CART 643/BART 645 “Águias Negras”, Bissorã, 1964/66), enviou-nos no dia 16 de Fevereiro de 2010, a seguinte mensagem:

O 6º ANIVERSÁRIO DA TABANCA GRANDE

Caros amigos e companheiros,

Na minha humilde homenagem ao 6º aniversário, afirmo que tenho a certeza que fomos a melhor geração do século XX. Que fique claro, que é esta a minha modesta opinião.

Foi a que mais sofreu, não valendo a pena enumerar os factos, pois todos nós sabemos o rol de contrariedades a que fomos sujeitos.

O que acabei de escrever está á vista com este "Movimento": Luís Graça &
Companheiros da Guiné.

São 1.500.000 visitas desde 3 de Abril de 2004, em 6 anos de crescimento contínuo, graças, principalmente, aos companheiros Luís Graça, Carlos Vinhal e a todos os outros elementos que têm colaborado na vida do blogue, que, na quase totalidade, ainda não conheço bem, visto só há 3 meses ter vindo a prestar a minha participação.

Espero em breve conhecer pessoalmente grande parte da rapaziada, que intervêm no blogue, o que acontecerá com certeza no próximo Encontro tertuliano.

Reafirmo que os ex-Combatentes são uma grande família, principalmente os da Guiné, que mais se fortaleceu graças ao evoluir do blogue e que os fez aproximar ainda mais com as suas histórias.

Histórias estas que não são irreais e todos nós sabemos que não, porque passámos por elas… pese embora uns mais que outros.

Aproveito esta oportunidade, para dar os parabéns a outro companheiro - o Jorge Félix -, pelo seu filme que está magnífico.

Bem Hajam Luís Graça, Carlos Vinhal e demais Companheiros Colaboradores bloguistas.

Do recém-tertuliano,
Rogério Cardoso
Fur Mil At Inf da CART 643/BART 645

Emblema e guião de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P5838: Estórias de Jorge Picado (12): A minha passagem pelo CAOP 1 - Teixeira Pinto (VII): Colecta e roubo em Binhante

1. Mensagem de Jorge Picado (ex-Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72), dirigida ao nosso Blogue, com data de 16 de Fevereiro de 2010: 

 Amigo Carlos Vinhal 

Com este tempo invernoso que teima em recordar-nos que o Carnaval com o corpinho ao léu, só mesmo nos climas tropicais, deu-me para arrancar mais uma historieta daquelas passadas na Guiné, mas que nada tem a ver com esta quadra. Aliás, destas duas datas vividas naqueles anos de 1970/71, apenas deu para recordar a primeira, pois foi a partida que o Exército me fez de me enfiar no barco a caminho dessas longínquas paragens. A segunda nem dei por ela, apesar de estar em Bissau a aguardar a nova colocação. Para te distraíres, após as folias de hoje envio-te esta pequena prosa.

Abraços 
Jorge Picado


COLECTA E ROUBO EM BINHANTE 

Durante a minha estadia no CAOP 1, o IN fez uma incursão silenciosa a um aldeamento situado entre Teixeira Pinto, actual CANCHUNGO, e Pelundo. Este acto ocorreu na noite de 24 para 25 de Junho de 1971 na povoação de BINHANTE. Para os que não percorreram aquele Chão, BINHANTE situa-se a NNE de Teixeira Pinto, a uma distância desta, por estrada, de cerca de 5 quilómetros. Quase a meio do percurso de Teixeira Pinto para o Pelundo, virava-se para Norte e depois de percorrer pouco mais de 1 quilómetro entrava-se na povoação, conforme se pode observar na figura.

 
Binhante_1 

 Ao empregar a expressão incursão silenciosa, quero referir-me àquelas acções que militarmente eram classificadas como colecta e roubo das populações sob controlo das NT, feitas sempre pela calada da noite, muito provavelmente com a conivência de algum ou alguns elementos das próprias tabancas, quiçá familiares ou mesmo elementos da guerrilha oriundos dessas povoações que calmamente durante o dia ali penetrassem para durante a noite facilitarem a abertura das portas aos seus camaradas ou ainda, mais raramente sem essa conivência, mas sob fortes ameaças de vidas de raptados. Uma vez que o acontecimento só era comunicado pela manhã, as NT já não tinham possibilidade de interceptar os guerrilheiros. No entanto BINHANTE, como referi, ficava sensivelmente a meio do percurso de TEIXEIRA PINTO-PELUNDO, distando pouco mais do que 5 quilómetros de cada e os elementos do PAIGC, do CHURO ou COBOIANA, foram lá! Portanto no dia 25 pela manhã, lá tive de acompanhar os camaradas, possivelmente da CCaç 2660, que foram fazer o levantamento da ocorrência e ajuizar dos estragos, para que na medida do possível e, quanto mais depressa, se obtivessem os meios para recompor a situação. 
Das minhas breves notas respigo “Colecta e roubo em Binhante – Incendiaram 14 moranças, grandes estragos POP. Ameaças e sevicias, levaram POP como carregadores. 4 Sacos arroz na Gouveia em nome do CAOP. Assinei eu. Binhante 2 vezes”. 

Perante o sucedido e os lamentos da população ou do Chefe da Tabanca, recebendo evidentemente ordens para tal, tive de voltar a TEIXEIRA PINTO, onde levantei 4 sacos de arroz que requisitei na Casa Gouveia em nome do CAOP e fui entregá-los ao chefe da tabanca para satisfação das primeiras necessidades alimentares, isto evidentemente em nome da APSICO. 
Remeto uma fotografia referente a este acontecimento que, embora datada de JUN71, não deve ter sido obtida nesse dia 25, mas talvez posteriormente. Digo isto por não ter a certeza se no CAOP 1 se faziam recolhas radiofónicas de eventos. Se isto era verdade, então pode ter sido obtida nesse mesmo dia.
 
Binhante > 25JUN71 

Fotos: © Jorge Picado (2010). Direitos reservados. 

Na imagem são bem evidentes os sinais de habitações destruídas pelo fogo. Pode-se ver parte duma casa, representada por uma parede – feita em adobos de lama – e rachada no canto, com sinais de fumo por cima duma abertura – janela ou porta –, sem telhado e os restos de cibes queimados, em segundo plano, que suportavam exteriormente a cobertura, sinais mais do que suficientes de ter sofrido um incêndio recente. Além disso há dois militares – um metropolitano sentado com gravador ao lado e um guineense, talvez cabo, segurando o microfone na mão direita – registando o depoimento dum nativo – que pela veste e pés calçados demonstra um certo estatuto, chefe de tabanca (?) – acompanhado de outros naturais, um dos quais – o do chapéu – revela uma cara carrancuda. Repare-se na forma tradicional de transporte natural dos bebés por estas mães que, pelas suas vestes, mostram igualmente possuir um certo estatuto social. Seriam as mulheres do que está a ser entrevistado? Quem seria o militar sentado? De alguma das subunidades do CAOP 1? Ou do PIFAS de Bissau? As mesmas interrogações faço sobre o que segura o microfone, mas como poucos são aqueles desse tempo que militam na Tabanca, não creio poder chegar a qualquer conclusão. 

É tudo por hoje. 

Abraços para todos 
Jorge Picado
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Nota de CV: 

Guiné 63/74 - P5837: Em busca de... (118): O meu meio-irmão, filho de Júlio Tavares, o Madragoa, nascido presumivelmente em Catió, e hoje com 42 anos, se for vivo (Marisa Tavares, Canadá)


O blogue da Marisa Tavares, filha do Júlio Tavares (1945-1986), Are you my brother ? (http://omadragoa.blogspot.com/ ). Foi criado muito recentemente, em 8 do corrente, com o objectivo de encontrar um filho que o seu pai terá tido em Catió, conforme confissão feita por ele na hora da morte, em 1986. Qualquer informação sobre o paradeiro do seu meio-irmão guineense pode ser enviada para o seu e-mail: mt_iphone@rogers.com

1. Mensagem da nossa amiga Marisa Tavares, constante do seu blogue,  em inglês (que é a sua primeira língua)


Are you my brohter ?

My name is Marisa Tavares and I live in Toronto, Ontario, Canada.

My father died when I was only 6 years old. I did not learn much about him until recently. He died in 1986 of cancer.

Recently I found a box filled with my fathers military information of his time in the Portuguese Military from 1967-1969. He served his time in Catio, Guinea-Bissau, Africa.

I have since discovered that during his time in Catio, he fathered a baby boy with one of the local women sometime between 1967-1969. He is my half brother and I am looking for him.

Thanks to technology and the iInternet in last month I was able to find out more information about my father's time in the military.

What we know…

• We know that he was in Catio, Guinea-Bissau, Africa, between 1967-1969.

• My father’s name was Julio Marques Tavares but was better known by his nickname Madragoa.

• My grandmother (my father’s mother) was aware of this child and up until her death (also in 1986) would send the baby’s mother money to help the babies’ mother raise her first grandchild.

Below is information that I have gathered from other comrades I have been able to find in my quest to find my lost half brother (In Portuguese) (...)

2. Tradução (livre) de L.G.:

Você é meu irmão?

OO meu nome é Marisa Tavares e eu vivo em Toronto, Ontário, Canadá.

O meu pai [,foto à esquerda,] morreu quando eu tinha apenas 6 anos de idade. Eu não sabia muito sobre ele até há pouco tempo. Ele morreu em 1986 de cancro.

Recentemente eu encontrei uma caixa cheia de documentos do meu pai,  do tempo em que ele esteve no Exército Português, de 1967 a 1969, em Catió, Guiné-Bissau, África.

Descobri então que, durante esse tempo em Catió, ele teve um filho de uma das mulheres locais, algures entre 1967-1969. Ele é meu meio-irmão e eu ando à procura dele.

Graças à tecnologia e à Internet, no mês passado consegui descobrir mais informações sobre o tempo de tropa do meu pai.

O que sabemos ...

- Sabemos que ele esteve em Catió, Guiné-Bissau, África entre 1967-1969 [m foi soldadado condutor auto-rodas, pertenceu à CCS / BART 1913, 1967/69] (*);

- O nome do meu pai era Júlio Marques Tavares, mais conhecido pelal sua alcunha, Madragoa ; [, nasceu e viveu em Lisboa até ir para a tropa; os pais eram de Pardilhó, Estarreja];

- A minha avó (a mãe de meu pai) tinha conhecimento da existência dessa criança e, até à sua morte (também em 1986), ela costumava mandar dinheiro para a mãe da criança a fim de ajudá-la a criar o seu primeiro neto.

Abaixo segue a informação que eu recolhi, de outros camaradas de meu pai, nas minhas buscas para encontrar o meu meio-irmão perdido (Em português) (...) (*)

A propósito, veja-se o slide-show, musicado, que a Marisa preparou, sobre vida do Júlio Marques Tavares (5 de Dezembro de 1945 - 15 de Outubro de1986)... As suas diversas facetas como soldado, como
marido, como pai, como amigo brincalhão... (Por razões de respeito pelos direitos de autor da banda sonora, não reproduzimos aqui directamente o vídeo, de cerca de 12'):

The Life of Julio Marques Tavares... @ Yahoo! Video

3. Comentário de L.G.:

3.1. Comentário enviado em 11 do corrente à nossa amiga luso-canadiana:

Dear Marisa:

In order to help you in our blog... Do you have some contact, name, adress, phone number, or photo concerning the African family of your brother ? I suppose no...

If he survives (one out of five children dies before age five, in Guinea-Bissau) and if he is still living in Guinea-Bissau, he sould be 42 years old...

If I have well understood you, until 1986 your grandmother, living in Portugal, 'would send some money to help her first grandchild's mother'... Is it correct ?

We are proud of you.

Best wishes / Saudações

Luis Graça & Camaradas da Guine

luis.graca.prof@gmail.com



3.2.  A Marisa tem um coração muito grande, e uma saudade enorme de um pai que morreu quando ela era pequena... Domina mal o português, a sua primeirea língua é o inglês. Sabemos que, com a morte do ppai e da avó paterna, ela deixa de ter razíes em Portugal (em bora a sua mãe ainda esteja viva, emigrada no Canadá). Tanto ela, Marisa, como o seu irmão mais velho, são canadianos, mas não têm filhos.

A Marisa quer, legitimamente, conhecer melhor o seu passado, as suas raízes, a história de vida do seu pai, e está muito determinada em descobrir o paradeiro do seu meio-irmão que terá ficado em Catió....A mãe do seu pai, que vivia em Pardilhó, Estarreja, e que morreu a seguir ao seu filho (único), sabia da existência desta criança... Na hora da morte, no Canadá, o Júlio terá confessado (, presumimos que à sua esposa), este seu derradeiro segredo... (Curiosamenet, no seu álbum fotográfico, de Catió, não há fotos de mulheres nem de crianças).

Agora a Marisa quer conhecer o seu irmão... Não será fácil descobri-lo, caso ainda esteja vivo, possivelmente já com 42 anos de idade... Da nossa parte, vamos fazer o nosso melhor para ajudá-la... Vamos desejar-lhe boa sorte nesta procura. Será que algum amigo e camarada do Júlio Tavares tem informações adicioniais sobre este caso que queira compartilhar com a nossa amiga Marisa (e, eventualmente, connosco ? Good luck, Marisa!

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Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de 17 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5832: Álbum fotográfico do Júlio Tavares, Sold Cond Auto, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) (Parte III) (Marisa Tavares / Victor Condeço)

Guiné 63/74 - P5836: O 6º aniversário do nosso Blogue (4): O teu, nosso blogue (Mário Gualter Rodrigues Pinto)

1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos, em 17 de Fevereiro de 2010, a seguinte mensagem:

O 6º ANIVERSÁRIO DO TEU, NOSSO BLOGUE

Luís Graça, um dia já distante ao navegares de canoa nas águas calmas do atribulado e sinuoso Rio Geba, certamente nunca pensaste navegar neste “mar” imenso que, hoje, é a Net.

Digo eu, que em muito boa hora o fizeste, porque ao colocares esta tua “canoa” neste “oceano” cibernético, conseguiste encontrar e recolher outros navegantes que, perdidos no horizonte memorial das “águas salgadas”, navegavam à deriva, desnorteados, procurando uma “bóia de salvação”, para o “despejo” das suas memórias da Guiné (boas e más).

Memórias que estavam mais que naufragadas, na profundeza dos pensamentos, velhas, mas marcantes e traumatizantes, enquanto procurávamos um abrigo de confiança, seguro e amigo, onde as pudéssemos resgatar e perpetuar, quer as dos feitos históricos, quer as das nossas mágoas, angústias, desabafos, factos, etc. Enfim, os nossos Testemunhos escritos, gravados, fotografados… reunindo património para herdarmos às gerações vindouras.

Criaste assim “um mar nunca antes navegado”, para a geração a que pertencemos (especificamente a dos ex-Combatentes), permitindo-nos, aqui, “velejar” neste espaço “caseiro” e comum que é a Tabanca Grande.

Outras tabancas vão surgindo nos “afluentes deste mesmo mar”, todas irmanadas dos mesmos sentimentos, a Amizade, a Camaradagem e a Confraternização, que iniciados nos já longínquos anos da guerra, se mantêm, e manterão, para todo o sempre.

Não só as alegrias, como as privações, a dor, o desgosto e o sofrimento, que nas nossas memórias se foram alojando, ao longo das nossas mais ou menos longas comissões militares, nos nossos físicos e psiques, temos vindo a “descarregar” neste espaço que criaste, e que além do formidável inter-relacionamento entre pessoal de todas as especialidades e tipos de unidades militares, é ponto de encontro para centenas de camaradas seguirem e comentarem as diversas publicações.

Timoneiro desta “nau”, com “marinheiros” como o C. Vinhal, V. Briote e M. Ribeiro, sabemos que conseguirás levar a bom porto este “navio” (espólio das nossas consciências), carregado de passageiros, que são portadores ainda de muitas descrições vividas pessoalmente, e que continuarão a enriquecer e fortalecer, para todos os efeitos e causas, este nosso “porão” de uma das fases históricas de Portugal.

Está aqui aberta, em boa hora, a caixa de pandora que muito contribuirá, estou certo, para a constituição final da catarse que originou o misterioso fim da Guerra do Ultramar e dos últimos Soldados do Império, como alguém um dia nos designou.

Um dia haverá, pelo menos um historiador curioso qualquer, que há-de abri-la e contar á sua maneira, e a seu bel-prazer, a história deste período, se calhar, infelizmente, quando nenhum de nós cá estiver para contestar o que quer que seja.

Tenhamos a esperança, que este teu, nosso blogue, seja a Luz, o Testemunho Descritivo, legado por nós, os que teimamos e fazemos disso ponto de honra, como um sério e honroso contributo da nossa geração, para que não se percam, nem permitam a deturpação, da veracidade dos factos e acontecimentos que vimos, e vivemos, como mais ninguém os viu.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art da CART 2519
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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5835: Convívios (189): Convívio dos ex-Militares da CCAV 3366 do BCAV 3846, no dia 14 de Março de 2010, no Cartaxo (Delfim Rodrigues)




1. O nosso Camarada Delfim Rodrigues, ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela - 1971/73 -, enviou-nos uma mensagem solicitando a divulgação do próximo convívio da sua companhia.


Batalhão Cavalaria 3846
Confraternização das CCAV 3364 (Ingoré), CCAV 3365 (S.Domingos), CCAV 3366 (Suzana) e Companhia Independente.
14 de Março de 2010

Camaradas,

Aos 14/03/2010, completarse-ão 37 anos sobre a nossa chegada das terras da Guiné.


Esta mesma data é por coincidência a mesma do nosso tradicional almoço para mantermos o nosso convívio.




À semelhança do ano passado procurámos e encontramos um local de reunião, que nos pareceu estar ao nivel dos últimos anos. Conseguimos mesmo manter os preços do ano passado. Assim podemos com o mesmo nivel de serviço manter a boa qualidade.


Passados que são 37 anos conseguimos manter um evento que não queremos deixar cair, especialmente pelos dados positivos que a todos tem proporcionado.

Chegamos a uma altura que muitos de nós já se encontram reformados e, assim, com maiores disponibilidades para usufruirmos de algo, que deveremos aumentar, nos tempos dificeis que hoje vivemos: a Amizade.

Só com a vossa presença poderemos também desfrutar da renovada alegria de nos voltarmos a ver e recordar as nossas memórias, e, de algum modo, provar aos nossos descendentes que cultivar a amizade é de facto um dos maiores bens das nossas vidas.


Apareçam todos no:

Restaurante: QUINTA DO SARAIVA. Estrada Nacional 3
Alto do Gaio: 2070 - 213 Cartaxo (Frente à fabrica de peles do Cartaxo)
Telef. do restaurante: 243 770 084

Os preços para este ano são:
Crianças dos 3 aos 10 anos: € 10,00
Para todos os outros: € 28,00

Para qualquer esclarecimento necessário poderão contactar:

Alberto Toscano - 912381 293
Carlos Conceição (Xi na) - 919 489 378
E-mail:carlosconceicaonovoa@gmail.com
T.Cor.Bernardino Laureano - 966 452 001
E-mail:laureano@netmadeira.com

A confirmação da presença deverá ser feita até: 07/03 /2010

Esperamos poder contar com a presença de todos vós e, até ao nosso encontro, resta-nos desejar-vos uma boa viagem.

Um abraço,
Toscano, Xina, Laureano, Capelão
CCAV 3366 do BCAV 3846


Emblema e guião de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.

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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P5834: José Corceiro na CCAÇ 5 (4): Recordações do Sargento Enfermeiro Cipriano

1. Mensagem de José Corceiro (ex-1.º Cabo TRMS, CCaç 5 - Gatos Pretos -, Canjadude, 1969/71), com data de 15 de Fevereiro de 2010:

Caros camaradas, Luís Graça, Carlos Vinhal, J. Magalhães.
É com simpatia e agrado que apresento esta simples dissertação, do nada que privei com o Sarg Cipriano, para “Postar” se assim o entenderem.
Apresento os meus agradecimentos.
Um Abraço
José Corceiro


RECORDAÇÕES DO SARGENTO CIPRIANO

Não vou fazer grande dissertação nem eloquência e elogios, porque não privei muito, nem fiz parte da esfera dos amigos íntimos do 2.º Sargento Cipriano Mendes Pereira, que era o enfermeiro quando eu fui para a CCAÇ 5. Não me sinto habilitado para ajuizar méritos, capacidades e valores da pessoa em causa, e a análise final que faria, seria em função da empatia, ou não, existente entre nós. Era de etnia Manjaco, natural de Empada, Guiné.

Tinha com ele um relacionamento cordial, óptimo, de duas pessoas civilizadas que algumas vezes foi para além do restritamente militar. Houve algumas confidências de índole privada de parte a parte, coisas de ocasião e é essa a razão que me apraz contar aqui alguns dos episódios que com ele vivenciei. Era pessoa que aparentava ser afável, de acesso fácil, expandia-se em riso com facilidade e contagiava a todos os que o rodeavam, com a sua hilaridade cativante. Mesmo nos momentos mais tensos, notava-se nele um semblante leve. No seu rosto, descortinava-se um meio sorriso enigmático, do género do manifesto no quadro do Leonardo da Vinci (em Mona Lisa).

Atenda-se, quando me refiro ao Sargento Cipriano e digo com ar de gozação, não é em sentido depreciativo, mas conexo com humor e intuito de inflamar boa disposição aos que o circundam.

Quando o Sargento Cipriano me perguntou o meu nome, na primeira operação que fiz com ele para o mato, ainda estou a ver no seu rosto, o ar de gozo estampado no sorriso, realçado com a alvura dos dentes, contrastando com a cor púrpura da pele, consequência do diálogo havido!

- Como se chama o nosso militar? - Perguntou-me ele.

Eu respondi: - O meu nome é José Manuel Corceiro.

Ele em tom de gozação disse: - Ah! É da família do aviador?

Eu retorqui: - Não sou Couceiro, mas sim Corceiro, descendente do Corsário Francis Drake, Chefe dos Piratas dos Mares.

Ele respondeu em tom cordial, mas com golfada de riso: - Vai ter dificuldade em andar em terra?

Eu respondi: - Espero fazer uma boa rodagem, calma e tranquila…

Quando havia Operação para o mato, habitualmente o pessoal de enfermagem ficava junto, ou próximo, do pessoal de Transmissões, quando acampava para passar a noite, ou para descansar e comer a bucha, numa parte central do acampamento, muito próximo do Comandante da Operação. Sempre que a Operação era a nível de Companhia, mais de dois Pelotões a sair para o mato em simultâneo, por norma, (houve época que era regra), além do Cabo Enfermeiro ia o Sargento Enfermeiro. Nestas ocasiões, ficávamos próximos e às vezes falava-se um pouco de tudo, vulgaridades e ele gostava de conversar comigo.

Como em tempos já disse, o meu problema e principal inimigo na Guiné, foi a alimentação. Houve alturas que passei maus momentos. Recordo uns dias difíceis em que tudo o que comia ou bebia, vomitava imediatamente. Calor abrasador, estava com febre, não conseguia digerir nem os líquidos que bebia, tinha conhecimentos das consequências que poderiam advir deste meu estado de saúde, mais aflitiva se tornava a minha preocupação, pois estava a progredir para desidratação e podia evoluir e entrar em estado de choque. Não retinha os líquidos que ingeria, com a agravante que perdia os que expelia, nos vómitos e transpiração. Os sintomas eram evidentes: Anúria (falta de urina), fraqueza geral, dores de cabeça, perda de equilíbrio, taquicardia (ritmo cardíaco acelerado, o volume de sangue diminui no organismo por falta de água, o ritmo cardíaco tem que aumentar). Já me tinham administrado duas injecções, mas não era a mesinha adequada ao meu estado. Não podia assistir impávido ao desenrolar da situação, tinha que agir enquanto podia. Levantei-me da cama, no abrigo onde dormia e a cambalear consegui arranjar forças e fui falar com o Sargento Cipriano. Na altura, ainda não existia o espaço que se passou a chamar Posto Clínico, havia simplesmente uma tabanca normal dentro do aquartelamento, onde eram atendidos os doentes, estavam os medicamentos e utensílios de saúde. Havia horários de atendimento.

O Sargento Cipriano, quando me viu chegar ao “posto clínico”, dirige-se a mim com ar de gozo e diz-me: - Oh! Já temos homem, já temos aqui garanhão!

Eu respondi: - Meu Sargento, não goze comigo por favor, que eu estou muito mal, a continuar assim fico é raquítico, se não for pior, estou completamente exausto e debilitado, já dois dias que tudo o que como ou bebo vomito logo de seguida, o caso é sério estou-me a depauperar, tem que me arranjar um suplemento vitamínico, para me revigorar e fortalecer e parar estes vómitos, porque estou a ficar desnutrido e se não melhorar imediatamente, tem que me administrar soro, ou evacuar-me, pois eu sinto-me a definhar e estou a entrar em estado de desidratação. Agora, para agravar o quadro clínico, há pouco estive a vomitar, tossi e expeli sangue, desconfio que é hemoptise!

Quando eu disse a palavra hemoptise, olhou para mim de olhos arregalados e disse-me: - O que sabe o nosso Cabo sobre hemoptise? Aqui as decisões, quem as toma, em relação aos doentes, sou eu, não me venha para aqui a inventar casos!?

Eu disse-lhe: - Meu Sargento, não estou a inventar nada, tudo o que eu disse é a realidade, acho que o devo alertar para a minha sintomatologia, pois o meu quadro clínico é preocupante e o meu Sargento como responsável da área, deve agir em conformidade e não por em causa a minha palavra. Quanto a hemoptise, é um quadro clínico em que o doente expele sangue na expectoração quando tosse, proveniente das vias respiratórias, portanto é sangue normal e limpo, que é diferente do procedente do trato digestivo, onde os sucos gástricos através das enzimas actuam alterando a sua textura e aspecto.

Tivemos uma longa conversa de total abertura, onde falamos diversas coisas e o chamei à razão e lhe fiz ver, que eu não era a ovelha com ronha, nem ranhosa, que andava a ensaiar um golpe de teatro para ser evacuado, como eu me tinha já apercebido que pensavam. Muito longe da minha pessoa tal intenção, eu o que queria era saúde e força para executar a missão na qual estava incumbido, porque sou uma pessoa íntegra e leal.

Deu-me mais uma injecção, (não vi rótulo mas devia ser da família dos psicofármacos aos quais eu era adverso, fiquei logo com sonolência) deu-me um xarope, antiasténico (combater a fadiga, complexo vitamínico) e uma carteira de 10 unidades de Librium 5, que não tomei nenhum, achava que poderia haver um pouco de ansiedade, mas não era caso para me encharcar em comprimidos. O meu mal era fome. Passou-me uma baixa por três dias e disse-me para lá ir no dia seguinte.

No dia seguinte, o ritmo cardíaco estava um pouco melhor, vómitos diminuíram, as melhoras eram poucas, mas já era estimulante.

Lá fui novamente ao Sargento Cipriano, esteve-me a ver a tensão arterial, disse-me que estava bem melhor e que o meu mal era falta de cerveja. Aproveitei e pedi-lhe umas injecções de complexo B, (B1 B12).

Ele respondeu-me: - Querem lá ver o nosso Cabo só quer é dar trabalho ao pessoal de saúde!

Eu disse-lhe: - Trabalho não dou nenhum, porque eu mesmo aplico as injecções e tenho seringa e agulha só me falta meio para esterilizar.

Ele olhou para mim, com ar incrédulo, com sorriso malandro, que lhe era peculiar, (que alguns interpretavam como cínico) algo desconfiado e diz: - Essa agora, pago para ver sentado no camarote...!

Eu respondi-lhe: - O pagamento é tão só disponibilizar o material, que eu faço o resto.

Os objectos clínicos, eram esterilizados num tacho com água, que se punha a ferver nas antigas máquinas a petróleo. Tinha o material esterilizado, preparei a injecção e apliquei-a à vista dele e expliquei que só dava no glúteo direito. Tivemos ali mais uma grande conversa.

Acabou por me oferecer duas caixas de inox, próprias para andar com seringa e agulha esterilizadas, uma caixa com seringa de 5ml e a outra de 10ml, com duas agulhas cada. Foi um gesto de reconhecimento e gentileza da parte dele, e ainda hoje tenho esse material, só por valor estimativo, pois nunca o usei. Uma das caixas deve ser exclusivo militar, pois nunca vi à venda em lojas de material clínico.

Acedeu, a receitar-me 12 injecções B1 B12 (umas encarnadinhas). E mais, autorizou, sem ter autorizado (ficava entre nós) que quando quisesse, discretamente, logo que houvesse muito movimento de civis, no “posto clínico”, podia ir dar uma ajuda sempre que estivesse disponível. Era um trabalho que muito me estimulava e para o qual me sentia potenciado. Por essa razão, fui sempre muito ligado ao pessoal de saúde, cada um em sua época, “Tó Mané”, Soares e Diniz que teve a infelicidade da mina lhe ceifar a juventude. Um destes dias falo do Diniz. A partir deste dia, não sei porquê, o Sargento Cipriano passou a tratar-me sempre por senhor Corceiro e não nosso cabo, como costumava, a moda ia pegando.

Em Canjadude, o Sargento Cipriano, era o responsável pela área da saúde, quer dos militares, quer dos civis. Tinha paralelamente incumbências no campo do ensino. Atendendo aos parcos recursos de que dispunha, quer a nível de material escolar, quer instalações e até formação para leccionar, agravados pelos limites de disponibilidade de tempo, que outras tarefas lhe absorviam, (até abriu um “bazarzinho” na Tabanca, com artigos variados para vender aos civis) fazia na docência o que podia. As crianças ainda eram algumas, estive mais duma vez na escola durante a aula e dezenas de vezes, em momentos de lazer, pois podia-se entrar livremente, que não havia porta a obstruir a passagem. Para mim, a noção que ficou, é que o aproveitamento era mínimo, pois era um ensino descontinuado num meio de total analfabetismo, mas é de enaltecer o esforço e disponibilidade do Sargento Cipriano. Eram crianças humildes e submissas e o pouco que aprendessem, era sempre benéfico, ainda que merecessem muito mais.

O Sargento Cipriano tinha morança em Nova Lamego, onde vivia a esposa com os dois filhos. Era frequente, quando havia coluna de abastecimento de Canjadude, que eram amiudadas, ele ir ver a família. Numa coluna que fiz, a Nova Lamego, ao passar numa rua encontrei-me acidentalmente com ele e a esposa, que me foi apresentada, junto à residência deles. A senhora vi-a mais uma vez, ou duas, com os dois filhos.

Enquanto estive na Guiné, os meus pais mandavam-me mensalmente duas encomendas, quando não eram três, cada uma com o peso a rondar 5Kg, ao abrigo dum acordo entre Ministério do Ultramar e os CTT, que obedecia a determinados quesitos, que agora não lembro. O conteúdo das encomendas, era sempre muito uniforme, 2 ou 3 queijos, uns chouriços, umas carnes enlatadas Espanholas e às vezes uns bolos. Os chouriços e os queijos, tinham que ir muito bem besuntados com azeite e pimentão e acondicionados dentro de caixa, senão ganhavam logo bolor. Numa das vezes, que estava a petiscar na cantina com camaradas esses pitéus que tinha recebido dos meus pais, passou o Sargento Cipriano, fiz questão que provasse o queijo. Ele provou e disse que era divinal. Pudera, era queijo da Serra da Estrela. Ao receber nova encomenda, reservei um queijo e dei-o ao Sargento Cipriano, para provar com a família. Tínha-me ficado uma “china” no sapato, pelo gesto lindo que teve em me dar as duas caixinhas de inox com as seringas, ainda que o valor material não fosse muito, era a acção em si e eu quis agradecer.

Passados uns dias, o Sargento Cipriano pediu-me para lhe tirar umas fotos, mas a intenção dele era outra. Levou-me ao depósito de bebidas e disse-me que escolhesse duas garrafas de whisky, que me queria dar uma por ele, outra pela esposa, que tinha ficado muito reconhecida pelo queijo. É lógico, que por muito que ele insistisse, não escolhi nenhuma garrafa. Mas passados dois ou três dias, ele vem com um embrulho e eu tive que aceitar, eram duas garrafas de whisky, uma Dimple, (garrafa triangular) e outra Monks (garrafa cerâmica) que ainda hoje tenho intactas juntamente com outras.

O Sargento Cipriano deixou a CCAÇ 5, deu outro rumo à vida e foi substituído por um Furriel Enfermeiro metropolitano, não tenho data precisa, mas creio ter sido meados 1970. No dia 15 para 16 de Novembro de 1970, Nova Lamego foi atacado pelo IN, o Sargento Cipriano estava na sua morança, no momento do ataque (não lembro se na altura ele fazia parte do Batalhão Militar de Nova Lamego, mas creio que não, embora pertencesse ao Exército), e durante o flagelo, que foi intenso, houve muitos mortos e feridos. O Sargento Cipriano, refugiou-se para se proteger com a família no quintal da morança, numa estrutura de madeira que tinha debaixo duma árvore, presumo que era uma mangueira. Uma “roquetada” traiçoeira e certeira, caiu na árvore, ceifando a vida ao Sargento Cipriano e à mulher que morreram abraçados um ao outro; morreu também um dos filhos. Isto, tenho eu nos meus registos, mas há nuances de imprecisão (eu só conheci dois filhos, se um morreu, só pode ter ficado um, já me disseram que há dois filhos vivos. Será que tinha três filhos e eu só conhecia dois?). Nesta fatídica noite, eu não estava em Nova Lamego, mas estava lá sim um Pelotão da CCAÇ 5, que já uns meses largos era frequente haver rotatividade nos pelotões a deslocarem-se para outros destacamentos, nomeadamente Nova Lamego. Já quando da Operação Mar Verde, um Pelotão da CCAÇ 5, que eram nativos, esteve mais dum mês em Buruntuma, onde num ataque a esta localidade, em 03 de Agosto de 1970, foi ferido o 1.º Cabo, Viriato Augusto Gonçalves, de Transmissões.

Aqui ficou o meu testemunho, de algumas recordações que tenho do 2.º Sargento Cipriano, que em tempos foi Enfermeiro na CCAÇ 5, em Canjadude, a quem a guerra tirou a vida em 16/11/1970, com trinta e poucos anos de idade, deixando órfão de pai e mãe, um filho ou dois, ainda crianças.

O meu respeito e estima, ao 2.º Sargento Cipriano Medes Pereira e esposa, da qual não lembro o nome.

Para os tertulianos, um abraço e saúde para todos.
José Corceiro

Foto 1 > 2.º Sargento Cipriano

Foto 2 > 2.º Sargento Cipriano

Foto 3 > O 2.º Sargento Cipriano, no depósito de bebidas, a pedir-me que escolhesse uns whiskys.

Foto 6 > “Posto Clínico” de Canjadude, vendo-se no lado direito, ligeiramente atrás, do “Posto Clínico”, a tabanca que servia de “Posto Clínico” antes.

Foto 7 > Escola de Canjadude, crianças descalças, entrada livre para o recinto, nesta rua visível, logo a 30 metros começa a picada que levava ao Cheche.

Foto 9 > A petiscar na cantina, pitéus que meus pais mandavam. Primeiro plano, dois periquitos de Nova Lamego de Transmissões, vieram fazer estágio a Canjadude, Corceiro é o segundo lado esquerdo, a seguir está o Silva e de pé com a faca de mato na mão, é o João Monteiro, o cantineiro.

Foto 10 > A petiscar na cantina, primeiro plano, Pinto, Corceiro, Dias Atirador, Rogério, Viriato Gonçalves, Marques Mecânico, e de pé, atrás, Nora, só dois não eram de Transmissões

Foto 11 > Corceiro em cima do abrigo onde dormia a beber uma cerveja.

Foto 12 > Dentro do abrigo Norte, onde dormíamos, a petiscar com amigos, não me atrevo a dizer os nomes, com receio de errar.
Fotos: © José Corceiro (2010). Direitos reservados.

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5782: José Corceiro na CCAÇ 5 (3): A primeira saída para o mato (2ª parte)

Guiné 63/74 - P5833: Convívios (188): Convívio/Encontro dos ex-Militares da CCS do BART 2917, no dia 27 de Março de 2010 em Coruche (Benjamim Durães)



1. O nosso Camarada Benjamim Durães (ex-Fur Mil OpEsp/RANGER, Pel Rec Inf da CCS/BART 2917 - 1970/72), enviou-nos, em 16 de Fevereiro de 2010, a seguinte mensagem, dando-nos conta do próximo convívio do seu batalhão:

CCS do BART 2917

4º ENCONTRO-CONVÍVIO
27 de Março de 2010

Camaradas,

O nosso 4º ENCONTRO-CONVÍVIO, este ano decorrerá no próximo dia 27 DE MARÇO (data esta em que se comemoram os 38 anos do regresso da CCS do BART 2917 ao Continente), em Coruche.



A concentração do pessoal ocorrerá entre as 09h30 e as 11h30, no Largo, junto à Praça de Touros de Coruche (margem norte do Rio Sorraia).

Às 12h00, rumaremos em direcção às instalações da Santa Casa da Misericórdia de Coruche, situadas junto ao cruzamento da Estrada Nacional 114, com a Estrada Nacional 251, que dista pouco mais 700 metros do local de concentração, onde vamos efectuar o nosso 4º CONVÍVIO-ENCONTRO.

Este evento tem o mesmo custo das anteriores edições, ou seja 35,00 € por pessoa adulta e 20,00 € por criança até aos 9 anos.

Agradeço uma resposta a esta mensagem, indicando se pretendes ou não estar presente, e em caso afirmativo, quantas pessoas te acompanham (para se fazer uma estimativa do total de convivas que estarão presentes e se possam marcar, previamente, os correspondentes lugares).

Dentro de dias, enviaremos, por carta, os demais pormenores sobre este nosso 4º CONVÍVIO-ENCONTRO.

Para qualquer esclarecimento podes contactar um dos Organizadores:


Benjamim Durães

Telemóvel – 939 393 315
Ou:

António Manuel Gonçalves Joaquim

Telemóvel: - 916 470 425
Telefone: - 243 677 292

Um forte abraço e respondam já a esta mensagem,
Benjamim Durães
Fur Mil OpEsp/RANGER do Pel Rec Inf da CCS/BART 2917


Emblema e guião de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.

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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P5832: Álbum fotográfico do Júlio Tavares, Sold Cond Auto, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) (Parte III) (Marisa Tavares / Victor Condeço)

Última parte da mensagem do Victor Condeço, ex-Fur Mil Mec Armamento, CCS/BART 1913 (Catió, 1967/69), membro da nossa Tabanca Grande, residente em Entroncamento  (foto à esquerda, quando jovem militar), com os comentários às fotos que ele selecionou do álbum fotográfico da Marisa Tavares, filha do nosso camarada Júlio Tavares (1945-1986), mais conhecido pelo seu nome de guerra,  Madragoa: era Sold Cond Auto Rodas, estando-lhe distribuída uma GMC, que ia habitualmente à frente, nas colunas logísticas; emigrou para o Canadá, em 1975, lá nasceu a sua filha Marisa, em 1978; faleceu em 1986, devido a doença prolongada) (foto à direita, quando jovem, em Catió):

 

- Fotos dos brincadeiras náuticas, terão sido tiradas no rio Cadime, Porto Interior de Catió, porto de abrigo da lancha LP2, a quem o bote insuflável pertencia. (a LP2 era a lancha que fazia o reabastecimento diário, de pão e água ao Cachil, na ilha do Como).



- Esta canoa transporta à proa o Sarg Dias e a seguir o Alf A. Garcia, ambos do SM, os outros não reconheço, mas a foto tem forte possibilidade de ter sido tirada na travessia do rio Ganjola para o destacamento do mesmo nome, único sítio onde era utilizado este tipo de transporte.




- Nesta foto já publicada, o pessoal está posando no local onde viria a ser construído o depósito de géneros, à esquerda de quem entrava pela porta de armas, por de trás é a parada e ao fundo o edifício do comando, erradamente colorido de rosa, pois sempre foi branco, como aliás tudo o resto à excepção da messe de sargentos antiga.



- As fotos seguintes são na esplanada e no interior do Bar Catió,  do libanês sr. José Saad. As fotos coloridas, tal como a anterior, são coloridas à mão por meio de pincel, hobby praticado pelo já falecido 1º Cabo Escriturário Vítor Santos, do Concelho Administrativo.




- Nas fotos em que o Júlio está escrevendo, por de trás dele vê-se uma estrutura de troncos de palmeira e cibes. Isto viria a ser o parque de viaturas e oficina auto, que pode ser vista já em funcionamento em outras fotos onde se vêm, a frente de um jeep, dois chassis de viaturas em cima de cepos e outra onde ainda sem cobertura se vê o Júlio na frente da GMC que conduzia.

Nesta oficina o pessoal do Serviço de Material, mecânicos, serralheiros, soldadores, electricistas, bate-chapas e pintores, a ferrugem,  como eram conhecidos, com o auxílio de alguns condutores, entre eles o Júlio, fizeram-se maravilhas na recuperação de viaturas que estavam na sucata, (já uma vez, P4253 falei destes trabalhos de reconstrução).




- Fotos de grupo, condutores e mecânicos, vendo-se na primeira ao centro o Sarg Dias e o Fur Mil Freitas, ambos mecânicos auto, nas outras duas só está o Freitas (o do bigode).



- O Júlio com dois camaradas no passeio central da avenida que ia da rotunda da Igreja à casa do administrador, aquela que se vê ao fundo com o Citroen 2CV em frente.



- O Júlio e o Fur Mil Viriato Dias, matando a malvada sede, nas traseiras do edifício do comando, próximo da messe de sargentos antiga.

Aproveito para pedir, se o Viriato nos ler que dê notícias, ou alguém que nos leia e saiba do seu paradeiro lhe transmita este meu pedido, pois foi um camarada a quem perdemos o rasto, e que muito gostaríamos de voltar a contactar.

- Estas fotos podem ter sido tiradas em Ganjola, assim como outras que estão no slid-show da Marisa e que são difíceis de identificar o local.





- Foto da exposição na Amura, [ em Bissau,] em Fevereiro de 1968, de armamento capturado e foto do helicóptero em Bissalanca- BA12, também capturado ao PAIGC, pelo menos era o que constava na altura.







- Fotos várias, no refeitório, no interior do aquartelamento, em frente da prisão e na aula de barbeiro, repousando algures na tabanca, e na bicicleta de vendedor de bebidas (ou gelados???, já não me recordo).



- E para concluir mais uma  foto (colorida), só com o Júlio, conhecido entre a rapaziada da CCS pelo Madragoa.

Comentário final:

Por último quero aqui deixar o meu apreço à sensibilidade e interesse da Marisa, em querer saber mais sobre o seu pai. É muito louvável esta sua atitude. Se ele fosse vivo,  teria imenso orgulho na filha a quem deu o ser. Se é possível haver algo que resta de nós para além da morte, esteja ele onde estiver decerto estará em paz e feliz com a filha que tem.

E como os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são, como usa dizer-se aqui na Tabanca, disponha sempre da amizade dos camaradas de se pai.

Em Maio costumamos realizar um almoço convívio do nosso Batalhão, em que costumam aparecer bastantes camaradas com seus familiares, esposas, filhos e até netos. Devemos estar a receber a convocatória por todo o mês de Fevereiro.

Porque poderá ficar entusiasmada com a ideia em poder participar, logo que eu tenha a convocatória, enviar-lhe-ei uma cópia.  Dar-nos-ia imenso gosto a sua presença.

Aceite os meus cumprimentos.
Victor Condeço

Fotos: © Marisa Tavares (2010). Direitos reservados (*`)
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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste da série: 11 de Fevereiro de 2010> Guiné 63/74 - P5802: Álbum fotográfico do Júlio Tavares, Sold Cond Auto, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) (Parte II) (Marisa Tavares / Victor Condeço)

Sobre Catió, há mais de 80 referências (vd. lista de Marcadores / Descritores, na coluna do lado esquerdo). Vd. por exemplo postes de:

28 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5366: Memória dos lugares (58): Fotos de Catió e Priame (Benito Neves)

5 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5411: Memória dos lugares (59): Fotos de Catió e Priame II (Benito Neves)

E ainda:

 24 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5006: O segredo de... (8): Joaquim Luís Mendes Gomes: Podia ter-me saído caro aquele pontapé no...