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sábado, 18 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7466: Memória dos lugares (118): Destruição do Mercado Central Bissau (2) (Nelson Herbert)


1. O nosso Amigo e Jornalista da Voz da América (VOA), Nelson Herbert (foto à esquerda), sempre atento ao evoluir do nosso blogue, enviou-nos a seguinte mensagem complementando a informação lançada em anteriores postes sobre a mesma matéria.

Amigos,
Envio em "Attached" duas fotografias do Mercado Municipal de Bissau... ou melhor do que restou daquele espaço, depois de alvejado por obuses disparados pela Junta Militar aquando do conflito civil de 1998/99 na Guiné-Bissau...
Se a memória não me falha... a foto foi por mim sacada uns dias depois do Mercado ter sido atingido... E claro, com o fim do conflito foi alvo de restauração... e nesse caso contrariando a probabilidade, o "raio" acabou por abater-se pela segunda vez, sobre o mesmo alvo... já que um incêndio na década de 2000, destruía por completo aquele edifício, no coração da cidade de Bissau!
Dêem-lhes a utilização que acharem conveniente!

Um Bom Natal... e um Novo Ano Cheio de Actividades... para o bem do Blogue!

Mantenhas
Nelson Herbert

Fotos: © Nelson Herbert (2010). Todos os direitos reservados

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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

18 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7463: Memória dos lugares (117): Destruição do Mercado Central Bissau (Rui Fernandes)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Guiné 63/74 - P4769: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (12): O Mercado de Bafatá

1. Mensagem de Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70, com data de 28 de Julho de 2009:

Caro Carlos Vinhal

Para a série A Guerra Vista de Bafatá, aí vai uma estória que mais parece uma reportagem fotográfica. Como tem muitas fotos segue em dois e-mail. Retornarei só em Setembro. Acho que todos vós, editores, pelo trabalho que vos damos, precisareis mais das férias do que eu, ou nós, simples escribas.

Um abraço a todos.
Fernando Gouve


A GUERRA VISTA DE BAFATÁ

12 – O Mercado de Bafatá


O Mercado em 1969

O Mercado em 2001.
Foto: © David J. Guimarães (2009). Direitos reservados.


O Mercado em 2009.
Foto: © Carlos Silva (2009). Direitos reservados.


Na época da minha comissão na Guiné (JUN68-JUN70) Bafatá era o centro de uma vasta zona sem guerra e povoada por muitos fulas, mandingas e outras etnias. Existia nomeadamente uma comunidade de saracolés na tabanca da Ponte Nova, lá em Bafatá, dedicando-se estes a tingir de azul, panos que depois eram vendidos no mercado.

A beleza exterior do edifício, em estilo neo-árabe, o exotismo dos vendedores (principalmente mulheres) e ainda os produtos que lá se transaccionavam, levavam a que muitos camaradas visitassem o mercado quando tinham que passar pela segunda cidade da Guiné. Ali apercebiam-se que efectivamente se estava no centro de uma zona de paz.

A chegada e saída das compradoras era constante. Fácil era verificar que todas as mulheres, na ida ao mercado, envergavam as suas melhores vestes. Era um regalo para a vista essa passagem (não de modelos pois variavam pouco) pelo colorido dos panos que desciam até aos pés e das restantes vestes, já que na cidade as mulheres não andavam com os seios nus. Também ninguém andava descalço, mas isso era por força de uma lei do Administrador. Muitas vezes observei, nas minhas deambulações pela periferia da cidade, os nativos que vinham das tabancas próximas. Vinham com as sandálias ao ombro e calçavam-nas ao entrar na povoação. Isso pode ser que venha a dar outra estória.

Indo para o mercado.

A caminho do mercado.

A localização do Mercado sempre a achei perfeita. Bem enquadrado, ao lado do sempre belo Geba e do seu afluente Colufe. Nas margens deste havia sempre pescadores a consertar as suas redes. A seguir à Piscina, quase encostada ao mercado e na margem do Geba, era a zona das lavadeiras, outro regalo para a vista. Nesse local havia sempre barcos civis, com arremedos de veleiros, que ainda faziam o trajecto Bissau Bafatá transportando os mais variados produtos.

Como todos sabem, em todos os aquartelamentos escasseavam os chamados frescos. Em Bafatá seria suposto a tropa abastecer-se no mercado, mas isso não acontecia. Não sei muito bem porquê, mas os nativos nunca produziam produtos hortícolas, produtos que a tropa sempre compraria. Que me lembre a única coisa que lá havia com fartura eram pepinos.

A tropa seria potencialmente compradora de muito camarão que havia em todos os rios e bolanhas, no entanto o pouco que lá comi foi comprado aos soldados que o apanhavam quando estavam de guarda às pontes.

Havia um outro produto no mercado, o quiabo, que poderia ajudar a confeccionar muitos pratos mas, nessa altura, era considerado muito exótico para os gostos do metropolitano.

Vamos entrar no Mercado:

A zona dos panos, tingidos na tabanca da Ponte Nova.

Piripíri. Normalmente cada montículo custava um peso (escudo).

Venda de peixe apanhado nos rios próximos. O melhor e maior chamava-se ventana.

Não sabendo o que aqui se vendia, consultei alguns guineenses no seu ponto de encontro no Porto, o Café Restaurante Korá; admitiram poder tratar-se de pedacinhos de folhas de mandioca ou de batata doce ou da sua mistura, destinando-se à confecção de molhos para acompanhar o arroz ou o fundo.

Óleo de palma, obtido a partir do cocnote. Um bom chabéu teria que ser confeccionado com óleo acabado de extrair.

Bolinhos de Mancarra (amendoim).

Outro género de bolos à base de leite.

O vendedor de cola, terrível excitante. Lembro-me que cada noz custava um peso.

Um gila (contrabandista) mostrando a sua mercadoria. No caso uma pele de cobra.

Comprando uma meia cabaça, o recipiente mais vulgarizado.

Vinda do Mercado, a caminho da tabanca da Rocha.

Saída do Mercado com uma cabaça cheia de mancarra.

Fotos e legendas: © Fernando Gouveia (2009). Direitos reservados.



A próxima estória, lá para Setembro, pois que um guerreiro tem o direito sagrado a férias, andará à volta da orgânica interna do Comando de Agrupamento, estrutura de retaguarda da Zona Leste e por onde passaram manga de Majores. Havia cada um mais esquisito…

Até Setembro camaradas.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 26 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4739: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (11): Interrogatórios

sábado, 8 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3426: Álbum fotográfico do Renato Monteiro (5): Bafatá, 1969: a igreja, o hospital, o mercado, as mulheres, o pilão

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1969 > Foto 6 > "Acaso não tropeçasse nesta foto, diria nunca ter entrado numa das igrejas de Bafatá, num dia de Junho do ano de 1969".

Guine > Zona leste > Bafatá > 1969 > Foto 16 > "Camarata de uma instituição religiosa, em Bafatá. As bonecas por cima das camas podiam lembrar namoradas à espera"... [Renato: Não seria o hospital de Bafatá, que pertencia uma congregação religiosa ? LG]

Guiné > Zona leste > Bafatá > 1969 > Foto 17 > "Mercado de Bafatá. Os tomates e os limões eram pouco maiores que as nozes. Mas rivalizavam com o colorido das vestes das mulheres"

Guiné > Zona leste > Bafatá > 1969 > Foto 8 > "Uma vendedeira de peixe, com o filho ao colo, no mercado de Bafatá".

Guiné > Local desconhecido [ Contuboel, Piche, Xime, Bafatá ?]> 1969 > Foto 15 > "O batucar do pilão ouvia-se por toda a Guiné…ainda hoje o ouço!

Fotos (e legendas): © Renato Monteiro (2007). Direitos reservados (*)

(Continuação da publicação do álbum fotográfico do Renato Monteiro (**), ex-Fur Mil da CART 2479, depois CART 11/CCAÇ 11, Contuboel e Piche, 1968/69, e da CART 2520, Xime, 1969) (***)

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Notas de L.G.:

(*) Vd. postes de:23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P898: Saudades do meu amigo Renato Monteiro (CART 2479/CART 11, Contuboel, Maio/Junho de 1969)

23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P899: Diga se me ouve, escuto! (Renato Monteiro)

(**) Vd.postes anteriores desta série:

13 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3199: Álbum fotográfico de Renato Monteiro (1): Contuboel (1968/69)

16 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3210: Álbum fotográfico de Renato Monteiro (2): O mítico cais do Xime (1969)

2 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3263: Álbum fotográfico do Renato Monteiro (3): Xime, o sítio do meu degredo

30 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3382: Álbum fotográfico de Renato Monteiro (4): Rio Udunduma, destacamento do Xime

(***) Vd. posts relacionados com a CART 2479 (que deu origem à CART 11 e depois CCAÇ 11) e o meu amigo Renato Monteiro, com quem privei, durante um mês e meio, em Contuboel (Junho/Julho de 1969):

28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

30 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1005: Estórias de Contuboel (ii): segundo pelotão (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

2 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1017: Estórias de Contuboel (iii): Paraíso, roncos e anjinhos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1026: Estórias de Contuboel (iv): Idades sem lembrança (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1027: Estórias de Contuboel (V): Bajudas ou a imitação do paraíso celestial (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

6 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2412: História de vida (8): Renato Monteiro, um homem de múltiplos... fotografares (Luís Graça)