Virgínio:
Li num Post de hoje, 12 de Maio, e não quis acreditar.: "Estando Mato Cão na berra com a última estória do Jorge (sempre surpeendente) e do Mexia Alves sobre o Bu...rako onde esteve com os nharros do 52 que eu ensinei" (...) (**)
Nharros do 52? Estará ele a referir-se aos Caçadores Nativos, chamando-os de Nharros, 43 anos depois? Ser+a que chamará de Nharro, na cara dele, ao Marcelino da Mata?
Quando alguém critica o Cor Coutinho e Lima ou chama de Bandos os soldados (não foi bem assim), cai o Carmo e a Trindade; contudo, quando se chama de Nharro (pior dos piores pejorativos) aos soldados nativos, ninguém (a não ser eu?) protesta.
Foi só um desabafo de um Fuzileiro que esteve num destacamento de Fuzileiros Especiais Africanos.
José J. Macedo, Segundo Tenente
DFE 21-Guiné
Jose J. Macedo, Esquire
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Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio, de Mário Beja Santos > O primeiro comandante do Pel Caç Nat 52 (Porto Gole e Enxalé, 1966/68), Henrique Matos, com o Queta Baldé, seu antigo soldado. O Henrique, açoriano, vive em Olhão e é, como se costuma dizer entre nós, um verdadeiro camarigo. Não apenas camarada, não apenas amigo, um camarigo, um tabanqueiro de cinco estrelas. (Atenção que tabanqueiro quer dizer "membro da nossa Tabanca Grande", do nosso blogue; em Bissau, pode ter hoje um conotação pejorativa, quando o termo é utilizado pela comunicação social ou pela elite política: habitante de uma tabanca, rural, campónio, saloio)...
Foto: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.
2. Resposta na volta do correio, por parte do editor L.G.:
Meu caro Zeca Macedo:
Eu conheço bem o Henrique Matos, comandou o 1º Pel Caç Nat 52, composto por gente valorosa, guineenses, fulas e outros (na zona de Porto Gole, Enxalé, a norte do Rio Geba)... Ele usa a expressão nharros, sem qualquer conotação racista, antes pelo contrário, com carinho... Tal como eu a uso, queridos nharros, referindo-me a homens que foram/são meus camaradas e amigos... Repara: tal como usamos o termo tugas (que também é/era depreciativo)... Sem complexos!
Admito que possa haver leituras como a tua... Em termos do processo de comunicação, temos aqui a dupla questão da denotação/conotação... Para mim e para o Henrique Matos, o termo tem outra conotação: usamos a palavra com afecto, por muito estranho que te pareça...
Eu sei que vives no States, no país do politicamente correcto, e que este termo (nharro) aí seria um insulto... No nosso blogue, num contexto descomplexado, pós-pós-colonial, parece-nos inofensivo.... Repara que temos para os antigos soldados guineenses que lutaram contra o PAIGC, ao nosso lado, uma série que se chama Os Nossos Camaradas Guineenses... Acho que isto diz tudo...
Resumindo: Seria bom que o termo viesse em itálico, ou com aspas, ou que não fosse sequer usado... Obrigado por estares atento. É por estas e por outras que estamos a precisar de um provedor do leitor do blogue... Best regards. Luís
3. Novo comentário do José Macedo:
Obrigado pela resposta. Sei que quando dizes Nharro não é racismo, contudo, o importante não é o que pensa quem o diz, mas sim que o recebe. Acho que nos EU não é que sejamos politicamente corretos (sem o "c" devido a politicamente correta reforma ortográfica).
Penso sim que se trata de um processo evolutivo. Chegou-se a esse ponto de sensibilidade depois de uma longa luta pelos direitos civis dos negros. É o que está a contecer agora com os casamentos entre gays e entre lesbians. Não aconteceu de repente. Existe todo um passado de luta. Em Portugal, infelizmente, tal (ainda) não aconteceu.Continua a ser um pais de brandos costumes.
Um abraço amigo,
Zeca Macedo
4. Comentário, politicamente correcto (***), do nosso querido Henrique Matos:
Caro Luís:
Fiquei como se costuma dizer de boca aberta com o comentário ao meu poste. Para quem me conhece só faltava mesmo poder pensar-se que usei o termo nharros com qualquer intuito racista. Enfim... mas a tua defesa foi óptima.
Abraço
Henrique Matos
________
Notas de L.G.
(*) Vd. último poste deste nosso camarada > 10 de Março de 2009 >Guiné 63/74 - P4009: Blogoterapia (96): Não chorarei a morte do Nino (Zeca Macedo, ex - 2º Ten DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74)
Vd. também:
13 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA
2 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3014: Fuzileiro uma vez, fuzileiro para sempre (José Macedo, EUA)
(**) Vd. poste de 12 de Maio de 2009 >Guiné 63/74 - P4328: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (6): Atolado no Mato Cão, com a CCAÇ 1439, a madeirense do Enxalé
(***) Vd. último poste desta série que, ultimamente, não tem sido muito usada... > 4 de Novembro de 2007> Guiné 63/74 - P2237: Questões politicamente (in)correctas (37): RTP: As baixas da guerra (Paulo Raposo)