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domingo, 13 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23074: Memória dos lugares (437): Rio Mansoa, destacamento de João Landim (Victor Costa, ex-fur mil at inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5

 Guiné > Região do Cacheu > Rio Mansoa >  Destacamento de  João Landim

Fotos (e legendas): © Viictor Costa (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região do Cacheu > Rio Mansoa > João Landim > 1965/66 > A famosa jangada que atravessava o Rio Mansoa em João Landim, ligando Bissau com a região do Cacheu

Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2005). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região do Cacheu > Mapa de Bula (1953) > Escala 1/50 mil > Pormenor: Rio Mansoa e passagem em João Landim.

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)


1. Mensagem do Victor Costa, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4541/72 (Safim, 1974)

Data - 12 mar 2022 17:09 
Amigos e camaradas da Guiné,

Ao longo da História,  os Rios e os Portos tiveram sempre muita importância numa guerra e os rios da Guiné, como não podia deixar de ser, tiveram também aqui um papel de relevo.

Este tema que pretendo abordar prende-se com o facto das fotografias que pretendo ver publicadas se referirem ao Rio Mansoa, ao Porto de João Landim e daí até a Foz, às Jangadas que realizavam a travessia, à proteção das pessoas e bens que as utilizavam, à amplitude das marés e à segurança e riscos associados ao funcionamento da engrenagem e também aos acidentes que vitimaram muitos de nós.

Todas estas fotografias não incluem equipamento militar nem armas, apesar da maior parte delas serem tiradas de cima de uma jangada militar. Isto não foi devido a qualquer imposição do Comando ou dos meus superiores mas por opção minha e deve-se a uma tonteria dum puto 22 anos que não queria que quando o rolo fosse revelado em Bissau pudesse fornecer ao IN qualquer informação por mais pequena que fosse das NT. Também não foi com a ideia de prejudicar quem acima de mim mandava, até porque era uma pessoa de trato fácil, muito correta e se calhar não dava muita importância a estas questões por ser do interior. Mas acontece que eu nasci e vivo numa zona onde desde miúdo convivi com o Rio, o Mar, a amplitude das marés e os riscos aí associados.
 
Quando em meados de Maio de 1974 fui colocado no Destacamento de João Landim Norte a minha travessia do Rio Mansoa foi feita na praia-mar, foi muito fácil e decorreu sem incidentes.

Mas durante as operações de segurança que ali fiz constactei que, apesar do Porto de João Landim estar a mais de 40 Km da foz (Mar), a influência das marés fazia-se sentir fortemente, com um caudal também muito forte e ainda com uma amplitude de maré superior a 4 metros e onde naturalmente se passeava o tubarão negro.

As próximas 5 fotografias tiveram como objectivo captar:

1º O aluvião descoberto no leito do Rio na baixa-mar para poder calcular a altura entre o nível da maior e da menor maré.

2º O desnível da rampa de acesso à jangada a marca da maré na margem e as dificuldades associadas.

3º A entrada das pessoas para a Jangada civil e a Lancha da Marinha a executar a proteção.

4º A Jangada a navegar no Rio sem qualquer dificuldade.

5º A minha última travessia e despedida já ao longe do edifício do Porto de João Landim, felizmente mais uma vez sem qualquer problema.

Para concluir,na minha modesta opinião, durante o período da Lua, o risco de embarque e desembarque nas Jangadas fora do pico da maré era muito elevado.

Um abraço,
Victor Costa
Ex-Fur Mil At Inf
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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23058: Memória dos lugares (436): Safim, às portas de Bissau, e o terminal dos autocarros da A. Brites Palma (Victor Costa, ex-fur mil inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22126: Fotos à procura de... uma legenda (148): acidente com a jangada do Cheche, no passado dia 21... (Patrício Ribeiro, Impar Lda, Bissau)












Guiné-Bissau > Região de Gabu > Rio Corubal > Cheche  [ou Ché-Ché] > 21 de abril de 2021 > Acidente com a jangada: queda de um camião ao rio, ao entrar na jangada, do lado de Béli.  Trânsito interrompido dos dois lados.


Fotos (e legenda): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Português, natural de Águeda (1947), criado e casado em Angola, com família no Huambo, antiga Nova Lisboa, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. XX, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.

Tem também uma "ponta", junto ao rio Vouga, Agueda, onde se refugiou agora, fugindo da pandemia de Covid-19: é o português que melhor conhece a Guiné e os guineenses, o último dos nossos africanistas: tem mais de uma centena de referências o nosso blogue; "irreformável"!, está à espera de receber a 2ª dose da vacina anti-Covid para voltar àquela terra verde-rubra que tem sido a sua paixão de uma vida.




1. Mensagem de Patrício Ribeiro:

Date: quinta, 22/04/2021 à(s) 20:13
Subject: Jangada do Ché che

Luís:

Só para informar que desde ontem, dia 21 de abril, a jangada do Ché Ché, não funciona. Caiu um camião ao rio, ao entrar na jangada, do lado de Béli. E como sabemos, a jangada continua a ter um cabo único, que a liga entre as margens.

Vão tentar rebocar o camião que está dentro do rio Corubal, com um camião mais forte e cabo de aço, para o lado de Canjadude [, a Norte]. Do lado do Boé [,a Sul], não há camiões com capacidade para o reboque, a fim de a jangada poder encostar à rampa do lado de Beli, e retirar as diversas viaturas, que se encontram retidas no Boé, para Nova Lamego.

Entre essas viaturas, está a da nossa equipa [, da Impar Lda,] , que vai dormir por alguns dias, na margem do rio ... Como estamos no "Jejum", só há comida à noite. Eles não levaram água, nem há rede de telefone, no Boé ... e como são todos balantas, lidam mal com a falta de bianda, durante o dia.

Se não for possível nos próximos dias a jangada funcionar, vão ter de dar a volta por Madina do Boé e Contabane, pela picada com muitos quilómetros , que se encontra em muito mau estado, e que eu conheço bem.

Não é necessário mandar nenhuma TV, porque já têm a notícia ... Ver a foto acima.

Abraço

Patricio Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guine Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com

__________

Nota do editor:

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22059: (In)citações (183): A propósito da(s) jangada(s) do Cheche... e lembrando aqui mais mártires do Boé: o major Pedras, da Chefia do Serviço de Material, QG/CTIG, e o fur mil Jorge, do BENG 447 (Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM; CCS / BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > Partida de mais um coluna logística com destina ap Cheche, Beli e Madina do Boé. Era sempre uma operação de grande envergadura, envolvendo muitas viaturas e pessoal.  Normalmente iam elementos da CCAÇ  5 (Canjadude) à frente, a picar a estrada. A companhia de intervenção de Nova Lamego, naquela época (set 1967/ abr 1968)  era a CART 1742, do Abel Santos. "Sentia estas deslocações como algo de grande perigo, dadas as minas, os mortos e feridos que  caíram por aquela estrada, e com este sentimento, resolvo um dia acordar mais cedo e fazer as fotos, que para mim, são uma ‘nostalgia’ incrível, que nunca esqueço". (*)

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário,   ao poste P22053 (**),  de Virgílio Teixeira [, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem 161 referências no nosso blogue]:

O DESASTRE DO CHECHE

Alguns contributos para a tentativa de esclarecer aquele terrível acidente, que por muito tempo que ainda andemos por cá, nunca será esclarecido, é um daqueles mistérios que ninguém quer ver revelados, é a minha opinião, sem qualquer intenção de julgar, até porque nada sei mais do que os outros.

O Abel que não tenho o prazer de conhecer, esteve em Nova Lamego e Buruntuma. É mais antigo que eu, perguntava-lhe se esteve lá no mesmo período que eu; 21-09-67 até 26-02-68. 

A CART 1742 fazia parte de um grupo de 17 Unidades que estiveram naquele período sob o comando do BCAÇ 1933. Eu não conhecia bem as instalações da chamada Companhia de baixo, a CART 1742, ao contrário, em São Domingos, com a CART 1744, que conhecia e bem e confraternizávamos, pois, aquilo era mais pequeno, e que penso que a 1744 ser do mesmo Batalhão.

Estive a ler,  na História da Unidade, todos os acontecimentos no período de Nova Lamego, e não encontro referência a muita coisa, não sei qual o critério que seguia a história.

Contudo vejo que a CART 1742 estava sediada em Nova Lamego, apenas o 3º pelotão estava em Camajabá. O Abel não sei de que pelotão era.

Ele diz que a foto nº 1 é de Janeiro de 1968, estava eu lá, em Nova Lamego, e notava-se sempre grande burburinho com as famosas colunas para Madina e Béli, tudo se agitava à volta deste tipo de acontecimentos, eu tenho reportagens feitas de madrugada a quando da saída das colunas.

Na história da Unidade – HU – não consta por exemplo a emboscada que provocou a morte do Alferes Gamboa e outros, perto de Piche,  da CCAV 1662, foi no 4º trimestre de 67.

Como também não refere aqui um caso que muito chocou a malta em Nova Lamego: a emboscada de uma coluna vinda de Nova Lamego, após rebentamento de minas perto do Cheche, e na sequência da qual foi morto com uma bazuca o Major Pedras, entre outros. 

Este acontecimento causou grande consternação, em especial à mulher e família que estavam em Bissau. Os pormenores foram-me contados por um dos meus amigos, um soldado condutor, que estava lá presente, e que eu encontro com frequência em Vila do Conde, é um empresário da Têxtil em Guimarães, que me tem muito em consideração, e que eu retribuo.

Este oficial que eu conheci na messe, pertencia ao Batalhão de Engenharia [BENG 447], e vinha com frequência a Nova Lamego, pois era o responsável pela operacionalidade da Jangada da morte.

Nunca me ocorreu, mas agora pergunto: essa foto nº 1, seria já uma nova jangada com as 3 pirogas mandada construir pelo Major Ruas? Não sei mais nada.

No dia 17 de Janeiro de 1968, dá-se a operação Lince, nome dado à operação de retirada da CCaç1589 de Madina do Boé, substituída pela CCAÇ 1790 do meu Batalhão e do Capitão Aparício. 

Esta operação de 5 dias mobilizou enormes meios humanos e materiais, e lembro-me de ter assistido à chegada dos homens daquela companhia a Nova Lamego completamente pirados, com o devido respeito, tinham passado um ano naquela fogueira, isolados do mundo.

O Abel, caso tenha participado nesta operação, deve saber muito mais, e pelo menos sabe mais do que eu, mesmo que não tivesse estado nessa operação.

Fica aqui o meu pequeno contributo, para a história deste caso, 

PS - O incidente no Cheche, atrás referido, teve como protagonistas o Major Pedras   bem como o Furriel Jorge, ambos foram atingidos, um morreu no local - o furriel Jorge - o Major foi evacuado para o HM 241 em Bissau, onde veio a falecer pouco depois. A esposam após ver a sua morte, deu-lhe um ataque,  insultando todos de «assassinos».

Aquela jangada da foto nº 1 não é a do acidente [, em 6 de fevereiro de 1969], esta é uma pequena jangada só para pessoas, a jangada do acidente era enorme, para levar GMC e militares, não podia ser esta.

Foi-me contado por um soldado condutor que esteve no local várias vezes e assistiu a tudo, inclusive na ajuda a carregar o Major para o Heli, ele era um homem forte com peso, um farto bigode. Eram ambos do Batalhão de Engenharia de Bra, e responsáveis pela manutenção da estrutura de travessia do Rio Corubal, no Cheche. (***)

2. Comentário do editor LG:

Virgílio, é a primeira vez, se bem recordo, que aqui se fala dessa emboscada, durante uma  coluna logística no Boé,  que vitimou um oficial superior, o major Pedras, além do furriel mil Jorge, que dizes terem pertencido, ambos,  ao BENG 447.

Na Liga dos Combatentes > Mortes do Ultramar vem a seguinte nota de óbito;

Nome: Luís Vasco da Veiga Ferreira Pedras
Posto: Major;
Ramo: Exército;
Teatro de operações: Guiné;
Data: 15/01/1968;
Motivo: Combate
 
A única referência que temos, no nosso blogue, a este oficial superior (, que não era do BENG 447 vem no poste P1370 (****):

(...) Chefia do Serviço de Material / QG-CTIG

Luís Vasco da Veiga Ferreira Pedras, Major do Serviço de Material, natural de São João das Caldas / Guimarães, inumado no cemitério do Alto de S. João em Lisboa, foi vítima , em 13Jan68, de ferimentos recebidos em combate junto a Fariná, durante uma coluna no itinerário Canjadude ao Che-che, vindo a falecer no Hospital Militar 241 em 15 de Janeiro de 1968.

O fur mil Abílio Duarte Jorge, que morreu logo no local, em 13 de janeiro de 1968, esse é que era do BENG 447. Era natural de Montelavar, Sintra.

O martirológio do Boé é impressionante, foi há aqui feito há 15 anos atrás pelo nosso dedicado camarada e amigo, José Marcelino Martins, ex-fur mil, da CCAÇ 5, "Gatos Pretos" (Canjadude, 1968/70). (****)
_____________




(****)  Vd. poste de 15 de dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1370: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (Parte II)

Vd. também postes de:


21 de dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1388: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (III parte)

quarta-feira, 31 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22053: Casos: a verdade sobre ...(21): a jangada que fazia a travessia do rio Corubal, em Cheche, já era assente em três canoas, no meu tempo, c. set 1967 / c. abr 1968 (Abel Santos, sold at, CART 1742, Nova Lamego e Buruntuma, jul 1967 / jun 1969)

Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Rio Corubal > CART 1742 > c. set 1967 / c. abr 1968 >  A jangada com estrado assente em três canoas... O Abel Santos diz que a a foto é de janeiro de 1968, ou seja, um ano antes da Op Mabeco Bravios.


Guiné > Região de Gabu > Cheche > Rio Corubal > CART 1742 > c. set 1967 / c. abr 1968 >  O pessoal puxando a braço a corda que fazia deslocar a jangada.

Fotos (e legendas): © Abel Santos  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de Abel Santos (ex-Sold Atir,  CART 1742, "Os Panteras",
 Nova Lamego Buruntuma, 1967/69)

Data - terça, 16/03/2021

Assunto - Poste 21949 Retirada  de Madina do Boé. 

Boa tarde,  meu amigo e camarada Luís Graça.

Lendo o poste em epigrafe (*) e as declarações nele introduzidas pelo senhor tenente coronel José Aparício, noto que há algumas inverdades inseridas no texto.

A certa altura o ten cor  José Aparício escreve que não havia jangada com três canoas, mas só com duas,  o que não é verdade, e para confirmar o que digo envio fotos da jangada na qual a minha CART 1742 fazia a travessia do rio Corubal (4 x 2) para Madina do Boé e Béli, aquando das colunas de reabastecimento aos camaradas ali colocados. 

Uma foto mostra a rapaziada da minha companhia que fazia o trajeto de ida e volta [Foto nº 1] , na outra foto vemos o pessoal puxando a braço a corda que fazia deslocar a jangada, porque não havia o tal motor auxiliar.[Foto nº 2]

A minha opinião em relação ao acidente no rio Corubal foi excesso de peso que a jangada levava a bordo, o que originou entrada de água nas canoas e, com corrente forte a meio do rio, adornou. Por precaução e segurança o nosso comandante nunca excedia o peso, levando em cada travessia 2 viaturas e os dez homens que puxavam a corda, que eram substituídos após a segunda travessia. (**)

Abel Moreira dos Santos, 
soldado de artilharia da CART 1742,
Nova Lamego, Buruntuma 
30 de Julho 1967/06 junho 1969. (***)

___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21949: Op Mabecos Bravios: a versão da CECA e do ex-cap inf José Aparício, comandante da infortunada CCAÇ 1790, a última companhia de Madina do Boé

(...) A travessia do rio Corubal era então [, antes da Op Mabecos]  feita por uma jangada constituída por uma plataforma sobre 2 canoas; um longo cabo ligando 2 pontos fixos instalados em cada margem corria numa roldana instalada na plataforma; a impulsão necessária para mover a jangada era dada pela força braçal dos militares puxando manualmente o cabo.

Como segurança do movimento, uma embarcação "Sintex" com motor fora de bordo acompanhava lateralmente cada movimento de vaivém, pronta para qualquer emergência. (...)
 


(**) Vd. postes de:

25 de junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2984: Op Mabecos Bravios: a retirada de Madina do Boé e o desastre de Cheche (Maj Gen Hélio Felgas † )

(...) No Gabu (então Nova Lamego) construiu-se uma nova jangada que depois foi levada para o Cheche onde a que lá estava foi devidamente reforçada. 

Estas jangadas eram constituídas por um forte estrado dotado de vedações laterais e assente em bidões vazios e em três “barcos” formados por grandes troncos de árvores escavados [canoas]. Estrutura esta que, com a jangada descarregada, colocava o estrado a cerca de um metro da água.

As jangadas eram consideradas muito seguras e incapazes de se voltarem ou afundarem, desde que não fossem excessivamente carregadas. 

Calculava-se que aguentariam um peso de dez toneladas. Mas para maior segurança a O.Op. proibia que fossem transportados mais de 50 homens de cada vez. (...)


26 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18871: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte III: A operação rotineira de manobra e montagem da segurança da jangada que fazia a travessia do Rio Corubal, no Cheche: fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)


(***) Último poste da série > 15 de fevereiro e 2021 > Guiné 61/74 - P21903: Casos: a verdade sobre... (20): a canoa abandonada na bolanha, na Tabanca Velha, Nova Sintra, e que servia de diversão para a rapaziada... (Carlos Barros, ex-fur mil, 2ª C / BART 6520/72, 1972/74)

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18889: A travessia do Rio Corubal em Cheche: inquérito (1): resposta de Domingos Gonçalves (ex-alf mil da CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)



Guiné > Zona Leste > Região do Boé > Cheche > 6 de Fevereiro de 1969 > A jangada, de reserva, com sobreviventes da tragédia de Cheche, no Rio Corubal, na retirada de Madina do Boé (*)

Foto (e legenda): © Paulo Raposo (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Resposta, de ontem, às 8h55,  do Domingos Gonçalves Gonçalves ao nosso inquérito sobre a travessia do rio Corubal em Cheche.

[Foto à direita: Domingos Gonçalves foi alf mil da CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68): tem cerca de 6 dezenas de referências no nosso blogue]
Bom dia,

A jangada era manobrada por um nativo, que residia no Che-Che. Em 1966 transitávamos com alguma segurança do Gabú, até ao Che-Che.


Não tinham lugar emboscadas, nem havia colocação de minas. Os problemas, graves, começavam depois da travessia do rio.

A jangada daquela época era insegura. O pessoal passava para o outro lado em pequenos grupos.

Recordo-me de pelo menos uma viatura carregada de munições ter caído no rio, com a respectiva carga.

Um abraço


2. Inquérito sobre a travessia do rio Corubal em Cheche:  questões a responder, no todo ou em parte,  por quem lá esteve ou por lá passou até ao trágico dia 6 de fevereiro de 1969 (Op Mabecos Bravios, retirada do aquartelamento de Madina do Boé e do destacamento de Cheche):

(i) quem manobrava a jangada ?

(ii) em princípio havia duas jangadas, sendo uma de reserva ?

(iii) também havia m sintex ou equivalente para ligar as duas margens ?

(iv) qual era a lotação habitual da jangada ? E a máxima ? Dois pelotões, 60 homens ? Menos, talvez 40 ?

(v) no caso das viaturas, a jangada podia transportar quantas e quais de cada vez ? Uma GMC ? Dois Unimog 404 ? Três Unimog 411 (burrinhos) ?

(vi) havia instruções  (explícitas, escritas ou orais) de segurança ?

(vi) no teu tempo, havia uma tabanca, em Che-Che, na margem esquerda (ou margem sul)  ? Eram fulas ? Era grande ou era pequena ? Quantas moranças tinha ? Havia milícias, abrigos, população em autodefesa ?

(vii) de que lado é que podia vir uma emboscada ou flagelação ? Da margem esquerda/sul (tabanca Cheche) ou do lado direita/norte  (destacamento de Checje / estrada de Canjadude) ? Ou de ambos ? 

(viii) alguma vez apanharam com minas anfíbias, minas /AC, minas A/P ou armadilhas, no rio, no ancoradouro, ou nas margens, ou na picada que leva até lá ?

(ix) imagino que os reabastecimentos fossem um inferno, e pior ainda no tempo das chuvas...

 (x)  quem guarnecia o destacamento de Cheche ? Talvez a CCAÇ 5, que estava em Canjadude, "Os Gatos Pretos", uma africana, a que pertenceu o nosso camarada e colaborador permanente, o José Marcelino Martins, fur mil trms ? Ou era outra subunidade ?

(xi) quantos homens tinha o destacamento de Cheche ?  Um pelotão ? Tinha armas pesadas (morteiro 81, metralhadora pesada, canhão s/r...) ?

(xii) quando se vinha do norte (estrada de Gabu e Canjadude) e  se fazia a trasvessia para o outro lado (tabanca de Cheche, destacamento de Béli, quartel de  Madina),  ficava  uma força a fazer a segurança ?... Era só o destacamento de Cheche ?  ou havia reforço da guarnição ?

 (xiii) O cabo que atrvessava o rio,  não era de aço, mas sim de  corda... Certo ? De aço seria pesadíssimo... E estava sempre montado e esticado ?

(xiv) e a jangada tinha motor auxiliar ? A jangada também era puxada a força de braço ? 

(xv) houve, no teu tempo, algum acidente ou incidente com a jangada ? Alguém (ou viatura) caído ao rio ?

(xvi) qual seria a largura e a profundidade do rio em Cheche ? No tempo seco e no tempo das chuvas
? (O desastre do dia 6/2/1969 foi no tempo seco...).

(xvii) Mais algum comentário ou observação:

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quinta-feira, 26 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18871: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte III: A operação rotineira de manobra e montagem da segurança da jangada que fazia a travessia do Rio Corubal, no Cheche: fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)


Foto nº 1A >  O Manuel Coelho, na margem direita do rio Corubal, montando segurança à jangada que se desloca da outra margem (onde estava localizada a tabanca de Cheche), seguindo o cabo esticado de um lado a outro... Em baixo, em segundo plano, um sintex. O destacamento de Cheche ficava na margem direita, ou seja, no início da estrada que ia para Nova Lamego.


Foto nº 1 >  O Manuel Coelho, na margem direita do rio Corubal... É bem visível a jangada que se começa a deslocar da outra margem, seguindo o cabo esticado de um lado a outro... 



Foto nº 1B >  A  jangada que se começa a deslocar da outra margem (Cheche), seguindo o cabo, esticado de um lado a outro...  No ancoradouro, é visível uma segunda jangada. 


Foto nº 2A  >  O Manuel Coelho dentro da jangada com um guineense, que tanto pode ser milícia como militar do destacamento de Cheche... Ambos ajudam a segurar o cabo (ou a corda) ao longo do qual se desloca a jangada (que também tinha um pequeno motor auxiliar)... 



Foto nº 2  >  O Manuel Coelho,  dentro da jangada com um camarada guineense. 


Foto nº 3A >  Grande plano do Manuel Coelho, na margem direita do rio Corubal, montando segurança à jangada. Nesta margem ficava o destacamento de Cheche


Foto nº 3B >  O Manuel Coelho, na margem direita do rio Corubal, montando segurança... com  mais uma secção.


Foto nº 3 >  O Manuel Coelho, na margem direita do rio Corubal, montando segurança... Deslocou-se com uma secção num sintex. Ao fundo, a jangada que se começa a deslocar da outra margem, seguindo o cabo esticado de um lado a outro... 

Guiné > Região do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68) > 1967 >  s/d > O Manuel Coelho montando segurança à jangada que fazia a travessia do Rio Corubal em Cheche (ou Ché Ché, a malta pronunciava Cheche...). Ou puxando a corda que ligava as duas margens e ajudava deslocar a jangada (que tinhaum pequeno motor auxiliar)... Uma operação rotineira, até ao fatídico dia 6 de fevereiro de 1969, o da retirada do aquartelamento de Madina do Boé e do destacamento de Cheche.

Fotos (e legendas): © Manuel Caldeira Coelho (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mais fotos do álbum do Manuel Coelho, fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894 (Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) (*), o nosso grande fotógrafo de Madina do Boé, que também alinhava, de G3 na mão, sempre que era preciso montar segurança à jangada que fazia a travessia do rio Corubal, em Cheche... 

Compare-se estas fotos de há 50 anos, com as de hoje, do Patrício Ribeiro (**).

A jangada tinha um pequeno motor auxiliar, e era puxada à força de braço, de uma margem para a outra, seguindo um cabo esticado... E sempre que era preciso atravessar o rio, impunha-se montar segurança de um lado e do outro... Para efeito, existia o destacamento de Cheche, na margem direita.

Uma operação rotineira,  durante anos... Até ao fatídico dia de 6 de fevereiro de 1969, o trágico dia da última jangada (Op Mabecos Bravios, retirada do quartel de Madina do Boé, por ordem do comando-chefe, gen Spínola: morreram afogados 46 militares e 1 civil, da CCAC 2405, que estava em Dulombi, e a CCAÇ 1790, que retirava de Madina).
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Notas do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série:

25 de julho de  2018 > Guiné 61/74 - P1869: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte II: A fonte da colina de Madina: mais fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)

24 de julho de 18 > Guiné 61/74 - P18867: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte I: seleção de fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)

(**) Vd. poste de 21 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18861: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (7): Os meus passeios pelo Boé - Parte I: 30 de junho de 2018: a travessia do Rio Corubal, de jangada, em Ché Ché

terça-feira, 24 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18867: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte I: seleção de fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  A jangada do Cheche


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) > "Canhão Sem Recuo M40 10,6cm, utilizado na sua missão normal, ou seja, montado em posição defensiva e, neste caso, sem estar em cima de viatura apropriada" [Legenda de Luís Dias]... Ao fundo as famosas colinas do Boé, alguns chegando mesmo aos 300 metros de altitude...


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Viatura das NT, destruída, na estrada de Cheche-.Madina do Boé (I)


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Viatura das NT, destruída, na estrada de Cheche-.Madina do Boé (II)


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: central elétrica, à esquerda; edifício do comando, parece-nos, à direita...


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: armazém


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: cozinha


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: memorial da CCAÇ 1416: "Aos nossos mortos"... "E aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando"..

Desta companhia morreram aqui, pelo menos, 3 camaradas, tombados no ataque ao quartel de Madina do Boé, em 22 de julho de 1966:  (i) Augusto Reis Ferreira, Soldado Atirador, natural de Montargil / Ponte de Sôr, inumado no cemitério de Ponte de Sôr;  (ii) Carlos Manuel Santos Martins, Soldado Atirador, natural de Cova da Piedade / Almada, inumado no cemitério de Almada;  (iii) Rogério Lopes, 1º Cabo Atirador, natural de Chão de Couce / Ancião, inumado no cemitério de Chão de Couce. (**)


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: abrigo E... Num bidão à direita, pode ler-se: "... Aguentemos o piriquito"...


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: abrigo H


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: abrigo D


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: abrigo J


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) >  A famosa "fonte da Colina de Madina" (sic), com data de 1945 (inscrita no azulejo)... Ainda hoje lá está, a dar água...


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: a rendição pelo pessoal da CCAÇ 1790!...

A CCAÇ 1589 teve pelo menos um norto em Madina do Boé: Ilídio Bonito Claro, Soldado de Transmissões, natural de Montemor-o-Velho, inumado no cemitério da Torre em Montemor-o-Velho, faleceu no Hospital Militar 241, vítima de ferimentos em combate durante um patrulhamento na região de Madina do Boé, em 4 de Janeiro de 1968.


Guião da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68), que tinam por divisa "Justos e Fortes"...  É uma das várias subunidades que esteve aquartelada em Madina do Boé, com destacamento em Beli (**). 

Fotos (e legendas): © Manuel Caldeira Coelho (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Seleção de fotos do álbum do camarada Manuel Caldeira Coelho, natural de Reguengos de Monsaraz (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68) (*)

É o nosso grande fotógrafo de Madina do Boé, da época de 1966/68... E temos mais algumas fotos, inéditas, para publicar na segunda parte.

Estas foram selecionadas e reeditadas pelo nosso editor Luís Graça.

Refira-se que a CCAÇ 1589 foi antecedida pela CCAÇ 1414:

(i) mobilizada na Amadora no Regimento de Infantaria nº 1 e integrada no Batalhão de Caçadores nº 1856, a CCAÇ 1414 chega a Bissau em 6 de Agosto de 1965, rumou para Nova Lamego, onde em 13 de Agosto de 1965 assume a função de unidade de reserva do BCAV 705; (ii) em 27 de Abril de 1966 seguiu para Béli afim de tomar parte na Operação Lumiar e em 4 de Maio desse ano assume a responsabilidade do subsector de Madina do Boé, substituindo a CCAV 702, mantendo forças destacadas em Béli e Che-Che, este até 27 de Janeiro de 1967; (iii) tendo sofrido fortes e numerosas flagelações, foi rendida em 10 de Abril de 1967 pela CCAÇ 1589, regressando à metrópole em 15 de Abril de 1965.

Por sua vez, a CCAÇ 1589:  (i) foi mobilizada no Regimento de Infantaria nº 15, em Tomar, chegou à Guiné em 4 de Agosto do 1966 em conjunto com o BCAÇ 1894 a que pertencia; (ii) em 16 de Dezembro de 1966 foi instalada em Fá Mandinga à disposição do Comando Chefe para intervenções na zona Leste, tendo realizado operações nas regiões do Xime, Sarauol, Nova Lamego, Madina do Boé e Enxalé;  (iii) a 25 de Março de 1967 destacou um pelotão para o aquartelamento de Béli, e em 7 de Abril de 1967 foi substituir a CCAÇ 1416 a Madina do Boé, assumindo a responsabilidade do subsector em 10 de Abril de 1967; (iii) foi rendida pela CCAÇ 1790 em 20 de Janeiro de 1968 em Madina do Boé e em Béli a 12 de Fevereiro seguinte, tendo os aquartelamentos sofrido fortes e constante flagelações, especialmente no período entre Junho e Dezembro de 1967; (iv) regressou à metrópole em 9 de Maio de 1968.

A CCAÇ 1790 irá perder 29 homens no decurso da Op Mabecos Bravios, na travessia do Rio Corubal, em Cheche, em 6 de fevereiro de 1969.

(Continua)
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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17377: Historiografia da presença portuguesa em África (76): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte V: De regresso, de Bafatá a Bissau, sexta-feira, 7 de fevereiro, com passagem por Fá (Mandinga), Bambadinca, Xitole e Porto Gole


Guiné > Região do Oio > Porto Gole > 2005 > O Rio Geba, junto a Porto Gole. Do outro lado, a margem esquerda. Mais à frente, para leste, o Rio Corubal vai desaguar no Rio Geba.

Foto: © Jorge Neto (2005)- Todos os direitos reservados {[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 2005 > Marco comemorativo do V Centenário da Descoberta da Guiné (1446-1946) > Porto Gole, na margem direita do Rio, na estrada Bissau - Nhacra - Mansoa - Porto Gole - Bafatá (interdita no meu tempo, 1969/71. L.G.). A fotografia é do Jorge Neto (pseudónimo,. Jorge Rosmaninho, autor do blogue "Africanidades (Vivências, imagens, e relatos sobre o grande continente - África vista pelos olhos de um branco") que não já está ativo).

Este monumento foi inaugurado em 8/2/1947 pelo subsecretário de Estado das Colónis, engº  Rui Sá Carneiro, sendo governador geral Sarmento Rodrigues

Foto: © Jorge Neto (2005)- Todos os direitos reservados {[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > Pel Caç Nat 52 (1966/68) > 1966 > Marco comemorativo do V Centenário da chegada do primeiro explorador da Guiné, em Porto Gole, fotografado em 1966. Este é o lado oposto à fotografia do Jorge Nero. Dizeres, gravados na pedra: "Aqui chegou Diogo Gomes, primeiro explorador da Guiné, no ano de 1456". Foto de  Henrique Matos, o primeiro comandante do Pel Caç Nat 52 (Enxalé e Porto Gole, 1966/68), açoriano de São Jorge, que vive hoje em Olhão.

Foto: © Henrique Matos (2009). Todos os dreitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]











Recorte da primeira página do "diário de Lisboa", nº 8693, ano: 26, edição de domingo, 9 de fevereiro de 1947 (Director: Joaquim Manso)

Cortesia de Casa Comum > Instituição: Fundação Mário Soares > Pasta: 05780.044.11044 > Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos

Citação:

(1947), "Diário de Lisboa", nº 8693, Ano 26, Domingo, 9 de Fevereiro de 1947, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_22338 (2017-5-19)


1. P
rossegue a viagem ("triunfal", segundo a imprensa da época) à Guiné, do subsecretário de Estado das 
 (Colónias, Engº Rui Sá Carneiro, pelo interior Norte, Centro e Leste (regiões do Cacheu, Oio, Gabú e Bafatá), uma década depois da última "campanha de pacificação" (Canhabaque, arquipélago dos Bijagós, 1936/37)(*). 

Recorde-se que era então, em 1947, governador-geral o comandante da Marinha, Manuel Sarmento Rodrigues,
futuro ministro das Colónias e depois do Ultramar.

O representante do Governo de Salazar tinha chegado ao território no dia 27 de janeiro de 1947, tendo por missão encerrar as comemorações do V Centenário do Descobrimento da Guiné (em 1446).



2. Da leitura da curta notícia da agência "Lusitânia", publicada no "Diário de Lisboa", na sua edição de 9/2/1947 (pp. 1), fizemos um resumo para ajudar os nossos leitores a perceber melhor o seu enquadramento:


(i) no dia 7 de fevereiro de 1947, sexta-feira,  ao fim da tarde, o subsecretário de Estado das Colónias, engº Rui Sá Carneiro,   chega à Praça do Império, em Bissau, depois de um périplo pelo interior da Guiné, que incluiu as regiões de Gabu e de Bafatá;


(ii) às 8h30 desse dia despede-se de Bafatá e segue em cortejo automóvel até Fá (Mandinga) onde visita a serração mecânica do português, o "madeireiro" Fausto Teixeira ou Fausto da Silva Teixeira, radicado na colónia há 20 anos; (no nosso tempo, meu e do "alfero Cabral", em 1969/71, já não havia vestígios desta serração mecânica, e muito menos do Fausto da Silva Teixeira);


(iii) entretanto, em Bambadinca (e não Sambadinca, grosseira gralha tipográfica), e sob a aclamação de "milhares de fulas" (sic), o representante do governo da metrópole procede à condecoração de "três grandes chefes, companheiros de Teixeira Pinto" (sic), durante as campanhas de pacificação (1913-15); é pena o jornalista não citar os seus nomes;


(iv) ainda em Bambadinca, uma centena de crianças das escolas católicas e da escola oficial,  cantam, por seu turno, o hino nacional;




Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Setor de Xitole > 10 de março de 2009 > A antiga ponte Marechal Carmona, sobre o Rio Corubal, de há muito em ruínas... Já não era usada no tempo da guerra colonial... O primeiro camarada nosso a falar dela foi o David Guimarães que a revisitou em 2001. Sabemos agora que foi construída em 1937, e que colapsou logo a seguir... Quem terá sido o "engenheiro"  ?

O nosso camarada Carlos Silva, na sua última viagem à Guiné, andou no encalce desta "jóia arquitectónica", a antiga "Ponte Carmona"... Com um guia local, de catana na mão, a abrir caminho, num antiga picada que ia do Xitole até à ponte (assinalada, de resto, no mapa do Xitole)... O Carlos ficou fascinado com a beleza desta obra de engenharia...

Foto: © Carlos Silva (2009). Todos os direitos reservados..[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



(v) durante o trajeto de regresso a Bissau, o engº Sá Carneiro ainda terá tempo de visitar "a grande ponte do Rio Corubal, de 210 de comprimento, construída em 1937", e que entretanto ruíra, num troço de 21 metros, durante a época das chuvas; ora esta ponte só pode ser a do Xitole,a ponte marechal Carmona,  sendo substituída mais tarde (1956) pela ponte general Craveiro Lopes, no Saltinho (**);

(vi) às 13 horas dessa sexta-feira, dia 7 de fevereiro de 1947,  o nosso homem está em Porto Gole, depois de cambar o rio Geba, em Bambadinca;


(vii) mas, antes disso, ainda teve tempo de condecorar "dois régulos" (provavelmente do Cuor e do Enxalé), pelos "relevantes serviços prestados a Portugal";  


(viii) no caso de Porto Gole, ficamos a saber, segundo a notícia dada pela agência "Lusitânia", publicada no "Diário de Lisboa", que se trata de uma povoação recentíssima, "com poucos meses de existência", ou seja, construída em 1946;


(ix) o jornalista da "Lusitânia" assinala que Porto Gole foi o primeiro ponto de penetração portuguesa no interior da Guiné, "há 91 anos" [gralha, deve ser 491 anos];


(x) aqui, os mandingas, em maioria, e também aos "milhares" (sic), assistem à inauguração do monumento a Diogo Gomes, o primeiro explorador do continente africano: reza a história que subiu o estuário do Geba com três caravelas (!); (estranha-se a ausência dos balantas do Óio);


(xi) antes do descerramemto do  monumento, foi proferido um discurso sobre o feito histórico, discurso esse que esteve a cargo do  2º tenente da marinha Teixeira da Mota, ajudante de campo do governador geral Sarmento Rodrigues; e foi brilhante, ou melhor "notável", como não podia deixar de ser, proferido pela maior autoridade da época em matéria de história da Guiné;


(xii) oferecido pelo administrador de Mansoa, sede de circunscrição, foi servido o almoço, à sombra dos mangueiros, em Porto Gole;


(xiii) o eng Sá Carneiro seguirá depois para Bissau, ainda a tempo de chegar e ser "vivamente aclamado", na Praça do Império, por: (i) funcionalismo; (ii)comerciantes; (iii) colonos; e (iv) indígenas;


(xiv) no  domingo, dia 9, partirá movamente para o interior, incluindo as "pitorescas ilhas dos Bijagós": irá visitar as ilhas de Bolama e Bubaque;





Guiné > Zona Leste > Circunscrição de Bafatá > Rio Geba > 1931 > Cambança do rio Geba, antes das pontes de cimento armado... "Jangada no Rio Geba. Passagem entre Bafatá e Contuboel"... Imagem reproduzida em "O Missionário Católico", Boletim mensal dos Colégios das Missões Religiosas Ultramarinas dos Padres Seculares Portugueses, Ano VIII, nº 81, Abril de 1931, p. 169 (Exemplar oferecido ao nosso blogue pelo camarada Mário Beja Santos).

Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de maio de  2017 > Guiné 61/74 - P17318: Historiografia da presença portuguesa em África (75): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte IV: No chão fula, Bafatá e Gabu, 6 de fevereiro de 1947...

(**) Vd. poste de 8 de novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5237: Memória dos lugares (53): Rio Corubal: As três pontes... (C. Silva / P. Santiago / M. Dias / Luís Graça)