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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19391: (Ex)citações (349) a minha faca de mato e o meu canivete de marinhagem (Patrício Ribeiro, ex-grumete fuzileiro, Fragata NRP Comandante João Belo, Angola, c. 1969)







Faca de mato e canivete de marinhagem

Fotos (e legenda): © Patrício Ribeiro (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Patrício Ribeiro, grumete fuzileiro (**),
na fragata NRP Comandante
João Belo
, c. 1969..[ O comandante João Belo
 foi avô do nosso Zé Belo, régulo da Tabanca da Lapónia]
1. Mensagem do Patrício Ribeiro em resposta a um pedido lançado no poste P19383 (`)

Date: quarta, 9/01/2019 à(s) 22:17
Subject: Re: faca de mato dos fuzos


Boa noite, Luís

As minhas facas ainda as utilizo.

Junto fotos das duas,  que nos eram distribuídas.

Por vezes tinha algumas guerras com os colegas de "aventura", porque elas ou desapareciam e eram negociadas e trocadas.

Esta minha faca do mato fez a minha comissão em Angola, assim como a  de um dos meus irmãos (mais novo 2 anos), no Sul de Angola.

Com tanta aventura, perdemos o interior do cabo, em Angola.

A navalha ainda hoje anda sempre comigo quando ando nos meus trabalhos, pelos campos do Baixo Vouga.

A faca é utilizada para cortar carnes difíceis, como o presunto,  etc.

Ao fim de 50 anos, ainda as guardo com muito carinho... recordando o que já fomos ... (***=


Abraço

Patricio Ribeiro

2. Comentário de Luís 'Saci' Pereira:

Muito obrigado, Luís!

Já troquei um mail com o Patrício sobre o assunto, porque ele tem uma.

Já estive também a ver as respostas ao inquérito, mas giram todas em torno das facas de mato de Icel ou das alemãs, fabricadas em Solingen.
De qualquer maneira disseram-me que foram distribuídas entre 1968 e 1973.


Muito obrigado por tido

Abraço

Luís Pereira
 _______________

Notas do  editor:

(***) Último poste da série > 18 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19302: (Ex)citações (348): O 'cinema Paraíso'... de Fajonquito e de Nova Lamego.. Recordações de nhô Manel Djoquim, o homem do cinema ambulante (Cherno Baldé / Vital Sauane)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19383: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (64): história da faca de sobrevivência / combate dos Fuzileiros na Guiné... (Luís 'Saci' Pereira, filho de um camarada da CCAV 1662, Nova Lamego e Piche, 1967/68)






Faca de sobrevivência / combate dos Fuzileiros na Guiné


Fotos (e legendas): © Luís Pereira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso leitor Luís Pereira, filho de um camarada da CCAV 1662 (Nova Lamego e Piche, 1967/68), que se reproduz a seguir, esperando que alguém possa responder à sua pergunta:


Date: terça, 11/12/2018 à(s) 11:05

Subject: Faca de sobrevivência/combate dos Fuzileiros na Guiné


Bom dia,


Sou um pequeno coleccionador de militaria do tempo da nossa guerra colonial (talvez por ter sido
privado do meu pai durante uma boa parte da minha infância, enquanto ele esteve na Guiné, na zona de Nova Lamego, com a CCav 1662, "Os Piriquitos", Nova Lamego e Piche, 1967/68.)

Durante o meu serviço militar, por meados de 1984, vi pela primeira vez no cinto do um SAJU  [srgt ajudante] Fuzileiro uma faca de combate com o cabo em alumínio, que me deixou completamente encantado.

Após muito procurar, nunca consegui encontrar qualquer referência aquela faca em lado nenhum, tendo visto somente uma no Museu dos Fuzileiros, em Vale de Zebro, mas mesmo aí, a única coisa que me souberam dizer é que era designada por "faca de combate" ou "faca de sobrevivência", e que eventualmente teria sido uma aquisição local na Guiné para suprir uma eventual falta das facas de mato da Icel.

Na semana passada, ao fim de mais de 34 anos, consegui realizar o sonho e comprar a das fotografias que junto, mas continuo sem saber nada sobre ela, excepto o que disse e que tem gravado no punho a palavra "SALDANHA"...

Têm alguma ideia da história desta faca? Como e quando é que entrou para os Fuzileiros? Onde é que foram compradas ?

Muito obrigado

Luís

Luís "Saci" Pereira

"Para onde quer que vá, estarei na minha terra; nenhuma terra será para mim exílio ou país estrangeiro, pois o bem estar pertence ao homem e não ao lugar" (Brunetto Latini in Li Livres dou Tresor)

"Se um dia te encontrares numa luta justa, é porque não te preparaste convenientemente" (Gary F. Bradburn)

"Quem viaja acrescenta à vida" (Provérbio árabe)

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sábado, 6 de agosto de 2016

Guiné 63/74 - P16364: Inquérito 'on line' (65): em outubro de 1963, quando parti para o CTIG, deram-me um kit de sobrevivência: canivete de bolso com saca-rolhas, abre-latas e abre-cápsulas; copo, prato, marmita, colher e garfo, tudo inox (José Botelho, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau, Bafatá, 1963/65)













 Parte do kit de sobrevivência 

Fotos: © José Colaço (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



De: José Colaço | Data: 1 de agosto de 2016 às 22:53 | Assunto: kit de sobrevivência


Foto à esquerda_osé [Botelho] Colaço ex-soldado trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), membro da nossa Tabanca Grande desde 2 de junho de 2008: tem 70 referência no nosso blogue.


Luís,  depois do inquérito sobre a faca de mato (*), parece-me que seria  interessante saber como é que foi evoluindo a percepção da hierarquia relativamente às necessidades dos militares no mato e como se foi melhorando o  kit de sobrevivência.

Se te parecer que tem interesse debater este tema,  fica à tua consideração.

Na minha partida para a guerra da Guiné em outubro de 1963  entregaram-me como kit de sobrevivência as seguintes peças: 

(i) um  canivete de bolso, marca Icel,  inox,  com oito cm, provido de saca-rolhas, abre latas e abre cápsulas;

(ii) um copo inox; 

(iii)  e um prato inox .


Têm gravado no  fundo: INOX,  o escudo de Portugal e as letras E.P.,  o  que se pode 
confirmar aumentando o zoom na foto do fundo do copo parte exterior [Imagem á direita].

Deste kit  envio fotos, em anexo. O prato está muito mal estimado pois serviu de assador de castanhas e  vai daí as suas mazelas. As restantes peças, que passo a enumerar,  ao  longo destes 53 anos desapareceram:  colher, e o garfo de cabo anão e  uma marmita.

Este kit de sobrevivência era oferecido e fazia parte dos bens  próprios do militar sem direito a espólio.

Mas notei que em referência à faca de mato foi evoluindo e até fazia  parte do equipamento militar, aqui fico com algumas dúvidas se seria ou não  devolvida,  se fazia parte do equipamento militar, ou do kit de  sobrevivência. 

Houve casos de oportunismo. inclusive eu que, quando fiz o resto do espólio no RI 16 em Évora,  disse ao sargento que  eu não tinha recebido boina mas sim um bivaque que entreguei em  troca da boina. Porque se o sargento não comesse a peta, eu na minha  mente, e  para não arranjar problemas, o que tinha a fazer  era pagar a boina.

Um Ab, Colaço

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domingo, 31 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16349: (Ex)citações (315): A minha faca de mato... Esta não foi emprestada para a foto, fazia parte do meu equipamento e tive que a devolver no final da comissão... Foi disponibilizada a todo o pessoal da minha companhia (Souisa de Castro, ex-1º cabo cripto, Xime e Mansambo, 1972/74)


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) Xime > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) > Xime, 25 de março de 1972 > O 1º cabo cripto Sousa de Castro, de calções, cinturão e faca de mato.

Foto: © Sousa de Castro (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


29 de julho de 2016 às 19:16 | Sousa de Castro
 
1. Ao contrário do que se diz no poste P16342 (*), a faca do mato não era só disponibilizada aos  graduados, mas sim a todos soldados, pelo menos na CART 3494 foi assim.

Fazia parte do armamento que tive de entregar no fim, conforme a foto documenta... Esta não foi emprestada para a foto! Foi-me distribuída juntamente com a G-3 no Xime.

SdC
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sexta-feira, 29 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16344: Inquérito 'on line' (64): Para que servia a faca de mato ? Num total de 90 respostas, 32 % diz que nunca teve nenhuma; para 41% era o nosso "canivete suiço"; para 31%, um abre-latas; e para 23%, uma preciosa ferramenta de sapador... Também era "arma de defesa" (17%), "ronco" (13%) e "amiga inseparável" (10%)


Guiné > Zona leste > Setor L5 > Contuboel  > CCAÇ 2590 / CCAÇ 12  (1969/71) > Centro de Instrução Militar de Contuboel > Junho de 1969 > Os instrutores Luís Graça e Tony Levezinho num exercício (lúdico...) com armas brancas (o primeiro armado de catana, o segundo, de faca de mato).

Foto: © Tony Levezinho (1969). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  O alf mil art  Torcato Mendonça, pronto para sair para o mato, devidamente equipado: G3, 140 munições (7 carregores)  (ou 180 munições / 9 carregadortes, conforme o tipo e duração de operação), um cantil (, recomendável dois conforme a duração da saída...), um bornaL (com ração de combate , que havia quem dispensasse ), uma faca de mato, um catana (facultativo, quem levava geralmente era o guia e picador), uma granada de LGFog 3.7. e mais uns extras nos bolsos (frutos secos, cigarros, frasco de uísque...).. Havia quem também levasse no cinturão pelo menos duas granadas de mão, defensivas... (Alguns levavavam um verdadeiro cordão detonante à cintura)... No tempo das chuvas, levasse-se poncho ou impermeável... Tudo somado, dava muitos quilos...

Foto: © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


INQUÉRITO DE OPINIÃO: 

"PARA QUE SERVIA A FACA DE MATO ?" 

(RESPOSTA MÚLTIPLA)


Total de respostas=90



7. Outros usos (mato/quartel) > 37 (41.1%)

10. Nunca tive faca de mato >  29 (32.2%)

3. Abre-latas >  28 (31.1%)


5. Ferramenta de sapador (MA) > 21 (23.3%)



4. Talher 3 em 1 (faca. garfo, colher) > 16 (17.8%)

1. Arma de defesa >   15 (16.7%)

6. Adereço / ronco >  12 (13.3%)

8. "A minha amiga inseparável" >  9 (10.0%)

2. Limpar o sebo ao IN  > 2 (2.2%)



9. Objeto completamente inútil > 0 (0.0%)


11. Não sei / não me lembro > 0 (0.0%)




Votos apurados: 90 

Sondagem fechada em 28/7/2016, às 20h38

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16341: Inquérito 'on line' (63): Para que servia a faca de mato ?... Resposta de Jorge Araújo (ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, 1972/74)

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16342: (Ex)citações (314): A faca de mato, original, que usávamos no CTIG... Um ícone que "passeou" comigo, de Guileje e Gadamael a Nhacra e Paunca, entre 1972 e 1974... (J. Casimiro Carvalho, ex-fur mil op esp / ranger, CCAV 8350 e CCAÇ 11)


Foto: © J. Casimiro Carvalho (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. "Coisas que passearam comigo na Guiné...1972-74", diz ele, o osso "herói de Gadamael" (que a Pátria deve-lhe muito, no mínimo  uma cruz de guerra,  mesmo que seja de ferro enferrujada!... À atenção do senhor inquilino de Belém que zela pelos valores e pelos heróis pátrios)...

"Material icónico, por demais conhecido no Blogue (em fotos desses tempos), são os originais", garante ele... O camuflado, as divisas de furriel, o cinturão, a faca de mato... 

Estamos a falar do J. Casimiro Carvalho [ex-fur mil op esp/ranger, CCAV 8350 e CCAÇ 11, Gadamael, Guileje, Nhacra e Paúnca, 1972/74; membro da nossa Tabanca Grande, tem cerca de 70 referências no blogue; vive na Maia; é um bom amigo e melhor camarada, além de pai e avô babado...

É pena não se ver a faca de mato inteira, com a lâmina inox... Muito menos o nome do fabricante.  Há aqui um tira-teimas: era alemão ou português do Minho ?...

Mas esta era a nossa verdadeira faca de mato (a avaliar pelo cabo em osso e pela baínha em cabedal) que o exército disponibilizava, pelo menos aos graduados... Vamos pedir ao dono para nos mandar uma foto da faca, desembainhada, de  corpo inteiro, nuínha em folha, da ponta ao cabo... Há um inquérito a decorrer sobre a "faca de mato" e os usos e costumes dos seus donos... Ver blogue, ao canto superior esquerdo. É só clicar nas respostas (uma ou mais apropriadas)... Até por volta das 20h30 do dia de hoje, hora a que fecha a urna eletrónica...

Guiné 63/74 - P16341: Inquérito 'on line' (63): Para que servia a faca de mato ?... Resposta de Jorge Araújo (ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, 1972/74)


Guiné > Zona leste > Setor L1 > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) > Subsetor do Xime (1972) > Foto nº 1




Guiné > Zona leste > Setor L1 > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) > Subsetor do Xime (1972) > Foto nº 2

Fotos: © Jorge Araújo  (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


PARA QUE SERVIA A FACA DE MATO?

27 de julho de 2016   | Jorge Araújo [ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974)];


Na sequência do conteúdo publicado no P16337 (*), eis um pequeno contributo factual sobre o uso da nossa companheira (mais uma: a faca de mato) no quotidiano das aventuras e imponderáveis no CTIG.

A faca de mato da imagem supra  [, foto nº 1] foi utilizada na sequência do episódio ocorrido em 10 de agosto de 1972 [vai fazer quarenta e quatro anos] com o meu grupo de combate [o 1.º da CART 3494] no rio Geba, e que foi baptizado como «o naufrágio no Rio Geba».

Citação extraída do P10246.

[…] “Fazendo uso da faca de mato, que usávamos presa ao cinturão, procedemos ao corte de alguns troncos dos arbustos existentes na zona, arremessando-os na sua direcção, visando facilitar a mobilidade nos últimos metros da tortura. Os pequenos troncos, porque foram colocados entre os corpos e o tarrafo, funcionando como estrado, acabariam por provocar ligeiros ferimentos, particularmente no peito e zona abdominal, devido às suas saliências”. […]


A faca de mato servia, ainda, para gravar a nossa assinatura [ideogramas] em locais por onde passámos, nomeadamente árvores, como é o exemplo acima.[, foto nº 2]


Boa semana.

Um abraço. Jorge Araújo.

_________________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 27 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16337: Inquérito 'on line' (62): Para que servia a faca de mato ? Em 80 respostas (provisórias), 31% diz que nunca teve faca de mato; para 41% era um objeto multiuso, para 33% um abre-latas e para 25% uma ferramenta de sapador... O prazo de resposta termina amanhã, 28, às 20h38... Mesmo em férias, esperamos chegar às 100 respostas

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16337: Inquérito 'on line' (62): Para que servia a faca de mato ? Em 80 respostas (provisórias), 31% diz que nunca teve faca de mato; para 41% era um objeto multiuso, para 33% um abre-latas e para 25% uma ferramenta de sapador... O prazo de resposta termina amanhã, 28, às 20h38... Mesmo em férias, esperamos chegar às 100 respostas

Foto de José Colaço (2016)
I. INQUÉRITO DE OPINIÃO:

"PARA QUE SERVIA A FACA DE MATO ?" 

(PODES DAR MAIS DO QUE UMA RESPOSTA)...

RESULTADOS PRELIMINARES (n=80)

7. Outros usos (mato/quartel) > 33 (41%)

3. Abre-latas > 27 (33%)


10. Nunca tive faca de mato > 25 (31%)

5. Ferramenta de sapador (MA) > 20 (25%)



4. Talher 3 em 1 (faca, garfo, colher) > 14 (17%)
1. Arma de defesa > 13 (16%)
6. Adereço / ronco > 11 (13%)
8. "A minha amiga inseparável" > 7 (8%)
2. Limpar o sebo ao IN > 2 (2%)
9. Objeto completamente inútil > 0 (0%)
11. Não sei / não me lembro > 0 (0%)

Votos apurados às 00h00 de 27/7/2016 >  80
Dias que restam para votar:  até 28/7/2016, às 20h38



Foto à esquerda:

Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bolama > Bolama > 1972 > CART 3492 > "Eu e o Furriel Nunes, do 4º pelotão, se não me engano" 

[, A faca de mato podia ser usada com a baínha presa ao cinturão ou presa na farda ou camuflada, abaixo do ombro esquerdo, à "ranger", como documenta etsa foto com o nosso grtã-tabanqueiro Joaquim Mexia Alves, ex-alf mil op esp CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73].

Foto (e legenda): © Joaquim Mexia Alves (2006). Todos os direitos reservados.



25 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16328: Inquérito 'on line' (59) A minha faca de mato ficará associada para sempre a um acontecimento doloroso: a morte do soldado da minha secção, Aladje Silá, em 20/7/1970 (Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)

22 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16324: Inquérito 'on line' (58): A minha faca de mato ? Era quase um canivete suíço e 'vestia' com manga de ronco!... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)

Guiné 63/74 - P16336: (Ex)citações (313): A minha faca de mato, de aço temperado mas não de inox, "made in Portugal", velhinha de 45 anos, amiga inseparável, ainda hoje nas jornadas de caça... (Augusto Silva Santos, ex-fur mil, CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Fotos: © Augusto Silva Santos (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem de Augusto Silva Santos, com data de 26 do corrente:

Augusto Silva Santos 
(ex-fur mil, CCAÇ 3306/BCAÇ 3833,



Olá,  Carlos Vinhal, boa tarde!
Espero que esteja tudo bem contigo.

Relativamente ao assunto em referência, estou a juntar a minha modesta colaboração, com um pequeno texto e algumas fotos para ilustrar que, caso assim o entendas, agradeço publicação.

Um Grande e Forte Abraço
Augusto Silva Santos


2. A minha Faca de Mato

Esta é a minha faca de mato, velhinha de 45 anos, que sempre me acompanhou durante toda a minha comissão na Guiné, conforme fotos [4] que o confirmam. Foi uma amiga inseparável, tal como a G3, e que muita utilidade teve em diversas situações, umas mais agradáveis que outras.

Sempre a usei no cinturão. Foi com ela que abri latas de conserva e ostras, que fiz petiscos, que amanhei peixe da bolanha, que colhi ramos de palmeira para fazer abrigos ou camas improvisadas, que tentei detectar minas, mas também para infelizmente ter de abrir a camisa de um camarada ferido por estilhaços de uma roquetada.

Também me lembro de com ela ter gravado,  numa árvore junto ao rio Cacheu, o meu nome e da minha namorada, e agora minha mulher.

Será sempre um objecto muito versátil e de muita importância no campo militar. Sendo caçador, confesso que algumas vezes (será por nostalgia?) já a levei comigo nalgumas jornadas de caça.

No meu caso, julgo tratar-se de uma faca de aço temperado, mas não de aço inox, até porque já apresenta alguns pontos de ferrugem, apesar dos cuidados que ao longo destes anos lhe tenho dispensado. Não tem qualquer designação ou marca para saber onde foi produzida, mas penso tratar-se de cutelaria nacional, pois foi por mim adquirida numa feira / mercado antes do meu embarque para a Guiné. Portanto, não me foi distribuída, era e é de minha propriedade.
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terça-feira, 26 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16334: (Ex)citações (312): O que nós (não) sabíamos sobre a nossa faca de mato... Tal como a G3, veio da Alemanha, e não de Guimarães, capital da cutelaria portuguesa... O fornecedor da lâmina de aço inoxidável era, passe a publicidade, a Solingen! (José Colaço / António J. Pereira da Costa / Henrique Cerqueira / Sousa e Faro / Hélder Sousa / Manuel Carvalho)




A faca de mato do nosso camarada José Colaço  (ex-soldado trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), membro da nossa Tabanca Grande desde 2 de junho de 2008 com 70 referência no nosso blogue....

Sobreviveu a uma incêndio, no paiol, em Camamude, setor de Bafatá, por volta  de 1965 (*)... Emopra "destempertada",  a lâmina aguentou... O dono pôs-lhe um novo cabo, de madeira, A lâmina, da aço inoxidável ("stainless"), era alemã, da célebre marca de cutelaria SOLINGEN. Aqui tem o leitor o sítio oficial do fabricante, passe a indevida publicidade.  O negócio é chorudo, continuam a fabricar "military knifes"...

Foto: © José Colaço (2016). Todos os direitos reservados. [Edição:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continua em curso, até quinta-feira, dia 28, um inquérito "on line" (, visível no canto superior esquerdo do nosso blogue)  sobre as nossas facas de mato (**) que, afinal, não eram nossas, "made in Portugal", tal como a G3 não era nossa,  tal como a Kalash não era do PAIGC, era russa...

Enfim, e a talhe de foice, pergunto-me o que é que andámos a fazer naquela p... de guerra, com material  que nem sequer era nosso, da bazuca ao Fiat G-91, do obus à faca de mato... Que raio de imperialistas e colonialistas eram nós ?!... Não admira que a lâmina da faca de mata fosse importada da Alemanha... A nossa Siderurgia Nacional só foi inaugurada em 1961... Em suma, era a carne para canhão é que era nossa!...Valha-nos o bom humor (negro)...


 2. Mensagem do José Colaço, de ontem:

Escreveu o camarada António J. Pereira da Costa: "As facas de mato eram um utensílio de boa qualidade. Ainda gostava de saber onde eram feitas. Não sei se as OGFE [Oficinas Gerais de Fardamento do Exército] ou alguma fábrica de armamento as produzisse. Ou então algum cuteleiro da área de Guimarães (capital da cutelaria, naquele tempo...)" (*9[poste P16332}.

Pequena dica: por curiosidade, estive a fazer uma pequena limpeza à minha faca de mato e notei a sua origem que se pode comprovar na foto que envio aos nossos editores: SOLIGEN STAINLESS GERMANY.

Por este motivo, além das dos artesãos, a sua maioria teria origem na importação da Alemanha, Solingen Stadt Messer, tal como por cá Guimarães cidade das facas.

Um abraço,
Colaço.


3. Comentário do editor:

O que sabemos (ou não sabemos) mais sobre a nossa faca de mato ? 

Eis alguns contributos, generosos, de camaradas nossos que nos têm escrito sobre o tema (por email ou na caixa de comentários):

(i) António J. Pereira da Costa (27/7/2016):

Agradecido pela dica. Embora a maioria usasse a faca no cinturão, existiam no ombro dos camuflados debaixo da platina do lado esquerdo, duas pequenas "meias-platinas": uma implanta à esquerda e outra à direita e onde era possível colocar a bainha da faca que ficava pendente no ombro. Era uma maneira de a ter à mão, dispersando a carga de equipamento pelo corpo do militar. Vejam o desenho da bainha.

(ii) Henrique Cerqueira (25/7/2016):

A minha faca de mato era um sabre baioneta da espingarda Mauser ou Mannlicher. Era uma faca com uma bainha executada em pele por um soldado milícia Mandinga que ma ofereceu em troca de algo que já não me lembro. Essa faca na altura eu a usava àcinta pois que,  estando eu numa CCAÇ Africana [, CCAÇ 13]  dava um certo ar de valentia, pois que era muito importante nós darmos esse ar junto das tropas africanas que chefiávamos. De resto,  a faca era tendencialmente usada para abrir as latas de conserva que compunham a ração de combate. Mas que dava um certo ronco,  lá isso dava. Enfim,  velhos tempos...

Já agora,  e segundo me lembro,  a faca de mato não fazia parte do equipamento obrigatório da nossa tropa. Mas também pode ser que em algumas unidades tenha sido diferente.

(iii) José Colaço (25/7/2016):

Henrique,  penso ter sido o primeiro a contestar e afirmar que a faca de mato no meu tempo, 1963/65, não fazia parte do equipamento militar, mas podia ser adquirida/comprada em Bissau. O sabre baioneta, esse, sim, no meu tempo era parte integrante do equipamento militar embora a minha companhia tenha recebido a G3 e não a Mauser a que o sabre se adaptava, mas tinha que ser 
devolvido no espólio no final da campanha militar obrigatória. 

Em resposta passo o termo de um comentário de um camarada que disse que a faca de mato fazia parte do equipamento militar.

Um abraço
Colaço

PS - Resumindo a história do meu sabre baioneta que foi utilizado como ferramenta de sapador para abrir um caixote de um camarada em Catió: com a azáfama na partida da saída para o mato (Operação tridente),  ficou lá esquecido e eu se há coisas que a memória não guarda essa foi uma delas, já tinha falado com o capitão e uma das hipóteses possíveis era o desaparecimento numa nas passagem de um dos muitos canais existentes na Ilha para evitar o levantamento de um auto,  caso o mesmo não aparecesse.
Mas eis que um dia,  em conversa com um camarada,  ele me disse que dentro do caixote dele vindo de Catió tinham-lhe roubado a colher, mas em contrapartida tinham lá deixado um sabre baioneta e aí se fez luz sobre a minha memória,  contei-lhe a história e pelo número, verificou-se que o sabre era o meu, tudo ficou resolvido sem processo disciplinar auto de guerra sei lá mais quê e só com umas "bejecas" na cantina que nessa altura já contemplava o aquartelamento do Cachil. 

(iv) Henrique Cerquerias (25/7/2016)

Camarada José Colaço: eu, na realidade,  sou um periquito á tua beira pois que estive na Guiné em 72/74. Isto porque eu não tive a Mauser mas sim a G3. Quem ainda tinha essas armas e até sem controlo rigoroso eram alguns milícias mais antigos e certamente o dito sabre baioneta era de uma dessas armas.E como saberás não era muito difícil,  a troco de umas bebidas ou uns patacões,  comprar esses artefactos que foi esse o meu caso. Inclusivamente e como quase toda a gente comprei outras facas artesanais e embelezadas com a arte Mandinga ou Bijagó. Que serviram mais tarde para pendurar na parede.Hoje já lhes perdi o rasto.

Também é certo que as armas, facas ou não,  nunca foram o meu forte. Mas quando deram jeito lá se foram usando conforme as situações.

(v) Manuel  Carvalho (25/7/2016)

Tinha uma faca de mato Solingen que comprei no Niassa. No pelotão julgo que era o único que tinha e na companhia penso que haviam mais algumas mas poucas.Naqueles lugares era usada para muitas tarefas.No mato pediam-ma muitas vezes e eu nem sempre sabia muito bem para quê. Havia quem levasse catanas normais e algumas mais pequenas e afiadas e de bom aço. Numa operação abatemos uma vaca,  já não me lembro muito bem em que circunstancias, que retalhamos e veio para o quartel toda,  até as tripas.

(vi) Hélder Sousa (22/7/2016):

Ao inquérito respondi que "nunca tive" mas isso é uma verdade relativa. De facto não a tive para uso pessoal ou de serviço mas recordo de ter adquirido uma que veio comigo no final, só que com as mudanças de casa perdi-lhe a pista e não sei onde possa estar. Recordei-me disso ao ver as fotos do Valdemar Queiroz e tenho ideia que a decoração da minha era semelhante.


(vii) José Diniz Carneiro de Sousa e Faro (22/7/2016):

A minha faca/punhal foi feita por um artesão de Cacine em 1968 com o cartucho da granada do obus. Andava sempre comigo. Foi feito uma mézinha pelo Homem Grande da tabanca. Acredito, ão sei, mas que cheguei são e salvo, cheguei e ainda cá estou com o meu Ronco.

(viii) António J. Pereira da Costa (22/7/2016):

Creio que as últimas unidades recebiam uma faca de mato por homem. Não fazia parte do equipamento individual.

O artesão de que o Brito e Faro fala deve ser o "Ferreiro de Cacoca". Veio de lá e fixou-se em casa de familiares, na altura em que a tabanca foi abandonada. Era hemiplégico e tinha a oficina "adapatada". A saber: deslocava-se à força de braços, arrastando-se, sentado numa almofade de cabedal; as ferramentas estavam dispersas pelo chão; a bigorna era pequena e estava solidamente cravada no chão; a fornalha era aquecida por um daqueles dispositivos que havia nas oficinas para o mesmo efeito, só que quase enterrado no chão e o ar que soprava as brasas corria por uma espécie de tubo cavado no chão.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16332: Inquérito on line (61): A lâmina da faca de mata do fur mil MA Manuel Joaquim Mesquita Isidro dos Santos, natural de Benavente, CART 1692 / BART 1914 (Cacine, Cameconde, Sangonhá e Cacoca, 1967/69), era de bom aço temperado, foi partida ao meio por uma mina russa A/P PMD-6 (António J. Pereira da Costa, cor art ref)



Guiné > Zona Leste > Xitole > 1970  > Mina antipessoal PMD-6,  de origem russa, reforçada com uma carga de trotil de 9 kg (as barras do lado direito). detectada e levantada na estrada Bambadinca-Xitole pelo furriel de minas e armadilhas David Guimarães da CART 2716 (Xitole, 1970/72). "Bem, ia uma GMC ao ar, isso sim!...".

Foto (e legenda): © David J. Guimarães (2005). Todos os direitos reservado



Guiné > Região de Tombali > Cacine >  CART 1692/BART 1914 (Cacine, Cameconde, Sangonhá e Cacoca, 1967/69) > Coluna ao limite do sector de Cacine, na estrada Cameconde-Sangonhá, quando fomos levantar três abatizes que o IN ali colocou. Em 26 de outubro de 1968 realizámos uma coluna pela estrada Cameconde - Ganturé para retirar três abatizes que o IN tinha colocado (um mangueiro e dois bissilões) e oito minas PMD - 6. Uma rebentou na roda traseira de um Unimog 404, a penúltima viatura da coluna. O João Almeida (o "Alce") levanta uma mina PMD-6 que estava logo ali.

Foto (e legenda): © António J. Pereira da Costa (2013). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário do António José Pereira da Costa ao poste P16324 (*):

[Foto à esquerda: António José Pereira da Costa, cor art ref  (ex-alf art da CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt  das CART 3494/BART 3873, XimeMansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74],

Volto à antena para recordar a faca de mato do fur MA Isidro,  da CArt 1692, falecido no HM 241.

Na estradeca para Porto Cantede surgiu um campo de PMD-6 com algumas estavam à vista em consequência da chuva (setembro de 1968). No final da operação eram 65 + 1 (detonada) em 12 metros de estrada e 2 metros para cada lado do respetivo leito.

O Furriel de Minas e Armadilhas avançou e começou o seu trabalho, porém agachado em vez de joelhado e em posição estável.

Foi, como se diria hoje, um erro humano.

A dado momento desequilibrou-se e apoiou a mão que tinha a faca no chão. A explosão da mina não se deu de modo a decepar-lhe a mão, levando-lhe 2 ou 3 dedos e cegou-o do olho do mesmo lado. Evacuação perto do local!

Mas o falecimento, em outubro  ou novembro de 1968 foi em consequência de uma "úlcera fulminante", doença descoberta na II Guerra Mundial, de origem nervosa e da qual o paciente não se apercebe. Quando se manifesta não há (ou não havia) hipóteses.

Recordo a faca do Isidro com a lâmina partida e pude constatar que era um bom pedaço de lâmina de aço bem temperado.


As facas de mato eram um utensílio de boa qualidade. Ainda gostava de saber onde eram feitas. Não sei se as OGFE [Oficinas Gerais de Fardamento do Exército] ou alguma fábrica de armamento as produzisse. Ou então algum cuteleiro da área de Guimarães (capital da cutelaria, naquele tempo...). (*)

PS - Creio que as últimas unidades recebiam uma faca de mato por homem. Não fazia parte do equipamento individual.


2. Comentário do editor:

Tó Zé, o fur mil MA Isidro, de seu nome completo Manuel Joaquim Mesquita Isidro dos Santos, é dado como tendo morrido em combate, em 17/11/1968. Pertencia à tua CART 1692, subunidade de quadrícula do BART 1914 (e não BCAÇ 2834,  como vem indicado, certamente por lapso).  Os seus restos mortais repousam no cemitério da sua terra, Benavente.

Fonte: Portal Ultramar Terraweb > Mortos do Ultramar > Concelho de Benavente 
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(**) Dois últimos postes da série

25 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16328: Inquérito 'on line' (59) A minha faca de mato ficará associada para sempre a um acontecimento doloroso: a morte do soldado da minha secção, Aladje Silá, em 20/7/1970 (Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)

25 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16330: Inquérito 'on line' (60) Para quie servia a faca de mato ? Num total (provisóro) de 55 respostas, um terço diz que nunca teve nenhuma; era sobretudo: (i) um objeto multiuso (38%); (ii) ferramenta de sapador (M/A) (29%); e (iii) abre-latas (29%)... Mais respostas precisam-se até 5ª feira, dia 28... José Colaço mandou.nos uma foto da sua faca de mato que sobreviveu ao incêndio do paiol em Camamude

Guiné 63/74 - P16330: Inquérito 'on line' (60) Para que servia a faca de mato? Num total (provisóro) de 55 respostas, um terço diz que nunca teve nenhuma; era sobretudo: (i) um objeto multiuso (38%); (ii) ferramenta de sapador (M/A) (29%); e (iii) abre-latas (29%)... Mais respostas precisam-se até 5ª feira, dia 28... José Colaço mandou-nos uma foto da sua faca de mato que sobreviveu ao incêndio do paiol em Camamude


Se a  minha faca de mato falasse...

Foto (e legenda): ©  José Colaço (2016). Todos os direitos reservados.


I. INQUÉRITO DE OPINIÃO: 

"PARA QUE SERVIA A FACA DE MATO ?" (PODES DAR MAIS DO QUE UMA RESPOSTA)... 

RESULTADOS PRELIMINARES (n=55)



1. Arma de defesa  > 7 (12%)


2. Limpar o sebo ao IN  > 2 (3%)



3. Abre-latas > 16 (29%) 


4. Talher 3 em 1 (faca, garfo, colher)  > 11 (20%)



5. Ferramenta de sapador (MA)  > 16 (29%)



6. Adereço / ronco  > 10 (18%)



7. Outros usos (mato/quartel)  > 21 (38%)


8. "A minha amiga inseparável"  > 6 (10%

9. Objeto completamente inútil  > 0 (0%)



10. Nunca tive faca de mato  > 19 (34%)



11. Não sei / não me lembro  > 0 (0%)



Votos apurados às 12h00 de 25/7/201 6 > : 55 
Dias que restam para votar: 3




Foto: José [Botelho] Colaço ex-soldado trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), membro da nossa Tabanca Grande desde 2 de junho de 2008: tem 70 referência no nosso blogue.

II. Mensagem do nosso veteraníssimo José Colaço, com data de 23 do corrente:

Para arquivo do blogue, junto uma foto da minha faca de mato...

Se a minha faca de mato falasse, teria algo importante a contar. Eis o que resta da minha faca de mato depois de ter passado pelas agruras e , malefícios da guerra da Guiné, inclusive ter estado envolvida no incêndio do paiol em Camamude, no  sector de Bafatá, onde só a parte metálica resistiu. Devido ao calor que sofreu, perdeu a têmpera, o cabo que ostenta é em madeira feito por mim. 

É um exemplo de resistência, mas está velha igual ao dono.

Um alfa bravo,
José Colaço.
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P16328: Inquérito 'on line' (59) A minha faca de mato ficará associada para sempre a um acontecimento doloroso: a morte do soldado da minha secção, Aladje Silá, em 20/7/1970 (Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)

1. Mensagem de Abílio Duarte [, ex-fur mil, CART 2479, mais tarde CART 11 e, finalmente, já depois do regresso à metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa Companhia de “Os Lacraus de Paunca” (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)]:


Data: 24 de julho de 2016 às 21:18
Assunto: A minha faca de mato.


A minha faca era igual a todas as outras, servia para tudo e mais alguma coisa, como todos nós que por lá andamos, sabemos. Teve muito uso e útil. 

No entanto a minha teve uma utilização muito critica e dolorosa. Quando no dia 20 de Julho de 1970, como já referi neste blog, o  meu Grupo de Combate teve que ir em socorro de uma Tabanca, atacada e incendiada pelo PAIGC, e o soldado da minha Secção Aladje Silá accionou uma mina antipessoal, e veio a falecer em resultado deste triste acontecimento. (*)

Quando os ânimos se acalmaram um pouco, depois de explosão, do pó e confusão de fogo cruzado, e se verificou  que o Aladje estava caído e a lamentar-se das sequelas da explosão, o Cabo Enfermeiro, depois de me avisar que eu estava todo chamuscado, pediu-me para abrir as calças do Aladje, o que eu fiz com a minha faca de mato, mas ao tentar usá-la, quando peguei no seu pé, fiquei com o mesmo na mão, pois o mesmo se tinha separado da respectiva perna. 

Quando comecei a rasgar a calça do camuflado, foi  quando me apercebi da desgraça, que vinha a caminho. Assim a minha faca de mato ficou associada a um muito triste acontecimento, que ain
da hoje me persegue e nunca consigo esquecer. (**)

Abílio Duarte
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Notas do editor:

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16324: Inquérito 'on line' (58): A minha faca de mato ? Era quase um canivete suíço e 'vestia' com manga de ronco!... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)




A minha de faca de mato era (é)  um canivete suiço...


Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2016). Todos os direitos reservados.


A. Resposta de Valdemar Queiroz ao nosso inquérito "on line": Para que é que servia a faca de mato ?


Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]

Data: 21 de julho de 2016 às 23:37
Assunto: Faca de mato, quase um canivete suiço (*)

É verdade, a faca de mato que era requisitada na Arrecadação, servia para quase tudo: desde o aparar estacas, passando por estripar uma lebre ou galinhola, desmanchar uma mina na picada e, principalmente, servia às mil maravilhas para abrir latas, as de quilo, de fruta em cauda, leite com chocolate, conservas, etc.

Julgo que a maioria dos Furriéis tinha uma faca de mato.

Também havia facas de mato num estabelecimento civil, em Nova Lamego, iguais às nossas, para venda. Nunca soubemos quem era o fornecedor, provavelmente algum 'faquir' que as desviava para arranjar uns trocos. Depois tinha que se ir lá comprar.

Eu comprei a minha e 'vestia' com manga de ronco, como agora se encontra. Já lá vão 47 anos e ainda está impecável, o aço é de grande qualidade e ainda é utilizada para abrir alguma lata da mesma maneira que era utilizada num final de tarde, serenamente, nos finais de tarde não se ouviam 'embrulhadas', com uma ligeira brisa e o sol a desaparecer, rápido, a abrir uma lata de cerveja pouco fresca em Guiro Iero Bocari.

Abraços
Valdemar Queiroz


B. Comentário do editor:

Camaradas:

Está a decorrer, até 28 do corrente mês, mais um inquérito por questionário "on line". Resposta múltipla, é só clicar... Onde ? No canto superior esquerdo do nosso blogue (**). Já chegaram as primeiras 14 respostas, até ao alvorecer... Boa continuação de férias, para os felizardos que estão de férias. Mantenhas para todo o mundo.


INQUÉRITO DE OPINIÃO: "PARA QUE SERVIA A FACA DE MATO ?" (PODES DAR MAIS DO QUE UMA RESPOSTA)

1. Arma de defesa > 2 (14%)

2. Limpar o sebo ao IN  > 0 (0%)

3. Abre-latas > 5 (35%)

4. Talher 3 em 1 (faca. garfo, colher)  > 3 (21%)

5. Ferramenta de sapador (MA)  > 6 (42%)

6. Adereço / ronco  > 3 (21%)

7. Outros usos (mato/quartel)  > 7 (50%)

8. "A minha amiga inseparável"  > 0 (0%)

9. Objeto completamente inútil  > 0 (0%)

10. Nunca tive faca de mato  > 3 (21%)

11. Não sei / não me lembro  > 0 (0

Votos apurados > 14


Prazo de resposta > 28/7/2016, 18h38

_________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 21 de ulho de  2016 > Guiné 63/74 - P16323: Fotos à procura de...uma legenda (74): A faca de mato... afinal, para que é que servia ?

(**) Último poste da série > 13 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16299: Inquérito 'on line' (57): Total de respostas: 122. Só 3,3% não tinha lavadeira... E na grande maioria dos casos (86,1%) lavadeira só lavava mesmo a roupa...

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16323: Fotos à procura de... uma legenda (74): A faca de mato... afinal, para que é que servia ?


Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > 35ª CCmds e Pel Rec Daimler 3089 (Teixeira Pinto, 1971/73) > Foto nº 56 do álbum de Francisco Gamelas  > Março de 1972 > Estrada Teixeira Pinto. Cacheu >  O alf mil comando Alfredo Campos, da 35ª CCmds, abre, com a sua faca de mato, uma lata de conversa de fruta, num momento de pausa e descontração.

Foto (e legenda): © Francisco Gamelas (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Fotos à procura de... uma legenda  > faca de mato... afinal, para que é que servia ?

Não tenho a certeza se fazia, obrigatoriamente, do nosso equipamento inidvidual durante a guerra colonial... Eu sei que tinha uma, não sei se me foi distribuída pelo exército ou se a comprei no Casão Militar...

No Manual do Oficial Miliciano (1965), era considerada uma arma importante na contraguerrilha:

(...) As armas mais convenientes para serem usadas na guerra da selva, onde a observação e o campo de tiro são muito limitados, são armas de curto alcance, de fácil remuniciamento e fácil transporte sobre terreno difícil. As armas que reúnem melhores condições são a espingarda, a baioneta, a espingarda-metralhadora, a pistola-metralhadora, a carabina, granadas de mão e de espingarda, a catana e a faca de mato. (...) 

In Manual do Oficial Miliciano: parte geral, 1º volume. Edição do Ministério do Exército, Estado Maior do Exército, Rep Instrução,  1965 (*)

As tropas paraquedistas, julgo, usavam uma, especial, da marca espanhola Aitor...

Afinal, para que servia a faca  de mato ? Levantar minas ? Silenciar sentinelas ? Abrir latas de conservas ?  Servir de talher ? Limpar as unhas ?... Ou era só "ronco" ?

Os nossos camaradas de minas e armadilhas não prescindiam dela, a "amiga" faca de mato, O nosso saudoso Luís Faria (1948-2013) tem uma história, reveladora da relação especial que alguns de nós tinham a sua faca de mato (*)...

E o resto da "tropa-macaca" ? Que histórias tem para contar deste utensílio multiusos que faz parte das nossas memórias ?

Fica aqui um interessante desafio (e passatempo) para o fim de semana (**)... Ponham, por favor, uma legenda, na excelente foto do Francisco Gamelas, acima reproduzida... Mandem fotos, mandem histórias, façam comentários... A Tabanaca Grande agradece... LG

___________

Notas do editor:

/*) Vd. poste de 3 de abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2717: Exército Português: Manual do Oficial Miliciano (1): A Selva, perigos, demónios e manhas (A. Marques Lopes)



Foto do saudoso Luís Faria (1948-2013),
ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, 
Bula e Teixeira Pinto, 1970/72

(...) Tinha-a comprado no Porto. Era equilibrada,  adaptava-se muito bem à minha mão, éramos inseparáveis e até dez passos o lançamento não falhava o alvo. Levantou 1032 minas, mas nunca chegou a ser usada em/contra alguém.

Um dia, numa operação na zona de P. Matar, embrulhei (amos) forte e feio. Durante o regresso dei pela falta dela. Por qualquer motivo, desembainhou-se e lá se foi, no campo de batalha. Fiquei bem aborrecido! Era a minha companheira, tinha-lhe um carinho especial e ela transmitia-me uma sensação de segurança. Não tinha hipótese de voltar atrás para a procurar. Por lá ficou, perdida mas não esquecida.

Talvez numa próxima visita aquela zona tivesse a sorte do reencontro, quem sabe?

Alguns dias passados, estava com dois ou três amigos a beber uns copos na tasca do Silva (creio que era o nome) e às tantas uma bajuda abeirou-se deu-me um um pedaço de papel enrolado, disse: 

- É do Furié… - e rapidamente desapareceu, não dando tempo a qualquer pergunta.

Desenrolei o papel e… era a minha faca de mato! (...)


(**) Último poste da série > 20 de junho de  2016 > Guiné 63/74 - P16220: Fotos à procura de...uma legenda (73): O alferes miliciano piloto aviador Carlos Gonçalves em janeiro de 1972, no bar de oficiais de Teixeira Pinto (Lino Reis, cor piloto aviador ref)