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quarta-feira, 21 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18442: (In)citações (118): sociocoreografia de um batuque (Cherno Baldé / Valdemar Queiroz)

Foto nº 56
Tabanca Grande Luís Graça 

Há uma energia telúrica nas danças africanas, bem captada pelo nosso fotógrafo...

Qualquer pretexto (, incluindo o "render da guarda" de um administrador de concelho...) servia para uma bela batucada...

Obrigado ao "fotógrafo que estava lá"!... LG



Cherno Baldé

Filme das imagens de 52 a 58 > Imagens 52 –53–54 :

O ambiente está propicio para iniciar a dançaa, o uso de tambores, de origem mandinga, foi adoptada pela maioria das etnias da Senegambia.

Foto nº 52
Nas imagens ve-se uma mulher a quem alguém encarregou de fazer a psicosocial (a politica), entregando-lhe uma bandeira portuguesa. 

De seguida (53) tenta convencer a mulher dançarina (mestre de danças) para empunhar a bandeira enquanto dança mas parece que esta declina a proposta e prefere empunhar um simples pau de palmeira que combina melhor com os movimentos da dançaa mandinga; ao seu lado está a animadora da festa (animadora cultural) com um tecido de renda branca a volta do pescoço. 

Foto nº 53
Do lado direito (54) ve-se uma criancinha (futura dançarina ?) a bater palmas, não deve ter mais de 2 anos de idade. No ângulo superior esquerdo aconteceu alguma coisa que atirou a atençao de uma parte das assistentes desse lado, que olham para lá com alguma preocupação.

Imagens 56 –57-58 :

Após a abertura feita pela mestre de danças, lá vem uma pretendente mostrar o seu valor artístico e recebe muitos aplausos da assistência com a animadora cultural por perto (lado direito). Depois desta, lá vem em passos miudinhos, bem pausados, de acordo com a sua idade, a mulher grande que recebe o encorajamento de toda assistência. 

Foto nº 54
Nesta festa popular, todas as gerações tem o seu devido lugar. Diz-se que em Africa a velhice é um estatuto especial, que todos respeitam. Enquanto isso, no angulo superior esquerdo (57), entre os metropolitanos que vieram assistir a festa, um deles vestido à civil (de camisa branca) deve ter tocado num sítio onde não devia o que provocou o tal burburinho que perturbou uma parte da assistência.

O alferes Virgílio, esse está a ajudar a animar a dança da mulher grande. A bajuda ofendida não deixa passar impune o gesto e mostra as suas garras,  gesticulando para o rapaz branco atrás de si e, muito provavelmente, acompanhado de palavrões no seu dialecto. Um cenario tipico de uma festa de batuque na tabanca nos anos 60/70 com a presença de jovens militares metropolitanos.

Um abraço amigo,
Cherno Baldé


Foto nº 57
Valdemar Queiroz

 Cá temos o Cherno Baldé, qual Pedro Homem de Melo da Guiné, a explicar as danças e todo o seu ambiente numa povoação daquelas terras.

Cherno, deves compreender que nestes ajuntamentos de festas, em que entram rapazes e raparigas, a rapaziada aproveita-se para um 'encostãozinho' na rapariga que lhe aparece à frente, até parece que existe um íman. Ás vezes as coisas não correm lá muito bem, num ambiente da festa da mulheres e raparigas.

Mas, Cherno, lembro-me que em Nova Lamego, já contei aqui no blogue, estava a assistir a uma festa parecida com esta, se calhar com outros motivos, também com muita rapaziada e bajudas e grande batucada. Já era de noite, e todo entusiasmado com a inebriante dança das bajudas, quando fui eu que levei um 'encostãozinho' com apalpanço e tudo, e lá fui atrás da Maria/Fátima até nos encontrarmos longe da festa e das luzes da via pública. E ficamos juntos, na sua casa, até ao sol aparecer. (Se calhar por ser Embaló.)

A propósito do 'encostãozinho', assisti várias vezes na baixa de Lisboa ao lamúrio dum pedinte: Nem que seja só um tostãozinho... nem que seja só um tostãozinho... nem que seja só um tostãozinho. Mas quando passava uma rapariga jeitosa o lamurio mudava: Nem que seja só um tostãozinho... nem que seja só um encostãozinho.. nem que seja só um encostãozinho.

Pois... Abraço, Valdemar Queiroz Embaló


Cherno Baldé

Foto nº 58
Caro Valdemar,

Nem imaginas o estado em que fiquei de tanto rir. Claro que eu compreendo e esperava, precisamente, uma reacção contrária a demonstrar que toda aquela birra da bajuda era para homem grande ver, porque aquele rapazola branco podia atrai-la como a um íman, como tu dizes. Mas eu vou pela primeira hipótese de ser ele o provocador, isto para defender a honra das minhas irmãs cá do sitio, na verdade, podia ser tudo ao contrário da cena que eu insinuei e, se fosse na escuridão, ai Jesus, Maria!!! 

Às vezes eu chego a pensar que aqueles que têm a pretensão de ajudar as "pobres" mulheres,  mal sabem que, no fundo, elas são as donas de isso tudo.

Um abraço para ti, Cherno.

PS: Aquela noite de Gabu você a mereceu e ainda bem que, ao menos, tem uma historia bonita e singular para contar para alem das minas... armadilhas...fornilhos da guerra colonial. (**)

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Fotos acima > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >Janeiro de 1969 > Festa em honra do novo administrador.

Fotos )e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Ediçãor: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18048: Agenda cultural (615): Lisboa, Casa do Alentejo, hoje, 5 de dezembro, 19h00: apresentação do livro "Cantar no Alentejo" (organizado por Rosário Pestana e Luísa Tiago de Oliveira)... Atuação, no final, do Grupo Coral Cantadeiras de Essência Alentejana, de Almada


Capa do livro, edição da Estremoz Editora


Convite


1. Mensagem da Maria Luísa Tiago Oliveira, com data de 3 do corrente:

Car@s amig@s:

Convido-vos para uma sessão no próximo dia 5 de Dezembro na Casa do Alentejo, [Rua Portas de Santo Antão, 58,] em Lisboa, pelas 19h00, de apresentação do livro Cantar no Alentejo. A terra, o passado e o presente, coordenado por Maria do Rosário Pestana e Luísa Tiago de Oliveira

Este livro partiu de uma Conferência realizada no âmbito das Festas do Cante em Monsaraz, que reuniu estudiosos de diferentes áreas disciplinares (Antropologia, Etnomusicologia, História e Sociologia), com cantadores, letristas, autarcas e outros interessados no Cante Alentejano.

Prefaciado por Salwa Castelo-Branco, o livro divide-se em duas partes. Na primeira, contém capítulos escritos por Fernando Oliveira Baptista, Ema Pires e Daniel Rodrigues, Dulce Simões, Susana Mareco, Maria José Barriga, Maria do Rosário Pestana,Luísa Tiago de Oliveira e Paulo Ferreira da Costa. A segunda parte do livro consta de uma mesa-redonda, marcada pela espontaneidade e pela multiplicidade de perspectivas, com intervenções de cantadores, de decisores e de alguns dos autores anteriores. Neste debate, moderado por Jorge Freitas Branco, participaram Ana Paula Amendoeira, Anabela Caeiro, António Caixeiro, David Pereira, Dulce Simões, Joaquina Margalha, José Pedro Fernandes, José Pereira, Luís Caixeiro, Luís Filipe Marcão, Maria Antónia Zacarias, Maria José Barriga, Paulo Costa, Pedro Mestre, Maria do Rosário Pestana, Serafim Silva e Susana Mareco.

No seu conjunto, o livro permite uma abordagem nova e multi-situada da questão da terra, da memória e do património que, hoje, se encontram numa encruzilhada.

A apresentação contará com a actuação do Grupo Coral Cantadeiras de Essência Alentejana, de Almada.

Teria muito gosto em vos ver por lá. Até breve,

Luísa Tiago de Oliveira
ISCTE-IUL


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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18038: Agenda cultural (614): Lisboa, dia 12, 3ª feira, 18h00, Instituto de Defesa Nacional: sessão de lançamento do livro "...Da descoloniização: do protonacionalismo ao pós-colonialismo", do maj gen Pedro Pezarat Correia. Apresentação a cargo dos prof dout Luís Moita e Carlos Lopes