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domingo, 7 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25043: Capas da Ilustração Portuguesa - Parte VIII: mais um flagrante do fotógrafo Joshua Benoliel, no embarque do CEP para França: a cena tocante de um camarada que escreve, em cima do joelho, um bilhete-postal de despedida, para a família de um outro camarada






Legenda: "Expedicionários portugueses: escrevendo a um camarada uma carta para a família". ("Cliché": Benoliel)


Capa da "Ilustração Portuguesa", II Série, nº 575, Lisboa, 26 de fevereiro de 1917. (Edição semanal do jornal "O Século"; editor lit.: José Joubert Chaves; nº avulso: 10 centavos.)

Observações: O jornal diário, republicano, "O Século", custava 1 centavo (uma centésima parte do escudo, a nova moeda que valia mil réis da antiga). Com o início da I Grande Guerra, e a escalada dos preços, há uma crise do papel que vem afetar  brutalmente a toda a imprensa (nacional e estrangeira). O quilo de papel que, emPortugal,  custava 8 centavos, disparava rapidamente para os 50.

 "O Século" passará a custar 2 centavos (20$00 réis,  um vintém), a partir de 1 de fevereiro de 1918.  Era, a par do "Diário de Notícias", o jornal de referência dos lisboetas.  A imprensa escrita tem o seu "boom" nesta época, que antecede a rádio (anos 20) e a televisão (anos 50). Apesar da censura imposta pela entrada de Portugal no conflito (a declaração de guerra da Alemanha contra Portugal data de 9 de março de 1916), é apenas pelos jornais que as famílias têm notícias do  que se passa nos teatros de operações (na Europa e em África). Dado o seu custo, e a deficiência da cobertura da rede, o telefone era proibitivo.

Em 26 de fevereiro de 1917, a "Ilustração Portuguesa" custava (o número avulso) 10 centavos, não sendo portanto para todas as bolsas, estava apenas ao alcance da classes média, média alta e alta. (A edição de 4/2/1918 já custava 12 centavos e no final dos anos de 1918 e 1919, 15 centavos, passando a 20 centavos, no final de 1920.  Na época (1917, o salário médio entre os rurais era de 60 centavos,diários, um pouco mais alto entre o operariado fabril. A inflação, por seu turno, torna- se "milionária":  a valores atuais, o coeficiente de desvalorização moeda era superior a mil por cento: mais de 3 mil (para 1916), de 2,4 mil (para 1917) e de 1,7 mil (para 1918).


1. O fotojornalista  Joshua Benoliel (1873-1932) é o autor deste "flagrante": antes da partida para França, no cais de embarque, em Alcàntara, dois militares do CEP estão anichados a um canto, junto a uma carroça, retirados do resto da tropa: vistos de perfil, um deles (lado esquerdo) escreve, em cima do joelho, uma carta  ou um postal que outro camarada (à direita) lhe dita , e terá por certo como destinário a sua família, algures na terra...

É uma cena tocante, pela solicitude, pela camaradagem, pela entreajuda, pelo momento único de separação, saudade, angústia e incerteza, que representava para aqueles rapazes a partida para a guerra.  

Na  cobertura jornalística  que fez da partida do  CEP (Corpo Expedicionário Portuguès) para França, entre janeiro e outubro de 1917, o Joshua Benoliel privilegiou estes cenas mais intimistas da separação e da despedida.

De acordo com o censo de 1911, em 5,960 milhões de habitantes, 75,1% eram analfabetos,  (68,4% dos homens e 81,2% das mulheres), com maior predominância nas zonas rurais.

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Nota do editor:

Último poste da série > 4 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25033: Capas da Ilustração Portuguesa - Parte VII: outra foto fabulosa, intimista, do Joshua Benoliel, na partida do CEP para França: uma jovem mulher despede-se do marido (ou do pai ?), com a mãe ao lado, de xaile; olha-o, olhos nos olhos, e com a sua mão direita afaga o pescoço do militar, que era do RI 14 (Viseu)

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25028: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - V (e última) Parte: Gondomar, o fim da itinerância, a "minha casa"




Escola Secundária de Gondomar

Fotos (e legendas): © Joaquim Costa (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Joaquim Costa, natural de V. N. Famalicão, 
reside em Gondomar


1. Continuação da nova série do Joaquim Costa: "E depois da peluda... a luta
continua: as minhas escolas"... (*)

(i) ex-fur mil at armas pesadas inf, CCAV 8351, "Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74);

(ii) membro da Tabanca Grande desde 30/1/2021, tem cerca de 7 dezenas de referências no blogue;

(iii) autor da série "Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74)" (de que se publicaram 28 postes, desde 3/2/2021 a 28/7/2022) , e que depois publicou em livro ("Memórias de um Tigre Azul - O Furriel Pequenina", por Joaquim Costa; Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp);

(iv) tirou o curso de engenheiro técnico, no ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto;

(v) foi professor do ensino secundário, tendo-se reformado como diretor da escola secundária de Gondomar;

(vi) minhoto, de Vila Nova de Famalicão , vive em Rio Tinto, Gondomar;

(vii) tem página no Facebook.

2. Comentário do editor LG:

O Joaquim Costa deu o tiro de partida, inicaindo esta série " E despoisd a peluda...". Estamos-lhe gratos. De facto, não temos aqui falado tanto quanto deveríamos das dificuldades e obstáculos que, nós, antigos combatentes, tivemos de enfrentar e vencer depois da peluda: exorcisar os fantasmas da guerra, "esquecer a Guiné", fazer os "lutos", acertar o relógio e o calendário, arrostar com as "piadas de mau gosto" (quando não mesmo a hostilidade de certos indivíduos e grupos), voltar a estudar, arranjar um emprego, ou retomar o trabalho que já tínhamos antes da tropa, refazer a vida pessoal e familiar, arranjar casa, casar, contrair o primeiro empréstimo bancário (e pagar juros altíssimos!), comprar o primeiro automóvel, ou fazer as primeiras férias com a namorada, ou a mulher e os filhos, viajar, sair pela primeira vez do país, etc.

O Joaquim Costa, engenheiro de formação, professor toda a vida, tendo passado  pela experiência, tão desafiante quanto gratificante, da administração escolar. Falou-nos aqui, "de cátedra",  do que é isso, para um professor,  de andar com a casa às costas como o caracol, até conseguir um lugar efetivo do quadro, próximo da terra e da casa onde quer viver.

Fazemos votos para que as suas crónicas tenham já motivado e ajudado outros camaradas a escrever sobre o assunto, doloroso e fascinante,  ao mesmo tempo da vida depois da peluda.


E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) -V (e última)  Parte: Gondomar, o fim da itinerância, a "minha casa"


Em Santo Tirso quase ensinei,
Em Portalegre me enamorei,
Em Santarém Piaget enfrentei,
Em Famalicão à minha terra voltei,

Na Régua “trampolinei”,
Loucura boa provei
Em Gondomar gente d’ouro encontrei
De coração cheio aqui cheguei.

Gondomar: a minha casa durante, mais, de 30 anos...

Para além de professor aqui exerci quase todos os cargos e funções.
 
Foi uma honra, e um grande desafio, o exercício de todas estas funções numa instituição centenária de grande prestígio.

Antecederam-me, no cargo de Diretor, ilustres personalidades que projetaram a ESG  (EScola G«ASecundária de Gondomar) para níveis de excelência. Razão pela qual, receando não estar à altura de tão pesada herança, fui navegando com terra à vista com receio de um naufrágio. Felizmente de terra vinham sempre incentivos como o dos pais na iniciação dos filhos nos primeiros passos.
 
Olhando para trás tenho dificuldade em acreditar que exerci este cargo ao longo de 20 anos. Mais me parecerem dois. Crédito meu? Obviamente que não! Crédito total dos excelentes professores e funcionários, dos maravilhosos alunos, dos tolerantes pais, etc.

Os últimos 3 anos como Diretor, humanamente, foram os mais marcantes.

Embora frontalmente contra a criação dos mega agrupamentos, a tutela me impôs o atual Agrupamento de Escolas n.º 1 de Gondomar, acrescentando à já hercúlea tarefa de gerir a Escola Secundária de Gondomar, uma Escola do 2.º e 3.º ciclo, 6 escolas do 1.º ciclo e 5 jardins de infância (o então Agrupamento de Escolas de Jovim e Foz-do-Sousa).

Habituado a olhar para a árvore,  de um momento para o outro tenho toda a floresta a olhar para mim.
Não obstante algum receio, fui recebido e acarinhado em todas as escolas.

3 anos de muita aprendizagem e de muita cumplicidade. Muitos quilómetros fiz no meu carro próprio (sem ajudas de custo !),  visitando regularmente cada uma destas 12 instituições, algumas distando mais de 5 quilómetros da sede. No regresso vinha sempre de depósito do carro vazio mas de alma cheia.

Colocado nesta escola (em 1981/1982), logo saí, em regime de destacamento, para a Direção Geral do Ensino Secundário para exercer as funções de Orientador Pedagógico na formação inicial de professores.

Regressei passado 3 anos e logo sou convidado a fazer os horários da escola. Sem pensar aceitei o desafio, mas logo me arrependi. Já me tinha esquecido dos ensinamentos do meu irmão Manuel nas lides dos quarteis: “Nunca te ofereças como voluntário para nada”.

Não havia maneira de voltar atrás. Sou da geração de “palavra dada, palavra honrada”. O risco de conquistar inimizades era grande, pondo em causa uma entrada suave na nova e definitiva escola. Felizmente só um ou outro professor me deixou, temporariamente, de falar.

A minha passagem por esta escola daria um livro (não há duas sem três), contudo, como estou, ainda, no período de nojo, deixarei para mais tarde, ficando-me por estas pequenas histórias que têm como protagonistas os meus filhos, enquanto alunos de uma escola onde o pai era o diretor.

O mais velho foi o que viveu pior com a situação: Fugia do gabinete da Direção como o diabo da cruz ficando incomodado sempre que entre colegas, ou nas aulas, se falava do Diretor. Nunca entrou no meu gabinete.

Tínhamos um grupo de professores que jogava futebol de salão num campo de jogos ao ar livre. Do grupo fazia parte um professor do Tiago, de geometria descritiva, que jogava sempre à baliza já que os muitos anos de jogador federado lhe tinham dado cabo dos joelhos (e não só!). Jogava sempre muito “artilhado” com medo das lesões: Meia calça, joelheiras, cotoveleiras e gorro na cabeça: só se lhe viam os olhos. Num jogo, numa jogada mais viril, vem com o sobrolho dele contra a minha cabeça (dizem as más línguas que foi a minha cabeça contra o sobrolho dele). Cai e o sangue começa a tapar-lhe o olho. Levado o homem a um posto de enfermagem,  leva (apenas!) 5 pontos no sobrolho.

No dia seguinte aparece à turma (com um grande penso no olho), com quem ia discutir as notas do final período. Os alunos “maravilhados” com a sorte do professor, viram-se para o Tiago e dizem-lhe: "O teu pai merecia uma medalha!" 

O Tiago, como sempre quando falavam do pai,  ficou incomodado. Chegada a vez de discutir a sua nota o professor diz-lhe: "Estava com dúvidas entre dar-te 17 ou 18, mas, depois do que aconteceu ontem, dissipei todas as dúvidas, levas 17".

Logo se ouvem os colegas em coro: "Sr. professor, não temos nada a ver com isso, mas, se fosse a si,  dava-lhe 18,  se é que não quer aparecer amanhã com 5 pontos no outro sobrolho!"

O mais novo, ao contrário do irmão, falarem do Diretor na presença dele e nas aulas era para o lado onde ele dormia melhor. Passava com toda a naturalidade junto do gabinete e muitas vezes entrou para falar comigo, ou a tratar de assuntos pessoais, sem nenhum constrangimento. Fazia com toda a naturalidade a sua vida como que se estivesse noutra escola qualquer.

Todos os dias eu levava os dois para as aulas com mais dois seus colegas, chegando sempre na “queima” à primeira aula.

Um certo dia diz-lhe o professor de história e Diretor de Turma: "Ricardo,  tenho mesmo de falar contigo sobre um assunto que é tema de conversa recorrente no conselho de turma, pressionados pelo Diretor, que são o atraso da vários alunos há primeira aula: Tens de ser tu a dar o exemplo começando a chegar a horas!",,, 

Diz o Ricardo com toda a naturalidade: "Sr. professor, é sempre um grande prazer falar consigo, mas, sobre esse assunto, aconselhava-o a falar com o Diretor porque é ele que me traz todos os dias"…
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Nota do eidtor:

Postes anteriores  da série > 


9 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24932: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte III: Primeiro, Santo Tirso, a seguir, Portalegre e logo... Santarém (onde fiz a minha formação pedagógica)

27 de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24890: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte II: Depois de Santo Tirso, Portalegre... e 18 razões para não mais esquecer o Alto Alenteho

sábado, 9 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24932: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte III: Primeiro, Santo Tirso, a seguir, Portalegre e logo... Santarém (onde fiz a minha formação pedagógica)


Santarém > Escola Industrial e Comercial de Santarém >  c. 1978/79 > "A nossa obra maior: Um 'supercomputador'...  Com esta mesa didática (construída de raiz por estes 5 “estarolas” ) se simulavam todas as operações em instalações elétricas.




Santo Tirso > c. 1975/76 > Foto de grupo:  o Joaquim Costa (algures) mais os seus colegas professores (e destes, quantos não terão passado também pela Guiné?!)

Fotos (e legendas): © Joaquim Costa (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1.Continuação da nova série do Joaquim Costa:, "E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas"... (*)

(i) ex-fur mil at armas pesadas inf, CCAV 8351, "Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74);

(ii) membro da Tabanca Grande desde 30/1/2021, tem cerca de 7 dezenas de referências no blogue;

(iii) autor da série "Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74)" (de que se publicaram 28 postes, desde 3/2/2021 a 28/7/2022) , e que depois publicou em livro ("Memórias de um Tigre Azul - O Furriel Pequenina", por Joaquim Costa; Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp);

(iv) tirou o curso de engenheiro técnico, no ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto;

(v) foi professor do ensino secundário, tendo-se reformado como diretor da escola secundária de Gondomar;

(vi) minhoto, de Vila Nova de Famalicão , vive em Rio Tinto, Gondomar;

(vii) tem página no Facebook.


E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa)  - Parte III:  

Primeiro, Santo Tirso, a seguir, Portalegre,  e logo... Santarém (onde fiz a minha formação pedagógica)


Depois de Portalegre segue-se Santarém, para fazer a minha formação pedagógica na Escola Industrial e Comercial de Santarém (c. 1978/79, LG).

Era um CF constituído por professores de várias formações e grupos disciplinares.
Reconheço que foi um ano muito enriquecedor. Formadores de excelente qualidade, grande camaradagem e entreajuda com os mais de 30 estagiários oriundos de todo o país, com muitos jantares (muita sopa da pedra) em conjunto já que a maioria só regressava a casa ao fim de semana. 

Aqui se estudou até à exaustão a Teoria Cognitiva de Piaget e a taxonomia dos objetivos educacionais de Bloom (Taxonomia de Bloom).

Os seis elementos do meu grupo disciplinar, no qual se incluía o orientador, eram todos do Porto e viviam na mesma casa. Mais parecia uma segunda recruta.
Foi um ano de muito trabalho, com muita colaboração, mas também alguma competição. A nota final do estágio podia ditar, no concurso para efetivo, ficar longe ou perto de casa. O trabalho começava às oito da manhã e muitas vezes só terminava de madrugada.

Poucas vezes jantávamos fora já que o ordenado era curto, como tal o jantar era feito em casa. Cada um tinha a sua especialidade: mm sabia cozinhar, outro tinha jeito para as compras, outro para as limpezas (as casas de banho era rotativo) e quem não tinha jeito para nada lavava a loiça.

O especialista da cozinha não deixava nada ao acaso, pois na quantidade de água no arroz, do tempo de cozedura ou quantidade de sal utilizava sempre uma fórmula matemática com o auxílio de uma régua de cálculo (os engenheiros gostavam mais das réguas de cálculo do que das primeiras "texas").

Este foi um ano em que o arroz faltou em quase em todo o país pelo que o especialista das compras, por sugestão do merceeiro, levou arroz integral. O cozinheiro aplicou a fórmula habitual para a quantidade de água, tempo de cozedura e quantidade de sal. Já o bife tinha "voado" e o arroz ainda não tinha chegava à mesa, pelo que, fomos à cozinha ver o que se estava a passar com o cozinheiro. Vimo-lo todo vermelho, com o suor a cair-lhe da testa dentro da panela e a régua de cálculo feita em pedaços no chão num canto da cozinha. Quanto mais água punha na panela mais ela desaparecia e o arroz sempre duro...

Um belo dia comemos na cantina algo que não nos caiu bem, pelo que decidimos fazer para o jantar uma canja de galinha. O cozinheiro colocou tudo na panela, aplicando as suas fórmulas com a ajuda da régua de cálculo (já colada com fita cola) e foi arejar um pouco já que se sentia um pouco indisposto. Os restantes elementos começaram a mexer a canja e (sem régua de cálculo) concluíram que a porção das pevides de massa era muito pouca pelo que a cada "mexidela" lá ia mais um mão cheia de pevides para a panela. 

Quando o cozinheiro chegou, gritou furioso: "quem esteve a mexer na panela? Vão ser todos obrigados a comer esta mistela!"

 E assim foi, todos comemos a canja de galinha às fatias e de faca e garfo.

Como fazíamos várias noitadas na escola, fomos avisados por colegas mais antigos que o guarda noturno, para além de uma grande pancada, fazia a ronda sempre de pistola (#), pelo que o devíamos informar sempre que ficássemos a trabalhar até de madrugada. Assim sempre fizemos. Contudo, numa altura em que se estava a esgotar o tempo para apresentar um trabalho de equipa, pedimos a chave ao chefe dos funcionários para trabalharmos na escola num dia feriado. Era nossa intenção trabalhar só da parte da manhã, mas a coisa complicou-se e arrastou-se pela noite dentro.

Embrenhados no trabalho nem nos lembramos do guarda noturno. Era uma da manhã quando ouvimos passos ao longe, ficamos brancos como um fantasma, pois o homem caminhava na nossa direção como nos filmes de terror. Ficamos sem saber o que fazer. Se gritássemos,  assustávamos o homem e ainda levávamos um balázio, se não nos dessemos a conhecer a coisa ainda poderia piorar. 

Entretanto ouve-se um tiro (##) e,  ato contínuo, todos começamos a gritar (eu fui o único que se deitou no chão - ainda reflexos dos tempos de Guiné): "Somos nós, Sr. João, não dispare pelo amor de Deus!". 

O homem lá nos reconheceu, também ficou aliviado, mas nós ficamos sem conseguir falar durante uns bons minutos.

Joaquim Costa
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Notas do autor:

(#) Todas as escolas, mais antigas, ainda têm no seu inventário uma pistola e um carregador cheio de balas, guardado a sete chaves no cofre (fala quem sabe!)

(##) O homem de facto usava a pistola carregada e pronta para disparar, mas o tiro foi de uma pistola de feira, de fulminantes, que também usava como primeira abordagem à situação.
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Vd. também poste de 20 de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24865: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte I: Santo Tirso, o dono da "tasca"

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24890: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte II: Depois de Santo Tirso, Portalegre... e 18 razões para não mais esquecer o Alto Alentejo


Portalegre: Escola Secundária de São Lourebço

1.Continuação da nova série do Joaquim Costa, "E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas"...


(i) ex-fur mil at Armas Pesadas Inf, CCAV 8351, "Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74);

(ii) membro da Tabanca Grande desde 30/1/2021, tem cerca de 7 dezenas de referências no blogue;

(iii) autor da série "Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74)" (de que se publicaram 28 postes, desde 3/2/2021 a 28/7/2022) , e que depois publicou em livro ("Memórias de um Tigre Azul - O Furriel Pequenina", por Joaquim Costa; Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp);

(iv) tirou o curso de engenheiro técnico, no ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto;

(v) foi professor do ensino secundário, tendo-se reformado como diretor da escola secundária de Gondomar;

(vi) minhoto, de Vila Nova de Famalicão , vive em Rio Tinto, Gondomar;



Portalegre: O histórico café Alentejano..

 
Joaquim Costa

"E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas" (Joaquim Costa);  Parte II: E depois de Santo Tirso, Portalegre...


Foi desta cidade que às 2 da manhã do dia 29 de outubro de 1972, fui conduzido (juntamente com a minha companhia) até Figo Maduro, onde embarquei num avião da FAP ruma à Guiné.

O pouco tempo que aqui permaneci, enquanto militar, não deu para conhecer esta bela região alentejana e o seu fantástico triângulo: Portalegre, Marvão, Castelo de Vide.

Lembro-me, na altura, da nossa infantilidade ao entrarmos na escola secundária, em frente do quartel, “matando o tempo”, deliciando-nos com os nomes, para nós, invulgares, mesmo bizarros, dos alunos afixados nas pautas, e, quem sabe, arranjar uma (ou mais) madrinha de guerra…

Nesta cidade lecionou José Régio – reclamado por Vila do Conde onde nasceu e por Portalegre onde viveu, sempre no meio da sua imensa coleção de Cristos.

Depois de dois anos em Santo Tirso, muitas dúvidas permaneciam sobre se seria este o meu caminho. Continuava com a ideia fixa de fazer o meu percurso profissional numa empresa, ou dar corpo a um gabinete de projetos de engenhria,  que estava na incubadora.

A forma como fui recebido em Portalegre: o excelente ambiente entre o corpo docente, o comportamento afável dos alunos (sempre brincando com o meu sotaque nortenho e sempre me dando os parabéns, todas as segundas feiras, pelo desempenho das minhas equipas – FCP e Famalicão que deram cartas nesse ano), as magníficas paisagens, as suas gentes e o seu sotaque doce e meigo e o seu cante, esfriaram a ideia de abandonar o ensino.

Um ano depois de Portalegre, surgiu uma resposta positiva para um emprego numa multinacional Alemã do ramo elétrico. Não obstante umas noites mal dormidas, acabei por rejeitar. O ano em Portalegre creio que foi decisivo para esta decisão.

Nada me tira o meu Minho (… e o meu Douro vinhateiro e...) mas o Alentejo e os Alentejanos estão no meu coração, inclusive o homem que “deitou abaixo” o meu pequeno garrafão de verde tinto nos longínquos anos 60 a caminho de Ermidas Sado.

Na passagem em trânsito para a Guiné, em 1972, não deu para conhecer a bela região do Alto Alentejo, desforrando-me “à tripa forra” em 1977/78.

Jamais esquecerei:

(i) as tertúlias na esplanada do Tarro, depois do jantar, até que os funcionários arrumando as mesas vazias e limpando o lixo debaixo dos nossos pés nos davam ordem de saída;

(ii) o cimbalino (termo que sempre fiz questão de utilizar, com o empregado sempre retorquindo: uma bica?) depois do almoço no café “Facha”, em frente ao imponente plátano, lendo as gordas do jornal da casa;

(iii) uma ou outra vez tomando o cimbalino, depois do jantar, no café Central, a meio da rua direita, mas que é muito “torta”, onde grandes jogadores de xadrez se juntavam;

(iv) um pingo (com o empregado sempre a retorquir: um garoto?) e uma nata, a meio da tarde, no lindo e histórico café Alentejano (onde David Mourão Ferreira comeu uns belos bifes com José Régio), felizmente ainda aberto e mantendo o mesmo “glamour”;

(v) as tardes mais quentes passadas debaixo do frondoso plátano (hoje quase monumento nacional);

(vi) o lanche com um grupo de amigos habituais, depois dos jogos de futebol, na tasquinha do Marchão, bebendo umas espetaculares imperiais (que eu insistia em chamar finos) acompanhadas com perninhas de rã (que eu nunca fui capaz de comer) e umas divinais empadinhas de frango, que eu devorava com sofreguidão;

(vii) as idas a um magnífico restaurante na Serra de S. Mamede, do qual já não me lembro o nome, com paragem obrigatória no magnífico miradouro;

(viii) a Pensão 21 onde me instalei com outro colega e amigo de Viana do Castelo: a qui fomos tratados como filhos pelo proprietário (o Sr. Mourato) e pela simpática empregada que nos servia as refeições; no dia em que decidimos fazer um estendal, na varanda do quarto, com as nossas cuecas a secarem ao sol, foi o dia em que não só o proprietário e a empregada, bem como todos os hóspedes, ficaram definitivamente rendidos aos jovens e prendados professores do Minho;

(ix) as refrescantes idas a uma fonte de água pura e fresca; nos dias de maior calor, a caminho da serra, onde sempre éramos alertados por simpáticas mulheres que aí vendiam fruta; que no alto da sua sabedoria espelhada nos seus cabelos brancos, que bebendo água da fonte o feitiço o ligaria ao Alentejo pelo casamento: o meu amigo de Viana do Castelo casou com uma jovem e simpática professora de Marvão e eu com a Isabel, uma alfacinha de Alcântara, (embora natural de Idanha), professora também deslocada na cidade, ou como diz o provérbio, “Tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia fica lá a asa”!!!

(x) as idas às tasquinhas da Serra de S. Mamede, onde aprendi a letra do “Fado do Embuçado” ;

(xi) o calcorrear, milímetro a milímetro das ruas e tasquinhas de Marvão e Castelo de Vide;

(xii) um fim de semana passado na casa de um colega de Évora, comendo uma divinal sopa de Cação preparada pela sua simpática esposa; 

(xiii) a noite passada numa taberna, estilo Zé d’Alter de Estremoz, onde o fado aparecia de onde menos se esperava, devorando um magnífico gaspacho; terminando a noite a ver nascer o Sol numa das zonas altas da cidade;

(xiv) a abordagem de uma patrulha da polícia, às 4 horas da manhã quando esperava-mos o nascer do sol, pedindo-me a carta de condução, que tinha ficado na pensão, o BI, o título de propriedade da minha Diane, que também não tinha - com o polícia já desesperado a pedir, qualquer documento com fotografia que também não tinha; dada a minha calma, adocicada com algum humor nortenho, o polícia esboçou um sorriso dizendo: parecem boas pessoas, aproveitem bem o fim de semana em Évora;

(xv) uma incursão a Badajoz com o regresso já com a fronteira fechada (chegamos 5 minutos depois da meia noite), voltando a Badajoz, esperando a abertura dos primeiros cafés para o pequeno almoço e acelerar para a primeira aula da manhã;

(xvi) assistir ao dérbi da cidade entre os Estrelas de Portalegre e o Desportivo Portalegrense com as rivalidades levadas ao extremo, durante o jogo, mas logo esvaziadas nas inúmeras tabernas da cidade;

(xvii) participar numa manifestação contra a Lei Barreto, já com o PREC a perder força, com direito a carga policial (e tudo o mais a que tinha-mos direito nestas manifestações…) com fuga ao cassetete com o meu amigo deixando a sua mala de engenheiro para trás;

(xviii) as viagens de comboio (sempre adorei viajar de comboio) a caminho de casa nas pausas escolares na direção: Chança, Mata, Crato… e no regresso ao Alentejo na direção: Crato, Mata, Chança...como gostavam de dizer os portalegrenses;

Viajo de comboio sempre com o mesmo entusiasmo como se fosse a primeira vez. Com o comboio cheio de gente sinto-me personagem de um filme no meio de um turbilhão de cenas do quotidiano. Sozinho sinto-me numa sala de cinema vendo passar o mundo lá fora, pela janela do comboio, como se de uma tela se tratasse.

Durante as viagens faço sempre um esforço tremendo para não adormecer, já que um minuto dormido é um minuto não vivido.

Nos primeiro anos depois da Guiné vivi sofregamente os dias, “engasgando-me” aqui e ali na ânsia de agarrar o mundo todo num só dia. Fui há procura de resgatar os três anos “roubados” da minha juventude, até hoje ainda não devolvidos.

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Nota do editor:

Último poste da série >20  de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24865: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte I: Santo Tirso, o dono da "tasca"

domingo, 10 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24638: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - IX (e última) Parte: APSIC


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Candamã, aldeia (tabamca) em autodefesa do regulado de Corubal que a guerra despovoou > Um improvisado Posto Escolar Militar (PEM). Do lado esquerdo, ao alto, numa árvore, está afixado um cartaz de propaganda das NT: "Juntos venceremos". Sob a bandeira das quinas, duas mãos (uma branca e outra preta) apertam-se... Foto do álbum do ex-alf mil, CART 2339 (Fá e Mansambo, 1968/69), Torcato Mendonça (1944-2021).

Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar(; Blogue Luís GRça & Camaradas da Guiné]


Classes

PEM 22

PEM 26

Total

Pré.primária

38

80

118

1ª classe

28

40

68

2ª classe

19

25

44

3ª classe

20

5

25

4ª classe

4

1

3

Total

109

151

260

Quadro 3 – Postos Escolares Militares 22 e 26: alunos por grau de instrução, nos anos letivos de 1970/71 e 1971/72. Presumimos que o PEM 26 fosse em Catió (com mais. população) e o PEM 22 em Cabedu ou Ilhéu de Infanda.

 

Classes

PEM 22

PEM 26

Total

Pré- /1ª classe

17

10

27

1ª/2ª  classe

8

17

25

2ª/3ª  classe

10

1

11

3ª/4ª  classe

8

-

8

Exame 4ª clas

-

-

.

Total

33

28

71

 Obs.: Taxa de sucesso escolar: 30,3% (PEM 22), 18,5% (PEM 26), e 27,3% (Total)

Quadro 4 – Postos Escolares Militares 22 e 26: alunos por passagem de classe e grau de instrução, nos anos letivos de 1970/71 e 1971/72


Classes

Frequència

Aprovação

3ª classe

3

1

4ª classe

18

14

Total

21

15


Obs: A companhia era composta por 5 oficiais, 17 sargentos e 144 praças, num total de 166 militares. Das praças, 1 em cada 4 eram cabos. O total dos soldados seria da ordem dos 110. Se admitirmos que os soldados (n=21) que frequentaram a 3ª e 4ª classe dos PEM 22 e 26, eram todos da companhia, estamos a falar de3 19% de analfabetos ou de homens sem a escolariade obrigatória.  Quanto à taxa de aproveitamento escolar foi de 72%.

Quadro 5 – Assistência educativa às NT


Infografias: Blogue Luís Graça & Canmaradas da Guiné (2023)


1. Continuação da publicação de alguns alguns excertos da História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72). Esta é a IX (e última) parte.

Foi um antigo aluno meu, pessoa que muito estimo, o médico do trabalho Joaquim Pinho, da região centro, que me facultou, há uns anos atrás, cópia (não integral) desta história da CCAÇ 2792, que era comandada pelo cap inf Augusto José Monteiro Valente,

Uma cópia da história da unidade froi oferecida ao Centro de Documentação 25 de Abril, em vida, pelo então major general Monteiro Valente (1944-2012), ex-elemento do MFA, com papel de relevo nos acontecimentos do 25 de Abril, na Guarda (RI 12) e Vilar Formoso (PIDE/DGS), bem como no pós- 25 de Abril. 

Foi também comandante da GNR, e era licenciado em História pela Universidade de Coimbra.

Entre outros cargos e funções, foi instrutor, comandante de companhia e diretor de cursos de Operações Especiais, no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Lamego (1968-1970, 1972-1974). (Foto à direita, cortesia do blogue Rangers & Coisas do MR", do nosso coeditor, amigo e camarada Eduardo Magalhães Ribeiro).



História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - IX (e última Parte): APSIC

 
Atividade no domínio socioeconómico;

1.      1. Obras executadas

(i)               abertura e desmatação da estrada Catió-Cufar no troço da ZA da companhia;

(ii)              desmatção da estrada Catió-Ilhéu de Infanda;

(iii)            início da construção do reordenamemto de Quibil;

(iv)            construção de 1 posto escolar militar (PEM);

(v)              construção de 1 posto sanitário;

(vi)            construção de 1 mesquita;

(vii)           construção de 1 heliporto;

(viii)          construção de 3 poços com bomba;

(ix)             construção de 3 fontanários;

(x)              construção de 2 bebedouros;

(xi)             construção de 2 lavadouros.


2. Assistência educativa às populações e às NT (**)

Vd. quadros 3, 4 e 5, acima. Taxa de aproveitamento escolar da ordem dos 27%.


3. Assistência sanitária à população

Ano

Total

1970

400

1971

5511

1972

3561

Total

9472

Quadro 6 – População assistida, por ano


4. Autodefesa:

(i)         foi  reestruturada a organização defensiva do aglomerado populacional de Cabedú; para esse efeito foram construídfas 9 trincheiras de combate e 3 espaldões para  armas coletivas; foi aumentada e reforçada a vedação de arame farpado; e foi instruída a milícia e a população armada;

(ii)       no reordenamento do Ilhéu de Infanda processou-se a abertura de uma rede de trincheiras de combate e comunicação a toda a volta do reordenamento e a renovação integral da vedação de arame farpado;

(iii)      no reordenamento de Quibil foi erguida a toda a volta um vedação de arame farpado.

Fonte: Adapt. de História da unidade, capítulo II, pp. 117, 118 e 119.

 ____________

Notas do editor


Postes anteriores da série:



29 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24516: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte V: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: as primeiras duas baixas em combate

24 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24500: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte IV: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas ZA de Catió e Cabedu: missão

12 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24471: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte III: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas ZA de Catió e Cabedu: descrição do terreno (relevo e hidrografia, solo, cobertura vegetal, clima, agricultura)

6 de julho de 023 > Guiné 61/74 - P24455: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte II: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas zonas de acção de Catió e Cabedu

4 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24450: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte I: Mobilização, composição e deslocamento para o CTIG em 19 de setembro de 1970

E ainda;

3 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24447: Casos: a verdade sobre... (34): A CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72), comandada pelo cap inf Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), e depois maj gen ref, que embarcou para o CTIG sem três alferes (que terão desertado) e durante a IAO ficou sem o último, por motivos disciplinares...

(**) Vd. CECA (2015):

De acordo com o “Relatório Anual do Comando” do CCFAG, referente ao ano de 1971, e no que respeita “APSIC” (Ação Psicológica), e mais concretamente à ”assistência educativa”, sabemos que, no CTIG, 

(i) “durante o ano lectivo 1970/71 estiveram em funcionamento 92 Postos Escolares Militares (PEM) assistidos por 116 professores, sendo 80 metropolitano e 36 guinéus;

(ii) “a frequência foi de 6.895 alunos dos quais 1.569 eram do sexo feminino" (c. 23%).

(iii) “Registou-se uma percentagem geral de 37,1% de aproveitamento em todas as Classes, (Pré-primária 36,9%; 1* lasse, 32%, 2ª Classe 59,3%, 3ª Classe 50,8% e 4ª Classe 38,3%)"

(iv) "o que pode considerar-se bom se atendermos às dificuldades existentes, e muito especialmente por se processar unicamente no meio rural”;

(v) "O ano escolar de 1971/72 iniciou-se com 119 PEM a funcionar e estando matriculados 7.783 alunos. A actividade docente está a cargo de 154 professores dos quais 56 são guinéus".

Fonte: Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pág. 79 (Com a devida vénia...)