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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5709: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (2): A(s) guerra(s) e a(s) maneira(s) de a(s) fazer

1. Mensagem, com data de 15 do corrente, enviada  pelo ainda recente membro da nossa Tabanca Grande, Belmiro Tavares, ex-Alf Mil, CCAÇ 675 (Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66), Prémio Governador da Guiné (1966), empresário hoteleiro, camarada e amigo do nosso JERO

Assunto - A(s) Guerra(s)

A Guerra é, provavelmente, o alvo mais recriminado pelos Humanos; no entanto ela existe, prolifera e espalha-se intensamente por todos os cantos do mundo. Muitos a contestam, a detestam, a abominam... mas milhões a praticam todos os dias.

Uma coisa é matar para não morrer – uma inevitabilidade. Mais recriminável é matar aos milhares, cidadãos indiferenciados que nada de mal fizeram para que tal lhes acontecesse... apenas estavam no local certo (errado) à hora certa.

A Guerra é, digo eu, a mais antiga profissão do mundo!

Há quem defenda que a mais antiga é aquela outra actividade... a "da perna aberta" ou "à vela" que se praticava (pratica?) largamente na mata de Monsanto e continua abundantemente na margem de muitas estradas deste nosso rectângulo à beira mar plantado.

Os defensores desta são principalmente as "rachistas" que gostam muito de dizer coisas. Eu, porém, continuo a defender a "minha dama" e apresento argumentos.

Vejamos!: Caím, em tempos bíblicos, talvez com um único pontapé, não se sabe bem onde – mas suspeita-se, - enviou o irmão, Abel, para o Jardim das Tabuletas.

Terá sido esta a guerra mais mortífera e a mais curta de que há memória; uma elevadíssima percentagem dos habitantes do planeta foi, naquele momento, prestar contas ao Criador. E nessa altura ainda não havia sido inventada aquela terrível arma devastadora a que se convencionou chamar "coup de poing".

A arte de lutar, porém, evoluiu "rapidamente" durante os milénios que se seguiram. Mais ou menos sequencialmente, usaram-se pedras, facas (de madeira, antes e metálicas, depois) espadas, lanças e setas; no lado oposto apareceram os antídotos: os escudos (primeiro de couro... depois metálicos), elmos, capacetes e as pesadas armaduras que atingiram o auge na Idade Média. Surgem os castelos fortemente resistentes construídos em pontos estratégicos e/ou de difícil acesso.

A cavalaria foi durante séculos a implacável decisora de vitórias e derrotas.

Com a Guerra dos Cem Anos, em França, e a sua ramificação na Península Ibérica (a Luso Castelhana Guerra da Independência) a Infantaria passou a ser – defendem os Infantes – a rainha de todos as armas.

De facto quer em Poitiers e Azincourt quer em Aljubarrota e Valverde a Infantaria dizimou as fortíssimas cavalarias francesa e castelhana.

A evolução acelera com os canhões, as espingardas, os carros de combate (os substitutos das romanas catapultas) e os castelos passaram a ter interesse apenas para o turismo; aparece a aviação, as bombas atómicas e quejandas... e os mísseis; surgem outros antídotos: abrigos, bazucas, ati-aérias e os anti-mísseis.

Quando parecia que tinham sido já inventadas todas as belicosas armas mortíferas e os diferentes modos de as usar... eis que surgem outras variantes: a guerra fria, a psicológica (era a que meu pai – que Deus o tenha em bom lugar – usava comigo – só contarei a pedido) os movimentos autonomistas e emancipalistas que trazem consigo a guerrilha e por fim os homens-bomba. Será o fim? No mínimo é o fim dos que se fazem explodir. Isto não é guerra... é doidice!

É na guerrilha que vamos deter-nos; com ela todos convivemos cerca de dois anos. A guerrilha é mais uma maneira "legal" de matar em que pequenos grupos armados (bate e foge), militarizados ou não, substituem batalhões, divisões e exércitos numerosos.

Na nossa guerrilha não consta que houvesse homens-bomba mas havia minas e armadilhas, armas altamente perigosas e nada selectivas. A diferença é que aqui o seu autor, em princípio, não vai accioná-las.

Na guerrilha (talvez mais que nas guerras de numerosas gentes) a inteligência, a esperteza, a imaginação e o conhecimento do terreno são atributos da maior importância, ultrapassados, talvez e só, pela "posse" da população não combatente – como defendia Mao Tsé-Tung. Como afirmei em texto anterior, pertenci à CCaç 675 e pertencerei até ao fim dos meus dias.

O nosso capitão, além de "secreto" estudioso de Mao, era extremamente inteligente e sabia muito de guerrilha; ensinava-nos quanto podia; não seríamos tão bons receptores como ele era bom emissor; fazíamos o que podíamos.

Normalmente os nossos instrutores da E. P. (Escola Prática) sabiam apenas (ou quase) o que vinha no Guia Oficial Miliciano – creio que era este o nome. Mas também o(s) seu(s) autor(es) pouco mais seriam que aristarcos de outros aristarcos e nós... carne para canhão.

Se seguíssemos à letra o que vinha no livro, na Guiné não poderíamos montar emboscadas segundo aqueles cânones.

Sendo o terreno quase completamente plano (o ponto mais alto – cerca de 220 m – chamava-se Cuntima que significa colina do Norte) não existiam os tais obstáculos na berma da estrada para evitar a fuga de quem era emboscado. Esquecendo as regras ensinadas na E.P. montaram-se muitas emboscadas bem sucedidas.

Lembro aqui um alferes, meu instrutor em Mafra, que, quando chegou à Guiné, em Janeiro de 1966, me perguntou, no QG de Bissau, como reagíamos, lá às emboscadas. Resposta directa:
- Tal como me ensinaste em Mafra! Lembras-te?!

Ao que ele retorquiu:
- Lá, cada um "largava a posta" como podia!
- Havia muitas maneiras de "largar a posta" e tu não respeitavas sequer os teus subordinados, o que molestou muita gente.

De seguida, no café do Bento, contei-lhe como na CCaç 675 reagíamos às emboscadas e outras coisas de interesse... e logo ali o diferendo ficou sanado.

Há varias maneiras de fazer guerra segundo a imaginação e o saber de cada um:

A - Guerra "amorosa" e respeitosa

Um dia aprisionámos uma mulher de 30/40 "chuvas" (esta veio connosco). Dias depois o "capitão, com a necessária e prestimosa ajuda do nosso guia, perguntou-lhe se preferia continuar junto da tropa ou regressar ao mato. Desculpa atrás de desculpa... manifestou vontade de voltar ao seu "chão"... por causa da família.

O capitão ofereceu-lhe cerca de uma arroba de arroz e uns "panos" – manga de ronco – e transmitiu-lhe o seguinte recado:
- Vais dizer ao pessoal que retire os abatises entre Banhima e o rio Buborim (limite oeste de nossa zona); caso tal não aconteça destruirei os vossos acampamentos e não há mais arroz nem panos para ninguém !

Este vosso escrevinhador foi incumbido de transportar a "prisioneira" (ex) até ao primeira abatis. Lembrei-lhe ali o recado do capitão e imformei-a que não podia levá-la mais além porque as viaturas não podiam passar.

Uns dias mais tarde voltámos àquela zona e já não havia obstáculos na estrada; como não podiam retirar as árvores... queimaram-nos no local.

Até Abril de 1966 não houve mais abatises na estrada... mas eles abandonaram a zona.

A isto chamamos "Respeito"!... É bonito!


B – Avisar o Inimigo


Pode fazer-se guerra (não convencional) avisando amável e amigavelmente o IN dos reais perigos que pode encontrar em determinado local.

A cerca de 7 km de Binta, na estrada de Bigene, havia uma pequena ponte de madeira; os independentistas queimaram-na. Sempre que por ali nos deslocávamos (o que era frequente) usávamos pranchas de madeira e/ou as vigas em "U" metálicas das Mercedes para cruzar o ribeiro. Com aquele "toma a viga", "coloca a viga" e "recolhe a viga" perdia-se muito tempo e, com o ruído dos motores, acordávamos o IN fora de horas.

Os independentistas eram muito sensíveis! Por vezes amuavam e até faziam "birra" porque não podiam dormir a sono solto.

Era urgente mudar de rumo.

O capitão incumbiu-me de fazer ali uma ponte para que, sem dificuldades acrescidas, pudéssemos visitar os "turras" nos seus "aposentos" (covis, dizia o Alf Mendonça) enquanto iam permanecendo (por pouco mais tempo) naquela zona.

Como escrevi em texto anterior, na vida militar, especialmente em campanha, éramos "pau para toda a colher" (*).  Desta vez saiu-me na rifa ser engenheiro e empreiteiro de pontes... sem direito a apresentar a conta ao dono da obra.

Mandei rebaixar o piso da estrada cerca de 20 cm nas duas margens; derrubámos cinco palmeiras; cortámos os troncos à medida e com a ajuda do Unimog, colocámo-nos sobre o ribeiro; e qualquer das nossas viaturas já podia passar em segurança e sem mais delongas.

Aqueles troncos eram demasiado pesados para serem removidos à mão.

Na berma da estrada coloquei uma placa de "sinalização" com a seguinte informação com letra garrafal e a vermelho: "Atenção! – há armadilhas!" E desenhei toscamente dois ossos e uma caveira – sinal de explosivos.

Armadilhei apenas a placa com uma granada de mão instantânea de fabrico nacional e outra com retardador, de fabrico canadiano.

O IN passou por ali; achou graça àquela informação... real e sincera; arrancou a placa e... pum-pum... a armadilha funcionou.

Inicialmente não acreditaram na veracidade do aviso mas convenceram-se que haveria ali mais explosivos porque nunca mexeram naquela ponte rústica e obtusa construída por um engenheiro improvisado.

Como se depreende, do que atrás foi dito, a guerra pode ser feita com carinho e respeito – 1º caso e pode ser um aviso e de forma quase lúdica – 2º caso.

Nota: quase quarenta anos depois soube por um guineense (tinha naquela época 7/8anos) que os habitantes de Binta (os naturais e os "retornados" do mato e/ou do Senegal) me apelidaram de "olho de gato" porque as minhas armadilhas funcionavam sempre.

Cumpre informar que eu não tinha o "curso de minas e armadilhas" que era ministrado a um oficial de por companhia durante 3 ou 4 horas de instrução. Pensem nisto! Era mesmo assim!

Sexta, 15 de Janeiro de 2010

Belmiro Tavares (P)
Ten Mil

[Fixação / revisão de texto / título: L.G.]

2. Comentário de L.G.:

Sobre a guerra haverá centenas, milhares, de citações... Gosto de algumas, mais sociológicas e pragmáticas como de Clausewitz (1780-1831), o general prussiano que combateu Napoleão: "A guerra é a continuação da política de Estado por outros meios", o que implica a subordinação do poder militar  ao poder político e primado das questões éticas... Ou se quisermos o objectivo da guerra não é levar à destruição total do inimigo, mas levá-lo à mesa de negociações, onde os termos de troca são sempre mais vantajosos para os vencedores...

Outras definições são mais morais e filosóficas como a do nosso  Padre António Vieira, grande mestre da lusofonia:  “É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome, tanto menos se farta. É a guerra aquela tempestade terrestre, que leva os campos, as casas, as vilas, os castelos, as cidades, e talvez em um momento sorve os reinos e monarquias inteiras. É a guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum que, ou se não padeça, ou se não tema, nem bem que seja próprio e seguro. O pai não tem seguro o filho, o rico não tem segura a fazenda, o pobre não tem seguro o seu suor, o nobre não tem segura a honra, o eclesiástico não tem segura a imunidade, o religioso não tem segura a sua cela; e até Deus nos templos e nos sacrários não está seguro”. (In: Sermão Histórico e Panegírico nos Anos da Rainha D. Maria Francisca de Sabóia, II).

E gosto da definição do Belmiro, pura e dura: "A guerra ?  Há muitas, tantas quantas as maneiras de a fazer....". Alguns dirão que é uma definição "cínica"... Mas, e a guerra de guerrilha e de contra-guerrilha ?  Também aqui vale  tudo ?

A segunda história trouxe-me à memória o debate que ocorreu em França há muitos anos (talvez nos anos 70 ou 80) a propósito de um caso que deu brado na comunicação social, no sistema judicial e no meio político... Farto de ver assaltada a sua casa de campo, um antigo veterano da guerra da Argélia lembrou-se de armadilhar a porta de entrada... Mas não descurou a sinalização de segurança: "Cuidado, entrada armadilhada"... O ladrão seguinte teve azar: não sabia ler...

Um Alfa Bravo, Belmiro. LG
________________

Nota de L.G.:

Vd. primeiro poste da série de 25 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5336: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (1): Quatro Histórias com Mural ao Fundo

domingo, 16 de setembro de 2007

Guiné 63/74 - P2108: Documentos (3): A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (2) (A. Marques Lopes / António Pimentel)






Conjunto habitacional de Nhabijões > 1970 > O furriel miliciano Henriques, da CCAÇ 12 (fundador e editor deste bloge) junto a um dos locais de culto dos irãs (espíritos da floresta). A população era maioritariamente balanta, animista. Era conhecida a sua colaboração com o PAIGG, sobretudo com as populações e os guerrilheiros de Madina/Belel, no limite do Cuor, a Noroeste de Missirá. O reordemanento desta população, considerada até então sob duplo controlo e pouco colaborante com (e senão mesmo hostil a) as NT, iniciou-se em 1969, sob a iniciatica do Comando e CCS do BCAÇ 2852 (1970/72), tendo sido continuada pelo BART 2852 (1970/72).




Na foto, vê-se o Fur Mil Henriques num jipe, no destacamento que defendia Nhabijões. Ao fundo, descortinam-se as casas do reordenamento (a que ele na época um verdadeiro etnocídio...). Em 13 de Janeiro de 1971, duas minas anticarro recebentaram à saída do reordenamento, na estrada Nhabijões-Bambadinca (LG).


Fotos: © Luís Graça (2007). Direitos reservados.





Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Reordenamento de Nhabijões> Trocando a espada pelo arado, ou melhor, a G3 pela pá e pela enxada... Pessoal da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) nos trabalhos do reordenamento de Nhabijões, um conjunto de aldeias sob duplo controlo, junto ao Geba Estreito, pertencente ao posto administrativo de Bambadinca, sede do Sector L1, Zona Leste.
Foto de finais de 1970 gentilmente cedida pelo Luís Moreira, ex-alf. mil. sapador da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).


Foto: © Luís Moreira (2005). Direitos reservados.


Continuação da publicação do documento Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações. Província da Guiné, Bissau: Comando-Chefe das Forças Armadas da Guine. Quartel General. Repartição AC/AP. s/d. (2).


Fixação do texto: Virgínio Briote, co-editor


LOCALIZAÇÃO HISTÓRICA E DEMOGRÁFICA (p.4)

1. É difícil fazer uma exacta localização geográfica das diferentes etnias da Guiné, atendendo principalmente ao factor emigração. Efectivamente, mercê de muitas e várias circunstâncias históricas e políticas, os povos guineenses constituíram muitas, e algumas delas significativas, correntes migratórias que partindo do seu chão originário se estabeleceram um pouco por todo o território, por tal forma que se pode dizer que vivem hoje, indistintamente, lado a lado, etnias animistas e islamizados, muitas vezes interpenetrando-se e constituindo, como já foi notado anteriormente, subgrupos híbridos. Uma das circunstâncias mais importantes para o surto migratório foi sem dúvida a eclosão do terrorismo, obrigando povoações inteiras a desalojarem-se e a imigrarem para zonas sob a protecção das Nossas Tropas.


No mapa 1, apresenta-se a localização das principais etnias nos seus chãos de origem.

2. A localização histórica dos povos da Guiné, dada a infinidade de etnias existentes, torna-se difícil. Em apontamentos desta natureza, não cabem pormenores que se destinariam a um estudo aprofundado. Bastará, talvez, dizer que a maioria das etnias aparece como fusão de várias outras que foram as originárias e são referidas largamente pelos navegadores e descobridores nas suas crónicas. Nelas se dá conta de existirem no século XVI Balantas e Papéis na ilha de Bissau e Buranos (nome primitivo dos Papéis) e Felupes na zona do Cacheu. Estas três etnias são das mais antigas, sendo os Felupes considerados os mais antigos dos povos originários.


Alguns outros povos existiam já no actual território da Guiné Portuguesa – colónias de Mandingas e Fulas – aquando da sua descoberta. No entanto, o contacto com eles só se verificou mais tarde, dado o tipo de colonização portuguesa, feita através de feitorias junto aos rios. Assim, o contacto fez-se primeiro com os habitantes da faixa litoral e, mais raramente com povos que vinham transaccionar com os portugueses, de pontos mais afastados do interior.
Já a partir do século XV se inicia a invasão de povos provenientes de vários países do continente Africano. No entanto, só mais tarde há a grande invasão vinda especialmente do Futa-Jalon e territórios limítrofes (Labé, Boé Francês, Futa-Tere, Futa-Quebo, etc.), da Bandú (território situado entre o Alto Senegal e o Alto Gâmbia), Sudão, etc. Fulas e Mandingas instalam-se na zona do Gabú, trazidos por lutas intestinas, pela necessidade de novas almas para a difusão do Alcorão, pelo desejo de novas pastagens para o seu gado e novas lavras. Travaram lutas com os povos aí estabelecidos (os Beafadas principalmente que se viram subjugados pelos Fulas-Forros em Jaladú que mais tarde se tornou na Forro-ia ou Forreá) e conquistaram posições.
[… ilegível].



Mapa 1- Os chãos dos Povos da Guiné


3. Povo nómada, os Fulas emigraram do Gabú para quase todo o território, especialmente o Leste, onde se encontra ainda hoje em força. Mas, de uma maneira geral, como já foi dito, todas as etnias registam movimentos migratórios. Apontaremos dois ou três exemplos:


A região de Mansoa é chão Balanta. No entanto encontramos aí estabelecidas a par da maioria Balanta, Mandingas e Fulas.



  • Na zona de Farim, onde existiam primitivamente os Oincas (ou do Oio, subgrupo Mandinga), encontramos Fulas e Balantas. Aqui, notamos como curiosidade, Balantas e Mandingas permanecem em quase constante conflito, por causa dos roubos que os primeiros praticam por costume tradicional e é condenado pelo Alcorão. Alguns Balantas foram absorvidos pelos islamizados constituindo os Balantas-Mané, que também encontramos em Mansoa.

  • No actual concelho de Bafatá, habitado primeiramente por Beafadas, Mandingas e Fulas, encontram-se numerosas colónias de Manjacos, Papeis, Saracolés e Balantas, estes em maior percentagem.


No mapa 2, podem ver-se, como curiosidade, as primeiras migrações de Mancanhas (ou Brames), Manjacos e Balantas.




FUNÇÕES CIVIS EXERCIDAS POR MILITARES (p 6/7)




1. Estando a Guiné sob a pressão de um estado de subversão que visa a conquista das populações por vários meios, entre os quais a luta armada; existindo um Quadro Administrativo com graves deficiências quantitativas e qualitativas e possuidor da falta de meios para realizar a manobra de contra-subversão em tempo útil e ainda por razões de controle e segurança, não é possível à Administração Civil encarar sózinha, de momento, o esforço que se pretende realizar.


Assim, porque possuidoras de vários meios, humanos, técnicos e de defesa, as Forças Armadas estão aptas a colaborar, com carácter temporário, com as estruturas administrativas na solução dos problemas sócio-económicos. Porque, também, os problemas de desenvolvimento social e económico constituem a manobra da contra-subversão que é preciso fazer rapidamente e pertence à missão das Forças Armadas.


As F.A. são, pois, chamadas a participar temporariamente em funções que seriam da competência civil, se os quadros administrativos estivessem em condições de as desempenhar, e que lhes serão totalmente confiadas quando as condições o permitam. São funções de colaboração e reforço da orgânica...[ilegível].


2. (...) Os civis do Q. A. pensam e actuam de maneira diferente. E a diferença reside em dois pontos distintos: a estagnação e carências várias do próprio Q. A. e no diferente carácter de obrigatoriedade de uns e outros. As Forças Armadas são uma organização profunadmente hierarquizada, com escalões de comando definidos, com leis e regulamentos mais rígidos e pormenorizados, prevalecendo um forte espírito de disciplina. Arreigados a conceitos burocráticos ultra passados e morosos por natureza , regulados por leis mais vastas, com um carácter de disciplina menos acentuado e relativo momento a leis de carácter mais geral, os civis do Q. A. têm um diferente comportamento face a situações que exigem a resolução adequada em tempo próprio. A base de toda a actuação entre militares e civis terá de basear-se na compreensão e na colaboração, já que ambos servem o objectivo comum.


3. O tratamento para com as populações terá de ser diferente também. Não se podem obrigar as populações a tomar determinadas posições ou aceitar determinadas soluções pela força ou coacção, excepto quando o determine o interesse colectivo, o bem comunitário. Interessa muito mais usar argumentos válidos, convicentes e visíveis para os levar a optar melhor. No caso concreto das populações com quem vamos trabalhar, há que contar com os seguintes factores de oposição às nossas soluções:



  • São populações menos evoluídas

  • Têm sofrido pressões físicas e psicológicas dos agentes subversivos

  • São muito arreigados aos seus costumes étnicos e às tradições e práticas religiosas

  • São diferentes entre si, na sua evolução natural

  • Duvidam por sistema, devido à estagnação sócio-económica anterior à guerra, às promessas que nunca foram cumpridas antes nessa época e à propaganda inimiga orientada para esse passado.


Sintetizando, é preciso entender os civis do Q. A. e as populações como tal e como tal actuar nas relações com eles.




IMPORTÂNCIA SOCIAL E ECONÓMICA DOS REORDENAMENTOS (p. 6/9)


1. A ideia de se fazer o reordenamento das populações em aldeamentos, tem três razões de ser fundamentais



  1. A defesa e controle

  2. desenvolvimento social

  3. O desenvolvimento económico


Deixando de parte as questões da defesa, vamo-nos debruçar mais [...ilegível]




Mapa 2 - Primeiras migrações


2. A constituição geográfica da Guiné - sulcada de muitos rios, plana, densamente urbanizada-, a exploração agrícola fazendo-se especialmente junto das bolanhas e as diferenças étnicas que individualizam os agregados, conduziram à dispersão por inúmeros núcleos populacionais. Com uma população dispersa em áreas muito vastas, torna-se difícil se não impossível, tomar medidas de desenvolvimento que abranjam a totalidade ou, mesmo a maioria. O esforço económico e humano seria insustentável de momento e, especialmente moroso.


3. O que se pretende, pois, com os reordenamentos? Agrupar as populções de uma determinada zona num só ou em vários agragados populacionais significativos, possibilitando:



  1. A construção de casas com melhores condições de higiene e construídas com materiais mais resistentes aos factores climáticos e aos incêndios.

  2. A construção de condições de protecção social que abranjam um maior número de pessoas (escolas, postos sanitários, fontanários, assistência médica).

  3. A construção de condições de carácter económico que englobem uma população maior (construção de celeiros colectivos, garantia de mercados para venda da produção agrícola, condições técnicas para maior produtividade e outrs possíveis a desenvolver futuramente).

  4. O mais rápido desenvolvimento comunitário considerando um melhor rendimento no aproveitamento dos meios e quadros técnicos empenhados no esforço do desenvolvimento.


4. Pode parecer sem discussão, a priori, que o reordenamento das populações oferecendo tantas vantagens para o seu desenvolvimento, é sempre bem aceite. Efectivamente, nem sempre isto acontece e por várias razões. Vamos apontar esquematicamente, algumas das principais:

  • Motivações étnicas

  • Questões havidas entre grupos de uma mesmo etnia que os opõem e obstam a uma vida comunitária

  • Receio de perda de autoridade dos Chefes tradicionais

  • Proibição dos Guardas do Irã por motivos de interesse pessoal

  • Desejo de não mudar de chão

  • Receio de que faltem, no novo aglomerado, os meios suficientes de subsistência

  • Desejo de não se separarem dos seus haveres

  • Outras que só localmente poderão ser detectadas


5. Não devendo em princípio existir um carácter de obrigatoriedade quanto à deslocação das populações das suas tabancas para um aldeamento, a não ser que o interesse comunitário superiormente o determine, há que empregar meios persuasivos quando se encontre alguma resistência. Para se criar ...[ilegível]


Esquematicamente vemos, assim:


Antes da construção

  • Auscultação das populações (indirecta, directa)

  • Auscultação e elucidação do Chefe da Tabanca

  • Auscultação e elucidação do Guarda de "Irã"

  • Auscultação e elucidação das autoridades religiosas islâmicas


Durante a construção

  • Garantir a autoridade constituída

  • Garantir, tanto quanto possível, os interesses da localização dos aglomerados correspondentes às antigas tabancas, dentro do plano urbanístico

  • Respeitar os usos e costumes das populações

  • Colaborar no transporte de todos os haveres das populações deslocadas

  • Interessar as populações na construção das casas, escolas, postos sanitários, etc., permitindo e desenvolvendo o sentimento de posse.


6. A forma mais prática de se assegurar o deslocamento das populações para os reordenamentos é criar nelas a necessiade desse reordenamento. Para isso é necessário elucidá-las dos benefícios que vão auferir e garantir os seus desejos quanto a aspectos respeitantes aos seus usos e costumes. Será de toda a conveniência o conhecimento das suas motivações religiosas e étnicas. Nos quadros anteriores já foi feito um esquema suficientemente desenvolvido. Em novo quadro, indicar-se-ão as principais motivações a explorar para um útil e efectivo trabalho de consciencialização das populações.


1.BENEFíCIOS SOCIAIS
  • melhores casas

  • escolas

  • postos de socorros

  • assistência médica

  • água


2. BENEFíCIOS ECONÓMICOS
  • melhores lavras

  • celeiros colectivos

  • mercado para escoamento da produção

  • lojas


ISLAMIZADOS


Fulas
  • construção de mesquitas

  • difundir a religião

  • os régulos governarão melhor com toda a população junta

  • os fulas têm de voltar a ser senhores dos seu "chão" que o IN quer roubar

  • os antepassados foram valentes


Mandingas
  • construção de mesquitas

  • difundir a religião

  • os chefes poderão dirigir melhor

  • as novas tabancas poderão ter lojas e fazerem comércio para terem riqueza

  • os antigos foram valentes e têm de os saber imitar


ANIMISTAS


Balantas

  • terão maior protecção dos Irãs

  • o Balanta terá a liberdade na tabanca e no mato, que o IN impede

  • o Balanta vai deixar de ser escravo do IN

  • os Balantas juntos têm força para exterminar o IN

  • haverá sempre muita fartura


Manjacos

  • terão maior protecção dos Irãs

  • juntos terão muita força

  • impedirão o roubo de mulheres quando estiverem juntos

  • poderão fazer comércio

  • cada família poderá ter os seu Irã


Brames

  • terão maior protecção dos Irãs

  • o régulo governará melhor

  • vão ter mais vacas para estrumar as terras e para o choro

  • os Brames não terão necessidade de emigrar porque nada lhes faltará

  • o IN quer escravizá-los e não o poderá fazer estando todos juntos.


_________


Notas do co-ditor vb:


(1) Vd. posts de:


1 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1558: Inesperada visita a Luís Graça, em Nhabijões, na noite de 3 de Fevereiro de 1970 (Beja Santos)


28 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXCIV: Nhabijões: quando um balanta a menos era um turra a menos (Luís Graça)23 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCIX: Luís Moreira, de alferes sapador a professor de matemática (Luís Graça)


23 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCV: 1 morto e 6 feridos graves aos 20 meses (CCAÇ 12, Janeiro de 1971) (Luís Graça)


22 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCII: O reordenamento de Nhabijões (1969/70) (Luís Moreira)


22 de Setembro de 2005 > (2) Vd. post de 12 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2100: A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (1) (A. Marques Lopes / António Pimentel)


Reproduzo aqui o comentário de Abreu dos Santos:

  • Spínola não inventou os Reordamentos, antes reaplicou na Guiné o que anteriormente já o major Hélio Felgas ali havia posto em prática (cerca de 3/4 anos antes);

  • a guerra do Vietname, pelos vistos, continua a ser – erradamente – termo de comparação para quem esteve na Guiné;

  • mais remotamente, foram os romanos quem iniciou por regiões várias a táctica militar da colonização por recurso ao que, modernamente, se passou a chamar aldeamentos estratégicos; e em meados do séc. XIX foi o general francês Bigeaud quem, na Argélia, reformulou na prática tal conceito, retomado em 1955-59 naquele mesmo território através do Plano Challe, com objectivo de conter o alastramento de actos terroristas por parte da FLN;

  • Em Portugal, a responsabilidade pelo estabelecimento de doutrina castrense nesse sentido coube ao então ministro do Exército, na sequência do 1º relatório da missão militar que pouco antes havia concluído em Arzew (na Argélia), um estágio de contra-insurreição. Daí, o CIOE; e, também daí, a origem da instrução ministrada a tropas de Operações Especiais e aos Comandos, como aliás muito bem sabe o editor Briote, ao qual peço que releve quaisquer imprecisões minhas nesta breve resenha, tanto mais escrita directamente para esta janela...


Comentário do co-editor vb: Grato ao Abreu dos Santos, pelo oportuno comentário, que contribui para um melhor conhecimento sobre o reagrupamento das populações.

  • Entre os anos 1965/67, os reordenamentos da população não eram, em geral, muito discutidos no terreno, embora já se vissem esforços de alguns dos nossos militares nesse sentido, e foi até a um ou outro que pela primeira vez ouviu falar das aldeias estratégicas no Vietname.

  • Parece ser aceite que foi com Spínola, como Governador-Geral, que o plano foi implementado e estendido a praticamente todo o território.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Guiné 63/74 - P2100: Documentos (2): A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (1) (A. Marques Lopes / António Pimentel)

Fotcocópia da capa da brochura Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações. Província da Guiné, Bissau: Comando-Chefe das Forças Armadas da Guine. Quartel General. Repartição AC/AP. s/d.
Foto: © A. Marques Lopes / António Pimentel (2007). Direitos reservados.
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Todavia, na Guiné trava-se uma guerra revolucionária, escreve Spínola em O Problema da Guiné, em que as duas partes em presença têm um mesmo objectivo: a conquista das populações. Para isso, não basta a G-3, é necessário conjugar a manobra militar com a promoção sócio-económica e a acção psico-social. (1)
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Por uma Guiné Melhor:

  1. Organizar a população, junto aos aquartelamentos, para a furtar ao controle do IN.
  2. Incrementar o sistema de auto-defesa.
  3. Desenvolver a acção psicológica, apostando na africanização da guerra.

No Vietnam chamaram-se aldeias estratégicas (2), na Guiné fez-se o reordenamento (3)... As razões para isso estão abaixo explanadas num documento do Com-Chefe, a que tivemos acesso através de um exemplar do arquivo do nosso camarada António Pimentel.

A. Marques Lopes.

Editor: vb.

Reprodução do documento:

INTRODUÇÃO (p. 1)

1. O problema de fundo de toda a manobra de contra-subversão é a conquista das populações. Na Guiné os argumentos sob os quais o PAIGC construiu a sua máquina subversiva e os objectivos que se propõe atingir, estão sendo anulados ou apropriados pela política prosseguida pelo Governo da Província, que se baseia no desenvolvimento sócio-económico da população em tempo útil.

A estagnação sócio-económica que se verificou no passado facilitou a tarefa inicial do PAIGC em ordem à mobilização subversiva. Contudo não foi ainda e não é a curto prazo possível no partido de Amílcar Cabral concretizar os programas de fomento que propagandeia, por não ter ainda a adesão da esmagadora maioria da população e por não ter estruturas e quadros que os ponha em prática, em tempo.

Por outro lado, em relação ao Governo da Província este esforço de fomento, no campo da manobra contra-subversiva, apresenta alguns aspectos favoráveis ao êxito:

- Reduzidas dimensões do território da Guiné, permitindo a rápida deslocação e que, com meios pouco vultuosos e dentro das possibilidades da Nação se desenvolva a manobra contra-subversiva pelo fomento.

- O baixo nível de vida dos países limítrofes possibilitando que uma sensível melhoria, provoque um contraste notável.

Como atrás foi dito, a conquista das populações pelo desenvolvimento sócio-económico, terá de fazer-se em tempo útil, “rapidamente e em força”, provocando o desiquilíbrio das populações indecisas e mesmo das controladas pelo IN, a favor da Causa portuguesa. As populações da Guiné apresentam-se extremamente receptivas e sensíveis às realizações que se traduzam numa melhoria visível da situação da Província. Assim, a necessidade de aproveitar todos os meios disponíveis e a colaboração a que as Forças Armadas são chamadas a prestar.

2. Os reordenamentos são um meio de promoção, mesmo quando impostos pela evolução da manobra militar do IN. O desenvolvimento sócio-económico através deles, alcançar-se-á mais facilmente pela:

-Concentração populacional em menores espaços, permitindo auferir maiores benefícios colectivos.

-Maior economia de meios humanos e técnicos.

-O controle mais eficaz e adequado das populações, subtraindo-as à acção subversiva e impedindo qualquer ajuda que, eventualmente, pudessem dar ao IN.

-A defesa mais fácil, pela concentração, possibilitando a auto-defesa, a existência de destacamentos militares ou a integração do agregado em planos mais vastos de defesa.

PANORAMA DOS PRINCIPAIS GRUPOS ÉTNICOS (p. 2-3)


1. Podemos considerar que existem dois grandes grupos humanos na Guiné: islamizados e animistas. No primeiro grupo incluiremos os Fulas, Mandingas, Beafadas, Saracolés, Sossos e Panjadincas e no segundo, Balantas, Manjacos, Papeis, Felupes, Baiotes, Brames, Banhua e Bijagós.

Existem, no entanto, pequenos núcleos híbridos, formados por etnias que utilizam práticas animistas e islâmicas e são, geralmente, sub-grupos em vias de se islamizarem. O factor religioso condiciona todo um comportamento social feito de usos, costumes e tradições ligadas às práticas religiosas. Assim, existem dentro de cada um dos sub-grupos elementos de afinidade e repulsão, como existem também, e mais vincadamente, entre os islamizados e os animistas. Interessará conhecer os principais elementos de cada grupo e, ainda, de algumas etnias principais, tomadas como padrão.
ISLAMIZADOS
  • forte sentimento tribal
  • quase fanatismo religioso
  • apreço pelo gado bovino
  • fidelidade tradicional às autoridades
  • respeito pela hierarquia religiosa
  • dependência jurídica do Alcorão
  • culto da hospitalidade
  • espírito guerreiro
  • desejo de cultura, assistência social e melhoria de vida
ANIMISTAS
  • sentimento tribal menos intenso
  • sentimento religioso normal
  • preconceito racial (em relação aos islamizados)
  • apego à família e à terra
  • espírito guerreiro
  • espírito de vingança
  • desejo de cultura, assistência social e melhoria de vida
  • coesão familiar
  • respeito pela vida da mulher
  • desejo de justiça
Entre os islamizados existem também afinidades e repulsões, elementos que os caracterizam e que são suficientemente fortes para os opor e, simultaneamente, os unir. Usando como exemplo duas etnias islamizadas, as mais representativas quantitativa e qualitativamente, vamos verificar essas motivações.
FULAS
  • Ódio ao mandinga
  • Apreço e dependência do gado bovino [ilegível]
MANDINGAS
  • Ódio ao Fula
  • Apreço de gado bovino só para fins [ilegível]
As afinidades entre os animistas são talvez mais flagrantes, visto que as religiões são diversificadas e não existe uma unidade sob o ponto de vista religioso que, como já se disse, condiciona o seu comportamento social. No entanto, existe similitude de práticas religiosas, o respeito pelos espíritos dos mortos e pelos símbolos que os representam (os Irãs), o respeito e aceitação espontânea e indiscutível das interpretações dos guardas de Irã que constituem uma espécie de sacerdotes do animismo.
Das etnias tomadas como exemplo, os Balantas e os Manjacos constituem as principais dentro do grupo animista. Os Balantas têm uma população de 150.000 habitantes e a totalidade do grupo constitue dois terços da população guineense. Os Felupes, sendo uma minoria étnica é, sem dúvida, extraordináriamente característica por ser uma das mais primitivas e, ainda, a mais antiga que se conhece como originária do território guineense.
BALANTAS
  • culto do roubo como prática social
  • resistência à cultura europeia
  • desrespeito pelas hierarquias verticais
  • interesse material pela família
  • resistência ao cristianismo e islamismo
MANJACOS
  • aversão ao roubo
  • desejo de toda a cultura
  • respeito pelas hierarquias verticais
  • interesse relativo pela família
  • resistência ao cristianismo e islamismo
FELUPES
  • não aceitação do roubo
  • resistência à cultura europeia
  • respeito pelas hierarquias verticais
  • interesse pela família (influência da mulher)
  • permeabilidade ao cristianismo
Existindo dentro de cada um dos grupos humanos- Islamizados e Animistas- motivações tão flagrantes, é lógico que entre ambos essas motivações aumentem, já que são duas sociedades distintas em presença, cada uma das quais mantendo em relação à outra uma certa animosidade. A compreensão dessas motivações, facilitará esta visão geral do mosaico étnico- religioso e humano- da Guiné Portuguesa.
ISLAMIZADOS
  • monoteístas
  • forte sentimento religioso
  • dependência jurídica do Alcorão
ANIMISTAS
  • diferentes concepções da divindade
  • relativo sentimento religioso
  • independência jurídica de fórmulas religiosas
(Continua)
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Notas do co-editor vb:


(2) The Strategic Hamlet Program foi um plano dos governos do Vietame do Sul e dos Estados Unidos da América durante a guerra do Vietname para combater a insurreição comunista, que incluía a transferência de populações.

(3) Consultas:

(i) Segundo a directiva 49, de 16/10/1968, do Comando Chefe das F. A. da Guiné, a Divisão de Organização e Defesa das Populações ficou encarregada do estudo, impulsionamento, coordenação e fiscalização do reordenamento, pelo recenseamento e pelo enquadramento e defesa das populações.

(ii) Segundo o Relatório de Comando, 1971, do Comando-Chefe das F. A. da Guiné, em Dezembro de 1971, estavam registadas 46 tabancas organizadas em auto-defesa.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2032: História de vida (4): Ainda sobre o meu irmão, o Srgt Mil Sérgio Neves, que foi amigo em Moçambique de Daniel Roxo (Tino Neves)

Moçambique > Mueda > CART 2369 (1968/70) > O 2º sargento miliciano Sérgio Neves

Foto: © Tino Neves (2007). Direitos reservados.



1. Mensagem enviada, em 26 de Julho, pelo Tino Neves, ex-1º Cabo Escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego (Gabu), 1969/71:



Camarada Luís:

Serve este para responder às tuas dúvidas sobre o meu irmão, 2º. Sargento Mil Sérgio Neves (1). Mas primeiro que tudo, o meu agradecimento, pelo facto de editares o material que te mandei sobre o meu irmão.

Já tinham sido publicadas várias estórias sobre ele no sítio Moçambique – Guerra Colonial , enviadas por mim.

Sobre a relação que o meu irmão tinha com o Cmdt Daniel Roxo, quero fazer primeiro uma pequena introdução. O Sargento Neves era uma pessoa muito dada, e amigo do seu amigo, e por onde passava arranjava sempre grandes e bons amigos, pois era um grande falador, um extrovertido, e também um bom copo ou garrafa, conforme a situação. Quero com isto dizer que por norma é neste embiente que se convive, e se fica a conhecer os outros e se fica amigo do amigo, pois pode-se apresentar uma pessoa a outra, trocar-se algumas palavras, e depois fica por ali, se não houver algo como Vamos beber um copo (escusado será dizer que nessa altura era o que se fazia mais).

Portanto, quando o meu irmão se encontrava com o Cmdt Daniel Roxo, que não era todos os dias, porque o Cmdt DR, muitas vezes, passava semanas a fio no mato, havia copos com toda a certeza, e nessas alturas era então que o Cmdt DR o convidava para ir com ele para o mato (desconheço se para fazer alguma operação em especial, ou simplesmente para fazer alguma patrulha à zona).

Mas que eram grandes amigos, eram, porque quando ele me falou do Daniel Roxo pela primeira vez, ele descreveu-o assim: UM GRANDE AMIGO!... E alguns anos depois do 25 de Abril 1974 veio cá a Portugal um irmão do Cmdt Daniel Roxo que visitou o meu irmão.

Como operacional, só me contou que uma vez houve uma grande operação com Forças especiais (Páras, Fuzos, etc) e também FAP. Estando todas as tropas posicionadas a cercar o objectivo, começaram a fazer fogo com tudo ao seu alcance, mas numa determinada altura o meu irmão, que estava junto do Comandante da operação, reparou que não havia resposta do IN, sugeriu que acabassem o fogo e, se depois não houvesse resposta do IN, ele com a sua Secção iria lá entrar e sair pelo outro lado.

O Comandante aceitou a sua sugestão e avisou o resto das tropas de que se iria fazer aquilo.O resultado foi que o meu irmão fez precisamente o que prometeu, havia lá só meia dúzia de elementos IN (não me recordo se foram abatidos ou capturados) e várias armas e munições. Quando o meu irmão e a respectiva Secção apareceu no outro lado, nem queriam acreditar no que ele tinha feito.

Uma ressalva em relação ao editado no Blogue: Quando se diz Era bom, julgava eu, porque ele dizia-me que só se lembrava que era militar quando fazia de Sargento de Dia, porque na Secção dele era o único militar, e ele era o Chefe, e falava da esposa do Major Tal, da filha do Capitão tal, etc. etc.... Deve ler-se: (...) "porque na Secção dele era o único militar e o Chefe do restante pessoal que era civil, como por exemplo 'esposa do Major, a filha do Capitão, etc.', em suma os familiares dos oficiais de maior patente".

Quanto à fama e alcunha de Mercenário, talvez tenham exagerado muito. Foi ele que me disse que tinha ficado conhecido pelos amigos como o Mercenário.

Quanto ao escrito Em Mueda os cordeiros que chegam são os lobos que saem - Adeus Checas, ele disse-me, quando me mostrou a foto, que tinha sido ele que o tinha feito, daí estar junto da frase, como senda a sua assinatura, ele mesmo.

Aí vai mais uma foto do Mercenário.

Sem mais de momento

Um abraço

Tino Neves

Almada

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Nota dos editores:

(1) Vd. posts de:

6 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1928: Estórias de vida (3): Sérgio Neves, meu irmão: em Moçambique, o Mercenário, amigo do lendário Daniel Roxo (Tino Neves)



7 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1933: Questões politicamente (in)correctas (30): os cordeiros e os lobos de Mueda ou a adrenalina da guerra (Luís Graça)

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1928: História de vida (3): Sérgio Neves, meu irmão: em Moçambique, o Mercenário, amigo do lendário Daniel Roxo (Tino Neves)

Moçambique > Mueda > Cart 2369 (1968/69) > 4º Grupo de Combate > A suite dos barões...


Moçambique > Mueda > CART 2369 (1968/70) > O 2º sargento miliciano Sérgio Neves junto a um mural onde se lê: "Em Mueda, os cordeiros que entram, são lobos que saiem. Adeus checas". Recorde-se que o checa, em Moçambique, era o nosso pira ou periquito.

 Moçambique > Mueda > CART 2369 > Sérgio Neves, posando junto aos símbolos da sua unidade

A caminho da Guiné, em 1964, num navio mercante (que não sabemos qual é). Pessoal da CCAÇ 674, Fajonquito, 1964/66) (presume-se). Sentado à mesa, o Sérgio está ao centro, é o 4º. a contar da esquerda.

Guiné > Zona Leste > Fajonquito > 1964 > CCAÇ 674 > O Fur Mil Neves

Fotos: © Tino Neves (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem enviada, em 13 de Fevereiro último, pelo Tino Neves, ex-1º Cabo Escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego (Gabu), 1969/71:


Camarada Luís Graça:

Por ter voltado a focar as fotos de meu irmão, junto dos Monumentos da Guiné, Bagabaga e Poilão, e na altura do seu envio não as ter comentado, como sendo do meu irmão como militar (Furriel Mecânico Auto) em Fajunquito, em 1964 (1), passo agora a fazer um pequeno comentário sobre quem foi ele:

Há falta de dados sobre ele porque tanto a correspondência como a sua Caderneta Militar que estavam em poder da minha mãe, se extraviaram. Ficaram simplesmente algumas fotos, das quais nada consta escrito no seu verso (data ou local onde foram tiradas). Ele não tinha esse costume.

Portanto, não tenho qualquer indicação sobre o Batalhão ou a Companhia pertencia, mas pesquisei através dum ficheiro em excel cedido pelo Pedro Santos, quando do nosso Encontro da Ameira. Pesquisei pelo ano do fim de comissão, unidade de mobilização (Évora) e nome do Capitão (José Rosado Castela Rio)... Fiquei com a noção de que seria a Companhia de Caçadores 674, que esteve em Fajonquito, região de Bafatá. A ser verdade, o período da comissão será 1964/1966.

Para que algum camarada de sua companhia o venha a conhecer junto algumas fotos desse tempo .


O seu Nome:

SÉRGIO FAUSTINO DAS NEVES
Furriel Miliciano Mecânico Auto
Natural de Luzde Tavira
Residia em Cova da Piedade – Almada


Ele fez mais uma comissão de serviço em Moçambique, como 2º Sargento Miliciano,
de 1968/1970, tendo passado por Lourenço Marques, Mueda, Vila Cabral , Nampula e Meponda - Lago de Niassa . Não sei exactamente por que ordem.

Camarada Luís Graça:

Vou-lhe pedir desculpa, e ao mesmo tempo um favor, apesar do blogue ser de ex-Combatentes da Guiné, gostaria que fizesse referência a este facto de Moçambique, pois é possível algum dos camaradas dele, de Moçambique, lerem o nosso blogue, e me contactarem, o que me deixaria muito feliz.

Vou contar um pouco o historial do meu irmão em Moçambique, porque da Guiné pouco sei. Só me contei alguma coisa quando eu estava na Guiné e ele em Moçambique. Um dia disse-me para ir a Bafatá a um Café, que ele frequentava muito quando lá ia, porque o dono também se chamava Neves. Fui lá mas o proprietário desse café já não era o mesmo, e não me souberam dizer para onde o senhor Neves tinha ido.

O meu irmão era da Construção Naval (Arsenal do Alfeite) e, depois da Comissão da Guiné, emigrou para França (Grenoble), tendo ido trabalhar para um Estaleiro Naval como soldador. Enquanto lá esteve, para além do frio e neve que apanhou, estava muito só e sem dinheiro. Mas escrevia-se com camaradas da recruta que lhe diziam muito bem de Moçambique, tendo lá ficado como colonos, no fim da Comissão. O Estado dei-lhes terras para se fixarem lá e eles estavam muito bem.

Ora ele começou a pensar nessa hipótese de também para lá ir. Assim o pensou e assim o fez. Escreveu para o Ministério da Guerra, a pedir para voltar para o Exército. Foi chamado e colocado nos Serviços Mecanográficos do Exército, e logo pediu para ir para Moçambique. Foi passados 8 meses para Lourenço Marques.

Em Lourenço Marques, passou por vários Serviços incluindo dar Instrução Militar aos Recrutas. E por último, em Lourenço Marques, foi para o Serviço de Intendência, Secção de Cargas, ou seja tratar das Comissões Liquidatárias das Companhias de Fim de Comissão.

Era bom, julgava eu, porque ele dizia-me que só se lembrava que era militar quando fazia de Sargento de Dia, porque na Secção dele era o único militar, e ele era o Chefe, e falava da esposa do Major Tal, da filha do Capitão tal, etc. etc.

Mas ele, como operário do ferro, para ele era um suplício a papelada e os problemas, problemas esses que, como vou contar, o fizeram sair dali.

A história começa com um Major de uma Companhia Independente que já tinha mandado regressar todos para a Metrópole, ficando ele sozinho a tratar de tudo o que dizia respeito à Comissão Liquidatária. Mas estava tudo muito atrasado, e o dito Major foi lá mandar vir junto do meu irmão, reclamando que já tinha a viagem marcada para o regresso, e que o meu irmão estava a demorar muito a dar o despacho, e por essa razão pediu para que o Comandante dos Serviços o atendesse, tendo este acedido ao seu pedido.

Sendo o meu irmão chamado ao gabinete do Comandante, mostrou-lhe todo o processo dessa tal Companhia. Conclusão: o dito Sr. Major tinha quase toda a carga da Companhia encaixotada, com a direcção de sua casa, sendo alguns dos objectos uma arca frigorífica, um barco pneumático e mais algumas coisas, todas sem valor nenhum, como devem calcular.

O meu irmão, em face disto, disse ao seu Comandante que queria ir para o mato, que aquilo não era para ele (ser cúmplice de todas aquelas roubalheiras).

O Comandante (não sei o seu nome, só sei que era muito amigo do meu irmão, segundo me dizia este), ante este pedido e tentando demovê-lo dessa intenção disse-lhe:
- Só para Mueda! - e ele respondeu-lhe:
- É para aí mesmo que eu quero ir! - ... E fizeram-lhe vontade.

Mueda era, para Moçambique, como Guileje era para a Guiné: para todos aqueles que fossem castigados, um dos castigos era serem transferidos para Mueda . E o meu irmão ofereceu-se para ir para lá, daí ficar com a alcunha de o Mercenário.




Francisco Daniel Roxo nasceu em Mogadouro, Trás-os Montes, em 1 de Fevereiro de 1933. Foi para Moçambique em 1951. Aprende a conhecer o território como ninguém, em especial o Niassa, no norte. Foi caçador profissional até 1962. Com a guerra, irá tornar-se, a partir de 1964, um lendário e temível comandante de um grupo de forças especiais de contra-guerrilha (30 homens da sua confiança), lutando contra a Frelimo, à margem das regras da guerra convencional. É conhecido como o diabo branco. Pelos seus feitos na contra-guerrilha, e embora não sendo militar, recebe das autoridades portuguesas duas cruzes de guerra e uma medalha de serviços distintos.

Depois da independência de Moçambique, e já com 41 anos, alista-se no exército da África do Sul. Faz parte de um grupo de operações especiais. Notabiliza-se na Operação Savana, no sul de Angola, na luta contra o exército angolano e os seus aliados cubanos, em Dezembro de 1975. É o primeiro estrangeiro a receber a Cruz de Honra da África do Sul (julgo que a mais alta das condecorações militares). Acabaria por morrer em 23 de Agosto de 1976, numa emboscada, no sul de Angola. Deixou uma viúva e seis filhos. Na foto acima, ele aparece com a farda do exército da África do Sul e o post de 1º sargento. Julgo que não chegou a ser militar do exército português, embora trabalhasse para (e em coordenação com) o exército português. Falta uma biografia, isenta, desta figura de português do tempo colonial que ainda hoje inflama a cabeça e o coração de muita gente que viveu em Moçambique (LG).

Fonte: Adaptado de In memory of three special forces and 32 Batallion soldiers (2005I.



Não sei se pela alcunha que tinha e ficar muito conhecido, quando foi para Meponda, zona do Lago Niassa, o meu irmão acabou por conhecer (e ficar muito amigo de) um senhor, muito mais conhecido em todo território de Moçambique. Era ele, nem mais nem menos , o famoso Comandante Roxo, o Daniel Roxo, mais tarde Sargento Daniel Roxo [do exército da África do Sul].

Eram tão amigos que, quando o Comandante Roxo ia para o mato, convidava o meu irmão para ir também, assim sem mais nem menos, como se fosse para beber um copo. E o meu irmão não se recusava, ia também, até que um dia, numa coluna militar, rebentou uma mina anticarro num Unimog, e ele foi projectado a 30 metros da viatura. Foi em Mocimboa da Praia, sendo depois transportado por helicóptero para Nampula, onde o Cmdt Roxo ia todos os dias visitá-lo. Porque, para além de ser muito amigo dele, também queria que ele (meu irmão) ficasse com o pelotão dele, pois já estava a ficar velho (dizia ele).

Pronto, fico por aqui, muitas outras estórias teria para contar.

O meu irmão faleceu em 25 de Junho de 1997, com um temor na cabeça.

Camarada e amigo Luís Graça, se achar que esta pequena estória do meu irmão em Moçambique está fora do contexto do nosso blogue (que é dedicado à Guiné), não a publique, pois só pensei no facto de algum militar de carreira que tenha estado em ambas (Guiné e Moçambique) possa ter conhecido o meu irmão. Se sim, gostava que muito me contactassem, pois também já pensei entrar em algum blogue de Moçambique.

Junto fotos da Guiné e Moçambique. Ccomo se vê nas fotos, o meu irmão Sérgio pertenceu em Mueda ao CART 2369. Junto também uma foto do Cmdt Daniel Roxo.

Um abraço
Tino Neves
Almada

2. Comentário: Tino, como é que eu te poderia recusar um pedido destes ? A guerra bateu à porta da tua família por três vezes... Tens todo o direito a contar a estória do teu mano, e procurar camaradas que o conheceram. Boa sorte nessa pesquisa. Ah, e desculpa o atraso na publicação do teu post...

De qualquer modo, seria interessante saberes mais sobre as relações do teu irmão com o Daniel Roxo que para uns era um herói e um patriota, para outros um mercenário e um criminoso de guerra... Há inúmeros sítios na Net sobre o Daniel Roxo, e quase todos de homenagem e de admiração... No mínimo, é uma figura controversa, mas que merece ser conhecida, analisada e estudada... A história (mesmo a petite histoire) da guerra colonial também passa por homens como ele...

Vê, portanto, se descobre mais coisas sobre o relacionamento entre o teu irmão e o Daniel Roxo... O teu irmão, como militar, participou em operações de contraguerrilha com o Daniel Roxo ? Ou as suas relações eram só de pura amizade ? Por que é que o teu irmão era alcunhado de Mercenário ? Desculpa lá estas perguntas um pouco incómodas para ti, que és irmão do Sérgio, mas já que te expões, contando um pouco da atribukada vida dele, tens de tentar responder, se souberes... De qulaquer modo, cuidado, camarada, que este é um dossiê que pode estar armadilhado... Pode ser uma verdadeira caixa de Pandora ... L.G.

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Nota de L.G.:

(1) Vd post de 14 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1367: Concurso O Melhor Bagabaga (3): Fajonquito (1964) (Tino Neves)