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domingo, 19 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24864: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (21): Os sinais de código da estrada é para... respeitar, e os dos códigos comportamentais ainda mais... (Hélder Sousa, Setúbal)


GONÇALVES, Gerardo Vidal; PEREIRA, Dina; LOPES, Gonçalo e LISA-FREIRE, David (2021) – “Marcas de Canteiro, Cantaria Histórica e Arqueologia do Construído: a Igreja de Santa Maria do Castelo, na vila da Lourinhã”. Al-Madan Online. Almada: Centro de Arqueologia de Almada. 24 (2): 130-142. Em linha. Disponível em https://issuu.com/almadan. (Com  a devida vénia...)

Resumo: Estudo de marcas de canteiro, cantaria histórica e Arqueologia do construído, a partir de trabalhos arqueológicos preventivos realizados, em 2021, na envolvente da Igreja de Santa Maria do Castelo (Lourinhã).

Os autores apresentam a metodologia de registo e os resultados, que incluem 29 marcas de canteiro distribuídas por vários elementos arquitectónicos, maioritariamente em zonas baixas e pouco visíveis. O seu agrupamento tipológico sugere pelo menos três oficinas, mestres ou canteiros diferentes. Há ainda uma inscrição aplicada no pórtico principal, virado a Oeste, provavelmente datada de finais do século XIV.

Palavras-chave: Arqueologia preventiva; Arqueologia da Arquitectura; Pedra; Marcas (de canteiro).



1. Mensagem de ontem` às  15h45, do  Hélder Sousa,  foto à direita: colaborador permanente do nosso blogue, provedor da Tabanca Grande;  tem  193 referências no blogue, tendo ingressado em 11/4/2007 (é, portanto, um "vê-cê-cê", velhinho como o c...); ribatejano, de nascimento (Vale da Pinta, Cartaxo) e formação (Vila Franca de Xira), português, cidadão do mundo, amigo do seu amigo; ex-fur  mil trms TSF (Piche e Bissau, Nov 70 / Nov 72);  engenheiro técnico electrotécnico, pelo ISEL;  consultor em segurança no trabalho; empresário em nome individual; vive em Setúbal; tem página do Facebook aqui.

Caros amigos

Achei por bem dar conta desta minha lembrança que me ocorreu a propósito dos diversos "calões" e também por a eles se terem referido como "códigos".

Assim, também como os chapéus, que há muitos, os códigos também serão de diversa motivação e neste caso concreto, acontecido comigo, aproveitei não só para me lembrar do caso com também, ao dar conta dele, recomendar que os levem a sério, quando vos tocar qualquer coisa do género.

Abraços, Hélder Sousa


OS CÓDIGOS COMPORTAMENTAIS

por Hélder Sous

Meus amigos, esta memória, de que vou dar testemunho, surgiu depois de ler algumas coisas sobre o calão falado, “por aqui e por ali”, e de também se ter referido a eles como que espécie de “códigos” de comportamento para relacionamento e reconhecimento de grupos.

Ora, tanto quanto vou aprendendo também “por aqui e por ali”, isso dos“códigos” é coisa bem antiga.

Por exemplo, é bem conhecido o facto de que os velhos “construtores de catedrais” tinham códigos (sinais) identificadores para se saber a que Mestres correspondiam as pedras colocadas, quando numa mesma obra existiam mais do que um Mestre e seus operários, para que assim o Dono da Obra pudesse quantificar o trabalho efetuado e remunerá-lo adequada e justamente. Isso pode ser observado em vários monumentos um pouco por todo o País.

Mas o que eu vos queria transmitir é que há uns bons pares de anos atrás, quando retomei os estudos interrompidos, primeiro por incorporação no SMO (Serviço Militar Obrigatório), , depois por dedicar mais tempo à ”vida artística”, cumulativamente pelos tempos do imediato pós-25 de Abril, fiz parceria com um colega de turma para a produção de “trabalhos de grupo”.

Ora esse colega era filho dum senhor que tinha uma oficina de manutenção automóvel, trabalhos de bobinagem e relativos, ali para os lados de Campo de Ourique, em Lisboa, já a chegar ao “Casal Ventoso”, em tempos em que esse local era conhecido como “supermercado da droga” e de consumo da mesma.

Recomendaram-me que, quando para lá me deslocasse, tivesse o cuidado de estender por cima do volante um pano amarelado ou laranja. Que fizesse isso e não fizesse perguntas. E assim procedi sempre e não ocorreu nada de registo que merecesse ser contado.

Acontece também que esse meu amigo e colega morava numa casa, num rés-de-chão ligeiramente elevado em relação ao nível da entrada, ali mesmo ao lado da Igreja de Santa Isabel e onde também era devido utilizar o “código do pano sobre o volante”.

Numa noite em que fui para lá para trabalhar, chegando já um tanto atrasado, com a pressa, não tive o cuidado de colocar o “bendito paninho”, mas como o carro (um Renault 5) ficou estacionado mesmo junto à janela (não ao nível da rua, mas um pouco mais elevada, como disse) do compartimento onde estaríamos a fazer os trabalhos e aí o passeio era bem estreito, menos de 1 metro entre o carro e a janela, não me preocupei quando me lembrei do facto e até achei que não deveria ter importância.

Mas teve!

Quando acabámos e fui para o carro, depois de entrar e ligar o motor, quando fui para ligar o rádio só encontrei o buraco. O rádio tinha desaparecido.

Claro que no imediato fiquei “estragado”. Primeiro por ter sido roubado, depois, culpabilizando-me, pelo esquecimento de assim ter desrespeitado a aplicação do código (o tal pano laranja sobre o volante) para que eventuais “amigos do alheio” soubessem que se tratava de um bem pertencente à comunidade, conforme já tinha percebido.

O que “compensou” foi que o trabalhinho foi efetuado por profissional. Nada partido, nada estragado, “apenas” fiquei sem o rádio…..

Portanto, se houver códigos, são para serem respeitados, não se esqueçam.

Hélder Sousa
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Nota do editor;

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14760: Estórias cabralianas (86): Alferofilia (...uma parafilia a acrescentar à lista DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, da APA - American Psychiatric Association) (Jorge Cabral)

1. Com um especial agradecimento à amiga Anabela Martins, que processou, em word, a versão original, manuscrita, de mais esta estória do alfero Cabral, pensada e alinhavada enquanto o autor se preparava, há dias, para ser submetido aos horrores de uma colonoscopia num daqueles sítios asséticos, de batas brancas, muitas luzes e aparelhos da guerra das estrelas,  num conceituado hospital da capital, onde um gajo, se se descuida, pode muito bem bater a bota ou lerpar, como se dizia em Missirá, antes de ter cantado o fado todo a que foi condenado)...

Quanto ao editor, ele muito se congratula com o regresso, ao mundo dos vivos, do nosso alfero Cabral que já não nos "mandava estória"  desde o último Natal de 2014!  E desta feita, mandou-nos duas, duas estórias!... Se não quisesse correr o risco de ser mal interpretado, até diria: "Bendita colonoscopia, alfero Cabral"!... (LG)

[Foto acima; o "alfero" Cabral não precisa de apresentações... Mas recorde-se que, noutra encarnação,  foi alf mil art, cmdt Pel Caç Nat 63, Guiné, zona leste, setor L1 (Bambadinca), tendo destacdo em Fá Mandinga e Missirá, 1969/71;  hoje é jurista, professor do ensino superior  universitário, reformado; autor da série "estórias cabralianas" ... há muito à espera de um bom de um editor que as publique em suporte de papel!...]


2. Estórias cabralianas  (86) > Alferofilia

por Jorge Cabar

O Alfero nem oito dias tinha de Missirá, quando Binta, a mulher do Milícia, se meteu no seu quarto – abrigo, convidando-o a ...Ainda pensou resistir, mas... Na função era básica, mas os dotes pedagógicos do Alfero, surtiram efeito.

Era conhecida como a mulher do Milícia, mas não tinha marido, pois o repudiara, segundo os usos e costumes, por questões anatómicas, como se dizia na Tabanca.

Há uns anos, num dos nossos Encontros, conheci o último Comandante de Missirá. Pois não é, que me falou dela?! Também não resistiu... Aliás, no tempo dele chamavam-lhe a Alfera.

Quantos Alferes? Bem,  todos estiveram lá, mas foi para resistir ao PAIGC...

Nas minhas aulas, falava das perversões sexuais, as parafilias (pedofilia, zoolofilia, necrofilia...) e acrescentava sempre a Alferofilia. (**)

– Alferofilia, professor? Não consta do DSM... (1)

Pois não... Os psiquiatras americanos não a conhecem. Com esta estória, tenho a certeza, que a próxima actualização do Manual a vai referir.

Luís,  não te esqueças de a enviar à APA - American Psychiatric Association...
Jorge Cabral
_________________

(1) – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – American Psychiatric Association [Em português,  Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação de Psiquiatria Americana]
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Notas do editor:


(**) "Parafilia (do grego παρά, para, "fora de", e φιλία, philia, "amor") é um padrão de comportamento sexual no qual, em geral, a fonte predominante de prazer não se encontra na cópula, mas em alguma outra atividade. São considerados também parafilias os padrões de comportamento em que o desvio se dá não no ato, mas no objeto do desejo sexual, ou seja, no tipo de parceiro, como, por exemplo, a efebofilia". (Fonte; Wikipédia, com a devida vénia...)

terça-feira, 16 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14752: Inquérito online: Resultados finais (n=194): 45% do pessoal que passou pelo CTIG admite que não teve relações sexuais com nenhuma mulher guineense... Se a nossa amostra fosse representativa dos 200 mil militares metropolitanos que passaram pelo CTIG, a proporção deveria ser bem maior (talvez c. 75%)




Quadro - Resultados da sondagem  "on line" que decorreu no nosso blogue entre 8 e 14 de junho de 2015. Total de respostas: n=194


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015)


1. Resumindo, podemos dizer que;

(i) Cerca de 45% dos votantes, admite nunca ter tido relações sexuais com mulheres guineenses, ao tempo da guerra colonial (1961/74);

(ii) Um total de 68 (cerca de 35%)  diz que teve relações pelo menos uma vez (12%) ou mais do que uma vez (23%);

(iii) Há uma minoria (n=38) (menos de 20%) que tinha relações sexuais com mulheres guineenses "bastantes vezes" (10%) ou com "muita frequência" (9%).

(iv) Apenas um respondente votou na hipótese "não sei/não me recordo".


2.  Estamos longe da célebre estimativa do Jorge Cabral que apontava para um total de 80% a 90% de militares,  metropolitanos, que nunca terão tido relações sexuais com mulheres guineenses (*)... 

O "alfero Cabral" não se baseia em quaisquer estudos, de resto inexistentes, sobre esta matéria (que não terá merecido qualquer especial atenção por parte da hierarquia das nossas Forças Armada). Baseia-se, isso sim, na sua perceção e na sua experiência "no terreno". 

É o conhecimento de causa que lhe permito, inclusive, desenvolver a curiosa "teoria da alferofilia", ou seja, a particular atração sexual de que eram objeto (e não apenas sujeito) os oficiais milicianos, em especial os que tinham funções de comando... Espero que ele se ponha fino e bom para explicar e exemplificar melhor a sua "teoria do caneco" (**), de resto, verosímil, já que, como é sabido, o poder é afrodisíaco...






Um caneco que ainda vai fazer furor entre as bajudas da Guiné-Bissau, na próxima incarnação dos guerreiros do Império: "Kiss me, I'm an Alfero" [Beija-me, sou um Alfero] (**)...

Foto: © Jorge Cabral (2009). Todos os direitos reservados.



Para se ler corretamente os resultados da sondagem, é preciso ter em conta, em todo o caso, que nesta amostra de 194  ex-combatentes, é muito provável que haja uma sobrerrepresentação dos milicianos (alferes e furrieis) em detrimento do pessoal do recrutamento geral (1ºs  cabos e soldados), reflectindo a estrutura populacional da Tabanca Grande (onde tendem a predominar  os antigos milicianos).

As contas são fáceis de fazer: passaram pelo TO da Guiné, ao longo dsa guerra (1961/74) cerca de mil unidades e subunidades (batalhões, conpanhias, pelotões)... A nossa Tabanca Grande tem menos de 700 elementos formalmente registados, entre "amigos" e "camaradas" ( mais exatamente, 691)... A grande maioria são ex-combatentes. Em todo o casoo, cerca de 6% de grã-tabanqueiros já morreram. Portanto, nem todas as unidades e subunidades têm um representante no blogue.  Algunas têm meia dúzia. E naquelas que têm pelo menos um representante,  é mais provável esse camarada seja um miliciano (alferes ou furriel)....

A explicação é intuitiva: os ex-milicianos, muitos deles continuaram a estudar, depois de passarem à peluda, tendo portanto um maior nível de literacia (funcional e informática) do que a generalidade do pessoal do recrutamnento geral...

De qualquer modo, se esta sondagem fosse representativa do contingente militar que passou pela Guiné (cerca de 200 mil homens), a proporção  de respondentes que adnitiram nunca ter tido relações sexuais com nenhum mulher local deveria ser da ordem dos 3 para 4 (75%).


A mãe da "menina do Gabu" que viveu em "união de facto" com um furriel
miliciano em  Nova Lamego, em meados dos anos 60
(Foto de José Saúde, 2011)
3. Não menos interessante é a existência de um minoria de camaradas nossos (9%) que tinham "relações sexuais com muita frequência", o que só pode ser explicado pelo facto de terem vivido maritalmente com uma mulher (guineense) no TO da Guiné...

Temos conhecimento de alguns (poucos)  casos de "bajuda com morança posta" por militar metropolitano, em geral não operacional (pessoal de apoio: saúde, manutenção, transmissões, secretariado, alimentação, transportes, etc.), vivendo fora do quartel,  e em aglomerados populacionais de maior dimensão (como era o caso de Bissau, Bafatá, Bambadinca, Nova Lamego)... Estas "uniões de facto" eram mais propícias à "geração" de "filhos do vento" ou "filhos da guerra"...

Achamos, todavia, que essa proporação (9%) peca por excesso... Quando muito, poderia haver um caso ou outro por companhia (que era constituída por 150/160 homens, incluindo 1 capitão, 4 alferes, 20 sargentos e furrieis)...

Atenção, que nos nossos aquartelamentos não havia qualquer privacidade: na melhor das hipóteses, quem tinha um quarto privativo era o capitão ou o comandante (alferes, no caso dos destacamentos), para além dos oficiais superiores (nas sedes de batalhão)...

Por outro lado, todos sabemos que, em tempo de guerra,  a "procura" (de favores sexuais) era muito superior à "oferta", nomeadamente no interior do território... E que casos (pontuais) de violação eram punidos disciplinar e/ou criminalmente,,, (É bom que isso se diga e se escreva!)...

Aguardemos os comentários e as demais achegas dos nossos leitores, que serão muito bem vindos (***)... LG

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Notas do editor:


(...) Comentário do editor LG:

A propósito da conferência “Filhos da guerra”, no âmbito do Festival Rotas & Rituais (Lisboa, Cinema São Jorge, 22 de maio de 2015), tomei nota no meu canhenho:

“Temos dificuldade em abordar em público este problema, o das nossas relações com as mulheres guineenses no tempo da guerra colonial. Pior ainda, num público feminino ( e senão mesmo feminista), português e africano, ou de origem africana… Somos, os homens, facilmente “suspeitos de cumplicidade” uns com os outros… Os homens são todos iguais, em toda a parte, defendem-se uns aos outros, dizem elas…

"A intervenção, longa e incisiva, do Jorge Cabral, em tempo de debate, acabou por provocar algum sururu na sala. Disse ele, em síntese:

- Defenderei até à morte a honra do soldiado português na Guiné. Nós não eramos nenhum emprenhadores compulsivos. Mais: atrevo-me a dizer que 80% a 90% dos soldados portugueses na Guiné não tiveram quaisquer relações sexuais com mulheres africanos… E se querem falar de prostituição organizada (que no meu tempo praticamente se restringia a Bissau e, em pequena escala, a Bafatá), pois tenho a dizer que é muito maior hoje, só na capital da Guiné-Bissau, do que no meu tempo" (...)

(**) Vd. poste de 28 de outubro de  2009 > Guiné 53/74 - P5172: Estórias cabralianas (56): Cum caneco, alfero apanhado à unha! (Jorge Cabral)

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13709: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXIV: o Artur, que arranjava sempre desculpas para se baldar... ao mato. Porque, afinal, na guerra e noutras situações-limite em que se arrisca a vida, "quem tem cu tem medo"... (Agostinho Evangelista, ex-sold inf, 1º pelotão)









1. Continuação da publicação das "histórias da CCAÇ 2533", a partir do documento editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). (*)

Temos, de novo,  o ex-sold Agostinho  Gomes Evangelista, do 1º pelotão,  a contar-nos aqui uma história, com piada,  sobre um camarada, o Artur, que arranjava sempre  umas desculpas para se baldar... ao mato (pp. 84/85)... Aliás, era para isso que também serviam as doenças, da cabeça, do estômago, do cú...

 Porque afinal de contas, na guerra e noutras situações-limite em que se arrisca a vida, "quem tem cu tem medo", já lá diz o nosso povo, para logo acrescentar: "Quem tem medo, fica em casa"... E, mesmo assim, o céu pode-nos cair em cima...  (LG)

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Nota do editor:

terça-feira, 17 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2953: Com os páras da CCP 122/ BCP 12, no inferno de Gadamael (Carmo Vicente) (5): Fomos capazes do melhor e do pior (Virgínio Briote)

1. Mensagem do Virgínio Briote, com data de 24 de Maio último:


Caro Luís,

Estive a ler hoje o texto, recolhido do livro do Vicente do Carmo (1), que o Lepoldo te enviou [e que te pediste para comentar] (2).

Tem, de facto, algumas passagens que podem pôr em causa o comportamento militar e moral de, entre outros, o Cmdt Batalhão e do então Cap Terras Marques, que eu conheci quando ambos ainda não tínhamos vinte anos.

Trata, contudo, de uma página importante da nossa passagem pela Guiné. Gadamael deixou sequelas que estão bem visíveis no livro, para além de uma questão que me parece estar sempre na sombra - o oficialato e as medalhas.

É um texto cruel, contra a guerra, contra os poderes, contra Camaradas, contra a Natureza, contra a carreira que o próprio Carmo Vicente escolheu, de livre vontade, e que prosseguiu durante 6 anos. Até lhe aparecer um IN pela frente, digno, combativo e que o obrigou a reflectir. Por isso também, é um texto contra ele próprio.

É um retrato da odisseia de Gadamael, que serve de espelho a outros escritos sobre o mesmo tema. E, apesar do tom recriminatório que se sente em cada linha, também nelas se lêem o espírito de abnegação (o transporte dos mortos, as lanchas a virarem...) e o heroísmo daquela gente.

Foi a Guerra que vivemos (é sempre assim em todas), em poucos minutos, horas ou dias, somos capazes do melhor e do pior.

Um abraço,
vb
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Nota de L.G.:

(1) Vd. postes de:

4 de Junho de 2008 >
Guiné 63/74 - P2915: Com os páras da CCP 122/ BCP 12, no inferno de Gadamael (Carmo Vicente) (1): Aquilo parecia um filme do Vietname

5 de Junho de 2008 >
Guiné 63/74 - P2917: Com os páras da CCP 122/BCP 12 no inferno de Gadamael (Carmo Vicente) (2): Quase meia centena de mortos... Para quê e porquê ?

12 de Junho de 2008 >
Guiné 63/74 - P2933: Com os páras da CCP 122/BCP 12 no inferno de Gadamael (Carmo Vicente) (3): Manuel Peredo, ex-Fur Mil Pára, hoje emigrante

16 de Junho de 2008 >
Guiné 63/74 - P2950: Com os páras da CCP 122 / BCP 12, no inferno de Gadamael (Carmo Vicente) (4): Opiniões (Carlos Silva / Nuno Almeida)

(2) Mensagem de 13 de Maio enviado pelo editor L.G.:

Amigos e camaradas Victor Tavares, Manuel Rebocho, Casimiro Carvalho, Coutinho e Lima, Jorge Canhão e Pedro Lauret (c/c ao Virgínio Briote e ao Carlos Vinhal, ao Leopoldo Amado, ao Nuno Rubim e ao A. Marques Lopes):

Junto vos envio um excerto do livro do Vicente Carmo sobre Gadamael. É já antigo, esse livro. Chegou-me às mãos, ou melhor, foi-me enviado por e-mail pelo Leopoldo Amado, com a sugestão de ser publicado, no todo ou em parte, no nosso blogue...

Acontece que tenho reservas, devido à críticas, muito pessoais, que o autor faz ao comandante do seu batalhão (BCP 12) e a alguns dos seus camaradas... Não sei se são justas ou não... Mas vão contra o espírito do nosso blogue. Não conheço o livro nem o autor (de quem já publicámos em 11 de Fevereiro de 2007 uma versão sobre os distúrbios ocorridos em Bissau, em Janeiro de 1968). Gostava de ouvir a opinião dos nossos páras, o Victor e o Rebocho, nossos camaradas do BCP 12 (o Vicente era sargento da CCP 122), mas também daqueles que conheceram, de perto, Gadamael, na época em causa (Maio/Junho de 1973): caso do Casimiro Carvalho, do Jorge Canhão, do Coutinho e Lima... Mas também do Pedro Lauret...

Enfim, também solicito o parecer do A. Marques Lopes e do Nuno Rubim, nossos "assessores", bem como do Leopoldo, e dos meus queridos co-editores. Interessa-me sobretudo o relato (objectivo, isento ?...) sobre os acontecimentos de Gadamael, e não propriamente os juízos de valor sobre os homens...

Podem-me dar-me uma ajuda ?

Um abraço do Luís Graça