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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8121: Parabéns a você (247): Raul Brás, ex-Soldado Condutor Auto, CCAÇ 2381 "Os Maiorais", 1968/70, natural de Salavessa, Nisa (Tertúlia / Editores)



PARABÉNS A VOCÊ

18 DE ABRIL DE 2011

RAUL BRÁS

Caro Maioral Raul Brás*, a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva.

Assim, vêm os Editores, em nome de toda a Tertúlia, desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos.

Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
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Notas de CV:

- Postal de aniversário de autoria do camarada Miguel Pessoa

- (*) Raul Brás, foi Soldado Condutor Auto na CCAÇ 2381, “Os Maiorais”, que esteve em Buba, Quebo, Mampatá e Empada nos anos de 1968/70

Vd. último poste da série de 17 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8117: Parabéns a você (246): Agradecimento de Luís Faria

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8106: Facebook...ando (10): Efemérides: 9 de Abril de 1970, o meu regresso a casa (Raul Brás, CCAÇ 2381, Os Maiorais de Empada, 1968/70



Guiné > Região de Tombali > CCAÇ 2381 (Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70) >  O Raul Rolo Brás empunhando algures o cartaz, em pano de lençol (?) ou serapilheira (?), com o seu nome e o topónimo da sua terra natal, Salavessa, que levaria consigo no N/M Niassa, no regresso a casa, e que voltaria a desfraldar no dia 9 de Abril de 1970, no cais de Alcântara, para que os seus familiares e amigos o conseguissem mais facilmente localizar no meio de uma multidão de centenas e centenas de cabeças de homens fardados... Um engenhoso sistema de sinalização...

Foto: © Raul Brás (2011). Todo os direitos reservados.




1. Adpatação de duas mensagens e uma foto inseridos na nossa página do Facebook  [, Tabanca Gran de, ] pelo nosso camarada Raul Brás, ex-sold condutor auto, a propósito do seu regresso, e dos seus camaradas da CCAÇ 2381 (Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), a casa, no N/M Niassa (Bissau-Lisboa, de 3 a 9 de Abril de 1970)... Há 41 anos...

O Raul é natural de Salavessa, concelho de Nisa, distrito de Portalegre. Nasceu em 18 de Abril de 1946 (vai portanto fazer 65 anos dentro de dias). É casado. Vive no Seixal.

(i) Companhia de Caçadores 2381, Os Maiorais de Empada, Guiné. Fez hoje, dia 3 de Abril de 2011, quarenta e um anos, que foi o dia do seu embarque no cais de Bissau, pelas 10 horas da manhã, no Navio Niassa com destino à Metrópole, com o seu dever comprido.

(ii) Companhia de Caçadores 2381, Os Maiorais de Empada Guiné: Faz hoje, dia 9 de Abril de 2011, quarenta e um anos, que pelas dez horas da manhã, no cais de Alcântara Mar, este símbolo desta foto [, este cartaz com o meu nome,] foi desfraldado, no convés do navio Niassa, para que os meus familiares e amigos se apercebessem do local onde me procurar… Há tanto tempo que ansiava por este momento, e como é bom recordar o passado e darmos a conhecer estes momentos a quem não passou por eles

Um abraço do tamanho da Guiné, a todos os que estão ainda com vida. Dos que ficaram do lado de lá, e dos que partiram de cá, ficam as nossas recordações e lembranças.


Raul Brás

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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7693: Facebook...ando (9): Notícias do pessoal da CCAÇ 6, Bedanda, dos camaradas António Teixeira, Mário Bravo, Pires, Luís Nicolau, José Vermelho, Bastos, Pinto de Carvalho, Vasco Santos, Ayala Botto (1971/73), mas também do Hugo Moura Ferreira (1966/68), nosso camarigo da primeira hora

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7433: Facebook...ando (3): Uma dramática ida de Buba a Gandembel (Raul Brás, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 2381, Buba, 1968/70)



Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa < CCAÇ 2381 (1968/70> Viatura Unimog 411, mais conhecida por burrinho, destruída por mina A/C na estrada Aldeia Formosa - Gandembel. "A fotografia é de autoria do camarada Estorninho, é ele que está na foto, e foi tirada em Aldeia Formosa... Dá para ver o estado em que ficou a viatura, mas não o cansaço que tínhamos, mal dormidos, comida tinha sido uma ração de combate para cada homem, devido ao percurso ser curto. Mesmo com as coisas a correr do pior,  nada ficou para trás" (R.B.).


Foto: © Arménio Estorninho (2010). Todos os direitos reservados



1. Mensagem do Raul Brás, ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 2381, “Os Maiorais”, que esteve em Buba, Quebo, Mampatá Empada nos anos de 1968/70 (*). O Raul, que é nosso camarigo, tem também conta no Facebook. É daí que retiramos, com a devida vénia, o relato que ele faz de uma dramática coluna a Gandembel, em finais de Julho de 1968.


Uma coluna de Buba a Gandembel

Parti de Buba, dia 25 de Julho de 1968, pelas 6 horas da manhã, com destino a Aldeia Formosa, eram apenas 30 quilómetros, mas (…) no primeiro dia apenas se conseguiu fazer 12 quilómetros, ao pôr-do-sol, aconteceu o pior…  Durante a coluna já se tinham detectado algumas minas anticarro, [foi preciso montar e desmontar o pontão móvel, devido aos pontões destruídos]. 


A última mina  não foi detectada e rebentou no Unimog que transportava as Transmissões. O Operador de Rádio, duas horas depois,  já não se encontrava no mundo dos vivos, o Unimog ficou como apresenta a foto (acima), que é de autoria do camarada Estorninho.

Aí pernoitámos, fez-se dia, viaturas em movimento, 30 minutos depois cai o flanco direito numa emboscada, o inimigo vem à retaguarda atacar a cauda da coluna. Comunicações não havia, desde que tinha acontecido o pior.

Pelas 10 horas da manhã passaram os Fiat mas,  por acaso, até esse momento ninguém tinha conhecimento de tal coluna. Aí com o rádio Banana, consegue-se entrar em contacto. Meia hora depois aparecem os bombardeiros T6.

Chegou-se pela noite a Aldeia Formosa. Dia 28,  então, a coluna vai a Gandembel. Os nossos comandantes de pelotão reuniram cada um com o seu grupo de combate, e aí nos transmitiram  todos os cuidados que tínhamos que ter em todo o percurso, intervalo uns dos outros o maior possível, no caso de haver emboscada, deitar-se no chão o mais rápido possível, aí ficar no mesmo sítio alguns segundos, e depois rastejar até um abrigo que nos desse mais confiança, para não acontecer o mesmo que tinha acontecido um mês antes (…). 


Noutra coluna, antes da minha, tinham as nossas tropas caído numa emboscada, ficaram lá 13 camaradas. Fornilhos eram pelo menos 16. Um Unimog dos pequenos cabia lá à vontade, num dos buracos. A perna de um camarada encontrava-se em cima das árvores, o corpo de outro camarada encontrava-se no meio da mata, só mais tarde, com a continuação das colunas, é que foi retirado, apenas em esqueleto, e com as cartucheiras à cintura. Foi o camarada Caliça, da 2381, os Maiorais, que o foi retirar. E era assim Gandembel. E quantos Gandembéis nós não conhecemos por essa Guiné fora ?! (***)


Um abraço a todos
Raul Brás
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Notas de L.G.:


(*) Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5806: Tabanca Grande (202): Raul Rolo Brás, ex-Sold Cond Auto da CCAÇ 2381 “Os Maiorais”, Buba/Quebo/Mampatá/Empada, 1968/70


(**) Vd.poste de 2 de Dezembro de 2010 >Guiné 63/74 - P7369: As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho) (19): Factos mais importantes da CCAÇ 2381 no Subsector de Aldeia Formosa


(...) Aldeia Formosa > Factos mais importantes relacionados com as actividades desenvolvidas pela CCaç 2381 no Subsector de Aldeia Formosa e a actividade do IN, no período que mediou de 18 de Julho de 1968 a 21 de Janeiro de 1969. (...)


Ano de 1968
Julho
Dias 25/26



(...) 2 Gr Comb  seguiram em coluna auto de Buba para Aldeia Formosa, a fim de assumirem imediatamente o Comando dos Destacamentos da Chamarra e Mampatá.  Durante a coluna, feita pela antiga estrada Buba – Sinchã Cherno – Bolola – Missirã –Ieroiel – Mampatá – Aldeia Formosa, há vários meses não patrulhada nem utilizada pelas NT, foram detectadas e levantadas 9 minas A/C, e, sofreram as NT 2 emboscadas, que causaram 3 feridos às nossas forças. Foi deflagrada uma mina A/C por uma viatura causando a sua parcial destruição, 1 morto e três feridos ligeiros às NT.

Saliente-se o esforço despendido nesta coluna pelas nossas forças, que durou 36 horas para se vencerem escassos 30Kms. Foram encontrados todos os pontões destruídos (7 pontões!!!), tendo que se montar por todas as vezes o pontão móvel que seguia na coluna. 4 das minas detectadas como se apresentavam com dispositivo de anti-levantamento tiveram que ser destruídas. 



Numa estrada estreita que permitia a custo a passagem de uma viatura pesada, piorou com os buracos resultantes das minas deflagradas, tendo-se que se abrir passagem através da mata com o consequente esforço e dispêndio de energias. 


Salienta-se também o facto de na coluna seguirem 3 obuses de 14cm com aproximadamente 7 toneladas cada, que atascaram diversas vezes, atrasando bastante a coluna. Apesar de tudo, a distância foi vencida sem nunca o moral das NT ter decrescido, nem aquando do rebentamento de 1 mina ter causado um morto e privado de comunicações, pois a viatura destruída era precisamente a das Transmissões. (...)


Vd. também O meu diário (José Teixeira, CCAÇ 2381), publicado na I Série do blogue:


1 Janeiro 2006 > Guiné 63/74 - CDXI: O meu diário (José Teixeira, CCAÇ 2381) (2): Buba/Aldeia Formosa, Julho de 1968 


(...) Buba/Aldeia Formosa, 24-26 de Julho de 1968

Comecei a Guerra. Saí de Buba dia vinte e quatro, às seis da manhã, e cheguei a Aldeia Formosa dia vinte e cinco, às vinte e uma, depois de durante dois dias batalhar com o IN, com o tempo e ultrapassar outras dificuldades.

A estrada (picada) está num estado lastimoso: buracos de minas, pontes destruídas e outros obstáculos que a muito custo se venceram. Os primeiros sete quilómetros foram percorridos em oito horas e meia.

O primeiro ataque foi de abelhas. Eram tantas que mais pareciam uma pequena nuvem e era ver quem mais corria a fugir da sua picada. Eu fiquei quedo como um penedo sentado na berma, entre os arbustos, a conselho de um africano que estava a meu lado e não sofri uma picada. Assustado e perturbado pelo zumbido à minha volta e pela côr que o meu corpo foi tomando na medida em que se fixavam à minha roupa, na cara e na cabeça. Neste estado pude apreciar a confusão de uma fuga precipitada, um tanto hilariante. Se o IN tivesse atacado nesse momento era um desastre total, tal foi a desorganização gerada.

Depois... veio aquela mina roubar mais uma vida e pôr duas em perigo... Inimigo cobarde !... Frente a frente não consegue atingir os seus objectivos e ataca à traição, num pequeno descuido dos picadores.

Que culpa terá aquele jovem que me morreu nas mãos, que os homens não se amem ? Que culpa tenho eu ?

A noite começou mais cedo neste negro dia de vinte e quatro de Julho! Esta vida salvava-se, mas um mal nunca vem só. A viatura atingida era o carro do rádio e consequentemente desde aquela hora (16 h) ficamos completamente isolados do resto do mundo. O ferido mais grave e que veio a falecer era o radiotelegrafista. Isto é guerra...

Quando nos dispúnhamos a montar acampamento o radiotelegrafista morreu. Com o impacte do rebentamento tinha ido ao ar e caiu de peito, rebentando por dentro. Eu e o Catarino nada pudemos fazer.

Esperávamos que o IN atacasse de noite pois tinha sido detectado pela aviação durante o dia. Felizmente durante a noite não houve surpresas e eu, entregue totalmente ao ferido que sobrou para mim, o condutor da viatura sinistrada, um pouco mais conformado recomecei, melhor recomeçámos a marcha com toda a cautela, pois no dia anterior, além da mina que rebentou, foram localizadas mais três.

Para alimentação deste dia não tínhamos nada. A ração de combate mal chegou para o primeiro dia. À frente havia IN, "manga dele", havia buracos, pontes interrompidas. Havia minas, só não havia comida.

Ainda não tínhamos percorrido três quilómetros, quando caímos na primeira emboscada. Dois bigrupos esperavam-nos. Felizmente a Milícia que protegia os flancos, descobriu-os e, sem compaixão, todas as máquinas de guerra funcionaram. O meio e a rectaguarda da coluna embrenhados no mato aguardavam prontos a intervir o que não foi necessário. Quinhentos metros à frente é a vez da retaguarda ser flagelada e obrigar o soldado português a mostrar as suas capacidades de luta. Deste segundo encontro há registar dois feridos.

A coluna recompôs-se e continuou a sua marcha de 30 viaturas carregadas de mantimentos e armamento (três obuses 14, entre outro material). A meio da manhã chegaram os Fiat. Com a aviação sentimo-nos mais seguros e confiantes. Os feridos foram evacuados de heli. Uma coluna que normalmente se faz em oito horas, demorou dois dias.

Agora que sinto o barulho do matraquear das armas, que sinto o silvar das balas assassinas sobre a minha cabeça, começo a sentir um tremendo ódio a tudo o que seja guerra. Sim. Odeio os homens que, em vez de se amarem, se guerreiam. Que culpa tenho eu que os homens não vivam o amor ?

Quando abriu a emboscada escondi-me debaixo de uma viatura e senti bem perto as balas a assobiarem, pois um IN estava em cima de uma palmeira à minha frente, a fazer fogo. Ainda tentei usar a arma que tinha comigo, mas esta encravou à primeira tentativa e ainda bem. Fui apenas um espectador.

Que eu jamais faça guerra... Que eu ame sempre. (...)



(***) Último poste da série >  4 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7377: Facebook...ando (2): Duas fotos do Durval Faria, Nossa Senhora do Rosário, Lagoa, São Miguel, RA Açores, que pertenceu à CCAÇ Esp 274 / BCAÇ 356, CTIG, 1962/64

domingo, 18 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6176: Parabéns a você (108): Raul Rolo Brás, Soldado Condutor Auto da CCAÇ 2381 (Os editores)

1. A data de 18 de Abril de 2010 vai ficar na história por ser o dia em que o nosso camarada Raul Rolo Brás completa 64 primaveras. Hão-de seguir-se muitos verões, temos a certeza.

A Tabanca vem por este meio apresentar ao Raul os seus votos de um bom dia de aniversário passado, com alegria, junto dos seus familiares e amigos. Nós vamo-nos associar à festividade brindando à sua longevidade.


Raul Brás foi Soldado Condutor Auto da CCAÇ 2381, “Os Maiorais”, que esteve em Buba, Quebo, Mampatá e Empada nos anos de 1968/70.

Está na nossa Tabanca há muito pouco tempo, mais propriamente desde Fevereiro último, pelo que a sua colaboração no Blogue ainda não se fez sentir.

Dizia-nos o Raul no dia em que começou a fazer parte da tertúlia:

Olá amigos, camaradas e companheiros de guerra,


Assim me apresento:


Para quem não me conhece, sou o Raul Rolo Brás, nascido e criado em Salavessa, na data de 18/04/1946, concelho de Nisa, distrito de Portalegre, devidamente recenseado e editado para o serviço militar obrigatório, na data de 14 de Agosto de 1967.

Assim como qualquer bom português, no meu tempo, apresentei-me à chamada no dia 14/08/1967, Regimento de Lanceiros Nº 1 (C.I.C.A. 3), em Elvas, para frequentar a recruta e a especialidade de Condutor Auto.

Após 6 ou 7 semanas de instrução e o Juramento fidedigno á Bandeira Nacional, ainda em Elvas, fui destacado para o Regimento de Cavalaria Nº 6 no Porto, em 08/10/1967.

Permaneci com a especialização apontada mais 2 meses aproximadamente, findos os quais fui destacado para Regimento de Transmissões, também no Porto, no dia 26/11/1967, onde permaneci até finais de Janeiro de 1968.

Na perspectiva de aperfeiçoamento de condução em todo-o-terreno, onde revi e contactei novamente, com antigos camaradas da recruta, segui para Santa Margarida - Regimento de Cavalaria Nº 4, até à data de 18/03/1968.

Nessa data fui destacado para o Regime de Infantaria Nº 2, em Abrantes, permanecendo ali com o destino traçado até hoje na minha memória, á Guiné, no dia 30/04/1968.

Dali parti, integrado na Companhia de Caçadores 2381 “Os Maiorais”, no tão afamado e conhecido transportador marítimo Niassa (que para a guerra levou e trouxe tantos de nós como eu), no dia 01/05/1968.

Um abraço,
Raul Brás
Sold Cond Auto da CCAÇ 2381
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5806: Tabanca Grande (202): Raul Rolo Brás, ex-Sold Cond Auto da CCAÇ 2381 “Os Maiorais”, Buba/Quebo/Mampatá/Empada, 1968/70

Vd. último poste da série de 15 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6158: Parabéns a você (107): António Pimentel (ex-Alf Mil OpEsp/RANGER da CCS do BCCAÇ 2851, Mansabá e Galomaro, 1968/70 (Os editores)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5806: Tabanca Grande (202): Raul Rolo Brás, ex-Sold Cond Auto da CCAÇ 2381 “Os Maiorais”, Buba/Quebo/Mampatá/Empada, 1968/70



1. O nosso Camarada Raul Rolo Brás, foi Soldado Condutor Auto da CCAÇ 2381 “Os Maiorais”, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70, enviou-nos, com data de 11 de Fevereiro de 2010, a seguinte mensagem:



Olá amigos, camaradas e companheiros de guerra,

Assim me apresento:

Para quem não me conhece, sou o Raul Rolo Brás, nascido e criado em Salavessa, na data de 18/04/1946, concelho de Nisa, distrito de Portalegre, devidamente recenseado e editado para o serviço militar obrigatório, na data de 14 de Agosto de 1967.

Assim como qualquer bom português, no meu tempo, apresentei-me à chamada no dia 14/08/1967, Regimento de Lanceiros Nº 1 (C.I.C.A. 3), em Elvas, para frequentar a recruta e a especialidade de Condutor Auto.



Após 6 ou 7 semanas de instrução e o Juramento fidedigno á Bandeira Nacional, ainda em Elvas, fui destacado para o Regimento de Cavalaria Nº 6 no Porto, em 08/10/1967.




Permaneci com a especialização apontada mais 2 meses aproximadamente, findos os quais fui destacado para Regimento de Transmissões, também no Porto, no dia 26/11/1967, onde permaneci até finais de Janeiro de 1968.

Na perspectiva de aperfeiçoamento de condução em todo-o-terreno, onde revi e contactei novamente, com antigos camaradas da recruta, segui para Santa Margarida - Regimento de Cavalaria Nº 4, até à data de 18/03/1968.

Nessa data fui destacado para o Regime de Infantaria Nº 2, em Abrantes, permanecendo ali com o destino traçado até hoje na minha memória, á Guiné, no dia 30/04/1968.

Dali parti, integrado na Companhia de Caçadores 2381 “Os Maiorais”, no tão afamado e conhecido transportador marítimo Niassa (que para a guerra levou e trouxe tantos de nós como eu), no dia 01/05/1968.

Um abraço,
Raul Brás
Sold Cond Auto da CCAÇ 2381


2. Camarada Raul Brás, em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote e demais tertulianos deste blogue, quero dizer-te que é sempre com alegria que recebemos notícias de mais um Camarada-de-armas, especialmente, se o mesmo andou fardado por terras da Guiné, entre 1962 e 1974, tenha ele estado no “ar condicionado” de Bissau, ou no mais recôndito e “confortável” bura… ko de uma bolanha.

Tal como o Luís Graça já referiu inúmeras vezes, em anteriores textos colocados em postes no blogue, todos aqueles que constituíram a geração dos “guerreiros” do Império, temos alguma coisa a contar para memória futura e colectiva, deste período sangrento da História de Portugal, que foi a Guerra do Ultramar.

Foram 12 anos de manutenção de um legado histórico, à custa de muito sacrifício, privação de toda a ordem, dor, sofrimento, morte…

Como se não tivesse bastado, sofremos nos últimos 35 anos com o modo como os políticos portugueses nos tratam. Nós que, nos nossos 21/22/23 anos, demos o nosso melhor, como podíamos e sabíamos, muitas vezes mal treinados e armados, sabe Deus como alimentados e enfiados em autênticos buracos, feitos no lodo, em meios completamente hostis e perigosíssimos, sob vários aspectos, onde, além dos combates com o IN, enfrentávamos as traiçoeiras minas e armadilhas, e ainda tínhamos as doenças a apoquentar-nos (paludismos, disenterias, micoses, etc.).

Nós até nem pedimos muito além de respeito e dignidade, que todos nós merecemos pelo que demos a esta Pátria, queríamos, e continuamos a querer, no mínimo, que os nossos doentes, física e psicologicamente, sejam tratados condigna e adequadamente.

Oferecendo-te então as nossas melhores boas-vindas, ficamos a aguardar que nos contes estórias, que ainda recordes, e se tiveres fotografias daquele tempo que nos as envies, para as publicarmos aqui.

3. Não sei se já sabes, mas a tua companhia já tem entre o pessoal da Tabanca Grande, mais 4 Camaradas. São eles:

- o José Belo Alf Mil At Inf, o José Manuel Samouco Fur Mil At Inf, o 1º Cabo Enfermeiro José Teixeira e o Arménio Estorninho 1º Cabo Mec Auto Rodas.

Emblema e guião de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em: