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domingo, 2 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24185: Fotos à procura de...uma legenda (172): Ainda a tragédia do Quirafo, de 17 de abril de 1972: comparando as fotos da GMC destruída, de 2005 (Paulo / João Santiago) e de 2010 (Rogério Paupério / José António Sousa)




Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Picada do Quirafo > 2010 > Vestígios da tragédia de 17 de abril de 1972. Fotos do Rogério Paupério e José António Sousa que passaram pelo local em 2010. É possível que as fotos sejam de vários autores.  (*)

Comparando com as fotos de 2005, do Paulo e João Santiago, vcerifica-se que da GMC só resta parte da cabine e o chassi (virado ao contrário). Desapareceram as jantes e os semieixos.

Fotos (e legendas): © Rogério Paupério e José António Sousa (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



José António Sousa (Porto), ex-sold cond auto
CCAV 3404/ BCAV 3854, Cabuca, 1971/73),


Rogério Paupério (Vila Nova de Gaia)


1.  O José António Sousa e o Rogério Paupério, membros da Tabanca de Matosinhos, foram à Guiné-Bissau em 2010 e, na picada do Quirafo (entre o Saltinho, Contabane e Dulombi)  depararam-se com os restos calcinados da GMC onde, em 17 de abril de 1972, encontraram a morte, em combate, o alf mil op esp Armandino Silva Ribeiro e mais onze elementos da CAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), incluindo dois milícias e um civil. O sold at inf António da Silva Batista (1950-2016) por sua vez, foi dado como desaparecido: soube-se depois que fora feito prisioneiro pela força do PAIGC que montou a emboscada, tendo sido apenas libertado em setembro de 1974. 
 
O IN usou canhão s/r, LGFog e armas automática contra as NT (1 Gr Comb reforçado, e um pelotão de milícias). A violência da emboscada está bem patente nas fotos que temos publicado. Os corpos, carbonizados ou mutilados, foram de difícil e complexa identificação pela equipa do serviço de saúde da Companhia.


2. Comentário (*) do Paulo Santiago (ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72), e que voltou à Guiné pelo menos duas vezes (em 2005 e 2008):

Luís: Acho estranho as fotos  (*) serem de 2010.

Em 2008, aquando do Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de março), alguém me disse que aqueles vestígios da GMC tinham sido recolhidos por uma empresa do Alpoim Calvão.

As duas últimas fotos foram tiradas por mim ou pelo meu filho. A foto anterior a estas, restos de uma cabine de GMC, deve ser de uma GMC da CCAÇ 2406 que rebentou uma mina aquando da retirada do Quirafo.

Santiago






Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Picada de Quirafo > Fevereiro de 2005 > Restos da GMC da CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), do BCAÇ 3872 (Galomaro, 1972/74) que transportava um grupo de combate reforçado, comandado pelo Alf Mil Armandino, e que sofreu uma das mais terríveis emboscadas de que houve memória na guerra da Guiné (1963/74)... Sabemos hoje quem comandou o bigrupo que montou esta emboscada, o comandante Paulo Malu.
 
A brutal violência da emboscada ainda era visível em fevereiro de 2005, mais de três décadas depois, nas imagens dramáticas obtidas pelo Paulo Santiago e seu filho João, na viagem que então fizeram à Guiné-Bissau. A GMC, calcinada, apresentava-se ainda na posição em que terá ficado imobilizada, assente sobre os semieixos e as jantes.  Um enorme rombo na chapa que cobre o chassi, era visível, muito provavelmente originada pela perfuração e explosão de uma granada de canhão s/r ou de LGFog,

Pedimos aos nossos leitores para ajudarem a encontrar eventuais diferenças entre as fotos de 2005 e as de 2010(**).

Fotos (e legendas): © Paulo e João Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


3. Lembremos aqui, mais uma vez, os camaradas da CCAÇ  3490 (Saltinho, 1972/74),  mortos naquele dia fatídico de 17 de Abril de 197
  • Alferes Miliciano Armandino Silva Ribeiro - Magueija / Lamego
  • Furriel Miliciano Francisco de Oliveira Santos - Ovar
  • 1.º Cabo Sérgio da Costa Pinto Rebelo - Vila Chã de São Roque / Oliveira de Azemeis
  • 1.º Cabo António Ferreira [da Cunha] - Cedofeita / Porto
  • Soldado Bernardino Ramos de Oliveira - Pedroso / V. N. Gaia
  • Soldado António Marques Pereira - Fátima /  Ourém
  • Soldado António de Moura Moreira - S. Cosme  / Gondomar
  • Soldado Zózimo de Azevedo - Alpendorada / Marco de Canaveses
  • Soldado António Oliveira Azevedo - Moreira  / Maia 
  • Milícia Demba Jau - Cossé / Bafatá
  • Milícia Adulai Bari - Pate Gibel / Bafatá
  • Trabalhador Serifo Baldé - Saltinho / Bafatá
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24183: Efemérides (384): A tragédia do Quirafo foi há 51 anos, em 17 de abril de 1972... Em 2010 ainda havia vestígios da fatídica GMC... (Rogério Paupério / José António Sousa, membros da Tabanca de Matosinhos, ex-militares da CCAV 3404 / BCAV 3854, Cabuca, 1971/73)

sábado, 1 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24183: Efemérides (384): A tragédia do Quirafo foi há 51 anos, em 17 de abril de 1972... Em 2010 ainda havia vestígios da fatídica GMC... (Rogério Paupério / José António Sousa, membros da Tabanca de Matosinhos, ex-militares da CCAV 3404 / BCAV 3854, Cabuca, 1971/73)








Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Picada do Quirafo > 2010 > Vestígios da tragédia de 17 de abril de 1972. Fotos do Rogério Paiupério e José António Sousa que passaram pelo local em 2010. É possível que as fotos sejam de vários autores.

Fotos (e legendas): © Rogério Paupério e José António Sousa  (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  Fotos enviadas pelo Rogério Paupério, a pedido do José António Sousa (ex-soldado condutor auto da CCAV 3404/ BCAV 3854, Cabuca, 1971/73), membro da nossa Tabanca Grande. Ambos pertencem à Tabanca de Matosinhos. Tive o prazer de os reencontrar na passada quarta-feira, no almoço-convivio semanal da Tabanca de Matosinhos. Convidei o Rogério Paupério a integrar a Tabanca Grande,

Recordo-me de, ao Zé António Sousa, ter escrito o seguinte, em comentário ao poste P10995, o seguinte (*): 

"Em meu nome, fundador deste blogue, e teu camarada da Guiné, reforço as boas vindas já dadas pelo nosso editor de serviço, o Carlos Vinhal. Quero que fiques por cá por muitos e bons anos, e que nos ajudes a reavivar as memórias do teu tempo em Cabuca. Toma boa nota: és o grã-tabanqueiro n.º 602!... Um alfa bravo. Luís Graça. 24 de janeiro de 2013 às 21:44".

Mais de meio século depois voltamos a recordar, através destes dois camaradas, a tragédia do Quirafo (**), topónimo que faz parte das nossas geografias emocionais.





Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho >  Picada de Quirafo  > Fevereiro de 2005:  Restos da GMC da CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), que transportava um grupo de combate reforçado, comandado pelo alf mil Armandino, e que sofreu uma das mais terríveis emboscadas de que houve memória na guerra da Guiné (1963/74)...

Foram utilizados LGFog e Canhão s/r. Houve 11 militares mortos, 1 desaparecido, o António da Silva Batista, o "morto-vivo" (1950-2016)... Houve ainda 5 milícias mortos mais um número indeterminado de baixas, entre os civis, afetos à construção da picada Quirafo-Foz do Cantoro. Os números das baixas não são consensuais, nomeadamente em relação aos civis.

A brutal violência da emboscada ainda era visível, em Fevereiro de 2005, mais de três décadas depois, nas imagens dramáticas obtidas pelo Paulo Santiago e seu filho João, na viagem de todas as emoções que eles fizeram à Guiné-Bissau. E em 2010 restava apenas o chassi da GMC e parte da  cabine, como atestam as imagens do Rogério Paupério, que publicamos acima.

Sobre o Quirafo temos mais de 70 referências no nosso blogue. A emboscada de 17 de abril de 1972 terá uma das maiores de que há memória no CTIG, pelo número de baixas que provocou às NT, milícias e civis.

Na CECA (2015), lê-se, com referência a 17 de abril de 1972, no sector L5 (Galomaro):

"Nas proximidades de Contabane / Quirafo, L5, uma força constituída por 1 Gr Comb / CCAÇ 3490 e 1 Pel Mil (-), numa acção de patrulhamemnto foi emboscada, durante 15 minutos, por uma força inimiga. As NT sofreram 10 mortos e 1 desaparecido e 2 mortos e 3 feridos da população. Foram ainda destruídas 1 viat GMC e 1 um E/R TR-28. Foram também danificados 1 viat Unimog e 1 E/R AVP-1" (Fonte: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico- Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional: Tomo II - Guiné - Livro 3 (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2015), pág. 161).

Fotos (e legenda): © Paulo e João Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10995: Tabanca Grande (383): José António Gomes de Sousa, ex-Soldado Condutor Auto da CCAV 3404/BCAV 3854 (Cabuca, 1971/73)

(**) Último poste da série > 21  de março de 2023 > Guiné 61/74 – P24158: Efemérides (383): 50.º Aniversário de instruendos e cadetes que passaram por Penude, Lamego (José Saúde)

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23800: Memória dos lugares (445): O Xitole que eu conheci em 1971/72, no tempo da CART 3492 / BART 3873 e do "tio" Jamil Nasser (Joaquim Mexia Alves)


Foto nº 1



Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4



Foto nº 5


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Xitole > 6 de abril de 1972  > Um almoço de chabéu que o Jamil (fotos nºs 1 e 4)  me ofereceu no dia dos meus anos,  precisamente no alpendre da frente da sua casa (Fotos nºs 2 e 3). .Foram convidados o Capitão Godinho e a sua mulher, bem como os alferes da companhia a que se juntou , por ter vindo em coluna do Saltinho,  o alf Armandino (meu camarada de curso de Operações Especiais), que veio a falecer escassos dias depois na célebre emboscada do Quirafo  [em 17 de abril de 1972]. Está sentado na ponta da mesa, juntamemte  com  o Chefe de Posto (Foto nº  2 e 4, aqui junto ao cap Godinho)..

Fotos (e legendas):  © Joaquim Mexia Alves  (2022). Todos os direitos reservados.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá >  Setor L1 (Bambadinca) > Xitole > c. 1970 > Uma coluna logística, vinda de Bambadinca, chega a Xitole, atravessando a ponte dos Fulas, sobre o rio Pulom, ao fundo. A viatura civil, em primeiro plano, podia muito bem ser do nosso conhecido comerciante libanês Jamil Nasser, amigo de alguns dos nossos camaradas que passaram pelo Xitole, como foi o caso do Joaquim Mexia Alves.  Nessas colunas logísticas integravam-se viaturas civis de diversos comerciantes da zona leste. Foto do álbum de Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).


Foto (e legenda):  © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Joaquim Mexia Alves, ex-alf mil op esp / ranger, CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, régulo da Tabanca do Centro (Monte Real):

Data - 21 nov 2022 10:09

Assunto . - Xitole: Serração do sr. Henrique Martinho, amigo do Jamil, que deixou a Guiné em 1962 (*)

Caro Luís

Como sabes o Jamil e eu tínhamos uma forte relação de amizade. Tratava-o muitas vezes por Tio Jamil! (**)

Enquanto estive no Xitole, praticamente todos os dias ia a casa do Jamil ao fim da tarde e, sentados no seu alpendre, bebíamos whisky com água Perrier acompanhado de bocados de tomate só com sal.

Ele ouvia as notícias em árabe e comentava comigo o que se ia passando no seu Libano.

Tenho para mim que a casa que na foto tem o alpendre em ruínas, era a casa do Jamil, só que essa vista é de lado ou seja é do lado que dava para o quartel e assim o David Guimarães terá razão.

A frente da casa tinha a continuação desse alpendre e dava para a estrada que vinha de Bambadinca.

Do outro lado da estrada, mais ou menos em frente da casa, e um pouco afastado da estrada, ficava o armazém de venda do Jamil, que poderia muito bem ter sido a tal serração de que fala Maria Augusta Martinho Antunes.

Anexo fotos de um almoço de chabéu que o Jamil me ofereceu no dia dos meus anos em 6 de abril de 1972, precisamente no alpendre da frente da sua casa. Foram convidados o Capitão e a sua mulher, bem como os Alferes da Companhia a que se juntou por ter vindo em coluna do Saltinho o Alf Armandino, (meu camarada de curso de Operações Especiais), que veio a falecer escassos dias depois na célebre emboscada do Quirafo, sentado na ponta da mesa, e também o Chefe de Posto.

A minha amizade com o Jamil era tal que numas férias da Guiné em Lisboa, por coincidência ele estava também em Lisboa, (ficava num hotel encostado ao então cinema Tivoli, Hotel Condestável?), e então fomos almoçar juntos, se bem me lembro.

Depois perdi completamente o rasto ao Jamil Nasser, mas a sua amizade e a sua companhia foram um bálsamo naqueles primeiros meses de Guiné.

Podes, obviamente, servir-te deste email para o que quiseres.

A foto nº 4 somos o Jamil e eu no dia do almoço.

Um abraço para ti e para todos do
Joaquim Mexia Alves

_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23799: Memória dos lugares (444): Xitole, onde cresci desde bebé até 1957, quando vim para a metrópole estuda... O meu pai, Henrique Martinho, tinha lá uma serração, e era amigo do comerciante libanês Nasser Jamil... (Maria Augusta Martinho Antunes)

domingo, 8 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23242: 18º aniversário do nosso blogue (13): Memórias cruzadas nas 'matas' da região do Oio - Morés, em junho de 1963: a origem das primeiras bases do PAIGC (Jorge Araújo)


Foto 1 - Citação: (1963-1973), "Coluna de guerrilheiros do PAIGC e carregadores", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43179

Título: Coluna de guerrilheiros do PAIGC e carregadores | Assunto: Coluna de guerrilheiros do PAIGC e carregadores deslocando-se pelo interior da Guiné | Data: 1963 – 1973 (com a devida vénia).



Foto 2 - Citação: (1966), "Gérard Chaliand (n.1934), escritor franco-arménio, conversando com [Osvaldo Vieira (1938-1974)], no Norte.", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43498 (com a devida vénia).



Citação: (01.06.1963), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_37047

Assunto: Camaradas preparados devem partir. Remetente: Oswaldo [Vieira]. Destinatário: Lucette [Andrade]. Data: Sábado, 1 de Junho de 1963 (com a devida vénia).




 Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor, e a viver, até há algumas semanas atrás em Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos. Volta a Portugal por um período mínimo de seis meses.


MEMÓRIAS CRUZADAS NAS ‘MATAS’ DA REGIÃO DO OIO-MORÉS 
EM JUNHO DE 1963 - A ORIGEM DAS PRIMEIRAS BASES 
DO PAIGC -



Mapa da região do Óio-Morés com infografia dos aquartelamentos das NT (a vermelho) e os principais refúgios (depois bases) que foram sendo criados(as) pelo PAIGC ao longo do conflito (a azul). As setas a azul indicam os itinerários utilizados para os ataques e emboscadas.


1. - INTRODUÇÃO

Depois de ontem, 22 de Abril de 2022, ter recordado uma efeméride com cinquenta anos, como foi o caso do “baptismo de fogo” do 4.º Gr Comb da minha CART 3494, por acção da emboscada perpetrada pelo bigrupo do Cmdt Mário Mendes (1943-1972), na Estrada Xime-Bambadinca, no sítio da “Ponta Coli” (foto 3), onde estive no “fio da navalha”, e cujas consequências ditaram a morte prematura do meu/nosso camarada fur mil Manuel da Rocha Bento (1950-1972), natural da Ponte de Sor, e mais dezassete feridos, entre graves e menos graves. 

Do total de vinte e três elementos, de que era constituída esta força militar da CART 3494, apenas cinco saíram ilesos, sendo eu um deles (vd. P9698; P9802; P12232).



Foto 3 > Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Xime > Estrada Xime-Bambadinca> Ponta Coli 22 de Abril de 1972 (sábado) > Local do combate com o bigrupo do PAIGC comandado por Mário Mendes (1943-1972). A cor vermelha indica as posições dos elementos do bigrupo. A linha azul refere a distribuição das NT, após o início da emboscada dirigida às duas viaturas em que nos fazíamos transportar.

Este acontecimento, que ficará gravado e grafado para a vida, faz-me recuar, inevitavelmente, a cinco dias antes (uma segunda-feira), ou seja, a 17 de Abril de 1972, quando as mesmas forças de guerrilheiros, comandadas pelo mesmo Mário Mendes, emboscaram um grupo da CCAÇ 3490, nossos “vizinhos” do Saltinho, naquela que também ficará marcada para sempre na Historiografia da Guerra, como a «Tragédia de Quirafo», e que o camarada Mário Migueis fez questão de aqui a recordar no P23176, publicado no passado domingo, através de uma dramática e comovente narrativa escrita pela sua mão, mas também pelo seu enorme coração. Obrigado!

Hoje, dia 23 de Abril de 2022, não podia deixar de comemorar outra data importante para os antigos combatentes, particularmente os do CTIG, pela passagem do 18.º Aniversário da criação (ou do início) do Blogue da Tabanca Grande que, como é do domínio público, foi editado pelo camarada Luís Graça, “com o objectivo de ajudar os antigos combatentes a reconstruir o puzzle da memória da guerra da Guiné (1961-1974)”. Para ele vão também os meus PARABÉNS…

Como “prenda de anos”, aqui deixo mais algumas “peças do enorme puzzle da Guerra”, que continua a ser reconstruído graças ao contributo deste grande colectivo, desta vez com mais “memórias cruzadas das matas da região do Óio-Morés”, datadas de Junho de 1963, as quais no próximo ano completarão seis décadas.

Com a presente narrativa, procura-se dar a conhecer os processos que fundamentaram o início da luta armada e os primeiros actores que ficaram incumbidos de organizarem as primeiras bases da guerrilha na Região do Óio-Morés (mapa acima).
 

2. - AS PRIMEIRAS NOTÍCIAS

Seguem-se as primeiras notícias, enviadas a Amílcar Cabral (1924-1973), enquanto secretário-geral do PAIGC, relacionadas com a organização dos grupos de guerrilheiros e dos seus respectivos comandantes, a quem foi atribuída a missão de, por um lado, desenvolverem acções de sabotagem e de guerrilha contra os militares portugueses, europeus e do recrutamento local, e, por outro lado, criarem os seus refúgios (transformados mais tarde em bases) no interior do território da Guiné.

2.1 - O 1.º RELATÓRIO (elaborado por Lourenço Gomes)

▬ Sedhiou, 28 de Junho de 1963 (6.ª feira)

Exmo. Senhor

Secretário-Geral do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde

Saudações combativas.

Conforme combinado com o nosso Secretário-Geral em Dakar, logo após o meu regresso e directamente de Ziguinchor para Samine, contactei com o camarada Ambrósio Djassi [Osvaldo Vieira (1938-1974)] e outros responsáveis, tendo tanto estes como todos os militantes demonstrado grande satisfação por poderem enfim entrar em luta aberta contra os opressores do nosso Povo. O primeiro a entrar foi o Ambrósio Djassi, no dia 23 de Junho (domingo), um outro grupo entrou a 24 de Junho (2.ª feira) e o último a 25 de Junho (3.ª feira).

O camarada Fulacunda Cassamá, que conhece muito bem a área de Quínara, seguiu acompanhado do camarada Quecuta Mané, no dia 23 de Junho (domingo), a fim de, conforme fora determinado pelo Secretário-Geral, procurar entrar em contacto com o camarada Rui Djassi [Faincam (1937-1964)].

Resolvemos que o camarada Tiago Lopes siga para dentro como enfermeiro. Segundo o mesmo camarada informou, se lhe for fornecido o material necessário, poderá, em caso de urgência, efectuar algumas operações. Por esta razão julgamos conveniente que o camarada Tiago Lopes siga para Dakar, agradecendo que alguém do Secretariado Geral contacte com ele, de modo a solucionar o assunto.

● No dia 25 de Junho (3.ª feira), quando do regresso para Sedhiou, devido a ter caminhado 61 km em 24 horas, até hoje ando com dificuldades devido a sentir violentas dores abaixo da espinha. Se continuar assim, terei de seguir para Dakar, a fim de me tratar. Assim que seja recebido esta carta, agradeço comunicarem ao camarada Rui Djassi a saída dos dois camaradas que irão contactar com ele.

Agradeço esperem pelo Relatório onde poderemos dar mais pormenores sobre os trabalhos em Casamansa.

Saudações para todos os camaradas. Um abraço amigo do camarada,

Ass. Lourenço Gomes.





Carta de três paginas, expedida em envelope de correio aéreo, tendo como remente Lourenço Gomes, Chez Anta Diop, Sedhiou (Pasta: 04611.061.009)

Citação: (28.06.1963), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_36849

Assunto: Relata o contacto com Ambrósio Djassi [Osvaldo Vieira] e outros responsáveis no sentido destes entrarem “em luta aberta contra os opressores do nosso Povo”, conforme o que foi combinado com o Secretário-Geral em Dakar | Remetente: Lourenço Gomes | Destinatário: [Amílcar Cabral], Secretário-Geral do PAIGC |  Data: Sexta, 28 de Junho de 1963.


2.2 - O 2.º RELATÓRIO (elaborado por Lourenço Gomes)

▬ Ziguinchor, 07 de Julho de 1963 (domingo)

Exmo. Senhor

Secretário-Geral do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde

Foi com entusiasmo que os nossos camaradas receberam as instruções do nosso Secretário-Geral para iniciarem a luta no norte do País, seguindo assim o exemplo dos bravos irmãos, que heroicamente se têm batido pela independência e liberdade da Pátria, ao sul da nossa Terra.

Todo o povo, de todas as raças, ao ter conhecimento de tal facto, se manifestou exuberantemente, crentes da nossa força, da razão que nos assiste e na fé inquebrantável depositada nos dirigentes que conduzem o nosso grande Partido, o único que representa a nossa Terra e as suas gentes, e que há-de em breve dar-nos uma Pátria nova, livre e progressiva.

Foi explicado aos camaradas que devem contar com muitas dificuldades mas que, na pessoa do nosso Secretário-Geral, o Partido espera deles todo o sacrifício, e confia que saberão corajosamente transpor todos os obstáculos que se lhes venham a deparar, até que sejam coroados os nossos esforços com a Vitória final.

Na reunião efectuada, demonstrou-se ainda a necessidade de não retardar por mais tempo a iniciativa de acção.

Por alguns camaradas, foi manifestada a necessidade urgente de mais armas e munições, em virtude das quantidades recebidas serem consideradas insuficientes.

Foram-lhes explicadas as dificuldades que se nos apresentam e que se torna absolutamente necessário fazer tudo para se poupar no máximo, todo o material e munições.

Disse-lhes ainda que, conforme fora informado pelo nosso Secretário-Geral, se estava a estudar a possibilidade da remessa de material por outra via.

◙ - Entrada dos nossos guerrilheiros no Norte do País.

Conforme comunicamos em telegrama de 28 do mês findo (Junho) e em carta da mesma data (1.º Relatório), em cumprimento das instruções recebidas do camarada Amílcar Cabral, os camaradas entraram no Norte do nosso País, entre 23 e 25 de Junho passado, pela seguinte ordem:

● Dia 23-06-63 (domingo) = três grupos comandados pelo camarada Osvaldo Vieira.

● Dia 24-06-63 (2.ª feira) = dois grupos dirigidos pelo camarada Julião Lopes.

● Dia 25-06-63 (3.ª feira) = dois grupos pelo camarada Chico Té [Francisco Mendes] e um grupo pelo Leandro Vaz, um grupo pelo camarada Hilário Rodrigues “Loló” e ainda um grupo constituído por Felupes, comandados pelo camarada João da Silva.

◙ - Primeiras acções de sabotagem e guerrilhas.

Depois de terem entrado e combinado as acções a desencadearem, os nossos camaradas iniciaram a sua actividade de sabotagem e guerrilhas a partir do dia 30 do mês findo [Junho’63].

Passamos a discriminar aquelas de que temos até então conhecimento:

● Dia 30-06-63 (domingo) = Destruição de 1 ponte entre Mansabá-Bissorã. Idem, entre Olossato-Bissorã. Idem, entre Mansoa-Bissorã. Idem, entre Nhacra-Mansoa.

Todas estas operações de sabotagem, bem como ainda o corte de fios telegráficos e telefónicos, foram realizados na noite de 30 de Junho.

● Dia 01-07-63 (2.ª feira) = Destruição com plástico [petardos] da jangada de Barro e de uma ponte entre Farim e Bigene.

● Dia 02-07-63 (3.ª feira) = Depois de aproximadamente a 7 km de Olossato, donde seguiam para Bissorã, em 3 camiões e 2 jipes, tropas colonialistas portuguesas, foram atacadas pelos nossos guerrilheiros, sob o comando do camarada Mamadu Indjai, tendo, segundo informações dos camaradas, um dos nossos militantes ferido, infligido elevadas baixas nos inimigos, não podendo precisar o número. Aguardamos relatório do interior para melhor podermos informar.


▼► INFORMAÇÃO OFICIAL DA CECA (6.º VOLUME)

Referente aos relatos indicados acima, o livro da Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), refere no 6.º Volume, na Actividade Operacional, o seguinte: “Generalidades: - O Comandante-Chefe informou a Defesa Nacional do agravamento da situação: "As NT estão em constante actividade mas dispõem de reduzidos efectivos que mal chegam para a ocupação das localidades" e que "o ln, com as suas acções em Xime e margem direita do rio Corubal, pretende ligar-se com as infiltrações do norte e isolar o leste, para seguidamente actuar sobre Bissau e Bafatá". Salienta que "há necessidade de ocupar fortemente o quadrilátero Olossato-Mansabá-Mansoa-Bissorã para manter a ligação com o leste". Informa do trabalho exaustivo do QG e faz notar as faltas em Oficiais (33), Sargentos (64), praças europeias (190) e praças nativas (178), no quadro orgânico do Quartel-General.

No dia 16 de Julho de 1963, foram constituídos sete Sectores (de A a G) em vez dos quatros anteriores e as sedes dos Batalhões respectivamente em Bissau, Bula, Mansoa, Bafatá, Buba, Catió e Tite.

● No 2.º Semestre – Meses de Julho e Agosto;

Em 1 de Julho, o IN colocou abatizes e destruiu um pontão na estrada Mansoa-Bissorã e danificou a jangada de Barro, começando a intensificar as acções no Sector Oeste. Atacou o XIME novamente e emboscou um P/ERec 385, que sofreu 6 (seis) feridos ligeiros. Também se foi infiltrando por Dungal, Binta, Bissorã até Nhacra e cortou um pontão a 4 km de Mansoa. Aniquilou uma secção, causando a morte de 4 praças, sendo 3 nativos.

As quatro baixas foram a do soldado condutor, José Rocha Camacho, da CCAÇ 413, natural de Santa Catarina, Caldas da Rainha. A do soldado condutor, Pedro Mendes Lopes, natural de Bolama, e as dos soldados, Balaque Loquete e Lofane Tchango, ambos naturais de Bissorã, sendo que os três militares de recrutamento local pertenciam à 1.ª CCAÇ/CTIG. (op. cit. pp110-111)

Continua Lourenço Gomes:

◙ - Camarada ferido:

O camarada ferido no encontro acima referido chama-se Ansú Sissé, que esteve no Lar de Conacri e que apresentava ao tempo indícios de desequilíbrio mental.

Encontra-se hospitalizado em Ziguinchor, foi ferido em ambas as pernas, mas só há necessidade de ser operado duma. A operação deve ser efectuada no dia 7 do corrente. O seu estado é satisfatório.

◙ - Necessidade de formação e apetrechamento de mais grupos de guerrilhas.

Estamos crentes que se a luta continuar em bom ritmo, muito em breve as tropas colonialistas portuguesas ver-se-ão obrigadas a retirar de todas as povoações fronteiriças e ficarem ainda isoladas em certos centros, mas para tal facto, há necessidade urgente de formar mais grupos de combate devidamente apetrechados, que completassem o total de trinta ou quarenta grupos, pois há ainda a contar com os manjacos que estavam presos mas já foram libertados, pois que se por enquanto se encontrarem inactivos, dum momento para o outro podem voltar à actividade, sendo conveniente rigorosa vigilância, sobre todos as possíveis sabotagens dos “oportunistas]”.

◙ - Remessa de material via Quinara.

Conforme o combinado com o nosso Secretário-Geral, que devíamos fazer os possíveis de recebermos mais armas e munições via Quinara, para tal efeito fizemos seguir no dia 23 do mês passado os camaradas Fulacunda e Quecuta Mané e outros dois camaradas, que conhecem bem aquela região, para escolherem o melhor caminho para esse fim.

◙ - Situação financeira. Necessidade dum Fundo Permanente para acorrer a despesas imprevistas.

Agradecemos ao nosso Secretário-Geral a melhor atenção para o que já lhe fora exposto no Bureau de Dakar, quanto às dificuldades que decerto virão a seguir com as naturais consequências, referentes ao prosseguimento da luta, pois já se apresentou agora um ferido e ainda a mesma começou noutro dia.

Pedimos licença, portanto, para expor ser de necessidade urgente e absoluta, a existência dum fundo para ocorrer a despesas imprevistas, pois é preferível combater no interior ao lado dos camaradas e sujeitos aos mesmos riscos, que porventura sentirmo-nos impossibilitados de os socorrer e assistir convenientemente por carência de fundos.

Julgamos por bem lembrar que nunca tivemos aqui em Casamansa grande facilidades, antes pelo contrário.

Felizmente não há necessidade de mandar o camarada ferido para Dakar, pois se assim acontecesse, não existem fundos que a isso o permitissem, pois já foi com muito boa vontade e contraindo um pequeno empréstimo que se conseguiu a sua vinda de Samine para Ziguinchor.

Foram feitas outras dívidas com a aquisição de plásticos e calças, em Samine, para os camaradas que entraram para dentro e que estavam absolutamente necessitados.

◙ - Assistência Sanitária; medicamentos e material cirúrgico.

Conforme o exposto em nossa carta de 28 do mês findo e segundo opinião do camarada Tiago Lopes, há necessidade de termos na fronteira medicamentos e material para assistência aos camaradas que necessitam de assistência urgente.

◙ - Assuntos a solucionar.

Havendo assuntos a resolver, concernentes a medidas a tomar quanto ao prosseguimento da luta, agradeço seja avisado quando o camarada Amílcar Cabral ou Aristides Pereira se poderão avistar em Dakar com o camarada Lourenço Gomes.

◙ - Máquina de escrever.

Muito embora não sendo indispensável, mas para facilitar o nosso trabalho, agradecíamos caso fosse possível aproveitarem o camarada Tiago Lopes para nos enviarem uma máquina de escrever, muito embora velha, mas ainda utilizável.

◙ - Movimento de “riba casa”.

Esteve ontem em Ziguinchor o Benjamim Bull, que efectuou uma reunião com os seus companheiros de farsa oferecendo-lhes no regresso, no bar do campo de aviação, aperitivos à discrição e dando dinheiro a outros.

Ass. Lourenço Gomes.


▬ O portador deste relatório, será provavelmente o camarada Tiago Lopes que se deve deslocar a Dakar e provavelmente a Conacri - aproveitando um bilhete de avião de ida, que se encontrava na posse do camarada Lourenço Gomes – a fim de lhe serem fornecidos medicamentos e material cirúrgico, para os primeiros socorros a prestar.

◙ - Camarada Honório Vaz

Quanto ao camarada acima referido, logo após a minha chegada, mandei-o procurar a Koldá, onde não se encontrava. Vim depois a saber que tinha seguido para a Gâmbia, onde se fora avistar com o camarada Rafael Barbosa e o Inspector da PIDE.

No meu regresso de Samine no dia 26 de Junho, chegou no mesmo dia o camarada Bebiano d’Almada que partiu no dia seguinte para Koldá, contando-me que o Honório Vaz passou depois também para lá. Como tive de vir a Ziguinchor providenciar sobre o camarada ferido, só após o regresso do camarada Bebiano, poderei comunicar, ou comunicará aquele, o que foi resolvido a respeito do camarada Honório Vaz.




Documento de 8 folhas, de que se só reproduz a primeira, por uma questão de economia de meios e de agilizar a consulta do blogue. O conteúdo foi transcrito pelo Jorge Araújo.



Citação: (07.07.1963), "Relatório sobre o desenvolvimento da luta no Norte", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40096


► Fontes consultadas:

Ø (i) - CasaComum, Fundação Mário Soares. Pasta: 05222.000.217. Título: Coluna de guerrilheiros do PAIGC e carregadores. Assunto: Coluna de guerrilheiros do PAIGC e carregadores deslocando-se pelo interior da Guiné. Data: 1963-1973. Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Fotografias.

Ø (ii) - CasaComum, Fundação Mário Soares. Pasta: 05360.000.265. Título: Gérard Chaliand, escritor franco-arménio, conversando com [Osvaldo Vieira] no Norte. Assunto: Gérard Chaliand, escritor franco-arménio, conversando com [Osvaldo Vieira, membro do Conselho de Guerra], Frente Norte. Data: c Julho de 1966. Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Fotografias.

Ø (iii) - CasaComum, Fundação Mário Soares. Pasta: 07071.120.068. Assunto: Camaradas preparados devem partir. Remetente: Osvaldo [Vieira]. Destinatário: Lucette [Andrade]. Data: Sábado, 1 de Junho de 1963. Observações: Doc incluído no dossier intitulado Telegramas de Janeiro a Junho de 1963. Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Correspondência.

Ø (iv) - CasaComum, Fundação Mário Soares. Pasta: 04611.061.009. Assunto: Relata o contacto com Ambrósio Djassi [Osvaldo Vieira] e outros responsáveis no sentido destes entrarem “em luta aberta contra os opressores do nosso Povo”, conforme o que foi combinado com o Secretário-Geral em Dakar. Remetente: Lourenço Gomes. Destinatário: [Amílcar Cabral], Secretário-Geral do PAIGC. Data: Sexta, 28 de Junho de 1963. Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Correspondência manuscrita 1961-1964. Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Correspondência.

Ø (v) - Casa Comum, Fundação Mário Soares. Pasta: 07075.147.036. Título: Relatório sobre o desenvolvimento da luta no Norte. Assunto: Relatório assinado por Lourenço Gomes dirigido ao Secretário-Geral do PAIGC, sobre o desenvolvimento da luta no Norte do país. Entrada dos guerrilheiros no Norte da Guiné; primeiras acções de sabotagem e guerrilha; “camarada” ferido; necessidade de formação e apetrechamento de mais grupos de guerrilha; remessa de material via Quinara; necessidades de um fundo permanente para despesas; assistência sanitária; medicamentos e material cirúrgico; envio de máquina de escrever; movimento de “riba casa”. Data: Domingo, 07 de Julho de 1963. Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Relatórios XI 1961-1964. Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Documentos.

Ø Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de um óptimo fim-de-semana.
PARABÉNS A TODOS!
Jorge Araújo.
23Abr2022
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 6 de maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23235: 18º aniversário do nosso blogue (12): Entrevista com Leopoldo Senghor, ao "Jeune Afrique", n.º 701, de 15/6/1974, sobre os seus contactos com o gen Spínola e com o PAIGC, reproduzida, em português, no Boletim do MFA, Bissau, n.º 2, 17/6/1974 (Victor Costa, ex-fur mil at inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)

domingo, 17 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23176: Efemérides (364): Tempo de recordar - Guerra Colonial, O Calvário de Uma Geração - 50 anos decorridos sobre a tragédia de Quirafo, 17 de Abril de 1972 (Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf)

A propósito da tragédia de Quirafo que ocorreu faz hoje exactamente 50 anos, transcrevemos, com a devida vénia ao nosso camarada Mário Migueis da Silva (ex-Fur Mil Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72), o texto por ele publicado na sua página do facebook:


Tempo de recordar

Guerra Colonial, O Calvário de Uma Geração - 1

Cumpre-se hoje, 17/04/2022, exatamente meio século sobre o dia mais triste da minha vida. Foi no leste da Guiné, numa manhã de sol inclemente, num sítio chamado Quirafo. Éramos vinte, em duas viaturas. Uma emboscada. Um numeroso grupo inimigo que nos metralha com canhões, lança-rockets e metralhadoras. Num minuto, pouco mais, morrem-nos doze homens e seis ficam feridos, alguns dos quais com muita gravidade. Na noite que se segue à tragédia, puxo do meu bloco de notas e escrevo:
Vinte e duas horas. Do dia mais triste da minha vida. Aqui, na desoladora messe de oficiais e sargentos, apenas eu. Nem o responsável pelo bar ficou. Todos recolheram à solidão dos abrigos, possivelmente para meditar. Lá fora, um silêncio de morte. Um silêncio estranho e sepulcral, de que faz parte este maldito e cadenciado martelar que tende a rebentar-me os tímpanos e o sistema nervoso. Já o não suporto mais. Corro para a porta, a fechá-la. E não posso evitar um fugidio olhar. Um fugidio olhar suficiente para que sinta o coração esfrangalhar-se-me e este terrível nó seco na garganta, que me comprime a alma: o cangalheiro, rodeado de urnas por todo o lado, trabalha. Sereno. Indiferente.

Aturdido, encosto a porta com todo o cuidado e venho de novo sentar-me. Sinto-me cansado. Abatido. Gostava de fechar os olhos e adormecer. Mas, não consigo. A certa altura, parece-me ouvir um assobiar baixinho… Mas, o que é isto?!... Apuro o ouvido, e não, não é. Parece mais alguém que trauteia qualquer coisa, uma cantilena qualquer… Volto a correr para a porta, agora intrigado e enraivecido.

Nada. Só o silêncio. E o cangalheiro. Que prossegue no seu trabalho, taque-taque, taque-taque. Com a mesma serenidade. A mesma indiferença.

E o sentimento de revolta apodera-se de mim com mais intensidade. Sinto vontade de lhe cair em cima. De o agredir. De lhe dar dois socos.

Mas, contenho-me. Volto covardemente para o meu canto, como um cão lazarento com o rabo entre as pernas, e ponho-me a pensar. A tentar refletir sobre o que se passa comigo e com a cena macabra que me envolve. E vêm-me à cabeça as lágrimas, os abraços e os lenços brancos das despedidas em Lisboa, lá no cais das não sei quantas. Meu Deus, e os pais?!... Que será dos pobres pais, coitados, quando souberem da triste nova?!... Eles que, cada dia, antes da deita, caem de joelhos aos pés do Cristo, da Virgem, do Anjo da Guarda e de todos os santos protetores e mais alguns, a pedirem a salvação dos seus filhinhos?!... Era tão bom, tão alegre, tão cheio de vida…

É isso que vos espera, camaradas, lá no outro lado do mundo: o choro, o lamento, a recordação.

E nós, por cá… Nós, por cá, todos bem graças a Deus. Beijinhos para os manos, tios e priminhos. Cumprimentos aos vizinhos e amigos. Adeus, até ao meu regresso.

Saltinho, 17 de Abril de 1972
Mário Migueis


"António Ferreira", 1.º Cabo TRMS, morto durante a emboscado do Quirafo
Homenagem do nosso camarada Mário Migueis
Acrílico: © Mário Migueis da Silva (2010). Todos os direitos reservados





Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Picada de Quirafo > Fevereiro de 2005 > Restos da GMC da CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), que transportava um grupo de combate reforçado, comandado pelo Alf Mil Armandino, e que sofreu uma das mais terríveis emboscadas de que houve memória na guerra da Guiné (1963/74)... 
Foram utilizados LGFog e Canhão s/r. Houve 11 militares mortos, 1 desaparecido... Houve ainda 5 milícias mortos mais um número indeterminado de baixas, entre os civis, afectos à construção da picada Quirafo-Foz do Cantoro. A brutal violência da emboscada ainda era visível, em Fevereiro de 2005, mais de três décadas, nas imagens dramáticas obtidas pelo Paulo Santiago e seu filho João, na viagem de todas as emoções que eles fizeram à Guiné-Bissau.

Fotos: © Paulo e João Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]

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Nota do editor

Último poste da série de 27 DE FEVEREIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23038: Efemérides (363): Há meio século, nestes dias 26 e 27 de Fevereiro, sábado e domingo, foi levada a cabo a Operação Juventude V na zona Caboiana/Churo (Ramiro Jesus, ex-Fur Mil Cmd, 35.ª CComandos, Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73)

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21538: Casos: a verdade sobre... (15): A retirada de Madina do Boé e o enfraquecimento do flanco sul / sudeste do território (regiões de Gabu e Bafatá) (Valdemar Queiroz / Cherno Baldé / António Rosinha / Fernando Gouveia)


Foto nº 4

Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Subsector de Galomaro > 21 de junho de 1969 > A antiga tabanca de Padada, a 12 km a sul de Madina Xaquili, na direcção do Rio Corubal.


Foto nº 1 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Subsector de Galomaro > 21 de junho de 1969 > Restos, carboizados, da antiga tabanca de Padada, a 12 km a sul de Madina Xaquili, na direcção do Rio Corubal. 


Foto nº 2 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Subsector de Galomaro > 21 de junho de 1969 > O grupo de combate do Fernando Gouveia, progredindo nas proximidades da antiga tabanca de Padada,   


Foto nº 3 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Subsector de Galomaro > 21 de junho de 1969 > O Fernando Gouveia, nas proximidades da antiga tabanca de Padada,   



Foto nº 5 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Subsector de Galomaro > 21 de Junho de 1969 t > Uma pausa para retemperar as forças, a caminho de Madina Xaquili que, tal como Padada antes, viri a ser abandonada em outubro de 1969. 
  

Fotos tiradas pelo nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), no decurso de um patrulhamento ofensivo àquiela tabanca abandonada, com o seu grupo de combate (20 milícias e 10 soldados metropolitanos). Em Padada reencontar-se-ia com forças da CCAÇ 2405 (Galomaro / Dulombi, 1968/70), comandadas pelo Cap Mil Jerónimo. Foram encontrados vestígios recentíssimos da guerrilha do PAIGC.


otos (e legendas): © Fernando Gouveia (2009. Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentários de Valdemar Queiroz, Cherno Baldé e António Rosinha ao poste P21531 (*)

(i) Valdemar Queiroz

A questão do abandono de Madina e toda aquela região da zona além Corubal,  é estranha em termos de estratégia da ocupação do terreno, para, inclusivamente, não dar azo a "zona libertada".

Vejamos nos mapas existentes no blogue de toda essa região à data em que foram elaborados. Vejamos, depois, como era a ocupação/fixação da população e presença da NT a partir do início do ano de 1969. 

Verificamos que apenas Canjadude e mais acima Cabuca eram as únicas tabancas existentes a fazer tampão a incursões a Nova Lamego, Dara e Piche, que a partir daquela data começaram a ser atacadas mais frequentemente. 

Em toda aquela área a leste da linha (estrada) Buruntuma - Nova Lamego, só existam Cabuca e Canjadude com pouca população e praticamente só ocupação militar. 

Não sei o que entretanto foi acontecendo (vim para a peluda em dezembro de 1970) com flagelações a estas duas tabancas. O facto de cada vez mais população abandonar essas tabancas da região, concentrando-se nas grandes localidades de Nova Lamego e Bafatá,  fazia com que apenas a NT resistisse nesses locais, não tardando, sabe-se lá, tambéma serem consideradas para retiradas estratégicas formando, assim, mais "zonas libertadas".


(ii) Cherno Baldé: 

Antes do início da guerra, o Sudeste da Guiné, que inclui a parte sul da região de Bafatá (Galomaro Cossé) e da região de Gabu (Boé), não eram zonas desabitadas,  como se pode pensar. 

O seu despovoamento foi gradual e aconteceu nos primeiros anos da Guerra e, em 1968 quando chega o Gen Spinola, a situação ja era irreversível. 

O Galomaro, como diz o nome,  era uma zona habitada por ricos ganadeiros fulas e com arrozais nas bolanhas a perder de vista. Foram abandonadas com o recrudescer da guerra. 

Se depois o abandono do terreno se justificava devido à inexistência da população, é caso para dizer que sempre existiu e existe uma grande diferença entre a teoria e prática, entre os sonhos e a realidade, como podemos perecber no excertodo discurso em baixo, é pena que o homem [. o António Oliveira Salazar,]  nunca tenha vindo ao terreno para constatar a realidade "in loco". 

“As terras coloniais, ricas, extensas e de fraquíssima densidade populacional são o natural complemento da agricultura metropolitana, nos géneros pobres sobretudo, e das matérias-primas para a indústria, além de fixadores de uma população em excesso daquilo que a metrópole ainda comporte e o Brasil não deseje receber. (...) 

"Nós cremos que há raças decadentes ou atrasadas, como se queira, em relação as quais perfilhamos o dever de chamá-las à civilização. Que assim o entendemos e praticamos, comprova-se pelo facto de não existir qualquer teia de rancores ou de organizações subversivas que neguem ou que pretendam substituir a soberania portuguesa. (...)"

Fonte:  António Oliveira Salazar. Discursos e Notas politicas, vols. III e V (1943 e 1957). Coimbra, Coimbra editora, sem data. 

(iii) António Rosinha:

Amigo Cherno: "as terras coloniais, ricas, extensas e de fraquíssima densidade" a que o Salazar se referia, foram os tais colonatos que foram construidos em Moçambique e principalmente Angola. 

Na Guiné não havia extensões agrícolas desabitadas, para albergar tantas famílias, como as que foram para Angola e Moçambique, principalmente transmontanos e açoreanos. Os colonatos de Angola conheci-os relativamente bem. 

Cherno, ainda hoje estou convencido que continua a haver maiores extensões desabitadas em Angola do que as que existem na Guiné, mesmo considerando que a região de Madina do Boé continue pouco habitada. Só que as grandes extensões desabitadas em Angola, hoje já está tudo demarcado e aramado pelos "novos senhores" de Angola. 

A Guiné, tirando a região de Madina, sempre deve ter tido uma densidade populacional muito maior que Angola, que conheci bastante bem. Salazar não ia ao terreno, mas estava bem informado. 

PS- Onde parece que está a ficar muito despovoado é o norte de Moçambique, com decapitações e fugas da população e nem a ONU nem Portugal nem a Inglaterra (aquilo já se passou para a Commonuelth) fazem frente à Jihad ou o que aquilo é. A Europa já não pode com uma gata pelo rabo! 

2. O caso do abandono  de Madina Xaquili em outubro de 1969:

Num dos postes da sua série A Guerra Vista de Bafatá, o nosso camarada e amigo Fernando Gouveia (ex-Allf Mil Rec e Inf, Comando de Agrupamento nº 2957,  Bafatá, 1968/70)  explica o porquê da sua ida intempestiva para Madina Xaquili,lá  no "cu de Judas":

"(...) Com a retirada das NT de Madina do Boé a 05/06 de fevereiro de 1969 e na sequência do fracasso da Op Lança Afiada em Março de 69 [,  de 8 a 21],  era de prever (...) que o IN progrediria no terreno, para Norte, ameaçando as zonas povoadas do Cossé, aproximando-se de Bafatá.

"Em princípios de Junho de 1969 chega ao Agrupamento [de Bafatá] uma ordem do Comando Chefe que determinava o envio de oficiais disponíveis, enquadrando grupos de militares, para as tabancas da periferia da zona habitada, no intuito de segurar lá as populações. Sabia-se que a região do Cossé era habitada predominantemente por fulas e que estes, ao mínimo pressentimento de problemas, se deslocavam aproximando-se de Bafatá.

"É neste contexto que o Cor  Hélio Felgas, meu Comandante (, Cmando de Agrupamento nº 2957), determina que eu vá para Madina Xaqili, sendo a Companhia sediada em Galomaro [, a CCAÇ 2405,] que me asseguraria a logística. (....) O Capitão, pessoa afável que gostaria agora de identificar [, cap inf José Miguel Novais Jerónimo,], deu-me todas as indicações sobre o que iria encontrar em Madina Xaquili.

"Sobre os 7 militares metropolitanos que me acompanhariam, escolheu um que sabia cozinhar, um que sabia fazer pão, outro que sabia de enfermagem e um rádio-telegrafista. Quanto ao armamento que me iria fornecer, fiquei alarmado: Além das G3 e de algumas granadas, só tinha o cano (só o cano e um cepo de madeira a servir de prato) de um morteiro 60, e 16 (dezasseis) granadas" (...).

"(...) Chegámos a Madina Xaquili a meio da manhã [ do dia 14 de Junho de 1969]. Era uma tabanca com umas 20 palhotas. Estava em auto-defesa, com cerca de 40 milícias, comandados pelo também africano João Vieira (sem Bernardo). Havia uma razoável cerca de arame farpado e abrigos construídos recentemente. A população civil (2 ou 3 famílias) e as mulheres dos milícias não tinham abrigos" (...). (**)




Guiné > Carta geral da província (1961) (Escala 1/500 mil) >  Posição relativa de Madina Xaquili (rectângulo a verde)  em plena zona leste, tendo a sul o Rio Corubal e a norte a estrada Bafatá-Gabu. Madina Xaquili fazia parte do mapa de Cansissé (1/50 mil). 

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)


3. Com a retirada de Béli (em julho de 1968), Madina do Boé e Cheche (em fevereiro de 1969), passou a haver um corredor, com "via verde", por onde o PAIGC se infiltrava mais facilmente na parte sul / sudeste do chão fula, a norte do Rio Corubal. 

Apesar do reforço temporário de tropas paraquedistas do BCP 12, ao sector de Galomaro (a partir de agosto de 1969, COP 7), bem como da CCAÇ 12 (que vai ter a sua estreia e batismo de fogo logo em Julho de 1969, em plena época das chuvas), Madina Xaquili,  guarnecida Pel Mil 147.  tornar-se-ia insustentável, sendo abandonada pela população e depois pelas NT logo em outubro de 1969. Padada, mais a sul, também já tinha sido abandonada (não posso precisar em que altura). O PAIGC apertava o cerco ao chão fula, e nomeadamente o Cossé donde eram originários, juntamente com Badora,  os soldados da CCAÇ 12.

O Pel Mil 147 (Madina Xaquili) fazia parte, em finais de setembro de 1968 (data em que o BCAÇ 2852 passou a tomar conta do Sector L1), da Companhia de Milícias nº 14 que tinhas pelotões e secções espalhados por Quirafo e Cansamange (Pel Mil 144), Dulombi e Cansamange (Pel Mil 145), Madina Bonco e Galomaro (Pel Mil 144). Nesta data já não há referência a Padada, presumindo-se que tenha sido abandonada anteriormente.

Em agosto de 1969, Madina Xaquili e o Pel Mil 147 já constam no dispositivo das unidades combatentes do BCAÇ 2852, em virtude de se passado a constituir um novo Sector, o L5, com sede em Galomaro (onde já estava de resto a CCAÇ 2405, com forças espalhadas por Imilo, Cantacunda, Mondajane, Fá, Dulo Gengele), integrado no CO7 (Bafatá).


(***) Sobre Madina Xaquili ler as venturas e desventuras do Fernando Gouveia em kunho de 1969... Foram 13 dias surreais, de 12 a 24 de Junho de 1969, contados e fotografados como só ele sabe.

26 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4585: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (7): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro (VI Parte)

6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4470: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (6): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (V Parte)

28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4429: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (5): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (IV Parte)

21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4395: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (4): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (III Parte)

8 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4305: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (3): Um alferes desterrado em Madina Xaquili, com um cano de morteiro 60 (II Parte)

27 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4254: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (1): Três oficiais: um General, um Coronel, um Alferes - suas personalidades