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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22678: In Memoriam (417): Queta Baldé (1943-2021), ex-Soldado do Pel Caç Nat 52 e 2.ª CComandos Africana, falecido em Lisboa

IN MEMORIAM

Queta Baldé (1943-2021)

Ex-Soldado do Pel Caç Nat 52 e 2.ª CComandos Africana


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de hoje, 1 de Novembro de 2021:

Queta Baldé, o meu querido 126, o construtor do meu Diário da Guiné, deixou-nos

Mário Beja Santos

O confrade Carlos Silva telefonou-me no intervalo de um congresso de antigos combatentes, ali para a linha do Estoril, deu-me a saber que alguém fazia questão de me informar que falecera o Queta, pedi mais esclarecimentos, sim, era Queta Baldé, o 126, finda a sua comissão militar no Pel Caç Nat Nº 52 concorrera à 2ª Companhia de Comandos Africana, foi aceite, veio a independência, e correndo o risco de ser preso ou fuzilado conseguiu chegar ao Senegal e daqui a Marrocos, contou com a solicitude da Associação dos Comandos, veio para Portugal, instalou-se em Chelas J, veio a Cadi, apareceram os meninos, entrei em cena, a casa onde viviam tinha tanto bolor que se lavava com lixívia à segunda-feira e dois dias depois estava tudo enegrecido. Fizeram-se diligências, o menino mais velho tinha asma agravada, mudaram de casa. E sem obrigatoriedade de data o Queta era sempre uma presença no almoço dos bravos do pelotão, religiosamente bacalhau com batatas, vinha o Mamadu Camará, o Cherno, o Abudú, chegou a participar no repasto o Benjamim Lopes da Costa.

Quando, em 2006, tomei a decisão demencial de escrever os Diários da Guiné, perguntei ao Queta se me podia ajudar a ultrapassar o claro-escuro de certas situações que tínhamos vivido em Missirá. Acedeu prontamente, e passámos a ter encontros semanais na Praça Duque de Saldanha, ele saía da empresa onde fizera cerca de 12 horas de vigilância e começava a sabatina. Havia antecipadamente um telefonema para o pôr ao corrente das minhas dúvidas, quem era quem, que itinerário tínhamos seguido naquela volta junto ao rio Gambiel até Salá, se se recordava dos seis trajetos diferentes que nós utilizávamos para chegar a Mato de Cão sem pisar as picadas convencionais, se se lembrava da data em que tínhamos ido pela primeira vez ao Buruntoni… E cedo começou o meu deslumbramento com a sua memória de elefante.

Explicou-me ao detalhe como chegaram a Missirá para substituir a Companhia do Enxalé, como se constituíra o Pel Caç Nat 52 que tivera como seu primeiro comandante o Henrique Matos Francisco, as operações a Madina, as populações de Missirá e Finete, as múltiplas suspeitas de que o PAIGC não queria fazer grandes ondas na região porque tinha vias de abastecimento em direção a Mero e aos Nhabijões, e assim evitava conflitos, a partir do momento em que havia vigilância em Mato de Cão qualquer possível ataque ficava reservado a quem se posicionasse em Ponta Varela.

E saindo de um contexto geral, deixava-me de boca aberta com as horas a que saíamos para os patrulhamentos, sempre com a sua linguagem pausada ia ataviando os locais por onde passávamos, a descoberta dos trilhos usados pelas gentes de Madina e Belel, reproduzia emboscadas elencando o nome de quem lá tinha estado. Tentei pô-lo à prova e perguntei-lhe se se lembrava de uma emboscada lá para os lados de Chicri onde alguém perdera uma peça de roupa e exigia recuperá-la, não me deixou continuar, era a boina verde do Cabo Barbosa, sim, tínhamos saído dali a correr pela noite calada, no dia seguinte lá se descansou quem tinha perdido o fetiche da boina, e o Queta sentenciou: “Manga de canseira, mas que gente tão porreira, nosso alfero!”

Dei-lhe a alegria de ir visitar a Amedalai o seu filho mais velho, o Queta recusou-se a voltar à Guiné, a vida familiar também o deixou causticado, nos últimos anos vivia sozinho para os lados da Amadora, guardo dele um belo sorriso, um olhar translúcido, as suas mãos a afagar os livros que lhe oferecia, particularmente o segundo volume do Diário da Guiné em que ele aparece ao alto na fotografia tirada no dia de Natal de 1969 na ponte de Undunduma. Durante anos fez sala na Praça do Rossio, no último banco já perto do Largo de São Domingos, ali conversávamos, perguntando por este e aquele, não faltou às cerimónias fúnebres dos meus entes queridos. Foi adoecendo, mesmo antes da pandemia, arrastava-se, os telefonemas passaram a ser taciturnos, não tinha forças para vir comer o bacalhau, deixei de o ver no banco onde fazia sala, perguntava por ele, estava no hospital, o telefone deixou de atender.

E assim chegamos a mais uma perda irremediável, alguém que me deu o privilégio de uma estima recíproca, que funcionou como agente de informação e de vigilância na urdidura daqueles diários, estou a vê-lo a acariciar os livros, a ver os mapas do Cuor, de Bambadinca e do Xime, a recordar-me que começara a vida como tocador de batuque e assim percorrera a pé toda aquela região do Corubal até ao Xitole. Apaga-se mais uma luz daquele memorável palco onde construí a minha consciência de homem, e nada mais posso fazer de que vergar-me respeitosamente não só pela sua memória mas pelo seu contributo indefetível, como bravo soldado que foi, o 126, o companheiro que exigiu a minha presença em Lisboa em horas tão difíceis da sua vida, que me ofereceu a sua disponibilidade para que não faltasse a que dar a certidão da verdade naquele tempo de guerra que vivemos irmanados. Seguro que lá estás a sorrir à direita de Deus, aqui deixo esta nótula de quem fica profundamente desconfortado com a tua partida, abraço-te calorosamente, nha ermon, Mário


2008, o Henrique Matos Francisco e o Queta Baldé no lançamento do Tigre Vadio
A Missirá dos tempos em que o Pel Caç Nat 52 aqui chegou (1967)
25 de dezembro de 1969, ponte do rio Undunduma, o Queta Baldé está ao alto, primeiro Mamadu Djao com uma cana na mão, segue-se Jogo Baldé de não na anca, Queta Baldé imaculadamente fardado
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A tertúlia e os editores deste Blogue não podem deixar de associar à dor dos seus familiares e amigos na Guiné-Bissau e em Portugal pela perda deste seu ente querido, também nosso amigo e camarada de armas.

Mais um dos bravos irmãos naturais da Guiné que lutaram ao nosso lado e que nos deixa.

Um especial abraço ao Mário Beja Santos, seu comandante no Pel Caç Nat 52 e amigo pela vida fora, já que o Queta morou, desde a independência da Guiné-Bissau, sempre em Portugal, onde acaba de falecer.

A partir de hoje, o nosso camarada Queta Baldé, ficará, a título póstomo, a figurar na lista dos nossos amigos que da lei da morte já se libertaram. Tem o lugra nº 854.

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Nota do editor

Último poste da série de 25 DE OUTUBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22660: In Memoriam (416): Victor Barata (1951-2021), ex-1.º Cabo da FAP, Especialista de Instrumentos de Bordo, BA 12, Bissalanca, 1971/73; membro da Tabanca da Grande desde maio de 2006 e fundador, em junho de 2007, do blogue Especialistas da BA 12... Era um "Zé Especial", tratado com muito carinho por "Vitinho"... Velório: hoje, a partir das 16h00 em Campia; Vouzela; missa de corpo presente às 15h00 de amanhã, seguindo depois o féretro para a Casa Crematória de Viseu

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3441: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (6): Notícia do lançamento (Lusa) + Fotos (Luís Graça)


Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Cerimónia do lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio (*) > No anfiteatro do museu > Da esquerda para a direita, o jornalista e escritor António Valdemar, a Dra. Guilhermina Gomes, representante da Editora (Círculo de Leitores e Temas & Debates), o Gen Ref Mário Lemos Pires, e o autor, o nosso querido amigo e camarada Mário Beja Santos. O embaixador da Guiné-Bissau chegou ligeiramente atrasado, tendo-se depois sentado à mesa e feito uma pequena alocução no fim.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O Gen Lemos Pires, que esteve na Guiné, no período de 1969/70, como chefe da Rep Apsico, foi o principal apresentador do livro, tendo-se debruçado sobre os aspectos militares, humanos e operacionais, da actuação do autor, que alferes miliciano, comandante do Pel Caç Nat 52, e de mais dois pelotões de milícias, de Finete e de Missirá (cerca de 100 homens em armas). A seu lado, o embaixador em Lisboa da República da Guiné-Bissau, Constantino Lopes, um antigo Combatente da Liberdade da Pátria, que esteve preso no Tarrafal, de 1962 a 1969, e que é hoje o único herdeiro e proprietário da Ponta do Inglês (exploração agrícola, de 50 hectares; o seu pai, Luís Lopes, tinha por alcunha o Inglês).



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > António Valdemar, amigo pessoal do autor, apresentou a obra, valorizando em especial os seus aspectos literários. Disse publicamente que, como homem de esquerda, era contra a guerra, em geral, e contra a guerra colonial, em particular. A seu lado, a Dra. Guilhermina Gomes, representante dos editores (Círculo de Leitores e Temas & Debates), que abriu a cerimónia, com um especial agradecimento à Associação Nacional de Farmácias, pela disponibilização do magnífico espaço que é o Museu da Farmácia, sito num palacete da Rua Marechal Saldanha, nº 1, ao Bairro Alto.


Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > Emocionado, Beja Santos agradeceu a presença de tantos amigos e camaradas que ali se deslocaram, e fez questão de sublinhar o significado da presença do embaixador guineense em Portugal, Constantino Lopes. Este, por outro lado, reafirmou o desejo profundo dos guineenses de viverem em paz e de ganharem o direito a completar a sua luta de libertação.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > Sessão de autógrafos: em primeiro plano, o escritor e os membros dos da nossa Tabanca Grande, Carlos Silva, que mora em Massamá-Queluz, e Carlos Marques dos Santos, que veio de Coimbra, com a sua esposa, a nossa amiga Teresa.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O Benjamim Durães, residente em Setúbal, que foi Fur Mil da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O Raul Albino e o nosso (elegantíssimo) co-editor Virgínio Briote. O Raul foi Alf Mil da CCAÇ 2402, unidade a que pertencia originalmente o Beja Santos e o Medeiros Ferreira (este não compareceu ao embarque para a Guiné, tendo pedido asilo político na Suiça; o Beja Santos, por sua vez, foi transferido para o Pel Caç Nat 52). Contou-me o Raul que há dias encontrou na rua o seu antigo camarada Medeiros Ferreira, hoje uma conhecida figura pública, mas que não teve lata de lhe falar... "Foi pena" - comentei eu. "Ele deveria de gostar de saber tuas notícias tuas".



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > Um dos maiores representantes, na diáspora, da cultura guineense actual, o mestre, tocador de Kora e cantor (didjiu) Braima Galissá, mandinga do Gabu. (Recorde-se que o didjiu era, no passado, o tocador e cantor que ia, de tabanca em tabana contando estórias e transmitindo as últimas notícias)…Foram os seus tetravós que inventaram este instrumento único que é o Kora. Na festa do Beja Santos, ele tocou, cantou e encantou. Temos registos em vídeo da sua audição, e que ele nos autorizou a reproduzir no nosso blogue. Será também futuramente um dos membros da nossa Tabanca Grande.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > No hall do museu da Associação Nacional de Farmácias(riquimamentre revestido a tapeçarias de Portalegre, assinadas por conhecidos artistas plásticos portugueses como o Manuel Cargaleiro ou o Cruzeiro Seixas), três camaradas nossos fazem horas: Carlos Marques dos Santos (de costas), o António Santos, à sua direita, e o Belarmino Sardinha.


Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > Representantes femininas da FAP - Força Aérea Portuguesa, que estiveram no teatro de operações durante da guerra do ultramar / guerra colonial. Este grupo de camaradas nossas fez doações ao Museu, de grande valor museológico, documental e simbólico. Tal como o Beja Santos que ofereceu um aerograma, enviado à noiva, Cristina Allen, onde são referidos alguns dos medicamentos que lhe foram prescritos, por ocasião de um internamento no Hospital Militar de Bissau.

Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O Carlos Marques dos Santos, ex-Fur Mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/70), cumprimentando, a enfermeira pára-quedista, do 1º curso, Zulmira André, que conheceu bem o TO da Guiné.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > Em primeiro plano, o antigo major Cunha Ribeiro, hoje Coronel, rijo nos seus 84 anos... Ei-lo aqui, o nosso querido Major Eléctrico, segundo comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/72), à fala com o nosso camarada J. L. Vacas de Carvalho. Em segundo plano, à esquerda, o Cor Art Ref Coutinho e Lima, antigo comandante do COP 5 (Guileje), e membro da nossa tertúlia, que vai também fazer o lançamento do seu já anunciado livro de memórias, em 13 de Dezembro próximo. A seu lado, um Alferes Miliciano que também passou por Bambadinca em 1970 e que foi depois transferido para o Batalhão de Comandos Africanos. (Desculpa, camarada, mas não registei o teu nome).



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O primeiro comandante do Pel Caç Nat 52 (Porto Gole e Enxalé, 1966/68), Henrique Matos, com o Queta Baldé. Depois desta cerimónia, estive o grato prazer de ir à Cervejaria Trindade jantar com o Henrique e mais um grupo de camaradas: o Humberto Reis, o Carlos Silva, o Jorge Cabral, o João Reis (Pel Caç Nat 52) e o José António Viegas (Pel Caç Nat 54). Estes dois últimos, mais o Henrique, vieram de propósito do Algarve para assistir à cerimónia. Vão também entrar na nossa Tabanca Grande.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O Queta Baldé, a "memória de elefante" do Beja Santos, e o Cherno Suane, guarda-costas do autor quando comandante do Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70).

Fotos e legendas: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.



1. Com a devida vénia, reproduzimos aqui um excerto da notícia da Lusa, publicada no Marão on line, Diário regional de Trás-Os-Montes, Douro, Tâmega e Sousa, onde o nosso camarada Mário é colaborador regular (igualmente reproduzida no sítio PNETliteratura, do Grupo PortugalNet):

Marão 'On Line'> 12 de Novembro de 2008 > GUERRA COLONIAL: Lançado segundo volume de memórias de Beja Santos sobre a guerra na Guiné-Bissau:


Mário Beja Santos, ex-combatente no Ultramar português, lançou terça-feira, em Lisboa, o segundo volume de memórias da guerra, no qual conta episódios que marcaram a sua passagem pela Guiné-Bissau.

Diário da Guiné - O Tigre Vadio é um testemunho e não me refugiei num heroísmo que nunca tive”, disse o autor do livro que, emocionado, recordou as histórias de pessoas que lhe morreram nos braços enquanto estava na guerra.

Beja Santos é um reconhecido especialista em questões de política do consumidor e colaborador do Marão Online e do Repórter do Marão há quase 20 anos, meios onde publica regularmente artigos sobre assuntos de consumo, saúde e cidadania.

Nas palavras do jornalista António Valdemar, que fez a apresentação do livro, a obra de Beja Santos tem “um forte conteúdo humano, narrado com a verdade de quem esteve presente em todos os momentos”.

Neste livro, com 440 páginas, o autor relata acontecimentos da guerra entre 1969 e 1970 e, segundo o prólogo escrito pelo próprio, Tigre Vadio foi, de todas, a operação “mais sangrenta” em que esteve envolvido.

Mário Beja Santos garantiu, na apresentação do livro, que vai continuar a escrever. “A memória está viva e vou procurar ser digno dela, trabalhando-a o melhor possível”, afirmou.

O primeiro volume do Diário da Guiné diz respeito aos anos de 1968 e 1969 - Na Terra dos Soncó. Ambos os volumes foram publicados pelas editoras Círculo de Leitores e Temas e Debates.

Beja Santos, assessor principal da Direcção-Geral do Consumidor, foi autor de programas televisivos, colaborador da rádio e da imprensa e é professor do ensino superior.

O lançamento do livro, a que assistiu o embaixador da Guiné-Bissau em Lisboa, integrou-se na celebração do Dia do Armistício, em que o Museu da Farmácia homenageou o soldado português.

Na homenagem estiveram presentes representantes da Força Aérea Portuguesa, que ofereceram várias farmácias portáteis utilizadas na guerra colonial.

Aproveitando também o 90.º aniversário do Armistício da Grande Guerra Mundial 1914-1918, seis enfermeiras pára-quedistas ofereceram uma farda utilizada quando vinham a Portugal.

Lusa

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste anterior > 11 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3440: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (5): As primeiras imagens do lançamento (V. Briote)

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2063: Álbum das Glórias (24): O pretoguês Queta Baldé, uma memória de elefante e um grandecíssimo camarada (Beja Santos)


Lisboa > Julho de 2007 > O Queta Baldé e o Beja Santos.

Foto: © Beja Santos (2007). Direitos reservados.



Região de Bafatá > Xime > 1997 > Tabanca de Amedalai, de onde é natural o Queta Baldé. Foi, no nosso tempo, sede um destacamento de milícias, alvo de frequentes ataques do IN. Pertencia à Zona de Acção do Xime. Situa-se entre o Xime e a ponte do Rio Udunduma na estrada para Bambadinca.

Foto: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados


1. Texto enviado em 26 de Julho último pelo Beja Santos (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70):


Viva Queta Baldé, uma memória indefectível, 
um grandecissímo camarada da Guiné!


Comentários: Como vêem, o Queta, a memória que me falta e me ilumina as minhas recordações sombrias, existe. É português, nasceu há 71 anos atrás em Amedalai, que é também o chão do meu querido Mamadu Djau. Foi milícia na Ponta do Inglês e Finete, depois da aprendizagem em Bolama foi com o pEL cAÇ nAT 52 para Porto Gole e depois Missirá, e depois Bambadinca, e depois Fá Mandinga.

Pertenceu à 2ª Companhia de Comandos Africana, andou fugido a seguir à independência, vive agora na Amadora, depois de ter sofrido muito até se ter feito reparação da sua lealdade. Não conheço ninguém que diga "bandeira portuguesa" como ele, é um pacto de sangue que excede a gratidão que tem a Deus por estar vivo. E, meu Deus, o que é que eu seria a desfiar as minha memórias sem os aerogramas à Cristina e a memória do Queta?

Como é que estas coisas se agradecem? Tirámos esta fotografia no Luís Soares, ele entregou-me embaraçado a fotografia dizendo que o Queta está muito escuro... Respondi-lhe que não é por acaso que falamos dos pretos da Guiné que são igualmente os soldados mais leais à face da terra.