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sábado, 9 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24636: Convívios (972): Almoço/Convívio do pessoal do Programa das Forças Armadas da Guiné (PIFAS), hoje, 9 de Setembro de 2023, com a presença do senhor General Ramalho Eanes (João Paulo Diniz)

Lisboa > Páteo Alfacinha > 31 de maio de 1985 > Convívio do pessoal do emissor regional da Guiné e do PFA - Programa das Forças Armadas.

Foto: © Garcez Costa (2012). Todos os direitos reservados



1. Mensagem do nosso camarada João Paulo Diniz, um dos radialistas do PFA, chegada ontem ao nosso Blogue através do Formulário de Contacto do Blogger:

Quem foi militar na Guiné decerto recorda-se do PFA - Programa das Forças Armadas, carinhosamente tratado por PIFAS! Era um programa de Rádio, com três emissões diárias, feito em instalações próprias do Comando Chefe, em Bissau.

O Pifas tinha grande impacto, não só junto dos militares, mas também da população civil.

Uma das pessoas que chefiou o Pifas foi o Capitão Ramalho Eanes, no início da década de '70.

Em 1985 - já lá vão 38 anos... - houve um jantar entre aqueles que passaram pelo Pifas. Um dos presentes foi o então Presidente da República, Ramalho Eanes que, nesse dia regressado de uma visita oficial à China, fez questão de estar junto dos seus Amigos!

Agora é tempo de reencontros, e por isso, neste sábado, 9 de Setembro, está marcado um almoço no Páteo Alfacinha, em Lisboa, a partir das 12:30. O General Ramalho Eanes estará presente, juntamente com sua esposa, a Dra. Manuela Eanes. Na ementa do almoço estão incluídos muitos abraços, algumas lágrimas de emoção e... os sorrisos felizes de todos os presentes!!!

(Abraço, Luís Graça)

Cumprimentos,
João Paulo Diniz

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Nota do editor

Último poste da série de 7 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24629: Convívios (971): CCAÇ 3398 (Buba, 1971/73): Cinquentenário do regresso, Freiriz, Vila Verde, 2set2023 (Joaquim Pinto Carvalho)

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24524: Convívios (968): Almoço da malta do "PIFAS", Lisboa, Pátio Alfacinha, 9 de setembro de 2023 (Silvério Dias / Jorge Varanda)


A mascote do Programa [de Informação]  das Forças Armadas (PIFAS), da responsabilidade da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica. Autor (até à data) desconhecido. 

Imagem, enviada pelo nosso camarada Miguel Pessoa, cor pilav ref (ten pilav, Bissalanca, BA 12, 1972/74). 



Oeiras > Galeria-Livraria Municipal Verney > 4 de março de 2017 > 15h00 - 16h30> A antiga equipa que deu voz e alma ao PIFAS: o primeiro sargento Silvério Dias (nosso grã-tabanqueiro nº 651) e a famosa "senhora tenente", sua esposa. (*)

Recorde-se aqui o  percurso de vida do nosso camarada Silvério Dias: 

(i) ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra, 1967/69; 

(ii) 1º srgt art, locutor do PFA. Porgrama das Forças Armadas, 'Pifas', Bissau QG/CTIG, 1969/74, onde trabalhou com Ramalho Eanes e Otelo, entre outros; 

(iii) civil, foi delegado de propaganda médica, 1974/76, em Bissau; (iv) hoje, 1º srgt art ref; beirão, casado com a "senhora tenente", também do 'Pifas'; vive em Oeiras;

(v) edita o  blogue "Poeta Todos Dias" que já existe desde 2011 e onde todos os dias, publica um, dois, três, quatro , cinco ou seis apontamentos poéticos, em geral, quadras populares, sobre temas do quotidiano: 

(vi) já teve mais de 400  mil vizualizações de páginas; 

(vii) presenta-se nestes termos singelos: "Sou da Beira; ex-militar; Índia, Moçambique e Guiné; na velhice o vício da poesia, e o amor que me une às boas tradições beirãs"; 

(viii) natural de Sarnadinha, Vila Velha de Ródão, é autor do livro  de poesia "Neste lugar onde nasci" (2017);

(ix) é membro da Tabanca Grande desde 24/3/2014; tem cerca de 3 dezenas de referências no nosso blogue.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Silvério Dias, o 1º srgt ref, radialista do PIFAS (1969/74), que é um caso extraordinário de "resistência e resiliência" contra os "males da idade": aos 92 ou 93 anos (julgo que nasceu em 1930) ainda continua de "mente sã em corpo (já) cansado"... 

Data - sábado, 15/07/2023, 12:59

Assunto - Reviver o "Pifas"

Caro "Tabanqueiro-mor", aceita os cumprimentos do 651.

Venho solicitar que anuncies o que se aprasenta em epígrafe e simultaniamente, convidar-te a estar present, no evento que reunirá "pifanianos" mui ilustres.

Resumindo e não baralhando: 

Almoço no "Pátio Alfacinha". Em 9 de Setembro.

Para mais pormenores, contacta 962 333 147 (alferes Jorge Varanda).

Comigo, pelo E-mail que conheces. E... diz coisas.

Sempre amigo,
Silvério Dias.

2. Comentário do editor LG:

Meu caro e ilustre "pifiano" Silvério Dias: com este tandém, tu e o Jorge Varanda, e uma ajudinha do nosso blogue, vamos fazer do dia 9 de setembro, no "Pátio Alfacinha",  uma grande jornada de convívio dos "radialistas" e demais colaboradores e fãs do Pifas!...

Para já sai este primeiro anúncio do convívio. Depois vamos chamar a capítulo os "pifianos" que integram a nossa Tabanca Grande. O Jorge Varanda   ( que eu conheço de outras guerras, as da saúde) terá que ser o próximo, uma vez que ainda não deu a cara... 

Em princípio, lá estarei (dependendo, embora, da minha complicada agenda terapêutica. ...). 

Um alfabravo para ti e para o Jorge. Um chicoração para a "senhora tenente". LG
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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24429: Convívios (967): 52º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 22 de junho de 2023, juntando 45 comensais

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23397: A(r)didos e mal pagos: histórias pícaras da nossa guerra (2): a minha passagem pelo Depósito de Adidos, em Brá, em 1973: como sargento de dia à Casa de Reclusão Militar, fiz uma escala de serviço para que os presos (alguns violentos) pudessem sair e entrar, "livremente", "ir às meninas" ao Pilão, petiscar em Bissau, etc. (Augusto Silva Santos, ex-fur mil, CCAÇ 3306, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/72, e Depósito de Adidos, Brá, 1973)




Guiné > Bissau > Brá > Depósito de Adidos > 1973 > O fur mil Augusto Silva Santos, de rendição individual: terminada a comissão da CCAÇ 3306, em dezembro de 1972, foi colocado no Depósito de Adidos, na Secção de Justiça. Regressou a acasa em dezembro de 1973.


Fotos (e legenda): © Augusto Silva Santos (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Esta é mais uma "história pícara" (*) que fomos repescar, com a devida vénia, à série "Os fidalgos de Jó", da autoria do nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-fur mil, CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, e Depósito de Adidos, Brá, 1971/73) (**)


A minha passagem pelo Depósito de Adidos, Secção de Justiça, 1973

por Augusto Silva Santos




Depois da partida do BCAÇ 3833 para a metrópole no navio Uíge, que ocorreu em Dezembro de 1972, fui colocado no quartel do Depósito de Adidos,  em Brá. Naquele Batalhão pertenci à CCAÇ 3306 colocada em Jolmete, para onde fui em rendição individual.

No Depósito de Adidos, para além do serviço na Secção de Justiça como escrivão, tinha também, periodicamente, para além dos serviços inerentes à Unidade, a missão de fazer Sargento de Dia à Casa de Reclusão Militar.

Lembro-me que no primeiro dia em que isso aconteceu, no Render da Guarda tinham desaparecido 12 reclusos, que entretanto ao longo da semana foram voltando. Na segunda vez desapareceram mais 5, que mais tarde também voltariam a aparecer.

Esta era uma situação comum com outros camaradas que faziam esse mesmo serviço, que igualmente se queixavam e viviam o problema.

Nunca ninguém (pelo menos no meu tempo) chegou a saber ao certo por onde os presos fugiam, só sei que eles saíam para ir ao Pilão a Bissau (às “meninas”) e deliciarem-se com alguns petiscos, e que mais tarde voltavam sempre (alguns obviamente eram apanhados pela PM). 

Tive alguns dissabores (ameaças de levar uma “porrada” se os reclusos não aparecessem), pelo que, a partir de determinada altura e por sugestão de outros camaradas mais antigos (inclusivé de um 1.º Sargento), combinei com um dos reclusos (o mais velho, um Fuzileiro com a alcunha de “Grelhas” e que se dizia havia tido um “confronto directo” com o cor paraquedista Rafael Durão, tendo este como consequência partido uma mão), para fazer uma “escala de saída”, com a condição de todos estarem presentes ao Render da Guarda.

Remédio santo, ou seja, nunca mais faltou nenhum recluso quando estava de serviço.
A esta distância parece caricato, mas o que é certo é que a “medida” funcionou (para mim e para os reclusos).

O meu relacionamento com a maioria dos reclusos era regra geral muito cordial e sem grandes problemas. Alguns eram considerados como “perigosos” por terem cometido crimes com alguma gravidade no teatro de operações ou no interior das suas unidades, mas sinceramente nunca observei nada que me levasse a acreditar nessa perigosidade ou a ter receio fosse do que fosse.

Relembro que, na sua maioria, eram camaradas nossos que pelos mais diversos motivos haviam caído nesta situação. De qualquer forma não deixavam de o ser (camaradas), pelo que assim sempre os considerei, embora com as limitações a que a situação obrigava.

Quando já me faltavam escassos 3 meses para acabar a comissão, por ter discordado de uma ordem mal dada por um oficial (o que viria a ser confirmado) e chegado a via de factos, fui castigado com 5 dias de detenção. Só não apanhei 5 dias de prisão porque tinha dois louvores e tive vários Furriéis e Sargentos que presenciaram os factos a testemunharem em meu favor.

Foi-me na altura dito pelo então Comandante do Depósito de Adidos, um tal Major Francisco Ferreira, de alcunha “o Galo”( por andar sempre todo emproado, usava um boné à Hitler), que eu tinha razão, mas que a democracia ainda não tinha chegado à tropa (sic), e que a ordem de um superior, mesmo mal dada, era para ser sempre cumprida.

Como consequência, fui ainda castigado com o ter de fazer a guarda de honra ao General Spínola, na sua última deslocação a este aquartelamento, o que para mim na altura até foi mesmo uma honra.

Lembro-me que, no 2º semestre de 1973, era já grande a tensão entre as NT, principalmente por acontecimentos como os de Guileje e Guidaje (entre outros), factos dos quais íamos tomando conhecimento por relatos dos camaradas que pelo Depósito de Adidos iam passando.

O facto de o PAIGC possuir os mísseis terra-ar Strela, passou a ser um grande problema para a nossa força aérea. Também me recordo de Bissau começar então a ser cercada de arame farpado e da colocação de minas nalgumas zonas da sua periferia, e de nos ter sido comunicada a possibilidade de podermos vir a sofrer em qualquer altura um ataque por terra ou por ar, por também constar que o IN já possuía os famosos MiG.

Isto passou-se perto do final de Dezembro de 1973, altura em que terminei a minha comissão e regressei a Portugal.

Esclareciment posteriro do autor, em comentário a este poste P23397:

De: Augusto Silva Santos

Olá, Luís e restantes Camaradas!

A propósito desta republicação, importa agora esclarecer que o nosso camarada "Grelhas" não era Fuzileiro, como na altura me fizeram acreditar, mais sim Soldado de uma CCaç., que agora não consigo identificar. 

[O "Grelhas" pertencia à CCS/BCAÇ 2930, Catió, 1970/72, segundo informação do camarada Rolando Rodrigues, no Facebook da Tabanca Grande, 29/6/2022] 
 
Através do nosso camarada Albino Jorge Caldas, que pertenceu à CCaç 3518, "Marados de Gadamael", (1971/74) e, por mero acaso, vim a tomar conhecimento que o famoso "Grelhas", de seu nome próprio Armando, era taxista no Porto, tendo-me inclusive facultado o seu contacto telefónico.
 

[ No Facebook da Tabanca Grande, 29/6/2022, o Albino Jorge Caldas confirma que o "O Grelhas hoje é taxista na cidade do Porto, sempre em forma e pronto para umas confusões se necessário."]

Após animada conversa relembrando velhos tempos e peripécias, o nosso amigo Armando "Grelhas" acabou por me confidenciar que as "saídas" eram conseguidas através de uma chave falsa de uma porta não controlada, da qual era portador. Era também ele que se encarregava de elaborar a "escala" de saídas (poucos de cada vez, para não dar nas vistas).

Embora sem ter total conhecimento do "esquema" montado, confesso que na altura foi algo que, após duas situações menos agradáveis, me deixou mais confortável (se assim se pode considerar), pois o amigo "Grelhas" nunca mais permitiu que algum recluso faltasse aquando do render da guarda, sempre que eu estava de serviço.

Forte Abraço para todos!

29 de junho de 2022 às 22:29




Guiné > Bissau > Brá > Depósito de Adidos > Casa de Reclusão Militar > Março de 1973 > O "carcereiro" em alegre e franco convívio com alguns reclusos por ocasião de um aniversário. "O camarada ao fundo, de óculos e barba, é o Carlos Boto, já aqui referenciado por outros camaradas"... Vê-se que está de gravador na mão, recolhendo declarações de outro camarada, possivelmente o aniversariante e ambos... reclusos. O Carlos Boto deve seguido depois para Cabuca, onde animaria a rádio local "No Tera" (A nossa Terra)... Ainda hoje os seus camaradas desse tempo (2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74) andam à procura do seu paradeiro...


Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 29 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23395: A(r)didos e mal pagos: histórias pícaras da nossa guerra (1): Luanda, Depósito de Adidos de Angola, o oficial de dia e o preso cabo-verdiano (Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil, CCAÇ 3535 / BCAÇ 3880, 1972/74)

(**) Vd. poste de 22 de setembro de  2013 > Guiné 63/74 - P12070: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (14): A minha passagem pelo Depósito Geral de Adidos, em Brá

(***) Último poste da série > 13de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18313: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (48): Clube de Cabuca

(...) Na Guiné e, também, em teatro de guerra, se viveram grandes momentos de paródia guerreira, relatados na Rádio “No Tera”.

(...) O seu grande dinamizador foi o despromovido Carlos Boto, que, condenado disciplinarmente, cumpria a sua 3ª comissão de serviço.

Foi ele quem pediu ao Cap Vaz o aparelho de rádio RACAL que, devidamente afinado, passou a transmitir em onda curta 25 M, nas bandas dos 12.900 e 13.700 KHZ/s. Transmitia ainda em 31 M na banda dos 9.200, na onda marítima e na onda média.

A rádio era liderada por Carlos Boto (Produção, Direcção e Montagem), e contava com a colaboração de Zé Lopes (Discografia),Toni Fernandes (Sonoplastia), Arménio Ribeiro (Exteriores) e Victor Machado (Locução). (...)


Vd. também poste de 15 de março de  2012 > Guiné 63/74 - P9607: O PIFAS, de saudosa memória (9): Dois terços dos respondentes da nossa sondagem conheciam o programa e ouviam-no, com maior ou menor regularidade...

(...) No redescobrimento do PIFAS, cujos artigos tenho lido com alguma sofreguidão, pois sempre que possível lá o conseguíamos sintonizar, não posso deixar de recordar que também nós, no “buraco” que era Cabuca, também tínhamos uma estação de rádio, que com alguma dificuldade era ouvida em Bissau!

Na verdade, fruto de um engenhoso camarada, de nome CARLOS BOTO, com a excepcional ajuda do Fur Mil de Transmissões Henriques, também a 2ª Cart/Bart 6523 tinha a sua estação de rádio que transmitia em ONDAS CURTAS nas frequências 41m - na banda dos 8000 Khc/seg e 75m - na banda dos 4100 Khc/seg, que emitia directamente de Cabuca todos os dias das 19h30 às 23h00.

Tal só foi possível, graças a um generoso e eficaz trabalho de antenas, apoiadas num “Racal”, pelo pessoal das Transmissões, tendo-se então criado um estúdio improvisado, que com o recurso a um gravador de fitas e a um velho microfone difundia um excelente programa diário.

A estação chamava-se NO TERA. Tinha a discografia do Zé Lopes, a sonoplastia do Toni Fernandes, os exteriores do Arménio Ribeiro, a locução do Quim Fonseca (este vosso camarigo) do Victor Machado e esporadicamente do António Barbosa e a produção, montagem e apresentação estava a cargo do CARLOS BOTO.

Dos programas emitidos, relembro os seguintes :

- Publicidade em barda ;
- Serviço noticioso ;
- Charlas Linguísticas ;
- O folclore da tua terra ;
- Espectáculos ao Vivo ;
- Concursos surpresa e,
- MÚSICA NA PICADA, entre outros.

E, como nota de rodapé, gostaria que algum dos Camarigos, designadamente os que ainda estão hoje ligados á rádio , nos ajudassem a descobrir o CARLOS BOTO, já que todas as nossas diligências para o encontrarmos, se têm mostrado infrutíferas.

Finalmente e com a promessa de voltar à carga sobre a nossa Rádio NO TERA, gostaria de referir ainda um episódio que nos encheu de alegria, já no distante ano de 1973, quando ao ouvirmos o PIFAS, a nossa rádio foi referida como tendo sido audível em Bissau! O pessoal rejubilou de alegria e sentimo-nos então muito mais motivados para melhorar os nossos programas, já que corríamos o risco de sermos ouvidos, quem sabe, pelas bandas do QG…!

(...) Ricardo Figueiredo (ex-Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74) (...)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22797: O meu sapatinho de Natal (8): os últimos cinco Natais (, de 2021 a 2017), pelo nosso "poeta todos os dias", o 1º srgt art ref Silvério Dias, também conhecido como radialista do Pifas ou "senhor Pifas"


Oeiras > Galeria-Livraria Municipal Verney > 4 de março de 2017 > 15h00 - 16h30> A antiga equipa que deu voz e alma ao PIFAS: o primeiro sargento Silvério Dias (nosso grã-tabanqueiro nº 651) e a famosa "senhora tenente", sua esposa. (*)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O nosso camarada o Silvério Dias, o 1º srgt ref, radialista do PIFAS, é um cso extraordinário de "resistência e resiliência" contra os "males da idade"...Diz-nos ele: "Vou caminhando em passo lento para os 88. Corpo cansado mas com a mente ligeira. Poesia todos os dias no blogue que se conhece."



É o autor do blogue "Poeta todos os dias", que ja existe desde 2011 e onde todos os dias, publica um, dois, três, quatro , cinco ou seis apomtamentos poéticos, em geral, quadras populares, sobre temas do quotidiano... Já tevee mais de 363 mil vizualizações de páginas. Apresenta-se nestes termos singelos: "Sou da Beira; ex-militar; India,Moçambique e Guiné. Na velhice o vicio da poesia, e o amor que me une às boas tradições beirãs".

Natural de Sarnadinha, Vila Velha de Ródão, é autor do livro  de poesia "Neste lugar onde nasci" (2017) (, apresentado na 
Biblioteca Municipal de Vila Velha de Ródão em 23 de março de 2017).


Recorde-se aqui o seu percurso de vida:

(i) ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra, 1967/69;
(ii) 1º srgt art, locutor do PFA, 'Pifas', Bissau QG/CTIG, 1969/74, onde trabalhou com Ranalho Eanes e Otelo, entre outros;
(iii) civil, foi delegado de propaganda médica, 1974/76, em Bissau;
(iv) hoje, 1º srgt art ref; beirão, casado com a "senhora tenente", também do 'Pifas'; vive em Oeiras.


2. Dblogue "Poeta Todos Dias", reproduzimos, com a devida vénia,  os seguintes versos, alusivos ao Natal, ou ao período natalício, e referentes aos últmos cinco anos: 2021, 2020, 2019, 2018 e 2017. 

É uma pequena antologia, e também uma singela homenagem, da Tabanca Grande, so senhor PIFAS, com votos que não lhe falte a ele, e à senhora "tenente", motivos para continuar a celebrar, em verso (e com o humor q.b.),  a vida e o amor.


O PRESÉPIO  [2021]

Desde sempre, original,
no assinalar o Natal.
Enlevo dos mais pequenos,
elaborado pelos adultos,
é um dos maiores cultos.
De longa data, os conhecemos.

O tive, quando criança,
sempre na ardente esperança
da dádiva do Deus-Menino.
Sapatinho na chaminé,
animado da maior fé,
a noite num desatino ...

Veio depois o Pai Natal,
sem dúvida bem desigual.
Bonacheirão, barba branca
e de vermelho trajado,
um novo modo, inventado,
à ignorância, fazendo estampa!

É, o "Natal Comercial",
novidade mas irreal,
visando o lucro vantajoso.
Uma explosão de alegria,
a que falta, a nostalgia
do simples, tão gostoso ...

Ainda guardo Presépio antigo.
Feito por mim, o bendigo.

Poeta Todos os Dias, 9 de dezembro de 2021, 08:58

UMA HISTÓRIA DE NATAL  [2020]

Brilhavam nos altos Céus
milhares de belas estrelas
quando a palavra de Deus,
as chamou a todas elas.

Lhes disse de modo brando:
"Tereis missão a fazer.
Uma de vós, a meu mando.
Ir ver, meu Filho que vai nascer".

Respondeu a Estrela do Norte:
"Senhor, poderei ser eu.
Dai-me, uma luz bem forte"...
E foi assim que aconteceu.

O Senhor Todo Poderoso
indicou qual a missão:
Guiar de modo cauteloso
uns Magos de adoração.

Iluminando esses Reis
por terras de Galileia,
até Belém, como sabeis,
foi cumprida a odiseia.

Satisfeita a vontade de Deus,
nascido o Menino Jesus,
que seria Rei dos Judeus
e morreu, pregado na cruz.

Após isso, pelo Natal,
quem elevar a vista ao Céu,
verá, bela e sempre igual,
estrela que nunca morreu!


Bastará acreditar,
com toda a fé, no altar.

Poeta todos os dias, 22 de dezembro de 2020, 9:36

NATAL BEIRÃO  [2019]

Celebrar o Natal Beirão,
Na mais pura tradição,
Impõe o fritar as filhós,
Assistir à "Missa do Galo"
E sentir todo esse regalo,
Que junta netos e avós.

Bem assim, toda a Família,
Na Santa Noite da Vigília.

Poeta Todos os Dias 16 de dezembro de 2019, à(s) 07:40


POSTAIS DE BOAS FESTAS  [2018]


Feliz Natal, a celebrar.
Quem, por mal, apenas
Se ficou, só no desejar,
Carpindo, ais e penas,

Pois, nessa desgraça,
Compaixão se lhe faça.

Aos que não têm festa
E só Esperança lhes resta,
Estou com eles e neles penso.
Pela Fé, sejam "alimentados"
E possam ver, ultrapassados,
Os motivos, do bem suspenso.

Este novo,festejado Natal,
Terá mais luz e muita cor
Mas ganhou, por nosso mal,
O que se perdeu, em Amor.

Do Presépio da simplicidade
Ao fausto do esbanjamento,
Perdeu-se, a notável verdade
Da noite de encantamento.

Anunciada a boa nova
De que o Menino nasceu
O poeta compôs a trova
E esta quadra apareceu.

Poeta todos os dias, 23 de dezembro de 2018,0 9:07

FESTA DO NATAL [2017]


Terminada a festa,
É ver o que lhes resta,
No saldo em carteira.
Quem muito gastou,
Além do que ganhou,
Decerto fez asneira!

Virá agora o malparado
E nem sequer o ordenado
Dará para tapar o buraco.
Na era do consumismo,
Não se encara com realismo,
Esta verdade, que destaco!

Poeta Todos os Dias 26 de dezembro de 2017, à(s) 11:45

[Seleção, revisão, fixação de texto, para efeitos de edição deste poste no blogue: LG] (**)

___________

Notas do editor:


segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22426: Tabanca Grande (523): O cap art Otelo Saraiva de Carvalho, com quem trabalhei na Rep ACAP, QG/CCFAF, em 1971, ao tempo do major inf Ramalho Eanes e do ten cor inf Mário Lemos Pires (Ernestino Caniço)... Em sua memória,.é reserado o lugar nº 846, à sombra do nosso poilão


Foto 1 > Guiné > Bissau > Amura > QG / CC FAG > Rep ACAP (Assuntos Civis e Acção Piscológica) > 1971 > Uma foto histórica: o  Major Ramalho Eanes (Diretor da Secção de Radiodifusão e Imprensa). à ponta esquerda; o ten cor Lemos Pires (chefe da repartição), na ponta direita;  o alf m,il Ernestino Caniço está ao centro, na segunda fila.



Foto 1A > Guiné > Bissau > Amura > QG / CC FAG > Rep ACAP (Assuntos Civis e Acção Piscológica) > 1971 > Uma foto histórica: o  Major Ramalho Eanes, de óculos de sol  (Diretor da Secção de Radiodifusão e Imprensa). à ponta esquerda; o ten cor Lemos Pires (chefe da repartição), na ponta direita;  o alf mil Ernestino Caniço está ao centro, na segunda fila.



Foto 1B > Guiné > Bissau > Amura > QG / CC FAG > Rep ACAP (Assuntos Civis e Acção Piscológica) > 1971 > Uma foto histórica:   na segunda fila, o  então capitão de artilharia Otelo Saraiva de Carvalho, na ponta esquerda, na segunda fila; ao centro, o terceiro a contar da direita deve ser o então já ten cor Luz Almeida (, será comandante da Polícia Militar em 1973).


Foto 2 > Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > QG/CCFAG > 1971 > Rep ACAP (Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica)  > Departamento de Fotocine > Ao centro, o Cap Art Otelo Saraiva de Carvalho e à sua esquerda o Alf Mil Cav Ernestino Caniço, seu colaborador.


Fotos (e legendas): © Ernestino Caniço (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 
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1. Mensagem do nosso camarada Ernestino Caniço (ex-Alf Mil Cav, Comandante do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa; Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, Bissau, Fev 1970/DEZ 1971, hoje médico, e que aos  77 anos teima em continuar ao serviço dos outros de acordo com o seu juramento hipocrático; vive em Tomar, estando reformado do SNS):


Date: sexta, 30/07/2021 à(s) 17:59
Subject: Otelo

Amigo Luís Graça:

Perante o teu convite para umas referências à Rep ACAP, a propósito do Coronel Otelo Saraiva de Carvalho, pela sua empatia, munificência e humanismo, vou espichar algumas linhas, tentando que, após meio século, não seja atraiçoado pela memória.

Como já tinha referido,  fiz parte da Rep ACAP, no QG/CCFAG, na Fortaleza da Amura -Bissau no ano de 1971. À data era chefe da repartição o Major Lemos Pires (posteriormente promovido a Tenente Coronel).

Faziam parte, com funções de relevo, o Major Ramalho Eanes, o Major Luz Almeida, o Capitão Otelo Saraiva de Carvalho, o Alferes Arlindo Carvalho e o 1º Cabo João Paulo Dinis.

O Major Ramalho Eanes era o Diretor da Secção de Radiodifusão e Imprensa do Comando-Chefe. Com ele partilhei a responsabilidade da biblioteca, além de outros contactos nas nossas funções.

Na manobra psicológica em curso no T.O.  o Capitão Otelo era Relações Públicas por mim coadjuvado e dentro da missão da Rep ACAP, com enfoque nos contactos internacionais, acompanhando figuras proeminentes, nomeadamente jornalistas, atores, senadores, etc., instalando-os e preparando programas, que o Tenente Coronel Lemos Pires apresentava ao General Spínola.

O louvor que me foi atribuído pelo Agrupamento de Bissau, foi redigido pelo Capitão Otelo por indicação do Tenente Coronel Lemos Pires.

Para a entrada na ACAP (após a desativação do meu pelotão Daimler) tinha-me sido destinado a Secção de Assuntos Civis. À minha chegada e pelos contactos anteriores, entendeu o Major Lemos Pires que eu tinha perfil para a Ação Psicológica, pelo que me colocou na Secção de Operações Psicológicas, dirigida pelo Major Luz Almeida

Competia-me então (entre outros) dar apoio logístico ao General Spínola, Governador e Comandante Chefe,  nas suas intervenções nas populações, bem como a feitura de ofícios para as entidades civis e militares por determinação do chefe da repartição. 

Numa outra área intervinha na sensibilização das populações, nomeadamente através de
obras e estruturas efetuadas pelas nossas tropas. A gestão e fruição destas informações estavam a cargo do Alf mil Arlindo Carvalho, de acordo com as normas emanadas superiormente e com a supervisão do Major Ramalho Eanes.

O 1º Cabo João Paulo Diniz animava a rádio das Forças Armadas na Guiné-Bissau, sendo locutor no Pifas (Programa de Informação para as Forças Armadas).

Espero ter correspondido ao solicitado.

Um abraço, Ernestino Caniço

Médico – Chefe Serviço MGF
Gestor Serviços Saúde – Ordem Médicos
Pós Graduação em Direito da Medicina – Faculdade Direito Universidade de Coimbra

2. Comentário do editor L.G.:

Dois camaradas, o José Belo e o Ernestino Caniço, já aqui fizeram o elogio fúnebre do cor art Otelo Saraiva de Carvalho (1936-2021), que fez duas comissões de serviço em Angola e a última na Guiné (1970/73). (*)

Independentemente do seu lugar na nossa História, ele aqui é tratado como qualquer outro "camarada da Guiné", desde que tenha referências no nosso blogue. E o Otelo tem quase duas dezenas

O Ernerstino Caniço, que trabalhou com o Otelo, em 1971, já tinha feito questão de "o ver aqui sentado, à sombra do poilão da Tabanca Grande, embora infelizmente a título póstumo."

E aqui vai o nº que lhe coube, à sombra do nosso poilão, o lugar nº 846 (**). Obrigado ao Ermestino Caniço pela sua resposta à nossa sugestão para escrever alguns linhas sobre a ACAP e o Otelo, bem como pelas preciosas fotos que partilhou connosco.

No seu "site", "Poeta Todos os Dias", outro camarada que  trabalhou com o Otelo (e com o Eanes), o Silvério Dias, o 1º srgt ref, radialista do PIFAS, escreveu os seguintes versinhos sobre o Otelo, na passada quarta-feira, 28 de julho:

O Otelo faleceu

Segundo li no jornal
não haverá luto nacional
para o mentor da Revolução.
Dele ficará, pois, "enfermo".

Este, será, um termo
que indico como senão.
Mas já consta da História,
à margem da reles escória.

O povo não o esqueceu.
À despedida, acorreu.

____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


25 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22404: In Memoriam (400): O Otelo Saraiva de Carvalho (1936-2021) que eu conheci... Ou "As armas e as mãos - Carta ao Otelo amigo" (José Belo, cap inf ref, Lapónia, Suécia)

25 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22402: In Memoriam (399): Coronel Otelo Saraiva de Carvalho (1936 - 2021), autor do Plano de Operações do 25 de Abril de 1974 e que cumpriu uma comissão de serviço na Guiné entre 1970 e 1973

(**) Último poste da série > 22 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22394: Tabanca Grande (522): Ildeberto Medeiros ex-1º cabo condutor auto, CCAÇ 2753, "Os Barões" (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim/K3 e Mansabá, 1970/72): açoriano de Ginetes, Ponta Delgada, a viver em New Bedford, senta-se no lugar nº 845, à sombra do nosso fraterno e sagrado poilão

domingo, 20 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21668: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (16): A pensar nos meus antigos ouvintes... O Pifas, lembram-se?! (Silvério Dias, 1.º srgt art ref, locutor do PFA, QG/CTIG, 1969/74)


O Pifas... Lembram-se ?!

Foto: © Silvério Dias (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Silvério Dias, com data de hoje, às 17h35:

Boas festas... "Poderá até ser diferente, / Mas Natal, sempre!"...

A pensar nos meus antigos ouvintes... [vd. imagem acima]


Silvério Dias:

(i) ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra, 1967/69;

(ii) 1º srgt art, locutor do PFA, 'Pifas', Bissau QG/CTIG, 1969/74; 

(iii) civil, delegado de propaganda médica, 1974/76, em Bissau;

(iv) hoje, 1º srgt art ref; beirão, casado com a "senhora tenente", também do 'Pifas']

 (v) autor do blogue "Poeta Todos Dias", donde reproduzimos os seguintes versos, publicados ontem:

Fiz Parte da Lista

Também estive infectado.
Felizmente, fiquei curado,
desse vírus, ao momento.
Tive efeitos indesejáveis,
cuidados por mãos hábeis.
Sumiram, no tratamento.

No Hospital das Forças Armadas,
as melhoras tão desejadas.
Será pois, bem natural
que a todos deseje "Bom Natal"!

__________

Nota do editor:

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20396: (D)o outro lado do combate (53): Quando um comando das FARP, da Frente Nhacra / Morés, destruiu, em 6 de maio de 1972, o centro emissor regional de Nhacra...(Comunicado do PAIGC, em francês, assinado por Amílcar Cabral)... Afinal, a propaganda era uma arma, tão ou mais eficaz que as minas A/C, a Kalash, a "costureirinha", o morteiro 120 ou o RPG 7... Nesse aspeto, a "Maria Turra" ganhava ao "Pifas"...



Fotografia de Amílcar Cabral (1924-1973). Fonte:  "O Nosso Livro - 2ª Classe", manual escolar do PAIGC. O livro foi "elaborado e editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné" (sic). Tem o seguinte copyright: 1970 PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)... A primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares (!). Foi, além disso, impresso em Uppsala, Suécia, em 1970, por Tofters/Wretmans Boktryckeri AB.

Citação:
(1972), "Comunicado do PAIGC sobre o ataque das FARP à estação emissora portuguesa de Nhacra", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_42407 (2019-11-28)



1. Comunicado do PAIGC,  em francês, com data de 11 de maio de 1972, assinado pot Amílcar Cabral, Secretário Geral, dizendo o seguinte [Tradução: LG]:


"Pondo em prática uma decisão tomada recentemente pelo Conselho de Guerra do nosso Partido, uam unidade de comandos das Forças Armadas regulares da Frente Nhacra-Morés, atacou com sucesso, na noite de 6 de maio [de 1972], a nova estação emissora de 100 KW (ondas média e curta), instalada pelos colonialistas portugueses em Nhacra, a 25 km da capital, Bissau. A maior parte das instalações ficaram destruídas, não tendo os nossos combatentes sofrido nenhuma baixa.

Lembramos que esta potente estação emissora, oferta às autoridades coloniais do nosso país pelos colonos de Angola, estava em funcionamento deste janeiro último, tendo sido  e acabava de ser inaugurada pelo ministro português Silva e Cunha  na mesma altura em que a Missão Especial das Nações Unidas se encontrava de visita às regiões libertadas do Sul do nosso país". 

Fonte: Casa Comum (com a devida vénia...)
Pasta: 07197.160.011
Título: Comunicado do PAIGC sobre o ataque das FARP à estação emissora portuguesa de Nhacra
Assunto: Comunicado do PAIGC sobre o sucesso do ataque de uma unidade de comandos das FARP (Frente Nhacra-Morés) à estação emissora portuguesa de Nhacra.
Comunicado assinado por Amílcar Cabral.
Data: Quinta, 11 de Maio de 1972
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Documentos.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos


2. O PFA - Programa das Forças Armadas (, popularmente conhecido por PIFAS)  era emitido a partir de Nhacra, a 25/30 Km de Bissau, onde se situava o emissor regional da Guiné, que integrava a rede da Emissora Nacional de Radiodifusão (*).

Recorde-se que em 1969, no governo do Marcelo Caetano, e sendo ministro do Ultramar, Silva Cunha, foi integrada, na Emissora Nacional de Radiodifusão, a até então chamada Emissora Oficial da Guiné Portuguesa, pelo Decreto-Lei nº 49084, de 16 de junho de 1969.

Segundo o art. 1º daquele diploma legal, "é autorizada a Emissora Nacional de Radiodifusão a instalar um emissor regional na província da Guiné" (art. 1º). Por outro lado, passava a competir " à Emissora Nacional de Radiodifusão, através do Emissor Regional da Guiné, assegurar todo o serviço de radiodifusão indispensável à satisfação das necessidades da província e à salvaguarda e defesa dos interesses nacionais, substituindo, em matéria de radiodifusão, a actividade até agora exercida pela Emissora Oficial da Guiné Portuguesa, anteriormente designada por Emissora Provincial da Guiné Portuguesa" (art. 2º).

Em Abril de 1972, aquando da visita do ministro do Ultramar, Silva Cunha, foi inaugurado o novo centro emissor de Nhacra, capaz de fazer frente às "potentes emissoras de Dakar e Conakry, onde a propaganda do PAIGC ocupa lugar proeminente - em tempo de emissão" (...).


3. Nesse ano de 72, e segundo informação do nosso camarada Eduardo Campos (, ex-1º Cabo Trms da CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74), Nhacra e o centro emissor terão sido flagelados duas vezes: 

"(...) Fomos informados que Nhacra e o Centro Emissor foram flagelados pelo IN duas vezes: a primeira ao tempo da CCAÇ 3326, em Maio de 1972, por um grupo equipado com armas automáticas e RPG-2 e 7, e a segunda em Agosto de 1972, utilizando também um canhão s/r. Em ambos os casos sem qualquer consequência material ou pessoal para as NT". (**)

Em 21 de janeiro de 1974, um ano e meio depois das flagelações acima referidas, um grupo de jornalistas de jornais diários de Lisboa (Diário de Lisboa, Diário de Notícias, Agência Lusitânia) e repórteres da RTP visitam, de noite,  o centro emissor de Nhacra, em Bissau... 

O vídeo (5' 29'') pode ser visto aqui, no sítio RTP Arquivos: sem som, é mudo, acrescente-se (e para licenciar o conteúdo, o Arquivo da RTP exige-me 15 euros...). A peça passou no "noticiário nacional" da televisão pública, em janeiro de 1974. Estranha-se que a visita  tenha sido feita à noite: em todo caso, o equipamento técnico parece estar em bom estado. Não sabemos se, depois das duas flagelações ao centro emissor em 1972,  houve mais alguma até ao final da guerra.

Não havendo fontes independentes, não podemos confirmar a existência de eventuais estragos no centro emissor de Nhacra, provocado pela flagelação do alegado comando das FARP da frente Nhacra-Morés, em 6 de maio de 1972. 

Em todo o caso, o comunicado do PAIGC afirma categoricamente que "a maior parte das instalações ficaram destruídas",  o que era, sabemo-lo hoje, uma mentira descarada.  Quem ia passear a Nhacra, e quem estava em Bissau, ou até no interior do territória e ouvia o PIFAS,  sabia que o centro emissor não fora afetado. 

Amílcar Cabral não costumava validar os "relatórios" da atividade da guerrilha, que lhe mandavam do interior para Conacri. Nem tinha meios para o fazer. Nem estava interessado em fazê-lo. Por seu turno, os comissários políticos e os comandantes da guerrilha, no interior, todos queriam "mostrar serviço"... A propaganda era um arma, tão ou mais eficaz que as minas A/C, a Kalash,  a "costureirinha", o morteiro 120 ou o RPG 7... E nesse aspeto, em matéria de propaganda, Amílcar Cabral e a "Maria Turra" (Rádio Libertação) ganhavam, de longe, ao Spínola, à Emissora Nacional e ao PIFAS. (**)...Todos mentíamos, mas o PAIGC mentia mais descaradamente...

_______________

(**) Vd. poste de 30 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 – P5729: Histórias do Eduardo Campos (7): CCAÇ 4540, 1972/74 - Somos um caso sério (Parte 7): Nhacra 2

(***) Último poste da série > 25 de julho de  2019 > Guiné 61/74 - 20010: (D)o outro lado do combate (52): O T-6G FAP 1694 e o cap pilav João Rebelo Valente, desaparecido em 14/10/1963, na região do Óio- Morés (Jorge Araújo)

sábado, 11 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19774: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (17): felizmente, estou vivo; infelizmente, não posso estar com vós, em Monte Real, dia 25 (Luís de Sousa, Garcez Costa, Mário Santos, Jorge Coutinho, Manuel Coelho, Valdemar Queiroz, Manuel Vaz, José Manuel Alves, Mário Serra de Oliveira e Paulo Salgado)



Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > O nosso homem do PIFAS, o Garcez Costa, ex-fur mil... Os outros dois representantes do PIFAS, com "morança" na Tabanca Grande, Silvério Dias e João Paulo Dinis, não estão estão inscritos no XIV Encontro Nacional, Monte Real, 25 de maio de 2019...  O Garcez ainda não sabe se pode vir...O João Paulo Dinis não vem. Do Silv´rio Dias (e da "senhora tenente" não tenho notícias,,,

Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. Mais 10 camaradas e amigos, com "morança" na Tabanca Grande, que felizmente estão vivos, mas que infelizmente não poderão estar connosco em Monte Real, no dia 25 de maio, sábado... Registe-se com agrado e apreço o seguinte: tiveram a gentileza de responder ao nosso convite... 

Entretanto, temos um novo prazo para inscrições dos "retardatários": dia 15,  4ª feira, até às 24h00... Temos, até ao dia 10, sexta-feira, 94 inscrições...


1. Luís de Sousa, 4 de maio de 2019, 14h46

Olá, muito obrigado pelo contacto e respectivo convite.

Estou, de facto, (ainda) vivo mas não conseguirei de certeza me deslocar a Monte Real como seria o meu desejo.

Para todos desejo uma belíssima jornada.
Luis de Sousa
2. Tony Sacavém [Garcez Costa], 4 de maio de 2009, 16h23

Ainda não sei da minha presença, com o  fim de semana agendado antecipadamente mas que poderá não ser cumprido. Aproveito oportunidade de te remeter endereço electrónico do José Manuel Barroso (sobrinho de Mário Soares/Maria Barroso) e que foi o tal 'que fechou as portas do Pifas em 1974'. Se lhe fizeres o convite é capaz de comparecer [...]

Abraços,

3. Mário Santos, 4 de maio de 2019, 16h32

Meus caros amigos e antigos camaradas da Guiné.

A minha actual residência ( Loulé, Algarve) impossibilita-me de estar atempadamente presente como seria meu desejo.

Sou um assíduo, frequentador dos convívios da Tabanca da Linha, onde ainda não falhei um único encontro da Tertúlia desde que me fiz membro em 2017...

Desejo-vos a todos uma alegre, saudável e feliz confraternização.
Saudações especiais aos meus antigos camaradas FAP.


Tudo de bom, e espero ainda um dia vir a poder estar convosco.

Grande abraço, Mário Santos

4.  Jorge Coutinho, 4 de maio de 2019, 17h11

Amigos

Mais uma vez quero agradecer o convite, mas ainda não vai dar... Já tive de recusar o Encontro organizado pela 1ª. Compnhia do 4610, pois tenho uns dias a seguir uma deslocação grande, e não me convém fazer desvios nessa altura.

Um abraço para todos, e bom convívio!!!
Jorge Coutinho

5. Manuel Coelho, sábado, 4/05/2019, 18h02



Mantenho-me por cá e os meus dados não sofreram alterações. Não vou ao convívio.
Um  abraço para todos, Manuel Coelho

6. Valdemar Queiroz, 4 de maio de 2019, 18h03

Luis, a  minha resposta:

Estou vivo, gostaria de ir mas não vou.

Não vou por que nesse mesmo dia, também, a minha CART 2479 / CART 11, faz o seu encontro/almoço anual.

Este nosso evento é sempre feito no último sábado do mês de Maio e, desta vez, o encontro vai ser nas Caldas da Rainha, seguindo para a Tornada, com almoço no Restaurante 'O Cortiço' e espero ter a habitual pachorra do Abílio Duarte de fazer o favor de ser o 112 para me levar e trazer do 'anofelino tratamento'..

Mas, por problemas de saúde não iria ao grande encontro da nossa Tabanca Grande, em Monte Real , que é o grande encontro/convívio da rapaziada que esteve na guerra na Guiné.

Abraços e saúde da boa pra todos, Valdemar Queiroz

7. Manuel  Vaz, sábado, 4/05/2019, 21:29



Amigo Luís Graça:

Estou a responder, logo estou vivo, mas não estou cá nessa altura. Um abraço,  Manuel Vaz

8 José Manuel Alves, 5/5/2019, 11h03

Obrigado pela comunicação.
Gostaria de estar presente, mas não posso;
Que tudo corra bem

Um abraço a todos, J.M.Alves

9. Mario S. de Oliveira,5/5/2019, 10h06

Tal como o "defunto, antes de o ser" (palavras de um defunto antes de o ser)...ainda mexe! Abraço camarada Luis Graça. Já há tempos...e ainda bem que dá noticias. Assim, quando terminar "Bissaulonia", comuni

10. Paulo Salgado, sexta, 10/05/2019 à(s) 19:20
Meus caros camaradas,

Não sou um "habitué" nos encontros da Tabanca Grande - do que me penitencio. Infelizmente, tem calhado em momentos de afazeres domésticos ou familiares ou mesmo profissionais...apesar de aposentado. Direis que não programo convenientemente...

Desta feita, outro encontros - da minha companhia e dos professores - curso de 1962-1964.

Um abraço e boas recordações, Paulo Salgado

II. Em relação ao XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, dia 25 de maio, sábado, vamos continuar a receber inscrições até quarta-feira, dia 15, às 24h00...  

Recorde-se que a inscrição são 35 "balázios", com direito a:

Entradas + Almoço + Lanche ajantarado : Para as criancinhas, até aos 12 anos são só 18 "morteiradas"...

Para quiser ficar alojado  no Palace Hotel Monte Real (4 estrelas ) com pequeno-almoço incluído: Single: 50,00€ | Duplo: 60,00€

Inscrições a cargo de:

Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos): email:carlos.vinhal@gmail.com | telemóvel: 916 032 220

domingo, 7 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19080: (De)Caras (119): Marco Paulo, um dos nossos camaradas, hoje famosos, que passaram pelo CTIG... Era o 1º cabo escriturário João Simão da Silva, e foi colocado no QG/CCFAG, na Fortaleza da Amura


Guiné > Bissau > Junho de 1969 > Fortaleza da Amura >   QG/CCFAG (Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné) > O Virgílio Teixeira, numa das vezes que foi ao QG / CCFAG, na fortaleza da Amura,  em data que já não pode precisar (c. 1967/68), encontrou no Bar de Oficiais o cantor Marco Paulo ("era 1.º cabo, e o responsável pelo Bar").


Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Houve camaradas nossos, que passaram pelo TO da Guiné, e que depois se tornaram famosos, nas suas atividades profissionais: políticos, artistas, desportistas, médicos, jornalistas, etc. Famosos, quer dizer, conhecidos do grande público... 

É o caso, por exemplo, do cantor Marco Paulo, que foi 1.º cabo escriturário, e que esteve colocado no QG/CCFAG (Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné), na fortaleza da Amura... Não sabemos a sua unidade, nem exatamente em que período lá esteve: talvez entre 1966 e 1968, cerca de 18 meses; e talvez em rendição individual.

Vários camaradas já referiram aqui o seu nome: 

O Hugo Guerra (ex-alf mil, hoje Coronel DFA, Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 50, Gandembel, Ponte Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70), encontrou o Marco Paulo, que ele não conhecia,  nos correios de Bissau, na época natalícia de  dezembro de 1968. Tiveram um pequeno "desaguisado" por causa dos botões da camisa (*)...

Por sua vez, o Virgílio Teixeira (ex-al mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, set 1967 / ago 1969) escreveu que, nas suas  visitas a Bissau,  foi várias vezes ao QG, na fortaleza da Amura , e que "numa delas encontrei no Bar de Oficiais o cantor Marco Paulo, que já o conhecia do Porto, morava perto de mim, e já começava a ser conhecido". E acrescenta: "ele era 1.º cabo, e o responsável pelo Bar, servia no balcão ele ou outros em serviço. (...) Depois acabou por dar espectáculos em alguns lugares da Guiné, mas eu nunca vi nem assisti a nenhum". (**)

O Virgílio Teixeira esclarece, em comentário (**), que "o Marco Paulo, já depois de chegarmos da Guiné, morava por aí perto de mim, ao lado da casa de uma irmã minha, e só por isso o via raramente, quando visitava a minha irmã [, no Porto]".

Também num blogue do Luís de Matos (ex-fur mil, da CCAÇ 1590 / BCAÇ 189, Os Gazelas, 1966/68), havia uma referência ao Marco Paulo: ele chegou a Bissau, a 11 de agosto de 1966 e foi dar uma volta à noite com vários camaradas, alentejanos.   O blogue já não está mais disponível na Net (o link era: http://luisdematos.blog.com/2007/7/) mas aqui vai um excerto (*)

(...) O furriel miliciano Charneca, que é natural de Beja, ou arredores, não sei bem, pertence à CCS do meu batalhão, o [BCAÇ]  1894, disse-me que há um nosso camarada, já 'velho', o que equivale a dizer que não é 'periquito', que está no rádio do Quartel-General com o Marco Paulo, um artista da rádio e da TV e também alentejano, de Mourão.Vamos lá ter com eles, para nos mostrarem como é isto. Ou pelo menos, aquele meu amigo vai connosco. Estava uma noite escura como breu. Não me recordo de mais nada. O que sei é que me vi dentro dum táxi, com o Charneca e o tal amigo do QG, por um trilho, em que o capim era bem mais alto que o nosso transporte e fomos parar a uma vivenda onde havia música. Muita música cabo-verdiana e dança, frangos no churrasco, cerveja e whisky. (...)


2. Em tempos publicamos dois extractos de entrevista com o Marco Paulo (, nome artistico de João Simão da Silva, nascido em Mourão,  na margem esquerda do Guadiana, Alentejo, em 21 de janeiro de 1945).  

Uma das entrevista era do  Correio da Manhã, de 9 de junho de 2007:

(...) –Fez tropa na Guiné durante dois anos. Do que se recorda?

– Recordo-me de ter pedido a todos os santos para não ir, acima de tudo porque eu sabia que se fosse para a Guiné possivelmente quando regressasse já não podia dar seguimento à minha carreira. A minha sorte foi que o meu produtor, Mário Martins [, da Valentim de Carvalho], fazia sempre questão que eu viesse de férias. Durante esse período eu gravava, e quando voltava para a Guiné a editora lançava o disco. Por isso nunca caí no esquecimento.

– Chegou a sentir medo?

– Quando cheguei à Guiné não foi fácil. Pensei: “Olha, vou para o mato. Levo lá um tiro na cabeça e pronto!” Só que fui para o quartel da Amura, para a secção de Justiça, como escriturário. Ouvia os bombardeamentos, mas não deu propriamente para sentir medo. Depois, como a rádio lá passava muitos discos meus, eu era aproveitado para abrilhantar as festas militares.

– Compreendeu, à época, as motivações daquela guerra?

– Eu não estava por dentro dos assuntos da política. Disseram-me que Guiné era Portugal e eu acreditei. Hoje, olhando para trás, vejo que foram dois anos perdidos.


Outra das entrevistas, com o Marco Paulo, "a propósito dos 35 anos de carreira e dos 3 milhões de discos vendidos". conduzida pelo jornalista e escritor Luís Osório, e publicada nas Selecções do Reader's Digest - Portugal - Revista, em nembro de 2011, pode ler-se:

(...) Luís Osório [LO] - Sei que está a comemorar mais um ano de carreira..

Marco Paulo [MP] - E são já 35 anos a cantar, imagine só. Tanto tempo que quase parece, bem, quase parece que a pessoa que sou hoje nada tem a ver com a pessoa que fui... Passei muitas dificuldades no início, não foram apenas rosas.

LO - Que tipo de dificuldades?

MP - No início tive de cumprir 18 meses de serviço militar obrigatório, depois tive também de viver com o que diziam e faziam os meus críticos. Durante muitos anos o meu nome esteve vetado na televisão. Fui muitas vezes mal tratado. (...)

(...) LO: Voltando um pouco atrás. Onde cumpriu o serviço militar? 


MP: Na Guiné. Quando fui para a guerra, já tinha gravado dois ou três discos, discos sem grande sucesso mas que passavam na rádio e que já vendiam alguma coisa. Ao regressar da guerra, não fazia ideia do que seria a minha vida no futuro, não era líquido que o meu futuro passasse pelas cantigas.

LO: Recorda o dia em que partiu para a guerra?

MP: Muito bem. No fundo, não sabia para onde ia. Foram dias muito inquietantes, mas por sorte acabei por ir parar a Bissau. Os meus pais choraram quando se despediram de mim, choraram tanto como eu. Aliás, lembro-me de ter chorado duas vezes na minha vida: nessa ocasião e quando me deram a notícia de que tinha um cancro. Não é nada fácil alguém me ver chorar, nada fácil mesmo.

LO: O estatuto de cantor beneficiou-o de alguma forma durante a Guerra Colonial?

MP: De forma nenhuma. Por sorte, não estive nos sítios onde se vivia a guerra, limitei-me a estar numa zona mais resguardada. Fui obrigado a ir. Estava numa secção de escritório a fazer cartas, para mim foram quase umas férias. Só me apercebia de que existia guerra quando me convidavam para ir cantar a algum hospital ou à Força Aérea; no sítio onde estava não percebia nada. Deu-me muito prazer cantar na Guiné, os meus camaradas pediam-me e eu nunca recusava. (...)

Infelizmente, não dispomos de nenhuma foto do nosso camarada Marco Paulo, do tempo da Guiné.  Nem conhecemos o "sítio oficial" do popular cantor (***).
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segunda-feira, 12 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18407: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, ago 73 /ago 74) (26): Os "animais, nossos amigos"...


Foto nº 1 > A mascote do pessoal, o "Pifas", um macaco-cão... acorrentado


 Foto nº 2 > "Selvajaria", escreveu o fotógrafo... posando para a fotografia com o "Pifas", de rabo para o ar...


Foto nº 3 >  Pequeno macaco-cão, que fazia parte dos "amigos"...


Foto nº 4 > Sem legenda...


Foto nº 5 > Sem legenda...


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Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 (1972/74) > 1973 > Macaco(s)...


Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mais fotos do álbum do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro nº 730, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1973, até agosto) e, no resto da comissão, comandante do Pel Caç Nat 52 (Stor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74). (*)


Lisboeta, tem raízes na Lourinhã, pelo lado materno. Durante a sua comissão no CTIG foi sempre um apaixonado pela fotografia... Fotografou quase tudo... até o pobre do macaco-cão, a quem o pessoal da CCAÇ 4740 chamava o "Pifas" , certamente por analogia com a mascote do Programa (radiofónico) das Forças Armadas...

Naquela época, havia, nos nossos aquartelamentos e destacamentos, macacos-cães (babuínos) em cativeiro, que serviam de mascote ao pessoal metropolitano (Mascote, segundo o dicionário Priberam é um "amuleto cuja figura dá felicidade, segundo a crença popular")...

O pobre do macaco-cão, se chegasse ao fim da comissão, passava de companhia para companhia... Nalguns casos, mais cruéis, acabava guisado no tacho ou assado no espeto...(*). Noutros casos, não menos cruéis,  o pobre do babuíno até conseguia chegar a aldeias e vilas recônditas da nossa pacata terra, trazido, às escondidas ou às claras, pelos primeiros soldados que foram mobilizados para o ultramar (, há babuínos em toda a África, embora os Angola e Moçambique sejam de uma espécie diferente dos da Guiné)...

Na época não se falava ainda de (nem as pessoas se preocupavam com) os "direitos dos animais". Nem havia sequer partidos (políticos) dos animais... Muito menos havia partidos,  a favor das pessoas, quanto mais dos animais...

Conhecendo o Luís Mourato Oliveira, como eu o conheço, um pessoa de grande sensibilidade socioecológica (**), ele por certo nunca tiraria hoje uma foto como a  nº 2 (vd. foto acima)... Não é por acaso que ele próprio a rotulou de "selvajaria"... quarenta e tal anos depois. (***)

António Rosinha
2. O macaco-cão ou "babuíno da Guiné" (papio-papio, segundo a designação científica) habita na África Ocidental, nas savanas e florestas secas da Guiné, Guiné-Bissau, Gâmbia, Senegal, Mali e Mauritânia. 

É uma espécie considerada "Quase Ameaçada" (sigla "NT -Near Threatened", da Lista Vermelha da IUCN, a União Internacional para a Conservação da Natureza). A categoria  NT precede  as categorias criticamente em perigo, em perigo ou vulnerável...

Atualmente, devido à desflorestação, à agricultura extensiva, à pressão demográfica, à caça e ao comércio ilegal, o macaco-cão está perto de se enquadrar (ou será enquadrado num futuro próximo) nas categorias seguintes da escala, que vai de "Não ameaçado" a "Extinto"... Há 30 anos atrás, o macaco-cão era considerado como "não ameaçado"...Nesse espaço de tempo, os seus efetivos poderão ter sido reduzidos de 20% a 25%. Muitos de nós chegámos a ver bandos de 100 a 200 indivíduos: eram tratados como "nossos amigos", avisando-nos da proximidade (ou não) da presença do IN...

Recorde-se o que aqui escreveu António Rosinha (,um "tuga", privilegiado observador dos primeiros anos da independência da Guiné-Bissau,) sobre o macaco-cão quando este passou a ir à "mesa do rei":

(...) O Com, não o 'avec', mas o macaco, macaco-kom, foi a "ração de combate", por excelência e por necessidade, dos Combatentes da Liberdade da Pátria, pois que,  havendo já alguma tradição no consumo desse 'petisco', tornou-se como que prato nacional. Nos primeiros anos de independência, era vulgar ver alguém, caminhando ao longo dos caminhos com um animal amarrado a um pau ao ombro e uma Kalash na mão. O povo compreendia este consumo com a maior naturalidade.(...)
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Notas do editor:

(*)  Vd. poste de 17 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16730: Inquérito 'on line': Num total de 110 respondentes, apenas 16% disse que provou (e gostou de) carne de macaco-cão... Pelo lado dos "tugas", o "sancu" está safo... Agora é preciso que os nossos amigos guineenses façam o seu trabalho de casa...

(**) Vd. poste de  17 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17677: Fotos à procura de...uma legenda (88): "Pietá"... O fotógrafo indiano, Avinash Lodhi, captou o desespero de uma fêmea de macaco Rhesus que abraça a cria inanimada (Luís Mourato Oliveira)

(***) Último poste da série > 13 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18315: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, ago 73 /ago 74) (25): o fotógrafo e as suas "máscaras"