Mostrar mensagens com a etiqueta Piedade Gouveia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Piedade Gouveia. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8750: In Memoriam (92): Homenagem às Grandes Mulheres, as nossas Enfermeiras Pára-quedistas que nos deixaram (Rosa Serra, ex-Enf.ª Pára-quedista / António Almeida, Fur Mil em Angola / Teresa Almeida, Liga dos Combatentes)

1. Mensagem da nossa camarada Rosa Serra*, ex-Alferes Enfermeira Pára-quedista (BCP 12, Guiné, 1969), com data de 5 de Setembro de 2011:

Boa noite Luís
Há muito tempo que não dou noticias, mas ainda estou viva.
Como por motivos de saúde não consegui estar no funeral da minha colega Piedade, deixo aqui expresso, se achar que pode ser publicado, um pequeno texto sobre as enfermeiras que nos deixaram.

Um abraço com votos de felicidades para toda a tabanca grande.


Às Enfermeiras Pára-quedistas que subiram mais Alto...

Quando chega o dia da partida todos ficamos tristes. Uns porque se relacionaram muito bem com a pessoa que parte, outros porque conviveram muito e laços de amizade se criaram e as uniram para sempre, outros ainda que não conheceram mas ouviram falar disto ou daquilo. Mas todos: os que conheceram bem ou os que conheceram mal, ficam pesarosos e de coração apertado pela consciência que temos de não voltar a ver a pessoa que fez parte deste nosso mundo, que de tão mundano que é nos impede de ver para além do que a nossa vista alcança.

Geralmente não nos ocorre que elas apenas poderão estar escondidas por novelos brancos das nuvens que tantas vezes observamos em voos de grandes altitudes.

Somos estes seres estranhos, que chamamos de humanos . . .

A dor sente-se. A tristeza só aos poucos se vai esbatendo e dando lugar a lembranças mais reconfortantes quando conseguimos percepcionar no registo da nossa consciência que a Nazaré Mascarenhas, a Celeste Costa, a Maria Amélia Galvão a Delfina Oliveira, a Soledade Guerreiro, a Zulmira André e por fim a Piedade Gouveia, foram mulheres que passaram por esta vida e deixaram marcas em muitos corações reconhecidos.

A todas deixo a minha profunda homenagem e enquanto a minha consciência o permitir, não vos esquecerei, como boas companheiras.
Rosa Serra

*************************

2. Mensagem da nossa amiga tertuliana Teresa Almeida (Liga dos Combatentes), com data de 6 de Setembro de 2011:

Agradecia, mais uma vez, que colocasse no "nosso" Blogue, a minha dor e pesar, pelo falecimento de mais uma enfermeira pára-quedista, Enf. Piedade Gouveia.


Mais um Anjo partiu, para a ETERNIDADE
Mais um lugar vazio.
Mais um nome para recordar.
Mais um marco da nossa História, partiu.

Fica-nos a SAUDADE de uma MULHER, que em plena Guerra do Ultramar, deu e fez tudo, para assim aliviar o sofrimento dos nossos Combatentes.

Para todos os Combatentes em geral, mas sobretudo aqueles, que tiveram na guerra com a Enf. Piedade Gouveia, e, que Ela, para Eles foi, a Mãe, a Amiga, em momentos tão difíceis, os de uma guerra, envio do fundo do meu coração, a minha sentida dor e pesar por este falecimento.

Quero, também enviar, à sua Família, a minha sentida dor, por tão grande perda.

Lamento, que se continue, quer a nível de Governo, quer a nível de Instituições, a ignorar, estas GRANDE MULHERES, que tanto sofrimento aliviaram aos nossos Jovens Combatentes, arriscando a sua própria VIDA, sem que se faça uma merecida HOMENGEM.

Eu, própria, também conheci e privei com a Enf. Piedade Gouveia. Um Anjo. Sem dúvida.

Aproveito, para enviar a TODOS os Combatentes do Ultramar, o meu abraço de GRATIDÃO.

Não posso, nem devo, deixar de me dirigir ao meu grande Amigo e Estimado Combatente, José Martins, também, o meu abraço de GRATIDÃO.

Mas, se pensarmos, que a Enf. Piedade Gouveia, não morreu, porque está viva nos nossos CORAÇÕES. Alivia um pouco o sofrimento. Apenas falta a presença física. Essa DESCANSOU.

ATÉ SEMPRE ENF. PIEDADE GOUVEIA.
PAZ Á SUA ALMA.

Teresa Almeida

*************************

3. Mensagem do nosso camarada António Almeida, ex-Fur Mil em Angola, com data de 8 de Setembro de 2011:

Caros amigos
Por me faltarem as palavras certas, esta é a minha singela homenagem a uma grande Mulher, a Enf.ª Pára-quedista Maria Piedade Gouveia*.




É hora de partir, meus irmãos, minhas irmãs
Eu já devolvi as chaves da minha porta
E desisto de qualquer direito à minha casa.
...........................................................................
Veio a intimação e estou pronta para a minha jornada.
Não indaguem sobre o que levo comigo.
Sigo de mãos vazias e o coração confiante.

Rabindranath Tagore

António Almeida - ex- Fur Mil
Angola
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 4 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8733: In Memoriam (89): A Enfermeira Pára-quedista Piedade Gouveia faleceu hoje, dia 4 de Setembro de 2011

Vd. último poste da série de 6 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8743: In Memoriam (91): Magalhães Pinto, ex-Fur Mil Vague Mestre da CCS/BART 645 - Águias Negras (Bissau e Mansoa, 1964/66) (Carlos Vinhal)

domingo, 4 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8733: In Memoriam (89): A Enfermeira Pára-quedista Piedade Gouveia faleceu hoje, dia 4 de Setembro de 2011

FALECEU, HOJE, DIA 4 DE SETEMBRO DE 2011 A EX-ENFERMEIRA PÁRA-QUEDISTA 
MARIA DA PIEDADE GOUVEIA




1. Mensagem de hoje, dia 4 de Setembro de 2011, do nosso camarada Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Pilav Reformado:

Caro Carlos,

Depois do contacto telefónico de há pouco, em que te informei do falecimento da Enfª Pára Piedade Gouveia, dei-me conta do facto de ela não ter chegado a ser tertuliana da Tabanca Grande. Não deixa no entanto de pertencer ao grupo dos que naquele tempo deram o seu melhor em terras da Guiné. Penso por isso que deve ser dado conhecimento desta notícia aos outros tertulianos.

A Enfermeira Maria da Piedade Gouveia era colega de curso (1970) da Giselda e da malograda Celeste, falecida em 1973 num acidente na Guiné e ali prestou serviço em 1972/1973.

O velório da Piedade inicia-se às 16H00 de hoje, na Igreja da Póvoa de Sta. Iria, perto de Lisboa. Haverá Missa de Corpo Presente no mesmo local, amanhã pelas 10H45.

O corpo será depois transportado para o cemitério local, onde será cremado.

À vossa consideração deixo algumas fotos que poderão eventualmente querer publicar.
Miguel Pessoa


Recordações fotográficas de mais uma das nossas camaradas Enfermeiras Pára-quedistas que nos deixa.
Na foto de baixo, Maria da Piedade à esquerda e Giselda Antunes à direita.

Fotos: Miguel e Giselda Pessoa (2011)

************

2. Mensagem de hoje do nosso camarada Hélder Sousa, ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72:

Caros amigos,
Recebi este mail onde é referido o falecimento da Enf.ª Pára Piedade Gouveia

É um poema de homenagem saído neste Blogue que é de um camarada nosso (não sei ao certo quem).
Talvez o Miguel saiba e/ou possa confirmar.

Abraço
Hélder










Homenagem à Piedade Gouveia, 2.º Srgt Enf.ª Pára-quedista, acabada de Falecer

A Piedade subiu
Ao Céu de onde descia...
Resplandecente, vestiu
Roupagens de Anjo Bom
Como a tantos se mostrou.
...Anseios do coração
De quem espera o alento
De um sorriso e sustento
Nas horas, que nada é bom,
Que duram quanto durou.


Com a devida vénia ao Blogue Acordar Sonhando

************

3. Também do nosso camarada Carlos Cordeiro, ex-Fur Mil At Inf CIC, Angola, 1969/71, recebemos esta mensagem:

Carlos,
Uma má notícia. Acabo de receber um e-mail do blogue http://acordarsonhando.blogspot.com/ (não sei a razão de receber notícias deste blogue) que dá conta da morte da 2.º Sargento Enf.ª Pára-quedista Piedade Gouveia. Deve também ter andado pela Guiné.

Talvez vocês queiram fazer-lhe uma pequena homenagem ou pelo menos dar a notícia.
Vamos desaparecendo. É a lei da vida.

Um grande abraço amigo,
Carlos

************

4. À família e amigos da nossa malograda camarada Maria da Piedade Gouveia, os editores, em nome da  tertúlia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, deixam as mais sentidas condolências.

Nesta hora tão difícil em que a dor é quase insuportável, não faltarão palavras de conforto pelo reconhecimento de uma vida dedicada ao próximo.
Na guerra, foi a Enf.ª Maria da Piedade um dos Anjos descidos dos céus que nunca evitou perigos para que os seus conhecimentos e as suas palavras meigas contribuissem para minorar o sofrimento de anónimos militares nas bolanhas da Guiné.

Para ela o nosso reconhecimento eterno e o desejo de que, onde quer que se encontre, continue a velar por nós.

Os editores deixam aqui um agradecimento especial ao nosso camarada Miguel Pessoa que a tempo e horas deu conhecimento desta triste notícia, via telefone, ao Blogue. Por impedimento dos editores só agora foi possível publicar este poste In Memoriam em homenagem à nossa camarada Piedade Gouveia.

Aos camaradas Hélder Sousa e Carlos Cordeiro também o nosso muito obrigado pelos mails enviados dando conta desta triste ocorrência.
CV

PS - A Piedade Gouveia esteve presente no 4º Encontro da Tabanca do Centro, em 2010, conforme poste de 27 de Maio de 2010, do blogue da Tabanca do Centro (que, como se sabe, é gerida pelo nosso camarigo J. Mexia Alves).  Por outro lado, há um belo texto da Maria da Piedade Gouveia no blogue nos nossos camaradas Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74, com data de 22 de Setembro de 2009, cuja leitura se recomenda. Clicar aqui.

5. O nosso camarada Manuel Bastos, autor do blogue Cacimbo, evocou, em tom emocionado, "a enfermeira que vinha do céu" e que o trouxe, gravemente ferido, para o hospital de Mueda, em Moçambique. Reproduzimos aqui, com a devida vénia, as suas palavras:


Custam-me a sair as palavras. Era assim que acontecia sempre que morria um dos nossos. Uma coisa sem sossego no peito e nós todos calados de os olhos postos no chão. Mas se nos calarmos, que seja por pouco tempo, o minuto cerimonial e mais nada, depois falemos, contemos a toda a gente quem foi a enfermeira pára-quedista Piedade Gouveia. Ela merece ser recordada de cabeça levantada e em continência, como só os verdadeiros heróis merecem. 

Chamei-lhe "A enfermeira que vinha do céu" e todos os soldados que um dia combateram perceberam logo porquê.  Um dia foi-lhe confiada a minha vida, e na meia hora mais dramática que vivi até hoje, a Piedade cuidou dela com desvelo. 

Eram dias dramáticos, tinha-se um sentimento de vida à beira do abismo, de experiência limite, e todos nós, os que combatíamos, obrigados ou não, sentíamos, pelo menos durante algum tempo, que cumpríamos um dever inelutável. 

Outros momentos dramáticos se sucederam neste país limítrofe, sempre à beira de um abismo qualquer; mas ser combatente não é só ter capacidade para pegar em armas, e o exemplo das enfermeiras pára-quedistas, as únicas mulheres combatentes na guerra colonial, são exemplo de como a coragem para enfrentar o perigo e o medo, e a generosidade e a disponibilidade para com os outros podem salvar-nos a todos do recorrente abismo. Nós que as conhecemos, não deixemos que os portugueses se esqueçam disso.

Hoje partiu a enfermeira que vinha do céu. Vai só.  O héli que a leva não regressará com ela para nos salvar quando tombarmos de novo. Ficámos mais sós também.

 Fonte: Cacimbo, blogue de Manuel Bastos > 4.9.11 > A enfermeira que vinha do céu - Final.
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8636: In Memoriam (88): Na morte de um Cavaleiro do Gabu (2)