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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14069: Blogoterapia (264): Infelizmente para mim e para quem me é mais próximo, este Natal não será como dantes (Joaquim Cardoso)

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Cardoso (ex-Soldado de TRMS do Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74), com data de 22 de Dezembro de 2014:

Caros amigos:
Luís Graça, Carlos Vinhal, restantes editores e camaradas em geral.
Vivendo-se já tempos de advento e, faltando apenas quatro dias para o Natal, é pois altura de, através deste meio, enderessar meu desejo de que todos tenhais um Natal cheio de amor e alegria na companhia de quem vos é mais querido.

Infelizmente para mim e para quem me é mais próximo, este Natal não será como dantes, porque notar-se-á um lugar à mesa por preencher. 
Sinto e, sentirei mais nesse dia, a ausência da minha esposa, Maria Teresa, que durante 38 anos me fez companhia.
Quis o destino ou a lei da natureza o ordenou, que no dia 11 do passado mês de outubro nos deixasse partindo para outro mundo. Faltaram apenas 9 dias para o seu quinquagésimo nono aniversário.
Lá, onde estiver, que tenha eterno descanso.

À parte, envio estes versos que são fruto das minhas angustiadas memórias da Guiné, ano de 1972/74.
É o primeiro poema, (se assim se pode chamar), que escrevo, pedindo desde já desculpa aos poetas pela minha ousadia, pois reconheço que não o sou nem pretendo obter tal título, apenas é uma forma de ocupação de tempos livres.


O Pilão e Grão

Tum tom, tum tom
De parte incerta chega o som
Longe ou perto, estou certo,
É o bate que bate do pilão

Bem aprumado
Por mãos agarrado
Sobe e desce e sem paixão
Com sua forte batida
Vai moendo e remoendo
O doirado grão

E o grão coitado
Tão mal tratado
Relado, esmagado
perde seu nome
De milho passa a farinha
E desta ao pão que se come

Da desfeita não se queixa
É grande a sua nobreza
Tudo aceita nada enjeita
Desde o campo até à mesa

Ei-lo chegado aqui
Acabado de cozer
Tem gosto e dará gosto
A quem o puder comer

E ao grãozinho doirado
Só uma coisa o consome
Ver tanto pão estragar-se
E haver crianças com fome

Joaquim Cardoso
Ex-Soldado TRMS
Nova Lamego
Guiné, 1972/74

************

Comentário do Editor:

Obrigado caro amigo Joaquim Cardoso, por, apesar de estares a sofrer pela recente perda da tua esposa, vires até nós para, generosamente, desejares a todos nós aquilo que tu não vais ter, uma noite de Natal com alegria.

Embora com atraso, aqui deixamos a nossa solidariedade e a certeza de que na noite do dia 24, muitos de nós irão dedicar uns momentos de introspecção em memória da tua esposa.

Recebe um abraço amigo
Carlos Vinhal
____________

Nota do editor

Último poste da série de 20 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13920: Blogoterapia (263): O Homem entre o Amor e a Guerra (Francisco Baptista, ex-Alf Mil da CCAÇ 2616 e CART 2732)

sábado, 13 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13605: Dossiê Os Libaneses, de ontem (e de hoje), na Guiné-Bissau (5): O libanês, ou melhor, a libanesa de Nova Lamego (António Santos, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, 1972/74)


Guiné > Região de Bagu > Nova Lamego > Pelo Mort 4574/72 > O António Santos operando [, ou posando para a fotografia com ] um Racal TR 28-B2. Foto  tirada nas traseiras do edificio do comando em Nova Lamego.

Foto: © António Santos (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Mensagem do António Santos ], grã-tabanqueiro da primeira hora, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74],

Data: 11 de Setembro de 2014 às 22:30

 Luís, Vinhal e Cardoso.

Abraços para todos.

Agradeço a partilha deste texto do Joaquim, que como todos os outros nos transporta por momentos à nossa Guiné, e por conseguinte às boas ou menos boas lembranças que todos nós transportamos.

Para acrescentar ao texto do Cardoso, se isto for possível. Eu, o que recordo mais  é do libanês que se situava em frente ao CAOP, E a mulher que era boa como o milho!

Assim que entrávamos na loja,  o Libanês tratava logo de a fazer desaparecer para a parte de trás da mesma,  Recordo que as minhas visitas poucas vezes eram de cliente, era mais de olheiro, (como no futebol). Hoje diria., mais apropriadamente,  que ia "lavar a vista".

Andei dois anos a visitar a loja e poucas vezes fui cliente, normalmente andava com os bolsos vazios, e isto porque para lá chegar passava quase e sempre pelo Jacó onde gastava o pouco que havia no comes e bebes.

Dou por terminada a minha pequena recordação do libanês, ou melhor,  da libanesa.

Despeço-me com valente alfa bravo.
ASantos
SPM 2558

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13597: Dossiê Os Libaneses, de ontem (e de hoje), na Guiné-Bissau (4): os comerciantes de Nova Lamego... Era gente de confiança ? (Joaquim Cardoso, ex-sold trms, Pel Mort 4574, 1972/74)



Guné > Região de Gabu > Nova Lamgo > Pel Mort 4574 (1972/74) > Eram tapetes, de estilo oriental, com motivos exóticos (como a fauna e a flora africanas), que os militares  compravam aos comerciantes libaneses. Eles também aproveitaram a "economia de guerra" (LG).

Fotos: © Joaquim Cardoso  (2014). Todos os direitos reservados.



1. Mensagem de Joaquim Cardoso [, ex-sold trms,   Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74],, com data de 17 de agosto passado:


Olá, caro amigo Vinhal

Este simples Olá, é o cumprimento sugerido, em e-mail do nosso " Comandante "Luís Graça, em gozo de férias (?), que, apesar de simples, encerra nele toda a minha consideração, esperando, estou certo, que te encontrarás muito bem por essas praias Matosinhenses, tomando banhos de água e sol.

No dito e-mail, o Luis refere-se também ao estado da sua nova anca e, pelo que diz, está em evolução muito positiva. Ainda bem, pois certamente toda a tertúlia espera que em breve fique em condições de fazer parte de uma qualquer corrida de atletismo ou até de tríplo salto!

Comento de seguida o tema que o Luís colocou, relativo aos Libaneses na Guiné (*):

Tendo estado em Nova Lamego em 1972/74,  direi, sem ter a certeza, que nessa altura na localidade, não chegariam a meia dúzia os estabelecimentos pertencentes a Libaneses, onde se vendiam entre outras coisas, tapetes de estilo oriental, idênticos aos das fotos que junto, adquiridos esencialmente por militares para suas recordações, e tecidos para a feitura de panos com que as nativas tapavam algumas das suas "vergonhas".

Partindo do pressuposto, que essas pessoas eram refugiadas de guerra no seu País, o seu refúgio na Guiné, também em guerra, era por isso muito polémico.

Era voz corrente que, sendo os militares os maiores compradores, esses comerciantes estariam interessados na continuação do conflito por forma a manter os seus negócios, colaborando por isso com o IN. Dizia-se também que, sempre que houvesse encerramento temporário dos seus estabelecimentos, estava à vista ataque iminente!


A ser verdade, é evidente que teriam informação antecipada, por parte do nosso adversário, permitindo-lhes, assim, a possibilidade de se ausentarem do local ou tempo suficiente para uma melhor proteção.

Nessa altura, nos dois principais ataques com foguetões a Nova Lamego, em que felizmente nada de grave aconteceu, não vi, nem obtive informações que dessem firmeza à versão desses procedimentos.

Termino, deixando estes simples apontamentos à consideração, com um fortíssimo abraço a todo o pessoal.

J. Cardoso
Ex-Sold. Transmissões em Nova Lamego - Guiné , 
1972/74 

[. Foto acima, com o António Santos, também do Pel Mort  4574, à sua direita, no posto de rádio]
_____________

Nota do editor:

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13235: Artistas de variedades no mato (1): Rui Mascarenhas... em Bafatá, anunciado para o dia 27/2/1973... Ou uma história com moral: voluntário na tropa nem para comer... (António Santos, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74)

1. Mensagem do António Santos, grã-tabanqueiro da primeira hora [, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74], respondendo a um  mail nosso, enviado pelo correio interno da Tabanca Grande, na sequência do poste P13233 (*):

Camaradas:  Quem se tembra de espetáculo de variedades no mato ? E com que artistas ? E em que épocas ? Podiam ser iniciativas do Programa das Forças Armadas ou o Movimento Nacional Feminino... Se sim, mandem histórias e fotos... Obrigado. Luís Graça

Data: 4 de Junho de 2014 às 16:18

Assunto: Artista no mato

Caro Luís

Espero que estejas a recuperar bem desse esqueleto.

Uma pequena estória sobre o assunto em epígrafe: no dia 27-02-1973, saí da enfermaria [, em Nova Lamego,] para dois dias de convalescença de mais uma dose de Paludismo, portanto dois dias sem escala de serviço. Ao sair da mesma fui convidado a ir numa coluna para Bafatá para assistir a um espectáculo do Rui de Mascarenhas.

Claro que não resisti e vai daí saltei para a Berliet. A viagem era para ser de ida e volta no mesmo dia, mas não foi.

Não foi porque infelizmente morreu um camarada nosso afogado no Rio Geba, e o Ten Cor de Bafatá não autorizou o espectáculo. Depois descambou tudo, tivemos que ficar para o outro dia, acabamos por dormir numa caserna de um pelotão que tinha saído para o mato, jantar, lerpámos, pequeno almoço idem, Arrancamos para o Xime que ainda era a casa da CART 3494 do Sousa de Castro e de um amigo meu que foi 1º cabo enfermeiro da a mesma e que descobri in loco.

De novo Bafatá e depois de algum barulho lá se arranjou uma ração de combate para dois, e seguimos para a tua Contubuel para recolher 2 Pelotões de Mililícias destinados à zona de Nova Lamego, onde chegamos ao fim do dia 28-02-1973... sem Rui de Mascarenhas, cansados e maltratados moralmente.

Para mim chegou, voltei a aplicar a velha máxima, voluntário na tropa nem para comer, que eu na véspera tinha esquecido.Cumprimentos,
António Santos

[foto à direita: II Encontro Nacional da
 Tabanca Grande, Pombal, 2007]

Noprodigital, Lda.
Tel.: +351 219 809 880
Fax: +351 219 809 889
www.noprodigital.pt

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Nota do editor:

terça-feira, 6 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13105: Os Nossos Regressos (31): O meu regresso prematuro por doença (Joaquim Cardoso)

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Cardoso (ex-Soldado de TRMS do Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74), com data de 29 de Abril de 2014:

Caríssimo amigo Carlos Vinhal
Completando-se no próximo mês de maio, 40 anos do meu regresso da Guiné, eis-me aqui a dar-te de novo trabalho, enviando-te este texto, que descreve o que ainda consigo ler no meu arquivo neurológico, relativamente ao referido regresso.
Sem mais, para ti Carlos Vinhal e toda a tertúlia, um grande abraço.
J. Cardoso


O meu regresso prematuro da Guiné

Foi em meados do mês de abril de 1974.
Passados que foram 40 anos, não recordo o exato dia da semana nem a quantos dias do referido mês, porém, tomando como ponto de referência o 25 de abril, em que, quando este acontece, tinha sido hospitalizado há cerca de uma semana, presumo que rondasse o dia 20, somando por isso nessa altura, 20 meses de Gabu - Nova Lamego.

Pelas 14 horas de um desses dias, foi-me diagnosticada uma hepatite e, uma ou duas horas depois, fui evacuado para o Hospital Principal de Bissau num avião Nordatlas que se encontrava ocasionalmente estacionado na pista de Nova Lamego. A hora da descolagem do avião, aligeirou os meus preparativos de partida, seguindo com a farda que na altura envergava e, na mala de viagem, mais algumas peças de roupa militar, alguma roupa civil e, umas pequenas lembranças que havia adquirido na área.

Apesar de me encontrar em estado muito débil, (o meu peso rondava os 48 kg), pensava regressar a Nova Lamego, mas efetivamente não regressei!

Concluída a viagem, dei entrada no Hospital ao anoitecer, tendo sido colocado imediatamente a soro e, posteriormente fiquei a cumprir receituário.
Alguns dias depois de ter sido internado, ouvem-se notícias de um golpe de estado na Metrópole provocado por militares revoltosos que haviam destituído o Governo de Marcelo Caetano, e tomado o poder.
Era a revolução dos cravos, o 25 de abril, a implantação da Democracia em Portugal.

Após cerca de três semanas de internamento, numa consulta de rotina, o médico pergunta-me se estaria interessado em regressar à Metrópole! A esta pergunta fui tentado a responder com outra, perguntando se aquela, era pergunta que se fizesse! Mas, depois de uma breve pausa, inferi qual a razão por que a fez.

O médico informou-me que, devido à nova situação na Metrópole, estavam a facilitar o regresso dos militares hospitalizados com casos mais complicados, por ali haver cada vez menos condições para os tratar. Aceitei de imediato. No dia 18 de maio, embarquei em Bissau num avião 727 dos TAM de regresso a Lisboa, onde cheguei ao fim da tarde.

Tal como havia acontecido na ida, viajei isolado dos meus camaradas. Na ida, viajei mais tarde cerca de um mês, por motivos por mim desconhecidos. Na volta, viajei mais cedo, por doença, ou seja: fui mais tarde e vim mais cedo em relação aos meus camaradas.

Após a chegada a Lisboa, foi servido o jantar aos presentes num refeitório algures nas redondezas. O prato que escolhi tinha como condimento o azeite e, quando me preparava para começar a jantar, uma das senhoras do Movimento Nacional Feminino que acompanhavam e davam apoio, abeirando-se de mim, perguntou qual era o meu problema de saúde, uma vez que estava muito magro e amarelo! Quando respondi que estava com hepatite, a senhora pretendeu retirar-me o prato, dizendo, muito aflita que, com tal doença, não poderia comer gorduras, como era o caso e, que me serviria um prato diferente.

- Não se incomode - disse - Deixe-me comer que este é meu prato preferido e, se isto me faz mal, o que comi na Guiné já me tinha morto há muito tempo!

A senhora insistia com os seus argumentos, e eu contrariava com os meus, acabando ela finalmente por desistir.

Terminada a refeição, fomos transportados em autocarro para os diversos destinos. Durante a viagem vi, claramente visto e não presumo, (como dizia o poeta), o que jamais havia visto, o entusiasmo, para não dizer loucura, de pessoas anónimas que nas diversas ruas por onde ia passando o autocarro militar, batiam palmas, faziam com os dedos o V de vitória etc.
Sentia-se que a revolução estava em marcha, e era notório o sentimento carinhoso do povo para com o MFA!

Fiquei internado no HMDIC (Hospital Militar de Infeto-Contagiosas). Ali, senti a enorme diferença nos tratamentos administrados, em comparação com os do Hospital de Bissau.
Na Guiné não me recordo se alguma vez comi algo à base de dieta. No HMDIC, todas as refeições eram confecionadas nessa base, nada de gorduras e, a tomar soro em permanência.

Ao terceiro dia de internamento aconteceu-me o que na Guiné seria considerado normal, mas que, enquanto lá permaneci, nunca me tinha acontecido, um ataque de paludismo!
Passei cerca de 2 dias como que em estado de emergência. Recomposto deste último susto, ali continuei internado, e ao fim de um mês e meio, aproximadamente, fui transferido para o Hospital da Estrela, onde estive cerca de um mês. Dali, segui para um Quartel de Adidos, na Graça, para convalescença, indo a partir daí ao Anexo fazer as várias análises.

Após uma junta médica realizada no Hospital da Estrela, cito o que consta na minha caderneta militar:
Por despacho de 22 de outubro, foi confirmada a opinião da SHI (?), reunida no HMP em 27 de setembro, tendo sido julgado pronto para todo o serviço! (Fim de citação).

Regressado a casa após tão redutora sentença, alguns dias depois fui fazer o espólio ao RI 15 em Tomar. Ao entregar cerca de metade da roupa que me tinha sido distribuída, o militar do armazém perguntou pelo que faltava. Respirando nessa altura já ares de um país em liberdade, respondi-lhe com ironia que, nada mais tinha para entregar por ter vindo evacuado da Guiné, mas que aguardasse que era provável que um dia chegasse pelo correio!
E para admiração minha, chegou mesmo!
Não pelos Correios, mas pelos Caminhos de Ferro. Mais de 1 ano depois de ter regressado, recebi um postal da CP, avisando-me que na estação de Vila Meã, tinha uma encomenda para levantar.

Embora de nada estivesse à espera, compareci e, foi-me entregue a respectiva encomenda. Tratava-se de um caixote em madeira, com cerca de 70×70 centímetros, remetida pelo Ministério do Exército.

Duvidando que fosse eu o destinatário da dita, ali mesmo e na presença do chefe da estação, se retiraram duas tábuas ao referido caixote, para se verificar o que continha. E o que continha, era roupa militar. Mas nada que se estivesse em boas condições, que eu pudesse usar, dadas as suas dimensões, muito menos em farrapos como era o caso.

No meio de toda aquela miséria, a única peça que se "salvou", foi um quico camuflado, dado a um amigo, a seu pedido que, querendo ser figurante militar por momentos, o colocou na cabeça, batendo a pala ao pessoal presente.
De seguida, solicitei ao chefe da estação o favor de se dignar mandar colocar toda aquela farrapada no lugar correspondente, (caixote do lixo), ficando complementado desta forma o espólio respetivo.

Peluda... Regresso à vida civil.

 Nova Lamego - Eu junto ao obelisco da CCS do BArt 6523

Nova Lamego - Mostrando a nossa musculatura, o camarada Graça à esquerda, ao centro o António Santos e eu à direita.

Nova Lamego - Eu de guarda redes, que não era a minha posição em tempos de bola, e o António Santos, amigo inseparável, a rematar em tribela. Não me recordo se deu golo.

 Nova Lamego - Eu junto ao obelisco do pessoal das Daimlers.

Nova Lamego - Eu à direita com o António Santos, junto à porta do Centro de mensagens e Posto de Rádio onde fazíamos serviço.

Nova Lamego - Parte da equipa de futebol. Na fila de cima, só recordo o nome de dois: o Morim ao centro de camisola encarnada e à direita o António Santos. Em baixo, à esquerda: eu, o Pereira, o Cunha e o Graça. 

Castelões - Penafiel, aos 29 dias do mês de abril de 2014

J. Cardoso
Ex-Soldado TRMS
Nova Lamego - Guiné
1972/74
____________

Nota do editor

Último poste da série de 13 DE ABRIL DE 2014 > Guiné 63/74 - P12978: Os Nossos Regressos (30): A nossa vinda foi, em Abril, há 40 anos (Jorge Araújo)

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12430: O que é que a malta lia, nas horas vagas (15): Livros oferecidos pelo Movimento Nacional Feminino e os meus livros pessoais, tais como: Seleta Literária, História Universal, Inglês e os Lusíadas (Joaquim Cardoso)



1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Cardoso (ex-Soldado de TRMS do Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74), com data de 8 de Dezembro de 2013:

Caríssimo amigo Luís Graça:
Respondendo à tua chamada, direi que, no que concerne à temática em título, sendo militar de transmissões e, fazendo somente turnos rotativos de serviço de 8 horas por dia no centro de mensagens do Quartel novo em Nova Lamego, tempo não me faltava para ler, porém, não tendo sido assinante de quaisquer jornais ou revistas, pouco ou nada lia da Imprensa diária.
As horas fora de serviço, a maior partes das vezes, eram ocupadas com os jogos da bola e das cartas, conforme a ocasião, sendo este último, como toda a malta sabe, por vezes "doloroso".
Apesar de tudo, sempre lia alguma coisa. Li por exemplo, alguns livros que me foram oferecidos pelo Movimento Nacional Feminino. Além destes, tinha também os meus livros pessoais, tais como:
Seleta Literária, História Universal, Inglês e os Lusíadas!

Leitura tão estranha merece uma explicação.
Como se sabe, estes livros faziam parte da secção de letras do antigo quinto ano liceal e, como antes de ingressar na vida militar era estudante pós "laboro" no Externato Rodrigues de Freitas no Porto, achei por bem fazer-me acompanhar deles para a Guiné, por forma a não perder "o fio à meada", pensando, caso algum momento se proporcionasse, submeter-me a exame algures, mas tal não aconteceu.

Posto isto, junto duas fotos que presumo, servirão para fazer prova do que foi dito. 

Uma nota final.
Acabado de escrever este episódio, dei por mim a pensar: pelas "armas" vê-se o espírito do guerreiro!

Para ti Luís e para o Carlos, um grande Abração extensivo a toda a tertúlia.

Castelões-Penafiel, 8/12/2013
J. Cardoso

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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12422: O que é que a malta lia, nas horas vagas (14): a 2ª CART/BART 6523, atirada para Cabuca, nas profundezas da mata do Leste, teve de facto uma Bibliioteca (com 400 livros), um jornal (O Abutre) e uma Rádio!... (Ricardo Figuiredo)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12262: Memórias de um passado (Joaquim Cardoso) (3): Um bacalhau que ficou para a história

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Cardoso (ex-Soldado de TRMS do Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74), com data de 4 de Novembro de 2013:

Meu caro amigo, Carlos Vinhal:
Envio o presente texto, que é mais um episódio dos que retenho na memória.
Peço-te o favor de o ler e, caso entendas ser digno de publicação, dá-lhe o teu toque pessoal e coloca-o no respectivo lugar. 
Um grande abraço para ti e toda a tertúlia
Até breve.
J.Cardoso.


MEMÓRIAS DE UM PASSADO

3 - Um bacalhau que ficou para a história

Decorria o ano de 1973 e, em Agosto desse ano, completava eu, ou tinha completado, 1 ano (?) de permanência no Gabú-Nova Lamego-Guiné.
Os ponteiros do relógio teimavam em ser demasiado lentos, dando a sensação de cada hora passada ser um dia, cada dia um ano e, um ano uma eternidade!

A monotonia do dia a dia, juntamente com as saudades da família, o stress começava a apertar! Como se isso não bastasse, a alimentação que nunca foi famosa por aquelas bandas, vinha piorando cada vez mais, a ponto de haver mais que um levantamento de rancho, (recusa de comer a respectiva refeição).

Na ementa diária constava, salvo raras exceções, num dia arroz com "estilhaços" no outro esparguete com "estilhaços" (pedacinhos de carne). Legumes, não havia! Dizia-se que o Vagomestre se estava a governar com o "pilim" que era devido a cada militar para sua alimentação.

Por essa altura escrevi a meus pais, queixando-me da dita alimentação. Que estava enjoado de comer constantemente arroz e esparguete e, em termos de desabafo, manifestei um desejo à minha saudosa mãe, dizendo-lhe:
- Ah mãe... Quem me dera comer uma boa posta de bacalhau. Fosse cozido, assado ou mesmo cru! (É meu prato preferido).

 Confesso que nunca imaginei o resultado deste meu desabafo! Apesar de meus pais viverem numa aldeia e serem pessoas de fracos recursos, minha mãe interiorizou o meu queixume e o amor de mãe falou mais alto. Deslocou-se aos correios, percorrendo a pé uma distância de aproximadamente 8 quilómetros, informando-se sobre a possibilidade ou não, do envio de uma encomenda para a Guiné. Como a resposta foi afirmativa, na volta do correio entre outras coisas, dizia mais ou menos seguinte:
- Meu filho, recebi as tua carta e tomei nota do que dizias relativo à alimentação. Sabendo dos teus desejos, fui aos Correios de Vila Meã e despachei um pacote com bacalhau. Quando o receberes, dá-me notícias. Reconheço que não será o suficiente para te matar a fome, mas creio, contribuirá para teres alguns momentos de satisfação.

Cabe aqui uma nota de agradecimento:
- Obrigada mãe. Onde quer que estejas, que tenhas a devida recompensa pelo bem que me fizeste. De mim, nesta altura que escrevo, só poderei a título póstumo, publicamente agradecer-te e saudosamente recordar-te, vertendo algumas lágrimas de emoção causada pela prática do teu ato.

Depois de tão surpreendente novidade, dei por mim a imaginar se tal encomenda chegaria ao destino! Tomasse ela o rumo de algumas "folhas de vide" (notas de 20 escudos), que eram enviadas dobradinhas junto às notícias dentro dos aerogramas e, dificilmente comeria bacalhau! 

Felizmente assim não aconteceu! Passadas que foram cerca de 3 semanas(?), recebi o aviso e levantei a dita encomenda! Fiquei maravilhado. Coloquei o pacote às costas com cerca 4 kg, dirigi-me à caserna, e imediatamente o abri. Ali estavam diante de meus olhos umas boas postas do fiel amigo!

Para o saborear, convidei meia dúzia dos meus amigos e camaradas mais próximos e, no final do repasto, o resultado fica à imaginação de cada um, bastando para tanto visualizar as fotos que junto. Quando mais tarde noticiei a minha mãe o gosto que me tinha dado, ela, algum tempo depois, repetiu a dose, e o resultado final do segundo foi idêntico ao do primeiro. 

Penafiel. 4/11/2013
Joaquim Moreira Cardoso
Ex-Sold.Trans. NM 194530/71


Nesta foto, a começar da esquerda em plano mais baixo: O Vasco e eu Cardoso. Em plano mais alto, Pereira e Cunha(?). Na direita e plano mais baixo, o Monteiro e Morim(?)



Nesta foto, à esquerda, o Graça, de costas o A.Santos e mais 3 colegas dos morteiros e na direita eu, Cardoso
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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12063: Memórias de um passado (Joaquim Cardoso) (2): Um só dia e uma só noite no mato bastaram para um grande susto

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12063: Memórias de um passado (Joaquim Cardoso) (2): Um só dia e uma só noite no mato bastaram para um grande susto

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Cardoso (ex-Soldado de TRMS do Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74), com data de 17 de Setembro de 2013:

Caros Amigos e Camaradas:
Envio este texto, que é mais um pedaço daquilo que se vai mantendo no meu arquivo memorial. Certo das insuficiências que ele contém referentes a datas e, qual a Companhia e/ou Batalhão do pessoal que me acompanhou. Fiz algumas pesquisas, mas considerei insuficientes para arriscar as suas nomeações. Penso contudo que dará para subentender um momento de aflição por que passei em terras Africanas.


MEMÓRIAS DE UM PASSADO

2 - Um só dia e uma só noite no mato bastaram para um grande susto 

Foi em princípios do mês de Setembro de 1972 que cheguei ao Gabú-Sara em Nova Lamego na Guiné, isolado, (como já tive a oportunidade de referir noutro texto), dos meus companheiros do Pelotão de Morteiros 4574/72.
Após a chegada, comecei por contactar os serviços praticados no Posto de Rádio, Central Telefónica e Centro de Mensagens, afectos à CCS do BCAV 3854, de forma a obter experiência e, posteriormente, fazer parte da escala de serviço dos restantes companheiros de transmissões.

Três ou quatro dias(?) depois de ter chegado, fui informado pelo 1.° Sargento Martins que pertencia ao mesmo Pelotão, para na manhã do dia seguinte me equipar com a farda de mato para seguir para o CAOP, (Quartel Velho), a fim de acompanhar uma coluna em serviço de transmissões, (por falta de pessoal no dito Quartel), coluna essa que tinha como finalidade, (soube depois), o reconhecimento de um local que diziam ser muito perigoso e que já tinha sido utilizado pelas tropas opositoras nas suas ações de guerrilha.

Dando cumprimento à ordem que havia recebido, de manhã vesti o camuflado, preparei a mochila, enfiei 4 carregadores de munições no cinto, peguei na G3 e aguardei.
Transportaram-me depois num jeep até ao Quartel Velho e, após me ter juntado ao resto do pessoal, fomos transportados em Berliets e Unimogs que atravessaram a Bolanha, seguindo pela estrada alcatroada em direção a Oco Maúndo.

Percorridos alguns quilómetros(?), as viaturas pararam e apeámo-nos junto a uma picada em terra batida, tendo as ditas viaturas recolhido ao Quartel.
Não conhecia ninguém do grupo por duas razões: -Ter chegado há poucos dias ao Gabú e não pertencer àquele Quartel. Ali estava eu, junto daqueles operacionais, com a minha farda "novinha em folha" ainda a cheirar a naftalina, contrastando com a deles, em que se notava sem qualquer motivo para dúvidas, o desgaste provocado pelo tempo e/ou trabalhos já passados.

Mochila às costas, G3 num ombro e o rádio AVP1 (Banana) no outro. O rádio Racal que fazia parte do meu equipamento, para comunicações a longa distância, seguia às costas de um carregador, contratado para o efeito, (era um luxo!).

O Alferes que comandava a coluna apeada ordenou para o pessoal formar duas filas, uma no lado direito e a outra no lado esquerdo da picada. Já habituados àquelas "andanças", o pessoal começou desde logo a tomar posições de acordo com as funções que cada um desempenhava e, as filas em pouco tempo ficaram formadas. Eu porém mantinha-me fora da fila, juntamente com o acompanhante com o rádio às costas, esperando orientações.

O Alferes que ia acompanhando os movimentos do pessoal, ao ver-me fora da fila, perguntou:
- Ó transmissões, não vais para a tua posição?

Respondi:
- Meu Alferes, cheguei há poucos dias da Metrópole. É a primeira vez que faço este tipo de serviço e não sei que posição tomar!

Dito isto, olhou para mim com ar de preocupado, com voz alterada e em linguagem militar pergunta:
- Sabes trabalhar com essa "merda"? - apontando com o dedo para o rádio.

Respondi-lhe:
- Depois de terminar a especialidade, utilizei um rádio Racal em duas finais de curso de Comandos na Serra das Meadas em Lamego e, sendo os rádios iguais, não vejo motivo para dificuldades.

Tinha já em minha posse os códigos correspondentes, (os que utilizo a seguir são fictícios), coloquei os auscultadores, puxei a antena, coloquei o botão na respectiva frequência, peguei no microfone e chamei o Posto de escuta:
- OSCAR OSCAR, aqui PAPÁ, diga se me ouve? - Escuto.
O OSCAR respondeu:
- PAPÁ aqui OSCAR, afirmativo-informe
O PAPÁ de novo:
- OSCAR aqui PAPÁ, é uma chamada de experiência.
O OSCAR responde:
- PAPÁ aqui OSCAR, ouço em perfeitas condições.
Finalmente o PAPÁ:
- OSCAR aqui PAPÁ, Ok terminado.

Depois do PAPÁ conseguir comunicar, foi para o meio duma fila onde afinal era o seu lugar!
Seria meio da manhã e, à ordem de avanço, as filas puseram-se em movimento.
Seguimos em marcha moderada com os elementos que a compunham distanciados cerca de 3 metros entre si, a arma em posição de fogo e em permanente vigilância das duas partes do matagal. 

Por volta do meio dia, meia hora(?), parámos para comer a ração de combate. Alguém já conhecedor do meio ambiente, fez uma pequena fogueira, não por falta de calor, que disso estavam todos bem abastecidos, mas para tentar afastar a mosquitagem que além de nos morder constantemente, teimavam em pousar no conteúdo da lata de conserva para dar umas bicadas.

A água do cantil em pouco tempo esgotou e só foi possível reabastecê-lo mais tarde, com a água existente nuns charcos de uma clareira rochosa, "quente como caldo" como é habitual dizer-se.
O Enfermeiro distribuiu ao pessoal "quininos" (habituais comprimidos), para sua desinfeção, e não sendo agradável bebê-la naquelas condições, serviu para humedecer os lábios, limpando-lhes a saliva que se havia acumulado.

A meio da tarde a marcha prosseguia, começando a ouvir-se algumas vozes discordantes, queixando-se ao Alferes do esforço que o pessoal estava a fazer. Entretanto, a marcha mudou de direção. Deixámos a picada e entrámos "mato dentro", agora numa só fila.
Caminhámos por um trilho ladeado de capim com mais de 2 metros de altura. A marcha aqui, tornou-se mais lenta, não só devido ao cansaço dos muitos quilómetros percorridos mas também, pelo aumento das dificuldades que se iam encontrando à medida da sua progressão.
Deu para entender que era local perigoso. As ordens vinham da frente para trás e, em passa-palavra dizia-se:
- Redobrar atenção, aproximar 1 metro, alargar 2 metros, etc.

Passado esse trilho, chegámos ao fim da tarde a um local amplo, onde passámos a noite.

É neste local onde apanhei o que considero ser, o maior "cagaço" da minha vida!
O Alferes ordenou ao pessoal para formar um círculo. Eu fiquei, entre outros, no meio desse círculo, distanciado cerca de 3 metros do Alferes. Seriam, 23 ou 24 horas(?), não havia luar, não se podia acender um cigarro, era escuridão quase absoluta.

Estendido no chão, estava o meu cérebro, bem como o resto do corpo, a aliviar-se um pouco do cansaço que a marcha lhes tinha provocado, quando de repente senti, ou sonhei, um puxão na capa com que me cobria, dando a sensação de me quererem raptar!

Acordo terrivelmente assustado, com o coração a bater mais forte que nunca, mas na incerteza, não "piei". Segundos depois outro puxão, mas agora não tinha dúvidas, era mesmo realidade!
Porém, logo de seguida, uma voz em tom de silêncio e com pronúncia Africana chama:
- Meu Alfero?

Ah... que alívio. - Era o guia!

Homem negro, conhecedor do terreno, que orientava o pessoal em plena mata, procurava aos apalpões na escuridão o Alferes para lhe comunicar que ouviram um barulho e convinha fazer reconhecimento.
Verificou-se depois que o dito barulho, fora provocado por animais que passavam próximos, e não por alguém que certamente estaria no nosso imaginário.

Com muita dificuldade refiz-me do susto, voltando à posição inicial, mas o sono que também se terá assustado, naquela noite não voltou.

Ao romper da aurora, vieram ao nosso encontro algumas viaturas que nos transportaram de regresso ao Quartel.
Após a minha chegada, dirigi-me à Enfermaria e pedi algo para colocar nos pés e músculos por forma a reparar o mal que a marcha dos mais que prováveis 30kms (?), lhes tinham causado.

Finalizando, refiro um à-parte que para mim foi curioso:
O Alferes, Comandante do meu Pelotão, abordou-me e perguntou:
- Onde estiveste ontem que não te vi?

Fiquei admirado com tal pergunta, e expliquei-lhe o que tinha acontecido.
Respondeu-me que nada sabia acerca do assunto e, por esse motivo, sendo o nosso Pelotão Independente, de futuro não voltaria a sair do Quartel, para qualquer tipo de serviço, sem sua autorização.

Tomei nota da sua recomendação e, felizmente para mim, nunca mais voltei ao verdadeiro mato, bastando assim um só dia e uma só noite para apanhar um grande susto.

Castelões- Penafiel, dia 17 de Setembro de 2013
J.Cardoso,
Ex-Sold. Trans. 194530/71

Joaquim Cardoso e Graça

Joaquim Cardoso na Cabina Telefónica

António Santos e Joaquim Cardoso
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Nota do editor

Primeiro poste da série de 21 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11966: Memórias de um passado (Joaquim Cardoso) (1): O começo foi assim

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12011: Memória dos lugares (246): Gabu / Nova Lamego, 1972/73 (Joaquim Cardoso)

1. Em mensagem do dia 27 de Agosto de 2013, o nosso camarada Joaquim Cardoso (ex-Soldado de TRMS do Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74), enviou-nos algumas memórias fotográficas de Gabu entre 1972 e 1973:


Nova Lamego > Graça; Santos e Cardoso das Transmissões

Gabu Sara/Nova Lamego > Joaquim Cardoso

Posto de Rádio do quartel novo > António Santos e Joaquim Cardoso

Gabu Sara/Nova Lamego > Joaquim Cardoso junto a um Memorial aos caídos em campanha

Joaquim Cardoso à civil em Nova Lamego

Gabu Sara/Nova Lamego > Natal de 1972 > A partir da direita: Vasco; amigo Santos; Alferes Sousa, CMDT de Pelotão; Graça e Joaquim Cardoso. Atrás mais um camarada dos Morteiros

Bilhete Postal do Natal de 1972
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Nota do editor

Último poste da série de 25 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11977: Memória dos lugares (245): Livro da 1.ª Classe do PAIGC recolhido nas matas do Cantanhez (1) (António Teixeira)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11966: Memórias de um passado (Joaquim Cardoso) (1): O começo foi assim

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Cardoso (ex-Soldado de TRMS do Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74), com data de 12 de Agosto de 2013:

Camaradas e Amigos
Envio este texto que considero ser a primeira parte das memórias que guardo da passagem pela vida militar, do Continente à Guiné.
A sua publicação dependerá dos meus amigos em considerar ter ou não algum interesse para a causa da Tabanca, na certeza de que, ao escrevê-lo, para me envaidecer ou a alguém influenciar, haja posto aqui mais do que vi, senti e imaginei.
Joaquim Cardoso


MEMÓRIAS DE UM PASSADO

1 - O COMEÇO FOI ASSIM: 

Antes de seguir para o Ultramar, no Continente passei pelas seguintes Unidades:
- GACA 3 em Espinho: Recruta - Outubro de 1971.
- BC 5 em Campolide: Especialidade de Transmissões - Janeiro de 1972.

Terminada a Especialidade, em Março desse ano, segui para o CIOE em Lamego onde fiquei colocado, passando a desempenhar serviço na Secretaria de Mobilização.

O tempo foi decorrendo com normalidade, até que em princípio do mês de Agosto chegou o momento esperado, mas jamais desejado.
Estando afeto ao citado serviço, ao abrir-se o correio, um dos envelopes continha um dossiê que me dizia respeito!
Tratava-se da minha mobilização para o Ultramar que, não sendo agradável, tinha a agravante de ser para a Guiné, de onde tão más notícias chegavam a respeito da guerra.

Foi um choque!
Depois de receber algum conforto dos companheiros mais próximos, cerca de três ou quatro dias depois segui para o R15 em Tomar, (U. Mobilizadora) e à chegada, deu-se um caso para mim bastante insólito.
Entreguei a guia de marcha na Secretaria e, quando esperava orientações para me juntar aos companheiros que faziam parte do Pelotão de Morteiros 4574/72, o militar que me atendeu, após consultar pastas no arquivo e trocar algumas impressões com outros militares ali em serviço, informou-me sem mais explicações, que o dito Pelotão,  de que eu iria fazer parte, já estava na Guiné há quase um mês, tendo, por esse motivo, de seguir "sozinho".

Fiquei desolado.
Perante esta situação, imaginei desde logo o que iria sentir sem a presença dos meus companheiros com quem pudesse aliviar a pressão do momento, e interrogava-me:
- Será que chegando ao destino, encontrarei alguém conhecido?
Seria bom, mas era uma incógnita.

Um dia depois de ter chegado ao RI 15 em Tomar, recolhi à minha residência paragozar os 10 dias de licença para a despedida, findos os quais segui para um Quartel na Calçada da Ajuda em Lisboa, (se a memória não me atraiçoa, era da PM), para dali seguir para o Aeroporto .
Porém, como o avião atrasou, fui de novo mais três dias para casa havendo, por esse motivo, nova despedida, desta vez de menor intensidade emocional, (a segunda nunca é como a primeira!).

Regressado ao Quartel e transportado bem cedo ao Aeroporto, num dia de sábado, 26 de Agosto de 1972, o 727 dos TAM desta vez não falhou.
Sem bater asas levantou voo, tomou a devida altura e passadas que foram algumas 3 horas, aterrou no Aeroporto de Bissau por volta do meio dia.
Sendo para mim a primeira viagem de avião, não gostei! À passagem pelos chamados "poços de ar" o avião perdia altura e causava-me desagradável sensação. Ficou-me essa ideia, que ainda hoje é meio de transporte que procuro evitar.

Começava então a pisar chão Guineense, bem diferente do que estava habituado.
Este "queimava" devido ao tórrido calor que se fazia sentir, ficando em poucos minutos encharcado com suor.
Um militar "velhinho", ao ver-me naquele estado, disse para me pôr à vontade, que ali não havia grande rigor com o modo de trajar. (Em Nova Lamego não fora bem assim, como mais tarde constatei). Esteve lá um tal "Hitler"!).

O militar o disse, e eu melhor o fiz.
De camisa bem arregaçada, sem gravata, e com a ajuda do ar, embora quente, provocado pelo movimento da viatura que me transportou ao Depósito Geral de Adidos em Brá, senti-me menos acalorado.
Após a chegada, fiz a minha apresentação, sendo-me dito que iria aguardar transporte, barco ou avião, para Nova Lamego, indicando-me de seguida o refeitório e a caserna onde comer e pernoitar.
Chegada a hora do almoço, lá fui para a fila. Nunca tinha visto um Quartel com tantos militares mas, sendo um Depósito de Adidos por onde passavam praticamente todos os militares que chegavam e partiam, era compreensível.

No interior do refeitório sentia-se um calor sufocante e o cheiro à comida era tão intenso, que quase nada comi.
Aquando da tomada da refeição, através dos orifícios na parede que permitiam o arejamento do refeitório, pude ver o que infelizmente outros já tinham visto.No exterior permaneciam ali algumas crianças, umas nuas outras seminuas, que espreitando pelos ditos orifícios, fixavam os olhitos em quem comia, à espera que lhes dessem alguma coisa para comer e, na latita que uma delas possuía, lá pus um pouco do muito fraco que me haviam servido.
Notava-se a fome daquelas crianças que não "olhavam" a cheiros ou gostos, e se nada mais houvesse, até os restos comiam!

Este e outros episódios que mais tarde presenciei nos tabancais, onde pessoas com ferimentos horríveis e ausência total de tratamento, foram suficientes para perceber até que ponto ia a miséria daquele povo!

Após o período de refeição, deambulei pelo interior do Quartel na expectativa de, como disse, encontrar alguém conhecido. No primeiro dia o resultado foi negativo. No segundo, exatamente o mesmo. Porém, ao terceiro dia "se fez luz"!

A cerca de 200 metros, passava em sentido transversal um militar que pelo seu aspeto físico e forma de movimentos, despertou-me desde logo a atenção.
Dirigi-me de imediato em sua direção e, quanto menor era o espaço que nos separava, maior era a minha convicção.
Já próximos, estavam desfeitas todas as dúvidas: Ali, na minha frente, e surpreendentemente, estava o Graça, companheiro de Pelotão na Especialidade de Transmissões no BC 5 em Lisboa!
Abraçámo-nos e pergunta-me ele:
- Para onde vais?

Respondi-lhe:
- Vou para guerra em Nova Lamego - e perguntei - já ouviste falar desse local?

Resposta pronta:
- Eu também estou em Nova Lamego! - Estou aqui em Bissau para uma consulta externa.

De seguida fez outra pergunta:
- Qual o Batalhão ou Companhia que integras?

Disse-lhe que não se tratando de uma rendição individual, desconhecia o porquê de ir sozinho para fazer parte do Pelotão de Morteiros 4574/72 e, segundo me haviam dito, já estava na Guiné há cerca de um mês.
Admirado, retorquiu que também ele pertencia a esse Pelotão, incluindo o Santos e o Vasco! (éramos todos do mesmo Pelotão e Especialidade no BC5 em Lisboa), e sendo assim, por ironia do destino, nos iríamos juntar de novo!

Confesso que na altura duvidei do que acabava de ouvir. Não por pôr em causa a honestidade do Graça, mas por considerar ser bom demais para ser verdade. Para tirar dúvidas, dirigi-me de imediato à secretaria, onde me confirmaram o que eu há pouco havia duvidado. Nesse momento, o sentimento de tristeza e melancolia que estava vivendo, se modificou, pois estava convicto que, estando junto dos meus ex-companheiros, estaria certamente entre família, o que mais tarde realmente se provou.

Passando mais de uma semana a dormir numa caserna cujo ambiente deixava muito desejar, fui avisado para que na manhã do dia seguinte, presumo que era quarta-feira(?), pelas 5 horas da manhã, estar pronto a fim de ser transportado ao cais e prosseguir a viagem de barco.
Sendo também a minha primeira viagem neste tipo de transporte, não imaginava ser transportado numa LDG (Barco de Guerra), mas como não tinha contrato de viagem aceitei sem reclamações.

Embarcadas as cerca de 40 ou 50 pessoas, a maior parte nativas, foram retiradas as amarras, e o barco começou a afastar-se do cais para seguir rio Geba acima.
À saída, imaginei ali no Cais o Velho do Restelo, maneando três vezes a cabeça descontente e, com o saber só de experiência feito, estas e outras palavras tirar do esperto peito: (Ó glória de mandar, ó vã cobiça Desta vaidade a quem chamamos Fama!).

Estaria-se a navegar talvez a meio do percurso, quando no céu se formaram escuras nuvens de enorme dimensão, dando origem pouco tempo depois, a assustadores relâmpagos e trovões e, de seguida, a uma intensa chuvada que me deixou "ensopado".
Com esta situação, também aqui me lembrou o Canto Sexto dos Lusíadas, com a descrição da Tempestade, (ressalvando naturalmente as devidas proporções), considerei ter sido aquela o meu batismo das tempestades tropicais.
Como normalmente, a seguir à tempestade chega a "Bonança", também ali se cumpriu o ditado e, passado que foi cerca de meia hora, o sol voltou a brilhar e forte como de costume, alterando rapidamente o meu estado de molhado a seco e assim se continuou a navegar.

Pouco tempo depois, alguém avisava que por questões de segurança, todas as pessoas que ocupavam as partes cimeiras do barco, se deviam deslocar para as partes mais baixas. No momento que se cumpria tal ordem, as anti-aéreas que o barco dispunha, começaram a fazer movimentos, prontas a disparar se preciso fosse, ao mesmo tempo que dois aviões Fiat faziam voos por cima do barco a baixa altitude, com ruídos ensurdecedores, e no sentido circular, visionando a envolvência nas duas margens do rio.

Surpreendido com os aparatosos movimentos, pensei que certamente se estaria a chegar ao verdadeiro "Teatro de Guerra"!
Soube depois que este cenário se repetia e justificava, sempre que barco passasse naquele local que, por ser dos mais estreitos do rio, se tornava estratégico para o IN praticar as suas ações de guerrilha, o que já tinha acontecido.
Felizmente nada de especial aconteceu e, passado o perigo, tudo voltou à normalidade.

A viagem prosseguia mas, aproximava-se do fim.
Pouco tempo depois, seriam 11horas(?)  chegou-se ao Xime, local indicado para o desembarque.
À chegada, encontravam-se ali vários militares e diversas viaturas para dar continuidade à viagem, mas desta vez por terra.
Como durante a viagem de barco não tinha sido dado qualquer alimento, pouco tempo depois da coluna iniciar a viagem, fez uma paragem no Quartel de Bambadinca, onde foi distribuída meia ração de combate que constava de: uma lata de atum, um pacotinho de leite e umas bolachas de água e sal.

Após este almoço de compreensível brevidade, a coluna fez-se de novo à estrada que não sendo nenhuma Via-Rápida, era considerada um luxo por aquelas bandas por ser asfaltada, e assim se rolava em direção ao Leste.

Atravessaram-se pequenas pontes de madeira, de segurança bastante duvidosa. Passou-se à Cidade de Bafatá e, percorridas que foram as cerca de 5 dezenas e meia de quilómetros sem sobressaltos de maior, pelas 2 horas da tarde mais ou menos, eis-me chegado finalmente ao destino, o Gabu-Sára em Nova Lamego.

À chegada estavam para me receber, (e que bem recebido fui!), os ex-companheiros: o Santos, o Graça e o Vasco.

No momento dos abraços, fui como que praxado com alguns "piu... pius", oferecendo-me mancarra, (palavra nova para mim que significava amendoim), e o Santos, que foi sempre o primeiro entre nós nos momentos de descontração, cantarolava "piriquito vai no mato que a velhice está cansada".

Foi um momento de alegria e também de bom humor, porque ao terem somente um mês de Guiné, a sua velhice era muito infantil.

Terminada a viagem, estava no local de guerra que me foi destinado.
Felizmente, durante os cerca de 21 meses de permanência, não feri nem fui ferido, simplesmente adoeci, que não sendo coisa pouca, deu para sobreviver.

Passadas que foram mais de 4 dezenas de anos sobre estas histórias, aqui as vou deixando escritas para que constem, certo não só, das naturais imprecisões que o tempo já passado lhes provoca, mas também pela reconhecida falta de conforto académico do autor para as melhor compor e contar.

"Desgastado" da viagem, é altura de fazer um interregno para descanso.
Não será certamente como o de 1383/85 porque, o assunto aqui tratado, além de ser incomparável, é de muito menor importância relativamente àquele, e assim pouco tempo bastará para recuperar forças e regressar ao mesmo local para as continuar.

Despeço-me com um grande Alfa Bravo a todos os Tertulianos e até breve.

Castelões-Penafiel.
Neste dia de domingo, aos 11 dias do mês de Agosto de 2013
Joaquim M. Cardoso
Ex-Soldado de Transmissões
NM 19453071

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11651: Tabanca Grande (401): Joaquim Moreira Cardoso, ex-Soldado TRMS do Pel Mort 4574 (Nova Lamego, 1972/74)

Vista aérea da tabanca de Nova Lamego

Foto: © Manuel Caldeira Coelho (2011). Todos os direitos reservados.


1. No passado dia 19 de Abril de 2013, recebemos do nosso camarada e novo tertuliano Joaquim Moreira Cardoso, ex-Soldado de TRMS do Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74, esta mensagem:

Sr. Luís Graça
Porque não nos conhecemos, tomo a liberdade de o tratar desta forma para lhe solicitar o seguinte:
- Desde há pouco tempo atrás, venho pesquisando os vossos blogs da Tabanca Grande, encontrando fotos inseridas no blog, (A.Santos Gabu Sara - Guiné-Bissau 1972/74), que me são "familiares".

A foto que retrata o Posto de transmissôes por Rádio e três militares, o que se encontra a ler algo, sou eu. Como são colegas, (entre outros), que tanto prezo e jamais voltei a encontrar, "aguçou-me o apetite" de, ( se houver lugar e mo permitirem ), entrar na vossa Tabanca, tentando desta forma alguma aproximação com amigos de longa data.

Agradeço que me informe o que se torna necessário para a minha entrada. Aproveitando a oportunidade, ficaria-lhe também muito grato que este assunto fosse levado ao conhecimento do bloguista A.Santos, soldado de transmissões do Pelotão de Morteiros 4574 já acima referido, mais o humorístico complemento.

Porque a Guerra agora é outra, disparei este pacífico foguetão que tem como único objectivo, (se explodir no local pretendido), noticiar a um amigo que não vejo há mais de 40 anos, principalmente duas coisas: 
- a primeira é que ainda sou vivo e com forças para lhe dar um abraço "do tamanho do mundo"; 
- a segunda, disponibilizar os meios através dos quais me poderá contactar, sabendo algo mais acerca deste intruso que está ansioso por lhe falar.

 Esperando ter sucesso, é tudo de momento. 
Obrigado a todos, um forte abraço e até breve.
Joaquim Moreira Cardoso


2. Cabe aqui uma lamentável nota. O camarada Cardoso nunca obteve resposta à sua mensagem porque o editor de serviço a perdeu de vista.


Zona Leste > Sector L3 > Nova Lamego > Na foto, António Santos a "transmitir" e o Joaquim Cardoso, em primeiro plano, a ler

Foto: © António Santos(2006). Direitos reservados. Legenda: CV


3. Assim, e felizmente, o Cardoso insistindo, mandou-nos esta mensagem no passado dia 27 deste mês de Maio:

Caro Sr. 
Com os meus cumprimentos envio este mail para o seguinte: 
- Há tempos atrás, ao pesquisar algo relacionado com história de Portugal, encontrei muito casualmente o vosso blog tabanca grande e, ao abri-lo, deparei-me com uma agradável surpresa! Ali são expostas entre outras coisas, fotos dos meus ex-camaradas do Pelotão de Morteiros 4574 tiradas no Gabu Sara - Guiné nos anos 1972/74 nomeadamente, o Santos, o Graça e o Vasco. 
Éramos os quatro das transmissões que, por ironia do destino, não nos vemos há mais de 40 anos. 
Com esta "descoberta" ficou-me na cabeça a ideia de um dia formalizar o pedido de entrada na vossa tabanca, o que hoje concretizo, será aceite? 
Caso afirmativo anexo duas fotos, uma antiga vestido de militar e outra actual à civil.

Segue o meu nome, residência e contactos:
Joaquim Moreira Cardoso 
Ex-soldado de transmissões de Infantaria
NM 19453071 
Residente em Castelões - Penafiel 

Aguardando notícias, renovo os meus cumprimentos e subscrevo-me 
J. Cardoso.


4. Comentário do editor

Caro camarada Joaquim Cardoso
Tivesse eu a têmpera do Egas Moniz e apresentar-me-ia perante ti com uma corda ao pescoço, mas como não sou nenhum valente nem gosto de gravata, limito-me a pedir-te publicamente desculpa por ter perdido de vista a tua mensagem de 19 de Abril, logo não te ter dado resposta.

Em boa hora resolveste insistir e agora sim vais ser apresentado formalmente à tertúlia.
Podes perguntar porque não é o editor Luís Graça a responder-te, já que até te dirigiste a ele? Respondo eu, porque, como trabalho por estes lados é coisa que não falta, tentamos distribuir tarefas e algumas funções. É suposto eu responder aos camaradas que se querem juntar a nós, só que desta vez falhei.

Acho que o António Santos, um camaradão que eu tenho o prazer de conhecer pessoalmente, vai ficar contente por te juntares a ele neste Blogue e por a partir de agora poderes participar nos Convívios do Pel Mort 4574, o próximo já no dia 1 de Junho. Espero que te tenhas já inscrito. Vê aqui, é só clicares: Guiné 63/74 - P11551: Convívios (519): 9.º Almoço de confraternização do pessoal do Pel Mort 4574/72 em Almeirim no dia 1 de Junho de 2013 (António Santos)

Se quiseres contribuir com as tuas fotos e algumas das tuas memórias escritas, manda-as para a caixa de correio do editor Luís Graça e para a de um dos co-editores, eu ou Eduardo Magalhães.

Por outro lado, se tiveres necessidade de algum esclarecimento adicional não hesites em solicitá-lo.

E por falar em esclarecimento, ficas desde já a saber que na tertúlia não há nenhuma distinção entre os camaradas, que por o serem, se tratam todos por tu.

Recebe um abraço em nome da tertúlia e dos editores.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 28 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11641: Tabanca Grande (400): Almiro da Silva Gonçalves, ex-Soldado TRMS de Inf do Pel Mort 4580 (Bambadinca, 1973/74)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11551: Convívios (519): 9.º Almoço de confraternização do pessoal do Pel Mort 4574/72 em Almeirim no dia 1 de Junho de 2013 (António Santos)




1. A pedido do nosso camarada António Santos (ex-Sold Trms do Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74), [foto à direita], aqui fica o anúncio do 9.º Almoço de Confraternização do seu Pel Mort, que este ano se vai realizar em Almeirim no próximo dia 1 de Junho de 2013.


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Nota do editor

Último poste da série de 28 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11490: Convívios (518): 17º Encontro/Convívio da CCAV 8351 - “Os Tigres de Cumbijã” (Magalhães Ribeiro)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6111: Convívios (211): 6.º Almoço Convívio do Pel Mort 4574 em Penacova, dia 22 de Maio de 2010 (António Santos)

1. Mensagem de António Santos (ex-Sold Trms do Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74), com data de 3 de Abril de 2010:

Camarada, Vinhal
Boa Páscoa, junto dos teus queridos.

Em anexo envio um ficheiro com as indicações da nossa reunião para almoço e confraternização, logo que te for possível a malta do 4574, agradece.

Um alfa bravo, do
ASantos
SPM 2558



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Nota de CV:

Vd. último poste da série de l5 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6110: Convívios (124): 4º Encontro-Convívio da CCS/BART 2917 e Unidades Agregadas ao Comando do BART, MAI70 a MAR72 (Benjamim Durães)

domingo, 4 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3698: Levantamentos de rancho em Nova Lamego, em 1973 e 1974 (A. Santos, ex-Sold Trms, Pel Mort 4574/72)

1. Mensagem do António Santos, ex-Sold Trms do Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74,

Assunto - Poste 3625 (*)

Luís, Vinhal e Briote, Camaradas em geral.

Votos de boa saúde.

O poste em referência, do camarada José Manuel Dinis que esteve em Bajocunda, fez com que recordasse que também em Nova Lamego, e aqui sim, houve levantamento de rancho, não um mas, três, devia ser um mal da Zona Leste, ou do vagomestre, embora Nova Lamego fosse possuidora da segunda melhor pista para aeronaves em toda a Guiné, portanto não seria por aí que os mantimentos não chegavam à mesa do Zé tropa, era por esta via que os sectores L4 e L6 se abasteciam através de colunas feitas periodicamente a Nova Lamego.

Vamos então aos levantamentos de rancho: o primeiro ocorreu em 73 não recordo a data, mas sei que foi na administração do BCAV 3854, porque recordo bem que o Capitão da CCS, ao saber o que se passava, foi ao refeitório tentar convencer o pessoal que estávamos perante o melhor petisco do mundo; o segundo passou-se já na vigência administrativa do BART 6523 e foi efectuado no início do ano de 74; o terceiro, este sim, já foi mais politizado porque já tinha acontecido o 25 de Abril e era já corrente os palavrões tais como: CAOS, CAÓTICO, ANARCA e ANARQUISTA, LATIFUNDIÁRIO, FACHISTA, palavras que não eram correntes na época, por exemplo.

Se eu disser que nunca comi uma hortaliça na Guiné, são capazes de não acreditar, mas acreditem porque foi verdade, embora na época não desse muita importância a este produto, mas faltou-me no cabedal, fui para lá com 67 kg, deixei 10 por aquelas bandas apesar de aos 13 meses de comissão ter vindo à minha aldeia retemperar as forças, leia-se umas bifalhadas, senão a diferença tinha sido maior, a falta dos legumes eram supridos, diziam com as famosas drageias amarelas que eram fornecidas uma ou duas vezes por semana a acompanhar a refeição.

Como sabem para cada militar havia uma porção de cada alimento que quase sempre não chegava à mesa. Aqui presto a homenagem ao Alf Sousa do Pel Mort 4574 que, quando era oficial dia, logo que recebia posse como tal e a nossa bandeira subia o mastro, dirigia-se imediatamente para a cozinha, inteirava-se da nossa dieta e fazia pesar, dependia da ementa, batatas, frango, carne, arroz, etc., a porção por cabeça, dos comensais que faziam parte da lista para esse dia, pois havia sempre passantes a caminho de, ou para qualquer parte e por isso o número era variável, nesse dia era uma fartura inclusive vinho, o meu copo que era uma lata de fruta, até transbordava nesses dias.

Pronto, estou a enviar mais uma acha para a fogueira do vagomestre, é certo que também já se apagou e de certeza que não arde, embora todos os que passaram por aquelas bandas saibam o que realmente se passava.

Já que estou lançado, aqui vai mais uma, a 22 de Agosto de 1972 quando passámos e parámos em Bambadinca, para deixarmos o Pel Mort 4575, que como o meu ía render outro já farto de estar na Guiné, pois passados uns dias estávamos em Nova Lamego e constou-se que o 1º Sargento Velhinho tinha oferecido uma certa importância, que dava para na altura comprar um andar nos subúrbios de Lisboa, ao 1º Sargento que o rendia, para regressar à Metrópole, mas este não aceitou, qual o motivo? Bambadinca era centro de recruta de milícias, o que devia dar uns trocos ao 1º e depois quem sabe também deu ao 2º.

Posto este comentário, envio para a tabanca.

Um alfa bravo.
A. Santos
SPM 2558

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3625: História da CCAÇ 2679 (10): Um Natal atribulado (José Manuel Dinis)

domingo, 14 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3622: Brasões, guiões ou crachás (6): BART 2917 e 2924, BCAÇ 507 e 512, CCAV 1484, Pel Caç Nat 52 e Pel Mort 4574 (José Martins)

BATALHÃO DE ARTILHARIA N.º 2917

BART 2917 - Guiné 1970/72 - Divisa: P'la Guiné e suas gentes

Mobilizado no Regimento de Artilharia Pesada n.º 2 – Vila Nova de Gaia

Embarque em 17Mai70
Desembarque em 25Mai70

Regresso em 24Mar72

Divisa – P´la Guiné e suas gentes

Segue para Bambadinca em 29Mai70 assumindo a responsabilidade do Sector L1, que abrangia os subsectores de Xime, Xitole, Mansabá e Bambadinca. A sua actividade desenvolveu-se na coordenação e realização patrulhamentos, emboscadas e segurança de itinerários, assim como protecção de trabalhos de reordenamento dos aldeamentos. Implementou e organizou o funcionamento do Centro de Instrução de Milícias. Deslocou-se para Bissau a fim de aguardar embarque em 15Mar72.

Tem como subunidades orgânicas as CArt 1714, 1715 e 1716, que se mantiveram sempre na área do seu sector.

Imagem: Benjamim Durães/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE ARTILHARIA N.º 2924

BART 2924 - Guiné 1970/72 - Divisa: Porfiamos o Céu, a Terra e as Ondas, Atroando

Mobilizado no Grupo de Artilharia Contra Aeronaves n.º 2 – Torres Novas

Embarque em 23Set70
Desembarque em 29Set70

Regresso em 21Set72

Divisa – Porfiamos o Céu, a Terra e as Ondas atroando

Entre 05 e 31Out70 realizou no Centro de Instrução Militar, em Bolama, a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, em conjunto com as suas companhias orgânicas. Segue em 28Nov70 para o sector de Tite, para treino operacional e assume o Sector S1 em 15Dez70, que incluía os subsectores de Nova Sintra, Jabadá, Fulacunda e Tite. A área de Ganjauará é retirada a este sector em 24Nov71. Desenvolveu intensa actividade efectuando e coordenando patrulhamentos, emboscadas, reconhecimentos ofensivos e reacção a flagelações de aquartelamentos e povoações em autodefesa. Coordenou e orientou o reordenamento de aldeamentos e trabalhos de asfaltagem, na sua área de acção. Foi rendido em 20Ago72, seguindo para Bissau a aguardar embarque.

Tem como subunidades orgânicas, que estiveram sempre integradas no seu sector, as CArt 2771, 2772 e 2773.

Imagem: José Sobral/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 507

BCAÇ 507 - Guiné 1963/65

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 2 - Abrantes

Embarque em 14Jul63
Desembarque em 20Jul63

Regresso em 29Abr65

Divisa –

Constituído apenas por Comando e CCS (Companhia de Comando e Serviços), não dispondo, portanto de subunidades orgânicas, recebeu os elementos de recompletamento, que ainda não tinham terminado a sua comissão de serviço, e que estavam integrados no BCAÇ 239, a que sucedeu. Em20Jul63 assume a responsabilidade do sector B, com sede em Bula, enquadrando as companhias instaladas em Teixeira Pinto, Mansoa, S. Domingos e Farim. O sector foi aumentado com os subsectores de Mansabá e Ingoré (28Jul63) e Bissorã (01Ago63). Em 01Set63 a sua zona de acção foi reduzida dos subsectores de Mansoa, Farim, Mansabá e Bissorã, e aumentado dos subsectores de Binar (08Mai64) e Có (02Mar65). Desenvolveu a sua actividade operacional em patrulhamentos, reconhecimentos, batidas e emboscadas, com o objectivo de travar o alastramento da subsversão na zona Oeste, assim como a segurança e protecção das populações. Em 28Abr65, deixou a sector de Bula, já designado sector O1, seguindo para Bissau para aguardar embarque.

Imagem: Carlos Coutinho/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 512

BCAÇ 512 - Guiné 1963/65 - Divisa: Honra e Glória

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 7 - Leiria

Embarque em 17Jul63
Desembarque em 22Jul63

Regresso em 12Ago65

Divisa – Honra e Glória

Constituído apenas por Comando e CCS (Companhia de Comando e Serviços), não dispondo, portanto de subunidades orgânicas. A fim de instalar e organizar a sua zona de acção, segue para Mansoa em 20Ago63. Em 01Set63, assume a responsabilidade do recém criado sector C, englobando nele as companhias que se encontravam instaladas em Mansoa, Mansabá, Bissorã e Farim, assim como os seus destacamentos. Foram acrescentados os subsectores de Enxalé (08Dez63) e Bigene (23Dez63). O sector é reduzido, por entrada em sector de outros batalhões, sendo retirados os subsectores de Farim e Bigene (23Mai64) e Mansabá e Bissorã (31Mai64). Desenvolveu a sua actividade em especial nas zonas de Óio-Morés, Biambifoi e Enxalé, efectuando patrulhamentos, reconhecimentos, batidas, emboscadas e golpes de mão, nomeadamente sobre as linhas de infiltração inimigas. Em 22Jul64 a sua zona de acção foi integrado no sector atribuído ao BArt 645 e foi deslocada para Bissau, onde assumiu a segurança do aquartelamento do Centro de Instrução de Comandos, em Brá. A 29Dez64, desloca-se para Nova Lamego, para proceder à instalação do novo sector L3, cuja responsabilidade assume em 11Jan65, tendo sido criados os subsectores de Canquelifá (25Fev65), Bajocunda (11Mar65), Madina do Boé e Buruntuma (23Mai65), tendo recorrido a subunidades de intervenção às ordens do Comando Chefe. Neste sector organizou operações para travar a penetração de forças inimigas e travar relacionamento com as populações. A 01Jun65 foi para Bissau a fim de aguardar embarque de regresso.

Imagem: Carlos Coutinho/ultramar.terraweb
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COMPANHIA DE CAVALARIA N.º 1484

CCAV 1484 - Guiné 1965/67 - Divisa: Vontade e Audácia

Mobilizada no Regimento de Cavalaria n.º 7 - Lisboa

Embarque 20/Out/65
Desembarque em Bissau em 26/Out/65

Regresso em 02/Ago/67

Comandante: Cap Cav Rui Manuel Soares Pessoa e Amorim

Companhia independente ficou instalada em Nhacra, onde rendeu a CArt 565, ficando adida ao BArt 1857, aquartelado em Santa Luzia - Bissau.

Fez treino operacional em Mansoa durante o mês de Nov/65, que culminou com uma operação na área de Cobonge.

O efectivo da Companhia tomou o seguinte dispositivo:

Em Nhacra: Comando da Companhia, 2 GComb e 1 Pel da Comp Mil 10 em reforço

Em Safim: 1 GComb reforçado com 2 Pel da Comp Mil 10, com 1 Secção destacada em Ensalmá e outra em João Landim.

Em 08Jun66 a CCav 1484 foi rendida em Nhacra pela CCaç 797 e seguiu para Catió, onde ficou em intervenção ao Sector, adida ao BCaç 1858 e, após a rendição deste, ao BArt 1913.

Durante o período de permanência em Catió deu cobertura, em Cufar, à rendição da CCaç 763 pela CCaç 1621 e, no Cachil (Como) à rendição da CCaç 728 pela CCaç 1587.

De 12Jun66 a 28Jun67 efectuou 40 operações no Sector, sofreu 2 mortos e 22 feridos em combate, registando ainda 1 morto por acidente.

Em 20Jul67 segue para Bissau, embarcando no Uíge em 26Jul67 e chegado a Lisboa em 02Ago67.

(Imagens e texto de Benito Neves)
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PELOTÃO DE CAÇADORES NATIVOS N.º 52

PEL CAÇ NAT 52 - Guiné 1966/74 - Divisa: Matar ou Morrer / Os Gaviões

Mobilizado no Comando Territorial Independente da Guiné

Criado em Setembro de 1966

Desactivado em Agosto de 1974

Divisa – Matar ou Morrer / Os Gaviões

Colocado inicialmente em Porto Gole, foi transferido, sucessivamente, para Enxalé (Mai69), Missirá (Jun69), Bambadinca (Set69), Fá Mandinga (Jul71), Fá Mandinga (Abr72), Ponte do Rio Udunduma (Jul72) e Mato de Cão (Out72), onde se manteve até ser extinto.

Pequena unidade da guarnição normal.
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PELOTÃO DE MORTEIROS N.º 4574/72

PEL MORT 4574/72 - Guiné 1972/74

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 15 - Tomar

Embarque em Jul/72

Regresso Após Abr74

Foi colocado junto do Batalhão instalado no sector L3 em Nova Lamego, destacando forças a nível de Secção ou Esquadra para as subunidades instaladas naquela área de acção.
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Notas de CV:

Vd. postes anteriores da série de:

10 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3429: Brasões, guiões ou crachás (1): CCAÇ 2797, Pel Caç Nat 51 e Pel Caç Nat 67, Cufar, 1970/72 (Luís de Sousa)

14 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3453: Brasões, guiões ou crachás (2): CCAV 678, 1964/66 (Manuel Bastos)

22 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3501: Brasões, guiões ou crachás (3): CAOP 1: BCAÇ 2885; CART 2732 e CCAÇ 5 (Jorge Picado/Carlos Vinhal/José Martins)

1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3551: Brasões, Guiões ou Crachás (4): CCAÇ 728; CCAÇ 2617; CCAÇ 3566; PEL CAÇ NAT 63; CCAV 677 e CCAÇ 2402 (José Martins)

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3580: Brasões, guiões ou crachás (5): BCAÇ 2893, CART 730 e 23339, CCAÇ 726, 1426, 2406, 2636, 2701 e 3477 (José Martins)