Mostrar mensagens com a etiqueta Pel Mort 2138. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Pel Mort 2138. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24654: Álbum fotográfico do António Alves da Cruz, ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Buba, 1973/74) (7): Quartel e tabanca de Buba, e rio Grande de Buba

Foto nº 15

Foto nº 17A

Foto nº 17

Foto nº 16

Foto nº 18

Foto nº 20

Foto nº 21


Foto nº 12


Foto nº 13

Foto nº 14

Foto nº 14A


Foto nº 23


Foto nº 21A


Foto nº 22

Foto nº 22A


Foto nº 15


Foto nº 24

Guiné > Região de Quínara > Buba > 1ª C/BCAQÇ 4513/72 (Bula, 1973/74) > As fotos vão dispostas, não pela numeração, mas pela afinidade temática.

Fotos (e legendas): © António Alves da Cruz (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do álbum do António Alves da Cruz (ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 45113/72, Buba, 1973/74), que tem 12 referências n0 nosso blogue. O descritor Buba tem 376 referências.


António Alves da Cruz, ex-fur mil, 
1ª C/BCAÇ 45113/72 (Buba, 1973/74)
  

Estamos a seguir, tanto quanto possível, a ordem cronológica da comissão de serviço na Guiné da 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Bula, 1973/74), e que o álbum fotográfico do nosso camarada António Alves da Cruz procura ilustrar:

(i) partida do BCaç 4513/72: embarque em 16mar73; desembarque em 22mar73;

(ii) IAO no CIM de Bolama, em abril de 1973: 

(iii) a 1ª Comp, após o treino operacional no subsector de Buba com a CCaç 3398, sob orientação do BCaç 3852, passou a reforçar a actividade daquela subunidade no esforço realizado de contrapenetração no referido subsector e depois integrada no seu batalhão, na função de intervenção que lhe foi atribuída, tendo-se instalado, a partir de 17mai73, em Mampatá;

(iv) em 15ag073, rendendo a CCaç 3398, assumiu a responsabilidade do subsector de Buba, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão;

(v) em 4set74, após a desactivação e entrega do aquartelamento ao PAIGC, recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Anexo - Fotos de Buba: quartel, tabanca e rio grande de Buba (reproduzidas acima; numeração e legendas do autor):

Legendas:

f 12- Tabanca de Buba
f 13- Tabanca de Buba
f 14- Tabanca de Buba
f 15- Início do alcatroamento da estrada Buba - Aldeia Formosa
f 16- Rio de Buba
f 17- Valas e obus 14
f 18- Rio Buba maré vazia
f 19- Barcos de pesca
f 20- Maré vazia, o tarrafo
f 21- Lembrar os nossos camaradas do pelotão de morteiros 2138
f 22- O meu quarto
f 23- Saída da coluna para Nhala
f 24 - Viaturas destruídas
_____________

Nota do editor:

Último poste da série > 12 de setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24643: Álbum fotográfico do António Alves da Cruz, ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Buba, 1973/74) (6): Instalaçóes do quartel de Buba

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18350: (D)o outro lado do combate (20): Os fracassos assumidos pelo PAIGC no ataque a Buba, de 12 de outubro de 1969… E os outros que se seguiram (ao tempo da CCAÇ 2382 e do Pel Mort 2138) - Parte II (Jorge Araújo)


Guiné > Região de Quínara > Buba > Rebentamento de granada no Rio Grande de Buba durante um ataque IN (período 1968/1971 – CCAÇ 2616 / BCAÇ 2892). Foto do ex-alf. Joaquim Rodrigues, in: http://guine6871.blogspot.pt/ (com a devida vénia).

Infografia: Jorge Araújo (2018)



Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 
(Xime-Mansambo, 1972/1974)


GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE > OS FRACASSOS ASSUMIDOS PELO PAIGC NO ATAQUE A BUBA [12OUT1969]… E OS OUTROS QUE SE SEGUIRAM (AO TEMPO DA CCAÇ 2382 E DO PEL MORT 2138) - Parte II
por Jorge Araújo


1.  INTRODUÇÃO

Este segundo fragmento relacionado com os dois ataques a Buba ocorridos no último trimestre de 1969 - o 1.º em 12 de outubro e o 2.º em 11 de dezembro - reforça o que, no entender dos responsáveis do PAIGC, foram os seus maiores fracassos registados durante o cumprimento do "plano de acções militares", elaborado para a região do Quinara e Tombali, executado com recurso a uma quantidade significativa de equipamentos de artilharia e com mobilização de um numeroso contingente de guerrilheiros de infantaria.

Esse "plano" (ou "programa"), para o qual foi concebido um calendário concreto, contemplava ataques a oito aquartelamentos das NT, que abaixo se identificam, com a primeira acção a iniciar-se em Buba e que, devido aos resultados desfavoráveis deste, foi entendido que se deveria realizar nova acção, com o segundo ataque a ser agendado para o final desta "campanha", a ter lugar no dia 10 de Dezembro de 1969.

Conforme já referido anteriormente (*), a decisão de escrever esta narrativa surge na sequência de uma investigação por nós realizada a propósito de uma foto de um «espaldão de morteiro 81», localizada no Arquivo Amílcar Cabral, existente na Casa Comum – Fundação Mário Soares. Aí tivemos acesso, também, a um relatório dactilografado, formato A/4, com um total de vinte e três páginas, sem capa e sem referência ao seu autor, elaborado no seguimento "das operações militares na Frente Sul" [http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40082 (2018-1-20)], onde se referem os aspectos mais importantes anotados antes, durante e depois de cada missão, nomeadamente: efectivos, equipamento, desenvolvimento da acção e avaliação.


2. OS FRACASSOS ASSUMIDOS PELO PAIGC EM 12OUT1969… E OS SEGUINTES…

Recorda-se que o primeiro ataque a Buba [12 de outubro de 1969] só foi concretizado depois de um longo período de minucioso reconhecimento sobre as melhores condições geográficas para a actuação da artilharia com três posições de fogo distintas. Por outro lado, esse reconhecimento previa também identificar as melhores vias de acesso para a infantaria e locais para a sua disposição, uma vez que iriam estar no terreno um universo superior a três centenas de combatentes, comandados pelo cap  Pedro Peralta [cubano] e por 'Nino' Vieira.

Entretanto, durante esse reconhecimento, um grupo de guerrilheiros foi descoberto pelas NT, em 7 de outubro de 1069, quando o sentinela do Pel Mort 2138, colocado no posto de vigia junto à pista de aviação, detectou elemento IN nas imediações da pista. No dia seguinte (dia 8), na continuação do reconhecimento supra, um grupo IN accionou uma mina A/P reforçada implantada pelas NT junto ao cruzamento das estradas de Nhala e Buba (in: História do Pel Mort 2138, p3).

"Esta operação iniciou-se com um atraso de meia hora, devido a dificuldades na instalação dos canhões. Eram 17h30 quando o ataque se iniciou com fogo dos canhões B-10, que falharam os alvos, tendo apenas dois obuses atingido o quartel. O inimigo [NT] respondeu com um nutrido fogo de morteiros [Pel Mort 2138], canhões [2.º Pelotão/BAC], metralhadoras e armas ligeiras [CCAÇ 2382 (já com as 'malas feitas' para o seu regresso à metrópole) + Pel Milícia]. Além disso, unidades inimigas [NT] de infantaria cruzaram o rio [Grande de Buba], pondo sob a ameaça de liquidação do posto de observação, os canhões, em retirada, e os morteiros.

"Nestas condições, abortou a acção da artilharia, que teve que se retirar, sempre debaixo do fogo das [NT]. Como não actuou a artilharia, tampouco actuou a infantaria. Tivemos duas baixas na operação: dois feridos, um dos quais veio a falecer mais tarde. Além disso, temos a lamentar a morte de um camarada de infantaria, por acidente."


3. O SEGUNDO ATAQUE A BUBA EM 10 EM DEZEMBRO DE 1969… QUE PASSOU PARA O DIA 11 DEVIDO A SUCESSIVAS FALHAS NA SUA ORGANIZAÇÃO,

Desenvolvimento da acção: [conclusão]

Como tivemos a oportunidade de dar conta no texto anterior [Parte I – P18346], o início do ataque deveria começar com o disparo dos foguetões das peças GRAD, seguida dos morteiros 120 para permitir o assalto por parte das forças de infantaria [10 de dezembro de 1969]. Para garantir o cumprimento dos objectivos definidos para esta acção, a comunicação entre o posto de observação e a posição de fogo das peças de artilharia far-se-ia, pela primeira vez, através dos rádios [modelo] "104". Aconteceu, porém, que estes não funcionaram no momento em que devia iniciar-se o ataque pelo que foi decido adiá-lo para o dia seguinte [11 de4 dezembro de 1969], optando-se pela substituição dos rádios por telefones.

No dia seguinte, nova decisão de suspender o ataque devido a uma série de falhas nas instalações telefónicas e, mais tarde desistir da utilização da artilharia, dada a actuação independente da infantaria, com a qual, por falta de meios de comunicação, não foi possível combinar um outro plano em substituição do que estava previsto.

Deste modo, este ataque contou, exclusivamente, com o desempenho da infantaria, que teve o seguinte desenvolvimento:

Actuação da Infantaria

"A infantaria, que não actuou no dia anterior devido à suspensão da operação, seguindo novo itinerário, ocupou as suas posições para a acção do dia 11 [Dez'69]. Duas horas depois da hora estabelecida para a actuação da artilharia (que não actuou), a infantaria atacou com todas as forças de que dispunha: 4 bi-grupos com 6 RPG-7 cada, com 5 obuses cada, tendo o 5.º bi-grupo ficado de reserva. Não obstante a pronta e dura reacção inimiga [NT = CCAÇ 2616/BCAÇ 2892, companhia "piriquita" que havia chegado a Buba em 10NOV69, ou seja, um mês antes + Pel Mort 2138, cujas esquadras eram já muito experientes], com fogo de infantaria, canhões e morteiros, a nossa infantaria permaneceu durante 45 minutos colada ao solo, realizando 5 vagas de ataque durante esse tempo.

"Desconhece-se o número de baixas sofridas pelo inimigo [NT]. Várias casernas foram destruídas. Do nosso lado houve um ferido ligeiro."



Infografia: Jorge Araújo (2018)

4. AVALIAÇÃO (CONCLUSÕES)

Impressões Finais

A páginas 19 e 20 deste "relatório" do PAIGC encontramos uma avaliação ao modo como foram acontecendo os vários ataques previstos no "plano", e os diferentes factores que influenciaram o desenrolar das "operações".

Assim, quanto ao reconhecimento dos quarteis, é referido o seguinte:

1. O reconhecimento aos quarteis inimigos (NT) demorou bastante, já que teve de ser feito completamente novo. Em quase todos os sectores, nunca se tinha levado a cabo um trabalho do género, e portanto não se dispunha de dados concretos sobre as vias de penetração nos campos inimigos (para infiltração da infantaria) e sobre possíveis posições de fogo com as respectivas distâncias (para a artilharia), já que dispomos de poucos mapas.



2. Quanto à questão do equipamento.

Fez-se sentir bastante agudamente a falta de farda e, especialmente, de botas. Para ilustrar bem este caso, basta dizer o seguinte: quando a bataria de artilharia que vinha de Cubucaré, depois do ataque a Cabedu [5.º - 6NOV69], chegou a Tombali, de 72 homens que tinha, só podemos conseguir para o ataque a Empada [7.º - 14NOV69] 5 peças de morteiros 82 (20 homens), porque grande parte dos camaradas estavam com os pés feridos por terem andado descalços e à noite.



3. Quanto à questão da alimentação.

Sujeitos a um grande esforço físico, com pouca alimentação (às vezes nenhuma), os camaradas "adoeciam" muito, dando como resultado uma grande falta de pessoal e enfraquecimento da disciplina.



4. Quanto à questão das comunicações.

Assinalamos as grandes dificuldades e por vezes a total impossibilidade em estabelecer comunicação entre o posto de observação e a posição de fogo e para uma coordenação efectiva entre a artilharia e a infantaria. Em todas as acções em que foram usados telefones ou os rádios de que dispomos actualmente, houve grandes problemas com esses equipamentos.


O "relatório" acrescenta ainda que:

1. O funcionamento do corpo de exército estava melhorando dia-a-dia, quer isoladamente, artilharia dum lado e infantaria doutro lado, quer a coordenação entre as duas armas, e, o que é importante, a infantaria já estava confiando um pouco mais na precisão da artilharia.

2. A actuação da artilharia melhorou sensivelmente. Tanto os canhões sem recuo, morteiros de 82 mm, e particularmente a arma especial (GRAD), demonstraram isso na operação de Cufar [8.º - 24NOV69] (a [pen]última que realizámos).



3. A actuação da infantaria estava melhorando também sensivelmente:

- aproximação rápida e silenciosa dos quarteis inimigos;

- disciplina de fogo;

- grande segurança na ocupação das posições e progressão durante o combate. Basta assinalar que durante todas as operações só tivemos 3 mortos, todos no primeiro ataque a Buba (a nossa primeira operação) – um por mina, durante o reconhecimento, outro por acidente com arma de fogo e o terceiro por estilhaço de morteiro na resposta inimiga [NT] ao ataque de artilharia – e oito feridos ligeiros.

4. Apesar de todas as dificuldades materiais, e do grande esforço físico exigido no transporte dos materiais pesados, o moral dos nossos combatentes esteve sempre elevado.



5. O uso das armas antiaéreas durante as operações, pelo seu peso com a respectiva munição, revelou-se uma carga demasiado pesada para as nossas unidades (para transportar com relativa facilidade uma peça DCK com a sua munição são necessários uns 10 homens). Além disso, à excepção de Cacine [4.º - 4NOV69] (1ª operação iniciada às 16h45) todas as outras operações foram desencadeadas a horas em que a aviação e os helicópteros não podem já agir com eficácia.

Iremos continuar a desenvolver este tema com a apresentação dos principais factos ocorridos em cada um dos restantes ataques.

Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.
22FEV2018.
______________

Nota do editor:

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Guiné 61/ 74 - P18346: (D)o outro lado do combate (19): Os fracassos assumidos pelo PAIGC no ataque a Buba, de 12 de outubro de 1969 … E os outros que se seguiram (ao tempo da CCAÇ 2382 e do Pel Mort 2138) - Parte I (Jorge Araújo)



Guiné > Região de Quínara > Buba  > Material capturado ao PAIGC em 23 de novembro de 1968: granadas, minas, cunhetes de munições, medicamentos, géneros alimentícios enlatados, material diverso, incluindo um "poster" (ou retrato em tamanho médio, tipo 18'' x 24'')  de 'Che' Guevara, seguramente trazido pelos cubanos...

Foto do camarada Francisco Gomes, 1.º cabo escriturário da CCS/BCAÇ 2834 (Buba, Aldeia Formosa, Guileje, Cacine, Gadamael (1968/1969). In: https://guine6869.wordpress.com/album/  (com a devida vénia.


Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 
(Xime-Mansambo, 1972/1974)


GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE  > OS FRACASSOS ASSUMIDOS PELO PAIGC NO ATAQUE A BUBA [12OUT1969] … E OS OUTROS QUE SE SEGUIRAM  (AO TEMPO DA CCAÇ 2382 E DO PEL MORT 2138 - Parte I


por Jorge Araújo


1. INTRODUÇÃO

Nas últimas três narrativas estivemos focalizados na região de Buba, ao tempo da CCAÇ 2382 e Pel Mort 2138, com a primeira visita a acontecer por acaso, quando encontrámos uma foto de um «espaldão de morteiros 81» no Arquivo Amílcar Cabral, localizada na Casa Comum – Fundação Mário Soares, e que, após identificado o local, nos permitiu chegar ao episódio de um ataque a esse Aquartelamento ocorrido em 12 de Outubro de 1969, domingo. Desse ataque foi produzido um “Relatório do Ataque”, como procedimento habitual, redigido pelo CMDT da CCAÇ 2382, ex-Cap Mil Carlos Nery Gomes de Araújo [vidé P18223].

Por efeito da pesquisa com ela [foto] relacionada, na qual se adicionou o contributo escrito das NT, tivemos acesso, «do outro lado do combate», a um relatório, sem referência ao seu autor, elaborado a propósito “das operações militares na Frente Sul”, realizadas pelo PAIGC no último trimestre de 1969, onde se incluía a análise crítica a um primeiro ataque a Buba efectuado naquele dia 12 de Outubro, com se indica acima [http://hdl.handle.net/ 11002/fms_dc_40082 (2018-1-20).

Aí são apresentadas as principais razões para os fracassos contabilizados nessa acção [P18244].

Finalmente, e para concluir a investigação sobre os Pelotões de Morteiros que passaram pelo Aquartelamento de Buba, foi elaborado um cronograma com essas Unidades, tendente a identificar os períodos das suas respectivas comissões, no quadro temporal iniciado em 1964 até 1974 [P18283].


Por todas estas razões, o presente trabalho procura dar sequência ao modo como os responsáveis do PAIGC (re) agiram aos fracassos anteriores e o que preconizaram fazer depois disso, e com que resultados.


2. OS FRACASSOS ASSUMIDOS PELO PAIGC EM 12OUT1969… E OS SEGUINTES…

Recorda-se que este primeiro ataque só foi concretizado depois de um longo período de minucioso reconhecimento sobre as melhores condições geográficas para a actuação da artilharia com três posições de fogo distintas. Por outro lado, esse reconhecimento previa também identificar as melhores vias de acesso para a infantaria e locais para a sua disposição, uma vez que iriam estar no terreno um universo superior a três centenas de combatentes, comandados pelo capitão cubano Pedro Peralta e por Nino Vieira.

Entretanto, durante esse reconhecimento, um grupo de guerrilheiros foi descoberto pelas NT, no dia 7 de Outubro, quando o sentinela do Pel Mort 2138, colocado no posto de vigia junto à Pista de aviação, detectou um guerrilheiro nas imediações da Pista. No dia seguinte (dia 8), na continuação do reconhecimento supra, um grupo IN accionou uma mina A/P reforçada implantada pelas NT junto ao cruzamento das estradas de Nhala e Buba (in: História do Pel Mort 2138, p3, recorte abaixo). 


Pelo acima exposto, confirma-se, então, o que é descrito no relatório da acção do PAIGC; “no cumprimento desta última missão de reconhecimento temos a lamentar a morte de um camarada e o ferimento de outros dois, entre os quais o camarada CAETANO SEMEDO, em consequência da detonação duma mina antipessoal” [P18244].

"Esta operação, que deveria ter início pelas 17 horas, só se iniciou meia hora mais tarde devido a atrasos na instalação dos canhões. O ataque iniciou-se com fogo dos canhões B-10, que falharam os alvos, tendo apenas dois obuses atingido o quartel. O inimigo [NT] respondeu com um nutrido fogo de morteiros [Pel Mort 2138], canhões [2.º Pelotão/BAC], metrelhadoras e armas ligeiras [CCAÇ 2382 + Pel Milícia]. Além disso, unidades inimigas [NT] de infantaria cruzaram o rio [de Buba], pondo sob a ameaça de liquidação do posto de observação, os canhões, em retirada, e os morteiros".


Citação: (1963-1973), "Irénio Nascimento Lopes; ensinando os combatentes do PAIGC a manobrar um canhão sem recuo [B-10] de origem soviética", [será que se trata do actual presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau - Manuel Irénio Nascimento Lopes “Manelito”?] CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/ fms_dc_43809 (2018-2-2).

"Nestas condições, abortou a acção da artilharia, que teve que se retirar, sempre debaixo do fogo das armas pesadas do inimigo [NT]. Como não actuou a artilharia, tampouco actuou a infantaria. Tivemos duas baixas na operação: dois feridos, um dos quais veio a falecer mais tarde. Além disso, temos a lamentar a morte de um camarada de infantaria, por acidente."


Infogravura adaptada do livro «Guerra Colonial», do Diário de Notícias, p. 295. 

As setas a amarelo servem para referenciar a zona onde se iniciou o ataque. 

Em função do desempenho das NT, que certamente teria provocado uma “louca correria” [digo eu] dos diferentes grupos em direcção a terrenos mais protegidos e estáveis, o que não é de estranhar neste contexto, não houve tempo para utilizar a totalidade do material de guerra transportado para o local do ataque e que, em princípio, seria todo para “queimar”. Assim sendo, e porque era mais cómodo e mais fácil correr sem pesos nas mãos ou noutros locais, grande parte desse material ficou no terreno, sendo recolhido no dia seguinte pelas NT. Disso dá-nos conta a “História do Pel Mort 2138, p.90”.

Como curiosidade, uma outra situação de captura de material ao PAIGC já se tinha verificado um ano antes, mais concretamente em 23 de Novembro de 1968, sábado, pelas 15h30, quando elementos da mesma Unidade - CCAÇ 2382/BCAÇ 2834 (1968/1969) -, que se encontravam perto do cruzamento de Buba, contactaram com uma coluna de reabastecimento IN, causando a estes baixas prováveis. 

Foram apreendidas [, vd. foto acima]: 
 - 74 granadas RPG; 
- 16 granadas de Morteiros 82;
- 3 minas anticarro;
- 11 minas antipessoais;
- 20 cunhetes 7,9 mm;
- muitos medicamentos e géneros enlatados, incluindo um "poster" do 'Che' Guevara [in; História da Unidade, da qual retirámos a citação que abaixo se reproduz].



Como consequência dos sucessivos fracassos observados nas suas acções contra o contingente sedeado em Buba [NT], foi aprovado pelos comandantes da Frente Sul [que desconhecemos] a realização de um segundo ataque a esse aquartelamento, com a inclusão de alterações estratégicas e de outros procedimentos operacionais.

Como elemento histórico, seguidamente daremos conta do seu conteúdo, dividido em pequenos fragmentos, ficando a sua conclusão para a Parte II, a publicar oportunamente.


3. O SEGUNDO ATAQUE A BUBA EM 10DEZ1969)… QUE PASSOU PARA 11DEZ1969 DEVIDO A SUCESSIVAS FALHAS NA SUA ORGANIZAÇÃO

"Dado o fracasso da primeira operação contra Buba, tentada no dia 12 de Outubro [1969], foi decidido cumprir a missão de atacar Buba na fase final da campanha [último trimestre]. Para isso levámos a cabo novos reconhecimentos: novas vias de acesso para a infantaria e escolha de novo posto de observação.

As nossas forças deviam actuar no dia 10 de Dezembro [1969], quarta-feira, com os seguintes efectivos [indicam-se no quadro abaixo, como elemento de comparação logística, as quantidades utilizadas no 1.º ataque]:


Desenvolvimento da acção: 

"Deviam actuar primeiro as peças do GRAD, em seguida os morteiros 120 da mesma posição de fogo que as peças do GRAD e, por último, a infantaria devia assaltar o quartel."



"Utilizávamos, pela primeira vez, os “rádios 104” para garantir a comunicação entre o posto de observação e a posição de fogo. Infelizmente, estes não funcionaram no momento em que se devia iniciar a operação, forçando-nos a adiá-la para o dia seguinte, com a substituição dos rádios por telefones."


Citação: (1963-1973), "Operador de rádio da guerrilha", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43758 (2018-2-2) 

"De novo tivemos de suspender a operação que devia ter lugar no dia 11 [Dez’69], devido a uma série de falhas nas instalações telefónicas e, mais tarde desistir da utilização da artilharia, dada a actuação independente da infantaria, com a qual, por falta de meios de comunicação, não foi possível combinar um outro plano em substituição do que estava previsto."


Final da Parte I.

Na Parte II deste tema, serão abordados os seguintes pontos:

1 – Conclusão do desenvolvimento da acção e respectivos resultados.

2 – Análise crítica sobre os aspectos que influenciaram a marcha das operações, como sejam: o reconhecimento dos quartéis; equipamento (fardamento); alimentação; comunicações e funcionamento do corpo de exército.

Obrigado pela atenção.

Com forte abraço de amizade,

Jorge Araújo.

05FEV2018.
__________________

Nota do editor::

Último poste da série > 23 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18244: (D)o outro lado do combate (17): ataque a Buba em 12 de outubro de 1969, ao tempo da CCAÇ 2382 e Pel Mort 2138: os fracassos assumidos pelo PAIGC (Jorge Araújo)

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18245: Memória dos lugares (371): Buba, o espaldão do morteiro 81 e os Pel Mort [1086, 1242, 2138, 3020...] que por lá passaram


Inscrições:

Lado esquerdo: P M 3020  71-73 | SALGADO   [Pel Mort 3020 1971-73, mobilizado pelo RI 15, Tomar,em setembro de 1973; Salgado devia ser o apelido de um dos militares que trabalharam na construução ou, melhor, na manutenção do espaldão, c. 1971-73];

Lado direito: Pel Mort 213 [8] [, mobilizado pelo BC 10, Chaves, em agosto de 1969.



Inscrição: P M 3020  71-73 | SALGADO


Inscrição na parte de cima do paredão interior: P M 1086   [mobilizado pelo RI 15, Tomar, em maio de 1966]  |  [P M] 1242 [mobilizado pelo BC 10, Chaves, em outubro de 1967...]


Inscrição: P M 1086 | [ P M] 1242


Por este detalhe do espaldão do morteiro 81 (*), verifica-se que afinal não era obra do BENG 447, mas sim dos "artistas da casa", com bidões cheios de areia, com secções cheias de areia ou terra (já que não havia muita pedra na Guiné...), com as paredes revestidas de chapa de bidões... e na parte superior "acimentadas"... Uma canhoada em cheio rebentava facilmente o espaldão... Visto de cima e de longe, parecia todavia ser uma construção sólida...

 Guiné-Bissau >Região de Quínara > Buba > Esquadrão de morteiro 81 >  Em forma concêntrica, com dois anéis...

Casa Comum > Fundação Mário Soares > Arquivo Amílcar Cabarl > Pasta: 05360.000.325 > Espaldar de morteiro 81. Já existia no tempo do Pel Mort 2138 [, Buba, 1969/71]. Os Pel Mort que por lá passaram a seguir ou  antes [Pel Mort 1086, Pel Mort 1242, Pel Mort 3020...] (**) foram fazendo a respetiva manutenção e deixaram lá a sua "assinatura"...

Como o espaldão está desativado, a foto deve ser posterior à retração do dispositivo das NT, em meados de 1974.

Citação: (1963-1973), "Ponto de tiro de morteiros, do pelotão de morteiros 2139, do exército português.", CasaComum.org, Disponível HTTP:http://hdl.handle.net/ 11002/fms_dc_44169 (2018-01-20)




Guiné-Bissau > Região de Quínara > Buba > Maio de 2013 > "Por aqui passou o Pel Mort 1242 (1967/69)"... Restos do seu memorial, com o respetivo brasão e a lista do pessoal  (posto e apelido) (***)

Foto (e legenda) : © José Teixeira (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] (****)




Espaldão do morteiro 81, junto ao arame farpado e virado para o rio, ao tempo do Pel Mort 2138 (Buba, 1969/71). Local do impacto de uma granada de canhão s/r, do PAIGC. noutro ataque a seguir ao de 12/10/1969.

Foto (e legenda): © Fernando Oliveira ("Brasinha") (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 23 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18244: (D)o outro lado do combate (17): ataque a Buba em 12 de outubro de 1969, ao tempo da CCAÇ 2382 e Pel Mort 2138: os fracassos assumidos pelo PAIGC (Jorge Araújo)

(**) Vd. poste de 15 de janeiro de  2018 >  Guiné 61/74 - P18214: Pelotões de Morteiros mobilizados para o CTIG: elementos históricos e estatísticos (Jorge Araújo)

(***) Vd. poste de 30 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11653: Em busca de... (223): Pessoal do Pel Mort 1242 (Buba, outubro de 1967/ agosto de 1969) cujos nomes ficaram gravados na "pedra de Buba"... O que é feito de ti, camarada Clemente, ex-alf mil e comandante? E de ti, Simão? E de ti, Laginha?... E de vocês todos, 44 anos anos depois de terem regressado no T/T Uíge, em 23/8/1969?