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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10198: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (15): A morte de Cabá Santiago, desertor do PAIGC e aliado das NT, em Bissorã, em outubro de 1974 (Henrique Cerqueira / Carlos Fortunato)




Guiné > Região do Oio > Bissorã > 13 de junho 1974 > "Cabá Santiago, ao meio, à sua esquerda o comandante do PAIGC da zona de Maqué, Joaquim Tó, que veio até Bissorã com um grande grupo de guerrilheiros. Vai existir uma reconciliação pacifica, sem retaliações, é o que é proclamado". Foto de Manuel Machado, ex-alf mil da CCAÇ 13. Legenda de Carlos Fortunato... Esta foto ter-lhe-á sido fatal... (Reproduzida aqui com a devida vénia...). (LG)


1. Comentário de Henrique Cerqueira ao poste P10189 (*)


Camarada Luís Gonçalves Vaz:

Eu estive em Bissorã desde finais de Novembro de 1972 até inícios de julho de 1974 [, como furriel mil da 3ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72]. Em Bissorã estava na CCaç 13 e foi o meu grupo de combate que teve o primeiro contacto com o PAIGC nos inícios de Maio de 1974 no ponto de encontro entre Bissorã e Olossato,durante uma picagem de protecção a uma coluna de reabastecimento.

Logo nessa altura houve grande euforia entre as nossas tropas e o PAIGC e só posteriormente vieram ao nosso encontro na referida estrada uma "caturba" de civis (comerciantes) e traziam como companhia alguns dos altos comandantes do nosso batalhão.

Honestamente chegou a ser caricato o teor das conversas entre esses Comandos e os guerrilheiros (mas isso são contas de outro rosário).

Esta conversa toda que tenho aqui é para dizer que a partir desse dia os guerrilheiros do PAIGC. tanto em grupos como individualmente, passaram a entrar e sair completamente à vontade em Bissorã.

Ás vezes era caricato que os nossos grupos de combate continuassem a sair em patrulhamento e quase sempre nos encontrarmo-nos com guerrilheiros que iam visitar os seus familiares a Bissorã.

Bom. o que é certo é que em junho de 1974 não houve nenhuma invasão do PAIGC para capturarem o Cabá [Santiago] e se o fizeram teve de ser com auxílio dos nossos comandos e em segredo, caso contrário e pelo que ouvi mais tarde e já em Bissau vários desses "tropas" (ponho aspas porque o Cabá Santiago era totalmente autónomo e só saía em operações próprias e quase sempre na certeza de apanhar homens ou armamento,pois que ele, Cábá, era um antigo combatente do PAIGC e desertou para as nossas tropas,mas não obedecia a ninguém das tropas portuguesas).

Essa situação já era esperada pois que sempre que eramos atacados ficava sempre recados para o Cabá.

Nota: Os nossos soldados da CCAÇ 13 não foram maltratados e actualmente um dos meus antigos soldados, de nome Branquinho, até é chefe de tabanca, penso eu que em Inhamate. Por tudo isso acho estranho que seja verdade essa captura em Junho.

Desculpem lá este enorme texto mas o meu jeitinho para narrar é mesmo do piorzinho e daí esse texto enorme para expor pouca coisa.

Um grande abraço Henrique Cerqueira



2.  Comentário de L.G. e extratos de um texto de Carlos Fortunato:


Talvez o Carlos Fortunato, que foi fur mil da CCAÇ 13 (1969/71), meu contemporãneo (fomos no mesmo navio, o Niassa, a 24 de maio de 1974, eu pertencente à CCAÇ 2590 e ele à CCAÇ 2591) e que é hoje presidente da direção da ONGD Ajuda Amiga, mantendo frequentes e amistosos contactos com os seus antigos soldados e com as gentes de Bissorã (vai lá todos os anos...), talvez o Carlos Fortunato, dizia eu, nos possar dar mais pormenores sobre a morte do Cabá Santiago, que sabemos não ter sido em junho de 1974 (como sugere o Paulo Reis) mas sim outubro de 1974. O Carlos  não viveu esses trágicos acontecimentos, mas teve informação privilegiado sobre as represálias do PAIGC em Bissorã, em 1974 e anos seguintes, de que também foram vítimas alguns dos seus antigos camaradas da CCAÇ 13 (com quem continua a manter, ainda hoje, uma relação de amizade e de ajuda).

Aqui fica um excerto da sua página Guiné - História, em que "os massacres" (no plural) de Bissorã, baseando em testemunhos de antigos soldados seus (, constantes de 2 duas cartas, uma de 1982 e outra de 1988:

(...) Na primeira carta de 1982, é referido o nome de Cabá Santiago, conheci o Cabá Santiago, e posso contar um pouco da sua história, tendo por base aquilo que ele me contou, e o que eu conhecia a seu respeito.

Cabá Santiago era um individuo inteligente e com alguma cultura, tinha sido professor até aderir ao PAIGC, ai passou a ser professor e guerrilheiro, após muitos anos de luta, sem ver um fim à vista para esta, e percebendo que o PAIGC mentia nas suas mensagens de propaganda, acreditou que o melhor caminho a seguir era o apontado por Portugal, e aproveitou as campanhas de aliciação para os guerrilheiros abandonarem a luta, para se entregar.

Quando se entregou, Cabá Santiago passou a colaborar com as nossas tropas, integrando as milícias de Bissorã, como chefe de um grupo de milícias, e regressou à sua zona para combater o PAIGC.

Conhecendo alguns guerrilheiros, que viviam com a população, utilizava o seu estatuto de guerrilheiro, e mandava-os ir buscar as suas armas (cada um tinha escondido a sua no mato), e quando estes chegavam armados eliminava-os.

A guerrilha tinha o seu sistema de informação, nomeadamente através dos elementos da população de Bissorã, e Cabá arriscou muito naqueles dias, pois bastava ir a um local onde já se soubesse o que se passava, para ele ser um homem morto, e em breve a sua "cabeça ficou a prémio".

Cabá mesmo depois da sua "cabeça estar a prémio" pelo PAIGC, continuava a ser uma das armas mais destruidora existente em Bissorã, e não deixava de sair por vezes sozinho, e atacar os acampamentos inimigos, eliminando guerrilheiros, e capturando várias armas.

Escusado será dizer que para o PAIGC Cabá Santiago era um homem a abater a todo o custo, e por isso ele era sempre o último da coluna de milícias que comandava, pois tinha medo de ser morto pelas costas pelos seus próprios homens.

Pergunto aos leitores: o que acham que iria acontecer ao Cabá Santiago, quando fosse entregue o poder em Bissorã ao PAIGC, se mesmo durante o período de cessar fogo, o PAIGC continuavam a capturar soldados africanos, que nunca mais apareciam?

Cabá foi um dos que manifestou desconfiança, sobre o que iria acontecer.

Na verdade existia alguma desconfiança entre as forças africanas, e muitos aguardavam a decisão dos comandos africanos de entregarem as armas, para entregarem as suas, pois os comandos eram quem arriscava mais, dado o clima de animosidade que existia contra eles da parte do PAIGC.

O PAIGC também sentia desconfiança quanto ao rumo das negociações, e temia que o seu estatuto de estado independente, não fosse reconhecido por Portugal.

Aristites Pereira o secretário geral do PAIGC, refere no seu livro " Uma luta, um partido, 2 países", essa situação de desconfiança: "Na realidade, o PAIGC tinha razões de sobra para desconfiar das intenções do Governo português, na medida em que acrescia ao ambiente de suspeição reinante o facto de os comandos africanos se recusarem a desarmar-se, apresentando uma postura reivindicativa em relação ao Governo português pelos serviços prestados ao seu Exército e uma clara hostilidade em relação ao PAIGC. Em abono da verdade, o PAIGC chegou a estar preocupado com a situação, razão pela qual teve iniciativas unilaterais, que resultaram em contactos com os comandos africanos, chegando esse contacto a efectuar-se a 22 de Julho de 1974, em Cacine, com a presença dos capitães Saiegh e Sisseco, o alferes Barri e um sargento."

Como era previsível, Cabá Santiago foi o primeiro a ser morto. De acordo com o que me foi relatado por vários familiares de Cabá Santiago, a sua morte ocorreu em Outubro de 1974 a mando do comandante militar do PAIGC da zona. (...)

Cabá foi levado para o mato e morto juntamente com mais duas pessoas, passado algum tempo levaram e mataram mais dois chefes da milícia, Quebá Camará e Sitafá Camará, mais outra pessoa, depois foi um grupo de 25 pessoas que levaram e mataram.

Os africanos, graduados pelo exército português,  foram um dos principais alvos a abater, não sei se algum comandante da milícia conseguiu escapar com vida.

Os ex-comandos africanos do exército português eram outro dos alvos a abater, e muitos foram fuzilados pelo PAIGC.

As companhias de comandos africanos,  desde a sua criação em 1970, tornaram-se uma das forças de intervenção mais importantes, mas o seu número de baixas era elevado, recorrendo o exército às companhias de soldados africanos, para repor rapidamente a sua capacidade operacional.

Tenha Taca e Intonga Tchudá foram dois dos soldados da CCaç 13 que ingressaram nos comandos, mas muitos outros soldados da CCaç 13 seguiram esse caminho, e como é sabido o destino de muitos deles foi a morte após a independência, Tenha Taca e Intonga Tchudá foram dois dos que morreram. (...).









Em poste de 25 de maio de 2006, já tínhamos abordado, na I Série do nosso blogue, o caso do Cabá Santiago, bem como de militares da CCAÇ 13 que foram mortos pelas autoridades da Guiné-Bissau, a seguir à independência... A fonte era a mesma: Leões Negros (Página pessoal do Carlos Fortunato, CCAÇ 13, 1969/71). Tudo indica que o Paulo Reis tenha ido beber à mesma fonte... Ele, de resto, nunca chegou a ir à Guiné-Bissau, para recolher em primeira mão depoimentos de testemunhas oculares... E mostrou pouco rigor (, o que é indispensável em jornalista, e para mais em jornalismo de investigação) na transcrição dos dois chefes de milícia, Quebá Camará e Sitafá Camará, que terão sido mortos a seguir ao Cabá Santiago... O texto do Carlos Fortunato foi "publicado no site em 24/02/2003, e revisto em 09/04/2008" (!)...


 ________________

Nota do editor.

(*) Vd. poste de 24 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10189: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (11): Dos planos de evacuação do território aos graves acontecimentos de Bissorã, em junho de 1974 (Paulo Reis, jornalista, freelancer / Luís Gonçalves Vaz)

Excerto do texto de Paulo Reis:

(...) "Encontrei documentação da 2ª Rep interessante, onde se fala dos problemas de disciplina das unidades do exército português e das dificuldades em fazer a simples rotação de efectivos, já prevista há muito tempo. A partir de certo momento, a própria cadeia de comando estaria em risco, uma vez que os soldados portugueses só queriam ir para Bissau e embarcar para a Metrópole.

"A ponto de em Junho de 1974, tropas do PAIGC terem entrado em Bissorã, a propósito de confraternizar. Depois de algumas cervejas, com os soldados portugueses, espalharam-se pela vila e capturaram o Cabá Santiago, um chefe de milícia muito conhecido, desertor do PAIGC, o Bajeba e o Sitafa Camará (ou Quebá), ambos chefes de milícia. Levaram-nos e fuzilaram-nos sem que as forças portuguesas reagissem, de acordo com o testemunho de habitantes locais e soldados portugueses." (...)

terça-feira, 24 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10189: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (14): Dos planos de evacuação do território aos graves acontecimentos de Bissorã, em junho de 1974 (Paulo Reis, jornalista, freelancer / Luís Gonçalves Vaz)



A. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro Luís Vaz [, foto à direita]:

Data: 28 de Junho de 2012 23:19
Assunto: Sobre os "Planos de Evacuação da Guiné" (Abril/Outubro de 1974)



Caros camarigos.


Para vosso conhecimento:


In: http://guineidade.blogs.sapo.pt/8234.html;


Luís Vaz

B. Reprodução, com a devida vénia, do poste publicado no blogue do nosso camigo e grã-tabanqueiro Leopoldo Amado, Guineidade (que, embora disponível na Web, já não é atualizado desde setembro de 2006):

Quarta-feira, 7 de Junho de 2006 > Ainda sobre a descolonização da Guiné-Bissau: uma esclarecedora carta de Paulo Reis

Caro professor Leopoldo Amado:

Li a sua exposição com muito interesse. E aproveito para salientar alguns aspectos curiosos.

1 - Os acordos de Argel são assinados em 26 de Agosto de 1974, certo? Ora nos documentos que encontrei no AHM [, Arquivo Histórico-Militar,] há referências concretas a um 'Planeamento de redução de efectivos' já em curso em Julho de 1974, que incluiu a desocupação das localidades de Pirada, Bajocunda, Piche e Paunca;

2 - O documento mais completo que encontrei, até agora, é também anterior a 26 de Agosto e nele se utiliza a expressão 'Plano de Evacuação'(4AGO74);

Portanto, a ideia que tenho, neste momento, e baseado nos dados que coligi é a de que o processo de retracção do dispositivo militar português se iniciou e processou, numa primeira fase, completamente à revelia das negociações/instruções resultantes dos encontros de Lisboa, entre o Governo Português e o PAIGC.

Pelos dados que me adianta – nomeadamente os encontros de Cantanhez – julgo que isso terá servido para enquadrar o tal plano de evacuação. Ou seja, tanto a iniciativa política como militar, da parte portuguesa, parece não ter existido e ter andado a reboque das exigências do PAIGC.

Encontrei documentação da 2ª Rep interessante, onde se fala dos problemas de disciplina das unidades do exército português e das dificuldades em fazer a simples rotação de efectivos, já prevista há muito tempo. A partir de certo momento, a própria cadeia de comando estaria em risco, uma vez que os soldados portugueses só queriam ir para Bissau e embarcar para a Metrópole.

A ponto de em Junho de 1974, tropas do PAIGC terem entrado em Bissorã, a propósito de confraternizar. Depois de algumas cervejas, com os soldados portugueses, espalharam-se pela vila e capturaram o Cabá Santiago, um chefe de milícia muito conhecido, desertor do PAIGC, o Bajeba e o Sitafa Camará (ou Quebá), ambos chefes de milícia. Levaram-nos e fuzilaram-nos sem que as forças portuguesas reagissem, de acordo com o testemunho de habitantes locais e soldados portugueses.

Como lhe disse, ainda estou a 'arranhar' a documentação do AHM e pretendo ir mais longe – porque tenho a certeza que haverá outros arquivos (no própria Estado Maior do Exército e talvez na CECA) (*) de documentação do QG do CTIG. Não é possível que a documentação do Quartel General do Comando Independente da Guiné Bissau se resuma à que está nos arquivos do AHM.

Resumindo: é óbvio que a retirada militar foi feita como o PAIGC quis – ou melhor 'sugeriu' – em Cantanhez, que essa retirada já estava em curso em Julho de 74 e que o Governo português se limitou a dar o seu sim a uma situação que já existia, de facto. E que já não tinha capacidade militar para alterar, o que era do conhecimento de ambos os lados.

Por outro lado, já na altura no poder em Portugal se dividia, com Mário Soares e Almeida Santos a serem ultrapassados pelas estruturas do MFA, com Spínola em confronto directo com os sectores mais radicais e Fabião e Spínola em rota de colisão. Enfim...

Procurarei fazer uma listagem mais detalhada e descritiva da documentação com que me tenho cruzado. Uma vez que tenciono pedir cópias de muita dessa documentação, poderemos combinar um encontro, mais tarde, e terei todo o prazer em fornecer-lhe cópias daquilo que for útil.

Para já, na segunda-feira irei pedir cópias do tal 'Plano de Evacuação' e da listagem intitulada 'Desocupação de localidades' . São os documentos mais explícitos que encontrei, reveladores de um plano de retracção das forças militares portuguesas, mas que não fazem uma única referência ao PAIGC, aos encontros de Cantanhez, ou a qualquer outro aspecto político. Se estiver interessado em ter cópia desta documentação, para já, diga-me. Não sei quanto tempo eles demoram a fazê-lo, no AHM, mas logo que os tiver basta combinarmos e entregar-lhe-ei uma cópia.

Agradeço-lhe a gentileza sobre os contactos do lado do PAIGC. O único que consegui até agora, foi o do comandante Lúcio Soares, de que tenho o nº de telefone na Guiné. Mas nesta primeira fase, a hipótese de uma deslocação minha à Guiné ainda é apenas uma hipótese. Este trabalho de investigação está a ser feito à minha custa, sem qualquer financiamento. Só depois de concluída a fase da recolha de depoimentos e documentação disponíveis em Portugal é que me poderei abalançar a tentar obter financiamentos para uma deslocação à Guiné-Bissau, a fim de fechar o círculo desta História.

Com os meus melhores cumprimentos,

Paulo Reis

(Jornalista/investigador português)

2. Comentário de L.G.:

O autor da mensagem, dirigida ao Leopoldo Amada, era (é) membro da nossa Tabanca Grande desde meados de 2006. Aliás, ele continua a receber a correspondência (interna) da Tabanca Grande, embora não  nos  dê quaisquer notícias. Em junho de 2006, o Paulo Reis quando nos contactou andava a fazer um trabalho de investigação sobre os comandos africanos. O que levou, naturalmente, ao Arquivo Histórico-Militar. Nessa altura colaborou no nosso blogue com um texto sobre a retração das nossas tropas, a seguir ao 25 de abril de 1974.

Desse texto só se publicou uma primeira parte (**). Possivelmente, por alteração do respetivo endereço de email, perdemos o seu contacto. Não sei se ele chegou a terminar o seu trabalho sobre os comandos africanos.  Possivelmente não, por falta de financiamento. Encontrei o seu rasto na rede LinkedIn, com morada em Macau [.vd.. foto acima].

Tem um "site" em inglês, com o título Madeleine McCann Disappearence. Gostavamos que ele nos voltasse a contactar, até para saber do seu prometido livro sobre os comandos africanos. Também gostaríamos de saber pormenores sobre os graves  acontecimentos ocorridos em Bissorã, em junho de 1974, em que elementos do PAIGC, iludindo a boa fé dos militares portugueses, terão raptado e depois fuzilado chefes das milícias locais. Tem um novo endereço de email.
__________________


Notas do editor:

(*) CECA = Comissão para o Estudo das Campanhas de África. Direcção de História e Cultura Militar.  Repartição de Documentação e Bibliotecas. Estado Maior do Exército.

(**) 9 de junho de 2006 > Guiné 63/74 - P858: Plano de Evacuação da Guiné (Abril/Outubro de 1974) - I Parte (Paulo Reis)

Texto do Paulo Reis, jornalista freelancer que está a fazer um trabalho de investigação sobre os comandos africanos, e membro da nossa tertúlia:

Caros tertulianos:

Tenho andado a analisar documentação diversa sobre a guerra da Guiné, no Arquivo Histórico Militar. Enconteri alguma informação que poderá ser do interesse de muitos de vocês, embora não esteja relacionada directamente com o tema que estou a investigar - os Comandos Africanos. Enviei este conjunto de info's ao Luís Graça, caso ele considere de interesse, a sua publicação no blogue. Aproveito para vos enviar o mesmo texto, pode ser que tenha também algum interesse para vocês. Com os meus melhores cumprimentos. Paulo Reis, jornalista. Telemóvel > 918627929

Plano de Evacuação da Guiné (Abril/Outubro de 1974) - I

O material disponível, no Arquivo Histórico Militar, é escasso e a sua classificação ainda não está completa. No entanto, consegui encontrar algumas informações sobre a maneira como se processou a retirada das tropas portuguesas e o desmantelamento nas unidades de recrutamento local, nos arquivos do CTIG (Comando Territorial Independente da Guiné). A documentação é, como disse, escassa e dispersa, com muitas lacunas. Assim, num despacho (nº5054/B/74) de 4AGO74, assinado pelo Comdt Militar e Adjunto-Operacional, Brigadeiro Octávio de Carvalho Galvão de Figueiredo, escreve-se:

“Por determinação do Brig. Comdt. Chefe:

"a. Serão extintos todos os Pel Caç Nat [Pelotões de Caçadores Nativos] com excepção daqueles que por serem as únicas forças que guarneçam uma determinada localidade não seja aconselhável extinguir.

"b. As praças da PU (#) dos Pel extintos reverterão para a CCAC da PU mais próxima.

"c. Os graduados e as praças europeias dos Pel Caç Nat extintos serão aproveitados para recompletamentos".


Uma circular (nº 2012/C) da 3ª Repartição do QG, datada de 5AGO74 e assinada pelo Chefe de Estado Maior Interino, António Hermínio de Sousa Monteny (Ten Cor do CEM), remete para ordens do Brig Comdt Chefe, segundo as quais deveriam ser “desde já desactivados os seguintes Pel Art [Pelotões de Artilharia], sendo a situação do pessoal e do material definidos por determinação administrativo-logística a emanar pelas repartições competentes”.

A lista dos Pel Art a desactivar é a seguinte:

1º Pel Art - Cacine
5º Pel Art - Bissau
15º Pel Art - Bissau
25º Pel Art - S. Domingos
28º Pel Art - Piche
31º Pel Art - Bajocunda
33º Pel Art - Ingoré
Pel Art Ev - Binta

Em documentos dispersos, sem sequência, encontrei algumas referências a CCAÇ [Companhias de Caçadores] a desmantelar ou desmanteladas. Assim, num documento intitulado “Planeamento de redução de efectivos – alteração nº 1 (23 Julho de 74 – assinado pelo chefe da 3ª Rep, Mário Martins Pinto de Almeida, Tem Cor CEM, doc. Nº 558/INF/C) refere-se a “desocupação das localidades de Pirada, Bajocunda, Piche e Paunca (?). A CCAÇ 11 será desactivada em virtude da passagem à disponibilidade de grande parte dos efectivos”.

O documento mais completo data de 20 de Agosto (de recordar que o Acordo de Argel foi assinado a 26 de Agosto de 1974) e consiste numa acta de reunião das chefias militares e do Brig Comdt Chefe, onde é definido o "Plano de Evacuação". O oficial relator é identificado apenas como Fernando José Pinto Simões. A reunião terá sido realizada alguns dias antes, no dia 15 de Agosto. A data de 20 de Agosto é a data de registo de saída do documento, com carimbo da Repartição de Operações.

No texto refere-se, entre outras coisas, que “todas as tropas africanas têm que estar pagas até 31AGO, incluindo as que estão em Bissau”. Esse pagamento, como se refere mais adiante abrange os meses até 31DEZ74.

Outra nota diz respeito às CCAÇ Africanas: “O pessoal europeu pertencente às CACÇ Africanas vai para o Depósito de Adidos até à liquidação das contas”. Nessa mesma reunião é nomeada uma Comissão de Transportes, para coordenar a retirada e transporte para Portugal, presidida pelo Cor Tir CEM Santos Pinto.

Noutro documento, sem data, que surge aparentemente anexo a este “Plano de Evacuação” são listadas um total de 77 unidades. O extenso documento inclui várias páginas com uma grelha onde estão listadas, da esquerda para a direita o nome da unidade, o trajecto (localidade onde está, percurso e destino, Bissau), e outros pormenores, como data de saída da localidade, chegada a Bissau, aquartelamento, partida para Lisboa, etc. etc. Este segundo documento tem, no final, o nome do Comdt Militar, Brigadeiro Galvão de Figueiredo, mas não está assinado por este. Está, sim, autenticado pelo Chefe de Estado Maior Henrique M. Gonçalves Vaz, Ten Cor CEM.

Paulo Reis, Jornalista (Cart Prof nº 734),
Telemóvel > 918 62 79 29

Nota de P.R.:

(#) Ignoro o que PU, neste contexto, possa significar. Elementos do AHM adiantaram-me duas hipóteses: Polícia de Unidade (pouco provável, dizem) ou Província Ultramarina (mais provável...)

(***) Útimo poste da série > maio de 2012 > 13 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9892: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (10): Em Bambadinca, em agosto de 1974, eu (e outros camaradas) fui sequestrado, feito refém e ameaçado de fuzilamento por militares guineenses das NT... Cerca de 40 horas depois, o brig Carlos Fabião veio de helicóptero com duas malas cheias de dinheiro, e acabou com o nosso pesadelo (Fernando Gaspar, ex-Fur Mil Mec Arm, CCS/BCAÇ 4518, 1973/74)

sexta-feira, 9 de junho de 2006

Guiné 63/74 - P859: Plano de Evacuação da Guiné (Abril/Outubro de 1974) - I Parte (Paulo Reis)

Texto do Paulo Reis, jornalista freelancer que está a fazer um trabalho de investigação sobre os comandos africanos, e membro da nossa tertúlia:

Caros tertulianos:

Eenho andado a analisar documentação diversa sobre a guerra da Guiné, no Arquivo Histórico Militar. Enconteri alguma informação que poderá ser do interesse de muitos de vocês, embora não esteja relacionada directamente com o tema que estou a investigar - os Comandos Africanos. Enviei este conjunto de info's ao Luís Graça, caso ele considere de interesse, a sua publicação no blogue.

Aproveito para vos enviar o mesmo texto, pode ser que tenha também algum interesse para vocês.

Com os meus melhores cumprimentos

Paulo Reis
jornalista
Telemóvel > 918627929

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Plano de Evacuação da Guiné (Abril/Outubro de 1974) - I

O material disponível, no Arquivo Histórico Militar, é escasso e a sua classificação ainda não está completa. No entanto, consegui encontrar algumas informações sobre a maneira como se processou a retirada das tropas portuguesas e o desmantelamento nas unidades de recrutamento local, nos arquivos do CTIG (Comando Territorial Independente da Guiné).

A documentação é, como disse, escassa e dispersa, com muitas lacunas. Assim, num despacho (nº5054/B/74) de 4AGO74, assinado pelo Comdt Militar e Adjunto-Operacional, Brigadeiro Octávio de Carvalho Galvão de Figueiredo, escreve-se:

“Por determinação do Brig. Comdt. Chefe:

"a. Serão extintos todos os Pel Caç Nat [Pelotões de Caçadores Nativos] com excepção daqueles que por serem as únicas forças que guarneçam uma determinada localidade não seja aconselhável extinguir.

"b. As praças da PU (*) dos Pel extintos reverterão para a CCAC da PU mais próxima.

"c. Os graduados e as praças europeias dos Pel Caç Nat extintos serão aproveitados para recompletamentos".


Uma circular (nº2012/C) da 3ª Repartição do QG, datada de 5AGO74 e assinada pelo Chefe de Estado Maior Interino, António Hermínio de Sousa Monteny (Ten Cor do CEM), remete para ordens do Brig Comdt Chefe, segundo as quais deveriam ser “desde já desactivados os seguintes Pel Art [Pelotões de Artilharia], sendo a situação do pessoal e do material definidos por determinação administrativo-logística a emanar pelas repartições competentes”

A lista dos Pel Art a desactivar é a seguinte:

1º Pel Art - Cacine
5º Pel Art - Bissau
15º Pel Art - Bissau
25º Pel Art - S. Domingos
28º Pel Art - Piche
31º Pel Art - Bajocunda
33º Pel Art - Ingoré
Pel Art Ev - Binta

Em documentos dispersos, sem sequência, encontrei algumas referências a CCAÇ [Companhias de Caçadores] a desmantelar ou desmanteladas. Assim, num documento intitulado “Planeamento de redução de efectivos – alteração nº 1 (23 Julho de 74 – assinado pelo chefe da 3ª Rep, Mário Martins Pinto de Almeida, Tem Cor CEM, doc. Nº 558/INF/C) refere-se a “desocupação das localidades de Pirada, Bajocunda, Piche e Paunca (?). A CCAÇ 11 será desactivada em virtude da passagem à disponibilidade de grande parte dos efectivos”.

O documento mais completo data de 20 de Agosto (de recordar que o Acordo de Argel foi assinado a 26 de Agosto de 1974) e consiste numa acta de reunião das chefias militares e do Brig Comdt Chefe, onde é definido o "Plano de Evacuação". O oficial relator é identificado apenas como Fernando José Pinto Simões. A reunião terá sido realizada alguns dias antes, no dia 15 de Agosto. A data de 20 de Agosto é a data de registo de saída do documento, com carimbo da Repartição de Operações.

No texto refere-se, entre outras coisas, que “todas as tropas africanas têm que estar pagas até 31AGO, incluindo as que estão em Bissau”. Esse pagamento, como se refere mais adiante abrange os meses até 31DEZ74.

Outra nota diz respeito às CCAÇ Africanas: “O pessoal europeu pertencente às CACÇ Africanas vai para o Depósito de Adidos até à liquidação das contas”. Nessa mesma reunião é nomeada uma Comissão de Transportes, para coordenar a retirada e transporte para Portugal, presidida pelo Cor Tir CEM Santos Pinto.

Noutro documento, sem data, que surge aparentemente anexo a este “Plano de Evacuação” são listadas um total de 77 unidades. O extenso documento inclui várias páginas com uma grelha onde estão listadas, da esquerda para a direita o nome da unidade, o trajecto (localidade onde está, percurso e destino, Bissau), e outros pormenores, como data de saída da localidade, chegada a Bissau, aquartelamento, partida para Lisboa, etc. etc. Este segundo documento tem, no final, o nome do Comdt Militar, Brigadeiro Galvão de Figueiredo, mas não está assinado por este. Está, sim, autenticado pelo Chefe de Estado Maior Henrique M. Gonçalves Vaz, Tem Cor CEM.


Paulo Reis

Jornalista (Cart Prof nº 734)

Telemóvel > 918 62 79 29
______________

Nota de P.R.:


(*) Ignoro o que PU, neste contexto, possa significar. Elementos do AHM adiantaram-me duas hipóteses: Polícia de Unidade (pouco provável, dizem) ou Província Ultramarina (mais provável...)

segunda-feira, 22 de maio de 2006

Guiné 63/74 - P780: Ascensão e queda do Batalhão de Comandos Africanos (Paulo Reis)

Texto do jornalista, freelancer, Paulo Reis

Caro Luís Graça:

Obrigado pela publicitação do meu pedido de ajuda no Blogue-fora-nada (1). Gostaria sobretudo de apelar aos leitores e participantes neste blogue que tenham informações sobre a evolução dos acontecimentos, na Guiné-Bissau, entre Abril de 1974 e a retirada das últimas tropas portuguesas.

Estou sobretudo interessado no processo de desmantelamento do Batalhão de Comandos Africanos, mas também gostaria de saber algo sobre outras unidades maioritariamente compostas por soldados locais. Todos os pormenores, por mais insignificantes que pareçam ser, são importantes para construir o 'retrato geral'

Gostaria de saber quais as unidades que se encontravam na Guiné, nessa época, e quais foram as últimas a retirar, bem como a forma como se processou essa retirada (datas, ordens do Comando-Geral, etc, etc). Também me seria útil saber nomes dos oficiais que integraram o gabinete de Carlos Fabião e a estrutura de Governo militar.

Um pedido mais específico: tenho a indicação de que Carlos Fabião tinha um ajudante de campo da Marinha, que participou, com ele, numa reunião no quartel dos Comandos Africanos, em Brá, onde esteve também um elemento ligado ao PAIGC, o cineasta guineense Flora Gomes. Gostaria de saber o nome deste ajudante de campo.

Todos os ex-combatentes da guerra da Guiné que se tenham cruzado com os comandos africanos têm, naturalmente, histórias e episódios que serão essenciais para descrever, com realismo, factualidade e precisão o que foi a guerra da Guiné. Apelo também a esses ex-combatentes para que me ajudem, com as suas informações, relatos e fotografias.

O objectivo da minha investigação é apurar responsabilidades pela decisão de desarmar e abandonar os comandos africanos (e outras unidades, como os fuzileirose as companhias de caçadores, etc.) a dois níveis: ao nível político (o que foi feito em Portugal) e ao nível militar/operacional (o que foi feito na Guiné-Bissau). Toda a ajuda que me possam dar será bem-vinda.

Embora eu pretenda concentrar a investigação nos acontecimentos verificados entre Abril de 1974 e Janeiro de 1975, também tenciono abordar a história dos Comandos, desde a sua constituição, primeiras unidades e operações, especialmente na Guiné-Bissau. Mais uma área em que muitos testemunhos vossos me serão essenciais.

Agradecendo antecipadamente a vossa ajuda,

Com os meus cumprimentos,
Paulo Reis
Jornalista (Carteira Profissional nº 734)
Telefone móvel > 918 62 79 29


Comentário de L.G.:

1. Fico sem saber se o Paulo Reis quer fazer parte da nossa tertúlia: pode fazê-lo na qualidade de amigo, e não propriamente como camarada, já que não foi combatente na Guiné.

2. O interesse em aprofundar o conhecimento da história dos comandos africanos (bem como de outras unidades de ex-combantentes guineenses) é partilhado por todos nós. Mas, em princípio, os membros desta tertúlia têm a obrigação de partilhar, entre si, entre os amigos e camaradas da Guiné, toda e qualquer informação relevante que conheçam ou disponham, divulgando-a portanto em primeira mão neste blogue...

3. Também seria desejável que o Paulo, que conhece a Guiné e anda a fazer uma investigação sobre so comandos africanos, pudesse partilhar connosco informação relevante que eventualmente tenha em seu poder... No seu caso, julgo que é mais difícil essa troca recíproca já que ele está a escrever um livro e o segredo é a alma do negócio... Escusado será preciso lembrar-lhe que, se por acaso usar algumas das nossas fontes, pode fazê-lo, sendo no entanto do mais elementar dever de deontologia profissional do jornalista citar o(s) autor(es) e o nosso blogue, dando-nos posteriormente conhecimento disso. Boa sorte para as suas pesquisas.
___________

Nota de L.G.

(1)Vd. post de 15 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLII: O abandono dos comandos africanos (Paulo Reis)

(...) "Tenho um contrato com uma editora para fazer um livro sobre o abandono dos comandos africanos da Guiné-Bissau. É uma história com que me cruzei, ainda estagiário, em 1982, quando encontrei o alferes Bailo Jau, já falecido, e o soldado Demba Embaló com quem ainda mantenho contacto.

"Estive na Guiné em 1998, por duas vezes, quando da guerra do Ansume Mané. Andei por Pirada, Bafatá, Bambadinca, Mansoa, Gabú, Bissau, etc, etc. Tendo, para além disso, nascido e vivido em Angola até 1976, calcula que sinto algo mais que mera curiosidade profissional, em relação a África" (...).

segunda-feira, 15 de maio de 2006

Guiné 63/74 - P752: O abandono dos comandos africanos (Paulo Reis)

Texto do jornalista Paulo Reis:

Caro Professor Luís Graça:

Tenho 'passeado' longas horas, nas últimas semanas, pelo Blogue-fora-nada. Sou jornalista profissional (carteira nº 734) há 24 anos e trabalho em regime de freelancer, actualmente.

Tenho um contrato com uma editora para fazer um livro sobre o abandono dos comandos africanos da Guiné-Bissau. É uma história com que me cruzei, ainda estagiário, em 1982, quando encontrei o alferes Bailo Jau, já falecido e o soldado Demba Embaló com quem ainda mantenho contacto.

Estive na Guiné em 1998, por duas vezes, quando da guerra do Ansume Mané. Andei por Pirada, Bafatá, Bambadinca, Mansoa, Gabú, Bissau, etc, etc. Tendo, para além disso, nascido e vivido em Angola até 1976, calcula que sinto algo mais que mera curiosidade profissional, em relação a África.

Segui com atenção o programa da RTP1 ' Órfãos de Pátria', e acho que foi fraco - a montanha pariu um rato, como dizia um dos comentários que vi, no seu blogue. Houve, de facto um processo de decisão política, da parte portuguesa, que levou ao abandono desses homens. Mas houve também a aplicação, no terreno, dessa decisão - através, por exemplo, da passagem de licenças registadas a muitos deles, com ordens para se apresentarem no quartel no dia 1 de Janeiro de 1975, já a retirada portuguesa estaria concluída há muito.

Gostaria de poder trocar algumas impressões consigo e de saber se poderei contar com a sua ajuda, tanto em matéria de contactos como de informação e documentação de que disponha e que possa ser útil para clarificar esta página menos feliz da nossa História.

Com os meus melhores cumprimentos

Paulo Reis

Comentário de L.G.:

Meu caro Paulo: O que sabemos sobre a ascensão e queda dos comandos africanos tem sido divulgado através do nosso blogue. Estamos, eu e os restantes membros da tertúlia dos amigos e camaradas da Guiné, disponíveis para trocar impressões, informação e até documentação sobre este e outros tópicos.

De qualquer modo, bom sucesso (e boa sorte) para as suas pesquisas sobre este tema, que há muito caiu no esquecimento de portugueses e guineenses... Sem querer parecer cínico ou provocador, quem no continente africano (com tantos desastres humanitários, com tantas violações dos direitos humanos, com tantos genocídios nestes últimos cinquenta anos, que foram os anos das independências, como por exemplo a tragédia do Darfur ou a hecatombe da Sida) se vai interessar pela sorte de algumas centenas de homens que escolheram o cavalo errado, servindo a bandeira dos colonialistas, e foram tratados como mercenários e traidores pelos guerrilheiros do PAIGC que substituiram os tugas no poder, em Bissau ?

Infelizmente o que sabiam (de) mais já morreram ou foram mortos. Outros, os que podiam e deviam falar,vão provavelmente morrer na cama e até, alguns, ser tratados como heróis, com direito a lugar no panteão nacional da santa terrinha... Sempre foi assim ou tem sido: são os vencedores que escrevem a história. Nós, quando muito, podemos pôr um pauzinho na engrenagem, fazendo alguns perguntas incómodas, insalubres e perigosas... (LG)