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terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P24025: Notícias Lusófonas (2): Morreu Luís Moita (1939 - 2023), grande amigo da Guiné-Bissau, especialista em relações internacionais, esteve com alguns de nós no Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008)




Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guiledje (1-7 de Março de 2000) > Sessão de encerramento, dia 7, de manhã > O Prof Doutor Luis Moita (*), em nome de todos os participantes portugueses e demais estrangeiros (com excepção cabo-verdeanos e dos cubanos Oscar Oramas e Ulisses Estrada, que fizeram intervenções autónomas) profere, de improviso, um caloroso e brilhante discurso de síntese sobre o balanço daquela "semana inolvidável" que foi o Simpósio Internacional de Guiledje e as perspectivas que se abrem para o futuro da Guiné-Bissau em matéria de democratização interna e de cooperação internacional ...

O conteúdo do discurso de 10 minutos centra-se à volta de quatro ideias-chave: Organização, Rigor histórico, Densidade humana, Qualidade política. É uma intervenção de grande qualidade intelectual e humana, que nos honrou a todos, e em que Luís Moita mostra, para além da sua faceta de talentoso orador, toda a sua grande cultura como especialista de relações internacionais, e sobretudo a sua grande inteligência emocional, como português e amigo da Guiné-Bissau.

Na altura escrevemos que era uma pena este vídeo não estar disponível para os Amigos e Canaradas da Guiné, e nomeadamente na véspera da inauguração do Núcleo Museológico Memória de Guiledje que vem celebrar, não a derrota de ninguém, mas a fraternidade dos povos, trinta e seis anos depois do fim da guerra colonial, e muito em particular vem contribuir para o reforço da relação especial que une o povo guineense e o povo português.

Recordo aqui a composição do Comissão de Honra do Simpósio (**):

  • Presidente da República da Guiné-Bissau, General João Bernardo Vieira
  • Dr. Francisco Benante, Presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau
  • Dr. Martinho N’Dafa Cabi, Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau
  • Doutor Nuno Severiano Teixeira, Ministro da Defesa de Portugal
  • Doutor João Cravinho, Secretário de Estado da Cooperação Internacional de Portugal
  • Professor Doutor Patrick Chabal, docente da King’s College, Londres, Grã-Bretanha
  • Professor Doutor Luís Moita, Vice-Reitor da Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
  • Doutor Óscar Oramas, Ex-Embaixador de Cuba na Republica da Guiné-Conakry.
  • Professor Doutor João Medina, Professor Catedrático da Universidade de Lisboa, Portugal
  • Flora Gomes, Cineasta guineense
  • Professor Doutor Peter Mendy, docente no Rhoad Islands College, Boston, USA.

Vídeo (10' 14''): Luis Graça (2009). Alojado em You Tube > Nhabijoes


1. Morreu Luís Moita, que eu conheci pessoalmente na sequência do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008), e de quem guardo, eu e a Alice, gratas recordações desses dias que passámos juntos. Recordo sobretudo a sua afabilidade, empatia e inteligência emocional...ms também a sua inquietação crítica, face ao futuro da Guiné-Bissau  e do que restava da elite do PAIGC...

Sobre o seu currículo de vida (inclundo académico), não me vou aqui pronunciar, mesmo que ele tenha sido meu "vice-reitor" durante algum tempo, no ano lectivo de 1994/95, quando dei colaboração à sua universidade, a UAL - Universidade Autónoma de Lisboa. (Em boa verdade,  colaborei, com o Departamento de Ciências Sociais da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), na elaboração dos programas e na docência de novas disciplinas, a Administração de Serviços de Saúde e a Sociobiologia, no âmbito da licenciatura em Sociologia, em 1994/95, por convite do então regente da Cadeira de Ciências Sociais e Humanas da ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública, Dr. João Santos Lucas, mas nunca vi nem contactei o então vice-reitor Prof Luís Moita.)

Deixem-me no entanto destacar aqui alguns pontos do seu CV, relativos aos seus  últimos 20 anos, para se perceber melhor a sua relação com a instituição militar e a sua autoridade, como especialista em Relações Internacionais.

  • 2015-2018: Professor do Doutoramento em Relações Internacionais: Geopolítica e Geoeconomia
  • 2005-2018: Director do Departamento de Relações Internacionais da UAL 
  • 2005-2011: Professor do Curso de Estado Maior no Instituto de Estudos Superiores Militares 
  • 2004-2018: Professor do Curso de Promoção a Oficial Superior no Instituto de Altos Estudos da Força Aérea e no Instituto de Estudos Superiores Militares 
  • 2003-2018: Professor do Mestrado em Estudos da Paz e da Guerra 
  • 1998-2018: Conferencista regular do Curso de Defesa Nacional do Instituto de Defesa Nacional
  • 2010-2018: Director da revista JANUS.NET, e-journal of International Relations 
  • 2009-2011: Membro do Conselho de Ensino Superior Militar no Ministério da Defesa Nacional 
  • 2006-2018: Membro do Conselho Editorial da revista Nação e Defesa do Instituto de Defesa Nacional

Limito-me aqui a lamentar profundamente a sua morte, aos 83 anos, e a endereçar os meus votos (pessoais) de pesar à sua família e amigos íntimos.  Aproveito para  reproduzir alguns destaques da imprensa em língua portuguesa, disponível "on line".

Lembro que o Luís Moita  não faz parte da nossa Tabanca Grande, mas tem pelo menos uma dúzia de referências no nosso bogue. 

O seu funeral é hoje, terça-feira, dia 31, em Lisboa. (***)


Diário de Notícias > 28 de janeiro de 2023, 20:08 > "Até sempre Professor". Morreu Luís Moita

(...) Luís Moita, um dos últimos presos de Caxias a ser libertado, professor da Universidade Autónoma morreu este sábado. Tinha 83 anos. (...)

Expresso / Lusa, 28 de janeiro de 2023, 21:33 >  Marcelo evoca professor Luís Moita, "lutador pela justiça social" e "militante pela igualdade"

(...) O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou hoje a morte do professor Luís Moita, evocando-o como um "lutador pela justiça social" e "militante pela igualdade" e endereçou à família e amigos "um sentido abraço de pêsames". (...)

7Margens, 29 de janeiro de 2023 > Na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa: Funeral de Luís Moita dia 31, velório nesta segunda-feira

(...) O funeral de Luís Moita, professor universitário e um dos organizadores da vigília da Capela do Rato em 1972 contra a guerra colonial e pela paz, será nesta terça-feira, 31, às 15h, na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa. Antes disso, o corpo será velado na mesma igreja a partir das 18h30 desta segunda-feira, 30 de Janeiro.

Nascido em 11 de agosto de 1939, Luís Moita, morreu sábado em Lisboa, como o 7MARGENS noticiou. Tinha 83 anos.

Tendo sido padre, Luís Moita doutorou-se em Roma em Ética, em 1967, na Universidade Lateranense. Abandonou depois o ministério e em Dezembro de 1972, foi um dos organizadores da vigília de católicos que demonstrou o afastamento de largos sectores católicos em relação à ditadura do Estado Novo. Foi preso pela polícia política e sujeito a tortura.

Depois da instauração da democracia, em 25 de Abril de 1974, Luís Moita foi fundador e dirigente do CIDAC (Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral), entre 1974 e 1989, dedicando-se depois quase exclusivamente à carreira académica, leccionando as áreas de Ética e Relações Internacionais.(...)

Esquerda.net > 28 de janeiro de 2023 > 19:47 > Luís Moita (1939-2023)

(...) Foi um dos protagonistas entre os católicos contra a guerra e a ditadura. Em democracia, dedicou-se à cooperação com África e mais tarde à academia na área das relações internacionais e do estudo da paz e dos conflitos armados. (...)
 


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Mata do Cantanhez , algures no sector de Bendanda, no triângulo Iemberém, Cadique e Cananime, na margem direita do Rio Cacine > Simpósio Internacional de Guiledje > Domingo, de manhã, 2 de Março de 2008 > Visita ao antigo Acampamento Osvaldo Vieira (agora reconstituído) ... Dois exemplares da espécie Ui!ui! (****), uma variante albina: O Cor Cav Ref e escritor Carlos Matos Gomes e o Prof Doutor Luís Moita , vice-reitor da UAL - Universidade Autónoma de Lisboa, e antigo fundador e dirigente do CIDAC; os dois claramente deslocados do seu habitat natural, que é o mangal de Lisboa)


 Foto (e legenda): © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
___________




(****) Vd. poste de 20 de outubro de  2009 > Guiné 63/74 - P5135: Humor de caserna (14): Curiosidades zoológicas: Os Ui!Ui!, animais nocturnos, do tarrafo do Rio Grande de Buba (José Belo)

sábado, 28 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13339: Agenda cultural (327): Revista do IDN - Instituto de Defesa Nacional, "Nação e Defesa", nº 139: "Portugal na Grande Guerra - A posição de Portugal no Mundo": convite para a submissão de artigos até 7 de julho próximo


Lisboa > Outubro de 1914 > Envio de uma força expedicionária da 1600 homens, sob o comando de Alves Roçadas, em Outubro de 1914. 

Na fronteira sul de Angola, após um ataque alemão ao posto fronteiriço de Cuangar, as NT  tentaram, em vão, expulsar os alemães do território. São derrotadas em Dezembro de 1914, em Naulila (Desastre de Naulila). Retiram para Humbe, ao mesmo tempo que as populações locais se revoltam contra a soberania portuguesa. O governo republicano é obrigado, devido a esta revolta local, a reforçar a guarnição de Angola, enviando  da Metrópole uma força constituída por cerca de 400 oficiais e 12 mil praças. De Moçambique chegam mais 2 companhias landins.

Lisboa > c. 1914 > Tropa expedicionário a caminho de Angola

Também em Moçambique as tropas alemãs começaram a ameaçar a soberania portuguesa. Houve um primeiro ataque alemão ao posto fronteiriço de Maziua, no Rovuma, obrigando o governo da República a mandar um força de mais de 1500 homens para aquela colónia do Índico. Essa força chegou a Moçambique em Outubro de 1914. Mal organizadas e equipadas, as NT, passaram meses sem contacto com o inimigo e perderam um quinto dos seus efetivos por motivo de doença.
Um ano depois, e Novembro de 1915 uma nova força expedicionária, de mais 1500 homens, chega a Moçambique sob o comando de Moura Mendes. Essa 2ª força tinha como finalidade recuperar a ilha de Quionga, mas também devido a desorganização idêntica à da primeira força, só em 4 meses perdeu, por doença, metade dos efectivos. Em abril de 1916, a pequena ilha de Quionga é recuperada mas Moura Mendes já tinha perdido metade dos seus efetivos por doença....

Novo reforço em homens (mas de 4600, sob o comando de Ferreira Gil) chega à colónia em finais de Junho de 1916. A sua missão é passar o Rovuma e atacar as tropas alemãs ao mesmo tempo que estas eram atacadas no Tanganica pelos ingleses e outros aliados O exército de Ferreira Gil consegue passar o Rovuma, conquistar Nevala mas acaba por ser derrotada, sendo obrigada a retirar novamente para Moçambique.
Em 1917 é envia a 4ª força para Moçambique, esta constituída por  cerca de 9800 homens, comandados por Sousa Rosa.

(...) "A Alemanha tinha na África Oriental, uma pequena força de 4000 askaris e 305 oficiais europeus, comandados pelo general Lettow Worbeck. Este general alemão conseguiu sempre resistir aos ataques das forças inglesas, apesar de estas serem em número muito superior. Isto só foi possível devido a este general ter utilizado uma nova forma de guerra (guerrilha), não lhe interessando manter ou conquistar posições, mas sim manter o inimigo sempre ocupado, de modo que este não pudesse libertar soldados para enviar de volta à Europa.

"Em Novembro de 1917, Lettow Worbeck passa o Rovuma e derrota as tropas portuguesas em Negomano, e percorre Moçambique sempre fugindo e derrotando as tropas (inglesas e portuguesas) que encontrava pelo caminho e provocando a revolta das populações locais contra os portugueses. Este general alemão acabou por voltar ao Tanganica.

"Com o final da guerra na Europa, o exército alemão que se encontrava nessa altura na Rodésia, acabou por se render apesar de nunca ter sido derrotado.

"Para Portugal ficaram, além das grandes derrotas militares, as revoltas das populações locais, que demoraram a ser reprimidas." (...) (Fonte: Wikipedia > Portugal na Primeira Grande Guerra)



França > Brest > O desembraque das tropas portuguesas


 Frente ocidental > Prisioneiros de guerra portugueses [Bundesarchiv Bild 183-S30568, Westfront, portugiesische Kriegsgefangene CC-BY-SA-3.0-de] Autor desconhecido. Iimagem foi doada à Wikimedia Commons pelos Arquivos Federais da Alemanha (Deutsches Bundesarchiv) dentro de um projecto comum.

A batalha decisiva travada  pelo  corpo expedicionário português na I Grande Guerra  (calculado em 55 mil homens) foi em La Lys, na Flandres, em 9 de abril de 1918. Segundo o historiador militar Nuno Severiano Teixeira, as nossas baixas estimam-se em 1312 mortos, 4616 feridos, 1932 desaparecidos e 7740 prisioneiros. (Fonte: Nova História Militar de Portugal, ed. l. Manuel Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira: Vol 4, Lisboa: Círculo de Leitores, 2004, p. 30).

Imagens do domínio público (com mais de 70 anos). Cortesia de Wikipedia.



Página de rosto do sítio do IDN - Instituto de Defesa Nacional, que edita a revista "Nação e Defesa"


1. Do nosso leitor (e camarada) José João da Costa Pereira,  ten cor ref, do núcleo de Torres Vedras da Liga dos Combatentes, reencaminhando-nos um mail das Relações Públicas do Instituto de Defesa Nacional (IDN), que edita a revista "Nação e Defesa"

De: IDN Relações Públicas [mailto:idn.relacoespublicas@defesa.pt]
Enviada: segunda-feira, 23 de Junho de 2014 14:12
Para: Instituto Ação Social FFAA - TGEN Fialho da Rosa

Assunto: Call for papers: Nação e Defesa nº 139 "Portugal na Grande Guerra - A posição de Portugal no Mundo"

(...) A Grande Guerra ou Primeira Guerra Mundial (1914-1918) é consequência de rivalidades cruzadas entre as principais potências, quer na Europa, quer no resto do mundo, de carácter variado (ideológico, político, económico, imperial).

Estas rivalidades culminaram nos dois conflitos de maior intensidade da história, entre 1914 e 1945, e conjugaram-se com o que historiografia designou por crise do sistema liberal, mas também com a legitimidade internacional crescente do princípio da autodeterminação. Esta norma emergente condicionava a ação das grandes potências e potenciava a emergências de novas pequenas e médias potências, que, no entanto, enfrentaram nesses conflitos desafios particularmente agudos.

A Grande Guerra (e seus antecedentes) remete também – numa situação com alguns paralelos com a atual – para o debate em torno das chamadas guerras de transição de poder entre grandes potências emergentes revisionistas e as grandes potências conservadoras. Assim como para o debate relativo ao efeito de arrastamento que conflitos inicialmente localizados podem transportar, através de sistemas de alianças, para um conjunto alargado de Estados do sistema internacional.

Portugal não escapou à crise do sistema liberal oitocentista, agravada por tensões externas como o Ultimatum de 1890, e pela crise do sistema económico da Regeneração, resultando em ruturas que levaram consequentemente ao surgimento da I República, da Ditadura Militar e do Estado Novo. Também não escapou, ou não quis deixar escapar, a Primeira Guerra Mundial.

Importa pensar com que dilemas internos e externos se confrontava Portugal nesse período, e como estes condicionaram a sua resposta, em termos político-estratégicos, à crise externa cada vez mais intensa e grave, nomeadamente o problema fundamental de como uma pequena potência europeia poderia manter um grande império colonial.

Interessa compreender e analisar, de forma crítica e inovadora, a situação política e estratégica de Portugal, no dealbar do século XX e como esta influenciou a decisão de intervir na contenda mundial em curso entre 1914 e 1918: quais os objetivos de guerra no quadro da inserção geopolítica de Portugal no início do século XX e os efeitos desta intervenção na posição internacional do país após o seu desfecho.
Neste contexto, convidamos todos os interessados a submeterem um artigo que se enquadre no tema genérico "Portugal na Grande Guerra – a Posição de Portugal no Mundo".

Os artigos deverão ser enviados até 7 de Julho de 2014 para idn.publicacoes@defesa.pt sendo as normas de submissão destes consultáveis em www.idn.gov.pt

Serão selecionados um máximo de 6 artigos, tendo em consideração um conjunto de critérios: a qualidade do texto, assegurar alguma diversidade temática, a fundamentação em fontes relevantes, a abordagem original de questões relevantes, sendo a atenção à dimensão comparativa também valorizada. (...)