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sábado, 27 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10582: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex-comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (9): Ainda a curta estadia em Cacine, a caminho de Cufar, em dez 69 e jan 70


Guiné > Região de Tombali > Cacine > Dezembro de 1969 > Local do nosso desembarque em Cacine, talvez no dia seguinte, com LDM e uma AML [Junto à AML, o alf mil Armindo Batata, comandante do Pel Caç Nat 51].


1. Mensagem de Armindo Batata, a quem pedi para completar as legendas do poste P10487 (*)

Data: 12 de Outubro de 2012 22:50

Assunto: Re: [Luís Graça & Camaradas da Guiné] Guiné 63/74 - P10487: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (6): Cacine e o Rio Cacine, deslumbrantes (dezembro de 1969)


Caro Luís

Vamos lá então puxar pelas memórias.

Os Pel Caç Nat 51 e 67, este de comando do Alf  Mil Esteves, passaram por Cacine em Dezembro 1969/Janeiro 1970, em trânsito para Cufar. O Pel Caç Nat 67 tinha guarnecido o destacamento do Mejo até à evacuação desta posição em Janeiro de 1969.

O deslocamento de Guileje para Cufar teve um primeiro troço em coluna de Guileje para Gadamael Porto. Prosseguiu em LDM para Cacine onde aguardámos a formação de um comboio fluvial. Chegámos a Cacine já a noite tinha caído. Desembarcámos na praia, (v. foto anexa, s/nº) a jusante da ponte cais, com 1 ou 2 AML  a fazerem a segurança e iluminados por viaturas.

Os militares nativos "espalharam-se" com as familias e haveres pelas tabancas de acordo com as respectivas etnias. Nessa noite dormi num quarto com aspecto de quarto, que até tinha mesa de cabeceira e, paredes meias, uma casa de banho que, para meu grande espanto, tinha um autoclismo, daqueles de puxar uma corrente; que maravilha tecnológica!.

Ficámos uns dias, não me lembro quantos, mas deu para eu ir  a Cameconde,  numa das colunas que se efectuavam diariamente(?). Tenho de Cameconde a imagem de uma fortaleza em betão, daquelas fortalezas dos livros da escola, a que só faltavam as ameias. Quem por lá andou me corrija por favor esta imagem, se for caso disso.

Deu também para umas passeatas no rio Cacine. Mas só na preia-mar, quando era um rio azul digno de um qualquer cartaz turístico daqueles locais chamados de sonho. Depois vinha a baixa-mar e o cartaz turístico ficava cinzento. E naquele tempo era quase sempre baixa-mar.

Num fim de tarde, as marés a isso obrigaram, embarcámos nas LDM  e ficámos fundeados a meio do rio Cacine em companhia do NRP Alvor,  que nos iria comboiar até Catió. O 2º tenente da RN, comandante do NRP Alvor, convidou-nos, a mim e ao alferes Esteves, para bordo e entre umas (muitas) cervejas e não menos ostras, passámos a noite. A hospitalidade habitual da Marinha.

As embarcações suspenderam o ferro com o nascer do sol (exigências da maré) e lá seguimos para Catió. No último troço da viagem,  já o rio era mais estreito, portanto já não era o Cacine, fomos acompanhados por T6 no ar e fuzileiros em zebros a vasculharem o rio, já que tinha havido, recentemente, um qualquer "conflito" entre uma embarcação e uma mina. Nada se passou, e o fogo de reconhecimento para as margens, a partir das LDM, não teve resposta.

Não houve incidente algum portanto, mas a  viagem foi um bocado complicada, em termos logísticos. Um pelotão de nativos integra as familias dos militares, os seus haveres e animais domésticos. Família, haveres e animais domésticos que afinal eram o triplo ou quádruplo do inicialmente inventariado.  Nos animais domésticos estão incluídos os porcos dos não islamizados, que terão que viajar separados dos islamizados. E a aguardente de cana. E o ... e a mulher do ... e o "alferes desculpa mas não pode ser". Em coluna auto lá se arranjam, mas em LDM não foi fácil. Valeu a paciência dos furrieis, um deles de nome Neves e do 2º sargento (... ?).

Catió tinha uma estação de correios com telefone para a metrópole, um restaurante daqueles em que se come e no fim se pede a conta e se paga. E pessoas brancas sem serem militares. Um espanto!

O plano inicial era os dois pelotões deslocarem-se por estrada de Catio para Cufar. Esse percurso já não era utilizado ha bastante tempo (meses?) e foi considerado de risco muito elevado. Não me lembro dos argumentos avançados, mas acabámos por ir para Cufar por rio (LDM com desembarque em Impugueda no rio Cumbijã ou sintex/zebro com desembarque em Cantone?  - não tenho a certeza, pode ser que alguém de mais fresca memória se lembre).

Vamos agora ás legendas das fotografias:


Foto nº 49 > Rio Cacine imediatamente a jusante da ponte cais de Cacine




Foto nº 55 > Cacine - A ponte cais ao fundo e a messe (ou bar?) de sargentos à direita. A messe, bar e alojamentos dos oficiais era do lado opsto,  donde tirei a fotografia.O acesso à ponte cais, era uma agradável avenida ladeada de palmeiras.





Fotos nºs 53 e 54 > A mesma ponte cais, com os batelões a seco (baixa mar). Ao fundo o Cantanhez.




Fotos nºs 47, 48 e 51 > Comboio fluvial no rio Cacine a caminho de Catió



Foto nº 50 > O NRP Alvor, que escoltou o comboio fluvial.



Foto nº 52 > Cacine - Praia a jusante da ponte cais onde desembarcámos das LDMs, durante a noite, vindos de Gadamael Porto


Foto anexa [, vd acima] >  Local do nosso desembarque em Cacine, talvez no dia seguinte, com LDM e uma AML


Espero que não haja para aqui nenhum erro. Estou convicto que não.


Abraço, Armindo Batata


Fotos: © Armindo Batata (2007-2012). Todos os direitos reservados [Fotos editadas por L.G.]

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Notas do editor:

(*) Vd poste de  6 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10487: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (6): Cacine e o Rio Cacine, deslumbrantes (dezembro de 1969)


(**) Último poste da série > 11 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P10515: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (8): Cufar, 1970 (Parte II)