Mostrar mensagens com a etiqueta Mirandela. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Mirandela. Mostrar todas as mensagens

sábado, 21 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20164: In Memoriam (348): António Manuel Carlão (Mirandela, 1947- Esposende, 2018), ex-alf mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel, Nhabijões e Bambadinca, 1969/71... Entra para a Tabanca Grande, a título póstumo, sob o nº 797.

António Manuel Carlão
(Mirandela, 1947- Esposende, 2018)
1. Através do nosso amigo, camarada e grã-trabanqueiro, Fernando Sousa, que viva na Trofa  (ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, maio de 1969 / março de 1971), soubemos ontem da notícia, tardia, da morte do ex-alf mil António Manuel Carlão, ocorrida no  passado dia 14 de novembro de 2018.

Essa triste notícia foi por nós confirmada através de pesquisa na Net:

"2018-11-14 > Deixou o nosso convívio... > Faleceu hoje António Manuel Carlão com 70 anos de idade, após doença prolongada. Era natural de Mirandela mas residia há bastantes anos nesta Vila fangueira, mais recentemente no lugar dos Lírios. Era genro do falecido sr. Bento da Lareira [, restaurante "A Lareira", em Fão,], figura que foi bastante conhecida na restauração local.

"O seu corpo encontra-se a ser velado na Casa Mortuária de Fão e as cerimónias fúnebres e religiosas terão lugar amanhã, quinta feira, a partir das 16 horas, indo depois a sepultar no cemitério local.

"O Novo Fangueiro apresenta a todos os familiares os votos sentidos de profundo pesar."


Também vimos, no Facebook da Agência Funerária Fangueira, a notícia necrológica dada pela família (esposa, filhos, genros, netos e demais parentes).


[Foto à direita:] Esposende > Fão > 1994 > 1º Encontro do pessoal de Bambadinca (1968/71): CCS do BCAÇ 2852 (1969/71), CCAÇ 12 (1969/71), Pel Daimler 2206 (1970/71) e outras unidades adidas.

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Na foto, à direita, aparecia o ex-alf mil António Carlão, transmontano, da CCAÇ 12,  era o terceiro a contar da esquerda, sendo ladeado, à  sua direita, pelo Humberto Reis (Lisboa)n  o José Luís Sousa (Funchal), ex-furriéis, da mesma unidade; e, à sua  esquerda,   pelo José Luís Vacas de Carvalho (Lisboa), ex-alf mil cav do Pel Rec Daimler 2206

O Carlão era, na altura, comerciante em Fão, tendo tido ele o mérito de organizar do encontro, com a prestimosa colaboração da sua esposa Helena que conviveu connosco em Bambadinca, durante grande parte da comissão.

Foi a primeira (e última) vez,  de resto, que o reencontrei depois do regresso da Guiné, em março de 1971. No verão de 2018, passei por Fão e procurei saber notícias dele.  Disseram-me que tinha mudado de local de residência. Verifiquei que o sogro era pessoa conhecido na terra pela sua ligação à restauração, mas que já deixara a gerência do restaurante "A Lareira". Pelo que apurei, o Carlão e a Helena devem ter vivido em Angola, depois do regresso da Guiné, até à data da independência. Segundo bem percebi, a família da Helena era retornada e integrou-se bem em Fão, Esposende.

Tanto quanto me lembro, o Carlão veio do CSM para o COM, e foi mobilizado para a Guiné através da nossa CCAÇ 2590, que mais tarde daria origem à CCAÇ 12. Era originalmente o comandante do 2º Gr Comb, a quem pertcnciam, entre outros, os ex-fur mil, nossos grã-tabanqueiros, António Levezinho e Humberto Reis.  Teve uma atuação polémica no decurso da Op Pato Rufia, no subsetor do Xime, em 7 de setembro de 1969, de que resultou a primeira baixa mortal da companhia, o sold at inf Iero Jaló (*).

Entretanto, ainda antes de casar (a esposa virá  viver para Bambadinca,  creio que a partir de finais de 1969 ou princípios de 1970),  o António Carlão é escolhido pelo cap inf Carlos Brito para integrar a equipa técnica do reordenamento e autodefesa  de Nhabijões (**): essa equipa, pelo lado da CCAÇ 12, é constituída, além do alf mil António Manuel Carlão, pelo fur mil Joaquim A. M. Fernandes, o 1º cabo at Virgilio S. A. Encarnação e o sold arv Alfa Baldé,  os quais vão  tirar o respetivo estágio a Bissau, de 6 a 12 de Outubro de 1969. A essa equipa juntam-se dois  carpinteiros, os 1º cabos aux enf Fernando Andrade de Sousa, que vive hoje na Trofa, e o Carlos Alberto Rentes dos Santos, que  vive em Amarante (**).  

Esporadicamente, o alf mil Carlão ia fazendo uma ou outra coluna logística (aos subsetores de Mansambo, Xitole e Saltinho). Numa delas,  rebentou na frente da coluna uma mina A/C, num dia em que ele decidiu levar a sua Helena para ver os rápidos do Saltinho. Ainda me recordo como ia vestida: de camuflado e sapatos de salto, vermelhos... Seguia  "à guarda" do alf mil capelão Arsénio Puim.  Por razões de segurança (e de bom senso), acabou por ficar retida, a meio do trajeto, em Mansambo (***).


2. Temos, no nosso blogue,  uma escassa meia dúzia de referências ao António Manuel Carlão, e também à sua esposa,  Helena Carlão,  que era uma das poucas senhoras que viveu em Bambadinca no nosso tempo (****)



Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 > Bambadinca, > CCS/BART 2917 (1970/72) > s/d  [. c. 1970] > Messe de oficiais > Da esquerda para a direita: (i) o Cap Art Passos Marques, comandante da CCS; (ii) o Alferes Sapador da CCS, Luís Moreira; (iii) a Helena Carlão, a mulher do Alf Mil Inf Carlão (CCAÇ 12); (iv) o Alf Mil Inf Abel Rodrigues (CCAÇ 12); (v) o Alf Mil Abílio Machado (CCS); (vi) e o Alf mil Op Esp Francisco Moereira; e (vii)  mais um oficial que não conseguimos idemtificar, provavel,mente da CCS, ou de uma suubidade adida ao BART 2917.

 Foto: © Gualberto Magno Passos Marques (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Convivi pouco com o alf mil Carlão, e menos ainda com a Helena (****). Vivíamos, os oficiais, os sargentos e as praças em "regime de apartheid", ou seja, de "segregação socioespacial"... Cada classe tinha os seus espaços de hotelaria,  sociabilidade, lazer e convívio. Outros camaradas poderão falar melhor do que eu do António Carlão e da Helena Carlão. Nunca tivemos relações de amizade nem nunca o Carlão se aproximou do nosso blogue. Em todo caso, e em memória do que passámos juntos (, a Op Pato Rufia foi, não posso esquecê-lo, o meu batismo de fogo...), eu acho que ele deve figurar, a título póstumo, na lista alfabética dos membros da Tabanca Grande...

A sua aventura terrena acabou em 14/11/2018, por motivo de doença prolongada, aos 71 anos incompletos.  Lamentamos só agora ter sabido da sua morte. Que esta pequena homenagem  do nosso blogue seja vista pela Helena, e pelos seus filhos e netos, como um tributo de saudade dos antigos camaradas de armas do António.  Ele entra, a título póstumo,  para a nossa Tabanca Grande com o nº 797, depois do Domingos Robalo (nº 795) e do Carlos Marques de Oliveira (nº 796), cuja apresentação será feita nos próximos dias.

Embora com um atraso de 10 meses, aqui fica a manifestação do nosso apreço e da nossa solidariedade na dor,  para a Lena e a sua família. É missão, nobre, do nosso blogue "enterrar os nossos mortos" e "fazer o seu luto", não deixando os nossos camaradas da Guiné ir para a "vala comum do esquecimento". É esse o sentido do nosso gesto. (*****)
____________





domingo, 9 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16579: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte XII: Buba-Fulacunda, 24/10/2015: Fulacunda, local inóspito onde a Guiné é mais dela, o tempo parou, as crianças quase não existem e... os mais velhos falam dos portugueses de outros tempos...


Foto nº 1 > República da Guiné > Comissão Nacional de Eleições > Comissão Regional de Eleições de Quínara


Foto nº 1A > Comité do Estado da Região de Quínara


Foto nº 2 > Sede regional do  PAIGC


Foto nº 3 > Poilão grande


Foto nº 4 >  Memorial, assinalando a morte de dois militares portugueses:  sold nº 17765, Saliu Djassi, natural de Fulacunda, CCAÇ 1624 / BCAÇ 1860, morto em combate, em 13/1/67, sepultado em Bissau; e sold nº 9028766, Guilherme [Alberto] Moreira,  natural de Mirandela, CCAÇ 1624 / BCAÇ 1860, morto em combate, em 21/1/68, sepultado em Milhais, Mirandela.

Guiné-Bissau > Região de Quínara > Fulacunda > 24 de outubro de 2015

Fotos (e legendas): © Adelaide Barata Carrêlo (2016), Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico e das notas de viagem de Adelaide Barata Carrelo, à Guiné-Bissau, em outubro-novembro de 2015 (*):

24 de outubro de 2015... Viagem Buba-Parque Natural das Lagoas de Cufada-Fulacunda... a caminho de Bafatá

(...) Fulacunda.

Local inóspito 
onde a Guiné é mais dela, 
o tempo parou 
e as crianças quase não existem
e os mais velhos 
falam  dos portugueses de outros tempos.


2. Comentário, de 28 de setembro p.p.,  do nosso amigo e camarada Jorge Pinto, a quem
demos conhecimento,  em primeira mão,  das fotos acima publicadas:

[Jorge Pinto , ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74; natural de Turquel, Alcobaça; é professor do ensino secundário, reformado; foto em baixo: o Jorge Pinto, desarmado, em pose de grande senhor, em julho de 1974, acompanha a visita, a pedido expresso,  de um grupo de combatentes do PAIGC ao porto de Fulacunda, por onde era feito o reabastecimento das NT [, porto fluvial, no rio Fulacunda, vd, poste P12368]

Luís:

Agradeço a iniciativa de me enviares fotos de Fulacunda. Confirmam-se as notícias que recebi no último encontro da Tabanca Grande, através de um camarada da minha companhia (1º Cabo Oliveira), que por lá andou nos inícios deste ano. 

A terra está mesmo em decadência. O isolamento da terra, a inexistência de actividades produtivas e a endémica indolência daquela comunidade de Beafadas fazia prever esta evolução, caso não houvesse uma acção externa de iniciativa governamental. 

Das fotos enviadas apenas identifico as campas e o grande mangueiro [ou poilão?] , entre a tabanca e a estrada de acesso à pista. Dava mangas para todos e era sob a sua protecção que se celebravam as cerimónias sociais designadamente religiosas e festivas. Também era na copa desta grandiosa árvore que abutres e morcegos se reuniam em grandes concentrações...

Sobre as campas não tenho memória das circunstâncias em que ocorreram as mortes. Como sabes, cheguei a Fulacunda em julho de 1972. Sei no entanto, que aquelas mortes ocorreram numa época de grandes confrontos entre as NT e o IN.

Abraço, Jorge