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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18332: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (31): Abrantes, sede do antigo RI 2 - Regimento de Infantaria 2, mais tarde Escola Prática de Cavalaria (2006) e hoje Regimento de Apoio Militar de Emergência



Abrantes > O antigo RI 2 - Regimento de Infantaria 2 >  Hoje  Regimento de Apoio Militar de Emergência


Abrantes > O antigo RI 2 - Regimento de Infantaria 2 >  Já foi Escola Prática de Cavalaria (2006)

Fotos: © Manuel Traquina (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Abrantes > RI 2 -  Regimento de Infantaria 2 > 1970 > A unidade mobilizadora de muitos batalhões que passaram pelo TO da Guiné como foi o caso  do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)... Durante a guerra do ultramar, o RI2 incorporou, treina e mobilizou um total de 52.000 homens para os diverso Teatros de Operações. Mais concretamente, foi a unidade mobilizadora de  63 batalhões, 30 companhias independentes e 82 pelotões de apoio.

Na foto, em primeiro plano, o nosso camarada Otacílio Luz Henriques, a caminho da "peluda"...

Foto: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados.   [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Abrantes > RI 2 -  Regimento de Infantaria 2 > 1969 > Vista aérea.

 Foto: Unidades do Exército Português > Regimento de Infantaria nº 2  (página  de Nuno Chaves, em construção) (com a devida vénia...)


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Traquina, deixada ontem na página do Facebok da Tabanca Grande:


Para aqueles que passaram pelo Regimento de Infantaria de Abrantes vão estas fotos.

O RI2, como em tempos o conhecemos, e por onde passaram largos milhares de militares, agora virou RAME - Regimento de Apoio Militar de Emergência. 

Com um número de militares muito reduzido em relação aos tempos de guerra, foi já também Escola Prática de Cavalaria [, em 2006].

2. Comentário do editor LG:

No seu livro, "Os tempos de guerra: de Abrantes à Guiné" [Edições Palha de Abrantes, 2009), o Manuel Traquina tem um pequeno capítulo dedicado ao RI 2. unidade que mobilizou a sua companhia, a CCAÇ 2382...E dai partiram para a Guiné... O Manuel Traquina "jogava em casa", já que era natural do concelho (, Souto, a 20 km da sede)...

Sobre a sua terra diz o seguinte:

"Curioso é que ainda hoje a cidade de Abrantes seja lembrada por muitos que por aqui passaram e, também, por alguns que aqui arranjaram madrinha de guerra, namorada e noiva... casaram e por aqui ficaram" (p. 31).

Meu caro Manuel, a minha companhia, a CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12) foi mobilizada pelo RI 2. Aliás, éramos meia dúzia de gatos pingados (graduados e especialistas, uma meia centena). Formámos companhia, tirámos a Escola Preparatória de Quadros e fizemos a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, também "à pedrada", como vocês,  no Campo Militar de Santa Margarida (CMSM), que ficava no concelho vizinho de Constança... A cerimónia de despedida foi junto à capela do CMSM, E dali fomos diretamente, de comboio (, tenho a ideia que de noite, quase como "clandestinos"...) para o Cais da Rocha Conde de Óbidos. Embarcámos no T/T Niassa em 24 de maio de 1969...

Da tua terra, Abrantes, não tenho memórias, desse tempo. Ou varreram-se-me as memórias, de todo.. Posso dizer que passei por Abrantes como cão por vinha vindimada... com os (des)acordes da fanfarra do RI 2 muito ao longe...


3. Recorde-se que o Manuel Traquina (ex-Fur Mil Mec Auto, da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70) vive em Abrantes [, foto atual, acima]. Aliás,  nasceu no Souto, Abrantes, em 1945. 

Frequentou o Curso de Sargento Milicianos (CSM), nas Caldas da Rainha, no 1º trimestre de 1967. Em 30 de Março, dava início à especialidade de Mecânico Auto, na Escola Prática de Serviço e Material (EPSM), em Sacavém. Fez ainda estágio no Centro de Instrução de Condutores Auto nº 3 (CICA3) em Elvas. Em finais de Agosto, é transferido para o Depósito Geral de Material de Guerra (DGMG), em Beirolas. Quinze dias depois, a 13 de setembro, é mobilizado para a Guiné. A 19 de fevereiro de 1968, apresenta-se no RI 2, em Abrantes, a fim de integrar a CCAÇ 2382. Passados dois meses e meio, a 1 de Maio de 1968, parte no Niassa, com destino a Bissau, aonde desembarca a 6.

Na Guiné, passou pelos seguintes aquartelamentos: Brá, Bula, Aldeia Formosa e Bula. Regressa a Portugal em Abril de 1970, no mesmo T/T Niassa.

Depois da ‘peluda’, trabalhou em Angola, no Serviço de Emprego. Regressa Portugal, em 1975, na sequência do processo de descolonização. Em Abrantes, foi técnico de emprego, do Centro de Emprego local. Está actualmente aposentado do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFO). Tem página no Facebook > Manuel Batista Traquina.

Publicou "Os Tempo de Guerra, De Abrantes à Guiné”,  Edição Palha de Abrantes, 2009. E, mais recentemente,. em 2017, na Chiado Editora, "Angola que eu conheci: de Abrantes a Luanda"

(*) Último poste da série > 27 de abril de 2017 > Guiné 63/74 - P17290: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (30): Tavira, CISMI, onde há 48 anos frequentei o 1.º Ciclo do Curso de Sargentos Milicianos (António Tavares)

Vd. também 28 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12649: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (14): As localidades por onde passei, sofri e amei - Conclusão (Veríssimo Ferreira)

(...) Até que um dia me transmitem:
- Vais para Abrantes.

Bati o pé e disse:
- Não vou... Não vou... Não vou... 

E fui.

Em Abrantes, estava mais perto de casa [, Ponte de Sor], o que me agradou.

Lá se foi passando o tempo e coube-me ajudar o Oficial instrutor, ensinando novos militares. Por que alguns de nós, os recentes cabo-milicianos, estávamos já a ser mobilizados, fui-me preparando. Contudo, tal mobilização só veio a acontecer, quando já houvera prestado 20 meses de tropa.

Entretanto em Abril de 1965 e "por equivalência a seis meses consecutivos em Unidade Operacional, condição a que satisfaz para promoção ao posto imediato (sic)" , fui promovido a Senhor Furriel-Miliciano. Estava então em Tomar a preparar outros jovens, que afinal acabaram por ser os que fazendo parte da Companhia de Caçadores 1422, embarcaram comigo para a Guiné, em 18 de Agosto. (...)

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18226: Memória dos lugares (370): Buba e o espaldão do morteiro 81 onde eu dormia... (Fernando Oliveira, "Brasinha", ex-sol apont Arm Pes Inf, Pel Mort 2138, Buba, Aldeia Formosa, NHala, Mampatá e Empada, 1969/71)


Guiné > Região de Quínara > Buba > s/d > Espaldão de morteiro 81... na margem direita do Rio Grande de Buba.

Foto: cortesia de Casa Comum > Fundação Mário Soares > Arquivo Amílcar Cabral > Pasta: 05360.000.325  (*)


1. Comentário  (*) do Manuel Fernando Dias Oliveira ("Brasinha"), ex-Soldado Apontador de Morteiro do Pel Mort 2138, (Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Mampatá e Empada, 1969/71),  membro da nossa Tabanca Grande desfde 17/9/2016 (**):

Boa noite a todos os membros desta Tabanca Grande e outros ex-combatentes que se interessam pelas histórias reais, passadas naquele tempo e que alguns desejam que as mesmas sejam apagadas.

Muito bem, vamos esclarecer o que aqui está sendo comentado. Essa foto é REAL, está (va) mesmo junto ao arame farpado que cercava o aquartelamento [de Buba], para dar cobertura aos desembarques das Lanchas da Marinha que nos reabasteciam periodicamente. 

Dado não haver estradas para Aldeia Formosa (hoje Quebo) a partir de Bissau, Buba era o ponto fulcral para desembarque e abastecimento daquela zona que abrangia, Buba, Nhala, Mampatá e Aldeia Formosa. De Buba partiam as Colunas Auto que transportavam os géneros, armas e munições. 

O citado abrigo (espaldão) era habitado por quatro elementos que dormiam sobre as granadas dos morteiros:

lº Cabo António Silva Guerra (falecido recentemente);
Jorge Augusto dos Santos Franco (falecido pouco tempo após o término da comissão);
António Mendes de Freitas;
e Manuel Fernando Dias Oliveira ("Brasinha"), que sou eu. 

Como bem disse um camarada no seu comentário, essa foto certamente foi tirada no pós-guerra. O ataque ao qual se refere o Capitão Nery, foi comandado pelo [cubano] Peralta e pelo  Nino Vieira, ataque esse que foi lançado pela parte superior da pista de aterragem de aeronaves, tendo as tropas inimigas estado muito próximo do arame farpado. Teve especial desempenho o Esquadrão de Morteiros, junto à Pista. foi o nosso baptismo de fogo e a despedida da Companhia comandada pelo Cap Mil Nery [, CCAÇ 2382].

Precisamente um ano depois, tivemos novo ataque, de igual poderio de fogo, desta feita pelo lado do Rio onde foi a vez do Esquadrão junto ao mesmo (que está na foto). Dessa vez, saiu-nos o primeiro prémio da Lotaria. Levamos com um obus no espaldão que, por uma unha negra, não caiu dentro do espaldão, que mandaria tudo pelos ares. Vou tentar anexar fotos do acontecimento aqui relatado, bem como, uma tirada após a nossa comissão, pelo furriel miliciano António Cruz.

2. Comentário (*) do nosso camarada Manuel Traquina (ex-Fur Mil Mec Auto, da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70), que vive em Abrantes [, foto atual, à direita] 

Este abrigo de morteiro é em Buba, situava-se na parte de trás das instalações dos sargentos, estive várias vezes neste local e, não há dúvida de que a foto deve ter sido tirada depois da saída dos portugueses, porque antes estava limpo, não havia capim. Vou ver se tenho uma foto! (***)

____________



(***)  Último poste da série >  4  de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18172: Memória dos lugares (369): Fajonquito (1961) ou... Gam Sancó (1940, 1914, 1906, 1889)? (Armando Tavares da Silva)

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17906: Os Nossos Enfermeiros (11): O 1.º Sargento Enfermeiro Reformado José Bragança Ferreira, HM 241, Bissau, 1970/72... Com 86 anos, vive em Abrantes e dedica-se ao voluntariado. Foi homenageado, em 2013, pelo Rotary Club de Abrantes


Clicar na imagem para leitura mais confortável

Com a devida vénia ao Jornal de Abrantes, edição de dezembro de 2013 >
Entrevista por Hália Costa Santos, pag. 2


1. Mensagem de 8 do corrente, do nosso amigo e camarada (ex-
Manuel Traquina (ex-Fur Mil Mec Aurro, da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70), que vive em Abrantes [, foto atual, à direita]


Amigo Luís,
Agradeço esta publicação.

Estou certo que muitos se recordam de enfermeiro Bragança.

Um abraço.
Traquina


2. Os Nossos Enfermeiros > O Enfermeiro Bragança

Muitos daqueles que nos anos 70/72 passaram pelo hospital militar 241 em Bissau, decerto lembram o Primeiro Sargento Enfermeiro José Bragança Ferreira. 

Agora com 86 anos,  reside nesta cidade de Abrantes, exercendo a sua actividade como voluntário em várias instituições (Liga dos Amigos do Hospital de  Abrantes, Centro Social Interparoquial de Abrantes, entre outras). 

O Rotary Club de Abrantes,  no ano de 2013, decidiu homenageá-lo como o “Profissional do Ano”. É conhecido na cidade como o "enfermeiro Bragança". Ver aqui entrevista dada então ao "Jornal de Abrantes", em dezembro de 2013.

 O enfermeiro Bragança,  depois de uma comissão em Angola e outra em Moçambique (onde nasceu um dos seus filhos), viria a ser colocado no Hospital Militar de Bissau [HM 241] (1970/72).

No jantar realizado em sua homenagem, referiu-se àqueles anos passados no HM 241, como sendo o ponto alto da sua carreira. Colocado nas enfermarias de Cirurgia  A e 2,  onde era responsável por 40 doentes, recorda que de um modo geral não tinha horário, tudo dependia do número de sinistrados que os helicópteros ali “descarregavam”, quase sempre com diagnósticos “poliestilhaçados”,  outros amputados e alguns até com perda de visão. 

Recorda que por vezes era chocante ver o militar da cama ao lado a ler a carta da família ao amigo que tinha acabado de perder a visão em combate. 

Segundo a sua opinião, naqueles anos aquele hospital possuía a melhor aparelhagem hospitalar e, também o melhor pessoal médico e de enfermagem,  pelo que qualquer militar gravemente ferido ansiava por ser evacuado, pois sabia que naquele hospital poderia estar a sua salvação.  Em caso de evacuação Ypsilon,  dizia-se ou pensava-se: "Se chegar ao hospital vivo,  já não morro".

Recordamos que as evacuações no interior da Guiné por vezes não eram fáceis, no período nocturno era quase impossível, de um modo geral os helicópteros de noite não tinham condições e, por vezes também o terreno e o clima condicionavam as evacuações. 

A todos aqueles que com ele trabalharam e também aqueles a quem prestou os seus cuidados,  ele envia um grande abraço.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17528: (De) Caras (82): O 1º cabo Alfredo Ferreira, o "Geada", da Murteira / Cadaval, o padeiro da CCAÇ 2382 (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1968/70)... Era um camarada divertido e generoso, que não negava um pão a ninguém. O pão de Buba tinha fama, até o gen Spínola chegou a levar pão para casa... Recorde-se entretanto uma efeméride: fez 49 anos, em 22 de junho, que a tabanca de Contabane ficou totalmente destruída num ataque do PAIGC (Manuel Traquina / José Manuel Cancela)


Foto nº 1 > O "Geada", o padeiro da CCAÇ 2382, o 1º cabo Alfredo Ferreira, à esquerda, com um "balaio"


 Foto nº 2 > Militar não identificado, no WC, com  um pedaço de tecido dos sacos de farinha 
 a servir de "saia"

Fotos (e legendas): ©  Manuel Traquina (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem de Manuel Traquina, com data de 25 do corrente:

Amigo Luís Graça, aí vão duas fotos. A foto individual [nº 2] com a "farda de trabalho" penso que seja o "Geada" (será?) (*). A outra  [foto nº 1] são alguns dos ajudantes de cozinha de Buba, de que não recordo os nomes.

Um abraço,
Traquina



2. Comentário do José Manuel Cancela, com data de 26:

Olá, amigo Traquina. A foto de um só [nº 2] não é o "Geada", nem estou a ver quem seja.

Mas na foto do trio [nº 1] ,o primeiro da esquerda, é realmente o "Geada"  (**),  o segundo é o Guimarães,  mais conhecido, entre nós, pelo "Periquito", e o terceiro é o Zé Henriques,que também pertencia ao meu pelotão, tal como os outros, mas infelizmente já falecido.......

Um abraço e um bj. para a tua Fátima...


3. Observações dos camaradas sobre o Alfredo Ferreira:

(i) Manuel Traquina, 22/6/2017

(...) Vou ver se tenho a foto de um padeiro de Buba, que calculo seja do "Geada"... Era um bom elemento, sempre bem disposto!

O pão de Buba era óptimo, mas anteriormente quando estivemos em Mampatá, aí tivemos que construir o forno, depois numa visita do General António Spínola. Ele e o seu ajudante de campo, o cap Bruno (se a memória não me falha) gostaram tanto do pão que pediram se havia para levar alguns para Bissau, e acho que não foi só uma vez.

O pão de Bissau creio que era à base de farinha de arroz, deixava muito a desejar...

Já agora recordo que hoje, dia 22 de junho, foi um dia que ficou na memória de muitos. Foi na noite deste dia do ano de 1968 que na aldeia de Contabane, próximo de Aldeia Formosa, dois pelotões da CCaç 2382 sofreram o ataque que reduziu a aldeia a cinzas, depois foi uma trovoada que tudo transformou em lama. A CCaç 2382 estava havia pouco mais de um mês na Guiné. Muitos ficaram apenas com a roupa que tinham vestida e a G3 na mão. (...) (***)

(ii) José Manuel Cancela, 25/6/2017

(...) Não te cheguei a responder, no último mail que te mandei, acerca do tecido dos sacos de farinha, que o Geada distribuía às "beijudas" para confeccionarem tangas ou saiotes ... Como já deves ter adivinhado, era um modo de fazermos... acção psicossocial...

Como era a minha companhia que estava a tomar conta do quartel [de Buba], havia alguns postos, com uma certa relevância, nesta matéria, e não só o padeiro: o  dos géneros, as cantinas, as messes, e outros, que também tinham os favores das "beijudas".

No que respeita ao pão, o "Geada" era realmente um especialista, era a arte dele. E, coisa admirável, raramente recusava um pão, quando estava a sair do forno, a qualquer camarada.  (...)

(iii) José Manuel Cancela, 24/6/2017

(...) Se calhar o tempo acaba por trair a nossa memória. O meu camarada "Geada" nunca foi apontador de qualquer morteiro, não quero dizer que não o tivesse feito esporadicamente, mas a arma que lhe estava distribuída, quando saíamos do quartel, era uma G3 de fita, não me recordo do nome certo desta arma [HK 21].

O apontador do morteiro 60 era um camarada chamado Silva, que nos safou aquando do ataque à aldeia de Contabane, perto do Quebo, fez precisamente antes de ontem, Quarenta e Nove Anos!!! (...) (***)
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

15 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17474: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca ... é Grande (108): Na Lourinhã, fui encontrar o ex-1º cabo at inf Alfredo Ferreira, natural da Murteira, Cadaval, que foi o padeiro da CCAÇ 2382 (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1968/70)... e que depois da peluda se tornou um industrial de panificação de sucesso, com a sua empresa na Vermelha (Luís Graça)

22 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17502: Memória dos lugares (360): Murteira, união das freguesias de Lamas e Cercal, concelho de Cadaval: monumento aos 61 ex-combatentes da guerra do ultramar (1954-1975): Cabo Verde (1), Angola (31), Índia (2), Timor (1) , Moçambique (12) e Guiné (14) (Jorge Narciso, ex-1.º Cabo Especialista MMA, Bissalanca, BA 12, 1968/69)

(**) Último poste da série > 29 de junho de 2017 >  Guiné 61/74 - P17522: (De) Caras (88): O fur mil inf Hércules Arcádio de Sousa Lobo, natural da ilha do Sal, Cabo Verde, foi gravemente ferido pelo primeiro fornilho acionado no CTIG, às 9h00 do dia 3 de julho de 1963, na estrada São João-Fulacunda, vindo a morrer no HMP, em Lisboa, no dia 16, devido às graves queimaduras. Eu era o comandante da coluna (António Manuel de Nazareth Rodrigues Abrantes, ex-alf mi inf, CCAÇ 423, São João e Tite, 1963/65)

(***) Vd. postes de:

19 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3141: Venturas e Desventuras do Zé do Olho Vivo (2): O ataque de 22 de Junho de 1968 a Contabane

27 de maio de  2010 > Guiné 63/74 - P6479: Histórias de Carlos Nery, ex-Cap Mil da CCAÇ 2382 (2): Noite longa em Contabane

29 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6489: As Nossas Queridas Enfermeiras Pára-quedistas (15): A minha homenagem à enfermeira pára-quedista Ivone Reis que ficou em Contabane a cuidar dos feridos graves (Carlos Nery)

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17474: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca ... é Grande (109): Na Lourinhã, fui encontrar o ex-1º cabo at inf Alfredo Ferreira, natural da Murteira, Cadaval, que foi o padeiro da CCAÇ 2382 (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1968/70)... e que depois da peluda se tornou um industrial de panificação de sucesso, com a sua empresa na Vermelha (Luís Graça)


Distintivo da CCAÇ 2382 (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1968/70).  Cortesia de Manuel Traquina que descreve o distintivo nestes termos:

"Este era o distintivo da Companhia. Continha na parte central, a figura de um militar com aspecto de veterano de guerra, já com o camuflado e botas um pouco danificados, e a sua inseparável G3.
"Na mão direita segura aquilo a que chamávamos a 'pica', que não era mais que uma vareta de aço afiada e que servia como o nome indica para picar o terreno susceptível de ocultar uma mina. Na extremidade da referida 'pica' encontra-se uma pequena caixa que representa uma mina anti-carro.
Sendo a CCaç 2382 uma Companhia Independente, nos quatro ângulos do distintivo encontram-se as iniciais dos comandos a que pertenceu: o primeiro é o Regimento de Infantaria 2,  de Abrantes,  onde a companhia se formou e foi mobilizada; o segundo é o COSAF -  Comando Operacional de Aldeia Formosa; o terceiro, Batalhão de Caçadores 2834,  ao qual a companhia esteva adida e o quarto, o COP4 (Comando Operacional nº4, sedeado em Buba).

"As duas inscrições laterais poderão levantar algumas interrogações: 'Por Estradas Nunca Picadas'. Esta pequena frase diz-nos que a companhia andou por locais até ali ainda não pesquisados; 'Por Picadas Nunca Estradas' aqui pretende-se dizer o que foi uma realidade, que os militares andaram pelo mato por caminhos que nunca foram estradas.

"Mas voltando à figura central, àquele a que chamámos 'o Zé do olho vivo', por ser uma figura mais ou menos engraçada, valeu-nos na Guiné o título da Companhia dos Palhaços. ".Manuel Batista Traquina".



1. Há dias, na Lourinhã, fui visitar uma das minhas irmãs, a do meio (tenho três, mais novas do que eu). A mana Z... tem um filho, o A..., que está num país árabe a tentar a sua sorte como talentoso adjunto de treinador profissional de futebol. A sua conpanheira, I..., é do Cadaval, concelho vizinho.

Manuel Traquina
Os pais da moça foram-me apresentados. Na hora do chá, conversa puxa conversa, verifico que o pai, Alfredo Ferreira, estivera na Guiné na guerra colonial:
- Quando?
- 1968/70.
- Somos contemporâneos, o meu amigo é mais velho um ano do que eu...
- Pois, sou de 46!
- E eu de 47!... E a sua companhia, já agora, ainda se lembra o número ?
- A 2382, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, Contabane... Éramos a companhia do "Zé do Olho Vivo"! Companhia de Caçadores...
- Se me lembro!... Tenho gente dessa companhia no meu blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné... E o camarada foi operacional? Qual era o posto?
- 1º cabo atirador de infantaria... Mas, como era preciso alguém para
Carlos Nery [, o cap mil Araújo]
fazer o pão, fiquei eu, como padeiro.
- E o capitão?
- Carlos Nery Sousa Gomes de Araújo. Era miliciano.
- Incrível, é meu vizinho de Alfragide!... E quem mais, dos alferes e furriéis...?
- Olhe, o furriel mecânico Manuel Traquina que até escreveu o livro com histórias do pessoal da companhia. É de Abrantes.
- Já estive com ele num dos nossos encontros anuais...

... Emociona-se o ex-1º cabo Alberto Ribeiro C. Ferreira ao falar do ataque a Contabane e das colunas a Gadamael... E do ataque a Buba... E do monumento que foi edificado aos combatentes da sua terra, que regressaram todos, graças a Deus... Sessenta e seis!... Estamos a falar de Murteira, freguesia de Lamas, concelho do Cadaval... Ele escreveu (ou ajudou a escrever) as três quadras de homenagem que estão gravadas na pedra. Recita-me as quadras com um brilhozinho nos olhos. Fica exasperado por lhe faltar o primeiro verso da última quadra... Faz apelo à memória da esposa, a seu lado...

O meu cunhado, M...,   estava banzado com a nossa conversa e a familiaridade dos nomes das terras da Guiné, que ambos testemunhávamos, eu e o Alfredo: de Mampatá a Contabane, do Saltinho a Gandembel, de Buba a Quebo,  e ainda de João Landim a Bula, e o dia em que o Alfredo  ia morrendo afogado no rio Mansoa, agarrado a um frágil tronco de palmeira, ele que nem sabia nadar!...

Falei-lhe do blogue e das referências que temos à malta da companhia do "Zé Olho Vivo"... Não é pessoa de navegar na Net, mas vai todos aos anos aos convívios da CCAÇ 2382... Fala, com calor humano, dos tempos da Guiné e dos seus camaradas... Vê-se que a guerra e a camaradagem marcaram-no para sempre.

Fico a saber que, no regresso (ou ainda antes, logo em 1969), se estabeleceu por conta própria como industrial de panificação. Devido à lei do condicionamento industrial, na época,  o Grémio do setor só o deixou estabelecer-se em Alcoentre, no concelho próximo, Azambuja, transferindo-se mais tarde (presumo que depois do 25 de Abril) para a Vermelha, outra sede de freguesia do concelho de Cadaval. 

O negócio do pão prosperou ao ponto de a clientela se ter alargado a boa parte da região Oeste e à Grande Lisboa... Passou a condução dos negócios ao filho, líder hoje da Panificadora Regional da Vermelha, empresa que tem mais de meia centena de colaboradores e uma apreciável frota automóvel para distribuição diária de pão... que chega às nossas mesas através das redes de hipermercados  e supermercados  onde fazemos compras... Vê-se que sente orgulho na obra feita e na continuidade dada pelo filho (que "não quis continuar a estudar" e é hoje um empresário de sucesso)...

O Zé Manel Cancela
Falámos ainda de amigos do concelho do Cadaval, do Joaquim Pinto de Carvalho, hoje advogado, outro camarada da Guiné, natural do Cadaval, que tem um turismo rural em Vila Nova, a "ArtVila"... Falámos do Miguel Luís Evaristo Nobre, do Vilar, e da sua paixão pelos moinhos de vento... Falámos, inevitavelmente, da serra de Montejunto, e das terras ali à volta, como a "pitoresca" Pragança e o Pereiro (onde se cantam e pintam os Reis) ...

Prometemos, enfim, fazer um visita a Murteira, ao monumento local aos combatentes da guerra do Ultramar e, naturalmente, à casa deste camarada que já ficou avisado:
- Para a próxima, passamos a tratar-nos por tu, como camaradas que somos e continuamos a ser... Tratamo-nos por tu, na Tabanca Grande, do general ao soldado...

2. Não me ocorreu o nome do meu amigo e camarada de Penafiel, o Zé Manuel Cancela, ex-soldado apontador de metralhadora pesada, que também pertenceu à CCAÇ 2382... Na altura não tinha o portátil comigo, pelo que não deu para fazer pesquisas sobre a malta desta companhia que faz parte da nossa Tabanca Grande, e onde se incluem os nomes do Manuel Traquina (ex-furriel miliciano) e do Carlos Nery (ex-cap miliciano, por sinal meu vizinho de Alfragide), além do José Manuel Moreira Cancela e do Alberto Sousa e Silva (ex-soldado de transmissões) (e de quem não temos para já uma foto atualizada).

Apesar da máquina fotográfica andar sempre comigo, também não me ocorreu tirar uma foto... com o Alberto Ferreira e a esposa. A filha I... já a conhecia há uns tempos mas não assistiu a esta conversa. Também ela costumava acompanhar os pais nos convívios anuais da companhia. E conhece bem o Manuel Traquina.

De qualquer modo, pode-se dizer,  mais uma vez, e com toda a propriedade, que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande!

sábado, 28 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16141: In Memoriam (258): Soldado Ilídio Fidalgo Rodrigues, o "Esgota Pipas" da CCAÇ 2382, morto por um estilhaço de um projéctil IN (Manuel Traquina, ex-Fur Mil)



1. Mensagem do nosso camarada Manuel Traquina (ex-Fur Mil da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70), com data de 17 de Maio de 2016:


Ilídio Fidalgo Rodrigues

O Infeliz “ Esgota Pipas”

Na tropa, de um modo geral todos têm um alcunha, na maior parte das vezes são chamados por esse alcunha, ou pelo número que lhee foi atribuído. Em muitos casos é pelo seu verdadeiro nome, que são menos conhecidos.

Neste caso o soldado de nome (Ilídio?) Elídio Fidalgo Rodrigues, foi ele próprio que escolheu a sua alcunha, nem mais nem menos “Esgota pipas”. Foi esta a alcunha que ele próprio escolheu.

Efectivamente, recordámo-lo na Guiné, ele gostava de beber o seu copo, a sua cerveja, porém não se poderia dizer que fosse grande bebedor! Poderemos dizer que esta alcunha, era mais uma brincadeira que outra coisa.

Era um bom rapaz, natural da zona de Palmela, considerado a figura típica da Companhia 2382, e que passou a ser conhecido por todos, pela sua simplicidade humorística, a tropa para ele não contava, cada passo que dava era por “brincadeira”.

Talvez por ser simples de mais, no aquartelamento de Buba ele foi dispensado das saídas para o ”mato”, e assim ficou como ajudante de cozinha. Mas a Guerra na Guiné era assim e, só porque a sua actividade se resumia a trabalhos auxiliares dentro do aquartelamento, não quer dizer que não corresse riscos.
Assim aconteceu na fatídica noite de 14 do mês de Fevereiro de 1969, em que o aquartelamento sofreu um dos maiores ataques.

Ao fim da tarde o soldado Ilídio ocupava-se da limpeza do refeitório quando rebentou o ataque, como habitual correu a abrigar-se na vala que circundava o refeitório, porém o infortúnio acompanhou-o e, muito perto explodiu um projéctil em que alguns estilhaços lhe atingiram seriamente um órgão vital.
Evacuado na manhã seguinte, passados dias veio a falecer no Hospital Militar de Bissau, sem tempo sequer para mais uma “laracha” com os amigos.

(Do livro “Os Tempos de Guerra - De Abrantes à Guiné” de Manuel Batista Traquina)


 Fuselagem do projéctil do inimigo que terá causado morte ao Ilídio

Alguns membros do Núcleo da Liga dos Combatentes de Pinhal Novo e da CÇaç 2382 junto à campa do infeliz Ilídio no cemitério de Palmela, por ocasião do Almoço / Convívio da Companhia que se realizou no dia 7 de maio em Fernão Ferro.
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16057: In Memoriam (257): José Eduardo dos Santos Alves, o "Leça" (1950-2016), ex-sold cond auto, CART 6250, Mampatá (1972/74): homenagem da Tabanca Grande

sexta-feira, 11 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15843: Inquérito 'on line' (41): "Nunca apanhei um pifo de caixão à cova na tropa ou no TO da Guiné"... (Comentários de Rui Santos, Manuel Luís Sousa, Orlando Pinela, Mário Gaspar)


As últimas garrafas de uísque
da Guiné (**)...Foto de Manuel
Traquina (2015)
1. Alguns comentários de grã-tabanqueiros, chegados à nossa caixa de correio, sobre o tema (candente) do álcool & seus derivados, consumidos no TO da Guiné, desde pelo menos 1961 até 1974... (*)

Tudo se bebia no TO da Guiné, mas o rei parece que era o destilado na Escócia, a 38º graus... E havia "scotch" para todas os gostos e até bolsas... entre os 50 pesos e os 150... (O de Sacavém ainda não se exportava para a Guiné, que eu me lembre... Era a bebida preferida dos "patos bravos" que proliferavam em Lisboa e arredores com o "boom" da construção)...

Havia quem preferisse o "gin" tónico, dizia-se que era o melhor "profilático" contra o paludismo... Mas que dava cabo da figadeira... em tempo recorde. Outros, seguramente a maioria, alinhava na cerveja... À hora da refeição (, quando não era "ração de combate"...) servia-se o  mais fraquinho, "martelado" ou "batizado", o da Intendência, também conhecido por  "água de Lisboa"...

Recorde-se que esta pitoresco designação era dada,   pelos nossos amigos guineenses,  ao "vinho"... Em dia de festa, abria-se uma garrafa de "verde", Três Marias, Gazela, Lagosta... Era caro, quase ao preço do "uísque"... E mauzinho, tipo pirolito, gaseificado... Vinho branco leve da Estremadur, levado para o norte, misturado com algum verde genuínio, "martelado", engarrafado e exportado para a tropa, que tinha algum poder de comora...  E foi lá, nos trópicos, que o português do sul, o alfacinha,  começou a apreciar os nossos verdes, que estão hoje na moda em todo o mundo, com o rei "Alvarinho" a dar cartas... O "tinto verde", o carrascão do Norte, esse não chegava lá... Dizia-se que dava-se mal com a passagem pelos trópicos... De resto, não se engarrafava!...

A "água de Lisboa", por sua vez, e antes de atravessar de trópico de Câncer, e ser descarregado em Bissau, chegava em pipas e toneis, através das fragatas de vela erguida, vinda "diretamente do produtor ao consumidor", ali aos cais ribeirinhos, do Tejo, no Poço do Bispo e no Beato, onde havia os grandes armazéns... E os maiores eram de um grande senhor, empresário, vitivinicultor, e armazenista vínicola, que   em 1910  havia mandado construir em Marvila o famoso edifício, conhecido como a "catedral do vinho"...

Referimo-nos, naturalmente, ao Abel Pereira da Fonseca, de quem se contava, certamente como anedota, as últimas palavras que terá proferido na derradeira hora da sua morte aos seus descendentes:  "Lembrem-se, meus filhos, que até da água se faz vinho" ou, noutra versão, não menos popular e jocosa, "lembrem-se, meus filhos, que enquanto houver água no Tejo, nunca deverá faltar vinho a Lisboa"... Não sei se os filhos ou os netos do Abel Pereira da Fonseca fizeram a tropa e foram parar à Intendência... A verdade é que havia sempre piadas ao "vinho" da Intendência. metendo esta história do Abel Pereira da Fonseca... Mas, não sejamos injustos para com os nossos bons camaradas da Intendência que, por certo, deram o seu melhor e alguns a vida, no TO da Guiné... E sobretudo não nos deixaram morrer de sede nos bu...rakos para onde nos mandaram!

Mas não é da "água de Lisboa", e do seu abastecimento, que queríamos falar... Mas, sim, das "bezanas"  ou "narsas" que a malta apanhou, algumas de caixão à cova, por muitas e variadas razões...  (Alguns, mais poetas, dizem que "melhor que as bajudas, eram o 'scotch' que fazia esqucer as bajudas", as de cá e as de lá)...

Das razões, algumas eram fáceis de explicar: misturas mal feitas, de "coisas" que não combinavam e continuam a não combinar bem,  por exemplo,  vinho + cerveja + uísque + licor de uísque ou edronho ou poncha... A primeira coisa que se aprendia, quando se era "periquito" (na Guiné e na ciência do álcool & seus derivados)  era ter cuidado com estas "misturas"... explosivas... Hoje os putos aprendem isso logo aos 15 anos... (Será ? Eles agora chamam "shots" a essas misturas; no nosso tempo só conhecíamos os "cocktails Molotov")...

Oiçamos, entretanto,  mais alguns camaradas que têm pequenas histórias para nos contar... Os outros façam o favor de ir respondendo ao nosso inquérito "on line", no canto superior esquerdo do blogue... Até 3ª feira, dia 15, às 18h04... Nesta matéria, toda a gente tem opinião, mesmo que nunca tenha apanhado nenhuma "cardina",,, LG
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(i) Rui Santos [ex-alf mil, 4.ª CCAÇ, 
Bedanda e Bolama, 1963/65]


Apenas me lembro de uma [, "piela de caixão à cova"], pois a guerra, a vigilância interminável e o comando do pelotão destacado davam-me muita responsabilidade acrescida...

Uma tarde o sargento do destacamento dos armazéns de víveres foi lá abaixo ao meu aquartelamento, aboletado na povoação de Bedanda, encontrámo-nos na casa comercial do Sr. Abel, pessoa muito afável e bastante amigo meu, abriu uma garrafa de Vat 69 e, com Perrier, bebêmo-la os três em menos de 15 minutos...

É claro que a tal velocidade o álcool subiu de imediato, fui guiando o meu jeep até o destacamento do sargento, e saltou-me à vista (bem nublada) uma pele de cobra pregada numa tábua a secar ... Ele convidou-me para comer uma "canjinha" mas quando vi os pedaços de cobra, que pareciam filetes de linguado, recusei.

E aqui segue a História das duas bebedeiras que apanhei ... a 1ª e a última ...

(ii) Manuel Luís Sousa (#)

O meu testemunho sobre este tema, está em linha com os demais camaradas. Gostei imenso do produto escocês e,  num dos testes, foi uma de " Johnnie Walker",  simples e sem gelo, durante 1/2 hora para esquecer uma má situação. 

O que me safou foi o enf  Paulino,  hoje doutor no hospital do Funchal. E continuo adepto desse "digestivo".

(#) Um deles que desempate, temos dúvidas sobre o autor: Manuel Luís Nogueira de Sousa (ex-Fur Mil At Art da 1ª CART do BART 6520/73, Bolama, Cadique, Jemberém, 1974) ou Manuel Luís R. Sousa, Sargento-Ajudante Reformado da GNR (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Jumbembem, 1972/74) ?...


(iii) Orlando Pinela [ex-1º Cabo Reab Mat da 
CART 1614/BART 1896, Cabedú, 1966/68]


Enquanto estive na Guiné não apanhei nenhuma piela a sério, ficava alegre e nada mais, isto é,  à base de bazucas.

Quanto a esquentamentos,  fui sempre cuidadoso, também nada.

Um abraço para a Direcção da Tabanca.




Sobre a bebida há muito que contar. Pergunto se vale a pena destilar uma Piscina Olímpica de 100 metros. Deve ter sido o que bebi. 

Cerveja nunca faltou. Faltou tudo, mas cerveja,  que me lembre, não, em Guileje após  emboscada no meu "corredor" favorito.

Luís e Carlos, valerá a pena perder o meu latim, se toda a Tabanca se cala?


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sábado, 27 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14802: Cancioneiro de Buba: "Oh! Xenhôr dos Matosinhos /, Oh! Xenhôra da Boa-Hora,/ Ensinai-nos os caminhos /P'ra desandarmos daqui p'ra fora!" ...(Manuel Traquina, ex-fur mil at inf, CCAÇ 2382, Buba, 1968/70)



Manuel Traquina, ex-fur mil at inf,
CCAÇ 2382, Buba, 1968/70,

1. Diz o Manuel Traquina, alentejano, no poste  P7324 (*), que os seus 24 anos, passados em Buba, no dia 5 de junho de 1969, foram celebrados como deve ser e melhor regados com uísque do bom. 

Tinha já ele dois anos e meio de tropa e ainda lhe faltava mais um ano para a peluda, se lá chegasse com vida e saúde... Estava mais que farto... Estava "farto deles"... Estávamos todos "fartos deles",. camarada... 

"Eles" era muita gente, mas cada um lá sabía dos seus ódios de estimação...Nessa altura,. eu tinha apenas uma semana de Guiné, e já tinha chegado a Contuboel onde puseram a funcionar um pseudo centro de intrução militar... Éramos mais de 400, entre instrutores
e recrutas, a CART 2479 e a CCAÇ 2590 (reduzia a 60 gatos pingados)... Os nossos recrutas, do recrutamento local, eram mais de 3e deram origem às futuras CART 11 / CCAÇ11 e CCAÇ 12...


Ao fim de seis meses eu também já cantava o "Eles não sabem nem sonham / Que o sonho comanda a vida / E que sempre que um homem sonha / O mundo pula e avança / Como  bola colorida / Entre as mãos de uma criança".. O poema era do António Gedeão, lembram-se ?...

Não admira, por isso, que a canção favorita em Buba, por esses tempos, fosse o "senhor de Matosinhos", com o Cardoso da 15ª Companhia de Comandos, à viola, e o Gonçalves da CCS do Batalhão 2834, no acordeão...

Cantava esta e outras, ao fim de seis meses, já "apanhado do clima"... Não admira, por isso, que o "senhor de Matosinhos"  fosse uma das canções favoritas da malta da Guiné, cantarolada por muitos de nós, nas noites de álcool, camaradagem e solidão... Não só por ser brejeira e divertida mas também pelo seu refrão, a que dávamos um sentido e um tom, sarcásticos, de contestação à tropa e à guerra... Em Buba, em Bambadinca, em muitos outros sítios... Julgo que a maior parte da malta não sabia a letra completa, mas todos sabiamos ao menos o refrão, muitas vezes cantado à moda do norte:

Oh! Xenhôr dos Matosinhos,
Oh! Xenhôra da Boa-Hora,
Ensinai-nos os caminhos
P'ra desandarmos daqui p'ra fora.


2. Aqui fica a letra. recuperada de um sítio dos escoteiros, e reproduzida com a devida vénia... [Ar livre > Escotismo > Cancioneiro].

Li algures, mas ainda não pude confirmar, que o autor (da letra e da música) seria um tal Avelino Carneiro (1907-1961), natural de Telheiro, São Mamede de Infesta, Matosinhos, talentoso autor, amador, de alguns peças de teatro de revista (, a primeira das quais terá sido, em 1942, "O senhor de Matosinhos), levadas a cena no Porto mas também em Lisboa, no parque Mayer. 

Nada como a malta de Matosinhos para me esclarecer sobre este ponto... Por falta de tempo, não pesquisei mais nada sobre o "senhor de Matosinhos" que eu devo ter ouvido, pela primeira vez, na Guiné... E confesso que nem sequer sabia bem onde ficava Matosinhos... Só lá fui depois do 25 de abril, não à festa mas à terra, de gente boa, trabalhadora e hospitaleira... LG


Pom pom...

Da chidade da birgem, os dois,
Nós biemos há dias para cá,
A biagem foi bom mas depois
Ninguém biu o que a gente biu já.

Dizem que lá por Lisboa
A bida é boa, boa bai ela,
Mas só se bêem p'las ruas
Catraias nuas, ó lariló lé las.

Por isso como em Paranhos
Há paus tamanhos que é de 'spantar,
Na Baixa ou no Arrebalde
São de ramal os paus no ar.

Refrão

Oh! Xenhôr dos Matosinhos,
Oh! Xenhôra da Boa-Hora,
Ensinai-nos os caminhos
P'ra desandarmos daqui p'ra fora.

Pom pom . . .

Sant' Antoninho da Estrada,
Não digas nada, de tudo isto,
Quinté já sinto ingonias
Das porcarias que tenho bisto.

Ind' ontem ali na abenida,
Uma astrebida de perna à bela
Quis m' agarrar na mãozinha,
Mas, coitadinha, lebou com ela.

Refrão (...)



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  Nota do editor:

(*) Vd poste de 23 de novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7324: Venturas e Desventuras do Zé do Olho Vivo (Manuel Traquina (8): Dia de Aniversário

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Guiné 63/74 -P14783: (Ex)citações (284): 70 anos de vida, 45 anos depois do regresso da guerra, e a última garrafa da garrafeira "escocesa" que foi despejada... Recordam-se ? "From Scotland with love for the Portuguese Armed Forces" [Da Escócia com amor para as Forças Armadas Portuguesas...] (Manuel Traquina, ex-fur mil da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70)





























Foto: © Manuel Traquina (2015). Todos os direitos reservados



1. Mensagem,com data de hoje, do Manuel Traquina (ex-fur mil da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70). autor do  livro de memórias "Os Tempos de Guerra – De Abrantes à Guiné", edição de Palha de Abrantes – Associação e Desenvolvimento Cultural, com sede em Abrantes, e patrocínio de diversos antigos camaradas da CCAÇ 2382; a  edição é de maio de 2009): 


Passaram já cerca de 45 anos que regressei da Guiné! (*)

Completei há pouco 70 anos de idade! Porém aqueles anos na Guiné são inesquecíveis: foram os bons e os maus momentos e, também os grandes amigos que se fizeram e ficaram para sempre.

No dia 5 de junho do ano de 1969 em Buba eu completava os meus 24 anos e na messe como habitual tinha lugar uma pequena festa que foi perturbada com o bater da porta do frigorifico que se assemelhava a uma saída de morteiro...

Manuel Traquina, foto atual
Este episódio é relatado na página 131 do meu livro "Os tempos de Guerra" e também neste blogue. (**)

Bem, mas quando do regresso da Guiné, fiz-me acompanhar de algumas garrafas de whisky que com alguns amigos foram sendo consumidas, algumas foram sendo abertas de dez em dez anos sempre que fazia anos...e, a última foi agora aberta foi esta Logans, a outra já foi consumida quando completei os 60 anos.

Um grande abraço para todos os meus amigos e camaradas da Guiné
Traquina

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Notas do editor;

(*) Último poste da série > 15 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14746: (Ex)citações (282): Sexo em tempo de guerra... Ha(via) um raio de um "santo inquisidor" dentro de cada um de nós... (Francisco Baptista, natural de Brunhoso, Mogadouro; ex-alf mil inf, CCAÇ 2616, Buba, 1970/71, e CART 2732 , Mansabá, 1971/72)

(**) Vd. poste de 23 de novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7324: Venturas e Desventuras do Zé do Olho Vivo (Manuel Traquina (8): Dia de Aniversário

(... Naquele dia [,. 5 de junho de 1969] o jantar tinha terminado, a messe de sargentos de Buba estava em “festa”. Normalmente era assim, quando alguém fazia anos.

Era a minha vez, era o dia 5 de Junho de 1969, dia do meu aniversário. Completava 24 anos de idade, contava já cerca de dois anos e meio de serviço militar e, para regressar a Portugal calculava que me faltava à volta de um ano. Tinham-se bebido umas frescas cervejas e, animadamente cantava-se a canção, Senhor de Matosinhos/ Senhor da Boa hora/ Ensinai-nos o Caminho/ Para sairmos daqui para fora. Além de outras esta, pela sua letra, era a preferida.

A música vinha da viola do Cardoso,  da 15ª Companhia de Comandos, e do acordeão do Gonçalves da CCS do Batalhão 2834. O Furriel Henrique (, mais conhecido pelo Henrique da Burra, ) com a sua habitual actuação teatral, punha todos a rir. Aquela alcunha ao que parece tinha sido herdada do seu pai, que lá para os lados de Cascais era bastante conhecido pelo “Chico da Burra”.

Naquele dia o Henrique da Burra, descalço, e com uma toalha atada á cintura, simulando uma mini-saia, tentava imitar a bonita e popular cantora inglesa Sandie Shaw, que tinha sido concorrente ao festival da Eurovisão.

Assistindo a esta festa estava o dr. Franco, médico do aquartelamento de Buba, acabado de chegar de Bissau, estava visivelmente desambientado, apenas abanava a cabeça, enquanto dizia “ estão todos apanhados”, assim achou melhor retirar-se. Mas quando a “festa” atingia o seu auge, eis que se gera o pânico. Atropelando-se, todos largam a correr porta fora em busca de abrigo. Ouvira-se o que se julgou ser a “saída” de um morteiro iniciando mais um ataque. Afinal, tudo não passara do bater da porta do frigorífico do bar que produzia o ruído semelhante à saída da granada do morteiro.

O Simplício, encarregado do bar, foi repreendido para não voltar a bater assim com a porta do frigorífico. É que, naquela situação de guerra em que se vivia, qualquer barulho do género era suspeito. Bem, depois de tudo acalmar,  beberam-se mais umas cervejas, e a festa continuou embora tivesse perdido um pouco o seu ritmo. Foi esta a festa do meu 24º aniversário que ficou para não mais ser esquecida.(...)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Guiné 63/71 - P12593: Museu Etnográfico de Passos de Silgueiros, em Viseu, onde se podem encontrar objectos relacionados com a guerra na Guiné (Manuel Traquina)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Traquina (ex-Fur Mil da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70), com data de 28 de Novembro de 2013:

Visitei um museu na povoação de Silgueiros nos arredores de Viseu, e surpreendido fiquei ao encontrar ali varias coisas relacionadas com a guerra na Guiné, que terão sido oferecidas pelo padre Manuel Antunes Santos Barranha que foi Capelão Militar na região de Aleia Formosa.

Uma das fotos é de um monóculo do General Spínola, que terá sido oferecido por ele, junto também um cartão de visita do mesmo.
Outra foto trata-se de um crucifixo que executado em Aldeia Formosa onde foram soldados vários estilhaços de granada que ele próprio recolheu após ataques aquele aquartelamento no ano de 1971.

Existem ainda naquele museu vários crachás de companhias e pelotões de morteiros.

Um abraço
Traquina


Objectos que se podem ver no Museu Etnográfico de Passos de Silgueiros



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10288: Em busca de... (199): Pessoal da CCS/BCAÇ 2834 (Buba, Aldeia Formosa, Guileje, Cacine, Gadamael, Buba, 1968/69) (Francisco Gomes)


1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) Francisco Gomes:
De: Francisco Gomes [fragom@outlook.com]

Data: 21 de Agosto de 2012 19:04

Assunto: Olá,  pessoal!


Boa tarde

Apresenta-se o 1º. Cabo Esferográfica (G-3) da CCS do BCAÇ 2834, Guiné 68/69 (Buba, Aldeia Formosa, Guileje, Cacine, Gadamael Porto, regresso a Buba e depois ala que já se fez tarde para Lisboa...)

Ando à procura,  há anos,  de antigos camaradas da minha companhia e não consigo achá-los... Mesmo o Tenente (hoje parece-me que Capitão) Luis Esteves, Chefe da Secretaria da CCS, que ainda fui ter com ele, anos depois, à Carregueira onde prestava serviço (e onde eu fiz a recruta em Abril de 67), perdi o seu contacto, sabendo apenas que na altura morava em Queluz.

Do pessoal de Lisboa e arredores, perdi os contactos deles todos, numa mudança de casa onde me gamaram um caixote com várias fotos, agendas, etc. e apenas tinha contacto com o sacristão da CCS que era, há anos atrás, motorista da carreira 43 da Carris mas parece-me que está reformado, pois nunca mais o vi.


Por acaso, têm alguns contactos destes camaradas? Caso afirmativo, agradeço as vossas notícias.

Obrigado e um abraço

F. Gomes


2. Comentário do editor:

Sê bem aparecido, camarada Francisco Gomes! Presumo que sejas alfacinha...Gostei da tua apresentação, 1º cabo esferográfica (!)... Quanto ao pessoal do teu  batalhão, devo dizer-te, com pena, que ele anda arredio destas lides bloguísticas. 

Temos escassas referências sobre o BCAÇ 2834. A informação mais detalhada é do nosso camarada Manuel Traquina, ex-fur mil da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70, que esteve em contacto convosco cerca de um ano... Ver aqui os postes dele, com referências à CCS/BCAÇ 2843.

De qualquer modo aqui fica o teu pedido. Pode ser que alguém da CCS/BCAÇ 2834 te/nos  leia e te/nos  dê a grande alegria de uma resposta ou de um contacto. Para esse efeito, era útil termos uma fotografia tua, de menino e moço, vestido de camuflado, e outra mais actual, para o pessoal te (re)conhecer.  

Ficas, por outro lado,  desde já convidado a integrar a nossa Tabanca Grande: não pagas nada, manda-nos apenas as duas fotos da praxe, digitizadas, e fala-nos um pouco mais da tua história. Mesmo que tenhas perdido documentos e fotos, com as andanças da vida, sempre tens algumas memórias desse tempo e por certo que as queres partilhar com a malta que passou pela Guiné, no tempo da guerra colonial, e em particular pelo sul da Guiné, entre 1968 e 1969.

Sobre o teu batalhão, o BCAÇ 2834, já sabíamos o seguinte (*):

(i) Unidade Mobilizadora: RI 15 - Tomar
(ii) Comandante: Ten cor inf Carlos Barroso Hipólito
(iii) 2.º cmdt: Maj inf Rui Barbosa Mexia Leitão
(iv) Of Inf Op/Adj: Maj inf Albino Simões Teixeira Lino
(v) Comandantes da  CCS:  Cap SGE António Freitas Novais; Cap mil art António Dias Lopes; Cap inf Eugénio Batista Neves;
(vi) Comandantes das subunidades de quadrícula: 

CCAÇ 2312 > Cap Mil inf Júlio Máximo Teixeira Trigo; CCAÇ 2313 > Cap inf Carlos Alberto Oliveira Penim > CCAÇ 2314: Cap inf Joaquim de Jesus das Neve;

(vii) Divisa: "Juntos Venceremos" - "Para Vencer, Convencer"
(viii) Partida (para Bissau): 10 jan 68
(ix) Regresso (a Lisboa): 23 nov 69

Umn abraço do camarada Luís Graça (**)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de agosto de 2011 > Guiné 63/71 - P8639: Em busca de... (173): Contacto de camaradas da CCS/BCAÇ 2834, Buba, 1968 (Manuel Traquina)

(**) Vd. último poste da série > Guiné 63/74 - P10244: Em busca de... (198): O nosso camarada Manuel Castro Moreira, ex-Soldado da CCAÇ 2315/BCAÇ 2835, procura camaradas da CCAÇ 2316 e do BENG 447