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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25224: In Memoriam (499): Alberto Costa Lobo († Porto, 26 de Fevereiro de 2024), ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 414 (Guiné e Cabo Verde, 1963/65) (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)

IN MEMORIAM


Alberto Costa Lobo
Ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 414 (Guiné e Cabo Verde, 1963/65)
Médico Cirurgião Vascular do Hospital de Santo António.
Foi comandante do 3.º pelotão 

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1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 27 de Fevereiro de 2024:

Caro camarada,
As más notícias também fazem parte das nossas vidas, da nossa história.
Ontem, dia 26, faleceu o ex-alferes miliciano Alberto Costa Lobo, médico cirurgião vascular do Hospital de Santo António.
Foi comandante do 3.º pelotão da Companhia de Caçadores 414 que, no período de 1963/1965, serviu na Guiné e em Cabo Verde.
Que descanse paz.

Manuel Castro (tabanqueiro n.º 793)
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Comentário do editor CV:

À família, amigos e camaradas de armas do Dr. Alberto Costa Lobo, a tertúlia do nosso blogue apresenta as mais sentidas condolências.
São tantos os camaradas e amigos que partiram, que nos sentimos "cá em baixo" cada vez mais sozinhos nesta jornada terrestre.
Que descanse em paz.

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Nota do editor

Último post da série de 23 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25205: In Memoriam (498): Maria Júlia Lourenço Alves da Silva († Guifões - 23/02/2024), esposa do nosso camarada Abel Santos. Estará em Câmara Ardente a partir das 11 horas de domingo no Tanatório de Matosinhos e o seu funeral realiza-se na segunda-feira, dia 26, às 11 horas

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24300: Convívios (959): 51.º Almoço/Convívio do pessoal da CCAÇ 414, levado a efeito no passado dia 30 de Abril de 2023 em Arcozelo, Vila Nova de Gaia (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 7 de Maio de 2023:

No passado dia 30 de Abril a Companhia de Caçadores 414 realizou o 51.º convívio, 60.º aniversário do nosso regresso, cuja organização, da responsabilidade do camarada António Araújo, “O Paizinho” com a ajuda de sua filha (Carla) e da neta (Bárbara) teve lugar na linda vila de Arcozelo, Vila Nova de Gaia.

Deu-se o encontro pelas 10H30 junto à igreja Matriz onde foi celebrada missa pelos camaradas falecidos. Antes visitou-se a Capela de Santa Maria Adelaide, onde se encontra a santa em carne e, ao lado, o museu com as oferendas dos seus devotos.

Seguiu para o Restaurante New Life onde foi servido o almoço e dar largas ao convívio.

O ex-alferes miliciano Teixeira de Sousa deu as boas-vindas; fez-se a chamada dos falecidos a que todos responderam com um sonoro “PRESENTE”; muitas perguntas por este e por aquele que por motivos vários não compareceram e por fim o aprazível repasto condimentado com as infalíveis lembranças e gargalhadas.

Terminou com os normais abraços de despedida e um “ATÉ AO ANO”.

Um abraço para a Tabanca Grande e os meus agradecimentos.
Manuel Castro


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Notas do editor

Vd. poste de 10 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24213: Convívios (954): 51.º Almoço/Convívio do pessoal da CCAÇ 414, a levar a efeito no próximo dia 30 de Abril de 2023 em Arcozelo, Vila Nova de Gaia (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)

Último poste da série de 7 DE MAIO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24294: Convívios (958): 33.º Convívio do pessoal do BCAÇ 2884, dia 3 de Junho de 2023, em Fátima e Maxieira (Manuel Resende, ex-Alf Mil)

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24213: Convívios (954): 51.º Almoço/Convívio do pessoal da CCAÇ 414, a levar a efeito no próximo dia 30 de Abril de 2023 em Arcozelo, Vila Nova de Gaia (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 9 de Abril de 2023:

Boa Páscoa caro camarada,
No próximo dia 30 de Abril, os ex-combatentes da Companhia de Caçadores 414 fazem o seu 51.º convívio, cujo início teve lugar, na praia de Lavadores, em Vila Nova de Gaia, no 5.º ano após a chegada à unidade que os mobilizou, BC10 em Chaves, no dia 6 de Maio de 1965.

Para conhecimento dos nossos tabanqueiros, junto o respectivo convite que agradeço a amável publicação.

Os meus melhores cumprimentos.
Manuel Castro


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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE MARÇO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24163: Convívios (953): 38.º Encontro Nacional dos ex-Oficiais, Sargentos e Praças do BENG 447 (Brá-Guiné), dia 20 de Maio de 2023 no Restaurante Cortiço - Tornada - Caldas da Rainha (Lima Ferreira, ex-Fur Mil)

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23611: Efemérides (372): No dia 21 de Abril 2021 fez 58 anos que os 1.º e 2.º Pelotões da CCAÇ 414 estiveram em sérios apuros na Ilha do Como (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enf)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 11 de Abril de 2021, que não foi publicada na devida altura. Por este atraso pedimos desculpa.

Há 58 anos, dia 21 de Abril, dia de Pascoela, os 1.º e 2.º pelotões, da Companhia de Caçadores 414, reforçados com uma metralhadora Breda, um morteiro de 60mm, uma bazuca, o furriel enfermeiro (eu) e um maqueiro, auxiliados e guiados pelo grupo de cipaios do cébebre “João Baker Jaló” mais tarde integrado no exército português e que atingiu o posto de “capitão de 2.ª linha,” encontravam-se, em sérios apuros na Ilha do Como.

Estes ainda maçaricos que haviam chegado a Bissau a 27 de Março e a Catió a 1 de Abril, foram a primeira tropa a pisar “Como e Caiar”. Imagine-se, com tanta inexperiência enfrentar pela primeira vez o, então, inimigo, que mal o barco atracou os recebeu com grande foguetório, que se prolongou até à chegada o resto da companhia, que ao chegar a Catió e, não sabendo da nossa situação, à revelia do comando, tomou um barco de abastecimento de géneros que lá se encontrava e partiu à nossa procura.

O encontro foi uma festa, ou melhor, um alívio.

Manuel Barros Castro
Tabanqueiro n.º 793

Digitalização da pág. 316 do 7.º Volume - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) - Publicação do Estado-Maior do Exército (CECA), com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 17 DE JUNHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23361: Efemérides (371): 17 de junho de 2022, Dia da Consciência, em memória de Aristides de Sousa Mendes (João Crisóstomo, Eslovénia)

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23449: Os nossos seres, saberes e lazeres (513): Retomadas as festividades à Senhora de Antime, em Fafe (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 18 de Julho de 2022, com a notícia das festividades à Sanhora de Antime, retomadas após o intervalo de dois anos por causa do Covid-19:

Bom dia caro camarada,
Para o nosso blogue aqui vai acontecimento de há longos anos importante em Fafe.

Um grande abraço,
Manuel Castro
(Tabanqueiro n.º 793)


A SENHORA DE ANTIME

A cada segundo domingo de Julho, em Fafe celebra-se o culto a Nossa Senhora de Antime, festa secular que, desconhecendo-se embora o seu início, sabe-se que já existia em 1736, isto é, há cerca de 300 anos.
Já por volta de 1860 Camilo Castelo Branco em “Memórias do Cárcere” descrevia: “A Senhora de Antime é de pedra e pesa com a charola vinte e quatro arrobas. Os mais possantes moços pegam ao banzo do andor…”

A tradição mantém-se tendo-se transformado na maior manifestação de fé deste concelho e uma das maiores do Minho. Dado a pandemia nos dois anos anteriores esteve suspensa sendo retomada este ano.

Assim, às dez horas saiu em procissão da Igreja Matriz de Fafe a charola da Senhora das Dores, aos ombros dos Bombeiros Voluntários de Fafe, acompanhados pelos grupos de escuteiros do concelho, em direcção à ponte de S. José, fronteira das freguesias de Fafe e Antime, onde se encontrará com a procissão que acompanha a charola da Senhora da Misericórdia, levada por dez valentões e uma multidão de fiéis.
Seguem daí rumo à Igreja Matriz, num percurso de mais de três quilómetros, ladeado de fiéis e de curiosos que à passagem aplaudem as Senhoras e após paragem em frente à Câmara Municipal para a recepção das autoridades municipais e largada de pombos, seguem para o seu termo na Igreja Nova de São José.
À tarde, pelas dezoito horas, dar~se-á o regresso da Senhora da Misericórdia à sua residência, Igreja de Antime.

Esta é uma festa religiosa que, como quase todas, tem a sua parte profana cujo início antecede a religiosa. Também ela de grande fama e muito concorrida.

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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE JULHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23434: Os nossos seres, saberes e lazeres (512): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (59): De novo em São Miguel, é infindável a romagem de saudade - 4 (Mário Beja Santos)

domingo, 26 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23385: Convívios (935): Rescaldo do 50.º Almoço dos militares e famílias da CCAÇ 414, levado a efeito no passado dia 29 de Maio em Aveiro (Manuel Barros Castro)

Aveiro, 29 de Maio de 2022 > Foto de família dos militares da 414 presentes no 50.º Convívio


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 23 de Junho de 2022, com o pedido de publicação das fotos alusivas ao convívio dos militares da sua 414, que se realizou no passado dia 29 de Maio em Aveiro:

Bom dia caro camarada,
Para o nosso blog aqui vai o pedido da seguinte publicação:

A Companhia de Caçadores 414, celebrou no passado dia 29 de Maio o seu 50.º Convívio, desta feita em Aveiro, sob a batuta do ex-furriel miliciano Daniel.
A frequência, sendo embora parca devido, uns à idade que já não permite deslocações, outros porque não tiveram quem os levasse e ainda outros covidados ou com receio disso.
Os abraços e a alegria que sempre primaram os esses convívios não arrefeceram o ambiente e reforçaram a amizade de longos anos.
Junto algumas fotografias para memória.

Um grande abraço
Manuel Castro


Aveiro, 29 de Maio de 2022 > Os participantes, militares e famílias que estiveram presentes no 50.º almoço/convívio da CCAÇ 414
Na foto: Castro, Pimenta e Dr. Costa Lobo
Na foto: Castro, Farreca, Pimenta, Dr. Costa Lobo
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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23381: Convívios (934): 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): Caldas da Rainha, 28/5/2022: Fotos - Parte I (José Fernando Almeida)

domingo, 8 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23246: Convívios (925): 50.º Convívio do pessoal da CCAÇ 414 (Cabo Verde, 1963/64 e Guiné, 1964/65), a levar a efeito no próximo dia 29 de Maio em Aveiro (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 7 de Maio de 2022 anunciando mais um convívio dos Combatentes da sua 414, que se vai realizar no próximo dia 29 de Maio:

Camarada e amigo,
No próximo dia 29 a Companhia de Caçadores 414 recomeçará os convívios anuais que o COVID 19 suspendeu.
Junto o repectivo convite para que, se assim entenderem, conste no nosso blogue.

Reconhcido, um grande abraço para todos os bloquistas
Manuel Barros Castro

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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23243: Convívios (924): A Tabanca de Matosinhos, que tem um historial de convívio entre combatentes, está vivinha da costa como a sardinha. Está a comemorar 17 anos de vida (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro)

domingo, 11 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22096: Os nossos seres, saberes e lazeres (447): A minha terra, Pica, onde nasci, cresci e de onde, em 1961, parti para Mafra frequentar o CSM (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414)


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 10 de Abril de 2021:


A MINHA TERRA

A minha terra, a Pica, obviamente, é o local onde nasci, cresci e de onde, em 1961, parti para Mafra frequentar o CSM, o primeiro passo rumo à Guiné Bissau.

A Pica, é um lugar que se divide por duas freguesias do concelho de Fafe: São Gens e Quinchães. Outrora centro de passagem da estrada «romana» Chaves/Porto possuía uma estalagem, cuja construção e escadas em meia lua, de acesso ao primeiro andar, foram, há cerca de dois anos, lamentavelmente demolidas. Aqui, era paragem obrigatória para descanso dos transeuntes e mudança dos cavalos das diligências.

São Gens, a minha naturalidade, vem da idade média onde existiu o Mosteiro de S. Gens e S. Bartolomeu de Montelongo, fundado pelos beneditinos, datado do século XI e será de origem «românica». Diz-se ter pertencido ao Convento de S. Miguel de Refojos, em Cabeceiras de Basto, também beneditino mas, segundo o distinto medievalista Pe. Prof. Doutor José Marques, tratando da sua extinção, poderá ser de existência anterior e foi extinta no período de 13 07 1159 a 10 03 1165.

Adianta ainda, este insigne historiador, que São Gens constituiu, tanto na fase monástica como na de colegiada, uma das instituições mais importantes desta circunscrição eclesiástica e civil.

Em 1528 passaria a anexo da Colegiada de Guimarães, sendo mais tarde convertida em colegiada de Montelongo, primeira circunscrição originária do actual concelho de Fafe.

Presentemente, com excepção da porta lateral sul, pouco resta da primitiva construção «românica» da Igreja, devido às alterações efectuadas ao longo dos séculos.

Construída de fino granito, é a porta de volta redonda e quase desprovida de ornatos, pois os próprios capitéis das colunas que a ladeiam são apenas indicados por carrancas estilizadas.


Na parte posterior da igreja, ergue se, altivo, o «torreão sineiro», presumivelmente « medieval », em granito.

No adro, ainda hoje, com sinais de 4 campas, e no interior da igreja achavam se, no século XVIII e até mais tarde, (ainda me lembro de as ver), diversas sepulturas, algumas seguramente do século XIII.
No corpo superior ( lugar dos homens) uma campa com armas e letreiro, muito bem feito, de Francisco Alvares do Canto, cavaleiro fidalgo da Casa Real e Capitão Mor de Monte Longo.


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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22090: Os nossos seres, saberes e lazeres (446): Quando vi nascer a Avenida de Roma (3) (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Guiné 61/74 - P19948: (De) Caras (132): Manuel Barros Castro, ex-fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65), natural de Fafe, nosso grã-tabanqueiro nº 793..... Assumiu a paternidade da sua filha guineense, Maria Biai Barros Castro (1964-2009): uma história aqui (re)contada por Jaime Silva


Manuel Barros Castro, nascido em Fafe, em 9 de outubro de 1940. Andou na escola Escola Industrial e Comercial de Fafe. Vive na sua terra natal.  Tem página no Facebook sob o nome de  Manuel Castro . Cinco anos depois do nosso convite, decidiu finalmente formalizar a sua entrada na Tabanca Grande. Senta-se, desde hoje, no lugar nº 793 (*).



O Manuel Barros Castro, quando jovem: é o primeiro da primeira fila, de cócoras, a contar da esquerda, de óculos escuros. Os restantes são amigos e/ou talvez familiares. Foto tirada em Cabo Verde ou na Guiné, s/d, da autoria de Guilhermino Teixeira. Faz parte do seu álbum (vd. página do Facebook do Manuel Castro).

Fotos (e legendas): © Manuel Barros Castro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



A história de Manuel Barros Castro, natural de Fafe (**)

 por Jaime Silva

[, ex-alf mil para, BCP 21, Angola, 1970/72], prof educação física ref, e ex-autarca, que  viveu em Fafe há cerca de 4 décadas, e que regressou agora à sua terra natal, Seixal, Lourinhã] [, foto à esquerda]

1. O Manuel Barros Castro esteve na Guiné e pertenceu á Companhia Operacional Independente, de atiradores de infantaria,  a CCAÇ 414, sediada em Catió, onde o pessoal se instalou em tendas de lona. Era furriel miliciano e tinha a especialidade de enfermeiro.

Desembarcou em Bissau no dia 21.3.63 e regressou a Portugal a 4.5.1965 [, mais de dois anos depois].

Formou companhia em Chaves, a qual esteve mobilizada para Moçambique, sendo à última hora desviada para a Guiné.

Nas conversas que, entretanto, ele fez o favor de ter comigo (eu conhecia a filha, mas não conhecia o contexto que tinha gerado a situação), ao falarmos do nosso relacionamento com as mulheres africanas, disse-lhe eu, a determinada altura:

“Até porque havia algumas facilidades de relacionamento pela facto de algumas se oferecerem para ser as nossas lavadeiras”.

“Não. Ela não era a minha lavadeira. Houve empatia entre os dois. Eu, como enfermeiro, dava apoio à população, distribuía medicamentos e foi nesta circunstância que a conheci”, disse, emocionado. “Emociono-me, sempre que falo neste período da minha vida”.

A gravidez foi problemática e, apesar de a jovem ser acompanhada por dois médicos militares, teve que ir para Bissau por falta de condições [, em Catió].

Em Bissau, para onde a companhia, a CCAÇ 414, se tinha deslocado temporariamente, soube, por uma tia da jovem, que esta estava hospitalizada e numa das vezes qua a visitou perguntou-lhe se ela concordava em entregar-lhe a filha, ao que ela respondeu que “só queria que ela seja branca”. Era uma jovem sem instrução que, embora não fosse católica, concordou em batizar a filha.

Após 16 meses no mato [, desde abril de 1963],  a companhia, em vez de ficar em Bissau como estava previsto inicialmente, foi parar a Cabo Verde [, em 28 de julho de 1964], alterando os planos do furriel Castro. Disse que já tinha tudo preparado para instalar a filha, conhecida já como “a menina da companhia” e protegida da esposa do comandante da companhia [, o cap inf Manuel Dias Freixo].

A menina nasceu a 16 de maio de 1964 e foi-lhe dado o nome de Lurdes Maria Biai Barros Castro. A Mimi, para a família e amigos.

A companhia esteve nove meses em Cabo Verde e , durante esse tempo,  a Mimi esteve, primeiro, internada num orfanato em Bissau, por interferência do bispo de Bissau, depois ao cuidado da madrinha, uma senhora nativa que era funcionária nos CTT de Bissau, para quem o Castro mandava mensalmente uma pensão.

Alguns anos depois de ter terminado a Comissão [, em maio de 1965], a madrinha da Mimi veio a Portugal, em 1969,  trazer a menina, cuja mãe, entretanto, falecera.

A Mimi fez o seu percurso escolar em Fafe, tal como os irmãos (um irmão e uma irmã), concluiu a Curso de professores do 1.º ciclo do ensino básico e, infelizmente, faleceu com 45 anos em setembro de 2009, de doença incurável, quando trabalhava numa escola do concelho da Póvoa do Varzim, em Maceira da Lixa.

O Manuel Barros Castro disse-me, ainda, que sempre se revoltou contra a falta de responsabilidade daqueles camaradas de armas que não assumiram os filhos que deixaram por lá, e foram muitos, tanto na Guiné como em Cabo Verde,

Contou-me um episódio, relativamente recente, em que uma mulher guineense, a residir nos Estados Unidos, filha duma situação ocorrida na sua companhia,  e que tinha descoberto a morada do pai, fez questão de vir a Portugal encontrar-se com o pai no aeroporto, só para lhe dizer: “eu sou sua filha, aquela mulher ali é a minha mãe. Eu não quero nada de si. Vim só para o conhecer. Passe muito bem!" [...]

2. Deu-me mais alguns pormenores que eu não sabia:

A filha, a Mimi, era casada com um colega professor e deixou uma filha de 11 anos que está a ser educada pelo pai, claro, mas com grande apoio dos avós. Aliás, frequenta a escola em Fafe.

Voltámos a falar da mentalidade da época, dos preconceitos sociais em relação à “cor” da pele e à rejeição social, sobretudo nas aldeias do norte e interior do país, a dificuldade em aceitar casos destes. Diz que sentiu bem os “olhares” quando a filha chegou. Aliás, quando se referiam à filha, perguntavam-lhe: “Então como vai a sua filha adotiva”?...  Ao que o Manuel Castro, disse, respondia perentório: “Eu não a adotei. A menina é mesmo minha filha”.

Disse-me, ainda, que no dia do funeral da filha, a madrinha (de quem já te falei) esteva em Portugal e esteve presente. Pois as pessoas, ainda então, “cochichavam ao ouvido” e perguntaram-lhe, mesmo, se ela não seria a mãe. Teve que esclarecer que mãe já tinha falecido e que a senhora era a madrinha da Mimi.

Lembrei-me da história do meu colega de escola, do Seixal, Lourinhã, de quem já te falei [, poste P12709]. Quando me deu o seu testemunho, disse-me que, algum tempo após o regresso à metrópole, teve saudades e pensou seriamente em mandá-los vir da Guiné, ao filho e à mãe. Mas, disse-me (na presença de mais dois conterrâneos, um deles esteve na Guiné, também) que recuou, com medo do que iriam dizer as pessoas !

Como tu bem dizes, não se deve julgar.

A propósito, o Castro disse-me, hoje, que nos encontros da companhia alguém (que ele identificou) lhe perguntou: “Trouxe a miúda, porquê?".

Caro Luís:

Uma história de vida edificante, sem dúvida. É exemplar e merece ser conhecida. (***)

Abraço, Jaime.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de julho de  2019 > Guiné 61/74 - P19946: Tabanca Grande (482): Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414 (Guiné e Cabo Verde, 1963/65)

(**) Vd. postes de:

6 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12687: Filhos do vento (27): Manuel Barros Castro, natural de Fafe, fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65) teve uma filha, de mãe guineense,e que ele de imediato perfilhou, Maria Biai Barros Castro (1964-2009)... Uma história exemplar (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

27 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12780: Filhos do vento (29): Ainda a história do Manuel Barros Castro, natural de Fafe, ex-fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65), e os preconceitos ainda hoje existentes (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

(***) Último poste da série > 1 de julho de  2019 > Guiné 61/74 - P19935: (De)Caras (107): Um ninho de "lacraus", em Espinho, Silvalde, fevereiro de 1969, na véspera de partida para o CTIG (Valdemar Queiroz / Abílio Duarte, CART 2479 / CART 11, 1969/70)

Guiné 61/74 - P19946: Tabanca Grande (482): Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414 (Guiné e Cabo Verde, 1963/65): senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 793

1. Mensagem, com data de 29 de Julho de 2019, do nosso camarada e novo tertuliano Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1064/65), que se vai sentar no lugar 793 do nosso poilão:

Caro camarada,
Já várias vezes prometi entrar para o número dos célebres tabanqueiros e já consto dos amigos no Facebook.

Hoje resolvi definitivamente pedir a admissão no fabuloso blogue, para o que junto duas fotografias e me identifico:
Sou de nome Manuel Barros Castro, nascido em 09/10/1940, residente em Fafe e fui furriel miliciano enfermeiro, ao serviço da Companhia de Caçadores 414 na então Guiné Portuguesa, no período de 1963/1965.

Saudações de camaradagem
Manuel Barros Castro

Manuel Barros Castro - Catió


2. Comentário do editor:

Caro Manuel Castro, bem-vindo à nossa Tabanca Grande.
Pelo que descobri da tua 414, tu e os teus camaradas foram uns sortudos com férias nos melhores resorts da Guiné e Cabo Verde.

Gostaríamos que partilhasses connosco fotos e memórias escritas da tua comissão de serviço nas duas Províncias Ultramarinas, tu que neste Blogue tens duas entradas referentes uma bonita e exemplar história de vida[1]. Foste, melhor, és uma referência de verticalidade moral. Bem hajas.

Da CCAÇ 414 temos só as duas entradas correspondentes à tua história, pelo que ficas com a responsabilidade de engrossar, aqui, a história da tua Companhia.

Em nome dos editores e da tertúlia, deixo-te um abraço e os votos de saúde.
Ficamos aqui ao teu dispor para publicar o material que nos possas enviar.

Um abraço pessoal do
Carlos Vinhal


3. Sobre a CCAÇ 414:


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Notas do editor:

[1] - Vd. postes de:

6 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12687: Filhos do vento (27): Manuel Barros Castro, natural de Fafe, fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65) teve uma filha, de mãe guineense,e que ele de imediato perfilhou, Maria Biai Barros Castro (1964-2009)... Uma história exemplar (Jaime Bonifácio Marques da Silva)
e
27 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12780: Filhos do vento (29): Ainda a história do Manuel Barros Castro, natural de Fafe, ex-fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65), e os preconceitos ainda hoje existentes (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

Último poste da série de5 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19859: Tabanca Grande (481): Abel Rei, ex-1º cabo, CART 1661 (Fá, Enxalé, Bissá, Porto Gole, 1967/68)... Autor do livro "Entre o paraíso e o inferno: de Fá a Bissá, memórias da Guiné., 1967/68"... Passa finalmente a sentar-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 792

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12780: Filhos do vento (29): Ainda a história do Manuel Barros Castro, natural de Fafe, ex-fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65), e os preconceitos ainda hoje existentes (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

1. Mensagem, com data de 12 do corrente, do nosso camarada Jaime Bonifácio Marques da Silva [, ex-alf mil para, BCP 21, Angola, 1970/72], prof educ física ref, e ex-autarca,  lourinhanense a viver em Fafe há cerca de  4 décadas [, foto à direita]:

Caro Luís:

Quanto ao Furriel Manuel Barros Castro  [, foto abaixo] (*)...

Estive hoje a tomar café com ele. Autoriza-me a enviar-te o seu n.º de telefone e o email. Podes contactar com ele,  pois está recetivo a aderir ao Blogue.

Manuel Barros Castro, Catió, c. 1963/64
O mesmo se passa em relação à jornalista do Público, Catarina Gomes. Ele está recetivo e falar com ela. Incentivei-o a isso e reforcei a importância de lhe dar o seu testemunho.

Deu-me mais alguns pormenores que eu não sabia:

A filha, a Mimi, era casada com um colega professor e deixou uma filha de 11 anos que está a ser educada pelo pai, claro, mas com grande apoio dos avós. Aliás, frequenta a escola em Fafe.

Voltámos a falar da mentalidade da época, dos preconceitos sociais em relação à “cor” da pele e à rejeição social, sobretudo nas aldeias do norte e interior do país, a dificuldade em aceitar casos destes. Diz que sentiu bem os “olhares” quando a filha chegou. Aliás, quando se referiam à filha, perguntavam-lhe: “Então como vai a sua filha adotiva”?  Ao que o Manuel Castro, disse, respondia perentório: “Eu não a adotei. A menina é mesmo minha filha”.

Disse-me, ainda, que no dia do funeral da filha, a madrinha (de quem já te falei) esteva em Portugal e esteve presente. Pois as pessoas, ainda então, “cochichavam” ao ouvido” e perguntaram-lhe, mesmo, se ela não seria a mãe. Teve que esclarecer que mãe já tinha falecido e que a senhora era a madrinha da Mimi.

Lembrei-me da história do meu colega de escola, do Seixal,  de quem já te falei (**). Quando me deu o seu testemunho, disse-me que, algum tempo após o regressoa metrópole,  teve saudades e pensou seriamente em mandá-los vir da Guiné, ao filho e à mãe.  Mas, disse-me (na presença de mais dois conterrâneos, um deles esteve na Guiné, também) que recuou,  com medo do que iriam dizer as pessoas !

Como tu bem dizes, não se deve julgar.

A propósito, o Castro disse-me, hoje, que nos encontros da companhia alguém (que ele identificou) lhe perguntou: “Trouxe a miúda, porquê?
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12687: Filhos do vento (27): Manuel Barros Castro, natural de Fafe, fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65) teve uma filha, de mãe guineense,e que ele de imediato perfilhou, Maria Biai Barros Castro (1964-2009)... Uma história exemplar (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12687: Filhos do vento (27): Manuel Barros Castro, natural de Fafe, fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65) teve uma filha, de mãe guineense, e que ele de imediato perfilhou, Maria Biai Barros Castro (1964-2009)... Uma história exemplar (Jaime Bonifácio Marques da Silva)


Foto 1 > Grupo de Sargentos. No barco, "Ana Mafalda",  a caminho da Guiné. O Castro é , o 5.º na fila da frente, de óculos, a contar da esquerda para a direita.


Foto 2 > Grupo de sargentos regressados de uma operação. O Castro é o 4º, de óculos na fila de pé, a contar da esquerda para a direita.

Foto 3 > "Com dois nativos de etnia Fula. O terceiro é o célebre João Baker, mais tarde integrado no exército. Quando morreu de atentado era capitão do PAIGC". O  Castro  é o segundo, de óculos, a contar da esquerda para a direita.

[ É Bacar e não Baker... Nome lendário... Sim, era natural de Catió... E nunca foi do PAIGC, morreu em combate... Era capitão comando graduado, comandante da 1ª Companhia de Comandos Africanos, uma subunidade que eu vi nascer, e que era muito temida pelo PAIGC. Em 1978, ainda no tempo de Luís Cabral, a maior parte dos graduados desta companhia foram fuzilados... Conheci pessoalmente o João Bacar Jaló, aquando da formação da companhia, em Fá Mandinga, em 1970...] (LG)

Fotos (e legendas): © Manuel  Barros Castro (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG; legendagem complementar: JBMS]


1. Mensagem do novo membro da Tabanca Grande, Jaime Bonifácio Marques da Silva [, foto atual à esquerda], com data de 26 de janeiro último

Caro Luís

Como é do teu conhecimento o Núcleo de Artes e Letras de Fafe, com o apoio da Câmara Municipal de Fafe, realizou de 24 de outubro a 21 de novembro de 2013 no auditório da biblioteca Municipal,  às 5.ªs feiras das 18.30 às 20 horas o Curso Livre de História Local, cujo tema lecionado neste II Curso foi "O Concelho de Fafe e a Guerra Colonial (1961 – 1974)",

Pediram-me que orientasse a sessão de 31 de outubro onde abordei o tema: “A participação dos militares de Fafe no Ultramar: contributo para a explicação da história da guerra: uma visão pessoal".

Depois de enquadrar o tema, referi que a minha intervenção se limitaria aos acontecimentos ocorridos durante a guerra, após a decisão política de Salazar quando ordenou: “Para Angola e em força” e, relativa, só, aos elementos que tenho disponíveis sobre à participação dos militares de Fafe em África.

Comecei por analisar a lista e a identidade da grande maioria dos mortos em cada teatro de operações, levantando, depois, algumas questões para debate, nomeadamente, quantos:  i) prestaram serviço em cada um dos Ramos das Forças Armadas (Marinha, Força Aérea, Exército); (ii) pertenceram a especialidades que os livraram das operações do mato; (iii) foram colocados nas grandes cidades; (iv) efetivamente participaram em operações com emboscadas, mortos, feridos, minas, acidentes, etc.

Entretanto, deixei para o final algumas questões, de acordo com a minha experiência e vivência em Angola durante a Comissão e relacionadas com a nossa aproximação e relacionamento com as populações nativas.  Entre outras questões, levantei duas que te quero falar com autorização dos dois ex-combatentes da Guiné, meus amigos:

(i) Uma das questões foi: “Quem, nas horas vagas, decidiu oferecer-se como professor” ou ajudar de outra forma as populações?

Um deles, participante no curso, foi o Furriel Alves que esteve na Guiné na CART 1742, (hoje, professor reformado) e cujos elementos, enviar-te-ei logo que ele me dê duas fotos que lhe pedi.

Eu, no leste de angola (Léua) dei explicações de Geografia a um africano que queria fazer o 5.º ano e ensinava-lhe o que vinha no manual. Por exemplo, onde nascia o Rio Minho, etc. !
(ii) Outra questão que levantei foi: “Quantos de nós deixaram por lá os, hoje, designados 'filhos do vento ' e não assumiu?"
- Eu assumi -  interveio o Furriel Castro.

Luís, esta história merece ser conhecida e divulgada.

Falei com o ex-combatente Furriel Manuel Barros Castro, natural de Fafe e que me deu autorização para falar contigo no sentido de poderes divulgar a história no teu Blogue.

O texto já foi lido e corrigido por ele.


2. A história de Manuel Barros Castro (Fafe), recolhida por Jaime Silva

Esteve na Guiné e pertenceu á Companhia Operacional Independente (atiradores) a CCAÇ 414, sediada em Catió, onde o pessoal se instalou em tendas de lona.  Era furriel e tinha a especialidade de enfermeiro.

Desembarcou em Bissau no dia 21.3.63 e regressou a Portugal a 4.5.1965

Formou companhia em Chaves, a qual esteve mobilizada para Moçambique, sendo à última hora desviada para a Guiné.

Nas conversas que, entretanto, ele fez o favor de ter comigo (eu conhecia a filha, mas não conhecia o contexto que tinha gerado a situação), ao falarmos do nosso relacionamento com as mulheres africanas, disse, eu, a determinada altura: “até porque havia algumas facilidades de relacionamento pela facto de algumas se oferecerem para ser as nossas lavadeiras”.

“Não. Ela não era a minha lavadeira. Houve empatia entre os dois. Eu, como enfermeiro, dava apoio à população, distribuía medicamentos e foi nesta circunstância que a conheci”, disse, emocionado. “Emociono-me, sempre que falo neste período da minha vida”.

A gravidez foi problemática e apesar de a jovem ser acompanhada por dois médicos militares, teve que ir para Bissau por falta de condições.

Em Bissau, para onde a companhia (CCAÇ 414) se tinha deslocado temporariamente, soube, por uma tia da jovem, que esta estava hospitalizada e numa das vezes qua a visitou perguntou-lhe se ela concordava em entregar-lhe a filha, ao que ela respondeu que “só queria que ela seja branca”. Era uma jovem sem instrução que, embora não fosse católica,  concordou em batizar a filha.

Após 18 meses no mato a companhia, em vez de ficar em Bissau como estava previsto inicialmente, foi parar a Cabo Verde, alterando os planos do Furriel Castro. Disse que já tinha tudo preparado para instalar a filha, conhecida já como “a menina da companhia” e protegida da esposa do comandante da companhia.

A menina nasceu a 16 de maio de 1964 e foi-lhe dado o nome de Lurdes Maria Biai Barros Castro. A Mimi, para a família e amigos.

A companhia esteve nove meses em Cabo Verde e durante esse tempo a Mimi esteve, primeiro, internada num orfanato em Bissau, por interferência do Bispo de Bissau, depois ao cuidado da madrinha, uma senhora nativa que era funcionária nos CTT de Bissau, para quem o Castro mandava mensalmente uma pensão.

Alguns anos depois (1969) de ter terminado a Comissão, a madrinha da Mimi veio a Portugal trazer a menina, cuja mãe, entretanto, falecera.

A Mimi fez o seu percurso escolar em Fafe, tal como os irmãos (um irmão e uma irmã), concluiu a Curso de Professores do 1.º ciclo e, infelizmente, faleceu com 45 anos em setembro de 2009, de doença incurável, quando trabalhava numa escola do concelho da Póvoa do Varzim, Maceira da Lixa.

Disse-me, ainda, que sempre se revoltou contra a falta de responsabilidade daqueles camaradas de armas que não assumiram os filhos que deixaram por lá, e foram muitos, tanto na Guiné como em Cabo Verde,

Contou-me um episódio, relativamente recente, em que uma mulher guineense a residir nos Estados Unidos, filha duma situação ocorrida na sua companhia e que tinha descoberto a morada do pai, fez questão de vir a Portugal encontrar-se com o pai no aeroporto, só para lhe dizer: “eu sou sua filha, aquela mulher ali é a minha mãe. Eu não quero nada de si. Vim só para o conhecer. Passe muito bem!"

Caro Luís:
Uma história de vida edificante, sem dúvida. É exemplar e merece ser conhecida.
Abraço, Jaime

3. Comentário de L.G.

A CCAÇ 414, independente (ou seja, não integradas em nenhum batalhão), foi mobizada pelo BCAÇ 10, partiu para o TO da Guiné em 21/5/1963, esteve em Catió e Bissau e acabou por partir para Cabo Verde em 29/4/1964 (?). Terá regressado à metrópole em maio de 1965.  O comandante era o  cap inf Manuel Dias Freixo [, já falecido em 7/10/1988; foi comandante do BCAÇ 5017 / 74 - Angola].

Jaime, dizes bem: é "uma história exemplar", um exemplo de grande nobreza. Transmite ao nosso camarada Castro as nossas melhores saudações bemcomo o nosso pesar pela morte da sua querida filhja e reitera-lhe o meu convite para ele integrar a nossa Tabanca.

Temos poucos camaradas do tempo do Castro: temos por exemplo o Alcídio Marinho, ex-fur mil da CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65), mas ninguém da CCAÇ 414... Já sobre Catió temos 185 referências... E 15 sobre o João Bacar Jaló.

Jaime, pede ao Castro uma foto individualizada, do tempo da CCAÇ 414, e outra atual, para o podermos apresentar, como deve ser, à Tabanca Grande.
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