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domingo, 16 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22912: Ocupação dos aquartelamentos das NT e povoações pelo PAIGC (jul-out 1974), de acordo com o Plano de Retração do Dispositivo: excertos do relatório da 2ª Rep/CC/FAG, datado de 28 de fevereiro de 1975


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Julho de 1974: visita de Bunca Dabó e do seu bigrupo, fortemente armado... Ao centro, o nosso amigo e camarada Jorge Pinto, então alf mil, em farda nº 2, desarmado, fazendo as "honras da casa" (*). O aquartelamento e a povoação foram ocupados pelo PAIGC apenas em 2 de setembro de 1974.  (Natural de Turquel, Alcobaça, o Jorge Pinto é professor do ensino secundário, reformado.)

Foto (e legenda): © Jorge Pinto  (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

Relatório 2ª Rep /Pág.  52


Relatório 2ª Rep /Pág.  53



Relatório 2ª Rep /Pág.  54

 

Luís Gonçalves Vaz


Henrique Gonçalves Vaz (1922-2001)

Excertos do relatório da 2ª Rep/CC/FAG, sobre a situação político-militar em 1974 , publicado em 28 de fevereiro de 1975, e na altura classificado como "Secreto". É 
 assinado pelo chefe da 2ª Rep do CC/FAG [, Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, comando unificado criado em 17 de Agosto de 1974], o maj inf Tito José Barroso Capela.

Este documento foi digitalizado pelo Luís Gonçalves Vaz, membro da nossa Tabanca Grande [,foto acima], a partir de um exemplar pertencente ao arquivo pessoal de seu pai, cor cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (1922-2001), último Chefe do Estado-Maior do CTIG (1973/74) [, foto també, acima]. (**)

Índice do relatório [que tem 74 páginas] (***)

A. Período até 25Abr74

1. Situação em 25Abr74

a. Generalidades (pp.1/2)
b. Situação política externa:
(1) PAIGC e organizações internacionais (pp. 2/5)
(2) Países limítrofes (pp. 5/8)
(3) O reconhecimento internacional do “Estado da G/B em 25Abr74 (pp.8/9).

c. Situação interna:

1. Situação militar

(a) Actividade do PAIGC (pp. 10/12)
(b) Síntese da atividade do PAIGC e suas consequências (pp.13/15)
(c) Análise da actividade de guerrilha (pp. 16/18)
(d) Dispositivo geral do PAIGC e objetivos (pp. 18/19)
(e) Potencial de combate do PAIG (pp.19/20)
(f) Possibilidades do PAIGC e evolução provável da situação (p. 21)

2. Situação político-administrativa (pp. 22/24).

B. Período de 25Abr74 a 15Out74

2. Evolução da situação após 25Abr74

a. Generalidades (pp. 25/26)
b. Situação política externa (pp. 26/28)

(1) PAIGC (pp. 29/32)
(2) Organizações internacionais (pp. 32/34)
(3) Países africanos (pp. 34/35)
(4) Outros países (pp. 35/36)


c. Situação interna

(1) Situação militar

(a) Aspetos gerais (pp.37/46)

(b) Síntese da actividade de guerrilha

1. Ações de guerrilha realizadas pelo PAIGC após 25abr74 (pp. 47/52)
2. Ações de controlo às viaturas das NT (p. 52)
3. Ocupação dos aquartelamentos das NT e povoações pelo PAIG (pp. 52/54)

(2) Situação político-administrativa(a) PAIGC- Contactos e conversações no TO (pp. 55/64)

(b) Outros partidos políticos ou associações cívicas (pp. 64/66)
(c) Prisioneiros de guerra (pp. 66/68;
(d) Transferência dos serviços públicos sob administração portuguesa para a administração da República da Guiné-Bissau (pp. 68/70);
(e) Diversos (pp. 70/74)

___________

Notas do editor:



 (*** ) Vd. restantes postes da série:




4 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9443: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte V): pp. 10/21

31 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9424: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte IV): pp. 1/9

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20889: Em busca de... (306): Armando, o pequeno Armandinho, que em 1973/74, quando internado no HM 241 de Bissau, frequentava a casa do CEM do CTIG, Coronel Henrique Gonçalves Vaz (Luís Beleza Gonçalves Vaz)

1. Mensagem datada de 19 de Abril de 2020 do nosso Grã-Tabanqueiro Luís Gonçalves Vaz, professor do ensino básico em Vila Verde e filho do falecido Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG, 1973/74). Tinha 13 anos e vivia em Bissau quando se deu o 25 de abril de 1974.

Quer encontrar um velho amigo, o então jovem Armando, que esteve internado no HM 241 de Bissau, vítima de guerra de que lhe resultou a perda de uma das pernas. Frequentava, como convidado, a casa do então CEM, senhor Coronel de Cavalaria Henrique Gonçalves Vaz.


EM BUSCA DO ARMANDINHO

É com muita satisfação que volto aqui a escrever sobre o “Armando do Hospital de Bissau”, uma criança que conheci no ano de 1973 a cuidado dos militares médicos e enfermeiros que trabalhavam no Hospital Militar de Bissau nessa mesma altura.

Conheci-o muito bem, pois durante um ano, entre 1973 e 1974, ia várias vezes durante a semana vê-lo ao Hospital e muitas vezes regressava connosco (comigo e com os meus dois irmãos) para nossa casa em Sª Luzia, onde brincava muito, comia e dormia.

Na semana passada falei dele ao meu mano mais novo (Paulo Vaz) e os dois revivemos as nossas memórias daqueles tempos conturbados, tempos de guerra mas que para nós jovens na altura, nos marcou para toda a vida. Conhecer esta criança na altura, o Armando, foi uma experiência humana e de afetos inolvidável, já que ele tinha perdido a sua família numa explosão de uma mina e tinha sido evacuado para o hospital Militar de Bissau, penso que em finais de 1972 ou inícios do ano de 1973.

No início teria sido o meu próprio pai, o Coronel Henrique Gonçalves Vaz, CEM/CTIG, que o convidou para ir passar uns dias lá em nossa casa (na Base Militar de Santa Luzia), para poder brincar com miúdos como ele, eu tinha 13 anos e o meu irmão mais novo, o Paulo tinha apenas dez anos, o Armando talvez oito anos, depois tornou-se rotina e uma visita desejada por nós. Lembro-me dele como um miúdo muito alegre, inteligente e bem-disposto. Ainda me lembro, quando no meu quarto, o Armando tirava a prótese (da perna) e continuava a saltar, brincar e falar, sem constrangimentos nenhuns, sim falava muito, demonstrando sempre vontade de saber, de apreender, pois lembro-me muito bem que o Armando (para nós ficou sempre apelidado de Armandinho) demonstrava uma grande curiosidade e uma grande alegria de viver, apesar de ter perdido parte de uma perna e os pais numa explosão de uma mina, facto responsável pela sua evacuação para o Hospital Militar.

Sempre me disse que era MUITO BEM TRATADO PELOS MILITARES DO HOSPITAL MILITAR DE BISSAU. Volto a registar aqui neste nosso Blog, de que gostaria muito de saber onde se encontra e contactar com ele. O meu regresso à Metrópole naquela altura foi um "pouco abrupto", devido ao 25 de Abril, fiquei sempre com saudades dele, e disseram-me que o Armando teria vindo em 1974 com um médico militar para a Metrópole, para frequentar uma instituição em Portugal! Será verdade, se alguém souber notícias dele, gostaria que me contactasse.




Base Militar de Santa Luzia, Bissau, 1974 - O pequeno Armando

No passado mês de março voltei a pedir à minha irmã, que na altura estudava arquitetura no Continente e nos visitava de vez em quando em Bissau, que tentasse descobrir as fotografias do “Armando na Guiné” da sua autoria, e ela procurou e procurou até que encontrou estas fotografias do Armando e que me fizeram viajar no Tempo, recordando os “momentos muito intensos” que vivi na Ex Província Portuguesa da Guiné.


Base Militar de Santa Luzia, Bissau, 1974 - O pequeno Luís

Se tu, Armando, por acaso leres esta notícia sobre ti, liga-me para o meu telemóvel + 351 936 262 912 ou manda-me notícias para o meu email: luisbelvaz@gmail.com

Grande Abraço
Luís Beleza Gonçalves Vaz
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20825: Em busca de... (305): Fur Mil Fotocine Júlio César Fragoso Pereira (Guiné, 1966/67) (Armando Pires, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCS/BCAÇ 2861)

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16597: Inquérito 'on line' (73): Até ao dia 20 deste mês, responder à questão "No mato, no(s) sítio(s) onde eu estive, havia familiares nossos... esposas com ou sem filhos"



A nossa amiga Adelaide Barata Carrêlo,
aos sete anos:
 viveu com a família  e andou na escola
em Nova Lamego (1970/71)
I. INQUÉRITO 'ON LINE': 


"NO MATO
NO(S) SÍTIO(S) ONDE EU ESTIVE,  NA GUINÉ,
HAVIA FAMILIARES NOSSOS"...




Hipóteses de resposta:

1. Sim, esposas (não guineenses)

2. Sim, esposas e filhos (não guineenses)

3. Sim, familiares guineenses (sem ser das milícias)

4. Não, não havia

5. Não aplicável: não estive no mato

6. Não sei / não me lembro



O inquérito em curso admite até 2 respostas (por ex., 1 e 3). O prazo de resposta temina no dia 20/10/2016, às 8h52,



Guiné > Região do Oio > Biambe >  CCAÇ 13 > Set 73 / jan 74 > O Henrique Cerqueira [ex-fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72, e da CCAÇ 13, Biambe e Bissorã, 1972/74] foi outro dos nossos camaradas que teve consigo, durante cerca de 9 meses (de outubro de 1973 a junho de 1974),  a esposa,  Maria Dulcinea (Ni)" [, nossa grã-tabanqueira],  e o pequeno Miguel Nuno, hoje um um homem de quarenta e tal anos, e já pai...

Aqui os vemos, mãe e filho, num "burrinho", o Unimog 411, numa "visita que fizemos à minha antiga companhia no Biambe"...

Foto (e legenda): © Henrique Cerqueira (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


II. Há dias o nosso editor escrevia aqui que, "tirando Bissau, era invulgar ver-se famílias de militares no mato, com crianças" (*), como era o caso da família Barata (que esteve em Nova Lamego, em 1970/71: o ten SGE José Maria Barata,  da CCS/BCAÇ 2893, mais a esposa e 3 filhos menores, incluindo a nossa amiga, grã-tabanqueira, Adelaide Barata Carrêlo).

Aparecererm alguns comentários (César Dias, Jorge Rosales, Henrique Cerqueira, Cherno Baldé, Tino Neves, Francisco Baptista, Jorge Picado, Manuel Carvalho, Adelaide Barata...), ajudar a esclarecer este assunto, e a justificar a realização de mais um inquérito 'on line'.

Por exemplo, o Henrique Cerqueira escreveu o seguinte;:

"Em Bissorã estiveram quatro esposas em que três das quais tinham filhos pequenos. Por ordem hierárquica havia: (i) uma esposa com uma filha pequena dum capitão da CCS,  Pontes Fernandes,  algarvio; (ii) a minha, com o meu filho Miguel; e ainda (iii) a esposa de um cabo da CCS com uma criança bébé. Em Inquida,  um destacamento da zona do Biambe,  esteve durante algum tempo a esposa de um alferes,  sem filhos. Comigo habitava ainda a esposa do alferes Santos, recém casada mas sem filhos,  que estiveram até final da comissão em 1974. Portanto em 1972/73 não era assim tão invulgar a presença de familiares com crianças fora de Bissau. "

O nosso amigo Cherno Baldé também deu uma ajuda para refrescar a nossa memória:

"O cap graduado Sampedro que substituiu o cap Patrocínio em Fajonquito (CCAC 3549, 1972/74), vivia com a esposa e um filho pequeno em Fajonquito. Lembro-me de ver o puto deambular dentro do quartel na companhia dos soldados. O ex-cap Sampedro continua a participar em todos os encontros anuais da companhia."

Muitos outros sítios no mato não eram, no entanto, "amigos das famílias", O nosso Francisco Baptista recorda dois que conheceu: 

"Em Buba nos 17 meses que lá estive nunca houve famílias de militares, penso por haver ataques de armas pesadas bastantes frequentes ao aquartelamento. Soube pelo Moutinho, "chefe" da Tabanca de Matosinho, s que ele quando esteve a comandar, como capitão graduado, Empada, não longe de Buba, teve lá a esposa alguns meses com ele, já posteriormente à minha saída dessa zona. Em Mansabá, onde estive poucos meses, encontrei lá a esposa do alferes médico, que não terá lá estado sequer dois meses, pois um dia após uma flagelação ao quartel, a senhora foi de avioneta para Bissau e regressou à terra dela."

O Manuel Carvalho, o nosso Carvalho de Mampatá, corrige uma imprecisão do amigo Francisco Baptista:

(...) Quanto à esposa do Eduardo Moutinho em Empada,  julgo que ela só passou lá o Natal de 69 e,  quando muito,  mais um dia ou dois, mas ainda hoje fala dessa experiência como uma coisa de que gostou muito. Esteve,  sim,  algum tempo em Quinhamel onde estiveram também as esposas de dois camaradas nossos, daí talvez a tua confusão." (...)

 Esperamos mais uma vez a ativa colaboração dos nossos leitores que podem opinar sobre esta matéria, tendo em conta a sua experiência e sua memória: de facto, no "mato" (ou seja, para lá de Bissau...), alguns de nós, em diferentes épocas, tiveram a sorte de poder levar consigo, para o CTIG, as suas famílias: na maior parte dos casos, só as esposas, mas também, nalgumas localidades, sedes de circunscrição e de batalhão, também filhos menores.

Em alguns dos nossos aquartelamentos e destacamentos também viviam familiares de camaradas nossos, guineenses, no caso das subunidades com militares do recrutamento local, não contando com as milícias (hipótese de resposta nº 3).

Quem não esteve no "mato" (ou seja, quem esteve só em Bissau...), também pode responder, assinalando a hipótese de resposta nº 5 ("Nâo aplicável, não estive no mato"). Sabemos que em Bissau havia bastantes militares com família, desde oficiais do quadro a médicos do HM 241: por ex., a família do nosso amigo Luís Gonçalves Vaz, filho do falecido cor cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG, 1973/74); tinha 13 anos e vivia em Bissau quando se deu o 25 de abril de 1974.

Testemunhos, histórias e fotos sobre este tema serão bem vindos!... A resposta ao inquérito é feita, como sempre, "on line", no canto superior da coluna da esquerda do nosso blogue. (**)


Guiné > Zona Leste > Bafatá > "Foto tirada no dia 30 de Março de 1971 em Bafatá, onde o grupo foi jantar, para celebrar os meus 24 anos. Na foto, e da esquerda para a direita temos: o caboverdiano Leão Lopes (fur mil, BENG 447), e ex-esposa Lucília; fur mil op esp Benjamim Durães;   Fernando Cunha (Soldado condutor);  Rogério Ribeiro (1º cabo aux enfermeiro);  Braga Gonçalves (alf mil cav) e ex-esposa Cecília; Isabel e o marido José Coelho (furriel mil enfermeiro);  e o 1º cabo condutor auto José Brás", todos da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).

Foto (e legenda): © Benjamim Durães (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Arquipélago dos Bijagós > lha de Bubaque > "A esposa do coronel Henrique Gonçalves Vaz, os três filhos mais novos e o capitão Pombo, na pista de Bubaque na Páscoa de 1974... Fotografia de Henrique G. Vaz. [O Luís é o da esquerda].

Foto (e legenda): © Luís Gonçalves Vaz (2014). Todos os direitos reservados.  [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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(**) Último poste da série > 6 de outubro de 2016 > São todos iguais mas uns mais iguais do que outros?... Resultado final (n=94 respostas): os ricos, os poderosos e... os famosos andaram comigo na escola (38%), na tropa (26%) e na guerra (17%)

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16461: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (18): A Retirada Final: os últimos militares portugueses a abandonar o TO da Guiné (Luís Gonçalves Vaz / Manuel Beleza Ferraz)



1. Luís Gonçalves Vaz, membro da nossa Tabanca Grande, tem mais de meia centena de referências no nosso blogue. É professor do ensino básico em Vila Verde e é filho do falecido Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG, 1973/74). (tinha 13 anos e vivia em Bissau quando se deu o 25 de abril de 1974). E enviou-nos mais esta achega histórica dos últimos dias do Império.



A Retirada Final: os últimos militares portugueses a abandonar o TO da Guiné (últimas notícias)





Assinaturas do Acordo entre o Governo Português e o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), no âmbito da Descolonização de Cabo Verde (19 de Dezembro de 1974). Documento do Arquivo Nacional Torre do Tombo.

Caros Amigos:
Acabei de ler o  o livro da autoria de Jorge Sales Golias, A Descolonização Da Guiné-Bissau e o Movimento dos Capitães, que vos aconselho a ler vivamente. Neste livro com prefacio de Carlos de Matos Gomes que afirma mesmo que "... é o trabalho sério e rigoroso, pessoal, de colocação no seu devido lugar do que aconteceu na Guiné ...", pude constatar depois de o ler com muita atenção, que apesar de no global, não dizer nenhuma "inverdade" no meu artigo (Retirada Final), já que que os principais acontecimentos históricos, bem como as suas datas coincidem com as apresentadas neste artigo e noutros também da minha autoria, existirá no entanto um erro na "cronologia dos últimos acontecimentos". 

A título de exemplo poderei referir que o pedido do PAIGC  no dia 4 de Outubro de 1974, para que as nossas tropas se retirassem na totalidade da Guiné até 15 de de Outubro, o que invariavelmente obrigou na altura "à revisão total do planeamento de evacuações via aérea e marítima", coincide de facto com os registos do CEM da altura,  pois o coronel Henrique Gonçalves Vaz afirma nos seus registos pessoais a  4 de Outubro de 1974 que:
"...Soubemos hoje que o nosso regresso se efectuaria a 15 deste mês! Novos planos, novas missões e novos aspectos de vários problemas a encarar! ..." 

No entanto, volto a referir que existe neste meu artigo sobre a "Retirada Final" uma incorreção, que gostaria de corrigir com base na Narrativa apresentada neste livro por este oficial do MFA e protagonista muito importante neste processo de descolonização da antiga Província Ultramarina da Guiné, que se relaciona com a (cronologia dos acontecimentos) entrega do último bastião das tropas portuguesas na Guiné, o Forte da Amura, da retirada das últimas forças militares por via marítima e a saída do comandante chefe das tropas portuguesas (Brigadeiro Carlos Fabião), o seu Estado Maior e os oficiais do MFA por via aérea. Como tal e segundo li neste livro do sr. coronel Jorge Sales Golias, a cronologia destes mesmos acontecimentos deu-se da seguinte forma, a saber:


Foto: © João Martins  (2012). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]

 - O último acto oficial do brigadeiro comandante-chefe Carlos Fabião foi a deslocação ao Boé a pedido Comité Central do PAIGC, no dia 12 de Outubro de 1974 (dois dias antes de abandonar a Guiné) onde foi recebido por Luís Cabral;


In: Afonso, A., e Matos Gomes, C. - Guerra colonial: Angol,a Guiné, Moçambique. Lisboa: Diário de Notícias, s/d. , pp. 332 e 335. Autores das fotos: desconhecidos. (Reproduzidas com a devida vénia).
 
- No dia 14 de Outubro, pelas 3 da manhã, o comandante-chefe Carlos Fabião partiu do aeroporto de Bissalanca, juntamente com os comandantes do CTIG, da Zona Aérea, do seu Estado-Maior (onde se encontrava também o seu CEM) e os oficiais da Comissão Coordenadora do MFA na Guiné. Este voo representou o penúltimo contingente das nossas tropas, e não o último. No aeroporto encontravam-se representantes do PAIGC em Bissau, nomeadamente Juvêncio Gomes, Vítor Monteiro, Constantino Teixeira, Paulo Correia e o comandante Silva Cabral (o célebre comandante Gazela); 


O Alto Comissário[1] (Vice Almirante Vicente Manuel de Moura e Coutinho Almeida d´Eça) ao lado de Aristides Pereira, futuro presidente da República, na abertura da primeira sessão da Assembleia Representativa do Povo de Cabo Verde.

Documento fotográfico do Arquivo Nacional Torre do Tombo.






[1] Nota: O então Comodoro Vicente Manuel de Moura Coutinho de Almeida D´ Eça, além de ter sido nomeado comandante de todas as forças dos três Ramos presentes no Teatro de Operações da Guiné a partir de 14 de Outubro, posteriormente desempenhou as funções de Governador e Alto-Comissário, de Cabo Verde (Jan75).

- O último comandante das Forças Portuguesas dos três Ramos das Forças Armadas, ainda estacionadas em Bissau, foi o Comodoro Almeida D´ Eça, já que em 7 de outubro o brigadeiro comandante-chefe determinou: "É nomeado comandante de todas as forças dos três Ramos presentes no TO (Teatro de Operações) a partir de 14 de Outubro à uma hora, o Exmo Senhor comodoro Vicente Manuel de Moura e Coutinho Almeida d´Eça com a missão de:

- O comandante das Forças Terrestres a embarcar (este sim o último contingente militar a abandonar o TO da Guiné), foi o coronel de infantaria António Marques Lopes;

- O comandante do destacamento da Força Aérea foi o tenente-coronel piloto aviador, Fernando João de Jesus Vasquez;

- Em 9 de outubro foi emanada pelo comandante-chefe a última diretiva, que detalhava o planeamento da entrega das instalações ao PAIGC (Ordem de Operações nº 1/74);

- Na manhã do dia 14 de outubro realizou-se a entrega do Palácio do Governo, tendo assistido a esta cerimónia o comodoro Vicente Almeida d' Éça em representação do Governo Português (segundo Jorge Sales Golias, este foi o último acto oficial antes da retirada de todas as Forças Portuguesas);

- Segundo o Relatório Final do CDMG (Comando da Defesa Marítima da Guiné),

- Neste mesmo dia e depois da cerimónia do último arriar da Bandeira Nacional, embarcavam as últimas tropas portuguesas (este sim, o último contingente a abandonar o TO da Guiné), para o navio NIASSA, em diversas LDG (Embarque simultâneo em LDG´s entre as 142300 e as 150130 segundo o Programa de embarque das Forças).

Como já disse todas estas informações, são fruto das investigações do sr. coronel Jorge Sales Golias, plasmadas no seu livro "A Descolonização Da Guiné-Bissau e o Movimento dos Capitães", Edições Colibri, com prefácio de Carlos de Matos Gomes. 

Aconselho a sua leitura, pois narra de uma forma sábia o fim do nosso Império nesta antiga Província Portuguesa, mas sempre com uma contextualização dos acontecimentos políticos/militares na Guiné em relação aos acontecimentos políticos que decorriam na "antiga Metrópole", dos encontros de Dakar, de Londres e as negociações/acordos de Argel. Penso que com estas informações terei contribuído para um maior esclarecimento da "Retirada Final da Guiné" no ano de 1974.

Abraço para todos vós
Luís Gonçalves Vaz 


Imagem do Livro do sr. coronel Jorge Sales Golias

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Notas:



(**) Vd. postes de





segunda-feira, 23 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16127: (De)Caras (41): A Canquelifá da CCAÇ 3545 (1972-1974) e os acontecimentos de janeiro de 1974: a morte do "ranger" fur mil op esp Luís Filipe Pinto Soares (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74)


1. Mensagem, com data de 19 do corrente, do nosso colaborador, amigo, camarada e grã-tabanqueiro, Jorge Araújo, (que, na "vida real", é docente universitário, para quem não sabe, tendo na "outra vida" sido fur mil at inf op esp/ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74):

Caro camarada Luís Graça e demais editores:

Conforme promessa, que te dei conta em comentário escrito hoje no blogue, anexo uma nova narrativa histórica sobre os terríveis acontecimentos de janeiro de 1974 em Canquelifá (*), que guardarei para sempre na minha memória.

Aproveitei para juntar, no mesmo texto, três variáveis da guerra: os factos, os relatórios oficiais (Perintreps) e a comunicação social, com relevância para a morte de mais um camarada meu/nosso. (**)

Um abraço.

Jorge Araújo.

domingo, 10 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15956: Dando a mão à palmatória (29): Corrigindo o nome do comandante do BCAÇ 4612/74, ten cor Américo (e não António) da Costa Varino, um dos nossos oficiais superiores presentes na cerimónia de entrega do quartel de Mansoa ao PAIGC, em 9 de setembro de 1974



Guiné > Mansoa > 9 de setembro de 1974 > Cerimónia da transição da soberania nacional, aquando da entrega do aquartelamento de Mansoa ao PAIGC, e troca de cumprimentos entre o Comandante do BCAÇ 4612/74, ten cor  Américo da Costa Varino e os comandantes do PAIGC presentes na cerimónia.

Guiné > Região do Óio > Mansoa >  9 de setembro de 1974 > Da esquerda para a direita: (i) comandante do BCAÇ 4612/74, ten cor Américo da Costa Varino;  (ii)  comissário político do PAIGC; (iii) 2º  comandante do batalhão, major Ramos de Campos;  e  (iv) o representante do CEME/CTIG, o major Fonseca Cabrinha.

Fotos do álbum do nosso coeditor Eduardo José Magalhães Ribeiro,  ex-fur mil op esp/ ranger,  CCS do BCAÇ 4612/74, Cumeré, Mansoa e Brá, 1974.

Fotos (e legendas): © Eduardo José Magalhães Ribeiro (2009). Todos os direitos reservados.


  1. Mensagem do nosso leitor Pedro Oliveira Varino:

Data: 15 de março de 2016 às 00:22

Assunto: Correcção de nome


Exmos. Srs.

Após leitura do vosso blogue  que retrata parte da nossa História, infelizmente pouco divulgada, agradecia a correcção do nome do meu avô,  comandante Américo da Costa Varino, que procedeu à cerimónia de transição de soberania da Guiné no ano de 1974.

No vosso blogue, nomeadamente no poste P9335, de 26 de fevereiro de 2012,  encontra-se erradamente como "António C. Varino".

Muito agradecido e com os melhores cumprimentos,

Pedro Varino
(a pedido do coronel inf ref Américo da Costa Varino) [ex-comandante do BCAÇ 4612/74, Mansoa, 1974]

2. Mensagem emitida pelo nosso editor, na volta do correiro:

Pedro, obrigado, um alfabravo (abraço), de camarada para camarada, do editor Luís Graça para o seu avô... Já corrigimos a "gralha", de que pedimos desculpa, com conhecimento ao autor do poste (*), o Luís Vaz Gonçalves. E não só nesse, como também nos postes P7404 e P7388 (**), do nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro... Américoo da Costa Varino era na altura tenente coronel, comandante do BCAÇ 4612/74. Não é um erro de palmatória, mas é um erro factual, de que pedimos desculpa. No nosso blogue, prezamos a verdade e o rigor.

Diga ao seu avô que este espaço também é dele, é de todos os camaradas, ex-combatentes, que passaram pelo TO da Guiné, entre 1961 e 1974. 

Saudações. Luís Graça.

3. Comentário do nosso amigo e grã-tabanqueiro Luís Gonçalves Vaz, autor do poste P

Caro Pedro Varino:

Antes demais, peço-lhe para apresentar as minhas desculpas ao senhor seu avô, sr coronel Américo da Costa Varino pelo erro no meu artigo. 

Gostava também de lhe agradecer o seu pedido de correção, que já foi realizado pelos Editores do Blog. Assim o artigo "Retirada Final, os últimos militares portugueses a abandonar o TO da Guiné" (*), ficou mais fiel à nossa história relativa a este capítulo da transição da soberania nacional na Guiné, para o PAIGC. 

Aproveito para lhe enviar os meus melhores cumprimentos para o sr. coronel Américo da Costa Varino, que com certeza conheceu bem o meu falecido pai, coronel CEM Henrique Gonçalves Vaz.

Cumprimentos, Luís Gonçalves Vaz

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