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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12160: Tabanca Grande (409): Joaquim José Nogueira Alves, ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4514/72 (Cadique e Contuboel, 1974)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Joaquim José Nogueira Alves (ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4514/72, Cadique e Contuboel, 1974), com data de 12 de Outubro de 2013:

Camaradas:
Desde que tomei conhecimento do vosso Blogue, senti uma saudosa nostalgia do pouco tempo (para mim foi uma eternidade! ) que estive na Guiné. "Um dia vou-me associar" - pensava, mas... "Um dia,..." até hoje!

Não tanto pela "guerra" em si, mas pelas memórias dos sentidos que permaneceram ao longo deste tempo todo passado!... Não foi um tempo fácil mas não tão difícil como para os camaradas que lá estiveram mais tempo que eu. Recorde-se que fui em rendição individual, em 16 de Março de 1974, e, por isso, "beneficiei" do regresso da minha Companhia à metrópole, no dia 8 de Setembro do mesmo ano, com pouco tempo de estadia na "GUERRA".

Agora, embora lamentando o que aconteceu aos alferes que me antecederam no comando do 4.º Pelotão da 1.ª Companhia do BCAÇ 4514/72, recordo os tempos difíceis de viver na frente de uma guerra...

De tudo, o bom e o mau, quero aqui deixar uma palavra de agradecimento aos meus dois FURRIÉIS (escrevo c/ letra grande porque assim os devo classificar) que me ajudaram, imenso, a comandar um Pelotão Valoroso que, mercê das circunstâncias que os mesmos sabem e não cabe aqui referir, considero formado por HOMENS com um verdadeiro sentido de responsabilidade, entreajuda, camaradagem e... todos os predicados que se lhes possam, adequadamente, adjectivar. 

Não posso deixar de, aqui, lembrar a AMIZADE dos restantes Alferes da Companhia, mais "velhos" do que eu e que, desde o primeiro dia, me acarinharam, ensinaram, e nos últimos tempos, me deram as "baldas" como Alferes novato.

Recordo os petiscos, as "bazucas", os convívios até altas horas e muitas, muitas coboiadas!

A memória não dá para mais e os nomes escapam-se-me, com pena minha. Retenho alguns: Alferes "Tony", Santos (com quem me cruzei, fugazmente, já na vida social no Porto), Policarpo e Ferreira. Havia um que, suponho, pertencia à Engenharia e era o "Fotógrafo de Serviço" de excelente qualidade, por sinal.

Para terminar, não poderia deixar de falar na tripla, única, de enfermeiros que, com o seu humor, até faziam sorrir os doentes, dos quais apenas me recordo dum nome : O Cunha, com o qual tive alguns encontros de fugida e que morava no Porto.
A todos eles, e ao amigo Comandante da Companhia Capitão Miliciano Antunes, o meu reconhecido agradecimento de terem feito o favor de terem sido meus amigos.

Um abraço.
Joaquim José Nogueira Alves
Alferes Miliciano Atirador
1.ª Companhia do BCAÇ 4514/72

P.S.:- Como depois de regressar da vida militar, fiz uma vida de "saltibanco" , as poucas fotografias referentes à minha estada na Guiné, foram ficando pelo caminho e, as que ainda escaparam, encontram-se em muito mau estado.

Cadique, 1974 - A aguardar transporte de luxo, uma canoa indígena

Cobumba, 1974 - A quilómetros da civilização


2. Comentário de CV:

Caro camarada Joaquim Nogueira Alves,
Bem aparecido no nosso Blogue.
Como te disse na nossa troca de mensagens, foste um sortudo em ires em rendição individual para o BCAÇ 4514/72 quando a guerra estava mesmo a terminar.
Como não adivinhavas o desfecho tão breve, foste como qualquer um de nós com a ideia de cumprir minimamente o que nos era pedido, mas com o objectivo principal de voltar vivo. Felizmente que aconteceu o 25 de Abril para terminar com aquela maldita guerra, que na Guiné, principalmente, estava muito complicada.

Dizes que algumas das tuas fotos se perderam e as que tens estarão em mau estado. O que não se estragou ou perdeu, foram as tuas memórias pelo que as poderás enviar por escrito.
Apesar de tudo viveste aqueles tempos incertos depois de decretado o fim da guerra e o antes da independência, tempos esses complicados, achamos nós os que lá estivemos antes.
Poderás confirmar se as cadeias de comando se mantinham operacionais e se a disciplina foi, ou não, mais difícil de manter.
Por outro lado, as relações com o PAIGC nem sempre seria isentas de alguma tensão porque eles nos veriam, cada vez mais, como intrusos e nós nos sentiríamos a mais naquele território destinado à independência.

É disto que nos podes falar, até porque, sendo oficial, terias acesso a determinadas informações não do conhecimento mais geral.

Partindo do princípio que vais aceitar o nosso desafio, ficamos na expectativa da tua colaboração.
Resta-me deixar-te o habitual abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.

Ao teu dispor
O camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11957: Tabanca Grande (408): Francisco Maria Magalhães Baptista, ex-Alf Mil Inf.ª da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72)