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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13177: Efemérides (157): Como é que a revista Plateia e o seu correspondente local, João Benamor, 1º sargento e cartunista, "viram" o baile dos finalistas da Escola Técnica de Bissau em 5/6/1965... e as perturbações da "ordem pública", provocadas por uma "bando de energúmenos", possivelmente influenciados pelos relatos das tropelias dos "teddy boys" de Liverpool... (Virgnio Briote)







Recorte(s) da página da revista "Plateia", numa das suas edições semanais (c. julho de 1965), onde na crónica de João Benamor, 1º sargento do exército, e conhecido cartunista, se dá um inusitado destaque ao "baile dos finalistas", na Associação Comercial  (*)... Os desacatos que ocorreram são vistos como um "caso de polícia". Não há nenhuma referência a "militares", muito menos a "tropas de elite"... Mas, lembra o cronista, os desacatos continuaram na via pública e, o que era mais grave, "a uma dezena sde metros da entrada principal do palácio do governador provincial", gen Arnaldo  Schulz (1910-1983), o primeiro a acumular os cargos de governador e comandante chefe (1964-1968)...

Presumimos que não tenha havido qualquer intervenção da censura, já que a revista "Plateia" deveria ser considerada "inócua"... Era, todavia, uma das revistas da metrópole mais lidas pelos nossos militares no Ultramar.


Imagem digitalizada e gentilmente disponibilizada pelo Virgínio Briote, um histórico do  nosso blogue (um dos primeiros comandos do CTIG, Brá, 1965/66), nosso editor jubilado, e que participou nestes acontecimentos... Titulo da responsabilidade do editor. Edição de L.G.

[Foto à esquerda: fur mil  João Parreira, cap milç  Maurício Saraiva, alf mil Virgínio Briote e fur mil Fernando Marques de Matos... Em BRá, setembro de 1965...Foto de V.B. O Matos, comandante de secção do Gr Cmds Diabólicos é, nem mais nem menos, um conterrâneo meu, lourinhanense, grande amigo do meu pai e meu amigo recente, que me fala sempre com grande apreço e admiração do nosso VB, seu antigo comandante].


PS - A referência do correspondente da "Plateia", em Bissau,  aos "teddies", "teddy-boys", britânicos, não deixa de ser hilariante!... Sobre a Plateia, "revista semanal de espectáculos" ver aqui:  publicou-se desde 1951 até 1986:

(...) Revista semanal (no início com periodicidade quinzenal), com um formato generoso, com muitas fotografias, a preto-branco, e diversos artigos relacionados com o mundo do espectáculo nacional e estangeiro. Na sua fase inicial tinha normalmente 32 páginas e mais tarde passou para as 70. Na época e durante muito tempo, era uma das janelas onde era permitido contemplar, subtraídas das suas roupinhas exteriores, as mais belas mulheres do mundo do entretenimento, da música, cinema e televisão. Eram frequentes as capas ou posters centrais (separatas) com estrelas de Hollywood.

A “Plateia” teve um percurso de grande sucesso, sobretudo nas primeiras duas décadas da sua publicação, mas terminou oficialmente em 1986, já com mais de um milhar de edições, certamente pelos problemas decorrentes das grandes alterações do mercado editorial do género. (...)

Embora semelhante em muitos aspectos na matriz editorial, a “Plateia”, mais elitista, até porque mais cara, fez um percurso de sucesso lado a lado com outra estrela da companhia, a revista “Crónica Feminina”, lançada uns anitos mais tarde (1956). Todavia, também esta acabou por morrer pelos anos 80. (...)


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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de maio de 2014  > Guiné 63/74 - P13176: Efemérides (153): Ainda a propósito do baile dos alunos finalistas da Escola Técnica de Bissau na Associação Comercial, Industrial e Agrícola, em 5 de junho de 1965: Apanhei 3 dias de prisão simples, dados pelo comandante militar, brig Gaspar de Sá Carneiro (Virgínio Briote, ex-alf mil cav, cmd, cmdt Gr Cmds "Os Diabólicos", CCmds / CTIG, Brá, 1965/66)

domingo, 30 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12915: Brochura, "Deveres Militares", SPEME, 2ª ed, 1969 (Fernando Hipólito): Parte V: Plantão à caserna e faxinas regimentais... ("Consciente de que entre os soldados se verificava ainda a existência de um grande número de elementos com iliteracia e baixa escolaridade, o Exército, entre 1961 e 1974, utilizou o humor dos cartunistas, de forma pedagógica, para alertar e instruir sobre questões de segurança e sobrevivência ou sobre a regulamentação da disciplina militar.")
























Continuação da reprodução da brochura "Deveres Militares", uma edção do SPEME - Serviço de Publicações do Estado Maior do Exército, 2ª edição, 1969...

A lista dos deveres de um militar é (ou era) longa...Publicamos hoje os deveres de:

(i) Plantão à caserna (nº 4 do art. 81º do antigo RDM - Regulamento de Disciplina Militar, que esteve em vigor até 1977!)... às cavalariças (artº 96º do RDM que estava em vigor do nosso tempo);

(ii) Faxinas regimentais (art. 90º do RDM).

O RDM do nosso tempo, de saudosa memória (!),  foi substituído pelo atual RDM - Regulamento de Disciplina Militar, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 142/77, de 09ABR, com diversas alterações. (Entrou em vigor em 10 de abril de 1977, e foi promulgado pelo então Presidente da República António Ramnalho Eanes),

1. O documento chegou-nos, digitalizado, por intermédio do Fernando Hipólito e César Dias. O Fernando Hipólito [, foto atual à direita, ] é o nosso novo grã-tabanqueiro, com o nº 650...

Recorde-se que ele passou pelo CISMI, Quartel da Atalaia, Tavira, 3º turno, 1968. Foi fur mil, CCAÇ 2544, Angola, 1969/71. Esteve a maior parte do tempo no leste, em Lumege.

Há um blogue sobre Lumege e a malta que por lá passou. E onde o Fernando Hipólitio colabora.  

O nosso novo grã-tabanqueiro mandou-nos, entretanto, e a nosso pedido, a sua foto atual. Auqi temos o Hipólito "de fato e gravata, porque foi a minha farda durante anos, como técnico de vendas de um empresa de tintas de imopressão",

2. O nosso camarada, António J. Pereira da Costa (Tó Zé para os amigos) j´«a nos camou "a atenção para o humor e qualidade dos desenhos. Creio que era de um desenhador que também aparecia no "Século Ilustrado"....Há também uns desenhos destes relacionados com os crimes militares previstos no CJM...

"Creio que [o ilustrador] tinha o apelido ou assinava Benamor. [Sim, Tó Zé, parece-me o traço do cartunista João Benamor].

E havia também um conjunto de quadros murais onde se davam conselhos à malta do tipo:
"Uma palavra a mais, um amigo a menos" e "Ela é toda ouvidos - e tinha umas orelhas enormes - come e cala-te",

(... ) "Pode ser que a Biblioteca do Exército tenha alguns exemplares que, se passados a pente fino, nos deem qualquer indicação. (comentário ao poste anterior, de 26/3/2014).


É possível que a esta brochura, que temos vindo  a pubicar,  faltem folhas.... O César Dias já nos
explicou que este e outros documentos "são fruto duma 'limpeza' que ele [, Fernando Hipolito,] fez na secretaria da 3ª companhia do CISMI, em Tavira... Vê que até as folhas das notas do nosso pelotão nas várias disciplinas ele conseguiu apanhar do cesto dos papeis." (comentário ao poste anterior, de 26/3/2014).

Ao Francisco Baptista, por sua vez, estas  imagens que publicámos no poste anterior, mexeram com as suas recordações de infância:

 "Tu fazes me regressar ao tempo da tropa do meu pai que, soldado em Mafra e por ter batido num cavalo mais bravio, foi punido, penso que com uma repreensão. Há uma foto dele com essa farda antiga do tempo da 2ª Guerra ou anterior na casa da aldeia. Penso que seria de cavalaria. Agradeço-te também por me ilustrares esse passado." (comentário ao poste anterior, 26/3/2014).


3.  O nome de João Benamor é referido aqui,  neste excerto que publicamos, retirado com a devida vénia, da página na Net do Exército:

(.,..) “O HUMOR NO JORNAL DO EXÉRCITO 1961- 1974” resultou de um desafio lançado a dois jovens soldados com o objectivo de pesquisarem, seleccionarem e exporem caricaturas e cartoons que ao longo do período em apreço pudessem caracterizar a expressão desta arte gráfica no âmbito da sátira, da ironia, da irreverência, ou da crítica social que, entre outros aspectos, reflectissem o dia-a-dia de um meio profissional que, particularmente no período em causa, atravessava e participava na designada Guerra Colonial/Guerra do Ultramar.

"Tratando-se o “JORNAL DO EXÉRCITO” de uma publicação periódica direccionada para a instituição militar a sua difusão era significativa nas Unidades, Órgãos e Estabelecimentos militares, sendo lida por oficiais, sargentos e praças. Apesar da abordagem se debruçar no referido período de guerra, ao contrário do que acontecia nos “jornais de quartel” editados nas antigas colónias, a menção a este conflito é subtil, apenas se inferindo o contexto geográfico apresentado nas imagens. De igual modo, não se vislumbra uma clara critica à situação politico-militar. A temática advertia o leitor sobretudo para aspectos do meio que o militar viria a encontrar nas terras de África.

"Conscientes de que entre os soldados se verificava ainda a existência de um grande número de elementos com iliteracia e baixa escolaridade, o humor destes Cartoons era utilizado de forma pedagógica para alertar e instruir, em particular este grupo profissional, sobre questões de segurança, sobrevivência ou sobre a regulamentação da disciplina militar.   

"A organização militar, a hierarquia ou as condições de vida nos quartéis são alguns dos temas abordados com ironia, deixando ler nas entrelinhas a critica mordaz ou a irreverência com que são caricaturadas as situações. Embora o J.E. publicasse alguns trabalhos de origem estrangeira o grosso dos seus colaboradores, militares ou civis, eram nacionais. Com o traço mais ou menos elaborado, com maior ou menor qualidade, com desenhos que só por si diziam tudo, ou mais dependentes do texto, foi vasto o leque de autores como:

Vicente da Silva,
João Benamor
Zé Manel,
José Antunes, 
Higino, 
Cid, 
Baptista Mendes, 
Al-Cid, 
Majcid, 
Samuel 

e tantos outros que ao longo desse período conseguiram, com o seu humor, instruir e arrancar, no mínimo, sorrisos a quantos folhearam as suas páginas." (...)


[Realce a amarelo e negritos, nossos,  editor L.G.]
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Nota do editor:

Postes anteriores da série: