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terça-feira, 7 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24126: Tabanca Grande (546): António Figueiredo, ex-sold cond auto, CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67); natural de Sátão, Viseu, vive em São Domingos de Rana, Cascais; senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 873



O António Figueiredo, hoje e ontem... Senta-se, a partir de hoje, 
no lugar nº 873, à sombra do poilão da Tabanca Grande.


Fotos (e legenda): © António Figueiredo (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do António de Almeida Figueiredo, ex-soldado condutor auto, nº 8563364, CCAÇ 1439 (1965/67):

Data - 06/03/2023, 16:02

Assunto - Pedido de Adesão ao Blogue Combatentes da Guiné

Conforme indicação do Amigo Crisóstomo, junto envio os seguintes elementos:

Duas fotografias, uma antiga (Guiné); a outra é a atual.

Chamo-me António de Almeida Figueiredo, sou natural de Satão, Viseu e resido em S. Domingos de Rana, Cascais.

Fui combatente na Guiné, incorporado no BII 19, CCAÇ 1439 , Funchal, desde 17 de Agosto de 1965 até 18 de Abril de 1967.

Tenho falado várias vezes sobre este tema com o Crisóstomo, que muito estimo e, apesar de só agora solicitar adesão ao blogue, reconheço a sua grande importância.

Na Guiné estive colocado, por mais ou menos tempo, em Bambadinca, Xime, Missirá, Enxalé e também com deslocações a Porto Gole, como condutor auto. Foi numa destas deslocações, em 21-8-1966 que tive a experiência real do risco constante, com a explosão de uma mina anticarro  (**) que eu conduzia e em simultâneo sofremos uma grande emboscada que só terminou com o auxílio da Força Aérea. Felizmente não houve mortos mas houve vários feridos graves, incluindo o nosso médico. Na viatura destruída seguia ao meu lado o Alferes Crisóstomo.

Um abraço, António Figueiredo



CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): tem 107 referências no nosso blogue. E além do João Crisóstomo e do Júlio Martins Pereira (1944-2022), passa a ter mais um representante na Tabanca Grande, o António Teixeira...


2. Mensagem do João Crisóstomo, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (1965/67):

Data - 06/03/2023, 21:53

Meus caros,

Quando pensava que já não valia a pena qualquer esforço meu para trazer mais alguém da CCaç 1439 para a nossa Tabanca, sucedeu o milagre: como o Figueiredo alegava não ser perito em coisas digitais eu pedi à esposa dele, a senhora Emília, que tinha apanhado o telefone quando chamei, que o ajudasse, uma vez que ele afirmava ter gosto em fazer parte do blogue.

Por ocasiões e experiências anteriores,  eu sabia da simpatia e amabilidade da senhora Emília. Este feliz desenvolvimento deve-se a ela. Bem haja. Fico aguardando com antecipação o podermo-nos encontrar pessoalmente de novo para, em nome dos muitos que se regozijam pela entrada do Figueiredo na nossa Tabanca, lhe dar um beijinho de apreço e gratidão. É que este feliz desenlaço vai-me ainda dar a possibilidade de "explorar mais um pouco”: vou telefonar de novo ao Teixeira e outros, que também manifestaram boas intenções de um possível ingresso na Tabanca, na esperança de que o exemplo do Figueiredo sirva de inspiração e motivação...

Como ele menciona na sua apresentação, eu e o Figueiredo estamos de alguma maneira especialmente ligados na nossa experiência da Guiné (Vd. poste P22478,  de 23 de Agosto de 2021) (**) por termos sido projectados pelos ares por uma mina em que houve muitos feridos, possivelmente mortos. E digo possivelmente mortos pois que dos vários que na altura foram evacuados de helicóptero para Bissau (incluindo o médico Francisco Pinho da Costa que tinha partido as pernas), de alguns deles nunca soubemos mais nada. A nós os dois, salvo o grande susto, não nos aconteceu nada.

Além das fotos agora recebidas, encontrei duas fotos feitas num encontro/convívio em 26 de maio de 2012, no restaurante Solar Verde Gaio, em Viseu, da CCaç 1439, Pel Caç Nat
52 e 54 e dois pelotões de  morteiros 81 que foi organizado pelo Figueiredo. 

Tenho uma pena enorme, muito grande mesmo, de já não os poder identificar todos. Com sinceras desculpas àqueles que cujos nomes não me lembro mais (é a tal “…” da idade!) não quero deixar de identificar os que ainda lembro bem (Foto nº 1)
 
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Foto nº 1 > Viseu > Restaurante Verde Gaio > 26 de maio de 2012 > Convívio do pessoal da CCAÇ 1439, organizado pelo António Figueiredo. 

"Na linha da frente, na Foto nº 1, meio ajoelhados, da esquerda para a direita (entre parênteses o número de ordem atribuído pelos editores): furriel Farinha (já falecido) (1); alferes Freitas (Funchal) (2); o nosso novo tabanqueiro António Figueiredo (3): Pimentel (4), e outros dois cujos nomes me escapam (5 e 6)

Na segunda fila de pé, também da esquerda para a esquerda: furriel Neiva (7); furriel Teixeira (Faro) (8); alferes Sousa (V. N. Famalicão) (9); a seguir não lembro os nomes daqueles com os números 10, 12 e 14; eu sou o número 11 e o falecido furriel Octávio (dos autos) ocupa o penúltimo lugar (13)".


Foto nº 2 > 
Viseu > Restaurante Verde Gaio > 26 de maio de 2012 > Convívio do pessoal da CCAÇ 1439 (mais Pel Caç Nat 52 e 54) e dois pelotões de morteiros 81, um deles o Pel Mort 1028), organizado pelo António Figueiredo.

"Nesta segunda foto aparecem todos os participantes (penso eu), neste convívio. O reduzido número de participantes deve-se ao facto de as praças (soldados) da CCaç 1439 serem todos da Madeira".

Nota do editor LG: do restante pessoal (não pertencente à CCAÇ 1439), reconhecemos na primeira fila,  na ponta esquerda, o nosso saudoso Jorge Rosales (1939-2019), o Manuel Calhandra Leitão, o "Mafra" (do Pel Mort 1028) (o nº 6 da segunda fila, a contar da direita para a esquerda), o Mário Beja Santos (do Pel Caç Nat 52, o penúltimo desta fila, ao lado do João Crisóstomo). O mais alto da terceira, fila, ao centro, é o Henrique Matos, que foi o primeiro comandante, em 1966/68, do Pel Caç Nat 52.

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

3. Comentário do editor LG:

Antes de mais um grande abraço de boas vindas ao António Figueiredo, que se passa a sentar no lugar nº 873, e fica sob a protecção do nosso mágico, simbólico, fraterno poilão da Tabanca Grande, a mãe de todas as tabancas, a única em que todos nós, os antigos combatentes da Guiné, cabemos com tudo o que os une e até com aquilo que os pode separar (política, religião, futebol, etnia, armas, postos...).

De acordo com as nossas regras, como antigos camaradas de armas que fomos, tratamo-nos por tu. Já lá vai o tempo do antigo regime de "apartheid" que vigorava na tropa (e depois na Guiné), com as "três ordens (nobreza, clero e... povo)" devidamente segregadas, socioespacialmente falando... 

Depois do João Crisóstomo e do saudoso Júlio Martins Pereira, tu és o terceiro elemento da CCAÇ 1439 a integrar a nossa Tabanca Grande. O que também é uma honra para todos nós, sabendo-se que a maior parte do pessoal era de origem madeirense e está muito provavelmente espalhado pelos quatro cantos do mundo, na diáspora lusófona. 

O "Mafra", o Manuel Calhandra Leitão, que era do Pel Mort 1028, e esteve convosco, ao longo da comissão, também nos dá a honra da sua presença na Tabanca Grande. Somos uma comunidade virtual de antigos combatentes, que desde há 18 anos procura preservar e divulgar as suas memórias da Guiné. De 2006 até 2019, também realizámos encontros anuais (catorze ao todo). Foram interrompidos com a pandemia, vamos lá ver se conseguimos juntar forças para reeditar esta iniciativa. O último, o XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande realizou-se em Monte Real, Leiria, em 25 de Maio de 2019.

O teu nome, António Figueiredo, passa a figura na lista alfabética da Tabanca Grande, de A a Z, constante na "badana" (ou coluna estática) do blogue, do lado esquerdo. Dos nosso 873 (contigo) membros, já faleceram, infelizmente, cerca de 15% (132).

Podemos dizer que entras pela mão de um "padrinho", o João, a quem eu trato por mano e com quem falo com frequência, à distância. Ele nasceu perto de mim, em A-dos-Cunhados, Torres Vedras, eu sou do concelho vizinho, Lourinhã. Há muito, desde 1977, como sabes, que ele vive em Nova Iorque. Mas de vez em quando dá-nos o prazer da sua visita, dele e da sua querida Vilma. Pode ser que a gente, um dia destes, se encontre, aqui para os lados do Oeste, já que tu também não estás longe, vives em São Domingos de Rana, Cascais. 

António, também nos podemos encontrar, em Algés, na Magnífica Tabanca da Linha, de que um dos cofundadores e grande animador foi o nosso Jorge Rosales, já falecido o ano passado (vd. foto nº 2). Costumamos anunciar, no nosso blogue, a realização dos convívios da Tabanca da Linha: vê aqui a págjna do Facebook. Há malta de São Domingos de Rana, que costuma aparecer. Os almoços-convívio realizam-se, em geral, de seis em seis semanas, às quintas-feiras, no restaurante A Caravela, D'Ouro, em Algés.

Parabéns à tua esposa Emília, que te ajudou a chegar até nós. Também estamos no Facebook, vê aqui a nossa página, Tabanca Grande Luís Graça. E, claro, parabéns ao teu "padrinho", João Crisóstomo, cuja dedicação ao nosso blogue eu tenho que aqui destacar e agradecer em público. Tomo a liberdade de citar aqui um excerto do mail que ele te mandou a ti e mais camaradas da CCAÇ 1439, convidando-vos, mais uma vez, a juntarem-se à nossa Tabanca Grande:

(...) Tenho mesmo pena que a nossa CCaç 1439 esteja tão pouco representada em meios escritos… Seria bom que mais alguém aparecesse  para que a nossa CCaç 1439 num futuro próximo não passe quase despercebida! 

 Além disso eu gostaria de não me sentir tão sozinho, mas antes ter o gosto de ver a nossa querida CCaç 1439 mais e melhor representada neste blogue que é sem dúvida o melhor meio de nos lembrarmos uns dos outros, de lembrarmos tudo o que passámos e vivemos na Guiné. " (...)

PS 1 - Já agora, António, sendo tu natural de Sátão, distrito de Viseu, sabes quantos conterrâneos teus morreram na guerra do ultramar / guerra colonial? Foram, dezassete, sendo quatro no TO da Guiné. Podes ver aqui os seus nomes.

PS 2 - Se quiseres que a gente te faça, no dia do teu aniversário, um "cartanito de parabéns", tens que nos indicar a tua data de nascimento (sabemos, pelo João, que vais fazer 80 aninhos no próximo daí 11 de novembro)... Comunica connosco, e manda mais fotos e algumas pequenas histórias.

PS 3 - Esqueci-me de te dizer que também andei, em 1969/71, pelos mesmos sítios onde tu e os teus camaradas da CCAÇ 1439 penaram:  Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, entre outros...
___________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 26 de fevereiro de  2023 > Guiné 61/74 - P24098: Tabanca Grande (545): Corrigindo um lamentável lapso nosso, o José António Paradela (1937-2023) fica connosco, no lugar nº 872... pelo seu contributo para a memória da "Faina Maior"... Parafraseando o capitão Valdemar Aveiro, podemos perguntar: "daqui a uma geração, quem se vai lembrar disto, a guerra do ultramar / guerra colonial e a outra guerra, a da pesca do bacalhau"?!

(**) Vd. poste de 23 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22478: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte XII: Mina A/C em 21/8/1966, e violento ataque ao Enxalé em 9 de setembro

(...) Do rebentamento do engenho explosivo resultaram danos materiais e físicos:

(i) Destruição de uma viatura GMC;

(ii) Feridos das NT:
  • Alf Mil Médico Francisco Pinho da Costa, do BCAÇ 1888, evacuado
  • 1º cabo 682 1364 José Manuel Afonso Ferreira, evacuado
  • 1º cabo aux. enfer. 647 4664, Alexandrino Pestana F. Leitão
  • 1º cabo 182 6865 Carlos Tibúrcio Nunes
  • 1º cabo 7351565, José Luís Fernandes Martins
  • Soldado condutor 8563364, António de Almeida Figueiredo
  • Sold 22665 António Francisco Caneca de Oliveira
  • Sold 651 7665 Álvaro de Sousa
  • Sold 0483065 José Dionísio Vieira de Castro
  • Sold 09/63 Nagna Chete, da 1ª CCaç
  • Sold da Polícia Administrativa 241/64 , Buli Mané. (...)

sábado, 1 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23660: In Memoriam (453): Júlio Martins Pereira (1944-2022), ex-sold trms, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67)... Natural de Paredes, vivia em Valongo... Nosso grã-tabanqueiro nº 653... Nascemos no mesmo dia, 12/6/1944 e conhecemos as mesmas estações do inferno (João Crisóstomo, Nova Iorque)


Júlio Martins Pereira (1944-2022), ex-sold trms, CCAÇ 1439
(Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67). Foto: blogue A Minha Vida..



Torres Vedras > A dos Cunhados > Paradas > Associação de Desenvolvimento de Paradas >    15 de outubro de 2013 > Convívio do casal João & Vilma Crisóstomo com os parentes das famílias Crisóstomo & Crispim, bem com com os camaradas da Guiné. Na foto, do Júlio Martins Pereira, soldado de transmissões da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): camarada de armas do João Crisóstomo, veio propositadamemte do Norte com a esposa, Elisa, para lhe dar um abraço de parabéns e recordar os tempos de Guiné... Há quase 50 anos que não se viam... 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados [Edição: Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Crisóstomo, ex-alf mil at inf, CCAÇ 1439 (1965/69 (vive em Nova Iorque desde 1977):

Data - 1 out 2022, 06:24
Assunto - Lembrando o Julio Pereira (*)

Caro Luís Graça, e caros camaradas amigos, especialmente da CCAÇ 1439, 

A Vilma acaba de ver no Facebook que o Júlio Pereira nos deixou. Segundo depreendo foi ontem mesmo (30 de setembro).

Nem sei o que dizer, mas sabes bem como é, que ainda há dois dias estive a enviar-te os meus sentimentos pelo teu cunhado que era também um amigo muito especial para ti.

O Júlio e eu ficámos irmanados no momento do nosso dia de nascimento. Uma irmandade que ia durar até ao seu último momento e que para mim de alguma maneira vai continuar.

Nascemos no mesmo dia, 22 de Junho de 1944 e durante 20 anos não sabíamos sequer um do outro até que nos encontramos na Guiné. Que fez de nós mais irmãos ainda.

Partilhamos muitos dias difíceis, como foi o dia terrível em que a nossa companhia sofreu duas minas, a primeira das quais numa coluna comandada pelo alferes Zagalo que vinha de Missirá a Enxalé  e que ocasionou vários feridos e a morte do furriel Mano. E quando eu fui com o meu pelotão e outros que se ofereceram para ir connosco, a socorrê-los , acabámos por cair noutra mina que levou o Manuel Pacheco, o “Açoreano". 

Foi neste dia trágico, 6 de outubro de 1966, que o Júlio mostrou o que era, correndo muitos quilómetros sozinho a corta-mato até Finete e depois, já acompanhado com alguns nativos, passou o Geba e foi a Bambadinca alertar do acontecido e pedir heicópteros de evacuação a Bissau.

Depois do regresso ficamos muito tempo sem nos vermos até que soube dos vários “encontros”. E cedo reencontramo-nos. Haviam passado 43 anos. Mas a partir desse momento cultivámos uma amizade grande, que não acabou mais, alimentada não só em encontros de camaradas da Guiné, como em visitas pessoais. 

A última vez que o vi foi em sua casa, depois de ele ter sofrido um AVC. Verifiquei a sua coragem e vontade extraordinária de não se desencorajar. Teve nessa fase da sua vida a sorte de ter uma esposa e uma família formidável (quem sai aos seus não degenera! E ao fim e ao cabo, crédito ao Júlio, que se eles eram assim eles eram aquilo que ele fez deles) que lhe davam um carinho, ternura e apoio sem limites. Era comovente mesmo. 

Entre outras coisas fico-lhe muito grato também pela inspiração e exemplo que nesses momentos senti e experimentei.

Adeus, meu caro Júlio. Que o senhor recompense a tua amizade e a tua bondade; uma amizade e bondade que não vamos esquecer mais.

João e Vilma

PS - Fotos: vd. postes P22558, P12456, P12460, P15998…
 

2. Comentário do editor LG:

João, é com grande tristeza que vimos partir mais um dos nossos bravos.  O Júlio Martins Pereira, natural de Recarei, Paredes, vivia em Campo, Valongo. Apreciei muito o gesto, nobre, de vir à tua festa, em 2013, em Paradas. Foi lá que o conheci, um homem simples, afável, solidário. Infelizmente não voltei a vê-lo. 

Sei que há uns largos anos teve uns sérios problemas de saúde. Recordo que ele entrou para a Tabanca Grande em 16/12/2013, sendo o nº 635. É justo lembrar que foi condecorado com a Cruz de Guerra de 4.ª classe, no dia 10 de junho de 1968, na Avenida dos Aliados, no Porto. Com a sua morte, ficas tu como único representante da CCAÇ 1439 na Tabanca Grande. Somos cada vez menos.  

Registo a tua comovedora homenagem a este teu "mano", pela data de nascimento e pela camaradagem na CCAÇ 1439. Obrigado por me teres alertado por email e, logo a seguir, telefonado. 

Nesta hora, que é sempre difícil para todos, envio em meu nome pessoal e do resto da Tabanca Grande os meus votos de pesar pela sua perda, à esposa Elisa, aos filhos e netos, demais família e amigos e camaradas do peito, em especial os da CCAÇ 1439.

PS - A CCAÇ 1439 teve como unidade mobilizadora o BII 19 (Funchal), partiu para o CTIG em 2/8/1965 e regressou a 18/4/1967, tendo passado por Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole, Missirá, Fá Mandinga. O comandante era o cap mil inf Amândio Manuel Pires, já falecido. Alferes (milicianos): Freitas (Funchal, Madeira), João Crisóstomo (Torres Vedras, hoje a viver em Nova Iorque), Sousa (Vila Nova de Famalicão), Luís  Zagalo (Lisboa, ator de teatro, já falecido). 
___________


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22940: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte XVI: brutal ataque ao destacamento e tabanca de Missirá na véspera do Natal de 1966


Foto nº 1 > Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 1439 (1965/67) > Destacamento de Missirá > Malan Soncó, Régulo de Missirá com o Alferes Crisóstomo




Foto nº 2 > Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 1439 (1965/67) > Destacamento de Missirá > 
O Régulo de Missirá e os homens grandes da tabanca de Missirá com o “novo” alferes de pé entre ele e o seu irmão; com os homens grandes estão os 3 furriéis do 2º pelotão : Agostinho Neiva, de pé à direita, o furriel Lopes no meio e no lado esquerdo o furriel Bonifácio.




Foto nº 3 > Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 1439 (1965/67) > Destacamento de Missirá > 
Esta foto com as bajudas de Missirá evidencia o bom relacionamento existente.


Foto nº 4 > Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 1439 (1965/67) > Destacamento de Missirá > Mesmo  num destacamento havia momentos de descontracção. Não sei qual a ocasião . Na foto estou com o novo médico do BCAÇ 1888, Paulo Patracki que substituiu o medico Francisco Pinho da Costa que tinha sido evacuado para Bissau e daí para Lisboa, vítima duma mina em 21 de Agosto de 1966.


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


A CCAÇ 1439 teve como unidade mobilizadora o BII 19 (Funchal), partiu para o CTIG em 2/8/1965 e regressou a 18/4/1967, tendo passado por Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole, Missirá, Fá Mandinga. O comandante era o cap mil inf Amândio Manuel Pires, já falecido. Alferes (milicianos): Freitas (Funchal, Madeira), Crisóstomo (Torres Vedras, hoje a viver em Nova Iorque), Sousa (Vila Nova de Famalicão), Zagalo (Lisboa, ator de teatro, já falecido).






João Crisóstomo, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (1965/67)
(a viver em Nova Iorque desde 1977,
depois de ter passado por Inglaterra e Brasil)


I. Continuação da publicação das memórias do João Crisóstomo, ex-alf mil at inf, CCAÇ 1439 (1965/67)


CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) : a “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, luso-americano,
ex-alf mil, Nova Iorque) (*)


Parte XVI: Dia 23 de Dezembro de 1966 : Ataque ao destacamento e tabanca de Missirá



1. O ataque a Missirá foi um choque para todos. O Régulo de Missirá (Foto nº 1)  era como um amigo para todos e isso refletia-se na população com quem tínhamos um relacionamento muito bom, direi quase de família (Fotos nºs 2 e 3).

Virei a saber que,  depois de termos ido embora,  o mesmo relacionamento continuou como tive o prazer de ler nos escritos e livros de Beja Santos, especialmente no seu “Diário da Guiné, em Terras de Soncó.” As fotos que acima de reproduzem, tiradas antes do ataque,  ilustram bem este bom relacionamento

Embora o destacamento de Missirá nesta data ainda estivesse sob a responsabilidade da CCaç 1439 no Enxalé, o destacamento de Missirá já tinha recebido nesta altura, como já tinha sucedido em Porto Gole, o reforço de um pelotão de nativos, (o Pel Caç Nat 54, segundo me informaram) devidamente treinados pelas NF, comandado pelo Alferes Marchand. Isto dava mais flexibilidade e possibilidades à CCaç  1439 para outras “tarefas”.



Foto nº 5 >
 Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 1439 (1965/67) > Destacamento de Missirá >  Aspeto geral da tabanca



Foto nº 6 > Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 1439 (1965/67) > Destacamento de Missirá > O sold trms Júlio Martins Pereira.

Estas duas fotos (nº 5 e 6) são da autoria de Júlio Pereira : a 1ª mostra parte da tabanca; na 2ª foto o Júlio Pereira e o seu rádio de transmissões no largo dessa tabanca

Fotos (e legendas): ©  Júlio Martins Pereira  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].





Foto nº 7 >
 Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 1439 (1965/67) > Destacamento de Missirá  > O 
Alferes Marchand, cmdt do Pel Caç Nat 54, no dia do ataque do IN a Missirá.



Foto nº 8 >
 Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 1439 (1965/67) > Destacamento de Missirá  > O alf mil Freitas.



Foto nº 9 >
 Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 1439 (1965/67) > Destacamento de Missirá >  Sob o comando do Alferes Freitas (foto nº 8)  veio uma coluna do Enxalé, na qual me incorporei. Nesta foto, aqui estou eu,   “sem poder acreditar”, olhando os resultados do ataque.  O ex-fur mil José António Viegas, do Pel Caç Nat 54. tem também excelenets fotos do dia seguinte ao ataque a Missirá: vd. postes  P2105 e 2107 (**).


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



2. No dia 23 de Dezembro de 1966,  o IN atacou em grande força o destacamento de Missirá com efectivo muito numeroso, cercou toda a tabanca, tendo utilizado morteiro 82, canhão sem recuo, metrelhadoras pesadas 12.7 e toda a espécie de armamento automático.

"As NF reagiram convenientemente pelo fogo e com calma, não permitindo,  apesar do incêndio declarado na tabanca em consequência do fogo IN e do grande volume da forca atacante,  qualquer desmoralização nas nossas fileiras. 

"O ataque que durou cerca de 75 minutos alertou as forcas aquarteladas em Enxalé que,  não tendo ligação rápida com o destacamento de Missirá, decidiram ir em seu auxílio. Devido à distância Enxalé-Missirá, as forças idas do Enxalé quando chegaram à região de Missirá não encontraram já os elementos atacantes,  tendo-se verificado que os mesmos tinham dispersado para N por vários itinerários."

Resultados: f
eita uma batida a toda a zona  em volta de Missirá foi encontradomo seguinte material:

  • 1 granada de mão defensiva REGD-5;
  • 1 cunhete de granadas para canhão sem recuo;
  • vários invólucros de calibre 12,7 e 7,62 e uma fita de met 12,7.

O IN sofreu baixas confirmadas em número não estimado. Não houve baixas nas NT. A população civil, por seu turno,   sofreu 4 mortos e três feridos,  os quais foram evacuados para Bissau.

Do incêndio resultaram avultados prejuízos materiais- quer em material de querra e aquartelamento, quer em artigos de cantina e rancho em virtude de terem ardido 3 casas pertencentes à tropa e 5 à população civil.

Diversos - Foi salientado na acção o seguinte pessoal:

  • Régulo de Missirá, Malan Soncó;
  • Soldado Cond Auto  nº 5406064, António dos Santos Campos;
  • Soldado At nº 820 27666, Armando Félix Dionf, do Pel  Caç Nat 54.

Todos estes elementos foram louvados pelo Exmo Comandante Militar.

Referência apreciativa do Agrupamento 24:

"Comunico a V.Excia que causou a melhor impressão, neste Comando, a decisão tomada pelo Comandante da CCaç 1439 e medidas que pôs em prática para interceptar o IN, atacá-lo e aniquilá-lo se possível.

Gorou-se o esforço dispendido por falta de contacto mas o poder de determinaçnao daquele comandante, sua capaciade para montar uma operação, espírito de sacrifício e combatividade de suas tropas ficou bem vincado, o que me apraz registar.”

(Continua)
____________

Notas do editor:


(**) Vd. postes de:

14 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2105: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (1): Ataque a Missirá em 22 de Dezembro de 1966 (Parte I)

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22348: (In)citações (188): Lembrando a nossa CCAÇ 1439 (João Crisóstomo, ex-Alf Mil Inf, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)


1. Mensagem do nosso camarada João Crisóstomo, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), enviada para conhecimento ao nosso Blogue em 3 de Julho de 2021:

Caríssimos,
Parece-me que estou a tentar fazer chover no molhado… mas sempre fui teimoso, que hei-de fazer? Eu sei que "estamos todos a ficar velhos para estas coisas”… mas, eu também estou e ainda sou capaz de arranjar tempo para o que acho vale a pena… e acreditem que por vezes tenho mesmo de me “de me dobrar e desdobrar”; embora eu, para me convencer tenha de dizer a mim mesmo que "quem trabalha por gosto não cansa…”

Tenho pena que a nossa CCAÇ 1439 esteja tão pouco representada em meios escritos. Para que a nossa CCAÇ 1439 num futuro próximo não passe quase despercebida será bom que mais alguém apareça e dê a cara.

Já vos falei do blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné. É mesmo uma pena que vocês, se ainda não o conhecem deixem de o fazer. O Beja Santos que esteve em Missirá depois de acabada a nossa “peregrinação”; o Henrique Matos que ainda esteve uns dias connosco em Enxalé antes de ir para para Porto Gole; o Júlio Martins Pereira e eu somos os únicos membros desta “tabanca “ que temos falado sobre a nossa estadia na Guiné. O Viegas também tem contribuído especialmente com fotos, mas não sei se alguma vez se chegou a inscrever.

Para tentar dar o meu contributo eu escrevi uma “crónica”: “Companhia de caçadores 1439. A sua história como a lembro e vivi” cópia da qual eu enviei para todos vocês, (creio eu que a receberam). Creio que todos vocês vão gostar de ler o que neste blogue, tem sido narrado e escrito especialmente pelo Beja Santos e Henrique Matos sobre tanta coisa que, eu sei, todos vocês gostam de recordar, embora muitos dos momentos e acontecimentos vividos tenham sido tristes e trágicos. Sei que vão gostar de lembrar, ao lerem os escritos de outros que nem da nossa companhia são a falarem dos lugares onde estivémos e por onde passamos, das situações quase idênticas… e dos nossos camaradas,  muitos deles já falecidos que merecem ser lembrados... Capitão Pires, Zagalo, o Mano, o Manuel Açoriano, Eduardo para falar dos que assim de repente me vieram à memória.

No blogue está descrito o que é preciso fazer e que é bem simples:
Basta ter sido combatente no TO da Guiné, entre 1961 e 1974, e mandar-nos duas fotos (uma atual e outra antiga) e um pequeno texto de apresentação do candidato (posto, especialidade, unidade, locais onde esteve, etc.)... Entra em contacto connosco, onde quer que estejas!... A Tabanca Grande é tua, este blogue é teu.

Os endereços E-mails que sugiro para o fazer (embora hajam mais): luis.graca.prof@gmail.com e, ou carlos.vinhal@gmail.com

Bom, vou ficar por aqui antes que me mandem ir dar uma curva… antes de desligar: o Júlio Pereira é o outro e único membro da nossa Companhia no blogue; mas por motivos de saúde não contacta mais o blogue. De vez em quando telefono-lhe (ele nasceu no mesmo dia mesmo ano que eu; e sofremos “minas" na Guiné no mesmo dia!). Sofreu um AVC e sofreu o COVID de que recuperou. Está em convalescença, mas estas coisas demoram sempre mais tempo a recuperar do que gostaríamos fosse.

Um grande abraço, com esperanças de que alguém apareça para eu não me sentir tão sozinho.

João Crisóstomo
Nova Iorque

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Nota do editor

Último poste da série de 2 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22334: (In)citações (187): As tabernas de antigamente na minha aldeia, e a importância que elas tinham (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo CAR da CART 3493/BART 3873)

terça-feira, 5 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20943: Tabanca da Diáspora Lusófona (10): Notícias da pandemia de COVID 19, em Queens, Nova Iorque, e dos meus camaradas da CCAÇ 1439 (João Crisóstomo)


Foto nº 1


Foto nº 2

Foto nº 1 > Nova Iorque > Queens >  O casal Crisóstomo: João e Vilma "Em 2016 encontramos na ponta de Sagres  no Algarve uma turista japonesa, especialista em museologia.  Ao ver-nos procurou-nos para uma informação e entabulamos conversa.  
De evidente vasta cultura e  de maneiras cativantes,  acabamos por passar o dia visitando lugares de interesse comum  e ao fim do dia era como se nos conhecêssemos de sempre. Desde então pelo Natal e em outras ocasiões  trocamos mensagens.
 E agora, ao ter conhecimento da situação aflitiva em Nova Iorque, quis ajudar:   acabamos de receber meia dúzia de máscaras, feitas à mão em sua casa … para que nos protejamos bem do virus convid-19. Amizade e Solidariedade! "

Foto nº 2 >  Nova Iorque > Queena > O   João Crisóstomo, confinado, com barba de quinze dias


Foto nº 3 | A dos Cunhados, Torres Vedras > Festa da famílias Crisóstomo  ë  Crispim, 15 de outubro de 2013 > O JúlioPereira e o João Crisóstomo


Foto nº 4 > Associação de Desenvolvimento de Paradas, Paradas, A dos Cunhados, Torres Vedras - Festa da famílias Crisóstomo >  Crispim  > 15 de outubro de 2013 > João Crisóstomo, camaradas e amigos. O Júllio Pereira e a esposa, Elisa são o casal da ponta direita...  Na fila de detrás, reconhecem.se os nossos camarada Eduardo Jorge Ferreira (recentemente falecido),  Jaime Silva e Luís Graça na primeira fila, à esquerda, o João Crisóstomo, um primo, a Alice Carneiro e a Dina (esposa do Jaime).

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2020) Todos os direitos reservados. 
[Edição e legendagem comlementar: Blogue Lu+is Graça & Camaradas da Guiné]


I. Mensagem do nosso camarada e amigo João Crisóstom [, luso-americano, natural de Torres Vedras, conhecido ativista de causas que muito dizem aos portugueses (Foz Côa, Timor Leste, Aristides Sousa Mendes); Régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona; ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67); vive desde 1975 em Nova Iorque, em Queens; é casado, desde 2013, com a nossa amiga eslovena, Vilma Kracuna.

Date: quinta, 23/04/2020 à(s) 03:24
Subject: De Nova Iorque
  
Meus caros,
  
1. Não sei se se lembram  do Júlio Pereira; pelo menos o Luís Graça deve-se lembrar bem dele: vd. poste P12456: Júlio Martins Pereira, sold trms, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto gole, 1965/67), grã -tabanqueiro no. 635.  (*).

Ele foi a várias reuniões da CCAÇ  1439 e outras,  inclusive a uma nas  Paradas, Torres Vedras, que eu  organizei para os meus familiares, mas para a qual convidei os camaradas da Guiné; e alguns, para grande satisfação minha,  apareceram mesmo.  Mantenho-me em contacto frequente com ele, pois que as circunstâncias da vida nos aproximaram:  viemos ao mundo no mesmo dia (22 de Junho 1944); depois na Guiné,  além de pertencermos à mesma companhia, sofremos cada um a sua emboscada no mesmo dia, embora em lugares diferentes; e outras "coincidências",  como tantas  sucede sem sabermos a razão. 

Estranhei que, de há tempos para cá,  eram menos frequentes as suas mensagens pelo Facebook, que a minha esposa segue mais do que eu e de que me dava sempre  conhecimento. Finalmente obtive notícias frescas por vídeo WhatsApp   com a Elisa,  sua esposa: estiveram ambos internados no hospital, vítimas desta famigerada Covid-19 e estão ambos em franca recuperação. O caso dela foi mais leve e  depois de uns dias no hospital voltou a casa onde leva a sua vida quase normal. O  caso do Júlio  foi mais complicado e  perdeu bastante peso; mas  acaba de ter alta  do hospital e já se encontra  também  na sua casa. Embora ainda confinado ao seu quarto e   ainda sem o contacto normal  com os filhos, netos e amigos que da sua casa fazem local de reunião e convívio semanal  a que está acostumado,  está em bons espíritos  e  determinado a vencer também esta luta.   O seu  rosto e o sorriso na foto que a Elisa  me mandou  são de quem sabe  ter agora a carta/trunfo na sua mão. 

Força, Júlio! Estamos contigo!

2. Este caso do Júlio Pereira levou-me a  fazer uma dúzia  telefonemas  para saber de  outros "Camaradas da Guiné' (, refiro-me  aos meus colegas da CCAÇ 1439),  a maioria dos quais, "não sei porque cargas d' água", não fazem parte da nossa Tabanca…  E é pena… eu de vez em quando bem lhes falo no nosso blogue, mas para frustração minha (e para me  confirmar as minhas poucas habilidades persuasivas) não consegui convencer ninguém a pegar na caneta e a  pôr em papel  as vivências  de que a gente fala e lembra dos nossos tempos na Guiné quando nos encontramos. 

Ainda bem que o  Henrique Matos e o Beja Santos,  com as suas apreciadas e abundantes  recordações  relacionadas com  esta "minha" companhia CCAÇ 1439,  relatadas para a posteridade neste nosso blogue, a que modéstia aparte   junto a minha parte também,  de alguma maneira  compensam, embora parcialmente, evidentemente,   esta  lacuna.

Para os camaradas que por acaso  tenham encontrado alguns destes  em algum  convívio ou os conheçam, posso  informar que, salvo por algumas "mazelas  da idade" que de uma maneira ou outra  e em algum degrau  todos sofremos, os encontrei a todos bem.  "Bem" não é bem assim! … "mais ou menos" será  mais exacto dizer  ... porque verifiquei sem surpresa que  todos e cada um deles eles estavam tão preocupados  como eu  e, devido crédito lhes seja dado,  nenhum teve sequer ideia de o negar ou disfarçar… 

 Falei com o Freitas na ilha da  Madeira; e depois com  o Sousa , o Teixeira, o Geraldes, o Verdasca, o Neiva, o Agostinho  de Marrazes, o Pimentel…e a todos pude dar um "abraço à distância", abraço esse  que a maioria me pediu para partilhar com quem eu pudesse. Aqui está esse abraço de e para todos,  portanto.

Notei porém que o  sentido de "aquartelamento  forçado" não era   tomado  por todos com a mesma resignação…Eu infelizmente conto-me entre aqueles , a quem só falta pôr "fita -cola  gigante" à volta das portas e janelas para que o malvado  do coronavirus nem pelas  frinchas  possa entrar…: o Henrique Matos confessava passar horas agarrado à sua música "para ajudar a "despairecer"; e   só pude falar com a esposa do  Leitão (Mafra), pois que este valentão se encontrava no pomar a tratar do milho. 

O mesmo sucedia com o Figueiredo a quem a esposa foi chamar para ele vir falar comigo….  Com este Figueiredo  nunca esqueço de lembrar e reviver o dia em que, estando ele a conduzir,  fomos  projetados   por uma mina  anticarro; esta por acaso não era muito potente( ou destinava-se talvez a um unimog e a nossa viatura, se recordo bem,   era uma   GMC bem pesada;     porque iamos  na parte da frente, tirando o grade salto inesperado ,   nada nos sucedeu; menos sorte porém tiveram os que vinham atras,   que  tiveram que ser  evacuados de helicóptero para Bissau.  

Entre estes estava o médico do Batalhão,  o Dr. Francisco Pinho Costa,  que seguia nesta coluna, e e  a quem também chamei e falei  logo a seguir. É que nunca esqueço a coragem e sangue frio deste nosso camarada médico: projectado também, ao "voltar  das alturas" partiu ambas as pernas ao bater no chão ; mas ao ver que outros precisavam da sua assistência (e  recordo que um deles -- não lembro se era perna ou braço tinha o  osso partido em exposição), apenas disse da sua condição e da necessidade de ser evacuado , depois de ter prestado os serviços que as circunst^^ancias lhe permitiam. 

Até hoje,-- e já lá vão 54 anos—ainda nunca o encontrei pessoalmente; foi este Figueiredo que a meu pedido o "encontrou". Espero com muita antecipação o poder dar -lhe o abraço que ocasiões e situações assim pedem e  exigem.  Já tínhamos programado encontro para  Outubro deste ano; mas agora com esta praga de  vírus… vamos a ver.

3. No que nos  diz respeito… pouco a contar. Sigo as notícas daí pelo  Público, Expresso, Badaladas e  de vez em quando pela RTP Internacional.   As notícias do resto  do mundo…tento segui-las  onde posso (BBC, e outros), piois que estes americanos têm a mania de só falarem deles e neste momento pouco de bom podem dizer.  "Valha-nos Deus que bem pode", como dizia a minha mão em momentos de aflição. 

 Contrariando tudo o que me apetecia fazer, passamos  também o dia 20 de Abril fechados em casa, celebrando  o 7º aniversário  do nosso casamento … sem fazer nada. Levantei-me cedo para ir comprar   um ramo de flores  para a Vilma, mas quem apanhou surpresa fui eu, pois o carro,  de há  semanas parado,   tinha perdido a bateria!…  Para ajudar a " levantar  o moral"   disse à Vilma que ia fazer a barba, coisa que eu não fazia já há duas semanas, ao que ela acedeu com a condição de me tirar uma foto para  recordação e prova da  preguicite aguda que nos tem afligido… E agora , como vêem já estou  "normal' outra vez … Aqui está  a  prova… Como a Vilma não é de cervejas,— ninguém é perfeito! - e não podemos ser iguais em tudo!--- eu  até me permiti um copo de tinto  para a acompanhar…    

Abraço a vocês os  dois e aos vossos queridos, de nós dois (**).
João e Vilma
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 16 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12456: Tabanca Grande (415): Júlio Martins Pereira, sold trms, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67), grã-tabanqueiro nº 635

(**) Último poste da série >  9 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20835: Tabanca da Diáspora Lusófona (9): Um duplamente sentido abraço de Páscoa, em plena pandemia de COVID-19, mas já a pensar no nosso próximo encontro em outubro, em Ribamar, Lourinhã, e no Convento do Varatojo, Torres Vedras (João Crisóstomo, Nova Iorque, Queens)

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Guiné 61/74 - P20057: Consultório militar do José Martins (44): as medalhas que não foram entregues: o caso da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67)





Brasão da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67)




1. Trabalho de pesquisa do nosso camarada e colaborador permanente José Martins (ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70; vive em Odivelas; tem já perto de 400 referências no nosso blogue):



HÁ MEDALHAS QUE NÃO ENTREGUES 


Nem todas as medalhas, que foram atribuídas a militares que estiveram nos diversos teatros de operação nas antigas províncias portuguesas, foram entregues aos galardoados.

Referi-me, em especial à Medalha da Cruz de Guerra ou outras Medalhas, ou porque não se acharam merecedores de tal condecoração ou que, por desconhecerem esse facto, nada fizeram pela sua entrega.

A atribuição de Medalhas iniciava o seu processo com a citação de acção praticada em campanha, que levava muitas vezes o comandante da companhia a promover um louvor em Ordem de Serviço da unidade. Essas Ordens de Serviço eram enviadas para o Batalhão e, muitas vezes, esse louvor era considerado como “sendo dado pelo comandante do batalhão” e assim subindo na cadeia hierárquica.

Apercebi-me, provavelmente pela leitura de algum comentário, que na Companhia de Caçadores nº 1439 [, CCAÇ 1439],  mobilizada no Regimento de Infantaria nº 15, aquartelada em Tomar, havia quem não tivesse recebido a medalha atribuída.

Pois bem, quem não recebeu a medalha, ou saiba que algum familiar seu não a tenha recebido, pode iniciar o processo da outorga da mesma, requerendo a sua entrega física, ainda que a “título póstumo”.



Companhia de Caçadores nº 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)

Ano de 1966 


MEDALHA DE VALOR MILITAR



■ Soldado de Infantaria, de 2ª classe, nº 925/64 MAMADU JALÓ 
- Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - RI 15 GUINÉ
 - Grau Cobre, com palma 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO n" 31 - 3.a série, de 1966:

Por Portaria de 27 de Dezembro de 1966: Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Medalha de Cobre de Valor Militar, com palma, nos termos do artigo 7º, com referência ao parágrafo 1º do artigo 51º do Regulamento da Medalha Militar de 28 de Maio de 1946, o Soldado de 2.a classe nº 925/64, Mamadu Jaló, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - porque na operação "Avante", quando as nossas tropas se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte de um reduzido grupo que, sob o comando do comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio da situação das nossas tropas, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que poderia ser um desastre.

Durante esse avanço, ao ver que o Furriel António Nunes Lopes, que fazia parte do mesmo grupo, como seu comandante de Secção, estava a ser insistentemente alvejado com tiros de pistola metralhadora, num gesto de abnegação extraordinária lançou-se sobre ele e cobriu-o com o seu corpo para o proteger, com grave risco da própria vida, demonstrando não só uma dedicação sem limites pelos seus superiores, mas ainda qualidades de desinteresse e de sacrifício exemplares e coragem moral.


Ministério do Exército, 27 de Setembro de 1966.

O Ministro do Exército, Joaquim da Luz Cunha.



MEDALHA DA CRUZ DE GUERRA

■ Caçador auxiliar NAUSER SANA 
– 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 13 – 3ª série, de 1966.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946,por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 19 de Março de 1966: O Caçador auxiliar, Nauser Sana - Batalhão de Caçadores 697.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 81, de 01 de Outubro de 1965, do QG/CTIG):

Louvo o Caçador auxiliar Nauser Sana, do Xime, porque na operação "Avante", quando as NT se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo Inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte de um reduzido grupo que, sob o comando do comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do Inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio da situação das NT, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que poderia ter sido um desastre.

Durante o assalto às casas do mato, sempre a par do saudoso, inesquecível e extraordinário caçador nativo Adão Canala, demonstrou a sua coragem e decisão de enfrentar o perigo, pois, nos lugares onde este fosse maior, ele lá estava avançando sempre sem medo.

Demonstrou serena energia e sangue frio debaixo de fogo, que não se alteraram, mesmo depois de saber estar morto o seu companheiro Adão. Portou-se, pois, como um valente perante o Inimigo oculto e traiçoeiro.

■ Civil contratado BRAMA LAI 
- 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 13 – 3ª série de 1966.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto n? 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 19 de Março de 1966: O Civil contratado, Brama Lai - Batalhão de Caçadores 697.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (publicado na OS nº 78, de 21 de Setembro de 1965, do QG/CTIG):

Por seu despacho de 17 do corrente e por proposta do Exmº Comandante do Batalhão de Caçadores nº 697, louva o nativo contratado Brama Lai, do Xime, porque, na Operação "Avante", em que esteve presente como carregador de munições, quando as Nossas Tropas se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo Inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte, como voluntário, do grupo que, sob o comando do comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do Inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio das NT, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que poderia ter sido um desastre. 

Teve consciência do perigo, mas quis contribuir com a sua presença e com a sua arma, no lugar mais arriscado, no que demonstrou coragem e decisão de enfrentar o perigo, serena energia, sangue frio, valentia e bravura debaixo de fogo, ao continuar avançando em busca dos bandidos, mesmo depois de ter um braço esfacelado.

■ Caçador Nativo - ADÃO CANALA 
- 1ª CLASSE (Título póstumo) 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 29 – 3ª série, de 1966. Por Portaria de 23 de Setembro de 1966:

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 1ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa: O Caçador nativo, Adão Canala - Companhia de Comando e Serviços/Batalhão de Caçadores 697, a título póstumo.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Por Portaria da mesma data, publicada naquela ORDEM DO EXÉRCITO):

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, adoptar para todos os efeitos legais, o louvor conferido em Ordem de Serviço nº 84, de 12 de Outubro de 1965, do Comando Territorial Independente da Guiné, ao Caçador nativo, Adão Canala - Companhia de Comando e Serviços/Batalhão de Caçadores nº 697, com a seguinte redacção: Porque, prestando serviço no Xime e tendo já dado provas admiráveis e excepcionais, tanto na detecção de minas inimigas - a ponto de lhe ter ficado a fama de que tinha um sexto sentido apuradíssimo para este trabalho, devido ao número daqueles engenhos que detectara, com um interesse e entusiasmo invulgares - como na preparação de um grupo de caçadores nativos de que era chefe, grupo que a tropa preferia e de que não prescindia para as picagens, pela confiança que lhe inspirava, e com o qual, não só estava sempre pronto a desempenhar em todos os momentos qualquer missão que surgisse. Foi voluntário frequentes vezes para montar emboscadas durante a noite e, com grande espírito de sacrifício, confirmou nas operações "Bravura" e "Avante", o seu portuguesismo sem mácula e a sua firme vontade de vencer, revelando na primeira operação, como componente de um grupo de eliminação de sentinelas, o seu sangue-frio e audácia notáveis e na segunda, em que, encontrando-se com as nossas tropas debaixo de nutrido e violento fogo inimigo não localizado, em terreno que nos era de todo desfavorável, a um sinal do Comandante da operação, avançou, integrado num reduzido grupo, correndo em direcção às origens dos tiros, disparando uma G3 para onde vinha mais fogo inimigo, procurando sempre o objectivo oculto e traiçoeiro, sem se preocupar com as balas que sibilavam à sua volta. Com esta arrancada heróica obrigaram o Inimigo a suspender o fogo, do que resultou poderem as nossas tropas safar-se da situação crítica em que se encontravam e a transformar em sucesso para nós, embora com baixas, o que parecia ir ser um desastre. Foi mortalmente atingido ao avançar, sempre com a sua arma a disparar. Morreu como herói, com a obstinada abnegação de salvar os seus camaradas de combate, correndo para isso ao encontro dos bandidos. 

Com este feito demonstrou cabalmente, o jamais esquecido jovem caçador Adão, a sua coragem, a sua bravura, a sua decisão, o seu notável sangue-frio e sua serena energia debaixo de fogo e inscreveu o seu nome no número dos heróis da "Ditosa Pátria Que Tais Filhos Tem".
Ministério do Exército, 23 de Setembro de 1966.

O Ministro do Exército, Joaquim da Luz Cunha.


■ Furriel Miliciano de Infantaria - ANTÓNIO NUNES LOPES 
 -  Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 3ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 29 - 3.a série, de 1966. Por Portaria de 20 de Setembro de 1966:

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 3ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa: O Furriel Miliciano de Infantaria, António Nunes Lopes, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 694 - Batalhão Independente de Infantaria n? 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. Publicado na OS nº 89, de 29 de Outubro de 1965, do QG/CTIG):

Louvo o Furriel Miliciano, António Nunes Lopes, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, na operação "Avante", quando as NT se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo Inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte, com a sua Secção reforçada, do grupo que, sob o comando do Comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do Inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio da situação das NT, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que podia ter sido um desastre.

Durante esta acção incutiu no seu grupo a necessidade de avançar, a fim de descobrir e aniquilar um dos grupos Inimigo que mais flagelava as Nossas Tropas, com o que demonstrou a sua coragem e decisão de enfrentar o perigo, a sua serena energia e sangue frio debaixo de fogo, bem como a sua valentia e bravura perante o Inimigo traiçoeiro, nada tendo havido que conseguisse quebrar o seu ânimo, nem mesmo a morte de um dos seus melhores elementos ou o sibilar das balas à sua volta.


■ Alferes Miliciano de Infantaria - JOÃO FRANCISCO CRISÓSTOMO
 - Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 20 – 2ª série, de 1966. Por Portaria de 20 de Setembro de 1966:

Condecorado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa, o Alferes Miliciano, João Francisco Crisóstomo, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 81, de 01 de Outubro de 1965, do QG/CTIG):

Louvo o Alferes Miliciano de Infantaria, João Francisco Crisóstomo, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, na Operação "Avante", durante o combate, comandando um grupo de destruição e busca, teve um comportamento exemplar, quer na atribuição de funções aos componentes desse grupo, quer dinamizando todo o seu pessoal, não permitindo, com grande sangue frio, que o facto de haver um morto e um ferido no seu Pelotão, provocasse desânimo. Esteve verdadeiramente à altura no desempenho do que lhe fora determinado. 

Mostrou-se um oficial valente que soube disciplinar e levar os seus homens ao cumprimento da missão, avançando alheio ao perigo e com a consciência de que para vencer é necessário penetrar nas posições inimigas. Durante o regresso, num acto de abnegação digno de apreço, vendo o cansaço nos seus homens, não hesitou em transportar, ele próprio, durante cerca de um quilómetro, o corpo de um dos seus, abatido naquela operação.


■ Capitão Miliciano de Infantaria - AMÂNDIO MANUEL PIRES 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 2ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 22 – 2ª série, de 1966. Por Portaria de 20 de Setembro de 1966:

Condecorado com a Cruz de Guerra de 2ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa, o Capitão Miliciano de Infantaria, Amândio Manuel Pires, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Por Portaria da mesma data, publicada naquela ORDEM DO EXÉRCITO):

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, adoptar, para todos os efeitos legais, o louvor conferido em Ordem de Serviço nº 84, de 12 de Outubro de 1965, do Comando Territorial Independente da Guiné, ao Capitão Miliciano de Infantaria, Amândio Manuel Pires, com a seguinte redacção: Porque, tendo já evidenciado extraordinárias qualidades de comando e competência na condução da operação "Bravura", de que foi comandante, conseguindo assim muito bons resultados, tanto em baixas inimigas como em material de guerra e importantes documentos capturados, bem como na destruição de instalações e meios de vida, confirmou as suas invulgares qualidades de condutor de homens na operação “Avante", que tão bem comandou, pois, ao ver que, com as suas forças, se encontrava debaixo de violento e nutrido fogo Inimigo em terreno manifestamente desfavorável às nossas tropas, e apercebendo-se do perigo que corriam em tal situação, decidiu, com excepcional sangue-frio, coragem e serena energia, numa arrancada heróica, correr, debaixo de fogo, com um pequeno grupo de homens, contra o Inimigo.

 Com esta corajosa iniciativa, que marca o valor do seu autor, fez parar o fogo adversário e safar as nossas tropas de tão crítica situação. E aquilo que podia ser um desastre resultou, finalmente, embora com baixas para as nossas tropas, na captura de material de guerra e de outros importantes materiais, bem como na destruição de instalações e meios de vida do Inimigo.
Ano de 1967


■ Alferes Miliciano de Infantaria - LUÍS MANUEL ZAGALO DE MATOS
 - Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 2 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgada pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho de 07 de Dezembro do ano findo, do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, o Alferes Miliciano, Luís Manuel Zagalo de Matos, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Alferes Mil, Luís Manuel Zagalo de Matos, porque, no dia 22Mai66, durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, a que pertence, comandou o grupo de assalto com a valentia já revelada noutras acções da Companhia e entusiasmou o seu pequeno grupo que se lançou ao assalto com tal rapidez, que impediu que o inimigo tivesse tempo de refazer-se, momentaneamente, da surpresa. Embora o Inimigo se furtasse ao combate, ele mesmo comandou o grupo de perseguição, tendo revelado o maior sangue frio, valentia e conhecimento da luta de guerrilhas, atraindo o Inimigo ao combate, onde foi francamente batido, esquivando-se e dispersando. Ainda no comando do grupo de perseguição e quando este foi emboscado, mesmo assim conseguiu aproximar-se do Inimigo, o qual, apesar do violento fogo que desencadeou, mais uma vez se furtou ao combate e dispersou, sendo perseguido durante cerca de meia hora. 


Revelou as mais nobres qualidades militares de valentia e elevada percepção das técnicas de guerra de guerrilhas enfrentando o perigo com todo o desprezo, tendo como único fim o aniquilamento do Inimigo. 


■ 1º Cabo de Infantaria, n º 584/65 - JOÃO FERNANDES BARRADAS 
- Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - BII 19 
- 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O 1º Cabo nº 584/65, João Fernandes Barradas, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888- Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Iº Cabo nº 184/65 (5432465), João Fernandes Barradas, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, durante a acção de perseguição na operação "Golo 3", se revelou um elemento corajoso e destemido, actuando debaixo de fogo Inimigo. Perseguiu um elemento Inimigo com acções de fogo, obrigando o mesmo a abandonar a sua arma semi-automática Simonov, depois de ferido.

 É um belo exemplo para os seus camaradas, tendo actuado no momento oportuno com toda a valentia e alcançado o que se pretendia.



■ Soldado de Infantaria, nº 9244165 - FERNANDO MACEDO RODRIGUES 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5- 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O Soldado nº 9244165, Fernando Macedo Rodrigues, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.O39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado nº 118/65 (9244165), Fernando Macedo Rodrigues, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, durante a perseguição feita ao Inimigo na operação "Golo 3", se revelou um elemento corajoso e com sangue frio, desprezando o perigo e obrigando o Inimigo a abandonar os fardos que transportava. Causou prováveis baixas e capturou material ao Inimigo.

■ Soldado de Infantaria, nº 7158865 - AGOSTINHO DA TRINDADE BAPTISTA
 - Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O Soldado nº 7158865, Agostinho da Trindade Baptista, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado nº 230/65 (7158865), Agostinho da Trindade Baptista, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque à semelhança do que tem acontecido em várias operações da sua Companhia, se tem manifestado um elemento sempre pronto aos maiores esforços físicos. Durante a acção de fogo na operação "Golo 3", revelou coragem, sangue frio e desprezo pelo perigo, avançando debaixo de fogo contra as posições donde o Inimigo flagelou as NT. Causou baixas prováveis, obrigando o Inimigo a abandonar o material. 

É um militar capaz de missões arriscadas, tornando-se um bom elemento para os seus camaradas e merecendo a justa admiração dos seus superiores.


■ Soldado cozinheiro, nº 3715565 - MANUEL EUSÉBIO NASCIMENTO FERNANDES 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5- 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O Soldado nº 3715565, Manuel Eusébio Nascimento Fernandes, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.O39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado cozinheiro nº 3715565, Manuel Eusébio Nascimento Fernandes, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque durante todas as operações feitas pela sua Companhia, tem sido sempre um elemento voluntário, cheio de espírito combativo e alinhado sempre nos grupos mais expostos durante as acções de fogo. 

Na operação "Golo 3", revelou coragem, valentia e sangue frio numa acção individual, investindo com desprezo da própria vida e debaixo de fogo, contra as posições do Inimigo, o qual se furtou ao combate e abandonou algum material.


■ 1º Cabo da Polícia Administrativa, nº 240/64 - SORI BALDÉ - Polícia Administrativa 
– CTIG - 4º CLASSE 



Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 6 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12ª do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto n? 35 667, de 28 de Maio de 1946,por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 23 de Janeiro de 1967: O 1º Cabo da Polícia Administrativa, nº 240/64, Sori Baldé - Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o 1º Cabo da Polícia Administrativa n? 240/64, Sori Baldé, porque, no dia 22Mai66, durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, foi voluntário e embora com um pé ferido enfrentou o Inimigo com ardor e valentia. Desprezando o perigo, tornou-se alvo de admiração de todos quantos presenciaram a sua acção, invectivando o Inimigo com ditos guerreiros, acompanhados de fogo certeiro. Apesar do agravamento do seu ferimento não esmoreceu um instante mostrando-se sempre onde havia mais perigo. 

Este caso tornou-se notado e foi também objecto de elogiosas referências do médico. Demonstrou espírito de sacrifício, valentia e portuguesismo.



■ Caçador Nativo - QUEMÁ NANQUI - Civil 

- CTIG - 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 6 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 23 de Janeiro de 1967: O Caçador Nativo, Quemá Nanqui, Companhia de Caçadores 1439 Comando Territorial Independente da Guiné.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Caçador Nativo, Quemá Nanqui (Chefe da Tabanca de Enxalé), porque durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, sempre voluntário em todas as operações desta zona, confirmou, mais uma vez, o seu valor incontestável. Sempre presente nos lugares mais expostos, desprezando o perigo durante o ataque, fazendo parte do grupo de assalto, temerariamente lançou-se contra as posições Inimigo, causando baixas, e actuando sempre debaixo de fogo. 

Confirmou as suas qualidades durante a reacção à emboscada, em que mais uma vez, desprezando a própria vida, alcançou as posições Inimigo debaixo de fogo. É um português e combatente dos melhores.

■ Caçador Nativo - QUEBÁ SONCO - Civil - CTIG - 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 6- 2ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 23 de Janeiro de 1967: O Caçador Nativo, Quebá Sonco, Companhia de Caçadores 1439 - Comando Territorial Independente da Guiné.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Caçador Nativo, Quebá Sonco, porque durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, voluntário como sempre em todas as operações e filho do régulo de Cuor, elemento permanente nas horas de perigo de todas as Companhias que passaram por esta zona, mais uma vez confirmou a sua valentia, sendo o primeiro elemento a entrar no acampamento ln e causando-lhe a primeira baixa, o que desmoralizou sem dúvida o adversário, continuando a avançar sempre, alheio ao perigo iminente do fogo Inimigo. 

É um exemplo digno de ser imitado por todos os régulos da Guiné Portuguesa.


■ Soldado Telefonista nº 2652365 JÚLIO MARTINS PEREIRA 
- Companhia de Caçadores nº 1439- BII 19 – 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 11 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12?do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28de Maio de 1946,por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 07 de Fevereiro de 1967: O Soldado nº 2652365, Júlio Martins Pereira, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888- Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 01, de 05 de Janeiro de 1967, do QG/CTIG):

Por seu despacho de 20Dez66, considerou como dado por si o louvor constante do artigo 3º da OS nº 181, de 29Nov66, do Batalhão de Caçadores nº 1888, que a seguir se transcreve: Louvo o Soldado Telefonista nº 2652365, Júlio Martins Pereira, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque quando do rebentamento, sob um Unimog, de um engenho explosivo, na coluna em que se deslocava e em presença de tão grande catástrofe e das baixas que resultaram, se ofereceu voluntária e conscientemente para ir até à localidade mais próxima, apesar de serem cerca de 7 kms, para pedir evacuação para os feridos, o que fez sozinho e em corrida veloz. 

É de notar a abnegação e a coragem deste Soldado, que por dedicação aos seus camaradas e com perfeito conhecimento dos seus deveres, não se poupou a qualquer dificuldade e aos perigos que poderia encontrar nesse trajecto.



■ Soldado Condutor Auto nº 5406064 - ANTÓNIO DOS SANTOS CAMPOS 
– Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 4ª CLASSE 



Transcrição do Despacho publicado na OE n.o12 - 3.a série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 05 de Abril de 1967: O Soldado n? 5406064, António dos Santos Campos, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - Batalhão Independente de Infantaria n? 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o 14, de 23 de Março de 1967, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado Condutor Auto nº 5406064, António dos Santos Campos, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque no ataque ln ao Destacamento de Missirá, quando viu que o lugar onde a sua viatura se encontrava abrigada estava a ser fortemente bombardeado e que a qualquer momento a viatura podia ser seriamente atingida, com o maior sangue frio e desprezo pelo perigo pôs a mesma a trabalhar e deslocou-a para lugar menos exposto. 

Este facto coincidiu com o abrandamento imediato do fogo Inimigo que se pôs em fuga antes das Nossas Tropas iniciarem a perseguição.


■ Alferes Miliciano Médico - FRANCISCO PINHO DA COSTA 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 3ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na OE n.o 11 - 2.a série, de 1967. Por Portaria de 09 de Maio de 1967:

Condecorado com a Cruz de Guerra de 3ª Classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa, o Alferes Miliciano Médico, Francisco Pinho da Costa, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - Regimento de Infantaria nº 1.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Alferes Miliciano Médico, Francisco Pinho da Costa, do Batalhão de Caçadores nº 1888, prestando serviço na Companhia de Caçadores nº 1439, porque no dia 21Ag066, fazendo parte de uma coluna que seguia para Porto Gole, a fim de prestar assistência da sua especialidade à guarnição daquele Destacamento, apesar de ferido com gravidade por um engenho explosivo Inimigo que a viatura em que era transportado accionou, não deu a conhecer o seu estado, tratando os feridos no local do rebentamento e sob o fogo da emboscada Inimigo, revelando uma extraordinária coragem, sangue frio, desprezo pelo perigo e muita serenidade, só pedindo a sua evacuação após se ter certificado que estava cumprida a sua missão. 

O Alferes Miliciano Médico, Pinho da Costa, com a sua atitude deu um nobre exemplo de carácter, de abnegação e de elevada coragem, demonstrando possuir, no mais elevado grau, espírito de sacrifício e todas as virtudes militares que o distinguem como médico e militar.


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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de abril de  2019 > Guiné 61/74 - P19694: Consultório militar do José Martins (43): As Últimas Campanhas na África Portuguesa (1961-1974): De Dados Oficiais a Dados Oficiosos (Parte III)