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sábado, 19 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23796: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte IX: "Amadu, que vamos fazer ao puto ?"... "Meu alferes, vou levá-lo para Bafatá, a minha irmã cuidará dele!"... A história do puto, "turra", Malan Nanque, que o Amadu salvou e adotou como sobrinho...

 


Angola > CIC - Centro de Instrução de Comandos > 1963  > O alferes mil Maurício Saraiva em Angola, em 1963, aquando da frequência do curso de Cmds; . N CTIG  será depois promoviodo, por mérito, a tenente e a capitão.. (*)





Guiné > Brá > Comandos do CTIG > Junho de 1965 > Cap Mil 'Comando' Maurício Saraiva > Idolatrado por uns, odiado por outros, foi um mal amado, diz o Virgínio Briote... O Amadu Djaló, por sua vez,  foi um dos oito "negros" (sic) - a par do Marcelino da Mata, do Tomás Camará e outros - a participar "no 1º curso de quadros para os Comandos do CTIG", que teve início em 3 de Agosto de 1964  (Amadu Bailo Djaló - Guineense, Comando, Português. Lisboa: Associação de Comandos, 2010, p. 82). O seu primeiro comandante, no Grupo Fantasmas, foi o Alferes Saraiva (entretanto promovido a tenente e depois capitão).



Guiné > Brá > Comandos do CTIG > c- 1964 > Emblema de braço do Grupo Fantasmas, que pertenceu ao alferes  'mil comando ' Saraiva.  


Fotos (e legendas): © Virgínio Briote (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Bafatá > SEctor L1 ( Bambadinc) > Xime > Porto fluvial

Foto cedida por Torcato Mendonça


1. Continuamos a reproduzir excertos das memórias do Amadu Djaló, que a morte infelizmente já nos levou, há 7 anos,  em 2015, ainda antes de completar os 75 de idade.  Os seus filhos, por sua vez, vivem (ou viviam até há uns anos) no Reino Unido.

A fonte continua a ser o ser livro "Guineense, Comando, Português" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp.), de que o Virgínio Briote nos disponibilizou o manuscrito em formato digital. A edição, que teve o apoio da Comissão Portuguesa de História Militar, está há muito esgotada. E muitos dos novos leitores do nosso blogue nunca tiveram a oportunidade de ler o livro, nem muito menos o privilégio de conhecer o autor, em vida.


O nosso coeditor jubilado, Virgínio Briote (ex-alf mil, CCAV 489 / BCAV 490, Cuntima, jan-mai 1965, e cmdt do Grupo de Comandos Diabólicos, set 1965 / set 1966) fez generosa e demoradamente as funções de "copydesk" (editor literário) do livro do Amadu Djaló, ajudando a reescrever o livro, a partir dos seus rascunhos.

Temos vindo a introduzir pequenas correcções,  toponímicas e outras, ao texto  impresso, a ter em conta numa eventual (se bem que pouco provável) 2ª  edição.  Mantemos a ortografia original.

Recorde-se, aqui o último poste: o sold cond auto Amadú Djaló (1940-2015) alistou-se nos comandos do CTIG, a convite pelo alferes mil 'comando' Maurício Saraiva, angolano. Frequentou o 1º Curso de Comandos da Guiné, que decorreu entre 24 de Agosto e 17 de Outubro de 1964. 

 Deste curso fizeram parte 8 guineenses: além do Amadu Djaló, o Marcelino da Mata, o Tomás Camará e outros. Deste curso sairam ainda  os três primeiros grupos de Comandos, que desenvolveram a actividade na Guiné até julho de 1965: Camaleões, Fantasmas e Panteras

O Amadu passou a pertencer ao Grupo Fantasmas, comandado pelo alf mil 'comando' Maurício Saraiva. Logo no fim do curso, os três grupos participaram na primeira operação, a Op Confiança, realizada entre 25 de Outubro e 4 de Novembro de 1964 no Oio,   na área atribuída ao BCav 705, tendo por objectivo a reabertura do itinerário entre Mansabá e Farim.

  


Capa do livro de Bailo Djaló (Bafatá, 1940- Lisboa, 2015), "Guineense,  Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974", Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada.


A história do puto "turra" do Buruntoni, Xime, de nome Malan Nanque

(pp. 90-94)

por Amadu Bailo Djaló



Dias depois, nova saída, para Buruntoni, no Xime. Saímos de Bissau, de barco, para o Xime.

Logo que chegámos, instalámo-nos no quartel, até ao fim do jantar. Forneceram-nos um guia e marchámos directos a Burontoni.

Nesta operação [1], eu ia integrado na 3ª equipa, a meio do grupo. Toda a noite a andar, a corta-mato. Perdermo-nos já era uma sina, andámos, sempre com o guia à frente, sem darmos com o caminho que nos levava para o acampamento. Quando chegámos à zona, o sol ia alto, eram para aí 7h00 [2].

Encontrámos um rapazito de 8 ou 9 anos. Interrogado disse que ia para o campo de lavra dos pais. Sobre o acampamento da guerrilha que procurávamos[3], disse que ficava na outra margem do rio Burontoni. Seguimos até à margem. O alferes ia falando com ele, fazendo-lhe perguntas. Se o acampamento tinha pessoal, respondeu que nessa manhã, o Suleimane Djaló tinha avisado a população para abandonar o acampamento, porque tinha andado uma avioneta a sobrevoar e isso não era bom sinal, que podia acontecer qualquer coisa a todo o momento. 

Sobre o local, onde costumava ficar a sentinela, o rapazito disse que ficava atrás de nós. Então, o alferes deu instruções para voltarmos atrás, para ver se conseguíamos apanhar a sentinela.

O alferes Saraiva passou para a frente e fomo-nos aproximando do local, onde julgámos que ela estava. Estava numa árvore. O alferes abriu fogo e ele caiu imediatamente. Corremos para ele, e quando lá chegámos já estava moribundo. 

Com a arma do sentinela nas nossas mãos, continuámos a marcha para o Xime, até que demos com uma tabanca abandonada, que se chamava Gundagué Beafada

Perto deste local encontrámos a tropa de Bambadinca que estava com a missão de nos recolher. Encontrei alguns companheiros da minha incorporação e, quando estava a abraçá-los vi o alferes, de arma ao ombro, e o menino com a mão na nuca, de olhar fixo no alferes. Cheguei-me para junto do alferes e ele disse-me:

– Amadu, que vamos fazer ao puto?

– Levá-lo, meu alferes?

– Ele é turra, Amadu!

– O meu alferes tem mais formação e conhecimento que eu, mas parece-me que com esta idade, o menino não é inimigo nem amigo.

– Então, por que vivia no mato, Amadu?

– Porque os pais vivem no mato, meu alferes!

– E tu, o que queres fazer com ele, Amadu?

– Deixamo-lo no quartel de Bambadinca.

O capitão da companhia de recolha estava junto de nós. O alferes perguntou se eles queriam ficar com o miúdo. Negativo, respondeu o capitão. O alferes ficou a olhar para mim e eu disse:

– Levamo-lo connosco para o quartel. Se o meu alferes não quiser que ele fique no quartel, eu fico com ele na minha casa.

– Não tens mulher, como é que vais tomar conta dele?

– A minha irmã toma conta!

– Tens a certeza, Amadu? Fica à tua responsabilidade!

– Inteiramente, meu alferes.

Agarrei no menino e começámos a andar até ao Xime e depois para Bambadinca.

Em Bambadinca, eram para aí 18h00, estava um barco no cais, a preparar-se para partir para Bissau. Aproveitámos o transporte no barco que ia carregado com laranjas, limões, ananás, bananas, muita fruta. Mas não era o que nós precisávamos, o que nos fazia falta era uma refeição quente.

O barco levava também batata-doce e abóboras. O furriel Artur tinha só 5 escudos e o alferes, que tinha uma nota de 500 escudos, pediu para lhe venderem batata-doce e abóboras, ao preço que se vendiam em Bissau. A batata-doce era vendida ao quilo, a abóbora era conforme o tamanho. Começámos a pesar as batatas e ninguém no barco tinha troco. Então, nós dissemos que, logo que chegássemos a Bissau, no dia seguinte um de nós ia ao mercado pagar. Mas não aceitaram.

Então pedimos uma panela grande, descemos ao porão e pusemo-nos a cozinhar a abóbora que tínhamos comprado. Mas uma abóbora não dava para o grupo todo. Enquanto o cabo Cruz, sentado em cima de um saco, cantava fados, íamos roubando batatas, uma a uma. Quando o Cruz assobiava parávamos de tirar batatas e assim fomos enchendo a panela. Quando o cozido ficou pronto, chamámos o grupo todo para comer.

Eram para aí 21h00 quando acabámos. Quando chegámos a Brá, já depois da meia-noite, ainda comemos uma refeição quente, de peixe cozido e depois retirei-me para a minha casa.

Eu estava muito satisfeito comigo próprio e com o alferes. Assim que ele aceitou o meu pedido de ficar com o miúdo, que se chamava Malan Nanque [4], um companheiro europeu do meu grupo, o Mendes, que tinha apanhado uma maleta com quatro cortes de fazenda, ofereceu-ma para fazer roupa para o rapazito. 

Quando chegámos a Bissau, levei-o ao alfaiate, e os cortes de tecido deram para fazer 3 calções e 2 camisas. Ainda lhe comprei um par de sapatos e uns chinelos.

Agora, que estou a escrever e a recordar este episódio, tenho os olhos húmidos. Estou a ver o miúdo à frente da arma com a mão na nuca, a tremer todo, a olhar para o matador. Ele, o menino, tinha acabado de ver o alferes matar a sentinela e devia pensar que agora era a vez dele. (**)

(Continua)

__________

Notas do autor Amadu Djaló e/ou do "copydesk" Virgínio Briote:


[1] Nota do editor: “Vai à Toca”

[2] Nota do editor: 11 de Novembro de 1964

[3] Em Darsalame Baio

[4] O rapazito, Malan Nanque, biafada, mudou de apelido, para poder frequentar a escola. Passou a ser meu sobrinho e viveu com a minha família em Bafatá. Durante muitos anos ninguém da nossa família soube que o Malan Djaló era o miúdo que tinha sido capturado pelos Fantasmas, numa manhã de Novembro de 1964.

Anos depois, em 1973, levei-o a ver a mãe, em Bissau. Mas Malan continuou a viver na nossa casa. Uns anos mais tarde, já com a Guiné independente, deu aulas de português em quartéis do PAIGC. Casou, teve um filho, adoeceu e morreu pouco tempo depois no hospital de Bafatá. O único filho que teve, uma menina, também sobreviveu pouco tempo. Morreu, ainda não tinha dois anos.

__________

Notas do editor:

(*) Sobre o Mauricio Saraiva (1939-2003) e o seu Grupo Fantasmas, Vd.

24 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11457: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (66): Cap Cmd Maurício Saraiva, aqui evocado pela sua sobrinha Luciana Saraiva Guerra (Florianópolis, Santa Catarina, Brasil) e pelo nosso coeditor Virgínio Briote

27 de abril de  2010 > Guiné 63/74 - P6257: O segredo de... (12): O meu sobrinho Malan Djaló, aliás, Malan Nanque, o rapazito de 8 ou 9 anos anos, apanhado pelo Grupo Fantasmas, do Alf Mil Comando Saraiva, em 11 de Novembro de 1964, em Gundagué Beafada, Xime... (Amadú Djaló

Ver o que escreveu, sobre o Maurício Saraiva,  o Luis Rainha,  em poste de 31 de marco de 2010, no blogue Comandos Guine 1964 a 1966 (que deixou de estar dospinível na Net, não está sequer no Arquivo.pt, o que é pena:  http://comandos-guine-1964a1966.blogspot.pt/ ):


(…) Não querendo menosprezar ninguém, até porque sou Comando Centurião, quero aqui afirmar que o Grupo  Fantasmas foi de todos os Grupos formados e existentes na Guiné que mais louvores e condecorações teve. Teve um Chefe excepcional, que foi um belissimo condutor de  homens, um guerrilheiro fantástico e um exímio estratega.

Foi ele, Capitão Maurício Leonel Sousa Saraiva, dos militares Portugueses mais condecorados de todos os tempos e quiçá dos tempos vindouros. Este Homem, de H grande, grande Português e grande Patriota, ainda estava para sofrer os horrores da guerra não convencional. (…) [Era] um homem tremendamente marcado pela guerra em Angola, onde assistiu à morte de Familiares seus. (…)

Sobre o seu comandante, com quem esteve nove meses (até Maio de 1965), e por quem nutria respeito, admiração e afecto, o Amadú Djaló é parco em pormenores, nomeadamente sobre aspectos, eventualmente mais controversos, do seu comportamento como homem e militar. 

Aliás, ele é, quase sempre, de uma grande discrição e até deferência em relação aos seus "companheiros europeus" (sic). Só é crítico quando vê "europeu" a tratar, com menos respeito, bajuda e mulher grande... 

Perante umn capitão manifestamente racista, que ele conheceu no CICA/BAC, em Bissau, em 1962 ("Preto é como tartaruga, só quando lhe chegamos fogo ao cu, é que tira cabeça!", p. 41), Amadú é condescendente, compreensivo e caridoso: "Pela minha parte, ele era um diabo, não era um ser humano. Um homem com tanta cultura, oficial do Exército Português, não deveria trata deste modo os subordinados", p. 41).

sábado, 26 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16762: Efemérides (240): a Op Abencerragem Candente, 6 mortos, 9 feridos graves... Faz hoje 46 anos... Msn do antigo cmdt da CART 2715, Vitor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), em 2/3/2012, dois anos antes de morrer, dizendo: "Ando a viver o inferno do Xime"...


Guiné > Zona leste > Sector L1 > Xime > CART 2520 (1969/70) > 20º Pel Art / BAC 1 > O obus 10.5... Na imagem, o fur mil at inf Arlindo Roda, da CCAÇ 12.



 Guiné > Zona leste > Sector L1 > Xime > Madina Colhido > CART 2520 (1969/70) e CCAÇ 12 (1969/71) > Op Boga Destemida > 9 de fevereiro de 1970 >  A helievacuação de feridos em Madina Colhido, no regresso ao Xime ... 

É uma imagem que se repetia ao longo dos meses, sempre ou quase sempre que havia operações à península da Ponta do Inglês, nomeadamente na época seca.  Como acontecerá em 26/11/1970 (*), já no tempo da CART 2715 / BART 2917, a subunidade de quadrícula do Xime que foi render, em maio de 1970, a CART 2520. Era comandada pelo cap art QP Vitor Manuel Amaro dos Santos, então com 26 anos (acabados de fazer em 22 de novembro)... 

Na Op Abencerragem Candente, que envolveu 3 destacamentos (CART 2714, CART 2715 e CCÇ 12), num total de 8 grupos de combate (c. 250 homens), a CART 2715 e a CCAÇ 12 apanharam uma das mais sangrentas emboscadas na história do subsetor do Xime (e até do setor L1), com 6 mortos e 9 feridos graves. Os mortos foram penosamente transportados até ao Xime, em macas improvisadas, os feridos foram encaminhados para Madina Colhido e dali helievacuados para o HM 241, em Bissau... Não temos fotos desse dia de inferno (**)...

Fotos: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem  enviado por telemóvel ao editor do blogue pelo cor art ref Vitor Manuel Amaro dos Santos (Lousã, 22/11/1944- Coimbra, 28/2/2014), DFA, ex-cmdt da CART 2715 (Xime, 1970/72) (***)... 


É um documento humano extraordinária, escrito dois anos antes  da morte do nosso camarada, que ficou marcado para sempre por este trágico evento. Tive com ele algumas conversas, ao telefone, nem sempre agradáveis, nos primeiros meses de 2012... Ele acompanhava e adorava o nosso blogue mas, no início desse ano,   começou a reagir, negativamente,  a algumas referências à Op Abencerragem Candente e ao facto do seu nome estar associado a esta tragédia.

Temos diversas referências a esta operação, a mais antiga das quais é a do poste P7, de 25 de abril de 2005 (****).

A situação ter-se-á agravado com a publicação, dois anos antes (!),  de um relatório do QG de avaliação do desempenho (segurança, limpeza, disciplina, comando, etc.) do BART 2917 e suas sbunidades de quadrícula e adidas, de que nos fora disponibilizada uma cópia, em suporte digital, pelo Benjamim Durães e pelo Jorge Cabral, se não erro. Como cmdt do Pel Caç Nat 63, o Jorge Cabral também era um dos visados pelos homens do Com-Chefe.

O Amaro dos Santos começou a dar  claros indícios de um patológico complexo de perseguição e vitimização. Acabámos por retirar esse documento, por entendermos que ele violava (ou podia violar) as nossas regras editoriais, ao pôr em causa o comportamento de camaradas nossos que tinham assumido funções de comandantes operacionais, como era o caso do jovem cap art Amaro dos Santos.

Quisemos, além disso, e sobretudo, poupá-lo a mais sofrimento e evitar uma escalada de acusações e até de ameaças, pela parte dele,  e que poderiam configura um caso de "cyberbullying", como diríamos hoje.

Guardei pelo menos 7 mensagens que ele me mandou, por telemóvel, entre 15/2/2012 e 13/6/2012. E entre elas uma, que me tocou muito, por que reveladora da sua sensilidade humama, por ocasião da morte do meu pai, Luís Henriques (1920-2012).

Nunca mais estive com ele depois dessa trágica manhã de 26/11/1970. Em 1/1/1971, ele  deixa o comando da CART 2715, por razões de saúde, sendo evacuado para  o HM 241, em Bissau, e depois para a metrópole. Infelizmente não temos nenhuma foto dele nem temos mais ninguém,  vivo, da sua antiga companhia,  na nossa Tabanca Grande. 

Reconstituimos, várias vezes, ao telefone, esta maldita operação, cuja memória trágica nos perseguia a ambos. Eu recordo hoje, mais uyma vez,  os bravos camaradas que tombaram na antiga picada do Xime-Ponta do Inglês, na manhã de 26/11/1970, o Cunha, o Ribeiro, o Soares, o Monteiro, o Oliveira e o Camará.

Recordo também aqueles que, como o Amaro dos Santos, viveram (ou têm vivido), toda a vida, "o inferno do Xime". (Há ainda mais dois camaradas da CART 2715 que morreram na zona da Ponta do Inglês em data posterior, .já em 1971, . incluindo um alferes)

Por minha decisão, e como homenagem a título póstumo, o Vitor Manuel Amaro dos Santos entrou,  em 28/2/2014,  para a nossa Tabanca Grande, passando a figurar na lista dos 50 camaradas e amigos da Guiné que. até à data,  "da lei da morte se foram libertando". (LG)



Ando a viver o inferno do Xime [em caixa alta]. 
Minuto a minuto. 
Ambos sofremos isso. 
[Você] sabe tudo [o] que fiz para evitar a tal op[eração]…
Sem a CCAÇ 12 talvez tivesse “acampado” [sic
em Gundague Beafada. 
Não existia estrada [Xime-Ponta do Inglês]…. 
Era tudo mata densa… 
Qual dispositivo [?!].
Aceito que o estado maior do CACO [sic
tenha feito relatório 
[, incriminando-me,
porque não denunciei [a] discussão c[om] Anjos [sic
[, 2º cmdt do BART 2917].

Aliás [a] História[da] Unidade diz 
embos[cada] [na] estrada.
[O] relatório [da] op[eração] 
[foi] feito [por] Anjos e cap[itão] Brito 
[, cmdt da CCAÇ 12]. 

Evacuado [, em 1 janeiro de 1971], fui bode expiatório.
Essa op[eração] alterou para sempre 
[o] meu (des)equilíbrio [sic] psico[lógico].  
Amo a paz e os meus rapazes… 
Choro os mortos. 
Os vivos dão-me amizade  q[ue] muito prezo. 
Também tenho filhos e netos… 
Têm orgulho de mim… 
Os seus de si…


Queria ser seu camarigo [sic]… 
mas de pleno direito! 
Se nada me move 
contra quem viveu comigo tal inferno [sic]… 
Se acha que tenho culpa, 
prossiga firme mas s[em] convicções. 

Até sempre camarigo. 
Um abraço sincero. 
Amaro dos Santos, 
2/3/2012, 
10h50

[Revisão / fixação de texto: LG]


Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Carta do Xime (1961) (1/50000) (pormenor) > As principiais referências toponómicas da subregião do Xime: um triângulo definido pela (i) margem esquerda do Rio Geba (a norte), (ii) a Foz do Rio Corubal (a oeste) e (iii)  a estrada Xime-Bambadinca (a leste): Xime, Ponta Varela, Poindom, Ponta Colhido, Gundagé Beafada, Baio, Buruntoni... e estrada (abandonada) Xime-Ponta do Inglês (destacamanento do Xime, retirado em finais de 1968)...

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2011)

___________




(****) Vd. poste de 25 de abril de 2005 >  Guiné 63/74 - P7: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15729: Manuscrito(s) (Luís Graça) (76): A vida são dois dias e o Carnaval são três (Provérbio popular)


Dez teses 

(mal cheirosas 
e muito pouco carnavalescas) 
sobre a ciência e a merda

por Luís Graça






O 1º cabo Carlos Alberto Alves Galvão,
do 3º Gr Comb / CCAÇ 12, amparado por
dois camaradas da sua secção.
Foto de Arlindo Roda (2010)

Em memória dos meus camaradas
que há 46 anos fizeram, comigo,
a Op Boga Destemida,
em que apanhámos
uma violenta emboscada
em Gundagué Beafada,
subsetor do Xime:
CCAÇ 12, CART 2520
e Pel Caç Nat 63...

Era segunda feira de carnaval,
e íamos mascarados,
que um homem,
quando nasce,
não vem de camuflado e G3. 

Era merda,
o que trazíamos no corpo e na alma.
quando chegámos ao Xime,
33 horas depois (*)



1
Onde estão os cientistas,
grávidos da sua ciência,
a proclamar na televisão
urbi et orbi,
a última palavra,
ex cathedra,
sobre esta merda ?

Não sei quem pergunta,
sei que é uma pergunta de investigação.



2
Comenta o último Nobel da Ciência:
É a liberdade da ciência 

e a ciência da liberdade,
que são postas em causa,
com tão insolente pergunta de merda.


Felizmente que esta merda não é objeto de ciência,
e ainda não há, por enquanto,
e, se calhar, graças a Deus,
uma ciência da merda.


3
Diz o guarda-mor da ética da ciência:
tal como a justiça,
a ciência é cega, surda e muda,
face ao estado
a que chegou esta merda.



4
Acrescenta o fisiopatologista do trabalho da ciência:
se o cientista tivesse
os cinco sentidos apurados,
talvez ele desse um bom perdigueiro de caça,
e talvez esta merda,
tal como a mostarda,
lhe chegasse ao nariz,
mas não chega.


Nasceu sem nariz,
ou já não tem nariz,
ou, se o tem, não o usa,
tendo perdido o faro.


5
Escreve, off record,  o sociólogo da ciência:
não lhe convem,
ao cientista,
sobretudo ao pobre bolseiro
do Fundo para Ciência e Tecnologia (FCT),
debruçar-se sobre a merda do mundo
e o mundo da merda.

E, depois, em boa verdade, 
o que fazer, afinal,
com tanta merda ?

Não lhe convém
cheirá-la (à dita merda),
recolhê-la,
tratá-la,
manipulá-la,
testá-la,
fazer-lhe a prova química e organoléptica,
empacotá-la,
e, por sim, disseminá-la,
sob a forma de conhecimento,
liofilizado,
pronto a servir.


6
Reporta a  jovem repórter da TVI:
mas esta merda cheira mal,
muito mal,
mesmo muito mal,
esta merda fede, 

senhores telespectadores,
mesmo aqui atrás de mim,
e é repelente,
à vista desarmada,
para o comum mortal
que se recusa a falar em direto à TVI.

As pessoas têm medo da merda,
mas ainda mais de falar, para as câmaras,
sobre o estado da merda
a que isto chegou.


7
Manda dizer a secretária
do senhor ministro da Ciência e a Tecnologia (MCT);
por favor,
não incomodem quem trabalha
em prol da humanidade;

e muito menos nosso Gabinete da Ciência Viva (GCV);
da merda, meus senhores,  

tratam os SMAS,
os moderníssimos serviços municipalizados
de águas e saneamento,
que tanto orgulham o país.

Em último caso,
se a tripa rebentar,
liguem para o 112
ou chamem a ASAE
ou mudem a fralda.


8
Que diria o grego Arquimedes ?
Eureka, achei!

Mesmo atolado na merda até ao pescoço,
o cientista não dá conta
da grande merda,
da merda a que isto chegou.


No seu microscópico,
só vê a micromerda,
as micromerdas
que podem estragar a terça feira de Carnaval.


9
E o povo, alarve,
o que diria o povo,
se o povo tivesse opinião qualificada ?

Se a merda valesse ouro,
até os cientistas teriam nascido sem cu.
Vão bardamerda,
que a vida são dois dias
e o Carnaval são três!


10
E, por fim, o último cientista,
a quem foi retirada a idoneidade científica
por querer estudar a merda
a que isto chegou,
e se ter mascarado de cientista da merda,
no carnaval de Torres Vedras
que, dizem, é o mais português 
e o mais antigo 
de Portugal.

Cientistas de todo o mundo, 
juntem a vossa à nossa merda! (**)


______________

Notas do editor:

(*) 9 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8071: A minha CCAÇ 12 (16): O 1º Cabo Galvão, ferido duas vezes em 9 de Fevereiro de 1970, segunda feira de Carnaval...Uma violenta emboscada em L em Gundagué Beafada, Xime (Op Boga Destemida)

(...) A fim de bater a área do Baio/Buruntoni foi planeada a Op Boga Destemida em que tomaram parte 6 grupos de combate: Destacamento A, constituído por 3 Gr Comb da CCAÇ 12 (Dest A); Destacamento B, formado por forças da CART 2520 (unidade de quadrícula do Xime), reforçadas com o Pel Caç Nat 63, aquartelada em Fá Mandinga (sob o comando do Alf Mil Art Jorge Cabral). (...)

(**) Último poste da série > 28 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15682: Manuscrito(s) (Luís Graça) (75): sabedoria alentejana: viver até aos cem anos... p'ra quê ?

quinta-feira, 17 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7957: A minha CCAÇ 12 (14): Op Borboleta Destemida, 14 de Janeiro de 1970: a ferro a fogo no Poindon/Ponta Varela ou... como nunca confiar num guia-prisioneiro (Luís Graça)







Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) >CCAÇ 12 (1969/72) >  Progressão de um dos Gr Comb da CCAÇ 12, o 1º Gr Comb , comandado pelo Alf Mil Op Esp Francisco Magalhães Moreira (que vive hoje em Santo Tirso), numa lala, na região do Xime ou do Xitole, já no final da época das chuvas, no 2º semestre de 1969... Na primeira foto,  Moreira é visível, é um dos seus primeiros da coluna, e usa boina castanha, com crachá... Dos  soldados africanos do 1º Gr Comb, lembro-me das caras, mas já não dos nomes... O 1º Gr Comb da CCAÇ 12 era, em minmha opinião,  o melhor dos qautro da CCAÇ 12, em grande parte devido às qualidades de comando do Alf Mil Op Esp Moreira (LG)







Guiné > Zona Leste > Sector L1  (Bambadinca) >CCAÇ 12 (1969/72) >  Uma helievacuação em  Madina Colhido (muito provavelmente), no subsector do Xime... Pelos vestígios de queimadas, noata-se que estávamos na época seca, logo a foto será dos primeiros meses de 1970... O riquíssimo Álbum Fotográfico do meu querido amigo e camarada Arlindo Teixeira Roda (naturald e Pousos, Leiria, a viver em Setúbal há décadas) não tem, legendas...

Fotos: © Arlindo Teixeira  (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Carta do Xime (1961) (1/50000)  (pormenor) > As principiais referências toponómicas da subregião do Xime, um triângulo definido pela margem esquerda do Rio Geba (a norte), a Foz do Rio Corubal (a oeste) e o a estrada Xime-Bambadinca (a leste): Xime, Ponta Varela, Poindom, Ponta Colhido, Gundagé Beafada, Baio, Buruntoni... e estrada (abandonada) Xime-Ponta do Inglês...


A. Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (**), por Luís Graça 

(7.2.) Op Borboleta Destemida: Uma emboscada de meia-hora na zona de Poindon/Ponta Varela

Do  interrogatorio do elemento IN capturado por forças da CART 2413 (Xitole) no decorrer da Op  Navalha Polida, apurou-se o seguinte: (i) disse chamar-se Jomel Nanquitande, (ii) ser de etnia balanta, (iii) ter uma Espingarda Simonov distribuída e (iv) ser chefe da tabanca de Ponta Varela... Confirmámos o que já suspeitávamos, que o IN voltara a instalar-se na área do antigo acampamento do Poindon/Ponta Varela destruído pelas NT em Setembro de 1969  durante a Op Pato Rufia.

O efectivo era de 25 homens, dispondo de Morteiro 82, cinco RPG-2 e armas automáticas. O dispositivo de segurança, mais rigoroso do que no tempo das chuvas, compunha-se de 4 sentinelas na estrada Xime-Ponta do Inglês (dois para cada lado).


O  IN saía todas as manhãs a fim de montar segurança à população que trabalha na bolanha, regressando ao meio-dia e voltando à tarde até às 17h.

Com base nestes dados, foi decidido executar um golpe de mão clássico sobre o acampamento a fim de capturar ou aniquilar os elemen­tos IN assim como o material e meios de vida nele existentes (Op Borboleta Destemida).

Desenrolar da acção:

Em 13 de Janeiro de 1970, às 23h, a CCAÇ 12 a 4 Gr Comb (Dest A) e forças da CART 2520, a 2 Gr Comb (Dest B) davam início à operação, com duração prevista de dois dias, e com intenção de executar um golpe de mão a um acampamento IN situado em XIME-3C1-29, composto por 8 moranças e paralelo à estrada Xime-Ponta do Inglês.

A progressão fez-se cuidadosamente pela estrada Xime-Ponta do Inglês até Madina Colhido, seguindo a corta-mato em direcção a Gundagué Beafada.

Devido à noite se encontrar excepcionalmente escura e o capim muito alto, os guias (compostos por 2 picadores do Xime e o prisioneiro) acabaram por perder-se. De forma que teve de retroceder-se até  Madina Colhido onde se retomou o trilho.
Só se alcançou Gundagué Beafada por volta das 6h do dia seguinte, 14 de Janeiro. Devido a este contratempo, seguiu-se imediatamente a corta-mato rumo ao trilho do Baio que se atingiu pelas 7.45h. Aqui o Dest B (CART 2520) separou-se encaminhando-se para o seu local de emboscada.

Entretanto, o prisioneiro informou que dali até ao acampamento (Ponta Varela / Poindon) ainda era muito longe e que podia seguir-se o trilho até mais à frente, cortando-se depois à esquerda. O comandante do Dest A (***) insistiu para que se cortasse já ali, mas como o prisioneiro afiançasse que podia fazê-lo mais à frente sem perigo e como se mostrasse muito seguro do que dizia, aquele concordou em prosseguir tendo recomendado ao prisioneiro que, ainda longe do acampamento, cortasse à esquerda, a fim da nossa aproximação não ser detectada.


Progredíamos com redobrada cautela quando o prisioneiro informou que já estávamos perto e cortou por um trilho à esquerda que disse ir dar ao Buruntoni. Seguindo o mesmo, encontrou-se outro, em sentido inverso, que o prisioneiro declarou ser um dos trilhos de acesso ao acampamento.

Enveredando por ai, e passados uns 100 metros, os homens da frente (1º Gr Comb da CCAÇ 12, comandado pelo Alf Mil Op Esp Moreira) (***), ao entrarem numa clareira, detectaram um grupo IN emboscado atrás de baga-bagas e de árvores. Evidenciando grande rapidez de reflexos, e com excepcional coragem, o apontador de LGFog 8,9 Braima Jaló,  foi o primeiro a abrir fogo.

No mesmo instante começámos a ser violentamente flagelados com Mort 82, LGFog e rajadas de metralhadora. Uma granada de morteiro rebentou junto da 2ª secção do do 1º Gr Comb, tendo os estilhaços atingido o Furriel Mil Pina (comandante da secção), o 1º Cabo Atirador Valente e os soldados Baiel Buaró e Sajo Baldé .

Após os primeiros momentos de surpresa e confusão, reagimos com determinação e, manobrando debaixo de fogo, obrigámos o IN a recuar. Por escassos segundos interrompeu-se o fogo para logo recomeçar com redobrada violência (Mort 82, LGFog e armas automáticas), quando já estávamos quase dentro do acampamento,

Desta vez seriam atingidos pelas balas do IN os soldados do 1º Gr Comb Leite (Transmissões) e Mamadu Au. A nossa reacção foi de tal modo pronta que o IN foi compelido a retirar definitivamente, com baixas prováveis, e em várias direcções. O fogo tinha durado mais de meia-hora.

Feita batida a zona, encontrou-se apenas 1 granada de RPG-2, 1 carregador de Metr Lig Degtyarev, peças de vestuário e diversos artigos. Foram destruídas todas as casas de mato.


Verificou-se,  após a batida,  que tínhamos passado a menos de 50 metros do acampamento e que o "trilho do Buruntoni" era nem mais nem menos que a estrada Xime-Ponta do Inglês,  disfarçada pela abundância e altura do capim.

Tornava-se evidente que a colaboração do prisioneiro se mostrara altamente comprometedora. Levou da primeira vez as NT até próximo do acampamento, para depois afastá-las, dando a nítida impressão de querer acima de tudo mostrá-las. Claro que, quando chegámos ao objectivo, já o IN estava emboscado.

Interrogado ainda sobre o depósito de material de cuja existência falara, disse que não era naquele acampamento e que ficava muito longe dali. Notou-se durante a batida vários buracos onde teriam estado enterradas munições e outro material.

Depois dos primeiros socorros, iniciou-se o sempre penoso regresso a corta-mato em direcção ao Xime, transportando-se os feridos mais graves às costas (ou em macas im provisadas) e progredindo-se cautelosamente a fim de evitar uma eventual emboscada entre Gundagué Beafada e Madina Colhido.


Só aqui, aliás, é que o Dest A (CCAÇ 12) voltou a encontrar-se com o Dest B (CART 2520), em virtude da ligação-rádio ter falhado no decorrer da operação.

Feitas aqui as heli-evacuações, reatou-se a marcha, tendo os 2 Destacamentos chegado ao Xime por volta do meio-dia do dia 14.


Entretanto, o Dest B, nesse dia, 14, pela manhã, tinha seguido por Gundagé e, a corta mato,  tinha-se encaminhado para o local de emboscada que estava planeado (Ponta Varela). Tendo encontrado o trilho de Baio, seguiu-o em direcção à estrada Xime-Ponta do Inglês até cerca de meio quilómetro desta. Aí seguiu um grupo de combate para cada lado do trilho, ficando os dois Gr Com em semicírculo.

Por volta das 8h45 o fogo do IN e das NT. Não puderam entar em contacto com o Dest A por avaria do rádio deste. Cessado o fogo, às 9h15, na impossibilidade de cintacto com o Dest A, seguiram para o Xime. Próximno do cruzamento para Ponta Varela foi sobrevoado pela FAP (T 6), tendo-se sabido nessa altura que havia feridos no Dest A.:

Dos feridos foram evacuados para o Hospital Militar 241 (Bissau) os seguintes militares da CCAÇ 12, todos do 1º Gr Comb (e que pertenciam à 2ª secção, com excepção do Sold Trms)

(i) o Fur Mil At Inf Joaquim João dos Santos Pina (que ficou inoperacional),
(ii) o 1º Cabo 1º Cabo Manuel Monteiro Valente (Ap Dilagrama) (que ficou também operacional, com vários estilhaços pequenos e um músculo ligeiramente atrofiado),
(iii) o Soldado Mamadu Au (Ap Metr Lig HK 21)( que ficou com uma bala ainda por extrair na coxa);
(iv) o Soldado Trms [TICA] José Leite Pereira.

______________

Notas de L.G.

(*) Composição do 1º Gr Comb da CCAÇ 12 (1969/71)


Comandante Alf Mil Op Esp 00928568 Francisco Magalhães Moreira [ vive hoje em Santo Tirso]

1ª secção

1º Cabo 8490968 José Manuel P Quadrado (Ap dilagrama) [vive na maregm sul do Tejo]
Soldado Arvorado 82107469 Abibo Jau  (Fula) [, dmais trade da CCAÇ 21, dado como fuzilado depois da independência]
Soldado 82105869 Demba Jau (Fula)
Sold 82107769 Braima Jaló (Ap LGFog 8,9) (Futa-fula)
Sold 82106069 Sajo Baldé (Mun LGFog 8,9) (Futa-fula)
old 82106869 Suleimane Djopo (Ap Dilagrama) (Futa-fula)
Sold 82105469 Baiel Buaró (Fula)
Sold 82106269 Mamadu Será (Futa-fula)

2ª Secção

Fur Mil 04757168 Joaquim João dos Santos Pina [, natural de Silves, onde ainda hoje vive, professor reformado]
1º Cabo 17765068 Manuel Monteiro Valente (Ap Dilagrama) [, era também o nosso barbeiro, residente em Vila Nova ]
Soldado Arvorado 82106369 Vitor Santos Sampaio (Mancanhe, ntaural de Bissau)
Soldado 82106469 Mamadu Au (Ap Metr Lig HK 21) (Fula)
Sold 82105969 Samba Camará (Mun Metr Lig HK 21) (Futa-fula)
Sold 82105269 Sherifo Baldé (Fula)
Sold 82106669 Mussa Bari ((Futa-fula)
Sold 82106969 Mamadu Jau (Fula)
Sold 82105369 Mamadu Silá (Ap LGFog 3,7) (Fula)
Sold 82107669 Ussumane Sisse (Mun LGFog 3,7) (Mandinga)

3ª Secção

Fur Mil 19904168 António Manuel Martins Branquinho [, reformado da Segurança Social, Évora]
1º Cabo 18998168 Abílio Soares [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82107169 Mamadu Baló (Fula
Soldado 82106569 Mustafá Colubalii (Ap Mort 60) (Futa -fula)
Sold 82106169 Sana Camará (Mun Mort 60) (Futa -fula)

Sold 82105669 Amadu Baldé (Futa -fula)  [, mais tarde da CCAÇ 21, poderá ter sido fuzilado após a independência]
Sold 82106169 Saico Seide (Fula)
Sold 82107569 Gale Jaló (Futa-fula)
Sold 82105569 Sana Baldé (Ap Dilagrama) (Fula)


(**) Vd. postes anteriores:

2 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7888: A minha CCAÇ 12 (13): Janeiro de 1970 (13): assalto ao acampamento IN de Seco Braima e captura de Jomel Nanquitande (Luís Graça)

24 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7852: A minha CCAÇ 12 (12): Dezembro de 1969, tiritando de frio, à noite, na zona de Biro/Galoiel, subsector de Mansambo (Luís Graça / Humberto Reis)23 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7322: A minha CCAÇ 12 (8): O armamento do PAIGC no meu sector L1 (Bambadinca, 1969/71)

22 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7655: A minha CCAÇ 12 (11): Início do reordenamento de Nhabijões, em Novembro de 1969 (Luís Graça)

8 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7401: A minha CCAÇ 12 (10): O inferno das colunas logísticas Bambadinca - Mansambo - Xitole - Saltinho, na época das chuvas, 2º semestre de 1969 (Luís Graça)

28 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7354: A minha CCAÇ 12 (9): 18 de Setembro de 1969, uma GMC com 3 toneladas de arroz destruída por mina anticarro (Luís Graça)

28 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7048: A minha CCAÇ 12 (7): Op Pato Rufia, 7 de Setembro de 1969: golpe de mão a um acampamento IN, perto da antiga estrada Xime-Ponta do Inglês, morte do Sold Iero Jaló, e ferimentos graves no prisioneiro-guia Malan Mané e no 1º Cabo António Braga Rodrigues Mateus (Luís Graça)

7 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6948: A minha CCAÇ 12 (6): Agosto de 1969: As desventuras de Malan Mané e de Mamadu Indjai... (Luís Graça)

7 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6686: A minha CCAÇ 12 (5): Baptismo de fogo em farda nº 3, em Madina Xaquili, e os primeiros feridos graves: Sori Jau, Braima Bá, Uri Baldé... (Julho de 1969) (Luís Graça)

25 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6642: A minha CCAÇ 12 (4): Contuboel, Maio/Junho de 1969... ou Capri, c'est fini (Luís Graça)

29 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6490: A minha CCAÇ 12 (3): A única história da unidade, no Arquivo Histórico-Militar, é a que cobre o período de Maio de 1969 (ainda como CCAÇ 2590) até Março de 1971... e foi escrita por mim, dactilografada e policopiada a stencil (Luís Graça)

25 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6466: A minha CCAÇ 12 (2): De Santa Margarida a Contuboel, 5 mil quilómetros mais a sul (Luís Graça)

21 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6447: A minha CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971) (1): Composição orgânica (Luís Graça)

(***) Francisco Magalhães Moreira, a viver hoje em Santo Tirso: julgo que não visite o nosso blogue... Constou-me que quer "esquecer a Guiné"...

Guiné > Zona Leste > Contuboel > 15 de Julho de 1969 > CCAÇ 2590/CCAÇ 12 > Um das raras fotos do Alf Mil Francisco Magalhães Moreira, à esquerda, acompanhado pelo Tony Levezinho (furriel), o Humberto Reis (furriel), o José António G. Rodrigues Rodrigues (alferes, natural de Lisboa, já falecido) e o Joaquim Augusto Matos Fernandes Fernandes (furriel), preparando-se para sair até Sonaco (a nordeste de Contuboel).

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados