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domingo, 16 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23713: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte III: Colocado em Farim, na 1ª CCAÇ, em junho de 1963, fica logo encantado com as beldades femininas locais e convida-as para ir a uma sessão de cinema do senhor Manuel Joaquim


Guiné > Região do Oio > Farim > Bairro de Nema > s/d > Cortesia de Carlos Silva, publicado, a preto e branco, no livro do Amadu Bailo Djaló, na pág. 61-


Guiné > Região do Oio > Carta de Farim  (1954) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Farim, Nema e K3


Guiné > Região do Oio > Carta de Jumbembem  (1954) > Escala 1/50 mil >  Posição relativa de Farincó e Fambantã, a norte de Farim, e junto à fronteira com o Senegal.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)


1. Continuamos a reproduzir, aqui no nosso blogue, alguns excertos do livro de Amadu Bailo Djaló, "Guineense, Comando, Português" (Lisboa Associação de Comandos, 2010, 229 pp., capa a seguir, à esquerda). O livro está esquecido, a edição está há muito esgotada, mas o Amadu Djaló continua na nossa memória e nos nossos corações. (*)

Não é demais sublinhar que se trata de um documento autobiográfico, único (até à data nenhum dos antigos militares que integraram o Batalhão de Comandos da Guiné publicou as suas memórias), indispensável para quem quiser conhecer a guerra e a Guiné dos anos de 1961/74, sob o olhar de um grande combatente luso-guineense, que teve de fugir da Guiné depois da independência e que em Portugal se sentiu tratado como um português de 2ª classe.

Membro da Tabanca Grande desde , tem mais de 6 dezenas de referências no nosso blogue (onde foi sempre muito estimado e acarinhado em vida).

Em homenagem à memória do nosso camarada Amadu Djaló (futa-fula, nascido em Bafatá, em 1940 e falecido em Lisboa, no Hospital Militar, em 2015, com 74 anos), e com a devida vénia aos seus herdeiros, à Associação de Comandos (que oportunamente, ainda em vida do autor, editou o seu livro de memórias, entretanto há muito esgotado), e com um especial agradecimento ao Virgínio Briote que, na qualidade de "copydesk" (editor literário) e grande amigo do autor e coeditor jubilado do nosso blogue, nos facultou o "manuscrito" (em formato pdf), vamos reproduzir aqui mais umas páginas do seu livro. 

Depois da sua paisagem por Bedandam, nosul, na região de Tombali, onde esteve na 4ª CCAÇ como condutor, desde dezembro de 1962 a junho de 1963, e que não lhe deixou saudades, o Amadu Djaló conseguiu ser colocado na 1ª CCAÇ, em Farim, junto à fonteira com o Senegal. Este execrto é o relato dos seus primeiros dias por lá. 

 
Colocado em Farim, na 1.ª CCAÇ, em junho de 1963, fica logo encantado com as beldades femininas locais e convida-as para ir a uma sessão de cinema do senhor Manuel Joaquim  (pp. 58-64)

por Amadu Djaló 
 
Quando regressei a Bissau [, vindo de Bedanda] (**), apresentei-me no dia seguinte, pelas 7h00, na CCS do QG e a novidade que tive foi que a 1.ª CCaç já não se encontrava em Bissau [1]. Entreguei a guia de marcha ao comandante da companhia que ma devolveu por eu não pertencer à CCS. Como não via forma de ver a minha colocação resolvida, ainda me lembrei de ir à 4ª. Rep, outra vez ao major Simões, mas não chegou a ser preciso.

Na 1ª. Repartição entreguei a guia de marcha ao 1º. sargento, que depois de a ler, disse ao sargento Ribeiro que tinha aqui um homem. Mandaram-me apresentar no dia seguinte, com a minha bagagem. Ia para Farim, junto à fronteira norte com o Senegal. Esta conversa curta com o sargento Ribeiro, um bom homem, foi o início de uma amizade.

Então no dia e hora acertados, encontrei, junto ao portão do QG, uma camioneta coberta de lona e junto a ela, o 1º sargento Ribeiro, o condutor, um 1º cabo de etnia papel e um soldado balanta, militares que eu não conhecia. Coloquei a minha bagagem na camioneta, que ia com um carregamento de conservas de sardinha, atum, cavalas, leite condensado, manteiga, margarinas, óleo e azeite.

   Subam e acomodem-se o melhor possível    disse-nos o sargento.

Saímos de Bissau, pouco passava das 8h00 da manhã e chegámos a Farim por volta das 12h30. Para me prevenir precavi-me com um saco de conservas de sardinha e outro de leite condensado.

Com a bagagem na mão, dirigi-me para a caserna e coloquei-a em cima de uma cama que me disseram estar vazia. Depois fui tomar um banho que bem estava necessitado. Mudei de farda e fui dar uma volta pela tabanca.

Depois do jantar seguiu-se um jogo de bisca, para distrair um pouco. Como tínhamos de substituir companheiros que estavam de serviço, saí da caserna para respirar um pouco de ar puro, quando vi três oficiais a dirigirem-se na minha direcção.

    Onde estão os condutores?

   Eu sou condutor!

 –   Não dormimos no quartel e queremos ir dormir. E a viatura não pode ficar fora do quartel. Se arranjarmos um condutor para regressar com o jeep, já podemos entrar.

Ofereci-me. Um dos alferes pegou no volante e conduziu até aos quartos. Satisfeitos, agradeceram e entregaram-me o boletim da viatura devidamente assinado.

No dia seguinte, depois do pequeno-almoço, fui entregar o boletim da viatura e soube que a distribuição das viaturas já tinha sido feita pelo 2º sargento mecânico. Quando lhe entreguei o boletim, ele perguntou-me se eu era condutor.

   Claro que sou, meu sargento!

–  Então, quantos condutores temos cá? Aguentem, ninguém sai daqui!

Foi ao 1º sargento esclarecer-se e informaram-no de que tinha vindo um condutor de Bedanda, que era mais antigo e que, portanto, tinha direito a uma viatura.

Nova forma, um dos novos vai ter que esperar por viatura, até que haja alguma acabada de reparar. Era o António, o soldado condutor mais moderno, a quem lhe tinham entregue uma GMC e que veio para as minhas mãos. Distribuídas as viaturas, arrancámos para a minha 1ª saída rumo a Fambantam, com passagem por Farincó.

Eu nunca tinha conduzido uma GMC. Estranhei, com o acelerador a fundo, não passar dos 30 a 40 kms/hora. Quando cheguei a Fambantam, cheirava a queimado.

Um 1º cabo, negro, mais antigo na vida militar e na companhia, aproximou-se e disse:

   Parece que tens alguma coisa ligada, está a cheirar muito a queimado!

Subiu para ir verificar e descobriu que os redutores estavam ligados.

 – Faltou pouco para queimar o disco   arriscou ele.

Pois, no regresso andei bem, sem mais problemas, embora me tenha ficado a dúvida se teria sido alguém que tenha ligado os redutores, quem sabe para me comprometer.

No meu terceiro dia em Farim, fui dar uma volta pelos bairros. Ainda não conhecia o Adulai Djaló, que era familiar meu no bairro de Nema, muito perto do aquartelamento e que viria a ser meu companheiro.

No caminho encontrei uma moça, aí de 20 anos, e pus-me a falar com ela. Chamava-se Aissata Djaguete Djaló e tinha um bebé com menos de um ano. Era órfã de pai e mãe e divorciada do chefe do bairro de Sinchã, chamado Mode Sore Djare Djaló. Para além do bebé tinha a seu cargo três irmãos mais novos e era ela quem tomava conta deles. 

Era uma história triste e vi que precisava de ajuda. Eu era soldado, o meu vencimento rondava os 120 e poucos escudos [cerca de 50 euros, a preços atuais],  pouco podia fazer por ela. Convidei-a para minha lavadeira e continuei o meu passeio em direcção a Sinchã. Neste bairro noventa por cento da população era futa-fula.

Junto a uma casa vi duas raparigas, uma a fazer tranças no cabelo da outra. Nunca tinha visto uma cena com tanta beleza. Fiquei ali a fazer-lhes companhia.

Uma chamava-se Fatumata Bamba Djaló, a outra Mariama Juto Djaló. Fatumata estava casada com um homem de meia-idade. O pai tinha-a forçado a casar-se, apesar de não ser essa a vontade dela. A outra, a Mariama, ia casar-se no Senegal, dali a duas semanas.

Depois de termos passado a tarde inteira a conversar convidei a Fatumata a ir comigo ao cinema. Se não tinha dinheiro, como ela disse, eu pagava o bilhete. Combinámos encontrar-nos em casa de Aissata Djaguete, que a Fatumata disse ser sua conhecida.

Despedi-me delas por uma tarde tão bem passada e dirigi-me a casa de Aissata.

 – Conheces Fatumata Bamba? Convidei-a a ir comigo ao cinema e ela ficou de vir aqui encontrar-se comigo. E tu, Assumata, queres ir também?

Que sim, que gostava muito.


Guiné > s/l > s/d > Manuel Joaquim dos Prazeres, caçador e empresário do cinema ambulante, com a sua velha Ford de matrícula nº G 05, segundo informação do Amadu Djaló que, por volta de junho de 1963, assistiu, acompanahdo de duas bajudas, a uma sessão de cinema,

Foto (e legenda): © Lucinda Aranha (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Um senhor chamado Manuel Joaquim percorria todas as vilas e cidades num carro, o nº 5 [2] de matrícula da Guiné, a passar filmes e nesse dia encontrava-se em Farim.

No refeitório já estava todo o pessoal a jantar. Comi muito pouco, estava muito alvoroçado, ia encontrar-me com uma rapariga com uma beleza que eu nunca tinha visto. Quase a correr dirigi-me para casa de Aissata, mas a minha convidada de honra ainda não tinha chegado. Vi uns rapazitos por perto e pedi a um que fosse dizer a Fatumata que eu estava à espera dela, mas que fizesse tudo para que o marido dela não soubesse. O rapaz encontrou-a, ela vinha a correr na nossa direcção.

Juntos os três dirigimo-nos para o salão de cinema, comprei os bilhetes e cada uma sentou-se, comigo no meio delas. 

Do filme não guardo recordação, mas lembro-me que, no intervalo, quando as luzes se acenderam, reparei que o capitão, meu comandante de companhia, estava sentado atrás de nós. Com ele estava também o Alferes Almeida, do esquadrão de Bafatá[3], que estava destacado em Farim e que me fez um sinal. Mal o filme acabou,  peguei nelas e arranquei dali. Depois levei Fatumata a casa.

Demorei-me um pouco e, no regresso, encontrei na estrada de Nema para o quartel o jipe do capitão. O que vou fazer? Fugir, esconder-me? Decidi ficar onde estava, na berma da estrada, até o jipe parar um pouco à frente.

 – O que andas a fazer aqui, a esta hora?

 – Fui ao cinema, meu capitão.

 – O cinema já acabou há muito! Tem cuidado em andar sozinho a esta hora. Sobe!

Foi um fim-de-semana inesquecível. Mais tarde quis casar com ela, mas o pai não deu o consentimento, disse que me autorizava a casar com a irmã mais nova, chamada Mariama Bamba Djaló.
__________

Notas do autor ou do editor literário, Virgínio Briote ("copydesk")_

[1] Desde 1 Julho 1963 instalada em Farim.

[2] G-05

[3] EREC 385. Em 2ago62, rendeu o EREC 54, em Bafatá, ficando integrado no dispositivo do BCaç 238 e depois do BCaç 506. Teve um Pelotão destacado em Farim, na dependência, primeiro do BCaç 239, depois do BCaç 507 e finalmente do BCav 490. Tomou parte em diversas acções de patrulhamento e de contacto com as populações, tendo actuado, a partir de 18mar63, em diversas regiões, nomeadamente em Poidom-Ponta do Inglês 
[Xime], Aldeia Formosa, Cumbijã e Nhacobá, entre outras, e destacou diversos efectivos para guarnecer diversas localidades, como Xitole, Camamudo e Geba. Em 22jul64 foi substituído pelo EREC 693 e recolheu a Bissau a fim de efectuar o embarque de regresso. Fonte: História da Unidade.

[Seleção / revisão / fixação de texto / subtítulos / negritos, para efeitos de edição deste poste: LG. ]
___________

Notas do editor:

(*)  Vd. postes de:


22 de setemebro de 2022 > Guiné 61/74 - P23638: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte I: Não fomos todos criminosos de guerra: Deus e a História nos julgarão

(**) Vd. poste de 14 de setembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23615: Bedanda, região de Tombali, no início da guerra - Parte I: Testemunho de Amadu Djaló (1940-2015), relativo ao período de dezembro de 1962 a junho de 1963

domingo, 1 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21504: Memórias cruzadas: relembrando os 24 enfermeiros do exército condecorados com Cruz de Guerra no CTIG (Jorge Araújo) - Parte III



Foto 1 - Região do Óio > "Evacuação de ferido das matas do Morés". 

[Fonte: «Guerra Colonial - Angola, Guiné, Moçambique». Autores: Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes. Edição: Diário de Notícias (s/d), p 95], com a devida vénia.



Foto 2 - Matas da Guiné (1970) > "Assistência a Feridos". Margarida Calafate Ribeiro, «Dois depoimentos sobre a presença e a participação femininas na Guerra Colonial», Revista Crítica de Ciências Sociais [Online], 68 / 2004, Online since 01 October 2012. 

Fonte: Zulmira André (com a devida vénia...)



Foto 3 – Nova Lamego > 1973 > o 1.º Cabo Enf Alfredo Dinis, da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, 1973/1974), a "tratar de graves queimaduras do Filipe, resultantes da explosão de um gerador de energia, no quartel". 

Foto do álbum de Alfredo Dinis (já falecido) – P6060, com a devida vénia. Ver, também, "Memórias de Gabú (José Saúde): Recordando o saudoso enfermeiro Dinis" – P14106.


 


O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, ainda no ativo;  tem cerca de 270 referências no nosso blogue.



MEMÓRIAS CRUZADAS NAS "MATAS" DA GUINÉ (1963-1974):

RELEMBRANDO OS QUE, POR MISSÃO, TINHAM DE CUIDAR DAS FERIDAS CORPOREAS PROVOCADAS PELA METRALHA DA GUERRA COLONIAL: «OS ENFERMEIROS» 

OS CONTEXTOS DOS "FACTOS E FEITOS" EM CAMPANHA DOS VINTE E QUATRO CONDECORADOS DO EXÉRCITO COM "CRUZ DE GUERRA", DA ESPECIALIDADE "ENFERMAGEM"

PARTE III

 

► Continuação do P21421 (II) (06.10.20)(*)

1.   - INTRODUÇÃO


Na génese do presente trabalho de investigação, tal como o verificado nas anteriores temáticas, continua a prevalecer a ideia [a nossa] de que é possível ampliar o quadro historiográfico da designada «Guerra Colonial / Guerra do Ultramar / Guerra de África» (1962-1974), através do recurso ao vasto espólio documental produzido pela geração dos ex-combatentes, onde nos incluímos, pondo em prática a técnica metodológica de "análise de conteúdo", conceito intrínseco ao por nós titulado de «Memórias Cruzadas».


No caso em apreço, procuramos salientar o importante papel desempenhado pelos nossos camaradas da "saúde militar" (e igualmente no apoio a civis e população local) – médicos e enfermeiros/as (as paraquedistas, por exemplo a da foto 2) – na nobre missão de socorrer todos os que deles necessitassem, quer em situação de combate (por exemplo a da foto 1), quer noutras ocasiões de menor risco de vida (medicina geral), mas sempre a merecerem atenção e cuidados especiais (por exemplo a da foto 3).


Recordamos, a propósito da estrutura global deste trabalho que ele foi dividido em partes, onde procuramos descrever cada um dos contextos da "missão", analisando "factos" e "feitos" (os encontrados na literatura) dos seus actores directos "especialistas de enfermagem", onde cada caso acabaria por influenciar a Chefia Militar na argumentação para um "louvor" e que se transformaria, depois, em condecoração com «Cruz de Guerra», maioritariamente de 3.ª e 4.ª Classe. Para o efeito, a principal fonte de informação/consulta utilizada foi a documentação oficial do Estado-Maior do Exército, elaborada pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974).


2.   - OS "CASOS" DO ESTUDO


De acordo com a coleta de dados da pesquisa, os "casos do estudo" totalizaram vinte e quatro militares condecorados, no CTIG (1963/1974), com a «Cruz de Guerra» pertencentes aos «Serviços de Saúde Militar», três dos quais a «Título Póstumo», distinção justificada por "actos em combate", conforme consta no quadro nominal elaborado por ordem cronológica e divulgado no primeiro fragmento – P21404.


Neste terceiro fragmento analisaremos mais dois "casos", ambos registados no ano de 1965, onde se recuperam mais algumas memórias, sempre dramáticas quando estamos perante situações que fazem apelo à sobrevivência de um SER.


3.   - OS CONTEXTOS DOS "FEITOS" EM CAMPANHA DOS MILITARES DO EXÉRCITO CONDECORADOS COM "CRUZ DE GUERRA", NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "ENFERMAGEM" - (n=24)


 

3.5        - ARMANDO REIS MARQUES, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO DA CCAV 487, CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE

 

A quinta ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 4.ª Classe, que seria a segunda de quatro distinções contabilizadas durante o ano de 1965, teve origem no desempenho tido pelo militar em título, ao socorrer os camaradas da sua unidade [CCAV 487] feridos durante a «Operação Ebro», realizada em 24 de Março de 1965, com o objectivo da conquista de Canjambari Praça.


► Histórico

 


◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração

▬ O.S. n.º 65, de 10 de Agosto de 1965, do QG/CTIG:


"Agraciado com a Cruz de Guerra de 4.ª Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 19 de Março de 1966: O 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 276/62, Armando Reis Marques, da Companhia de Cavalaria 487 [CCAV 487] – Batalhão de Cavalaria 490, Regimento de Infantaria n.º 3."


● Transcrição do louvor que originou a condecoração:


"Louvo o 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 276/62, Armando Reis Marques, da CCAV 487, porque ao longo de vinte e dois meses em que prestou serviço na Companhia, demonstrou que, além de ser muitíssimo competente na sua especialidade, possui muitas e apreciáveis qualidades, nomeadamente de coragem, desembaraço, sangue- frio, dedicação e desprezo pelo perigo.


Numa acção realizada em 24 de Março de 1965 [4.ª feira] na região de Canjambari [«Operação Ebro»], ao serem feridos três camaradas, não hesitou em, imediatamente, lhes prestar os necessários socorros, apesar da zona em que estes se encontravam continuar a ser batida por intenso fogo.


Militar correcto, aprumado e cumpridor, é um dos melhores elementos da sua Companhia e é merecedor do reconhecimento do Exército e da Nação." (CECA; 5.º Vol, Tomo III, p 184).


CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA


Para contextualização da ocorrência que esteve na base da condecoração do 1.º Cabo enfermeiro, Armando Reis Marques, socorremo-nos das memórias reproduzidas pelo camarada António Bastos, do PCAÇ 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/1966), relacionadas com a «Operação Ebro», na qual também participou.


No P9636, António Bastos dá-nos conta que o objectivo daquela missão militar era a ocupação de Canjambari Praça, local onde a sua Unidade iria ficar, doravante, instalada. As forças mobilizadas para o cumprimento da "acção", comandadas pelo TCor Cav Fernando José Pereira Marques Cavaleiro (1917-2012), Cmdt do BCAV 490, eram constituídas pela CCAV 488, um Gr Comb da CCAV 487, PRec Fox 693, PRec Daimler 810, PSap CCS/BCAV 490, PMil 5, um Gr Comb da 1.ª CCAÇ, e o seu PCAÇ 953.


No decurso da progressão, o IN flagelou o PCAÇ 953 reforçado com o PRec Daimler 810, em Canjambari. As NT deixaram o grupo IN – com elementos armados, fardados e com capacete – aproximar-se até cerca de 10 metros, antes de abrir fogo. O IN reagiu durante cerca de 30 minutos, causando três feridos às NT e sofrendo alguns mortos. Enquanto decorria a emboscada, as NT foram flageladas da margem sul de Tita Sambo.


Como complemento ao relato anterior, recuperámos um depoimento mais detalhado, também da autoria de António Bastos, localizado no «cmjornal», edição de 21 de Junho de 2009, domingo, onde refere:


[…] "A Farim chegámos no dia 16 de Março de 1965 (2.ª feira). Eram 11h00. Fomos recebidos pelo comandante do Batalhão de Cavalaria 490 [BCAV 490], TCor Fernando Cavaleiro, e instalados na caserna do pelotão de morteiros [PMort 980], onde passámos alguns dias até começarem as operações. Uma semana depois [24Mar65] fomos acordados a meio da madrugada para participar na operação de invasão de Canjambari Praça (nome de código "Ebro").


Estávamos no terreno há duas horas e meia quando rebentou uma mina sob uma viatura carregada de chapas e bidões abertos, entre outros materiais para a construção do destacamento. Não se registaram baixas, mas mal nos tínhamos refeito do susto fomos alvo de uma emboscada, que durou até meio da tarde. Depois os bombardeiros (T6) entraram em acção e, pelas 17h00, conseguimos avançar na conquista de Canjambari Praça (infografia acima).


Quando a situação estava controlada, recuámos para Canjambari Morcunda, a três quilómetros, onde foi construído o aquartelamento. Foi todo feito com a força humana do meu pelotão e de um pelotão de africanos [1.ª CCAÇ]." […]


(Fonte: https://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/sofremos-castigo-por-causa-da-comida), 

com a devida vénia.

 


Foto 4 – Região do Óio > Farim > Canjambari > (24Mar65): "Foto tirada minutos antes de rebentar a emboscada. A secção que ia na frente deixou de ouvir os pássaros e os macacos, e fez alto à coluna. Logo a seguir ficava a bolanha e depois uma grande árvore atravessada na estrada onde eles diziam que era a porta-de-armas. Aí a secção (do PCAÇ 953) começou a embrulhar." 

[Foto do álbum de António Bastos, publicada no P9636], com a devida vénia.

 

3.5.1    - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAVALARIA 487

= FARIM E BISSAU [PARTICIPOU NA OPERAÇÃO «TRIDENTE» INTEGRADA NO SEU BATALHÃO (BCAV 490)] (1963-1965)


Mobilizada pelo Regimento de Cavalaria 3 [RC3], de Estremoz, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Cavalaria 487 [CCAV 487], embarcou em Lisboa, em 17 de Julho de 1963, quarta-feira, a bordo do N/M «NIASSA», sob o comando do Capitão de Cavalaria António Varela Romeiras Júnior. Na mesma viagem seguiram também as "unidades gémeas", CCAV 448 e CCAV 449, assim como a CCS e o restante colectivo do BCAV 490. A sua chegada a Bissau ocorreu na segunda-feira seguinte, ou seja, em 22 de Julho de 1963.


3.5.2    - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAV 487


Após o desembarque, a Companhia de Cavalaria 487 «CCAV 487» permaneceu em Bissau, às ordens do comando do seu Batalhão, como unidade de intervenção, em reforço do BCAÇ 512 [22Jul63-12Ago65, do TCor Inf António Emílio Pereira de Figueiredo Cardoso]. Nesse âmbito foi destacada para diversas operações na região do Óio-Morés, nas zonas de Encheia, Fajonquito, Bissorã e Morés, em reforço de outros Batalhões. De 14Jan64 a 24Mar64, foi integrada no seu Batalhão, na operação «Tridente», realizada nas Ilhas de Como, Caiar e Catunco, reforçada com outras subunidades, incluindo fuzileiros especiais e paraquedistas.


Concluída a sua participação na Região do Como, seguiu para Farim a fim de substituir a CART 640 [03Mar64-27Jan66; do Cap Art Carlos Alberto de Matos Gueifão] na função de subunidade de intervenção e reserva do Sector, inicialmente na dependência do BCAÇ 512 e despois do seu próprio Batalhão até ao embarque de regresso, ocorrido em 12 de Agosto de 1965.


Em 25 de Março de 1965, no âmbito da «Operação Ebro», instalou forças para ocupação da povoação de Canjambari, no seu sector, tendo as suas subunidades ficado integradas no dispositivo e manobra do seu Batalhão, a partir de 31 de Maio de 1964. (CECA; p 253).


3.6   - JOSÉ ANDRÉ DOS SANTOS, SOLDADO MAQUEIRO DO EREC 693, CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 3.ª CLASSE 


A sexta ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 3.ª Classe - a terceira de quatro distinções contabilizadas durante o ano de 1965 - teve origem no desempenho tido pelo militar em título, durante a «Operação Início», realizada em 18Jul65 (domingo), na região de Dunane (infografia abaixo), ao socorrer os camaradas feridos, tal como ele, até ao momento em que teve de ser evacuado de helicóptero, por se ter agravado o seu estado de saúde.


► Histórico



◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração


▬ O.S. n.º 73, de 03 de Setembro de 1965, do QG/CTIG:


"Manda o Governo da República, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 3.ª Classe, ao abrigo dos artigos 9.º e 10.º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa: O Soldado maqueiro, n.º 207/64, José André dos Santos, do Esquadrão de Reconhecimento 693 [EREC 693] – Batalhão de Cavalaria 705, Regimento de Infantaria n.º 8."


● Transcrição do louvor que originou a condecoração:


"Louvado o Soldado n.º 207/64, José André dos Santos, do EREC 693, porque durante a emboscada sofrida na «Operação Início» [18Jul65], apesar de duramente atingido na cabeça pelo fogo inimigo, não se deixou desanimar pelo sofrimento, nem pelo sangue que jorrava em abundância e foi incansável e decidido nos primeiros socorros prestados aos restantes camaradas feridos, mantendo sempre debaixo de fogo autodomínio, abnegado espírito de sacrifício, de altruísmo e de camaradagem, dignos de especial destaque, tanto mais que o seu estado veio a impor pouco depois a sua evacuação por helicóptero." (CECA; 5.º Vol.; Tomo III; p 348).


CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA


Na bibliográfica consultada, quer a de âmbito oficial quer o espólio a que habitualmente recorremos, não foi encontrada qualquer referência ao contexto relacionado com a «Operação Início», a acção militar que está na origem da condecoração atribuída ao soldado maqueiro José André dos Santos, do EREC 693, o que se lamenta.


3.6.1    - SUBSÍDIO HISTÓRICO DO ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO 693

= BAFATÁ - FARIM - MANSOA - CANQUELIFÁ - PICHE - SARE GANÁ - (1964-1966)


Mobilizado pelo Regimento de Cavalaria 8 [RC8], de Castelo Branco, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, o Esquadrão de Reconhecimento 693 [EREC 693] embarcou em Lisboa em 15 de Julho de 1964, quarta-feira, sob o comando do Capitão de Cavalaria Jaime Alexandre Santos Marques Pereira, tendo o seu desembarque ocorrido em 21 do mesmo mês.


3.6.2    - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DO EREC 693


Após a sua chegada a Bissau, o EREC 693 seguiu para Bafatá, a fim de substituir o EREC 385 [02Ago62-23Jul64, do Cap Cav José Olímpio Caiado da Costa Gomes] como subunidade de reserva móvel do Sector do BCAÇ 506 e depois do BCAV 757. De 08Nov64 a 07Abr66, destacou um pelotão para Farim, onde reforçou o dispositivo do BCAV 490 e depois do BART 733 [14Out64-07Ago66, do TCor Art José da Glória Alves]. Por períodos variáveis, destacou pelotões para reforço de outros sectores, nomeadamente para Mansoa, de 14Jan65 a 31Mai65, em reforço do BART 645 [10Mar64-09Fev66, do TCor Art António Braamcamp Sobral], ou para reforço temporário das guarnições de Canquelifá, de 11Ago64 a 06Set64 e de 24Fev65 a 29Mar65, Piche e Sare Gana.


A partir de 01Jun65, passou à dependência operacional do CmdAgr24, mantendo a anterior missão de patrulhamento, escoltas, emboscadas e protecção, segurança e limpeza de itinerários e intervenção em operações destacando-se a «Operação Início», na região de Dunane, entre Piche e Canquelifá, em 18 de Julho de 1965, e a «Operação Aurora», na região de Banjara, de 27Abr66 a 09Mai66, entre outras.


Ainda no que concerne à «Operação Início», para além dos feridos a necessitarem de apoio de enfermagem (primeiros socorros), entre os quais se incluía o soldado maqueiro José André dos Santos, como ficou descrito no ponto da fundamentação que determinou a condecoração, um elemento do EREC 693, o soldado condutor auto rodas, Carlos Ribeiro Pereira, não resistiu vindo a falecer. Foi inumado no Cemitério de Bafatá, Campa n.º 19, conforme se pode conferir na nota de óbito abaixo (CECA; 8.º Vol., p 133).  

 

Entretanto, o EREC 693 continuou a ceder pelotões para reforço de diversos sectores, nomeadamente do BCAV 757 [23Abr65-20Jan67, do TCor Cav Carlos de Moura Cardoso, que era composto apenas por Comando e CCS] e depois do BCAÇ 1856 [06Ago65-15Abr67, do TCor Inf António da Anunciação Marques Lopes], em Bafatá, desde princípios de Jan66 e do BCAV 705 [24Jul64-14Mai66, do TCor Cav Manuel Maria Pereira Coutinho Correia de Freitas], em Piche, desde finais de Mar66. Em 13Mai66, foi substituído pelo EREC 1578 [13Mai66-25Jan68, do Cap Cav António Francisco Martins Marquilhas] e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso, que se realizou em 14Mai66, a bordo do N/M «UÍGE». (CECA; 7.º Vol., p 553).

Continua…

► Fontes consultadas:

Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 5.º Volume; Condecorações Militares Atribuídas; Tomo II; Cruz de Guerra, 1962-1965; Lisboa (1991).


Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).


Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001).

Ø  Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.


Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.


11Out2020

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Nota do editor:


(*) Postes anteriores da série:

6 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21421: Memórias cruzadas: relembrando os 24 enfermeiros do exército condecorados com Cruz de Guerra no CTIG (Jorge Araújo) - Parte II

30 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21404: Memórias cruzadas: relembrando os 24 enfermeiros do exército condecorados com Cruz de Guerra no CTIG (Jorge Araújo) - Parte I

terça-feira, 21 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14907: Consultório militar de José Martins (13): Quem procura sempre alcança: aqui vai, camarada Ley Garcia, presidente do Núcleo de Leiria da LC: o camarada que o Manuel da Conceição Neves, que vive em França, procura, é o ex-1º cabo radiomontador Manuel Avelino Marques Ferreira, EREC 693 (Bafatá, 1964/66)

I. Mensagem de ontem do nosso camarada e colaborador permanente José Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70):

Camarigos:

É com grato prazer que respondo a questão formulada pelo nosso camarada Ley Garcia, a quem é enviada também, através da resposta hoje recebida do Arquivo Geral do Exército.

O Manuel Neves já pode tentar encontar o seu amigo.

Numa pesquisa efectuada na Net não encontrei qualquer referência ao "procurado".

Abraço para todos,
Zé Martins

PS - Mais um "caso" resolvido. Que venham mais. Estamos cá para isso. Tenho que revelar que, quer o AGE [Arquivo Geral do Exército] quer o AHM [Arquivo Histórico Militar], me têm ajudado a resolver muitas questões e, sobretudo, pedidos. (*)


II.  Historial (abreviado) da consulta:

(i) Pedido do Ley Garcia [, Presidente do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes ]:

Liga Leiria <leiriliga@gmail.com>
Data: 2 de junho de 2015 às 15:28
Assunto: Procura camarada da Guiné

Bom dia caro Luís Graça e camaradas da Guiné,

Um sócio nosso, Manuel Conceição Neves, nº 1049/64, procura um camarada do tempo da Guiné que esteve nos anos 1964 a 1966 em Bafatá, no Esquadrão de Cavalaria 8 - 693.

Não se recorda do nome, mas trata-se do 1º Cabo 1048/64, Rádio Montador que era da Anadia ou de Cantanhede (Ourives). Se por acaso conseguir identificá-lo e obter o contacto, agradecemos.

Um abraço
Ley Garcia
(Presidente do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes e participo nalguns convívios da Tabanca do Centro) 


(ii) Mail do Zé Martins de 12 do corrente:

Caríssimos

Conforme prometido, estive ontem do Arquivo Histórico Militar, para analisar a História do Esquadrão de Cavalaria nº 693. a que pertenceu o nosso camarada Manuel da Conceição Neves.

Esperava encontrar a listagem de todos os elementos que a compunham, o que não sucedeu, visto na pasta estarem apenas: 9 (nove) páginas sobre situação de material, instalações e informações variadas; 4 (quatro) páginas sobre Baixas, Punições, Louvores e Condecorações; 2 (duas) páginas de operações, mas da autoria do Agrupamento 24.

Não havendo listagens dos elementos ou a listagem de atribuição da Medalha das Campanhas, que seria a alternativa, solicitamos o processo do BCaç 506, Batalhão a que o Esquadrão ficou adido operacionalmente.

Poderia ser que no processo, caso houvesse, que tivesse transcrito o nome dos elementos. Infelizmente não existe História da Unidade. Apenas existe correspondência do Batalhão com outras entidades.

Resta solicitar aos editores a publicação de um apelo, para ver se aparece alguém desta Unidade ou, de um dos batalhões a que esteve ligado operacionalmente, já que, é muito provável que o Rádiomontador do EREC 693, prestasse serviço nas oficinas rádio do mesmo.

Infelizmente são as noticias que tenho.

Abraço
Zé Martins


(iii) Pedido do Zé Martins, de 14 do corrente,  ao Arquivo Geral do Exército (AGE):

Data: 14 Jul 2015 22:37:21 +0100

De: JOSEsmmartins@sapo.pt
Assunto: Consulta de identidade
Para: arqgex@mail.exercito.pt

Exmº Senhor Director

Um conterrâneo meu, residente em França, e combatente na Guiné integrado no Esquadrão de Reconhecimento nº 693, de nome Manuel Conceição Neves e com o número de identificação 1049/64.

O meu amigo pretendia saber o nome do seu camarada de Esquadrão, 1º Cabo Rádio Montador com o nº 1048/64, pois não se recorda do nome, e gostava de o visitar na próxima vinda a Portugal.

Consultei a História da Unidade no Arquivo Histórico Militar, mas a mesma não tem qualquer relação nominal dos militares que a constituíram, assim como não há referências à relação do pessoal deste Esquadrão, nas HU dos batalhões de que esteve dependente.

Suponho que a hipótese que se coloca é a de consultar as Ordens de Serviço do Esquadrão de Reconhecimento nº 693, pois lá deverá constar a listagem de militares apresentados e a passagem à disponibilidade, pelo que solicito o obséquio de mandar proceder a esta pesquisa ou, em alternativa, autorizar-me a consultar as referidas ordens de serviço.

Aguardando as v/ notícias, apresento os meus cumprimentos
José da Silva Marcelino Martins


(iv) Resposta do Arquivo Geral do Exército:

N/Referência: E-mail N.º 066@/P165/SDG/AGE de 20 de julho de 2015.
S/Referência: E-mail de 14 de julho de 2015.

Exmo. Sr. José da Silva Marcelino Martins (JOSEsmmartins@sapo.pt)

1. Através do Sr.º José da Silva Marcelino Martins foi pedido para o Sr. Manuel da Conceição Neves o nome de um seu camarada que tinha o número 1048/64, o qual foi identificado como sendo o 1.º CABO MANUEL AVELINO MARQUES FERREIRA.

2. Mais informa este Arquivo que não dispomos de moradas de antigos combatentes e que a informação aqui prestada tenha como destino, unicamente e exclusivamente, o Sr. Manuel da Conceição Neves que fez parte da Esquadrão de Reconhecimento N.º 693.

Com os melhores cumprimentos,
O Chefe em Exercício de Funções
Marcelo Hernâni de Teves Borges
Maj SGE
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Notas do editor:

Último poste da série > 10 de dezembro de 2014 >  Guiné 63/74 - P14000: Consultório militar de José Martins (12): Resenhas da CCAÇ 4150/73, COMBIS e Companhia de Terminal