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domingo, 10 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24638: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - IX (e última) Parte: APSIC


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Candamã, aldeia (tabamca) em autodefesa do regulado de Corubal que a guerra despovoou > Um improvisado Posto Escolar Militar (PEM). Do lado esquerdo, ao alto, numa árvore, está afixado um cartaz de propaganda das NT: "Juntos venceremos". Sob a bandeira das quinas, duas mãos (uma branca e outra preta) apertam-se... Foto do álbum do ex-alf mil, CART 2339 (Fá e Mansambo, 1968/69), Torcato Mendonça (1944-2021).

Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar(; Blogue Luís GRça & Camaradas da Guiné]


Classes

PEM 22

PEM 26

Total

Pré.primária

38

80

118

1ª classe

28

40

68

2ª classe

19

25

44

3ª classe

20

5

25

4ª classe

4

1

3

Total

109

151

260

Quadro 3 – Postos Escolares Militares 22 e 26: alunos por grau de instrução, nos anos letivos de 1970/71 e 1971/72. Presumimos que o PEM 26 fosse em Catió (com mais. população) e o PEM 22 em Cabedu ou Ilhéu de Infanda.

 

Classes

PEM 22

PEM 26

Total

Pré- /1ª classe

17

10

27

1ª/2ª  classe

8

17

25

2ª/3ª  classe

10

1

11

3ª/4ª  classe

8

-

8

Exame 4ª clas

-

-

.

Total

33

28

71

 Obs.: Taxa de sucesso escolar: 30,3% (PEM 22), 18,5% (PEM 26), e 27,3% (Total)

Quadro 4 – Postos Escolares Militares 22 e 26: alunos por passagem de classe e grau de instrução, nos anos letivos de 1970/71 e 1971/72


Classes

Frequència

Aprovação

3ª classe

3

1

4ª classe

18

14

Total

21

15


Obs: A companhia era composta por 5 oficiais, 17 sargentos e 144 praças, num total de 166 militares. Das praças, 1 em cada 4 eram cabos. O total dos soldados seria da ordem dos 110. Se admitirmos que os soldados (n=21) que frequentaram a 3ª e 4ª classe dos PEM 22 e 26, eram todos da companhia, estamos a falar de3 19% de analfabetos ou de homens sem a escolariade obrigatória.  Quanto à taxa de aproveitamento escolar foi de 72%.

Quadro 5 – Assistência educativa às NT


Infografias: Blogue Luís Graça & Canmaradas da Guiné (2023)


1. Continuação da publicação de alguns alguns excertos da História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72). Esta é a IX (e última) parte.

Foi um antigo aluno meu, pessoa que muito estimo, o médico do trabalho Joaquim Pinho, da região centro, que me facultou, há uns anos atrás, cópia (não integral) desta história da CCAÇ 2792, que era comandada pelo cap inf Augusto José Monteiro Valente,

Uma cópia da história da unidade froi oferecida ao Centro de Documentação 25 de Abril, em vida, pelo então major general Monteiro Valente (1944-2012), ex-elemento do MFA, com papel de relevo nos acontecimentos do 25 de Abril, na Guarda (RI 12) e Vilar Formoso (PIDE/DGS), bem como no pós- 25 de Abril. 

Foi também comandante da GNR, e era licenciado em História pela Universidade de Coimbra.

Entre outros cargos e funções, foi instrutor, comandante de companhia e diretor de cursos de Operações Especiais, no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Lamego (1968-1970, 1972-1974). (Foto à direita, cortesia do blogue Rangers & Coisas do MR", do nosso coeditor, amigo e camarada Eduardo Magalhães Ribeiro).



História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - IX (e última Parte): APSIC

 
Atividade no domínio socioeconómico;

1.      1. Obras executadas

(i)               abertura e desmatação da estrada Catió-Cufar no troço da ZA da companhia;

(ii)              desmatção da estrada Catió-Ilhéu de Infanda;

(iii)            início da construção do reordenamemto de Quibil;

(iv)            construção de 1 posto escolar militar (PEM);

(v)              construção de 1 posto sanitário;

(vi)            construção de 1 mesquita;

(vii)           construção de 1 heliporto;

(viii)          construção de 3 poços com bomba;

(ix)             construção de 3 fontanários;

(x)              construção de 2 bebedouros;

(xi)             construção de 2 lavadouros.


2. Assistência educativa às populações e às NT (**)

Vd. quadros 3, 4 e 5, acima. Taxa de aproveitamento escolar da ordem dos 27%.


3. Assistência sanitária à população

Ano

Total

1970

400

1971

5511

1972

3561

Total

9472

Quadro 6 – População assistida, por ano


4. Autodefesa:

(i)         foi  reestruturada a organização defensiva do aglomerado populacional de Cabedú; para esse efeito foram construídfas 9 trincheiras de combate e 3 espaldões para  armas coletivas; foi aumentada e reforçada a vedação de arame farpado; e foi instruída a milícia e a população armada;

(ii)       no reordenamento do Ilhéu de Infanda processou-se a abertura de uma rede de trincheiras de combate e comunicação a toda a volta do reordenamento e a renovação integral da vedação de arame farpado;

(iii)      no reordenamento de Quibil foi erguida a toda a volta um vedação de arame farpado.

Fonte: Adapt. de História da unidade, capítulo II, pp. 117, 118 e 119.

 ____________

Notas do editor


Postes anteriores da série:



29 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24516: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte V: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: as primeiras duas baixas em combate

24 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24500: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte IV: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas ZA de Catió e Cabedu: missão

12 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24471: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte III: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas ZA de Catió e Cabedu: descrição do terreno (relevo e hidrografia, solo, cobertura vegetal, clima, agricultura)

6 de julho de 023 > Guiné 61/74 - P24455: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte II: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas zonas de acção de Catió e Cabedu

4 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24450: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte I: Mobilização, composição e deslocamento para o CTIG em 19 de setembro de 1970

E ainda;

3 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24447: Casos: a verdade sobre... (34): A CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72), comandada pelo cap inf Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), e depois maj gen ref, que embarcou para o CTIG sem três alferes (que terão desertado) e durante a IAO ficou sem o último, por motivos disciplinares...

(**) Vd. CECA (2015):

De acordo com o “Relatório Anual do Comando” do CCFAG, referente ao ano de 1971, e no que respeita “APSIC” (Ação Psicológica), e mais concretamente à ”assistência educativa”, sabemos que, no CTIG, 

(i) “durante o ano lectivo 1970/71 estiveram em funcionamento 92 Postos Escolares Militares (PEM) assistidos por 116 professores, sendo 80 metropolitano e 36 guinéus;

(ii) “a frequência foi de 6.895 alunos dos quais 1.569 eram do sexo feminino" (c. 23%).

(iii) “Registou-se uma percentagem geral de 37,1% de aproveitamento em todas as Classes, (Pré-primária 36,9%; 1* lasse, 32%, 2ª Classe 59,3%, 3ª Classe 50,8% e 4ª Classe 38,3%)"

(iv) "o que pode considerar-se bom se atendermos às dificuldades existentes, e muito especialmente por se processar unicamente no meio rural”;

(v) "O ano escolar de 1971/72 iniciou-se com 119 PEM a funcionar e estando matriculados 7.783 alunos. A actividade docente está a cargo de 154 professores dos quais 56 são guinéus".

Fonte: Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pág. 79 (Com a devida vénia...)

sábado, 9 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24635: In Memoriam (484): Carlos Alberto Rodrigues Cruz (26/05/1941 - 07/09/2023), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió e Cachil, 1964/66)

IN MEMORIAM



********************

Conforme notícia do nosso amigo Manuel Resende na página do Facebook da Magnífica Tabanca da Linha, faleceu no passado dia 7 o nosso camarada Carlos Cruz.

As cerimónias fúnebres terão lugar hoje, sábado, com a celebração de uma Missa às 14 horas e 30 minutos, seguindo-se o funeral para o cemitério de Oeiras.

O nosso malogrado amigo Carlos Cruz, que se apresentou à tertúlia em Janeiro de 2014, apesar do AVC que o vitimou há uns anos e deixou bastante limitado na sua mobilidade, ainda compareceu em três dos Convívios da Tabanca Grande, em Monte Real.
Nesta foto, de 5 de Maio de 2018, durante o XIII Encontro da Tertúlia, em Monte Real, vemos o Carlos ladeado pela Enfermeira Paraquedista Gilselda Pessoa e pelo coeditor Carlos Vinhal. À esquerda, de pé, a sua filha Ana Cristina. Falta na foto a companheira de uma vida do Carlos, a Irene, que sempre o acompanhou até Monte Real.
Nesta foto, num convívio da Maganífica Tabanca da Linha, em 2016, o Carlos Cruz acompanhado pela sua esposa Irene.

********************

Nesta hora difícil, a tertúlia junta-se à dor da família do Carlos, deixando o seu testemunho de pesar e solidariedade.
Para a esposa Irene, filha Ana Maria e demais familiares, as nossas mais sentidas condolências.
O Carlos foi um corajoso militar e um lutador contra a doença que o apoquentou. Que lhe seja concedida agora toda a paz que merece.
Os editores

____________

Nota do editor

Último poste da série de 22 DE AGOSTO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24577: In Memoriam (483): Senhora Enfermeira Maria Manuela Gonçalves Beja dos Santos (08/03/1937-22/08/2023), irmã do nosso camarada Mário Beja Santos

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24597: Tabanca Grande (553): Souleimane Silá, nascido em 1958, filho da "Rainha de Catió (que afinal era natural do Xitole)", a viver hoje no Luxemburgo: senta-se à sombra do nosso poilão, no lubgar nº 881


Souleimane Silá, nascido em Catió, em 1958:
novo membro da Tabanhca Grande, nº 881


1. O Souleimane Silá, filho da "Rainha de Catió" (*), chegou ao nosso blogue através do Formulário de Contacto do Blogger. Aqui vai a sua primeira mensagem:

Data - segunda, 14/08/2023, 10:10

Agradeço que me seja permitido publicar minha versão da vossa publicação de passado 09/agosto/2023 sobre as recordações do entâo major Pinheiro referente a rainha de Catio (**),

Aceitem um caloroso bom dia de filho daquela madame e, dar meu testemunho. Souleimane SILA (Luxembourg, 14/agosto/2023

Cumprimentos,
Souleimane Silá 


2. Depois de publicar a sua mensagem do dia 13 do corrente, no poste P24556 (*), deixámos-lhe um convite para integrar a nossa Tabanca Grande, convite que ele aceitou;

(...) Aproveito, por fim, para convidar o Souleimane Silá (a quem agradeço estas carinhosas confidências sobre a senhora sua mãe) para se juntar a este blogue que é dos camaradas e dos amigos da Guiné. (...)

 
3. O Benito Neves, seu amigo do Facebook, e nosso camarada (ex-fur mil cav, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67) faz questão de "apadrinhar" a sua entrada no blogue:

Data - quinta, 17/08/2023, 18:17

Caro Luís, boa tarde e votos de boa saúde.

A seguir transcrevo a troca de mensagens havidas com o Souleimane Silá cujo propósito será com o maj Pinheiro.

Se for necessário padrinho para apadrinhar a adesão ao blogue, podem contar com a minha disponibilidade.

Forte abraço.

“Quero pedir um favor. O ex-major e comandante Pinheiro que esteve em Catio 70/72, amigo e conhecido da minha família postou no blog Camaradas de Guiné fotos da minha mãe, rainha de Catio, no dia 09/agosto/2023 que eu de seguida comentei enviei um comentário meu para Luís Graça por email que pensei ele tornaria público. 

O importante ele admitiu-me na família do blog fazendo saber que existe, vivo, um filho dessa rainha que acaba de se juntar. Foi o que Sr Victor Condeço tentou pôr-me em contacto em 2007, não foi possível. Que me lembre ainda em 2004/2005 através de exaustivas diligências consegui encontrar-me com o Sr Pinheiro em Carcavelos, Cascais, afinal éramos vizinhos. Ele se lembrou de todos membros da minha família, mais ainda da minha irmazinha ferida na época dele (que se encontra junto dele numa das fotos que postou ao lado da minha mãe e pequenas irmazinhas) (...)

Actualmente, com a adesão dele ao blogue, de Luís Graça camaradas de Guiné, ao ponto de ousar postar essa relíquia, rogo você, meu mano Benito, que ajude restabelecimento de contacto dele, à pedido da minha tal irmazinha (hoje mãe, avó e Madame) que lhe quer falar.

Souleimane Silá




"Rainha de Catió" (c. 1972)

Guiné > Região de Tombali > Catió > BCAÇ 2930 (Catió, 1970-72) >  O então maj inf Mário Arada Pinheiro, 2.º cmdt do BCAÇ 2930, com a "rainha de Catió", sua lavadeira,  e algumas das suas filhas... Em chão nalu, ela era fula (*), nascida e crescida em Xitole.

Foto (e legenda): © Mário Arada Pinheiro (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali > Catió > Álbum fotográfico de Benito Neves (ex-Fur Mil Atirador da CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67, membro da nossa Tabanca Grande desde Abril de 2007) >Foto-010 > Catió 1967- Lagoa entre Catió e Priame.



Guiné > Região de Tombali > Catió > Álbum fotográfico de Benito Neves (ex-Fur Mil Atirador da CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67, membro da nossa Tabanca Grande desde Abril de 2007) > Foto-022 Catió 1967- Vista aérea na região de Catió

Foto (e legenda): © Benito Neves (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


4. Nova mensagem do Souleimene Silá:

Assunto: Sobre comentários de 16/agosto/2023 no blog
Data - 28 ago 2023 15:50

Mantenhas, queridos camaradas da nossa Grande Tabanca "Luís Graça & Camaradas da Guiné"!

Quero falar um pouquinho dos comentários relatados no dia 16/08/2023 no nosso Blog  (*), que entendi ser necessário trazer ao vosso conhecimento sem de jeito nenhum pretender retirar mérito aos camaradas que abordaram.
 
(i) Quando na verdade reconheci a rainha minha mãe e a mi nha irmazinha com perna ferida, víima dum ataque dos outrora "terroristas" (fev72), ao lado do ilustre comandante do aquartelamento Sr Pinheiro (ex-majo), não hesitei. Veio-me em memória a outra face prestigiosa da missão militar colonial: política de proximidade às populações. Essa presença ilustra também esse sentimento. 

A tabanca de Catio-fula aonde nasci e cresci estava situada directamente na linha de fogo dos "terroristas", porque os tiros provinham da zona norte, de Ganjola e arredores em direcção ao Quartel de Catio (linha recta) e resulta geralmente o nosso bairro de Catio-fula que acabava sofrendo as desastrosas consequências, diferentemente doutras tabancas de Priame ao nascente,  assim como Catio-balanta e Areia ao poente. 

O que nunca entendi é o porquê de meu pai persistir em não arredar pé. Lembro-me duns colegas dele (Malam Fulinho, Sori Bombeiro, Samba Dabo, Bôbo Quetcho e tantos outros se foram para novos pousos). Foi nosso destino.

(ii) O Aliu SILA, chauffeur da Administração de Circunscrição de Catio, não foi nem Djacanca, nem Saracolé. Não. Ele foi, sim, filho de mãe e pai da etnia Maninka-morin (Malinké), natural de Kankan e passou infância em Boké, Guemeyré, ambas regiões da vizinha Guinée francesa (Guiné Conakry). 

Quando e em que circunstâncias trocou o país de origem, jovem, solitário, para aquele onde decidiu construir toda sua vida profissional e familiar, na Guiné (ex-portuguesa), poderá vir a ser contas dum outro rosário.
 
Em resumo, todos filhos do famoso e honrado Aliu Chauffeur nasceram, registados e cresceram de mulheres nacionais do país acolhedor, ex-Guiné portuguesa. A minha rainha, essa é natural e cresceu em Xitole (...)

(iii) O meu nome (porque está registado Souleimane em vez de "Suleimane"), poderia abrir uma outra pergunta. Porquê o "Aliu" não foi escrito "Aliou", sabendo-se que ele preservou sempre a naturalidade à francesa? 

Cá para mim a forma de registo de nascimento, dos nomes africanamente, para não dizer universalmente, ainda que a pronúncia dá igual, a ortografia difere.
 
Aceitem um grande abraço (de bom humor), do vosso camarada Souleimane Silá.


4. Comentártio do editor LG:

O Souleimane Silá será o nosso Cherno Baldé de Catió, um menino que cresceu com a tropa e com a guerra. Temos muito gosto em juntá-lo a esta Tabanca Grande, onde cabem todos os bons amigos e camaradas da Guiné. Como em todas as outras tabancas, temos um poilão, à sombra do qual nos sentamos para partilhar memórias e afetos...  Souleimane, és bem vindo. O teu lugar é, pela nossa cronologia, o nº 881. (***)

Para teu governo tens aqui as nossas regras de convívio, resumidas mas 10 regras da política editorial do blogue...

Muita saúde e lomga vida para ti e os teus. Mantenhas. Luís Graça
___________


(**) Vd. poste de 9 de agosto de 2023 > Guiné 61/74 - P24540: Fotos do álbum do cor inf ref Mário Arada Pinheiro, antigo 2º cmd do BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72) e cmdt do Comando Geral de Milícias (Bissau, 1972/73)

(***) Último poste da série : 25 de agosto de 2023 > Guiné 61/74 - P24588: Tabanca Grande (552): António João Alves Cruz, ex-fur mil, 1ª CCAÇ/BCAÇ 4513/72 (Bolama, Aldeia Formosa, Nhala e Buba, mar1973 / set1974); senta-se sob o nosso poilão no lugar nº 880

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24583: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte VII: agosto de 1982, rendição pela CART 6251 e reagrupamento no CIM do Cumeré, ao fim de 22 meses

Guião da CART 6251/72 (Catió, 1973/74) 

Cortesia de Carlos Coutinho, 2009) 


1. Continuação da publicação de alguns alguns excertos da história da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72) (**).

É mais uma das subunidades, que estiveram no CTIG, e que não têm até à data nenhum representante (formal) na Tabanca Grande.

Uma cópia da história da unidade foi oferecida ao Centro de Documentação 25 de Abril, em vida, pelo então major general Monteiro Valente, ex-elemento do MFA, com papel de relevo nos acontecimentos do 25 de Abril, na Guarda (RI 12) e Vilar Formoso (PIDE/DGS), bem como no pós- 25 de Abril. 

Acrescente-se ainda que o antigo cap inf Monteir0 Valente, foi também comandante da GNR, e era licenciado em História pela Universidade de Coimbra. Entre outros cargos e funções, foi instrutor, comandante de companhia e diretor de cursos de Operações Especiais, no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Lamego (1968-1970, 1972-1974). (Foto à direita, cortesia do blogue Rangers & Coisas do MR", do nosso coeditor, amigo e camarada Eduardo Magalhães Ribeiro).

Uma cópia (parcial) desta história da CCAÇ 2792, chegou-nos às mãos há uns largos tempos.


História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte VII:

agosto de 1972:  a rendição pela CART 6251 e reagrupamento 
no CIM do Cumeré, ao fim de 22 meses


Perído de de 1 a 31 de agosto de 1972

1. Situação

Até 10 de agosto, decorreu o treino operacional da CART 6251 (*), que veio render a CCAÇ 2792.

A 11, iniciou-se o período de 10 dias de sobreposição. Às 24h00 do dia 20 cessou, para esta subunidade, a CCAÇ 2792, a respondabilidade do subsetor de Catió (zonas de ação de Catió e Cabedú), transitando para a CART 6251.

A 11, marcharam com destino ao CIM de Cumeré um Gr Comb e alguns elementos da formação da guarnição de Cabedú, e a 13 mais um Gr Comb e parte da formação da guarnição de Catió. A 25, sairam de Cabedú os restantes militares da companhia. E a 25 o comando e os restantes elementos que estavam em Catió. Seguiram em LDM com destino ao CIM do Cumeré, onde chegaram no dia seguinte.

A 25 de agosto de 1972, finalmente, processou-se o reagrupamento da companhia, após vinte e dois meses de separação.

2. Atividade IN

O IN, "em  sinal despedida" à CCAÇ 2792 e de "saudação" à CART 6251, levou a feito neste período flagelações sobre os aquartelamentos das NT, situadas na chamada Frente de Catió:
  • em 2, às 18h40, flagelou Cabedú  com mort 82 e canhão s/r , sem consequências:
  • a 18, às 18h39, flagelou Catió com foguetões 122 mm,  causando 3 mortos e 2 feridos entre a população;
  • no mesmo dia, às 20h30 e às 21h30, voltou a flagelar Catió com 2 foguetões 122 mm, mas desta vez sem consequências;
  • a 19,  às 5h50,  nova flagelação a Catió, sem consequèncias.
De destacar, no que se refere às NT, no campo socioeconómico e psicológico,  o apreço que foi transmitido, à CCAÇ 2792,  por parte do Com-Chefe, pelo bom rendimento dos trabalhos do reordenamento de Quibil (Nota nº 2227/POP/72 do QG/CCFAG).

3. Ficha de unidade > CART 6251/72

Companhia de Artilharia nº 6251/72
Identificação CArt 6251/72
Unidade Mob: RAP 2 - Vila Nova de Gaia
Cmdt: Cap Mil Art Virgílio Augusto da Silva Ferreira Martins
Divisa: -
Partida: Embarque em 22Jun72; desembarque em 22Jun72 | Regresso: Embarque em 09Ag074

Síntese da Actividade Operacional

Após efectuar a IAO, de 23jun72 a 22jul72, no CMI, em Cumeré, seguiu em 23jul72, para o subsector de Catió, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 2792.

Em 21ago72, assumiu a responsabilidade do referido subsector de Catió, com dois pelotões no destacamento de Cabedú, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 4510/72. 

Em 12dez72, a zona de acção do destacamento de Cabedú passou a constituir um novo subsector, ficando então na dependência do COP 4, criado na referida data, e depois do BCaç 4514/72.

Em 1mar74, foi substituída no subsector de Catió pela 3ª Comp / BCav 8320/72, ali colocada do antecedente em reforço, tendo então assumido a responsabilidade do subsector de Cabedú em 3mar74 e ficando na dependência do BCaç 4514/72 e depois do BArt 6520/72. 

Entretanto, passou a ter dois pelotões destacados em Catió, em reforço da guarnição local e dar colaboração na segurança e protecção dos trabalhos da estrada Catió-Cufar, na dependência do BCaç 4510/72 e depois do BCaç 4510/73.

Em finais de jul74, foi substituída no subsector de Cabedú pela CArt 6552/72 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa nº 105 - 2ª Div/4ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 484.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24556: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (127): A "Rainha de Catió" foi a minha adorada mãe e tinha lugar na primeira fila nas cerimónias oficiais, tanto no tempo do gen Schulz como do gen Spínola (Souleimane Silá, Luxemburgo)


Rainha de Catió" (c. 1964/66) . 

Foto do álbum do João Gabriel Sacôto Martins Fernandes, de seu nome completo, ex-alf mil da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66) e depois piloto da aviação civil onde chegou a comandante da TAP, reformado desde 1998. Conviveu com a população, fula e balanta, de Catió e arredores, incluindo Príame (a tabanca do cap 'comando' graduado João Bacar Jaló, 1929-1971). (*)

Foto (e legenda): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


"Rainha de Catió" (c. 1972)

Guiné > Região de Tombali > Catió > BCAÇ 2930 (Catió, 1970-72) >  O então maj inf Mário Arada Pinheiro, 2.º cmdt do BCAÇ 2930, com a "rainha de Catió", sua lavadeira,  e algumas das suas filhas (presume-se)... Em chão nalu, ela era fula.  (*)

Foto (e legenda): © Mário Arada Pinheiro (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso leitor Souleimane Silá, natural de Catió, com página no Facebo0k, comentário ao poste P24546 (**):


Data - domingo, 13/08/2023, 23:41
Assunto - Sobre vossa publicação de 9 de agosto de 023 - Álbum de major Pinheiro

Saudações, camaradas do Blogue dos Amigos e camaradas de Guiné. 

Sobre essa foto da madame identificada como rainha de Catió não é equívoco. Pelo contrário. Ela, residente no bairro de Catió-fula (para quem vai para a granja, Cumebú e Ganjola), devido ao seu desempenho de lavadeira de oficiais e de demais tropas do quartel, passou a ser convidada nas cerimónias oficiais da então Vila de Catió aonde sediavam os restantes postos administrativos da região.

Coincidentemente, marido dessa madame, de verdadeiro nome Abibatu Djopo, não foi nada mais nada menos que o motorista da administração do concelho (de Catió), Aliu Silá (Aliu Chauffeur), família da mulher do Administrador Amadeu Nogueira (...).

Cerimónias se repetiam com visitas e substituições oficiais, administrativos e militares ao alto nível da então Província da Guiné Portuguesa, a designada Rainha de Catió sempre esteve presente.

Nunca me esquecerei das delegações como as do Governador Arnaldo Schulz, General Spínola, Secretário Pinto Bull e tantas altas figuras que ela, a Rainha de Catió, foi convidada para tomar parte na primeira fila, com muitas vezes uso de palavra em nome da comunidade.

Digno-me de deixar esse registo porque sou vivo testemunho dessa soberba mulher que é minha adorada Mãe.

Para finalizar, dou um grande abraço ao Comandante Pinheiro que tive privilégio de conhecer de perto em Catió, voltamos a ver-nos no QG Bissau e finalmente em Carcavelos em 2004.

Abraços extensivos ao meu mano mais velho, Sr Benito Neves, que cumpriu vida militar naquela Vila de Catió e que conheceu meus queridos pais (pena que um outro colega dele e amigo já tenha falecido, o Vitor Condeço de quem guardo um riquissimo álbum da época)

Mantenhas a todos.
Agradecimentos de
Souleimane SILA




Guiné > Região de Tombali > Carta de Catió (1956) (Escala 1/50 mil) > > Pormenor: Vila de Catió e arredores. (Príame fica já na carta de Bedanda, na estrada para Cufar.)

Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


2. Mensagem de Hélder Sousa, nosso colaborador permanente, com data de ontem, às 15h41, comentando a mensagem do Souleimane Silá:

Olá Luís, "mantenhas e saudinha da boa".

Como vês aproveitei logo para juntar duas expressões muito usadas nas trocas de mensagens do Blogue e que acho ficam muito bem.

Olha, antes de ir propriamente referir-me ao miolo deste comentário recebido, quero dizer duas ou três coisas:

A primeira, é que espero muito sinceramente que estejas a recuperar bem e com confiança suficiente.

Depois, para justificar a quase ausência de comentários meus pois, finalmente, ao fim de 6 anos, acabei de ter duas semanas de férias (viva o luxo!) e em boa parte desse tempo estive sem internet.

Então, em relação a este comentário do Souleimane, só posso dizer que fico, cada vez mais, com a sensação que o Blogue é efectivamente seguido por muita e boa gente.

Alguns, às vezes, acabam por se manifestar e esses quando o fazem são, na generalidade, positivos. Outros há (e alguns são nossos conhecidos ou até mesmo "velhos conhecidos") que intervêm para criticar depreciativamente ou provocatoriamente mas como o saldo continua a ser positivo, pode-se e deve-se concluir que, quer se queira, não se queira, ou mesmo não se tenha consciência profunda disso, que este fenómeno chamado "Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné" é realmente, considerando a larga maioria de artigos, fotos, reportagens, etc., um caso sério de seriedade, de depositário de memórias, de afetos, de (re)encontros, incontornável e que servirá (como tem servido) para muitos estudos e observações (cada vez mais distanciadas) de situações e de episódios passados durante a "guerra na Guiné".

Abraços, Hélder Sousa


3. Comentário do cor inf ref Mário Arada Pinheiro, com data de ontem, às 16h22:

Muito obrigado aos meus amigos, prof. Graça e Souleimane Silá que já não vejo desde 2004, e que tinha, como já antes referi, uns pais muito queridos de quem me recordo com frequência e de cuja Mãe escrevi recentemente como uma excelente pessoa. Espero vê-lo em breve, Souleimane, um abraço.


4. Mensagem do Benito Neves, ex-fur mil cav, CCAV 1484 (Nhacra e Catió, 1965/67), às 18h25 de ontem:

Meu caro Luís

O Souleimane Silá é meu amigo no Facebook desde há bastante tempo, em consequência de troca de mensagens sobre Catió. A forma como desde sempre se referiu a mim, como “o meu mano mais velho”, revela um tratamento carinhoso que lhe é peculiar.

Ao tempo – e já lá vão mais de 50 anos – o Souleimane era um daqueles miúdos que deambulava pelas ruas de Catió e convivia connosco. Entretanto veio para Lisboa, constituiu família e emigrou para o Luxemburgo onde os seus descendentes já têm o seu futuro garantido.

Mas… a história do Souleimane deverá ser ele a contá-la.

Desconhecia completamente (ele nunca tal me referiu) que era filho da rainha de Catió.

É com enorme satisfação que o poderei ver integrar o blogue para, à sombra do poilão, nos contar as suas histórias.

Forte abraço
Benito Neves


5. Comentário do editor LG:

Caros camaradas e amigos: apareceu agora um filho da "rainha de Catió". É caso para dizer que o Mundo é Pequeno e o nosso Blogue... é Grande! (**).

É uma feliz coincidência. O Souleimane Silá, de acordo com a sua página no Facebook, vive no Luxemburgo, em Marnach, desde 2020. Nasceu em Catió em 8 de março de 1958, portanto há 65 anos. Estudou na ENA-Bissau (Escola Nacional de Administração, ex Cenfa).

É amigo do Facebook dos nossos camaradas Benito Neves e João Sacoto e privou também com o nosso saudoso Victor Condeço (1943-2010). Conheceu, aos 14 anos, o então major inf. Mário Arada Pinheiro, 2.º comandante do BCAÇ 2930 (de rendição individual, esteve em Catió, de set71 a ago72, ou seja, no 2.º ano da comissão do batalhão).

Ele vem confirmar o que o cor inf ref Arada Pinheiro nos informara há dias, em conversa pessoal na Praia da Areia Branca, Lourinhá, onde tem casa:

(i) conheceu a senhora como sendo a "rainha de Catió", título que não era honorífico nem gentílico, mas sim atribuído popularmente, pela nobreza do seu porte (usava sempre o vestido comprido, branco, que mostram as duas fotos, tanto a de 1964/66, como a de 1972);

(ii) era sua lavadeira, e "boa lavadeira";

(iii) tinha vários filhos, o marido era o motorista do administrador de Catió;

(iv) ao filho mais novo, em 1972, fez questão de chamar-lhe "Major João Pinheiro" (sic) (homenagem ao major Mário Arada e ao seu filho João);

(v) depois de ele ser colocado no QG, na Amura, em Bissau, a "rainha de Catió" apareceu-lhe um dia lá em casa (ele vivia com a família numa vivenda em Santa Luzia), queria visitar uma filha que estava hospitalizada no HM 241, com uma perna esfacelada por um estilhaço de foguetão 122 mm (num dos ataques a Catió).

O João Sacôto, com quem falei ao telemóvel, não se lembra dela como "lavadeira", mas sim como "mulher grande", de "altivo porte", respeitada na comnunidade, não tendo nenhum parentesco ou relação com o João Bacar Jaló; não tem a certeza de ela ser fula, de resto não vivia em Príame (na estrada Catió-Cufar), mas numa tabanca a norte.

O Cherno Baldé também acrescentou, em comentário, que entre os fulas não havia rainhas.

Aproveito, por fim, para convidar o Souleimane Silá (a quem agradeço estas carinhosas confidências sobre a senhora sua mãe) para se juntar a este blogue que é dos camaradas e dos amigos da Guiné... 

Mantenhas. 
Luís Graça
____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de agosto de 2023 > Guiné 61/74 - P24546: Fotos à procura de... uma legenda (176): A "rainha de Catió", fotografada em 1964/66 (pelo João Sacôto) e em 1972 (pelo Mário Arada Pinheiro)

(**) Vd. poste de 9 de agosto de 2023 > Guiné 61/74 - P24540: Fotos do álbum do cor inf ref Mário Arada Pinheiro, antigo 2º cmd do BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72) e cmdt do Comando Geral de Milícias (Bissau, 1972/73)

Vd. também poste de 28 de março de 2019 : Guiné 61/74 - P19628: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte VII: Catió e arredores: contactos com a população civil

(***) Último poste da série > 2 de setembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23580: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (126): Leitor brasileiro, Edson de Lima Lucas, identifica o navio inglês Narkunda, da P&O Lines, em foto de 29/9/1942 (presumivelmente "Foto Melo") , tirada ao largo do Porto Grande, Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde... Dois meses depois seria atacado e afundado pela aviação alemã, na campanha dos Aliados no Norte de África.