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quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24978: Capas da Gazeta das Colónias (1924-1926) (6): Moçambique: monumento aos heróis de Magul (8 de setembro de 1895)... Guiné: o rio Grande a que aportaram as caravelas portuguesas em 1446 não era o Casamança mas o Geba: nele foi observado o fenómeno do macaréu

 


"Moçambique - Monumento de Magul.  Comemorando o combate de 8 de setembro de 1895, no qual com Mousinho de Albuquerque, tomaram parte, entre outros oficiais, os srs, General Freire de Andrade e Paiva Couceiro"

(Cortesia de Hemeroteca Digital de Lisboa)
 

Detalhe: "À memória dos soldados portugueses aqui mortos pela Pátria, 
em 8 de setembro de 1895"



Diretor: Oliveira Tavares; editor: Joaquim Araújo; propriedade: Empresa de Publicidade Colonial, Lda. 


1. Lá descobrimos mais um pequeno artigo sobre a Guiné: da autoria do eng. agr. Armando Cortesão,  foi publicado no nº 14, de 27 de novembro de 1924, da "Gazeta das Colónias" (será nomeado no ano seguinte Agente Geral das Colónias), e diretor do boletim da Agència Greal das Colónias). 

Com os conhecimentos de cartografia, mostra-nos que o rio a que as caravelas portugueses chegaram em 1446, sob o comando de Fernão de Vilarinho  e Estêvão Afonso foi o rio Geba, e não o Casamança, a que os cronistas da época chamavamo Rio Grande, e onde observaram o fenómeno do macaréu...






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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de dezembro de  2023 > Guiné 61/74 - P24969: Capas da Gazeta das Colónias (1924-1926) (5): Angola, Companhia do Amboim: a roça "Ajuda e Amparo"... E propaganda da Guiné, por Armando Cortesão: "Ainda há 10 anos Bissau era um pequeno povoado, cercado por uma muralha e ai do europeu que dela se atrevesse a afastar-se umas centenas de metros"...

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24969: Capas da Gazeta das Colónias (1924-1926) (5): Angola, Companhia do Amboim: a roça "Ajuda e Amparo"... E propaganda da Guiné, por Armando Cortesão: "Ainda há 10 anos Bissau era um pequeno povoado, cercado por uma muralha e ai do europeu que dela se atrevesse a afastar-se umas centenas de metros"...

 

Angola - Um trecho da roça "Ajuda e Amparo",  da Companhia do Amboim 

Fonte: Gazeta das Colónias: quinzenário de propaganda e defesa das colónias, Ano I, nº 25, Lisboa, 19 de setembro de 1925 (Cortesia da Hemeroteca Digital de Lisboa...)


Amboim fica na província do Cuanza Sul, uma região cafeeira por excelência, "Em 1922 eram já dignas de relevo as plantações da Companhia de Amboim, Marques Seixas & Companhia, Companhia do Cuanza Sul, além da Horta & Companhia. Também, tendo chegado a Angola em 1893, constituiu Bernardino Correia, em 1922, a Companhia Agrícola de Angola (C.A.D.A.), que foi o maior conjunto cafeeiro do território."


Gazeta das Colónias: quinzenário de propaganda e defesa das colónias, Ano I, nº 25, Lisboa, 19 de setembro de 1925. Diretor: Leite de Magalhães; editor: Joaquim Araújo; propriedade da Empresa de Publicidade Colonial, Lda. (O diretor, António Leite de Magalhães, era major do exército, e será governador da Guiné, no período de 1917 a 1931, tendo sucedido ao coronel Velez Caroço (1921.1926),


1. Nos 38 números da "Gazeta das Colónias", publicados (entre 19/6/1924 e 25/11/1926) e disponíveis em formato html e pdf na Hemeroteca Digital de Lisboa, não encontrámos nenhum cuja capa exibisse um motivo guineense (monumento, topónimo, paisagem, etnia...).   As estrelas do império eram, sem dúvida, Angola, seguida de Moçambique, duas colónias que despertavam a cobiça dos nossos rivais. ;Mesmo depois da I Grande Guerra, e da criação da Sociedade das Nações, a soberania portuguesa sobre estes territórios estava longe de estar acautelada. 

Muito esporadicamente surge, na "Gazeta das Colónias", uma pequeno artigo sobre a colónia da Guiné, como é o caso deste que reproduzimos a seguir, na íntegra. Trata-se de um resumo de uma conferência realizada na Sociedade das Ciências Agronómicas, em Lisboa, pelo engº agrónomo Armando Cortesão, já nosso  conhecido, o primeiro Agente Geral das Colónias, e diretor do respetivo boletim, entre 1925 e 1932.

O conferencista, conhecedor do terreno, e grande patriota, enaltece as potencialidades agrícolas, pecuárias e silvícolas do território. E passa uma mensagem de tranquilidade para o seu auditório: 

"Ainda há 10 anos Bissau era um pequeno povoado, cercado por uma muralha e ai do europeu que dela se atrevesse a afastar-se umas centenas de metros"... 

Não é surpreendente  a sua observação: 

"Embora perdêssemos quase toda a costa ocidental de África,que descobrimos até ao Equador, sempre ficámos com o melhor que ela tinha, ou seja, a atual Guiné Portuguesa!" (...).

E não poupa "a falta de coragem e a inabilidade de alguns diplomatas nossos" que permitiram que os franceses nos tivessem arrancado "Ziguinbchor, que representa uma verdadeira preciosidade"...

Não tem dúvidas, por fim, em antever um futuro próspero para a Guiné... Anti-salazarista, Armando Cortesão (Coimbra, 1891 -  Lisboa, 1977)  parte para o exílio em 1932 e só volta a Portugal vinte anos depois,  dedicando-se  ao ensino e à investigação da história e da cartografia.

Diz um seu biógrafo,Rui S. Andadre, no Dicionário de Historiadores Portugueses

(...) "No início de 1932 é afastado por motivos políticos das altas funções que exerce, vindo a ocupar-se da redação das suas investigações históricas iniciando então um período em que se desdobra em conferências sobre Cartografia antiga e temas históricos, como a questão colombina. 

"Cortesão, enquanto funcionário colonial insere-se num grupo de quadros científicos e técnicos, indissociável da política ultramarina seguida pelo Estado na primeira metade do século XX. A questão do regime político era relativamente secundária, uma vez que, o chamado Ultramar era considerado uma questão nacional, em torno da qual alinhavam diferentes posições políticas e ideológicas, desde o republicanismo liberal e democrático ao nacionalismo retórico do Estado Novo". (...)







Fonte: Gazeta das Colónias, Lisboa, Ano 1, nº 2, Lisboa, 10 de julho de 1924, pp. 7/9. 

(Seleção, recotes, notas: LG)

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Nota do editor:

Último poste da série > 17 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24965: Capas da Gazeta das Colónias (1924-1926) (4): Uma plantação de cana de açúcar,em Guara-Guara, Manica e Sofala, Moçambique... e um elogio ao governador da Guiné, Velez Caroço (1921-1926)

terça-feira, 20 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22390: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte III: Lendas bijagós





Lendas bijagós - ilustrações do pintor guineense Ady Pires Baldé, p´p. 17 e 19

In: Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5



1. Transcrição das págs. 15 a 22 do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau", com a devida autorização do autor (*)


J. Carlos M. Fortunato  > Lendas e contos 
da Guiné-Bissau

[Foto à esquerda: o autor, Carlos Fortunato, foi fur mil arm pes inf, MA, CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, é o presidente da direcção da ONGD Ajuda Amiga]



Lendas bijagós (pp. 15-22)


Segundo uma das mais populares lendas bijagós, Deus ao criar o Mundo criou primeiro a ilha de Orango, e depois colocou ali uma mulher,  Acapacama, e o seu marido.

Eles tiveram quatro filhas. A primeira foi Orácuma, a seguir nasceu Ominca, e depois Ogubané e Orága.

Cada uma delas teve vários filhos, dando origem a quatro grandes famílias, às quais foram transmitidos os privilégios da avó. Orácuma recebeu a terra e a religião. Foi ela quem fabricou o primeiro Irã, e permitiu que as suas irmãs o reproduzissem.

Ominca recebeu o mar e a sua família dedicou-se à pesca. Contudo os hipopótamos eram muito ferozes, pelo que tiveram que fazer várias cerimónias, para conseguirem ir para o mar. Ogubané recebeu o poder de controlar o vento e a chuva, o que lhe permitiu gerar boas colheitas. rága recebeu as plantas, as árvores e os animais, o que lhe trouxe muita riqueza.

Cada família passou a viver à sua maneira.

Esta é a lenda (5) das gerações, e à semelhança de outras, explica a origens das quatro famílias a que pertencem todos os bijagós, mas mostra também o importante papel que a mulher desempenha no mundo bijagó.

As origens dos bijagós não são claras e existem muitas versões. Algumas são fantasiosas e sensacionalistas, chegando a colocá-los como tendo origem na Atlântida (6), mas provavelmente estes seriam escravos de beafadas que para ali fugiram (7).

O navegador, André Alvares d´Almeida, foi o primeiro a dar uma descrição das Ilhas Bijagós em 1594, e com base nos relatos dos seus habitantes, refere que antigamente não eram ilhas, pois faziam parte do continente, “parece que antigamente eram terra firme” (8), escreve Alvares d´Almeida, o que foi depois confirmada por investigações científicas (9).

Entre as mulheres bijagós que fizeram história, destaca-se a famosa “Rainha” Oquinca Pampa, ou Oquinca Pampa Kanjimpa (reinou de 1910-1930). Embora seja referida como Rainha, na verdade não existem rainhas entre os bijagós, Oquinca Pampa era uma sacerdotisa que ascendeu ao poder.

***

Oquinca não é um nome, mas uma palavra da língua bijagó, que significa sacerdotisa, é um título, do mesmo modo que Oronhom significa rei, mas na voz do povo, ela é a “Rainha” Oquinca Pampa.

Oquinca Pampa faz parte da linhagem Orága, e está ligada ao Reino de Orango.

Segundo os costumes bijagós, apenas os homens podem ser reis, mas quando morre o rei e enquanto não se realiza a sua sucessão para um homem, o reino pode ter uma mulher no seu lugar como regente, a Oquinca, sendo aconselhada pelo Conselho dos Grandes (10).

Na tradição dos Orága, esta regência pode ser prolongada, e pode ir até à morte da regente. Foi isto que aconteceu com Oquinca Pampa. Quando o Rei Issor, que era seu pai, faleceu, ela ficou como Regente do Reino.

A regência de Oquinca Pampa destaca-se pela sábia forma como soube governar, nomeadamente por ter conseguido manter intacto o seu Reino, por manter a paz, pelo seu espírito humanitário, e por ter conseguido manter a “independência” (11).

Num tempo, em que o poder colonial tudo queria submeter ao seu domínio, conseguir negociar uma governação independente desse poder, apenas contra o pagamento de um imposto, é também um reconhecimento do Governo da Colónia, à inteligente governação que Oquinca Pampa fazia.

A luta de Oquinca Pampa pela paz não foi fácil. Por um lado tinha a ameaça do poder colonial e a sua vontade de dominar totalmente o seuReino, e por outro lado muitos bijagós queriam revoltar-se, e desencadear uma guerra, pois não aceitavam pagar impostos.

Uma das situações de maior tensão que Oquinca Pampa enfrentou, foi quando um grupo (no qual se incluíam membros da sua família) se revoltou, decididos a enfrentar o exército colonial.

Os revoltosos fizeram uma vala de um quilómetro, ao longo da estrada do porto de Orango, para que ali escondidos e protegidos, pudessem emboscar as forças coloniais, quando estas desembarcassem. Mas Oquinca Pampa, com a sua influência, conseguiu acabar com a revolta.

A ilha de Canogo encontra-se separada de Orango apenas por um rio, equando os seus habitantes decidiram não pagar qualquer imposto, preparando-se para a guerra, Oquinca Pampa interveio mais uma vez, pagando o imposto de Canogo com o seu gado, evitando assim a guerra.

Interessante e original, foi o sistema de comunicações que Oquinca Pampa criou para comunicar com os comandantes dos barcos, que chegavam ao porto de Orango para negociar, colocando um homem de cinco em cinco metros, para através deles falar com o comandante do barco, de modo a assegurar que tudo decorria sem incidentes.

Ao contrário de seu pai, que era um rei cruel, Oquinca Pampa revelou-se uma rainha com um elevado espírito humanitário, acabando com práticas desumanas e com algumas situações de escravatura, que ainda existiam no seu Reino, restos de um passado em que os prisioneiros de guerra eram vendidos como escravos.

Oquinca Pampa, apesar de ser de pequena estatura, é considerada a grande “Rainha”, e é sem dúvida a mais popular, pois a memória da sua regência contínua viva entre os bijagós, que contam a sua história à volta da fogueira, e os artesãos bijagós continuam a fazer estátuas suas.
Os restos mortais de Oquinca Pampa estão no mausoléu real em Eticoga, na ilha de Orango, onde repousam outros reis e rainhas. Com ela foi enterrado o seu valioso tesouro, do qual fazem parte muitas peças em ouro, e que desde então ali repousam guardados pelos espíritos.
Quem tocar na porta do mausoléu terá que pagar uma vaca, se não o fizer, os espíritos irão persegui-lo, esteja onde estiver.

***

Outra “Rainha” famosa é a “Rainha” Juliana Canhabaque, do Reino de Canhabaque (ilha Roxa), devido à guerra ali havida em 1925.

Canhabaque  só pagava impostos quando lhe apetecia e pagava pouco, e isso levou ao desencadeamento de uma campanha militar pelo exército colonial. Após alguns preparativos, a 20 de Abril de 1925 uma força militar desembarcou em Inorei e Bine, para colocar definitivamente a ilha sob o seu domínio

Tratava-se de uma força militar numerosa com cinco oficiais, 240 sargentos e polícias nativos, e 1496 auxiliares na sua maioria fulas e mandingas (12), o seu armamento incluía 800 espingardas, três metralhadoras e três canhões hotchkiss.



Guiné-Bissau > 2002 > selo comemorativo do voo Lisboa - Bolama, realizado em 1925, por um avião Bréguet XIV A2, do 1º Grupo de Esquadrilhas de Aviação da República,  o GEAR, antecessor da FAP. A tripulação do "Santa Filomena" (, nome da aeronave,) era constituída pelo tenente Sérgio da Silva, pelo capitão Pinheiro Correia e pelo 1.º sargento António Manuel. Partindo do campo de aviação da Amadora, em 27 de março de 1925,  "Santa Filomena" chegou a Bolama em 2 de abril de 1925, depois de percorrer a distância de 4.070 km em 31 horas e 31 minutos de voo, em 7 etapas:  m 7 etapas: Amadora – Casablanca; Casablanca – Agadir; Agadir – Cabo Juby; Cabo Juby – Vila Cisneros; Vila Cisneros – S. Luís do Senegal; S. Luís do Senegal – Dakar e, finalmente, Dakar – Bolama. (**)

Imagem: Cortesia de Colnect.com


Aproveitando a presença de um avião militar, que tinha realizado pela primeira a viagem aérea Lisboa-Bolama, o governador Velez Caroço pediu 
que este bombardeasse os revoltosos.
Foi assim usado pela primeira vez um avião militar na Guiné. Tratou-se do Breguet XIV A2 do 1º Grupo de Esquadrilhas de Aviação da Republica (GEAR).

Apesar de o avião estar com problemas mecânicos, durante dois dias, foi desencadeado um bombardeamento, tendo sido lançadas manualmente granadas de artilharia, depois de adaptadas para o efeito.

Os guerreiros de Canhabaque ficaram surpreendidos com aquele ataque, pois nunca tinham visto um avião, nem conheciam o seu poder destruidor, mas a sua resposta à incursão militar não vacilou, e foi com determinação, que decidiram continuar a combater o invasor do seu Reino.

A “Rainha” Juliana possuía 2.000 guerreiros, que estavam armados com arcos, catanas, lanças e algumas espingardas longas. Alguns possuíam uma longa história de combates, o que fazia deles guerreiros experientes e ferozes.

A ilha de Canhabaque  [também conhecida por ilha Roxa] é pequena, tem nove por 15 quilómetros, o que era uma desvantagem, mas por outro lado tem uma vegetação cerrada e caminhos que apenas os guerreiros de Juliana conheciam bem; alguns eram caminhos estreitos e difíceis, e pouco adequados ao exército colonial, com as suas metralhadoras e canhões.

A “Rainha” Juliana organizou a sua defesa, colocando vigias no alto das árvores, criando zonas de emboscadas, com atiradores com longas nas árvores e construindo covas com tampas cobertas com ervas, para os guerreiros se esconderem e poderem atacar os invasores, quando estes menos esperassem.

Foi travada uma luta feroz com muitas baixas, nomeadamente da parte dos guerreiros da “Rainha” Juliana, mas as tabancas dos revoltosos foram sendo vencidas uma a uma.

A pequena ilha estava isolada nesta luta, não podia contar com reforços ou reabastecimentos.
A 3 de Maio de 1925, os últimos resistentes concentraram-se em Indema, no centro da ilha, e entre eles está a “Rainha” Juliana. Eram poucos para fazerem frente aos invasores e também eram poucas as munições que lhes restavam.
 
Os guerreiros de Canhabaque defenderam Indema enquanto puderam, mas acabaram por se render, pois não tinham meios para conseguirem fazer frente, a uma força militar tão poderosa.

Indema foi incendiada, e a “Rainha” Juliana presa e enviada para Bolama (13) mas não foi o fim da luta dos bijagós, pois em 1935 haveria uma nova revolta e seria necessária uma nova incursão militar.

No século XX o poder colonial deixou de ser algo fraco e vago, tornando- se numa força poderosa e determinada que impunha a sua vontade, foi um novo ciclo que se iniciou.


[Adaptação, revisão/fixação de texto e inserção de fotos e links para efeitos de edição deste poste no blogue: LG]
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Notas do autor:

(5) Lendas bijagós - pag. 34, Danielle Gallois Duquette, no seu livro Dynamique de L´art Bidjago, faz uma descrição desta e de outras lendas.

(6) Bijagós - pag. 145, “A babel negra”, de Landerset Simões.

(7) Bijagós - pag. 15, “Organização Económica e Social dos Bijagós”, de Augusto J. Santos Lima.
 
(8) Bijagós - pag. 81, “Tratado Breve dos Rios de Guiné do Cabo-Verde”, do capitão André Álvares d´Almeida.

(9) Bijagós - pag. 14, “Organização Económica e Social dos Bijagós”, de Augusto J. Santos Lima.

(10) Bijagós - pag. 77, “Organização Económica e Social dos Bijagós”, de Augusto J. Santos Lima.

(11) Oquinca Pampa - pag. 186, “História da Guiné II”, de René Pélissier.

(12) Juliana - pag. 212, “História da Guiné II”, de René Pélissier.

(13) Juliana - pag. 212, “História da Guiné II”, de René Pélissier.

2. Como ajudar a "Ajuda Amiga" ?

Caro/a leitor/a, podes ajudar a "Ajuda Amiga" (e mais concretamente o Projecto da Escola de Nhenque), fazendo uma transferência, em dinheiro, para a Conta da Ajuda Amiga:

NIB 0036 0133 99100025138 26

IBAN PT50 0036 0133 99100025138 26

BIC MPIOPTP


Para saber mais, vê aqui o sítio da ONGD Ajuda Amiga:

http://www.ajudaamiga.com

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 10 de julho de  2021 > Guiné 61/74 - P22359: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte II A: Comentário adicional sobre os balantas: "Nhiri matmatuc Fortunato. Nhiri cá ubabe. Nhiri god mara santa cá cum boim. Udi assime?"...Traduzindo: "O meu nome é Fortunato. Eu sou branco, não sei falar bem balanta. Percebes o que estou a falar?"... Uma conversa com Kumba Yalá, em Bissorã, a dois dias da sua morte, aos 61 anos

Vd. postes anteriores:

9 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22354: "Lendas e contos da Guiné-Bissau" : um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte II: Ficha técnica, prefácio de Leopoldo Amado, lendas balantas (pp. 1-14)

8 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22349: "Lendas e contos da Guiné-Bissau" : um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte I: Vamos dar início a uma nova série, um mimo para os nossos leitores

(**)  Vd. postes de:

26 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18780: Historiografia da presença portuguesa em África (119): O primeiro voo, ligando Lisboa a Bolama, em 1925, e a primeira tentativa de usar a aviação com fins militares naquele território (Armando Tavares da Silva) (Parte I)

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Guiné 61/4 - P20189: A galeria dos meus heróis (33): Jorge Levi, o "caluanda" que foi desertor do exército colonial por acidente... (Luís Graça)



Angola > Luanda > Ilha de Luanda > Restaurante Coconuts > 19 de Setembro de 2004 > Em frente a praia, privativa ou quase. Com seguranças, em todos os lados. O apartheid do dinheiro. Uma almoço de peixe grelhado com vinho ficava então, no mínimo, entre 40 a 50 dólares (o equivalente ao salário mínimo na função pública, em Angola)... Estive em Luanda, pela primeira vez,  em 2003.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2004). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





O autor, em Contuboel,
c. junho/julho d
e 1969.  Foto: Luís Graça

A galeria dos meus heróis > Jorge Levi,o caluanda que foi desertor da guerra colonial por acidente


 Há uma nova versão, aumentada e melhor,  vd. poste P23094 (*)


sábado, 8 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19267: Agenda cultural (662): lançamento do Livro "Família Regalla: Hora da Verdade!", de Ricardo Moreira Regalla Dias-Pinto, 5 de janeiro de 2019, pelas 18h30, no Hotel Aveiro Center, Aveiro




1. Mensagem do nosso leitor Ricardo Dias-Pinto (*):

Data: quarta, 5/12/2018 à(s) 20:43

Assunto: Lançamento do Livro "Família Regalla: Hora da Verdade!"


Exmos(as). Senhores(as),

Venho por este meio convidar V. Exa. a estar presente no lançamento do meu livro que decorrerá no Hotel Aveiro Center,  no próximo dia 5 de Janeiro de 2019 pelas 18.30 horas.

Aproveito para informar que o Hotel Aveiro Center fez um acordo para que todos possam beneficiar de melhores condições caso pretendam permanecer, bastando para isso reservar quartos o quanto antes através do número de telefone: 234380390 e mencionando a vossa presença no evento. (**)

Melhores cumprimentos,

Ricardo Moreira Regalla Dias-Pinto
___________


(...) Estou a escrever um livro sobre a minha família.

O meu bisavô Francisco Augusto Regalla, combateu em 1915 na Coluna de Operações em Bissau pelo que gostava muito de pedir autorização para colocar uma vossa fotografia, mais propriamente a nº 3 da Fortaleza de Amura de cuja guarnição o meu bisavô fez parte durante algum tempo.

Naturalmente que, caso autorizem, terei o maior prazer em nomear o vosso blogue nos agradecimentos do referido livro que terá o título: Família Regalla: A Hora da Verdade!" (...) 


(**) Último poste da série > 4 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19257: Agenda cultural (661): "Voando sobre um ninho de Strelas", livro de memórias de António Martins de Matos, ten gen pilav ref. Sessão de apresentação: 11 de dezembro, 3ª feira, 18 horas, no Hotel Travel Park, na Av. Almirante Reis 64, Lisboa (metro Anjos). Estamos todos convidados.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18782: Historiografia da presença portuguesa em África (121): O primeiro voo, ligando Lisboa a Bolama, em 1925, e a primeira tentativa de usar a aviação com fins militares naquele território (Armando Tavares da Silva) (Parte II)


Foto nº 1 > Da esquerda para a direita, Tenente Sérgio da Silva, Capitão Pinheiro Correia e 1.º Sargento António Manuel, antes da segunda partida, no campo de aviação da Amadora, em 1925


Foto nº 2 >  A tripulação do Santa Filomena: tenente Sérgio da Silva, capitão Pinheiro Correia e 1.º sargento António Manuel.


Foto nº 3 > Bolama > 2 de abril de 1925 > de Chegada dos aviadores a Bolama , onde aterraram no Campo de Aviação Sacadura Cabral


Foto nº 4 >  Vista aérea de Bolama, tirada  a partir do “Santa Filomena”


 Foto nº 5 > Vôos realizados na Guiné pelo Breguet n.º 15: Bisssau_Bor, Bissau - Bolama, Bolama - ILha das Galinhas - Ilha de Canhanbaque...                          



Página dedicada ao coronel Pinheiro Corrêa (1892-1973), um dos nossos "gloriosos malucos das máquinas voadoras".  O editor, ATR, deve um dos seus descendentes.

Referência: “Lisboa-Bolama- A primeira viagem aérea a uma colónia de África”, 1Sar. Pedro Manuel Ferreira, Mais Alto, pg 4-15, Mar/Abr 2005.

Texto de: 1Sar Pedro Manuel Ferreira

Fotos: AHFA - Arquivo Histórico da Força Aérea (Textos amavelmente cedidos pela Revista “Mais Alto” )


Fotos (de 1 a 5): retiradas, com a devida vénia, da página acima,  foram também publicadas na Revista “Mais Alto”, de mar / abr 2005.



Raide Lisboa-Bolama (1925)
Armando Tavares da Silva


por Armando Tavares da Silva, 
historiador (*)


(i) As tentativas de aquisição de hidroaviões para a Guiné

Passados cerca de ano e meio desde que Portugal entrara na Primeira Grande-Guerra, conflito em que hidroaviões desempenharam papel importante na luta anti-submarina, em meados de 1917, o governador interino da Guiné, major Carlos Ivo de Sá Ferreira, enquanto decorriam as perturbações na ilha de Canhanbaque, e face à dificuldade de se poder dispor de espingardas e cartuchame, lembra ao ministro a compra de um hidroavião ou monoplano, despesa com que a Província “bem pod[ia]”, a ser utilizado para pôr fim à “má situação” que lá se vivia.

 Em Outubro de 1917 Ivo Ferreira volta a esta questão, entendendo que a existência na Guiné de um hidroavião, “máquina de guerra”, acabaria com as revoltas de “certos elementos maus em extremo” e diminuiria os custos com a guarnição militar que mais proveito teriam se fossem para obras de fomento “de que se caresse (sic) por completo”.

Face a este pedido de Ivo Ferreira são consultados o chefe da Aviação Marítima, Artur de Sacadura Cabral, e o tenente Pedro Ferreira Rosado, que tinha o brevet de hidroaviões e conhecia a província, tendo estes concluído que os hidroaviões podiam prestar serviço na Guiné. Porém, a impossibilidade de despender 200.000 francos para a aquisição de dois aparelhos, leva a que seja apenas considerada o emprego transitório “mais tarde” de um dos aparelhos a adquirir para Angola.

Em Janeiro de 1918, Ivo Ferreira insiste na compra do hidroavião, pedindo autorização para a província o adquirir directamente. Contudo esta solicitação não terá sido concedida.

(ii) O primeiro voo para a Guiné 

Vai ser apenas em 1925 que, pela primeira vez, e por uma coincidência, a aviação é utilizada na Guiné com fins militares.

Sucedeu que neste ano se realizou o primeiro raide Lisboa-Bolama, e a presença na Guiné de um avião foi aproveitada pelo governador Vellez Caroço para efectuar algumas acções ofensivas igualmente em Canhanbaque, a mesma ilha dos Bijagós em que decorriam confrontos com os povos locais.

A realização deste voo resultou de uma proposta de Outubro de 1924 do capitão José Pedro Pinheiro Correia e do tenente Joaquim Sérgio da Silva, tendo o avião escolhido sido um Berguet XVI com o n.º 15. Este, depois de sofrer várias reparações e revisão do motor, é baptizado de “Santa Filomena”, ostentando na fuselagem uma Cruz de Ourique da antiga Ordem dos Templários.

A viagem era considerada fácil, pois se dispunha em rota de um elevado número de campos de aterragem para as necessárias escalas técnicas e eventuais emergências. Quanto aos propósitos da viagem “apenas” se pretendia “demonstrar, que a aviação portuguesa tem uma compreensão nítida da sua missão, acompanhando todos os progressos dessa arma dentro e fora do país, e podendo, pois, ser aproveitado com fins absolutamente utilitários e práticos.”

A ideia inicial de implantar flutuadores no avião foi abandonada, não só pelo custo que isso representava, como, sobretudo, por se temer que o avião mal se aguentasse em mar revolto.

Uma primeira partida tem lugar no dia 7 de Fevereiro de 1925, mas que é mal sucedida por o avião ter sido forçado a aterrar de emergência em Quarteira, devido a mau tempo e ter ficado danificado. Após as necessárias reparações, a 27 de Março o Berguet parte novamente para o projectado raide, seguindo a bordo o chefe da missão, capitão José Pedro Pinheiro Correia, nas funções de observador, o tenente Joaquim Sérgio da Silva como piloto e como mecânico o primeiro-sargento Manuel António.

A viagem até Bolama vai ser acompanhada de várias contrariedades e dificuldades que foi preciso vencer, tendo o Breguet aterrado em Bolama a 2 de Abril, num campo que entretanto fora aí improvisado.

Para facilitar a aterragem fora pedido que, logo que se avistasse o avião fossem acendidas quatro fogueiras produzindo bastante fumo nos extremos do campo. Haviam sido gastas 31 horas e 31 minutos de voo, e percorrida a distância de 4.070 km.

Esta viagem vem extensamente relatada em Coronel Pinheiro Corrêa (1892-1973) > Aviador >  Viagem Lisboa-Bolama (de 27 de março a 2 de abril de 1925), relato que nos dá conta de todas aquelas contrariedades e que o raide decorreu em 7 etapas: Amadora – Casablanca; Casablanca – Agadir; Agadir – Cabo Juby; Cabo Juby – Vila Cisneros; Vila Cisneros – S. Luís do Senegal; S. Luís do Senegal – Dakar e, finalmente, Dakar – Bolama.


 (iii) Os bombardeamentos de Canhanbaque 

Em apoio à acção do governador, que procurava submeter os indígenas que recusavam o pagamento do imposto de palhota, aqueles oficiais realizaram, em dois dias seguidos (21 e 22 de Abril), missões de bombardeamento sobre os rebeldes, lançando 65 granadas de artilharia, do tipo “Schneider”, que depois de adaptadas de forma rudimentar nas oficinas navais de Bolama, foram transformadas em bombas de avião. O seu lançamento, à mão, foi efectuado “por um oficial-bombardeiro cuja indumentária se limitava a um pijama…tal era o calor (…)”.

Para a primeira missão, com a duração de 1h40, o Breguet descolou às 6 horas e 55 minutos (locais) tendo sobrevoado a ilha das Galinhas e voado próximo da ilha de Bubaque até atingir o posto de Bine, na ponta sul da ilha de Canhanbaque. Aí foram largadas duas mensagens do governador, tendo a artilharia do posto saudado com alguns tiros.

O bombardeamento das tabancas foi feito a 300 metros com granadas de 7mm. Descendo a 100 metros, é atingida uma palhota, tendo sido lançadas algumas granadas dentro da povoação, e notando-se que uma tabanca fora incendiada. Na tabanca mais próxima do posto foi arvorada uma bandeira nacional, depois de lhe terem caído próximo algumas granadas.

Na segunda operação de bombardeamento os indígenas, “refeitos do susto da véspera, já encaravam com mais ousadia as evoluções do avião” e reagiram com alguns tiros de longa,  “felizmente sem resultado”.

Pinheiro Correia e Sérgio da Silva seriam louvados pelo Governo da Província pela sua actuação na Campanha de Canhanbaque, em virtude da sua “abnegação, dedicação patriótica e valentia (…), apesar de o avião sofrer de grave avaria no motor”.

Depois dos voos de Gago Coutinho e Sacadura Cabral de 1922, e de Brito Pais, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia de 1924, ligando o continente com Macau, acabava de ser realizado o primeiro voo ligando Lisboa com uma colónia de África, neste caso a Guiné.




Amadora, concelho de Oeiras > 1928 > Campo de aviação. Foto, reproduzida com a devida vénia, da página do Facebook Amadora Antiga.


2. Comentário do editor LG:

O que  muitos "camaradas e amigos da Guiné" não sabem é que a Amadora  (a antiga Porcalhota, até 1907) foi durante  um quarto de século, entre 1913 e 1938 o "berço" dos "gloriosos malucos das máquinas voadores"...  Ou melhor, a "campo de aviação" que ficava no "campo do Borel", onde são hoje as instalações da Academia Militar...

Sabe-se, por exemplo, que a 18 de março de 1917, a “Liga dos Melhoramentos da Amadora” organiza um Festival Aéreo, nos terrenos onde está actualmente a Academia Militar, o campo do Borel, na Amadora, onde aterram o tenente António Caseiro e Sacadura Cabral. Pode imaginar-se a "loucura" que foi este evento, a avaliar pelo número dos que assistiram ao festival (50 mil pessoas), o que equivalia a doze vezes a população daquela povoação na época (c. 4 mil).

Terá sido o primeiro campo de aviação do país, ou a primeira unidade militar aérea: em 1919 o “Grupo de Esquadrilhas de Aviação República” (GEAR) instala-se nos terrenos junto ao campo de futebol dos “Recreios Desportivos da Amadora”,  ou seja, nos terrenos da futura Academia Militar.  A história da aviação portuguesa passa, pois, inevitavelmente por aqui. Foi da Amadora (freguesia em 916, vila em 1937...) que partiram algumas das mais importantes viagens da aviação nacional, nas décadas de 1920 e 1930:

(i) tentativa de ligação à ilha da Madeira, por Sarmento Beires e Brito Pais (1920);

(ii) raide Lisboa-Macau no «Pátria», com Brito Pais, Sarmento Beires e Manuel Gouveia (1924);

(iii) raide Lisboa - Bolama, capital da colónia portuguesa da Gyuiné, no «Santa Filomena» com Pinheiro Correia, Sérgio da Silva e Manuel António (1925);

(iv) voo a Goa, com Moreira Cardoso e Sarmento Pimentel (1930):

(v) voo de Carlos Bleck e Humberto da Cruz à Guiné e Angola (1931);

(vi) viagem de ida e volta, no «Dili», a Timor, com Humberto da Cruz e António Lobato (1934);

(vii) em 1938, é extinto o campo de aviação e transferido para Tancos...

Por fim, não esquecer é que na Amadora, e mais exatamente em Alfragide, que está sediado o Estado Maior da Força Aérea, E a Academia Militar tem também o seu campus, o Campus da Amadora, na freguesia da Reboleira.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17819: Historiografia da presença portuguesa em África (95): A intriga política na Guiné, 1915-1917 (Armando Tavares da Silva, historiador)


João Teixeira Pinto (1908), cavaleiro da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Foto gentilmente cedida pelo Prof. A. Teixeira-Pinto, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).(*)
 
Foto (e legenda) : © A. Teixeira-Pinto (2007). Todos os oireitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso amigo e grã-tabanqueiro Armando Tavares da Silva, historiador:

Luís,

Quem se interessar em conhecer o que foi a vida política na Guiné a seguir à campanha de Teixeira Pinto em Bissau em 1915 e as circunstâncias que vieram a originar um processo de sindicância realizado por Manuel Maria Coelho a mando de António José d'Ameida, desejará ler o texto anexo. Foi o que se me proporcionou após a leitura do post P 17807 de Beja Santos.(*)

Abraço
Armando





Capa do livro de Armando Tavares da Silva. “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)” (Porto: Caminhos Romanos, 2016, 972 pp.)


2. A Política na Guiné, 1915-1917

por Armando Tavares da Silva

Os antecedentes que levaram o governador Andrade Sequeira a abandonar a Guiné a 11 de Julho de 1916 estão largamente referenciados e descritos em “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar, 1878-1926”. E aí se encontra muito mais informação do que aquela transmitida para Lisboa pelo gerente do BNU em Bolama, que Beja Santos transcreve no seu Post n.º 17807 de 29 de Setembro.  (**)

[José António] Andrade Sequeira  [.Portalegre, 1876 - Portalagre, 1952, capitão-tenente médico naval,] tinha feito graves acusações a Teixeira Pinto sobre a forma como decorrera a campanha de Bissau de 1915, e acontecimentos subsequentes.

Estas acusações foram submetidas à apreciação do vice-almirante na reforma Guilherme Augusto de Brito Capelo  [1839-1926] que, relativamente às mesmas, promoveu vários inquéritos e diligências, tendo ouvido, além do próprio Teixeira Pinto, anteriores governadores, entre eles Josué d’Oliveira Duque, sob cuja governação tinha decorrido a campanha de Bissau. (***)

Será em resultado do parecer de Brito Capelo que António José d’Almeida, na altura presidente do ministério e ministro das colónias, elabora um projecto dispensando Teixeira Pinto das provas de major. E, ao conhecer por telegrama de 1 de Julho este projecto, Andrade Sequeira responde ao ministro considerando que tal projecto demonstrava que tinham sido consideradas “inanes e talvez caluniosas” as acusações que fizera a Teixeira Pinto. Considerando-se numa situação “crítica e melindrosa” pedia que se fizesse “toda a luz” sobre os documentos da última campanha e que determinasse responder em conselho de guerra “a fim de ser punido quem caluniou ou quem prevaricou”. Neste caso confiava que lhe seria dada previamente a demissão. E a 11 de Julho de 1916 Andrade Sequeira abandona a Guiné seguindo no paquete para Lisboa.

Em Lisboa, Andrade Sequeira pede ao ministro um rigoroso inquérito “a fim de se averiguarem abusos vários praticados na colónia” e que ele ”sobejamente” documentara em seus relatórios. E para que o ministro ficasse inteiramente à vontade solicita-lhe a sua exoneração, que é recusada. 

António José d’Almeida [Penacova, 1866- Lisboa, 1929] manda então que o coronel Manuel Maria Coelho investigue na própria província “as irregularidades que porventura tenha havido, discriminando as respectivas responsabilidades”, e que ao mesmo tempo se abra um ”rigoroso inquérito sobre a vida pública da mesma província, para assim se esclarecerem tantas e tão variadas queixas”, que haviam chegado ao ministério das colónias.

Enquanto Andrade Sequeira permanece em Lisboa, Manuel Maria Coelho [Chaves, 1857-Lisboa. 1943] é investido em Janeiro de 1917 no cargo de governador interino e tomará as medidas várias que entendia necessárias para realizar a sindicância de que fora incumbido e ouvir as queixas e participações de quem pretendesse fazê-las. O relatório dessa sindicância é terminado a 2 de Julho de 1917 e a essência do seu conteúdo e conclusões é extensamente referida no livro acima indicado [, “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)”].

Importa aqui referir que nos comentários produzidos sobre este livro no Post n.º 17591 de Beja Santos (****) e referentes à presença e actuação de Manuel Maria Coelho na Guiné em 1917, apenas é referido que este “envolver-se-á numa teia de acusações a uma coluna de polícia à ilha de Canhabaque”. Beja Santos esqueceu-se ou não reparou na importância da sindicância realizada por M. M. Coelho e suas conclusões, não a mencionando no referido Post. Porém, tendo-se dela conhecimento e havendo sobre a mesma uma extensa documentação,  não poderia ela ser olvidada, sob pena de se estar a privar o leitor do conhecimento de um conjunto importante de factos políticos determinantes na vida da colónia. Por isso eles estão relatados com objectivos de rigor e imparcialidade tal como o mostra a documentação existente.

Igualmente no mesmo livro são extensamente expostas as acusações que Andrade Sequeira faz a Teixeira Pinto, já acima referidas, assim como a defesa do próprio e os depoimentos de todos os que foram ouvidos sobre essas mesmas acusações, tendo igualmente como fonte documentação exclusivamente pública. É o relatório de Brito Capelo de 28 de Abril de 1916 que conclui que as acusações que lhe foram dirigidas pelo governador Andrade Sequeira não tinham fundamento e que, se “houvera erro”, a responsabilidade quanto à campanha era do governador Duque.

Também todas estas circunstâncias, pela sua importância na caracterização da vida política e social da Guiné, não poderiam deixar de ser relatadas, havendo delas conhecimento. E para quê, se assim não tivesse sido? Para se evitar ser acusado de se estar a “chamar a si a defesa do bom nome de Teixeira Pinto” – defesa esta que era independente do reconhecimento do “acervo de acusações” de atrocidades cometidas por Abdul Injai e os seus homens na campanha de Bissau? 

Para se ocultar o conhecimento do clima de intriga e conflitualidade política existente na Guiné – como de resto a carta do gerente do BNU acima referida claramente indicia? Para se ocultar os “tristes e graves sintomas da situação moral de uma parte do funcionalismo que cerca o governador”, que deveria prestar-se a “um procedimento imediato e enérgico”, e que poderia comprometer a “segurança da colónia” – como refere o parecer de Brito Capelo?


Foto de Abdul Injai em 1915, herói do Oio, no auge da sua glória. 

Sobre a vida política da colónia e as várias facções de que se compunha a sociedade guineense, também se refere o relatório da sindicância de M. M. Coelho, que constituía, de resto, um dos objectivos da missão que lhe fora confiada. Verificara que a presença do elemento cabo-verdiano desempenhava aí grande influência. Era o pano de fundo sobre o qual tudo se tinha passado e que, em parte, o explicava. 

Essas facções habitavam os dois principais centros: Bolama, onde estava o funcionalismo, e Bissau, importante pelo comércio aí estabelecido. A “guerra aberta” em que se transformou o conflito entre Andrade Sequeira e Teixeira Pinto, em que se misturavam “ambições, invejas, ódios, punha em evidência dois males terriveis a que era indispensável prover remédio; o fermento de rebelião do indígena, alimentado pela falta de patriotismo dos elementos cabo-verdianos, que vivem, alastram pela Guiné e a exploram, e a conivência de funcionários europeus e europeizados nessa absorção da província por elementos de sentimentos patrióticos mais que duvidosos, quais são esses cabo-verdianos”. 

 Manuel Maria Coelho identificava claramente a existência de dois partidos: o “partido dos cabo-verdianos e de poucos europeus, de que Andrade Sequeira se fêz chefe e protector, e [o] dos europeus e, felizmente alguns cabo-verdianos, que se agrupavam ao redor do nome de Teixeira Pinto”.

Parece, de resto, que a Guiné sempre viveu num clima de intriga: são várias as referências de governadores à existência de intrigas, quer nas disputas entre régulos, quer por elementos estrangeiros, que assim perturbavam o curso da administração da província.

Manuel Maria Coelho (em 1910).
Cortesia de
Casa Comum / Fundação Mário Soares
O relato dos acontecimentos de Bissau de 1891, da sua razão de ser, das diligências tendentes a compreender e explicar a sua origem e a subsequente procura da paz e harmonia, está cheio de referências a “intrigas”. Em 1891 o governador estava convicto de que as hostilidades entre as duas tribos papéis da ilha de Bissau, Intim e Antula, se deviam às ”intrigas dos habitantes da praça”, que “formando dois partidos” entre os beligerantes ”alimentavam a guerra”. 

O mesmo governador dirá que “o gentio branco e mulato (filhos da ilha do Fogo, principal colónia em Bissau) estão [...] mancomunados com os gentios e grumetes para nos desrespeitarem e desacatarem a autoridade; e os estrangeiros colaboram neste vil procedimento”, fim para que se serviam de “intrigas de toda a ordem”. E na procura de nomes dos instigadores do clima de desconfiança, um grumete afirma que “se fossem só portugueses e não do Fogo os que estavam na praça, não havia nunca guerra, nem com os grumetes, nem com Intim”. (*****)

Parece que a “intriga” é, ainda hoje, algo sempre presente na vida pública da Guiné-Bissau: quem assistir a reuniões em que se discute a sua situação política e administrativa poderá ouvir com alguma frequência pronunciar-se a palavra “intriga”.

Armando Tavares da Silva
_________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de  20 de março de 2007 > Guiné 63/74 - P1615: Historiografia da presença portuguesa em África (5): O Capitão Diabo, herói do Oio, João Teixeira Pinto (1876-1917) (A. Teixeira-Pinto)

Vd. também  7 de abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8057: Notas de leitura (226): João Teixeira Pinto, A Ocupação Militar da Guiné (3) (Mário Beja Santos)

(...) Aqui se dá por terminado o relato das 4 campanhas de Teixeira Pinto entre 1913 e 1915.

A pacificação foi um facto, mas só se deu por concluída em 1936. Teixeira Pinto irá morrer no combate de Negomano, frente aos alemães, em 26 de Novembro de 1917.

Abdul Injai irá cair em desgraça e será deportado. Todo este episódio da campanha de 1915 decorre já numa atmosfera de envenenamento que preludia as calúnias sobre o grande herói Teixeira Pinto. Lastimavelmente, todos estes episódios históricos estão mal estudados, parece que a Guiné só ganha importância aos olhos do historiador com a chegada do comandante Sarmento Rodrigues. Coisas da história. (...) 


sexta-feira, 7 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17554: Notas de leitura (975): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (3) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Junho de 2017:

Queridos amigos,
O que aqui se regista corresponde a um período de grande instabilidade na administração e nas atividades militares. É de um número impressionante as rebeliões, o rasgar de tratados, a presença da régulos poderosos que vêm até do exterior devassar a província. Momento há em que parece que Bissau vai colapsar, o Geba parece intransitável, a ocupação de Cacine é difícil, em Lisboa os políticos não sabem que destino hão de dar à Guiné, é bem provável que este estado de desorientação esteja associado às sequelas do Ultimato e da gravíssima crise financeira que atravessou a vida do país, neste período.
Vão aparecer ideias para criar companhias do tipo majestático, cairá tudo por água. Ainda irá aparecer um distinto general, Dias de Carvalho, que a pedido de um marquês italiano estudará as potencialidades económicas da província, o general produzirá um documento importantíssimo, nem sempre apreciado pelos investigadores, paciência.

Um abraço do
Mário


A presença portuguesa na Guiné: história política e militar 1878-1926, 
Por Armando Tavares da Silva (3)

Beja Santos

Dentre os mais importantes trabalhos historiográficos referentes à Guiné, é da mais elementar justiça pedir a atenção de todos os interessados para uma investigação de grande fôlego: “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016.

Continuo a insistir que o leitor se previna: são mais de 960 páginas, uma belíssima apresentação gráfica, poder-se-á mesmo adjetivar que é inexcedível, um bom acervo fotográfico e um conjunto de mapas que facilitam a leitura de tão avultado miolo. O investigador escolheu aquele período peculiar que vai das primícias da autonomização da Guiné face a Cabo Verde até à chegada da Ditadura Nacional, correspondente na colónia a uma fase que prometia arranque económico, num quadro de uma certa pacificação, em que a administração colonial se estava a disseminar por pontos importantes no território.

O governo de Gonçalves dos Santos é contemporâneo do ultimato inglês e de uma crise monetária que assola o país. Vai melhorar ligeiramente o efetivo de meios navais e prosseguem incidentes um pouco por toda a parte: Mamede-Paté é um régulo que escraviza gente; morre Mamadi-Paté-Bolola, um sério responsável por parte do despovoamento do Forreá, segue-se um período de inquietação na região Sul; Mussá Moló continua a agir como um salteador; no presídio de Geba, o Tenente Sebastião Casqueiro vive rodeado de régulos hostis. O governador pergunta a Lisboa se não se devia abandonar o presídio, transferi-lo para S. Belchior, na margem direita do Geba, vive-se a inquietação permanente receando os ataques de Mussá Moló.

Chega a Geba um oficial experiente, Zacharias de Souza Lage, comunica ao governador o perigo que se corre com Mali Boiá que tinha adquirido grandes forças de Mussá Moló e de Mamadi-Paté-Coiada, prevê-se um grande ataque, o governador reage: suspende as garantias no território de Geba; determina que as forças militares destacadas em Geba e Sambel Nhantá se juntem às operações, concentram-se forças que embarcam com destino a Geba. Souza Lage começa a atacar tabancas rebeldes, irão prolongar-se; também os balantas de Nhacra e Cumeré se manifestam sublevados. No ano de 1891 Bissau entra novamente em tormenta, o autor descreve-os com largueza. Gonçalves dos Santos escreve para Lisboa e deixa claro de que não há domínio algum fora as muralhas da praça, a justiça é inoperante e deixa o seguinte alerta:

“O gentio branco e mulato estão mancomunados com os gentios e grumetes para nos desrespeitarem e desacatarem a autoridade: e os estrangeiros colaboram neste vil procedimento".

E conclui ser forçoso acabar com este estado em Bissau, reduzindo a ilha à obediência. Bissau vive uma insubordinação prolongada, teme-se mesmo um desastre, sai uma coluna em direção aos revoltosos, é atacada. O governador telegrafa ao ministro informando a perda de quatro oficiais e de que o inimigo é calculado em 6 mil combatentes e está bem armado.

O governador é exonerado, é um período tremendo em que também há insubordinação entre as forças dentro de Bissau, depois de várias conversações com os revoltosos de Intim e Antula chega-se à paz. O novo governador é o Tenente-Coronel Luiz Vasconcelos e Sá, vem à procura de paz em Bissau onde está interrompida a atividade comercial. É nesta altura que os Papéis e Grumetes de Bissau procedem a uma petição em que confessam publicamente a fidelidade e obediência ao governo, requerendo um pedido formal de perdão. Vale a pena ler este texto:

“Senhor! 
Os povos Papéis e Grumetes de Bissau, que em Fevereiro do ano corrente foram considerados rebeldes, com suspensão de garantias, por haverem ousado pegarem armas contra a Mãe-Pátria, compenetrados hoje da sua impotência, conhecendo o poder das mãos de Vossa Majestade, e reconhecendo o erro em que haviam caído, vêm com o devido respeito, implorar a Vossa Majestade o perdão de suas culpas. 
Real senhor! 

Os suplicantes, confinados no amor paternal que a clemência, abraçada com a justiça de Vossa Majestade, sempre prodigalizou aos povos da Guiné Portuguesa, principalmente aos Papéis e Grumetes de Bissau, vêm hoje depor aos pés do mui digno delegado de Vossa Majestade nesta província as duas peças Krupp que ficaram no campo, no último ataque, pedindo ao mesmo Excelentíssimo Senhor se digna recebê-las como garantia da obediência e submissão dos suplicantes às leis de Portugal, a fim de ele conseguir que Vossa Majestade, usando da faculdade que confere a Carta Constitucional, concede aos suplicantes a amnistia de que carecem, para seu sossego, para honra e glória de Portugal, e para o completo restabelecimento da Ordem em Bissau”.

Há insubordinação militar em Geba; Musá Moló continua irrequieto em Farim, atacando os povos daquela circunscrição, o coordenador está indeciso em fazer guerra, a turbulência em Geba parece não ter fim. Souza Lage passa a Comandante-Militar e Administrador de Bissau, é o tempo em que se procede a obras de fortificação, o que não impede a continuação de incidentes à volta, este governador bem não queria mas está por resolver a instabilidade em Geba, as tropelias de Mussá Moló. É nesta altura que a Guiné passa a ser distrito militar autónomo.

Em 1893 põe-se de novo a questão da ocupação de Cacine e Bissau está novamente sobre aliança. O assunto de Bissau é de extrema, esboça-se uma nova operação mas é notória a falta de meios, era preciso pôr cobro ao estado insustentável de Bissau, o que vai dar origem a uma nova operação na ilha de Bissau em 1894. Em Lisboa, os políticos não sabem que destino dar para haver algum desenvolvimento na província. É uma fase em que se idealiza a concessão do território a uma possível companhia majestática. Um ministro faz publicar um decreto concedendo a Matheus Augusto Ribeiro de Sampaio e ao Conde Valle Flor terrenos incultos e desocupados para explorações agrícola, mineiras, comerciais e industriais. Exigia-se a constituição legal de uma companhia, havia uma disposição que permitiria que os territórios da Guiné voltassem a fazer parte integrante de Cabo Verde. A conceção nunca virá a efetivar-se.

Aproveitando transporte marítimo, Vasconcelos e Sá segue para Geba, é bem acolhido pelos régulos, irá escrever para Lisboa informando como veio aquela área sempre em rebelião, sujeita a razias e a guerras étnicas. Estamos em 1895, temos novo governador, é o Capitão-Tenente Eduardo João da Costa Oliveira. O seu primeiro ofício enviado ao governo traça um quadro absolutamente desolador do estado da província, as coisas correm mal no Forreá, em operação ir-se-á ocupar Contabane e é neste período que regressa Pedro Ignacio de Gouveia como governador.

(Continua)
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Nota do editor

Vd. postes anteriores:

3 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17536: Notas de leitura (974): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (2) (Mário Beja Santos)

30 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17526: Notas de leitura (973): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (1) (Mário Beja Santos)