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terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25077: Convívios (976): A CCAÇ 4544/73 (Cafal Balanta, 1973/74) vai realizar o seu convívio comemorativo dos 50 anos do regresso a Portugal, em Setembro próximo, na zona de Coimbra (António Agreira, Fur Mil TRMS)


1. Mensagem do nosso camarada António Agreira (ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 4544/73, Cafal Balanta, 1973/74), com data de 15 de Janeiro de 2024:

A CCAÇ 4544/73, que esteve em Cafal Balanta, vai realizar o seu Convívio de 2024 na zona de Coimbra, que será levado a efeito depois do dia 8 de Setembro, data em que se completa os 50 anos da chegada da nossa Companhia a Portugal.

Os interessados deverão contactar-me  (ex-Fur Mil de Transmissões, António Pereira Agreira), para o telemóvel 913 899 360.

Cumprimentos
António Agreira

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Nota do editor

Último poste da série de 9 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24933: Convívios (975): Tabanca de Faro: 7.º almoço-convívio dos ex-combatentes do concelho de Faro na Guiné-Bissau, em 18/11/2023 (José Anónio Viegas)

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24970: O que é feito de ti, camarada ? (19): Manuel Maia, o "bardo do Cantanhez", ex-fur mil, 2ª C/BCAÇ 4610/72 (Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74)


Guné > Região de Tombali > Vista panorâmica de Cafal Balanta: em primeiro plano,  o nosso camarada Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610.




Guiné  > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > O "resort" do Manuel Maia,  o poeta  que irá cantar, em sextilhas, tanto  o "seu" Portugal como a "sua" Guiné). (O Manuel Oliveira Maia é  autor de: (i) História de Portugal em Sextilhas, 2009; e (ii)  "Guiné que aprendemos a amar", 2013)

Fotos (e legendas): © Manuel Maia (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem com'plementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]







Manuel Maia



1. O Manuel Maia (o nosso bardo do Cantanhez, Manuel de Oliveira Maia, ex-fur mil da 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), entrou para a Tabanca Grande em 13/2/2009; tem 123 referências no nosso blogue.

Já há uns largos anos que deixámos de o ter no nosso radar... embora continuássemos, até 2020, a dar-lhe os parabéns pelo seu aniversário natalício (que é a 30 de de junho).

A última mensagem que recebemos dele (uma mensagem algo apocalíptica, junqueiriana, misteriosa, estranha, perturbadora, amarga) foi  sob a forma de um comentário ao poste P13346 (*), a agradecer a amizade e a camaradagem que lhe votávamos na Tabanca Grande: 

(...) Camarigos,

Há um ditado português antigo que diz que quem tiver amigos não morre na cadeia... A vossa amizade provou-o.

Sei que, se por qualquer contingência do destino, agora que o país caminha para a desagregação total depois da perda de identidade motivada pelo cataclismo bem pior que o terramoto do séc. XVIII, ocorrido à porta da entrada no último quartel do passado século, também conhecido por golpada e perpetrado por uns quantos traidores, depois disso diria,o pequeno passo para o abismo da perda da independência está a perder centímetros de tal forma que deixará de ser passo engolido pelos acontecimentos tenebrosos do dia a dia...

Não consigo calar o que sinto, tenho o coração muito perto da boca e da mesma forma que zurzo em tudo aquilo que me parece errado, reafirmo que a vossa amizade é um bem inquebrantável e de que não abdico.

O meu mais profundo reconhecimento a todos.

Que Deus vos proteja e vos dê saúde para que no dia em que me levarem de castigo para uma cela correcional por ter o coração demasiado perto da boca, me possais aparecer a levar os cigarros que não fumo e os abraços que sei serem verdadeiros. Abraço-vos a todos | 1 de julho de 2014 às 14:54



2.     O Manuel Maia costumava frequentar os convívios da Tabanca do Centro:  o último terá sido o 53º encontro, em maio de 2016, conforme o atesta o poste P797, de 31 de maio desse ano, do blogue da Tabanca do Centro.

 A partir desta data os amigos e camaradas que lhe eram mais próximos deixaram de ter notícias dele. Não compareceu, por exemplo, â sessão de apresentação do livro escrito em parceria por ele e pelo JERO (José Eduardo Oliveira) (1940.2021) (Foto da capa, à direita.)

 No poste P1123. de 11 de abril de 2019, do blogue da Tabanca do Centro, pode ler-se:

(...) "Mau grado os esforços do JERO para encontrar o Manuel Maia, que terá deixado Portugal em 2016, não há a certeza que o apreciado poeta, autor da “História de Portugal em Sextilhas” e da “GUINÉTerra que aprendemos a amar” venha a estar presente em Alcobaça." (...).

Para além desta versão, também já ouvi, mais recentemente,  a de que estaria internado num lar por razões de saúde. A informação foi-me dada há escassas sermanas pelo José Ferreira da Silva, escritor, membro do Bando do Café Progresso, ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689 / BART 1913 (Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), subunidade que era comandada pelo cap art Manuel de Azevedo Moreira Maia, também  falecido há pouco, no posto de tenente-general na reforma.

Também era membro do Bando do Café Progresso. (Os escassos comentários que encontrámos dele são de 2011.)

Se alguém souber do paradeiro do nosso camarada Manuel Maia,  o bardo do Cantanhez, que nos  dê notícia (***).

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Notas do editor;

sábado, 20 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23540: Memória dos lugares (442): Rio Cacine, Cafal, Cananima, ontem e hoje

 

Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cananima > 2 de Março de 2008 > Praia fluvial e aldeia piscatória de Cananima, na margem direita do rio Cacine, em frente a a vila de Cacine. (*)


Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cananima > 2 de Março de 2008 > Praia fluvial e aldeia piscatória de Cananima, na margem direita do rio Cacine,  Canoas.(*)


Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cananima > 2 de Março de 2008 > Praia fluvial e aldeia piscatória de Cananima, na margem direita do rio Cacine, Construção de canoas. (*)

Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Cacine > Cacine, na margem esquerda do Rio Cacine > 2 de Março de 2008 > Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de Março de 2008) > Visita ao Cantanhez dos participantes do Simpósio > Rio Cacine, perto do cais de Cacine: Tarrafo...


Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cananima > 2 de Março de 2008 > Era domingo, para nós, participantes (a maior parte estrangeiros...) do Simpósio Internacional de Guiledje, de visita ao sul do país... mas não para o pescador, que precisa de remendar as redes e ir à pesca..


Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cananima > 2 de Março de 2008 > A simpatiquíssima Cadidjatu Candé (infelizmemte já falecida, segundo informação do Zé Teixeira), da comissão organizadora do Simpósio Internacional de Guileje e colaborada da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, servindo um fabuloso arroz com filetes de peixe do Cacine e óleo de palma local, que tem fama de ser o mais saboroso do país, devido à qualidade da matéria-prima e às técnicas e condições de produção (artesanal). Na imagem, um diplomata português, o nº 2 da Embaixada Portuguesa, que integrou a nossa caravana (e cujo nome, por lapso, não registei, lapso de que peço desculpa).

Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cananima > 2 de Março de 2008 > Um dos pratos que foi servido no almoço de domingo, aos participantes do Simpósio Internacional de Guileje, foi peixe de chabéu, do Rio Cacine, do melhor que comi em África... Durante a guerra colonial, na zona leste, em Bambadinca, só conheci conhecíamos o desgraçado peixe da bolanha..


Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Cacine > Cacine, na margem esquerda do Rio Cacine > 2 de Março de 2008 > Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) > Visita dos participantes ao sul > Depois de um belíssimo almoço em praia fluvial e porto piscatório de Cananima, na margem direita do Rio Cacine, houve um grupo de cerca de 30 valentões (e valentonas) que se meteram numa canoa senegalesa, motorizada, de um pescador local, e aproveitaram a tarde para visitar a mítica Cacine.  Sem coletes salva-vidas!... A distância entre as as duas margens ainda é grande... A canoa a motor, carregada de pessoal, terá levado meia hora a fazer a travessia...


Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Cacine > Cacine, na margem esquerda do Rio Cacine > 2 de Março de 2008 > Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) > Visita dos participantes ao sul > O nosso amigo, o saudoso  Leopoldo Amado (1960-2021) , historiador, um dos organizadores do Simpós
o e conferencista, veio encontrar aqui um antigo condiscípulo de liceu, hoje administrador de Cacine (sector de Quitafine).


Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Cacine > Cacine, na margem esquerda do Rio Cacine > 2 de Março de 2008 > Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) > Visita dos participantes ao sul > Está na hora do regresso a Cananima... O pessoal deixa Cacine, já ao fim da tarde, de sapatos na mão, para tomar o seu lugar na canoa... Em primeiro plano, a Maria Alice Carneiro e o antigo embaixador cubano, na Guiné-Conacri, Oscar Oramas (estava lá, quando foi assassinado, em 1973, o fundador e dirigente histórico do PAIGC)..

Fotos  (e legendas): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cananima >  9 de Dezembro de 2009 > c. 18h >  Pescador e canoa da aldeia piscatória de Cananima, na margem direita do Rio Cacine, frente a Cacine. (**)

Foto  (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Região de Tomvali > Rio Cacine > Praia de Cafal, na margem direita do rio > 2022 > De costas, em primeiro plano, o padre Carlos, dos missionários  Oblatos da Maria Imaculada, que chegaram aqui há 10 anos, acrescentando  Cacine às duas missões ja existentes, a de Antula, Bissau, e a de Farim. Em Cacine têm duas escolas, uma em Cafal e outra em Quitafine  (que tem 270 alunos). O padre Costa conversa com os mototaxistas, que são o único transporte motorizado que aqui existe (para além das canoas)...


Guiné-Bissau > Região de Tomvali > Rio Cacine > Praia de Cafal, na margem direita do rio > 2022 > Um dos mototaxistas com uma T-shirt "made in China"...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cacine > 2022 > Uma loja de roupa

Fotos (e legendas) de Andre Cuminatto (2022), "Além-Mar" (revista dos Missionários Combonianos), abril 2022, pp. 44-45 (com a devida vénia)


1. Estivemos aqui há 12 anos, andámos por aqui (e comemos, ao almoço o belíssimo peixe do rio Cacine, um fabuloso chabéu de peixe), por altura  de uma visita ao Cantanhez, em 2 de março de 2008, no âmbito do Simpósium Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de março de 2008). E escrevemos (*):

(...) A região de Tombali, com pouco mais de 3700 km2 (o que representa cerca de 10,3% do território da Guiné) e pouco mais de 90 mil habitantes (7,1% do total) tem grandes potencialidades, devido ao seu património ambiental e cultural, ainda insuficientemente conhecido e valorizado pelos próprios guineenses. A jóia da coroa é o massiço florestal do Cantanhez e os dois rios principais que o atravessam, o Cumbijã e o Cacine. (...)

(...) Cananima é uma praia fluvial e um aldeia piscatória. Gente de vários pontos, desde os Bijagós até à Guiné-Conacri, vêm para aqui trabalhar na actividade piscatória. No entanto, é preciso saber gerir os recursos do rio e do mar com sabedoria... A sobre-exploração de certas espécies pode ser um desastre... Por outro lado, as infra-estrututuras de apoio à pesca são precárias ou inexistentes. (...)

(...) No estaleiro naval artesanal, de Cananima, também se constroem barcos, segundo os modelos tradicionais. A matéria-prima, a madeira, é abundante. Abate-se uma árvore centenária para fazer uma piroga. Felizmente, as pirogas não são feitas em série. E hoje há, também felizmente, restrições ao abate de árvores no Cantanhez. O problema são, muitas vezes, os projectos megalómanos e inconsistentes, que acabam por morrer na praia, como estas embarcações senegalesas que viemos aqui encontrar. (...)

(...) Em frente, do outro aldo do rio, fica Cacine, que tem muito que contar, aos nossos camaradas do exército e da marinha... Alguns deles ficaram por aqui, enterrados e abandonados... A guerra e as suas memórias estão por todo o lado, não nos largam. (...)

(...) A areia não é fina, as águas não são azuis, nem a paisagem é a mais bela do mundo, mas tudo depende dos olhos com que se olha, dos ouvidos com que se ouvem, das emoções com que se capta o instante, o efémero, o diferente (..).

(...) É preciso salvar o Cantanhez, dando uma chance às crianças de Tombali. Projectos como o ecoturismo, ou o turismo de natureza, podem vir a ser um factor dinamizador de mudanças, a nível local e regional. (...)

(..) A diversidade étnico-linguística e cultural da Guiné-Bissau, em geral, e do Tombai, em particular, não deve ser vista como uma obstáculo, mas sim como um factor potenciador da cidadania e do desenvolvimento... Os demónios étnicos não podem é dormir descansados na Caixinha de Pandora... Combatem-se com as armas da saúde, da educação, da democracia, da integração, do desenvolvimento económico, social e cultural... (...)


2. Há dias lemos na revista "Além-Mar" um interessante artigo, "Evangelho e promoção social na Guiné-Bissau: Cacine, Missão Escolar", edição de abril de 2022 (pp. 43-45)... Tomamos a liberdade de reproduzir aqui este excerto do viajante e jornalista italano, Andrea Cuminatto.

(...) Na orla, entre as vacas que lambem o sal deixado pela maré alta, há também, um grupo de pescadores. Um é da Serra Leoa, outro da Libéria e ainda outro do Gana. Vêm da vizinha Guiné: sairam de Conacri,  com dois barcos de pesca e foram vistos a pescar, surpreendidos sem autorização nas águas da Guiné-Bissau. Há doze dias que estão à espera no pequeno cais de cimento que o seu chefe envie o dinheiro para pagar a multa do resgaste e poder zarpar. 

Até para os pescadores locais não é fácil tirar algo destas águas. Desde que os Coreanos compraram os direitos de pesca, a maior parte da captura é congelada  e enviada para a Ásia. E assim as pirogas,  feitas de madeira muito leve de ' fromager', tão ágeis nestas águas plácidas, descansam na areia, carregando pouquíssimos peixes nas panelas de Cacine. Estamos satisfeitos com o arroz, pelo menos não falta" (...) 

A vila de Cacine tem hoje 2 mil habitantes. E já nada é como dantes... (***)
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quarta-feira, 16 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22285: Em busca de... (314): Camaradas da minha CCAÇ 4544/73 (Cafal, 1973/74), o Coelho (de Alcobaça), o Rosete (de Cantanhede), o alf mil Quintela (de Torres Vedras) (Eugénio Ferreira, ex-1º cabo, 2º pelotão)


Guiné > Região de Tombali > Carta de Cacine (1961) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Cafal, intinerário Cadique-Jemberém, e rios Cumbijã e Cacine. Sobre Cafal Balanta, temos mais de 3 dezenas de referências no blogue.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)


1. Comentário, de 13 de junho de 2021 às 21:32, assinado pelo Eugénio Ferreira, ao poste P12020 (*)

Boa tarde, caro camarada Sr. Luís Graça:

Sendo eu Combatente no Ultramar,  na Guiné,  em Cafal Balanta, pertencendo à companhia de Caçadores CCAÇ 4544/73,  desconhecia que afinal existe um grupo de combatentes que se reúnem em confraternização realizando alguns almoços para isso!!!

Eu que já tinha andado pelo Facebook,  procurando pessoal, companheiros desse tempo,  e de minha Companhia... Recordo o nome de guerra de alguns deles,  como o Coelho,  próximo de Alcobaça,  o Rosete,  próximo de  Cantanhede,  o alferes Quíntela...  (ainda tive convívio com ele aqui em Torres Vedras onde morava, é que eu moro também na região).

Eu que não me apresentei,  sou o 1.º Cabo Ferreira,  do 2.º pelotão,  enfim gostaria saber algo mais de como aderir a este grupo de convívio.

Meu email: ecoimbra52@gmail.com
Muito obrigado
Eugénio Ferreira

2. Comentário do editor Luís Graça:

Meu caro Ferreira:

Obrigado pelo teu comentário. Como camaradas de armas que fomos, aqui tratamo-nos por tu. Para mais, és meu vizinho, segundo percebi: eu vivo na Lourinhã, depois de há um ano e picos. Deixa-te, portanto, lá de tratamentoos cerimoniosos...

Respondendo ao teu apelo (**), tenho o grato prazer de te informar que há dois representantes da tua CCAÇ 4544/73, aqui no nossa Tabanca Grande (que reune até ao momento 840 camaradas e amigos da Guiné, entre vivos e mortos): 

(i) o António Agreira, ex-fur mil de transmissões: apresentou-se, aqui na "parada da Tabanca Grande", há dez anos atrás (***), e tem desempenhado o papel de dinamizador dos vossos convívios,; vou-te mandar, por email, o contacto do Agreira;

(ii) o outro camarada é o João Nunes açoriano, também ex-fur mil: vê aqui a sua foto e a sua apresentação à nossa Tabanca Grande (****);

O ex-alf mil António Alfredo Quintela, que de facto vive em Santa Cruz, Torres Vedras, também já passou por aqui (*****).

Quanto ao Coelho, de Molianos (ou Moleanos), Alcobaça, vê aqui o poste do nosso camarada António Eduardo Ferreira (******).

Como vês, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!... 

Ficas convidado para te juntares à nossa malta, basta para o efeito mandares as duas fotos da praxe: uma do antigamente, e outra mais atual. Boa saúde, longa vida, e não percas o próximo convívio da tua CCAÇ 4544/73.


3. Ficha de unidades > Companhia de Caçadores n.º 4544/73 (tem 17 referências no nosso blogue)

Identificação:  CCaç 4544/73
Unidade Mob: RI 15 - Tomar
Crndt: Cap Inf Carlos Alberto Duarte Prata
Cap Art José Manuel Salgado Martins
 Partida: Embarque em 23Set73; desembarque em 23Set73 | Regresso: Embarque em 8Set74


Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 40ut73 a 1Nov73, no CMl, em Cumeré, seguiu em 4Nov73 para Cafal, no sul da Guiné, região de Tombali, Cantanhez (vd. infografia acima),  a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 3565.

Em 4Dez73, assumiu a responsabilidade do subsector de Cafal, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 4614/72 e depois do BArt 6520/73, com a missão de efectuar a reabertura do itinerário Cadique-Jemberém, de actuar sobre as linhas de infiltração inimigas e efectuar a segurança e protecção das populações e construção de aldeamentos.

Em 20Ago74, após desactivação e entrega do aquartelamento de Cafal ao PAIGC, recolheu temporariamente a Bolama, seguindo em 30Ago74 para Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 114 - 2.ª Div/4.ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional: Tomo II - Guiné - Livro I (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2014), p. 424.


(****) Vd. postes de:



sexta-feira, 25 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P13043: No 25 de abril eu estava em... (22): Cafal Balanta, Cantanhez... (António A. Quintela, ex-alf mil, CCAÇ 4544/73, 1973/74)




Lisboa > Av Berna > Muro da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH / NOVA)> Destaque para a figura do cap cav Salgueiro Maia (comandante da CCAV 3420, Bula, 1971/73), nosso camarada da Guiné e que eu conheci pessoalmente no ano letivo de 1975/76 no então ISCPS - Instituto Superior de Ciências Políticas e Sociais, na Rua da Junqueira, onde fomos colegas, por um ano, no curso de licenciatura em Ciências Sociais e Políticas, embora sem qualquer relacionamento pessoal [, tendo eu seguido depois, em 1976/77 para o ISEG e, no ano seguinte, para o ISCTE, onde terminei o cruso de Sociologia, em 1980; o Salgueiro Maia tinha duas licenciaturas pelo ISCSP, Ciências Políticas e Sociais (1979) e Ciências Antropológicas e Etnológicas (1980)]. Tamto quanto me recordo dele, as vezes que nos cruzámos, era um típico militar, distante, reservado, e equidistante dos diferentes grupos estudantis de esquerda e extrema-esquerda que imperavam no ISCSP.



"Cinco artistas mostram a sua visão sobre o passado, o presente e o futuro da Revolução de 74 através da pintura do muro da FCSH. A iniciativa enquadra-se no 40.º aniversário do 25 de Abril. Vhils, co-fundador da plataforma Underdogs, respondeu ao desafio lançado pelo Instituto de História Contemporânea (IHC), unidade de investigação da FCSH/NOVA, e convidou Miguel Januário, Frederico Draw, Diogo Machado e Gonçalo Ribeiro para, em conjunto, pintarem o muro da Faculdade. O objectivo é “mostrar como esta nova geração de artistas interpreta o 25 de Abril e como esta data influenciou as suas vidas”, afirma Vhils, também conhecido por Alexandre Farto. " 

(Fonte: FCSH/UNL Vd. mais fotos na página do Facebook).


Fotos: © Luís Graça  (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) António A Quintela cm data de hoje:

Assunto: Uma estória do 25 de Abril na Guiné

Caro Amigo


Ainda não me associei à Tabanca Grande mas em breve irei formalizar essa situação.

Fui alferes de infantaria da CCAÇ 4544 em Cafal Balanta desde outubro 73.

Lá passei o 25 de Abril e lembrei-me de contar uma estória talvez curiosa mas que relata o sentimento então já vivido sobre a queda iminente do regime de então.

Esta estória antecede o relato já feito pelo António Agreira sobre a maneira como soube do que se passava em Lisboa.

Um abraço para ti e para todos os camaradas da Tabanca Grande.

António Quintela



2. Uma pequena estória do 25 de Abril de 74 em terras da Guiné

por António Quintela


Antes de mais ressalvo desde já alguns lapsos de memória que a 40 anos de distância se entenderão.

Estava então em Cafal Balanta na CCAÇ 4544 desde Outubro de 1973.

Poucos dias antes do 25 de Abril e após termos ouvido, como era hábito, o noticiário em português da BBC, o comandante da companhia, Cap Salgado Martins e os alferes ficamos a conversar sobre a situação que, pelo menos desde o 16 de março.  estava instável, situação de instabilidade essa que a BBC retratara.

A conversa desenvolveu-se e de repente estávamos a planear uma tomada do poder em Lisboa com as tropas estacionadas na Guiné.

Definiram-se objectivos estratégicos e foi necessário mandar manter o gerador em funcionamento mais horas para que o "planeamento" fosse concluído.

No dia 25 logo de manhã soubemos o que se passava em Lisboa,  graças ao [fur mil António] Agreira das transmissões (**) que tinha apanhado a informação via rádio, nomeadamente, da "Maria Turra", que a partir desse momento passou a transmitir música portuguesa do Zeca e de outros oposicionistas ao regime até então vigente, pese embora referir a necessidade de se confirmar a orientação política da acção revolucionária. Temia-se de facto que pudesse ser a facção Kaulza [de Arriaga] a actuar.

O Capitão Salgado Martins que se tinha deslocado à sede do batalhão em Cadique, não acreditou de imediato na informação que lhe foi transmitida, referindo depois que pensara ser gozo na sequência da noite do "planeamento" da acção. Só regressado ao aquartelamento pôde confirmar a verdade e o sentido político do golpe de Lisboa.

Nessa noite contudo e ao contrário de todas as anteriores, não se ouviu um único disparo de armamento pesado do PAIGC.

António A Quintela

3. Comentário de L.G.:

António, camarada, és bem vindo à Tabanca Grande. Manda as duas fotos da ordem, que a história, essa,  já contaste. Depois do Carlos Prata,  do António Agreira e do João Nunes, passarás a ser o quarto  representante dos bravos da CCAÇ 4544/73. Julgo que vivas nos Açores, não ? Um alfabravo. Luís Graça

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Notas do editor:

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12653: Memória dos lugares (262): Cafal Balanta, Cantanhez: recordando a malta da minha secção do 3º grupo de combate, CCAÇ 4544/73, 1973/74 (João Nunes)



Guiné > Região de Tombali > Cafal Balanta > CCAÇ 4544 (Cafal Balanta, 1973/74) > Foto do álbum do João Nunes, de Angra do Heroísmo. Trata-se da secção do João Nunes, 3º grupo de combate (que era comandado pelo alf mil Moura, natural do Porto). O João foi capaz de identificar, 40 anos depois, a maioria dos seus camaradas de secção, incluindo o cão que era o "Cigano".

Foto: © João Nunes (2013). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem, com data de hoje, de João Nunes [, ex-fur mil, CCAÇ 4544, Cafal Balanta e Bolama, 1973/74],  membro nº  599 da nossa Tabanca Grande, residente em Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Região Autónoma dos Açores:

Assunto: foto alterada da CCAÇ 4544/73

Amigo Luís Graça, envio-te  esta foto com mais 2 nomes que me lembrei agora, que são o Cardoso e o Teixeira. Se quiseres atualizar no blog, esta foto está mais completa.

Cumprimentos,
João Nunes (ex-furriel)
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Nota do editor:

Último poste da série >  22 de janeiro de 2014 >  Guiné 63/74 - P12620: Memória dos lugares (261): Bachile, 1973/74 (Duarte Cunha)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12020: Convívios (528): 15.º Encontro do pessoal da CCAÇ 4544/73, levado a efeito no passado dia 8 de Setembro de 2013 em Miranda do Corvo (António Agreira)



1. Mensagem do nosso camarada António Agreira (ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 4544/73, Cafal, 1973/74), com data de 9 de Setembro de 2013:

Realizou no dia 8 de Setembro mais um encontro dos militares da Companhia de Caçadores 4544,

O 15º convívio que se realizou no Restaurante O Careca em Casais de S. Clemente, Miranda do Corvo.

Este convívio revestiu se de um significado especial, fez neste dia precisamente 39 anos que estes "jovens" regressaram das terras da Guiné, mais concretamente de Cafal Balanta.

A outra questão que entendo digna de registo é o facto de termos contado com a presença pela primeira vez de mais 5 camaradas de armas entre os quais o Sr. Coronel Carlos Pratas.

Neste convívio não foram esquecidos os que por algum motivo não estavam presentes, tendo-se prestado uma pequena homenagem aos falecidos.

Não posso deixar de ter uma palavra de agradecimento a todos os presentes de um modo geral e em particular aos que marcaram presença pela primeira vez.

Cabe aqui também uma palavra a gerência do restaurante (O Careca) que nos recebeu com muita dignidade e profissionalismo.


A todos o meu muito obrigado

António Agreira
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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12003: Convívios (527): III Convívio da CCAÇ 3414, realizado nos passados dias 9; 10; 11 e 12 de Agosto de 2013 na Ilha do Pico (Joaquim Carlos Peixoto)

domingo, 27 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P11011: Efemérides (119): Diário de George Freire, ex-comandante da 4ª CCAÇ (Bedanda, 1962/63): o início da guerra no sul do CTIG (jan / mar 1963)...Recordando topónimos que nos são familiares: Cabedu, Caboxanque, Cacine, Cadique, Cafal, Cafine, Catió, Chugué, Jemberém, Mejo, Salancaur...



Guiné > Região de Quínara (parte sul) e Região de Tombali > Sítios referidos por George Freire no seu dário (1/3 a 23/3/1963), e onde a sua 4ª CCAÇ, colocada em Bedanda, ou outras unidades do exército (como a CCAÇ 273, por ex.) , estiveram em ação, logo no início da guerra...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)

1. Ainda a propósito dos 50 anos do início da guerra no TO da Guiné - a 23 de janeiro de 1963, segundo os nossos historiógrafos (mas também os da Guiné-Bissau) - achamos oportuno reproduzir, aqui, mais uma vez, o diário do cap inf Jorge Freire (,hoje cidadão americano, George Freire), que comandou a 4ª CCAÇ, e que esteve, já em cenário de guerra, em Bedanda, desde novembro de 1962 até ao fim da sua rendição individual em maio de 1963 (*)...

É impressionante como um só companhia podia, na época, operar em quase todo o sul da Guiné, compreendendo parte da região de Quínara  e a região de Tombali, o celeiro da Guiné... Todos estes topónimos são-nos familiares, para muitos de nós: Bedanda, Cabedu, Caboxanque, Cacine, Cadique, Cafal, Cafine, Catió, Chugué, Jemberem, Mejo, Salancaur... Ainda não se falava de Guileje nem de Gadamael...Repare-se que há tabancas que vão ser logo de imediato abandonadas (caso de Iemberém, cuja população fula é transferida pelo exército pata Bedanda), Da leitura do diário depreende-se que houve um rápido alinhamento da população local, com os fulas a mostarem-se leais às autoridades portuguesas e os balantas (e outros: beafadas, nalus...) a ficarem do lado do PAIGC... Houve seguramente terror e contraterror nestas ações de ambos os lados. Mas repare-se que os prisioneiros feitos pela 4ª CCAÇ são entregues ao batalhão (o George Freire não o identifica,  claramente, não sei se era o BCAÇ 236 ou o BCAÇ 356). Por outro lado, um dos alvos da ação da guerrilha são as casas comerciais, a Ultramarina, a Gouveia... A produção de arroz vai decrescer drasticamente nos anos seguintes. A importação de arroz mais do que triplica de 1962 (c. 9 mil toneladas) para 1964 (c. 30 mil toneladas). A Guiné nunca mais será a mais a mesma, depois do ataque de Tite, em 23 de janeiro de 1963. (LG)



O meu Diário da Guiné, por George Freire (EUA)

Como história, transcrevo partes de um diário que encontrei no meio de papelada antiga numa gaveta da minha secretária. A primeira entrada no diário foi no dia 31 de Janeiro de 1963 e a última, no dia 28 de Maio do mesmo ano.

31/1/63:

Ataque de terroristas aos Fulas de Jemberém. Mataram o chefe da tabanca e outros 6 Fulas.

2/2/63:

Acção em Boche Falace pelas minhas forças de Jemberém. Um grupo de terroristas balantas em fuga deixou grande quantidade de arroz cozido (!).

6/2/63:

O nosso destacamento em Salancaur foi atacado às 00:30. Tivemos baixas: um furriel e um soldado foram mortos do nosso lado e vários terroristas foram abatidos. Nesta mesma noite, também atacaram o nosso destacamento em Cacine, mas felizmente não houve baixas a assinalar.

8/2/63:

Fui a Bissau tratar de vários assuntos da Companhia [4ª CCaç].

9/2/63:

Volta de Bissau. Manga de trabalho em atraso devido as acções dos últimos dias. Recebemos informação de que vários terroristas passaram ao largo, vindos de Catió para a zona de Cacine. As instalações da Ultramarina foram assaltadas e o encarregado europeu foi morto.

10/2/63:

Lista de material extraviado em combate: 1 capacete em Chugué, 1 espingarda Mauser e1 pistola-metralhadora em Jemberém.

Esta madrugada as instalações da Gouveia em Salancaur foram atacadas. Os terroristas levaram cerca de 10 toneladas de arroz e outros géneros de comida.

11/2/63:

Efectuámos acções em Jemberém, Salancaur e Cadique. Vários elementos terroristas que tinham tomado parte no assalto aos Fulas de Jemberém foram aprisionados e enviados para a sede do Batalhão.

12/2/63:

Um alfaiate mandinga, Mamude Djassi, que tinha sido aprisionado em Chacual pelos terroristas e que passou vários dias num dos seus acampamentos, conseguiu fugir e apresentou-se ao nosso destacamento do Chugué. Foi transportado para o nosso quartel em Bedanda. Enviei um rádio para o Batalhão para que este Mandinga possa ser aproveitado como guia na acção que está a ser preparada pelo Batalhão.

13/2/63:

Enviei um pelotão para Salancaur para proteger o embarque de arroz da Ultramarina e da Gouveia.

14/2/63:

Patrulhamento feito em Jemberém e Cadique. Nesta última povoação tivemos contacto com terroristas Balantas que puseram alguma resistência mas acabaram por fugir. Três foram abatidos.

15/2/63:

O nosso quartel em Bedanda foi visitado por 3 directores da CUF, procurando informações do que se está a passar na região. Nessa mesma altura, terroristas rebentaram um pontão na estrada de Catió junto de Timbo. Houve também grande tiroteio em Chugué e algumas explosões na estrada próxima da área. Os 3 directores ficaram bem informados do que se está a passar...

16/2/63:

Chegou o Pelotão de acompanhamento da Companhia 273. Uma patrulha das nossas forças do Chugué foi atacada por um grupo armado de pistolas-metralhadoras. Não sofremos baixas mas 2 terroristas foram abatidos.

Regressou à base o Pelotão destacado em Salancaur. Foi rendida por novas forças a Secção que se encontrava destacada em Jemberém.

17/2/63:

Continuaram a chegar mais elementos da companhia 273.

18/2/63:

Reconhecimentos feitos a Salancaur, Jemberém e Cadique. Aprisionámos alguns dos elementos que tinham atacado o nosso destacamento de Salancaur.

22/2/63:

Fomos visitados aqui em Bedanda pelo Comandante Militar e pelo Major Mira Dores, durante a altura em que tínhamos começado uma acção no mato de (Nhairom?), com 2 pelotões da CCaç 273 e 1 Pelotão da minha Companhia.

23/2/63:

Regresso da acção. Pobres resultados. Foram encontrados vários acampamentos terroristas, abandonados mas com indícios de terem sido ocupados recentemente. Foi rendida a secção de Jemberém.

25/2/63:

Reconhecimento feito em Salancaur e Mejo. O Capitão Delfino, comandante da Companhia que substituiu a CCaç 74, visitou-nos, para discutirmos colaboração.

26/2/63:

Outra visita pelo Comandante Militar e o Comandante da Força Aérea, para discussão sobre a colaboração da FA na próxima operação que iremos executar. Pormenores foram discutidos em detalhe.

27/2/63:

O Capitão Relvas veio da sede do batalhão visitar-nos em Bedanda. Aparentemente, o comandante do Batalhão está chateado por não ter sido consultado nos detalhes de apoio pela FA. e tomou a decisão de fazer a operação sem esse apoio. (Incompreensível!).

A acção começará esta noite a partir das 00:04. A acção terminou pelas 15:00 do dia 28/2/63. Os resultados que poderiam ter sido bastante satisfatórios, foram praticamente nulos, pois vários grupos de terroristas conseguiram, (devido a configuração e extensão do terreno de acção), fugir e dispersar. Se a FA tivesse colaborado os resultados teriam sido tremendos, pois o número de terroristas que conseguiram infiltrar-se entre as nossos forças foi considerável. (Esta foi a opinião de todos os comandantes de pelotão directamente envolvidos na acção. Na área onde a minha companhia actuou, notamos exactamente os mesmos resultados).

É evidente que os terroristas foram avisados da operação a tempo de poderem debandar. Nada me admira, pois temos um número considerável de soldados nativos, incluindo Balantas...


1/3/63:

Hoje pela 09:30 e mais tarde pelas 14:30, pessoal do pelotão do Cabedú sofreu emboscadas respectivamente entre Cafal e Cafine e no cruzamento de Cabante. Na segunda emboscada sofremos um morto e um ferido. Uma viatura Chaimite foi destruída na primeira emboscada. Seguiram dois pelotões reforçados para os locais das emboscadas.

Em Impungueda uma patrulha da CCaç 859 travou contacto com os terroristas e feriu alguns e os outros conseguiram fugir.

2/3/63:

Durante parte do dia de ontem e durante todo o dia de hoje as nossas forças percorreram todo o terreno nas zonas das emboscadas. Encontraram vestígios dos atacantes, fizeram um prisioneiro que tinha tomado parte numa das emboscadas, mas nada mais. O soldado ferido seguiu de avião para Bissau e o morto foi enterrado no cemitério de Bedanda.

O prisioneiro foi interrogado mas poucas informações conseguimos. Foi enviado para o Batalhão para ser interrogado.

3/3/63:

O Comandante Militar veio cá hoje de avião com o segundo Comandante do Batalhão 356. Depois de informados dos acontecimentos dos últimos dias, seguiram para Catió.

4/3/63:

Recebemos informação do batalhão de um possível ataque planeado pelos terroristas a Caboxanque e Jemberém. Enviei dois pelotões para Jemberém e Cadique, ponto de onde, segundo a informação, os terroristas se estavam a organizar para os ataques. Em Caboxanque executámos acções por um pelotão da minha companhia e outro da CCaç 273.

6/3/63:

Fizemos um reconhecimento à zona de Jemberém. O alferes Gonçalves encarregou-se de falar aos chefes Fulas de Jemberém e discutir a possível mudança das suas tabancas para Bedanda. Há toda a vantagem dessas mudanças para incrementar a protecção da população Fula. Poderemos também formar aqui e em Bedanda um pelotão de uns 40 Fulas, o que nos poderá ajudar substancialmente na segurança da área e aliviar as nossas forças. Os chefes Fulas aceitaram a nossa oferta de braços abertos.

7/3/63:

Começámos o transporte da população Fula de Jemberém. Usámos 10 viaturas neste movimento. Calculamos que serão necessárias 3 mais viagens semelhantes.

8/3/63:

Continuação do transporte dos Fulas. Seguiram dois pelotões da CCaç 273 para a região de Salancur.

9/3/63:

Continuação do transporte dos Fulas. Os pelotões da CCaç 273 continuaram a operar na região de Salancur.

Elementos Fulas de Jemberém conseguiram aprisionar um nativo que sabiam estava ligado ao movimento terrorista. Quando este nativo (Balanta) foi interrogado aqui na companhia, deu-nos a informação de que elementos terroristas estão no mato de Boche Falace a prepararem um ataque àquela povoação. Enviámos um pelotão da CCaç 273 para a área.

Recebemos também informação, por elementos do Chugué, que um grupo de terroristas bem armado estava concentrado do outro lado da fronteira com a Guiné Francesa, perto da zona de Banta-Sida.

Mais informações recebidas do pelotão de Jemberém: cerca de 300 elementos terroristas estavam a preparar um ataque à nossa companhia em Bedanda na madrugada de amanhã.

Dei ordens para que todo o nosso pessoal, (estávamos um pouco desfalcados pois tínhamos 2 pelotões em operações longe de Bedanda), estar em alerta em posições defensivas, já há muito preparadas para eventualidades semelhantes. Foi uma longa noite de nervos, mas o ataque nunca se deu.

10 e 11/3/63:

Acabámos o transporte dos Fulas de Jemberém para Bedanda, contudo ainda teremos que transportar abastecimentos e víveres que ainda lá ficaram, em especial uma grande quantidade de arroz. Os Fulas fizeram um outro prisioneiro que, após interrogado, nos deu boas informações sobre o grupo terrorista que tem actuado na zona de Boche Falace: nomes de comandantes, armamentos e locais aproximados do grupo. Este prisioneiro foi enviado para o batalhão.

13/3/63:

Recebemos novas informações sobre um outro possível ataque ao nosso aquartelamento no dia 16 ou 17.
O Benfica venceu o Dukla de Praga para a taça dos campeões europeus. Ouvimos o relato no rádio.

15/3/63:

Chegou um pelotão da CCaç 417 que seguirá para Caboxanque. Enviei uma grande coluna de 10 viaturas para Jemberém para trazer o resto dos víveres pertencentes aos Fulas.

16/3/63:

O pelotão da CCaç 417 seguiu para Caboxanque para render o Pelotão 859.

18/3/63:

Chegou o Pelotão 859 que seguirá para Bafatá. A CCaç 273 partiu para Jemberém em operações, não se sabendo por quantos dias.

19/3/63:

Visita do major Pina para discutir os pormenores do movimento dos pelotões 859, 870 e 871 para Bafatá. Eu irei a comandar a coluna e voltarei para Bedanda de avião.

20/3/63:

O alferes Mendes seguiu com um pelotão para o Chugué dentro do novo plano de ordenamento dos dispositivos.

22/3/63:

Cabedú enviou uma mensagem informando que os terroristas estavam a planear uma emboscada às viaturas da CCaç 273 que se tinham deslocado para a região de Darsalame. Enviei imediatamente um rádio para o capitão Gaspar com todos os detalhes da informação.

23/3/63:

Chegou outro pelotão da CCaç 417. Seguirá amanhã para Cabedú para render o Pelotão 871, que virá para Bedanda e depois para Bafatá na minha coluna.

[.-..] O meu diário, cobrindo os acontecimentos que se passaram entre a minha partida para Bafatá com a coluna, a minha vinda de retorno a Bedanda e as semanas até ao dia 18 de Maio, extraviou-se, infelizmente.

Lembro-me de alguns detalhes de possíveis ataques a Bedanda que, felizmente, nunca se concretizaram. Nós estávamos muito bem preparados, com todo o terreno à volta do aquartelamento (cerca de uns 150 metros), completamente limpo de arvoredo e vegetação.

Tínhamos os morteiros de 60 todos treinados nas áreas prováveis de ataque, além de explosivos enterrados e comandados à distância. Bem no fundo, eu estava com esperança de que os terroristas tentassem um ataque, pois seriam totalmente aniquilados, mas nunca aconteceu, possivelmente porque eles sabiam que tal acção seria muito difícil e arriscada.

No dia 18 de Maio, o capitão Nelson (meu colega de curso) veio render-me. Durante os 4 dias seguintes fiz a entrega da 4ª CCaç ao Nelson e no dia 21 de Maio segui de avião para Bissau.

Ai estive à espera de transporte e finalmente no dia 27 de Maio parti de volta a Portugal no navio da CUF “Ana Mafalda”.


Tenho ainda mais algumas histórias para contar, (entre os primeiros dias de Abril, até a altura em que fui rendido, 20 de Maio de 1963).

Um abraço,
George Matias Freire

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Notas do editor:

(*) vd. postes de:

24 de Janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10996: Efemérides (117): O início da guerra no CTIG há 50 anos: Nova Lamego, Bissau, Bedanda... O paraíso... perdido (set 62/mai 63): filme de George Freire, ex-cap inf QP, a viver nos EUA há meio século (Virgínio Briote / Luís Graça)
29 de dezembro de 2008 >  Guiné 63/74 - P3681: Tabanca Grande (106): George Freire, ex-Comandante da 4ª CCaç (Fulacunda, Bissau, N. Lamego, Bedanda, 1961/63)

(**) Último poste da série > 25 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11003: Efemérides (118): Data da Operação Irã (José Martins)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10996: Efemérides (117): O início da guerra no CTIG há 50 anos: Nova Lamego, Bissau, Bedanda... O paraíso... perdido (set 62/mai 63): filme de George Freire, ex-cap inf QP, a viver nos EUA há meio século (Virgínio Briote / Luís Graça)




Vídeo (9' 58'') > Alojados no You Tube / bra6567  © George Freire (2009). Todos os direitos reservados. (Clicar no link, como alternativa, para visionar o filme).

Guiné > Nova Lamego (Gabu) e Bissau, set 62 / nov 62. Vídeo 1/3 (com mais de 1 milhão de visualizações no You Tube, desde junho de 1969). Primeira parte de um vídeo (de cerca de 30') de George Freire, abarcando o o período de set 1962 a mai de 1963, em que  comandou a 4ª CCAÇ, primeiro em Nova Lamego (set a nov 1962) e depois em Bedanda (nov 62 a mai 63), onde teve o seu batismo de fogo (mar 63).


1. Sinopse dos vídeos [ Virgínio Briote / Luís Graça]:

No primeiro vídeo (1/3) vemos  Nova Lamego (Gabu), o aquartelamento, os oficiais subalternos da 4ª CCAÇ, a avenida principal, um domingo à tarde com as famílias  dos oficiais, os esquilos amestrados, a esposa do Jorge Freire, Edite,  com a filha do 1º sargento da companhia, mulheres nativas à pesca de camarão, a operação de lavagem das roupas (ou como bater bem com as peças de roupa nas pedras!), as lindas bajudas do Gabu mais os djubis  a brincar na água, os cães boxer do médico da  companhia, a piscina, a fonte de água, a Edite à pesca, o grande régulo Fula do Gabu, a mulher mais nova e a mais velha (aparentemente amigas uma com a outra) do régulo, os netos, os trajes de cerimónia, o alfaiate da terra, um passeio domingo à tarde (a Edite e o Jorge), o pôr do sol, a o campo de aviação do Gabu e, por fim,  a viagem de avioneta (Dornier ou Austin ?) até Bissau, o leste visto "by air".

Já em Bissau, vê-se  o render da guarda ao Palácio com a população a assistir. Há companhia, de soldados metropolitanos, já com camuflado e G3 (estamos no úlimo trimestre de 1962). AEdite e uma amiga num jardim em Bissau. Depois, de novo,  o regresso ao Gabu, em avioneta  dos TAGP.

No segundo vídeo (2/3), o cap Jorge Freire, ainda no Gabu,  vai visitar, de jipe, acompanhado da esposa Edite, os pelotões destacados. Eram viagens ainda "sem perigo". O macaco-cão, mascote de um dos pelotões. Um alferes,em calções, farda amarela e chapeu colonia. Vemos depois a Edite a caminhar para a fronteira. O marco da fronteira com a Guiné-Conacri, na zona leste, em Buruntuma com os dizeres ainda frescos "República Porguesa, Província da Guiné"). O capitão leva apenas uma pistola Walther. Regresso.  A estrada Buruntuma-Piche-Nova Lamego, "um das melhores da região". Paragem  na ponte  sobre o Rio Caium [, ou ponte Malã Dalassi, e não Mule Balassi, como vem, com erro, na legenda; Malã Dalassi ou Temanco, era a aldeia fula mais próxima].

Entretanto, acabada a missão no Gabu, a 4ª CCAÇ é colocada em Bedanda, em novembro de 1962. O  capitão e a esposa regressam a Bissau. E vão de barco comercial, para o sul. Imagens do barco, do rio  e da viagem (não é claro de é no Rio Geba, até Bissau,  ou já do Rio Cacine). Paragem em Cacine.   Por fim,  Bedanda, o aquartelamento [ainda em construção], as pirogas no Rio Cumbijã, a construção de novas instalações para o pessoal, os alferes da companhia (um dos quais viria a morrer em combate, dias depois), imagens filmadas antes da saída de uma patrulha, um prisioneiro amarrado que terá, durante uma emboscada, morto um dos soldados da companhia (, ao que parece, em 2/3/1963), um mês e picos depois do início "oficial" da guerra... ( A Edite deixa de aparecer:  ainda passou quase um mês em Bednda, mas "nos fins de Dezembro [de 1962] tive que a mandar de volta a Portugal pois as coisas começaram a aquecer demais"...].

E continuando: a fauna local (hiena, crocodilo, gazela), pirogas no Rio Cumbijã, patrulhas no Cumbijã em siny«tex, os tarrafos ao lado, os tarrafos dos nossos descontentamentos, soldados da 4ª CCAÇ ainda com mausers, visita a uma secção destacada em Chugué, a transferência para Bedanda da população Ffula de Imberém, no Cantanhez, para as festas que se seguiram, batque, as bajudas com as belezas à mostra…

No terceiro e útimo vídeo (nº 3/3),  ainda as bajudas fulas (em "imagens não censuradas")... E depois, terminada a comissão em maio de 1963, o capitão  regressa a Bissau....Ouve-se o  “eu vou chamar-te Pátria minha”, na voz do Carlos do Carmo (, música de Zé Niza e letra de Manuel Alegre), enquanto os olhos se espraiam lá do alto pelos rios e ribeiros, as margens, as florestas, as lalas. Imagens que era costume, alguns de nós, registarem, quem sabe com o receio de nunca mais nos lembrarmos… 

Em Bissalanca [, ou não seria antes Brá, o  aeródromo de Brá, antes da construção da BA 12, em Bissalanca ?], um MG branco ou creme rodeado de especialistas da FAP, a torre de controlo, a visita à Guiné de dois adidos norte-americanos, o adido comercial e o adido militar, o coronel Jeffries, e as últimas vistas de Bissau no último fim de semana, antes do regresso à pátria, no T/T Ana Mafalda.

A fortaleza da Amura, o porto de Bissau, o desembarque no cais e o desfile de um pelotão de caçadores nativos, o capitão Simões, tão falado pelo Amadu Bailo Djaló nos seus escritos e, no dia do embarque, no Ana Mafalda, em 26 de Maio de 1963, o movimento em dias de movimento de navios, o cais de embarque nº 2, o navio em manobras, a afastar-se, com a Amura e Bissau a recortarem-se, cada vez mais pequenos.

Depois, o Atlântico, as Canárias no horizonte, até, finalmente, começarem a ver a costa, com Lisboa cada vez maior, no Tejo de tantas entradas e saídas, a volta ao Bugio, o jovem capitão Jorge Matias Freire, à civil, de fato à anos 60 e Lisboa ali tão perto que já se via gente à espera deles, de lenços no ar, a Torre de Belém, o Monumento aos Descobrimentos, e, como um agradecimento, as últimas imagens são do capitão, do imediato e do médico do Ana Mafalda.

A guerra na Guiné ainda estava muito, mesmo muito, no princípio. Mas para os quatro soldados, um sargento e um alferes da companhia do capitão Jorge Freire, em Bedanda, a guerra tinha acabado. É, com a lembrança deles, que o Jorge Freire termina este pequeno filme. Que é um ternura. Uma homenagem às suas gentes, às suas belas mulheres, à sua esposa, à sua filha,. aos seus camaradas. É também a evocação de um... paraíso perdido.

Já em tempos tínhamos chamado a atenção para a grande importância documental deste filme, que é absolutamente uma raridade... E a "nostalgia" que ele nos desperta!... Não a "nostalgia da perda do império"... mas dos nossos verdes anos!... Poucos de nós, militares,  tinham, na época, meios técnicos para reproduzir, em som e/ou imagem, aspectos do seu quotidiano, da vida nos aquartelamentos, das paisagens, das gentes  e até da atividade operacional... Uma câmara de filmar super 8 era um luxo...  (VB /LG) (*)


2. O nosso grã-tabanqueiro (, desde finais de dezembro de 2008) (**),  George Freire, é um dos primeiríssimos combatentes da guerra da Guiné. Mas ainda conheceu o "paraíso perdido", do leste (Gabu) à região de Tombali (Bedanda). Foi tenente (na CCAÇ 153) e depois capitão (na 4ª CCAÇ). Era do curso da Escola do Exército a seguir ao do cap inf José Curto. Era provavelmente do curso do meu capitão, Carlos Brito, o comandante da CCAÇ 2590/CCAÇ 12. Tinha um máquina de filmar de 8 mm, e tem este  belíssimo filme de quase 30' sobre o seu tempo de Guiné (1961/63).

 Esse velho filme de 8 mm foi convertido por ele para digital. Foi publicado no You Tube, na conta do Virgínio Briote, e depois no nosso blogue,  sob a forma de 3 vídeos (*). O George Freire mandou em 14 de junho de 2009 uma mensagem aos seus amigos americanos, com conhecimento aos editores do blogue que voltamos a reproduzir (tradução do inglês para português, pelo nosso camarada Miguel Pessoa):

Assunto - Blogue português "Camaradas da Guiné"

Alguns de vocês sabem que, antes de a Edith e eu termos vindo para os Estados Unidos em Outubro de 1963, eu servi no Exército Português em África, na Guiné Portuguesa, (agora chamada Guiné-Bissau), por um período de dois anos.

Existe um blogue muito interessante, em português, chamado "Luís Graça & Camaradas da Guiné", onde milhares de soldados portugueses que ali combateram, escrevem histórias de guerra, memórias, etc.

No final do ano passado deparei casualmente com este blogue e, como podem adivinhar, interessei-me bastante em ler todo o material que foi e ainda continua a ser publicado neste Blogue, onde, até agora, já foram registadas quase 1.100.000 visitas.

Na época eu tinha escrito um diário cobrindo o período compreendido entre Outubro de 1962 e Maio de 1963, que entretanto lhes enviei... e que já foi publicado.

Tinha também um velho filme de 8 milímetros feito naquele período em que lá estive e decidi fazer uma versão atualizada, com som e legendas, com a ajuda do Windows Movie Maker.

Resolvi enviar-lhes o DVD e... adivinhem!, publicaram-no hoje no Blog, e também no You Tube.

O filme é bastante interessante (a Edith aparece em várias passagens), e peço-vos a todos, se tiverem uma oportunidade e tempo disponível, que visitem o blogue e vejam o filme. Ele foi subdividido em três partes, devido ao tempo limite para cada secção, de acordo com as normas do You Tube.

O link para o blogue é: http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/

Se clicarem no endereço acima, entram logo para o Blogue. Porque diariamente são publicados novos Postes (já houve várias entradas depois de o meu filme ter sido publicado), vocês terão que descer duas ou três páginas para ver os filmes. O título do Poste é:

Guiné 63/74 - P4525: Um filme de George Freire (CCAC 153 e 4 ª CCAC, 1962/63): Gabu, Bedanda, Cumbijã, Bissau, Lisboa ... (V. Briote)

George e Edith, quando éramos jovens. A Edith manteve-se por lá por três ou quatro meses, antes de os combates começarem, tendo depois regressado rapidamente a Portugal.
Espero que gostem do filme.

Obrigado,
George Freire

3. Comentário de L.G.:

Voltamos a reproduzir este documento por ocasião da efeméride (***) dos 50 anos do início da guerra na Guiné. É também uma homenagem  a este nosso camarada, e grande português da diáspora,  que vive nos EUA e a quem desejamos muita saúde e longa vida.

Entretanto, para melhor contextualizar o surpreendente filme com que o  George Freire nos presenteiou em junho de 2009 e que o Virgínio Briote pôs no You Tube (*), vamos recuperar alguns dados biográficos do nosso camarada:

(i) "A [CCaç 153] de que originalmente fiz parte quando partimos para a Guiné, no dia 26 de Maio de 1961, foi criada em Vila Real de Trás-os-Montes, onde eu era ainda tenente, segundo comandante, e o capitão [José] Curto, comandante, (do curso um ano mais velho do que o meu), passámos semanas a organizar a companhia";

(ii) "De Vila Real todo o pessoal viajou para Lisboa de comboio e passados talvez uma ou duas semanas, partimos de avião, (dois aviões de transportes da FA), do aeroporto de Lisboa para Bissau, onde chegámos no mesmo dia ao anoitecer";

(iii)  "De Bissau, onde passámos a noite, seguimos logo para Fulacunda, onde permaneci à volta de dois meses, após os quais chegou a minha promoção a capitão";

[A CCAÇ 153 foi mobilizada pelo RI 13 de Vila Real e comandada pelo Capitão de Infantaria José dos Santos Carreto Curto. Embarcou para Bissau em 27Mai61 (via aérea) e regressou em 24Jul63. A 26Jul61 foi colocada em Fulacunda destacando forças para Empada, Cufar, Catió e Bolama, por periodos variáveis. A 7Fev62 foi rendida pela CCAÇ 274 e foi colocada em Bissau. A 11Fev62 rendeu a CCAÇ 74 em Bissau. A 21Jul63 foi substituida pela CCAÇ 510, ficando a aguardar embarque.];

(iv) "De Fulacunda fui transferido para Bissau para comandar uma companhia de nativos [, a 4ª CCAÇ, ] e render o capitão Helder Reis. Passei 4 ou 5 meses em Bissau, daí para o Gabu (outros 6 meses) e daí, [em novembro de 1962,]  para Bedanda onde passei o resto da minha comissão";.

(v) " Durante o Natal de 1961 a minha mulher [, Edite,] veio passar um mês a Bissau onde eu estava na altura a comandar uma companhia de nativos [, a 4ª CCAÇ]";

(vi) "Em Julho de 1962 a minha mulher voltou para a Guiné e passou quase 3 meses no Gabu (Nova Lamego), onde eu comandei uma companhia mista. [Vd. vídeo nº 2, ou parte 2/3]




Vídeo (0' 56'') George Freire > Nov 62 / mar 63 > Vídeo 2/3 > Nova Lamego, Buruntuma, Bissau, Cacine, Bedanda, Chugué... Os primeiros sinais da guerra, no sul da Guiné, em março de 1963: O primeiro morto, o primeiro prisioneiro, as primeiras transferências de população, ...  A farda marela, a mauser...Fauna local: a hiena, o crocodilo... O Rio Cumbijã...

Inserido na conta do Virgínio Briote  no You Tube / bra6567 (,Clicar aqui, como alternativa, para visionar o filme)


(vii) "Do Gabu fui transferido [, em Novembro de 1962,] para Bedanda [, no sul, Região de Tombali,] onde ela [, a esposa Edite,]  ainda passou quase um mês, mas nos fins de Dezembro tive que a mandar de volta a Portugal pois as coisas começaram a aquecer demais[... Em maio de 1963 chegou o fim da comissão e o regresso a Portugal] (Vd. vídeo nº 3, parte 3/3];

(viii) "No dia 18 de Maio, o capitão Nelson (meu colega de curso) veio render-me. Durante os 4 dias seguintes fiz a entrega da 4ª CCaç ao Nelson e no dia 21 de Maio segui de avião para Bissau. Aí estive à espera de transporte e finalmente no dia 27 de Maio parti de volta a Portugal no navio da CUF, ".Ana Mafalda";

(ix)  "Nos fins de Agosto [de 1963] pedi a minha demissão e parti com a minha família - mulher e duas filhas de 3 e 2 anos [ uma delas, a Isabelinha, que aparece no filme, hoje com 49 anos - ] para os EUA onde me encontro faz este ano 45 anos;


(x) "Desde então tirei um curso de engenharia mecânica, trabalhei para outras duas companhias e, em 1989, formei a minha própria companhia de consultaria de projectos relacionados com energia de gás, co-geração, etc."..







Vídeo (9' 59''): George Freire (2009).Vídeo 3/3  Inserido na conta do Virgínio Briote  no You Tube / bra6567 (, Clicar aqui, como alternativa, para visionar o filme).

Início da guerra na Guiné. Fim da comissão, regresso a Bissau, aeródromo de Brá (que antecedeu a BA 12, em Bissalana), o último fim de semana em Bissau, a Amura, o Palácio do Governador, a chegada a companhai de nativos a Bisssau, adidos americanos em Bissau (o do comércio, o militar...), a partida no T/T"Ana Mafalda" e o regresso, com passagem pelas Canárias, chegada a Lisbioa, o Bugio, a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos, o cais de Alcântara, a fmília, a Isabelinha ("que hoje tem 49 anos")...Comentário do autor, no final: ainda a guerra estava no final... Balanço das baixas /mortais) da 4ª CCAÇ: 1 alferes, 1 sargento, 4 praças


Notas do  diário de George Freire, ex-cap inf

1/3/63: 

Hoje pela 09:30 e mais tarde pelas 14:30, pessoal do pelotão do Cabedú sofreu emboscadas respectivamente entre Cafal e Cafine e no cruzamento de Cabante. Na segunda emboscada sofremos [ a 4ª CCAÇ] um morto e um ferido. Uma viatura Chaimite  [?] foi destruída na primeira emboscada.

Seguiram dois pelotões reforçados para os locais das emboscadas.Em Impungueda uma patrulha da CCaç 859 travou contacto com os terroristas e feriu alguns e os outros conseguiram fugir.

2/3/63: 

Durante parte do dia de ontem e durante todo o dia de hoje as nossas forças percorreram todo o terreno nas zonas das emboscadas. Encontraram vestígios dos atacantes, fizeram um prisioneiro que tinha tomado parte numa das emboscadas, mas nada mais.

O soldado ferido seguiu de avião para Bissau e o morto foi enterrado no cemitério de Bedanda. O prisioneiro foi interrogado mas poucas informações conseguimos. Foi enviado para o Batalhão [BCAÇ 356] para ser interrogado.

6/3/63:

Fizemos um reconhecimento à zona de Emberem [Iemberém]. O alferes Gonçalves encarregou-se de falar aos chefes Fulas de Emberem [Iemberém] e discutir a possível mudança das suas tabancas para Bedanda. Há toda a vantagem dessas mudanças para incrementar a protecção da população Fula.

Poderemos também formar aqui e em Bedanda um pelotão de uns 40 Fulas, o que nos poderá ajudar substancialmente na segurança da área e aliviar as nossas forças. Os chefes Fulas aceitaram a nossa oferta de braços abertos.

7/3/63:

Começámos o transporte da população Fula de Emberem [Iemberém]. Usámos 10 viaturas neste movimento. Calculamos que serão necessárias 3 mais viagens semelhantes. [Vd. vídeo 2, ou parte 2/3]. (...)

4. Nota do nosso colaborador José Martins:

O George Freire (Cap. Inf. Renato Jorge Cardoso Matias Freire) foi o segundo capitão a comandar a 3ª CCI (do Gabu e antecessora da CCaç 5 - Gatos Pretos), de onde foi transferido para a 4ª CCI em Bedanda, sendo o quarto capitão a comandá-la.

(Nota tirada do 7º Volume CECA)

_______________

Notas do editor:

(*) Vd., poste de 14 de junho de 2009>  Guiné 63/74 - P4525: Um filme de George Freire (CCaç 153 e 4ª CCaç, 1962/63): Gabu, Bedanda, Cumbijã, Bissau, Lisboa... (V. Briote) 

(**) Vd. poste 29 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3681: Tabanca Grande (106): George Freire, ex-Comandante da 4ª CCaç (Fulacunda, Bissau, N. Lamego, Bedanda). Maio 1961/Maio 1963)

Hoje com 80 anos, está reformado, George Freir foi empresário na área da engenharia. Vive em Chapin, South Carolina, Estados Unidos... Vem frequentemente a Portugal. Gosta de conviver e de viajar, do golfe, da pesca e da vela.

Tem um blogue relacionado com a informática e a electrónica: http://whatisyourquestionblog.blogspot.com/
Título do blogue: "COMPUTER AND ELECTRONICS WORLD SHARING AND LOTS OF OTHER GOOD STUFF NOT RELATED TO COMPUTERS"...

É um homem do seu tempo que se descreve-se a si próprio como "a retired engineer deeply interested and involved in the solving of problems and frustrations of the computer and electronics world that surround us all"...

Outros postes:

11 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3724: História de Vida (13): 2ª Parte do Diário do Cmdt da 4ª CCaç (Fulacunda, N. Lamego, Bedanda): Abril de 1963 (George Freire)

10 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3717: História de Vida (12): Completamento de dados (George Freire)

(...) De Bissau, onde passámos a noite, seguimos [,.a CCAÇ 153,] logo para Fulacunda, onde permaneci à volta de dois meses, após os quais chegou a minha promoção a capitão. De Fulacunda fui transferido para Bissau para comandar uma companhia de nativos e render o capitão Helder Reis. Passei 4 ou 5 meses em Bissau, daí para o Gabu (outros 6 meses) e daí para Bedanda onde passei o resto da minha comissão.

Voltei para Portugal e fui novamente colocado na Academia Militar, (nesse tempo ainda chamada Escola do Exército), onde tinha sido instrutor desde 1957 até à minha ida para a Guiné.

Durante os anos de 1958 até 1961, tive a oportunidade de trabalhar (nas horas livres) com um tio direito, que tinha uma firma de serviços de engenharia e caldeiras industriais. Durante as férias de verão todos esses anos viajei aos EUA duas ou três semanas para ajudar o meu tio em assuntos relativos aos seus negócios com duas companhias no estada da Pensilvânia.

Quando voltei da Guiné, uma dessas companhias ofereceu-me uma posição, (com o título de gerente de operações internacionais), e com uma remuneração muito difícil de recusar.

Nos fins de Agosto [de 1963]  pedi a minha demissão e parti com a minha família, (mulher e duas filhas de 3 e 2 anos), para os EUA onde me encontro faz este ano 45 anos. Desde então tirei um curso de engenharia mecânica, trabalhei para outras duas companhias e, em 1989, formei a minha própria companhia de consultaria de projectos relacionados com energia de gás, co-geração, etc.

Em 2001 parei de trabalhar full time, e estou basicamente reformado. Felizmente de boa saúde, vou a Portugal todos os anos onde me encontro com um bom grupo de antigos camaradas de curso e família. Tenho 3 filhas, a mais nova nasceu aqui, embora todas casadas, somente tenho um neto e uma neta da filha mais velha. A filha do meio e a mais nova não têm descendentes.(...).