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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 – P20643: Tabanca Grande (491): Daniel Mário dos Santos Jacob Pestana, ex-Alf Mil de Op Especiais, CCAÇ 4641/72 (Mansoa e Bissau - na Comissão de extinção da Pide/ DGS, 1974), no lugar nº 804

1. O nosso Camarada Daniel Mário dos Santos Jacob Pestana, ex-Alf. Mil. de Op. Especiais, CCAÇ 4641/72, enviou-nos um pedido para se juntar a nós, nesta grande tabanca virtual e um apelo.



O meu nome é: Daniel Mário dos Santos Jacob Pestana, e fui Alferes miliciano de Op. Especiais (no 3º turno de 1972). Prestei serviço CCaç 4641/72 (Mansoa e Bissau na Comissão de extinção da Pide/ DGS), tendo regressado em Setembro/74.


Nesta primeira mensagem, solicito a ajuda possível, tendo em vista a localização de um ex-militar Africano, que estava colocado em Mansoa, Era, salvo erro, 2º Sargento do quadro permanente,  de nome Jaló,  e vendia gado, que vinha do Senegal, para a nossa tropa.

Foi a ele que alugámos uma casa ao lado da sua residência de família, onde eu vivi durante uns meses com a minha mulher. 

A mulher dele era Fula, de nome Lama, e, apesar da barreira da língua, entendia-se perfeitamente com a minha mulher. Tinham três filhos pequenitos, que eram o encanto da minha mulher.

Gostávamos muito de os reencontrar, mas até à data não temos tido sucesso. Ficarei, desde já,  agradecido por qualquer informação sobre a sua actual localização. Nesta primeira mensagem, solicito a ajuda possível, tendo em vista a localização de um ex-militar Africano, que estava colocado em Mansoa, Era, salvo erro, 2º Sargento do quadro permanente,  de nome Jaló,  e vendia gado, que vinha do Senegal, para a nossa tropa.

A mulher dele era Fula, de nome Lama, e, apesar da barreira da língua, entendia-se perfeitamente com a minha mulher. Tinham três filhos pequenitos, que eram o encanto da minha mulher. 

Um abraço, camaradas.
Daniel Jacob Pestana
ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da CCaç 4641/72

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
___________

Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em:

4 DE FEVEREIRO DE 2020 > Guiné 61/74 - P20622: Tabanca Grande (490): Luiz Farinha, ex-alf mil, STM Auto, CCS/BCAÇ 3832 (Mansoa, dez 1970 / fev 1973), psicólogo clínico aposentado, escritor: senta-se à sombra do nosso mágico e fraterno poilão, no lugar nº 803 (*)


(*) O último camarada a entrar para a Tabanca Grande, foi o Luiz Farinha, ex-alf mil, STM Auto, o nº 803, a seguir ao o Libório Tavares, ex-alf mil capelão, embora a título póstumo (nº 802).

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10364: Tabanca Grande (359): José Fialho, alentejano de Portimão, ex-1º cabo radiotelegrafista (CCAÇ 4641/72, Mansoa e Ilondé, 1973/74)


Guiné > Região do Oio > CCAÇ 4641/72 (1973/74) > Braia (?) > "Maravilha, o grande Alferes Silva e o escriturário da treta, o Fialho"...




Guiné > Região doOio > CCAÇ 4641/72 (1973/74) > "O Nosso Natal de 1973 em Mansoa"... A CCÇ 4641/72 passou à disponibilidade em 1 de setembro de 1974, no quartel do RALIS, em Lisboa. [O José Fialho é o primeiro à direita].

Fotos (e legendas): © José Fialho (2012). Todos os direitos reservados.


1. Do nosso camarada José Fialho, quer pertenceu à CCAÇ 4641/72 (Mansoa e Ilondé, 1973/74) , criador do do blogue Mansoa, alentejano, a viver em Portimão:

 Data: 9 de Setembro de 2012 22:42

Assunto: CCAÇ 4641/72

 Amigo Luís Graça,

Só não sou tabanqueiro porque nunca pensei merecer tal honra e porque não sei o que devo fazer. Diga-me como faço e é já.

O Mexia disse-me para ir passando por cá mas... O Caseiro??? O [Vitor] Caseiro é uma macaco do caraças que só ontem no almoço da companhia [, em Estremoz,] me falou que andava por aqui.

Caseiro, Almeida e Magalhães, malta 5 estrelas.

Faça-me chegar o que devo fazer porque já me considero tabanqueiro

Luís, se algum texto do meu blog tiver algum interesse, disponha

Abraçosssssssss
Fialho


2. Apresentação, à Tabanca Grande,  do 1º ex-cabo radiolegrafista José Fialho, CCAÇ 4641/72 (Mansoa e Ilondé, 1973/74) :

Por que há 35 anos estávamos em Mansoa na Guiné, na guerra de todas as guerras...

Revolta

Ao politico e letrado
Aqui deixo esta mensagem,l
Era animal amestrado
No meio da camuflagem.

Quando estava em gestação,
A meus pais não ajudaram,
Cresci e fui então
Que p´ra guerra me enviaram.

Ainda de tenra idade,
P´ra terras dalém parti,
É certo, fiz amizades,
Mas sem saber combati

Angola era meu destino
Mas á Guine fui parar,
Com idade de menino
Ensinaram-me a matar.

Despacharam-me p´ra Mansoa
Com a arma à bandoleira,
Um canhão a voz entoa,
Era á boa maneira.

Mas deste susto refeito,
P´ra Braia fui enviado,
Como toupeira sem jeito
Sob o chão fui colocado-

Como era telegrafista,
No posto rádio fiquei.
A guerra ficou á vista
Sem saber então chorei.

Muitos meses se passaram,
Quinze mais concretamente,
Em Abril nos libertaram
Dessa servidão pungente.

No ano da liberdade,
Em Setembro dia um,
Passei à disponibilidade,
Dei a farda, fiquei nu.

Na camisa que vesti,
Foice e martelo se via,
Nem sei bem o que senti,
Gritei à Democracia.

Algum tempo já passou,
Mas ao jovem quero dizer
Sem saber porque lutou,
É muito triste morrer.

Fialho
Maio/84

Nem que fosse só pelo terminar do martírio da juventude de então...



3. Apresentação da CCAÇ 4641, segundo o o nosso grã-tabanaqueiro Vitor Caseiro (ex-fur mil):

(i) Quando estava colocado no RI 14 em Viseu, saiu em ordem de serviço a minha mobilização para Angola (26 de Setembro de 1972);

(ii) Apresentei-me no RI 16 em Évora para formar a CCaç 4641;

(iii) Entretanto, no início de Maio, a Companhia foi informada do embarque para Angola agendada para o dia 8 de Junho de 1973;

(iv) Em 23 de Maio às 12h recebemos ordens para nos apresentarmos às 6h do dia seguinte, no aeroporto de Figo Maduro;:

(v) No dia do embarque, quando nos preparávamos para entrar no avião, fomos informados que já não iríamos para Angola, mas sim para a Guiné;

(vi) Depois de várias manifestações de revolta da nossa parte, tentámos recusar o embarque: foi quando chegou um pelotão da PM. e nos forçou a entrar no avião;

(vii)  Após o desembarque na Guiné, o oficial superior que nos fez a receção, informou-nos que a nossa Companhia era a primeira de outras que vinham em reforço do contingente militar na Guiné;

(viii) Daí seguimos para o Cumeré para fazer novo IAO e mais tarde para Mansoa substituindo a 3.ª Companhia do Batalhão 4612 que foi deslocado em apoio de Gadamael, que estava a ferro e fogo (...);

(ix) Ao fim de 13 meses de Guiné, a minha Companhia foi deslocada para Ilondé, onde passámos a fazer colunas de abastecimento de Bissau para Farim;

x) O final da nossa comissão, foi fazer segurança e proteção ao Palácio do Governador.


4. Comentário de L.G.:

Meu caro Fialho: Nunca um pedido  ingresso na magnífica, gloriosa, solidária, velhinha Tabanca Grande (a caminho das cinco comissões de serviço!) foi tão rapidamente aceite e deferido...Na realidade, tu já fazias partes desta comunidade virtual, com a apresentação do teu blogue, que criaste e tens mantido discretamente, mas com humor e amor, unindo e mantendo vivos os bravos da CCAÇ 4641... 

Sobre o teu  blogue já aqui escrevemos em tempos (*): 

(...) O blogue da CCAÇ 4641 (Mansoa e Ilondé, 1973/74) foi criado em 2007 e é editado pelo 1º cabo radiotelegrafista  José Fialho, um alentejano dos quatros costados que vive em Portimão. Como ele diz o seu perfil, no Blogger, 'sou daqueles, que enquanto não me entalar, vou colocando por estes espaços sem teias nem peias aquilo que sou'. (...)

Fico feliz por saber que o último encontro anual do pessoal foi há  dias em Estremoz e que o organizador  evento  foi o nosso (e vosso)  Joaquim Sabido, alentejano, alferes que também esteve ligado à CCAÇ 46141... E feliz continuo por  chegares ao conhecimento do nosso blogue através do leiriense e também nosso grã-tabanqueiro Vítor Caseiro.

Na coluna do lado esquerdo do nosso blogue, podes ler: 

"Camarada, ex-combatente da Guiné! Onde quer que hoje estejas, longe ou perto, na Pátria ou no estrangeiro, entra em contacto connosco!... Manda-nos um mail. Também podes telefonar. Costumamos dizer que O Mundo É Pequeno e a Nossa Tabanca... É Grande. Todos cabemos cá com o que nos une e até com o que nos separa. Este blogue é teu. Preço de ingresso (mínimo): duas fotos tipo passe (uma antiga e outra actual) + 1 história...É importante que te registes para poderes sentar-te à sombra do frondoso e fraterno poilão da nossa Tabanca Grande e poderes participar no blogue, partilhando fotos e outras memórias".

Pois então, o que tinhas a fazer, já eu fiz por ti!... Estás formalmente aceite e integrado na nossa Tabanca Grande.És o grã-tabanqueiro nº 576 (Podes ver o teu nome na lista alfabética dos 576 magníficos amigos e camaradas da Guiné, constante da coluna do lado esquerdo do nosso blogue).

Só te peço que (i) nos digas a data do teu nascimento (embora isso seja facultativo...) para a gente de poder dar os parabéns todos os anos, e (ii) nos envies uma foto atual,  com mais resolução do que aquela que tens no Blogger. Quando tiveres algo de novo para publicar no teu blogue (notícias, fotos, histórias...), manda também para nós, através do nosso endereço de email.

Sê bem vindo! Estás em casa! E muito bem acompanhado!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9470: Blogues da nossa blogosfera (49): CCAÇ 4641 (Mansoa e Ilondé, 1973/74) do nosso camarada José Fialho, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAÇ 4641/72







1. É o blogue da CCAÇ 4641 (Mansoa e Ilondé, 1973/74), criado e editado pelo 1º cabo radiotelegrafista  José Fialho, um alentejano dos quatros costados que vive em Portimão. Como ele diz o seu perfil, no Blogger, "sou daqueles, que enquanto não me entalar, vou colocando por estes espaços sem teias nem peias aquilo que sou". O blogue foi criado em 2007, tem cerca de 3 dezenas de postes...

Desta companhia só temos um representante na nossa Tabanca Grande: o Vitor Caseiro, recém-chegado.  Mas eles ainda apanharam lá, em Mansoa, o nosso camarigo Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp, CCAÇ 15... Do dia 6 de março de 2010,  há um poste em, que se conta uma história que mete ao barulho o nosso Mexia Alves. Vale a pena reproduzi-la aqui, com a devida vénia:


1. Mexia Alves, por José Fialho > Sábado, 6 de Março de 2010

Mexia Alves... Hoje ao vaguear pela grande estrada da informação, na tentativa de ouvir uns faduchos, dei de caras com este vídeo que me trouxe de imediato à memória a nossa passagem por Mansoa, Guiné.

Mexia Alves, pelas mais variadas razões, era do tipo de indivíduo que não passava despercebido. Um belo dia, do alto do seu elevado porte, patente (alferes) e vozeirão…tentou identificar um grupo que fora de horas cantava alentejano, perguntando quem era o mais graduado.

Como pensávamos que fosse para apanharmos uma porrada, éramos todos soldados rasos…como é óbvio, não conseguiu identificar ninguém. Fazendo parte do tal grupo, passados uns dias dou de caras com o Alferes Mexias e, como não gosto de trazer coisas mal resolvidas, pergunto:
- Alferes, afinal o que queria do grupo??? - Responde ele:
- O nosso Alferes [ou tenente]  médico faz anos e gostava que vocês fossem à festa para animarmos aquilo…- Resposta pronta:
 - Fazem parte do grupo, eu (o Fialho) , o Raposo, e... [outros que agora já não me recordo].

Combinámos, no dia marcado lá estávamos e o resto é fácil de adivinhar: muita comida, bebida às carradas até que o nosso amigo Raposo já estava cheio até aos olhos e necessitava de mijar. A cantina onde tudo se passou, era a cantina que ficava em frente do escritório da nossa Companhia. Como habitual, existiam valas para o caso de ataque nos protegermos, essas valas eram circundadas por garrafas de cerveja com o gargalo enterrado.

Conto este pormenor para se perceber o que quero contar a seguir. O Raposo estava tão bêbado que, não conseguindo passar a vala, sentou-se e começou a mijar sentado, mas a magana era tal que caiu para o lado e bateu com a cabeça de lado numa das garrafas que por azar estava partido.

Como é obvio, uma ferida enorme, os médicos e enfermeiros em plena festa - bêbados??? Hummm …não acredito -, tinham de tratar do desgraçado. Resumindo, o Raposo foi cozido, ficou com uma cicatriz tipo, bola de futebol das antigas, ao Fialho calhou-lhe segurar na caixa das compressas e, passado o susto tudo ficou bem, apesar do Raposo dar pinotes ao ser cozido a frio.

A haver culpados… só podiam ser um, o Mexia Alves, porque se não nos desassossega o nosso amigo Raposo, já falecido, não tinha mijado sentado e tão pouco tinha caído para o lado. Mexia Alves, obrigado por nos teres desassossegado, porque sem ti não tinha esta história para contar 36 anos depois. Se passares por aqui e te recordares de alguma coisa, deixa aqui o teu testemunho.


2. Segue-se um comentário, àquele poste,  do J. Mexia Alves, com data de 9 de março de 2010:

Meu caro Fialho:  Obrigado por esta tua mensagem. Confesso que tenho uma vaga ideia desta história mas que não sei se foi provocada pela leitura ou por realmente me lembrar. Não tenho dúvidas que seria uma atitude minha! Disso não tenho dúvidas! O médico não era um individuo "gordo", que era julgo eu de Guimarães, talvez Ferreira, e tinha uma pequena Honda? Se era esse, era realmente um indivíduo excepcional com quem eu me dava muito bem. Lembro-me por exemplo que o Alferes Mendes que estava comigo na CCaç 15, tocava clarinete. Essa cantina seria a da CCaç 15?

Confesso que o meu período de Mansoa é aquele que mais dificuldade tenho de recordar, muito provavelmente porque, estando em fim de comissão, a minha cabeça já estava "aos caídos", depois de uma temporada de quase 9 meses no destacamento de Mato Cão.

Quando vires que há o almoço do blogue do Luís Graça e, se puderes, inscreve-te, (sou eu que organizo), e assim podemos lembrar-nos de todo esse período.Virei visitar o teu blogue de quando em vez.Abraço amigo do Joaquim Mexia Alves.

3. Comentário do José Fialho > 9 de Março de 2010 09:23

Caro Mexia Alves, nada melhor que um Domingo à tarde meio chuvoso para recordar as nossas peripécias em Mansoa. Escreveste tu que: “Confesso que tenho uma vaga ideia desta história mas que não sei se foi provocada pela leitura ou por realmente me lembrar.” E eu,  se escrevi o que escrevi, foi porque um belo dia a deambular pelo meu Alentejo profundo na descoberta de azeite, azeite daquele de lagar, fiz tudo bem feito menos ter levado vasilhame apropriado para transportar o azeite, isto antes da existência da ASAE, agora em vez de azeite tens óleo de beterraba, por aí… mas voltando ao azeite, indicaram-me uma lojeca ao cimo da rua, isto em Beringel, onde vendiam os garrafões que necessitava.

Entro na loja, meio despassarado como sempre e… e de imediatos caí nos braços do nosso amigo Raposo, o tal da bebedeira medonha que,  mesmo a mijar sentado,  caiu para o lado e deu origem à historia contada [acima]. Ele fez o favor de me contar o que se lembrava e eu fui-lhe recordando,  já que ele, bêbado como é obvio, não se lembrava do pormenor. Dai, a história ter alguma veracidade…

A cantina não sei se era a da CCaç 15, era uma cantina que ficava entre duas casernas e em frente aos escritórios da CCaç 4641, a minha companhia. O nome Mendes como a mota Honda diz-me alguma coisa, mas também não sei se o Médico era este. Sabes que mais??? Ser velho é uma merda, eheheheh. Mexia, um grande abraço e vai escrevendo alguma coisa. Ao Raposo, onde quer que esteja,  um GRANDE bem HAJA.

4. O Zé Fialho (que  ainda não é nosso tabanqueiro, mas fica desde já convidado), está a seguir, além do nosso blogue,  um outro blogue da CCAÇ 4641, editado pelos camaradas J. Magalhães, L. Almeida e  A. Fernandes, a quem saudamos.

É um blogue sobretudo para arquivo e divulgação de fotos. Tomamos a liberdade de reproduzir duas,  de Infandre:


________________

Nota do editor:

Último poste da série > 20 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9242: Blogues da nossa blogosfera (48): O sítio do Ministério da Defesa Nacional: Encerramento, pela ADFA, da evocação dos 50 anos do início da guerra colonial...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9409: Tabanca Grande (319): Vítor Caseiro, ex-Fur Mil da CCAÇ 4641 (Mansoa e Ilondé, 1973/74)

1. Mensagem do nosso camarada Miguel Pessoa (ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Pilav Reformado), com data de 25 de Janeiro de 2012:

Caros editores
O Vítor Caseiro não é novo no blogue. Mas tem-se portado como um outsider... Já o encontrei por várias vezes - no Encontro Nacional em Monte Real, em apresentações de livros em Lisboa, nos convívios da Tabanca do Centro, também em Monte Real. Parece que agora o convenci a deixar o anonimato e candidatar-se a um lugar de tertuliano na Tabanca Grande. Vai daí, resolveu descarregar-me tudo em cima - apresentação, foto da Guiné (podia ser o primo, que ninguém notava...), foto actual, e uma 1ª história, para começar. E eu que me desenrasque a enviar-vos o material e a apadrinhar a sua entrada...

Não me lembro de ele o ter dito, mas o Vítor é de Leiria. Quando do seu aniversário (nasceu em 27 de Junho de 1961), não sendo tertuliano enviei-lhe pessoalmente um postal de parabéns, que naturalmente não enviei para publicação no blogue. Por curiosidade junto também esse postal; e isso lembra-me que o Vítor é bastante empenhado em acções de solidariedade para com os seus conterrâneos, tendo sido até há pouco tempo dirigente da AMBESSE - Associação de Melhoramentos e Bem Estar Social de Santa Eufémia (Leiria).

Tratem bem do rapaz...
Abraço.
Miguel


Do Padrinho Miguel para o afilhado Vítor. Prenda de aniversário do ano passado


2. A minha apresentação:
Eu, Vítor Caseiro ex-Furriel Miliciano da CCaç 4641

Quando estava colocado no RI 14 em Viseu, saiu em ordem de serviço a minha mobilização para Angola (26 de Setembro de 1972). Apresentei-me no RI 16 em Évora para formar a CCaç 4641. Entretanto, no início de Maio, a Companhia foi informada do embarque para Angola agendada para o dia 8 de Junho de 1973.

Em 23 de Maio às 12h recebemos ordens para nos apresentarmos às 6h do dia seguinte, no aeroporto de Figo Maduro. No dia do embarque, quando nos preparávamos para entrar no avião, fomos informados que já não iríamos para Angola, mas sim para a Guiné. Depois de várias manifestações de revolta da nossa parte, tentámos recusar o embarque. Foi quando chegou um pelotão da P.M. e nos forçou a entrar no avião.

Após o desembarque na Guiné, o oficial superior que nos fez a receção, informou-nos que a nossa Companhia era a primeira de outras que vinham em reforço do contingente militar na Guiné. Daí seguimos para o Cumeré para fazer novo I.A.O. e mais tarde para Mansoa substituindo a 3.ª Companhia do Batalhão 4612 que foi deslocado em apoio de Gadamael, que estava a ferro e fogo. Estávamos no famoso Maio de 73, altura em que se desencadearam as maiores operações de ataque pelo inimigo por toda a Guiné. Foi neste mês que se deram os cercos aos aquartelamentos de Guidaje e Guileje, sendo este abandonado pelas nossas tropas. Este inédito acontecimento foi o motivo da nossa Companhia ter ordem de embarque em menos de 24 horas.

Ao fim de 13 meses de Guiné, a minha Companhia foi deslocada para Ilondé, onde passámos a fazer colunas de abastecimento de Bissau para Farim.

O final da nossa comissão, foi fazer segurança e proteção ao Palácio do Governador.


3. Comentário de CV:

Caro Vítor Caseiro, não te abro a porta porque já és um frequentador da Tabanca, se não da Sede, pelo menos das filiais. Quer nos convívios da Tabanca Grande quer na Tabanca do Centro, apareces regularmente e já conheces muita da malta.

Espero que o Miguel não leve a mal eu ter começado a tua apresentação com a sua mensagem, mas acho ter as minhas razões.
Primeiro porque não podias ter melhor padrinho. Ele, o Miguel, é único, tem um sentido de humor sem limites e é um camaradão.
Segundo, se reparares, ele diz que nasceste em 1961, logo não é um amigo qualquer. Nos tempos em que os aumentos são diários, ele faz-te um desconto de 17,4% na idade. A mim os meus amigos costumam dizer que não me dão mais de 62 anos, ao que respondo, obrigado, mas tenho 63. Tu não, tens aí um amigo a sério. Já agora, que dizes se aceitarmos como certo 1951 o ano do teu nascimento?
Terceiro porque ele tratou dos teus papéis, tudo direitinho, como os padres que despacham aquele assunto chato e complexo dos papéis para casar. É pena que não tratem dos do divórcio, mas compreende-se porque o ofício deles é ligar e não desligar. O electricista é que faz as duas coisas.
Quarto... vamos ficar por aqui ou damos importância a mais ao Miguel.

Posto isto, camarada Caseiro, o melhor é sentares-te a trabalhar e mandares a tua segunda colaboração, a primeira segue dentro de momentos, e já agora, por favor, se fizeres mais um pouco de esforço mandas directo para nós. É que já devemos imensos favores ao Miguel e ele não pára de cobrar.

Os teus trabalhos, esperemos que muitos, devem ser enviados para luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com e para um dos editores de serviço: carlos.vinha@gmail.com e/ou magalhaesribeiro04@gmail.com

Já agora podíamos trocar galhardetes. Uma vez que te demos os nossos endereços, esperamos o teu. Desta feita vamos enviar a mensagem de boas vindas via Miguel Pessoa.

Posto isto, resta, em nome da tertúlia, enviar-te um abraço de boas vindas.

Pelos editores
Carlos Vinhal




4. Uma história

Todos os militares combatentes têm as suas histórias para contar.
Eu, também tenho as minhas e vou passar a descrever a primeira.

No dia 23 de Maio de 1973, dia em que a minha Companhia recebeu ordem de embarque para o dia seguinte, estava eu de sargento de dia no RI 16 em Évora e só no final do dia foi possível proceder à minha rendição. Durante toda essa tarde os meus camaradas fizeram as compras que entenderam necessárias, como por exemplo, as divisas para os novos postos, entre outras. Quando desembarcámos no aeroporto de Bissalanca a Companhia formou-se em parada militar para ser recebida pelo Chefe das 2.ª e 3.ª REP/QG/CTIG, Sr. Major Porfírio dos Santos. Pertencendo eu ao 1.º Pelotão fiquei “cara a cara” com este. Após o seu discurso o Sr. Major ordenou-me que o acompanhasse a um gabinete onde estava um 1.º Cabo Escriturário ao qual deu a ordem de passar uma guia de marcha para eu ser transferido para um aquartelamento (cujo nome não fixei). Após esta ordem, o 1.º Cabo informou-me que ia para um sitio onde todos os dias se morria. Naquele momento senti o desmoronar de todos os meus 20 anos de juventude (já era pai de um filho com 8 meses). Ainda não estava recomposto do choque emocional da mudança brusca de não embarcar para Angola mas sim para a Guiné (onde a guerra e o clima eram devastadores) e já estava a sofrer outro revés psicológico.

Algum tempo depois, o capitão da minha Companhia questionou o Major Porfírio sobre o que se estava a passar comigo, foi nessa altura que este afirmou que eu ao chegar com divisas de Cabo Miliciano, seria porque vinha debaixo de um castigo militar (uma porrada ). Após o esclarecimento do equívoco tudo voltou à forma inicial e regressei à Companhia que esperava nas viaturas que nos haviam de levar para o campo militar do Cumeré.
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9394: Tabanca Grande (318): Carlos Milheirão, ex-Alf Mil da CCAÇ 4152/73 (Gadamael e Cufar, 1974)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6896: Tabanca Grande (238): Joaquim Sabido, ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520/73 e CCAÇ 4641/72 (Guiné, 1974)

1. Mensagem de Joaquim Sabido (ex-Alf Mil Art, 3.ª Cart/Bart 6520/73 e CCaç 4641/72, Jemberém, Mansoa e Bissau, 1974), com data de 11 de Agosto de 2010:

Meus Caros Camaradas:

Aproximando-se o decurso de 36 anos após o meu regresso da Guiné, que se completará no próximo dia 25 ou 26 de Setembro, senti como que uma necessidade em ver, ler e saber mais alguma coisa relativamente aos ex-combatentes, designadamente, no que respeita a camaradas que comigo estiveram no CTIG, entre os dias 3 de Abril e 25 ou 26 de Setembro de 1974 e foi quando tomei conhecimento da existência e posterior contacto com este belo sítio, que em boa hora tiveram a ideia de fazer nascer e criar, com muito muito trabalho, estou certo. "Salta,,  Periquito" já estarão a dizer alguns Camaradas que tenham a paciência para ler esta minha mensagem.

Na verdade, assim aconteceu, contava então 21 anos de idade, pois completei os 22 anos lá na Guiné, concretamente no dia 3 de Agosto de 1974, quando me encontrava estacionado em Ilondé, suponho ser esta a grafia correcta, pois só agora, no decurso da leitura de quanto se relaciona com Jemberém, tive a oportunidade de constatar que, presentemente, se denominará Iemberém (?), para aqueles de nós que tivemos a (in)felicidade de por lá passar, será sempre, seguramente, Jemberém, sendo este o tema que, por ora, me impeliu - para além da imensa saudade desses tempos, a vir à presença dos distintos Camaradas desta Tabanca Grande.

Já agora, entendo ser de bom tom e minimamente exigível proceder à minha apresentação:

Sou o Camarada Joaquim Sabido, que já em 74 residia em Évora e assim ainda acontece, completei há poucos dias os 58 anos de idade. Contra a minha vontade e seguramente que contra a vontade da maioria, fizeram-nos embarcar e levaram-nos (no meu caso) num avião dos TAM [, Transportes Aéreos Militares, ] no dia 3 de Abril de 1974, com destino ao então administrativamente denominado Território Ultramarino da Guiné, tendo chegado ao aeroporto de Bissau cerca das 12 horas desse mesmo dia e aí, ao sair pela porta do avião, tendo sido logo acometido de um enorme sufoco, até me faltou a respiração ainda agora me recordo dessa sensação (no regresso foi pior, pois mandaram-me de barco, no Uíge, o que demorou muito mais tempo) e, de imediato, embarcámos para o quartel do Cumeré, como ocorreu com quase todos os que integraram o Exército, ou seja, os da "tropa macaca".

Do Cumeré, com o BART 6520/73, que formou em Penafiel, partimos para Bolama numa ou em duas Lanchas de Desembarque Grandes (LDG), não me recordo, sendo certo que, até há bem pouco tempo, sempre me recusei a pensar nisso, isto é, nesse período de tempo. Todavia, agora, vejam para o que me está a dar, isto só pode ser da idade.

Após completarmos a tal IAO, em Bolama, cidade de segui em directo a noite de 24 para 25 de Abril, pela radiotelefonia, naturalmente, as notícias que nos iam chegando através da BBC, já que, quando partimos, tínhamos perfeito conhecimento do que iria ocorrer, só desconhecíamos quando e a que horas, em Penafiel, à época, estava o Sr. Capitão de Artilharia Dinis de Almeida e, por outro lado, havíamos estado uns 6 meses na Escola Prática de Artilharia, em Vendas Novas, onde tivemos oportunidade de contactar com muitos Srs. Capitães e Tenentes do Q.P., e, por isso, de algum modo fomos tendo conhecimento do estado da Nação, no que às Forças Armadas e também em matéria de Guerra Ultramarina dizia respeito.

De Bolama, seguiu o Batalhão 6520/73, para Cadique e, a 3.ª CArt desse Bart, à qual eu pertencia, comandando o 2.º pelotão, enquanto Alferes Miliciano de Artilharia, foi colocada em Jemberém, local onde, assim que lá chegámos, o PAIGC nos recebeu, dando-nos as boas vindas com um bombardeamento. Não sei nem queria saber de que armamento se tratou, sei que apenas queria era sair dali, durante os 2 meses em que lá permanecemos, ainda embrulhámos mais umas 7 ou 8 vezes, sendo que, nos ataques posteriores, já conseguíamos ir para a vala e responder com os 3 obuses 10,5 que lá se encontravam. Valeu-nos, aquando dos festejos de boas-vindas, a disponibilidade e o conhecimento do pessoal de uma CCaç (não sei quantos) composta por Camaradas Madeirenses que lá se encontravam há cerca de 6 meses (*).

Chegamos então à partida de Jemberém, que como já acima referi, é o motivo pelo qual venho à vossa presença.

Foi superiormente determinado que Jemberém seria o primeiro "buraco", digo, aquartelamento, a ser evacuado, então, aqui este vosso Camarada, que se encontrava a comandá-lo, com a concordância de outros Camaradas, resolvemos, com as cerca de 150 granadas de obus 10,5 que restavam, dispô-las pelo perímetro junto ao arame farpado, bem como os restantes explosivos que restavam e fizemos, então, a nossa despedida, rebentando com aquilo tudo, certamente que lá terá ficado uma cratera bem visível através dos satélites.

Nesta parte, não posso deixar de referir que tivemos a ajuda do Sr. (então 1.º Tenente Fuzileiro Naval) Benjamim [ Lopes de Abreu], um Senhor que teve a gentileza de me "adoptar" como seu amigo, mas que, infelizmente, devido a acidente de viação ocorrido há alguns anos, quando era o Comandante dos Fuzileiros, já não está entre nós, já que prematuramente nos deixou. (**)

Fomos os dois últimos militares das Forças Armadas Portuguesas a pisar o local onde se encontrava instalado o aquartelamento de Jemberém, e fomos ambos a carregar no detonador ao mesmo tempo, cada um de seu lado na caixa do "interruptor" que era em "tê". Em Gadamael Porto estremeceu tudo, e em Cacine parece que tinha ocorrido um sismo de grau bastante elevado, conforme me foi relatado por Camaradas que ali se encontravam. Em Cadique então, parece que foi uma coisa tremenda.

Por isso que, os Camaradas que por lá têm ido estranham ou não reconhecem o local e outros que têm vindo dizer que aquilo não era assim, etc..., estou certo de que não têm sido levados ao local onde se encontrava o aquartelamento e as seis ou sete habitações dos nativos que por lá estavam. Reparem, o memorial dos Galos do Cantanhez que por lá haviam estado, teve que ser reconstruído e colocado num outro local, vê-se nitidamente pelas fotografias publicadas que ali não se encontra há muito tempo. Tivemos o cuidado em não dispor explosivos junto aos memoriais, isso é certo, aquilo que pretendemos foi, no essencial, não deixar lá nada que se aproveitasse, não andámos a trocar galhardetes com o pessoal do PAIGC.

Isto não é uma crítica a ninguém, apenas refiro isto porque na minha perspectiva e no meu modo de ser e de estar, à época não dava para tal, pelo menos em razão da memória de quantos por lá tombaram, era impensável constituir qualquer relação de amizade com o pessoal do PAIGC. Se assim for entendido pelos Camaradas editores, dando-me luz verde para escrever mais alguma coisa, explanarei, quanto a esta matéria, como foi a minha relação que se pautou apenas sob o ponto de vista institucional, com o pessoal do PAIGC, com quem passei a contactar dia sim, dia não, em Bissau, isto porque era quando me encontrava a comandar a guarda ao Palácio do também já falecido Sr. Brigadeiro Carlos Fabião (igualmente, um grande Homem, na minha modesta opinião), e que por inerência de funções, quando o PAIGC, se instalou em Bissau, numa vivenda numa rua lateral ao Palácio com eles tinha uma reunião matinal, agora parece que é um briefing.

Anexo uma fotografia tirada no Jardim do Palácio, em dia de folga, pois estava o Camarada Alf Mil Brás, da 4641, de serviço nesse dia.

Assisti e vivi por dentro o complicado processo para desarmamento do Batalhão de Comandos Africanos, um grande abraço para o (então) Sr. Capitão da Força Aérea Faria Paulino, Ajudante de Campo do Sr. Brigadeiro, se ele ler este sítio. Ao que sei, encontra-se a residir e a trabalhar na Ilha da Madeira. Porque no sítio não consigo encontrar qualquer referência a outros Senhores que então lá conheci, aproveitava para, daqui enviar as minhas saudações e respeitosos cumprimentos aos seguintes Grandes Militares e Homens que, fizeram o favor de ser meus amigos, pelo menos nesse período de tempo e tanto quanto vou sabendo, pois vou sempre perguntando, encontram-se com saúde e recomendam-se:

(Com as patentes de então)

Sr. Comodoro Almeida Brandão, Comandante Naval da Guiné, Senhor que sempre que eu tinha fome e ia à messe da Marinha, tinha a gentileza de me convidar para a sua mesa, já que eu era uma visita, e me perguntou na primeira vez que lá me viu o porquê da minha presença naquela Messe, tendo desde logo compreendido que a fominha era mais que muita e desde então passámos a ter conversas interessantíssimas versando diversos temas, que ora eram da ordem do dia, ora eram de ordem cultural, pois atendento aos vastos conhecimentos do Sr. Comodoro, actualmente Almirante, com ele muito aprendi; (***)

Sr. Comandante Patrício (capitão-tenente FZ), à época comandante do COP 5, sediado em Gadamel Porto, onde me levou a passar 5 dias com ele e com os seus acompanhantes, que eram os cabos FZ:

Srs. Edgar, Pedras, Guiné, que ao que sei se reformaram no posto de sargentos e, ainda, o já falecido Moscavide, que afinal era alentejano de Mértola;

Sr. Capitão Pára-quedista, Valente dos Santos, ou deverei dizer Astérix, que era o seu nome de código quando se encontrava em operações, na mata, por intermédio de quem tive o gosto de conhecer o Sr. Capitão Marcelino da Mata, bem como outros elementos que pertenciam ao seu grupo de combate e que, por lá abandonámos...;

Sr. Capitão Miliciano de Infantaria Amândio Fernandes, que reside na bela cidade da Guarda, local onde, em Setembro de 2009, me recebeu e a outros Camaradas da 4641 (que esteve em Mansoa), para um bom almoço de cumbíbio; a outros Camaradas da 4641, espero vir a reencontrá-los no segundo fim-de-semana de Setembro, para mais um almocinho e então abraçá-los-ei; não posso deixar de referir e agradecer a forma como todos quantos integravam a CCaç 4641 me receberam e trataram em Mansoa, por tudo isso, o grande Bem-Hajam, do periquito;

Sr. Capitão Imaginário, que tive o grato prazer de conhecer em Gadamael Porto, aquando da minnha visita ao local;

Sr. Capitão de Cavalaria Bicho, também alentejano, que eu já conhecia de Estremoz e que, talvez por isso, não acatou a ordem do então Sr. Coronel Afonso Henriques, chefe do Estado Maior, que para ele telefonara directamente no sentido de que me prendesse no COMBIS, numa noite em que ali fui detido por sua ordem para esse efeito;

A todos os Camaradas do Bart 6520/73, que apareçam e digam alguma coisa, designadamente:

(i) Os Alf Mil Brito, de Lisboa, Av.ª de Roma; o Celestino, o Frade, de Lavacolhos; o Milheiro, do Alto do Pina, o Ramos, o Pereira,

(ii) os Fur Mil Marcelino, de Coimbra, o Ferraz e o Pereira, do Porto, e não me recordo de mais nomes, nem do nome do Capitão Mil da minha Cart já me recordo.

Aceitem todos os Camaradas as cordiais saudações do Camarada

Joaquim Sabido


2. Comentário de CV:

Caro Sabido, as nossas desculpas por só agora a tua mensagem, de 11 de Agosto, estar a receber o tratamento devido. De todo o modo estás já apresentado à Tabanca Grande (****), logo poderás começar a trabalhar quando quiseres.

O período, que viveste, logo a seguir ao 25 de Abril,  até à independência da Guiné, foi um tanto conturbado e complicado para os militares portugueses. Pelo que tenho lido, aqui e ali procedeu-se a cerimónias mais ou menos oficiais de entrega de quartéis ao PAIGC, enquanto os políticos assobiavam para o ar, esquecendo-se do que o que estava em causa era a solução política da guerra, há muito desejada por ambos os contendores.

Como muito bem fizeste, os militares portugueses não tinham que entregar nada a ninguém, apenas retirar em segurança, deixando aos políticos a sua missão de assinar os papéis e conceder aos novos países a soberania por que há muito lutavam.

Esperamos que nos contes como viste e sentiste essa época e o modo como agimos em relação ao PAIGC.

Tens já alguns temas para desenvolver, mas antes que me esqueça, se algum dia resolveres deixar-nos, por favor não te enerves nem armadilhes o Blogue. Calma, homem que temos arquivos muito, mas muito valiosos. É que não gostámos da tua despedida de Jemberém, só violência...

Caro Joaquim, com esta brincadeira passo às despedidas, endereçando-te o habitual abraço de boas-vindas da tertúlia. Instala-te e fica à vontade.
__________

Notas de CV / LG:

(*) Até Fevereiro de 1974, esteve em Jemberém a CCAÇ 4942/72, madeirense, os Galos do Cantanhez. Foi substituída, no subsector de Jemberém,  pela CCAÇ 4946/73, tamnbém madeirense.

(**) "O Comandante Benjamim Lopes de Abreu, natural da Freguesia de Chãos, Ferreira do Zêzere, Santarém, nasceu em 11 de Março de 1945, tendo sido incorporado a 24 de Fevereiro de 1967 na Reserva Naval na Classe de Fuzileiros.

"Frequentou os Cursos de Formação de Oficiais de Reserva Naval (CFORN), obtendo a classificação final de 'Cota de Mérito', Curso de Fuzileiro Especial da Escola de Fuzileiros em 1967. Fez parte do Destacamento de Fuzileiros Especiais Nº 12 na Guiné de 1967 a 1969, como 4º Oficial. Fez também parte do Destacamento de Fuzileiros Especiais Nº 22 de Novembro de 1970 a Dezembro de 1971 tendo participado na Operação Mar Verde, de resgate de prisioneiros na República da Guiné - Conacri e tendo sido colocado posteriormente no Centro de Operações Especiais de Bolama.


"Da sua Folha de Serviços constam numerosos Louvores e Condecorações atribuídas pelas mais altas entidades do Estado, nomeadamente, a Cruz de Guerra de 2ª Classe, a Cruz de Guerra de 3ª Classe, a Militar de Serviços Distintos com Palma e as Medalhas Militares Comemorativas das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas com as Legendas 'Guiné 1967-71' e 'Guiné 1972-73'.


"O Capitão-de-mar-e-guerra FZE Benjamim Lopes de Abreu foi casado Com a Sr.ª D. Maria Odete Spencer Salomão de Abreu.


"Faleceu a 08 de Janeiro de 1997, na estrada nacional do Algarve – Lisboa".

Fonte: Corpo de Fuzileiros > 10 de Julho de 2010 > Homenagem ao CMG FZE Benjamim Lopes de Abreu   (com a devida vénia...)

(***) Contra-almirante reformado, faleceu em 2009.

(*****) Vd. poste de 22 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6884: O Nosso Livro de Visitas (98): Joaquim Sabido, ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520 (Jemberem e Mansoa, 1973/74)

Vd. último poste da série de 23 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6890: Tabanca Grande (237): Jorge Silva, ex-Fur Mil At Art, CART 2716 (Xitole, 1971/72), e BENG 447 (Bissau, 1972/73)

domingo, 22 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6884: O Nosso Livro de Visitas (98): Joaquim Sabido, ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520 (Jemberem e Mansoa, 1973/74)

1. Joaquim Sabido (ex-Alf Mil Art.ª, Guiné/74, 3.ª Cart/Bart 6520/73 e CCaç 4641/72, Jemberém, Mansoa e Bissau), deixou esta mensagem no poste Guiné 63/74 - P6878: Memória dos lugares (86): No DFE 21, em Cacheu, nunca existiu num posto da PIDE nem nunca nenhum agente da PIDE lá pôs os pés, pelo menos no meu tempo (Zeca Macedo):

Meus Caros Camaradas;
Saúdo todos quantos estiveram no CTIGuiné, no cumprimento do serviço militar.

Cheguei a este sítio há pouco, na verdade, apenas no início deste mês de Agosto o descobri, já que pouco utilizo a rede, dada a minha inaptidão para lidar com a informática, mas a pouco e pouco vou conseguindo. Assim, desde o início do mês de Agosto que, quase diariamente venho lendo e acompanhando quanto aqui foi e vem sendo colocado, ou postado, como nesta linguagem se diz.

E é certo que, venho aferindo da formidável memória, dos conhecimentos e do domínio que alguns camaradas aqui manifestam, relativamente a tantas matérias, isto porque, muito honestamente, eu, de muitíssimas situações e locais já não me recordo, no essencial, quanto mais de pormenores. Todavia, admito que existam muitos camaradas que utilizavam diários, mas já estranho, quando alguns camaradas que se encontravam colocados p.ex. em Farim, tenham conhecimento do que se passava, sei lá, em Bissau e até nas Repartições do Estado-Maior do CTIG.

Daí que, os historiadores desta temática, como me parece ser o caso do Sr. Cor. Art.ª Nuno Rubim, exijam a validação documental dos factos, a bem do rigor científico.

Concretizando, direi, por exemplo, que li a matéria postada pelo camarada do STM (cujo nome não apontei e agora não sei voltar atrás), identificando que o serviço se situava junto à Amura e logo veio um outro camarada dizer que não, que ficava até a alguns quilómetros de distância.

No caso desta mensagem, reagiu de pronto o camarada Zeca Macedo, ao referido pelo camarada Inverno, seguramente, por ninguém querer ficar associado à PIDE, muito menos um Destacamento de Fuzileiros Especiais. Compreende-se e compreendo o essencial do que o Camarada Inverno escreve da sua vivência e da situação concreta que descreve, no entanto, não podemos, por vezes, querer chegar aos pormenores.

Tendo vindo a ler, algumas mensagens e comentários, verifico que, de entre muitos outros, p. ex., o camarada Mexia Alves, para além de, pessoalmente, concordar com a maioria das suas intervenções e comentários e do fado da Guiné de que gostei particularmente, nunca entra em detalhes, em pormenores, aborda as questões no essencial, deixando o acessório.

Já ouvi um meu camarada de Companhia, numa almoçarada dos alegados heróis - pançudos e carecas, a relatar uma situação por mim vivida na escadaria do Palácio do Governador, em Bissau, com um camarada sargento dos Comandos Africanos, que se encontrava paraplégico e que estava desesperado quanto à situação que iria viver após a nossa retirada.

Apresento o meu pedido de desculpas ao camarada Zeca Macedo, por me aproveitar da sua mensagem, para aqui vir pela primeira vez, sendo certo que em 11 de Agosto passado, enviei uma mensagem por correio electrónico ao camarada Luís Graça, que, eventualmente, ou não chegou ao destino dadas as minhas limitações já supra referidas em matéria computacional, ou devido ao período de férias, ou então, ainda, porque ali nada encontrou de interesse para ser aqui colocado.

Um grande Abraço a todos os Camaradas da Guiné.
Joaquim Sabido - Évora: o último militar português a sair do local onde se encontrava instalado o aquartelamento em Jemberém, sem que tivesse procedido à entrega do mesmo ao PAIGC.



2. Comentário de CV:

Caro Joaquim Sabido
Obrigado pelos teus contactos, este comentário e a mensagem que enviaste ao nosso Editor Luís Graça no dia 11 de Agosto, de que ainda não tiveste resposta por o Luís estar em férias. Vi que a mensagem estava já assinalada com uma estrela, sinónimo de que já tinha sido lida e de que terá tratamento tão breve quanto possível.

Deduz-se pelas tuas palavras que ainda não estarás à vontade nas lides da informática, mas com tempo vais ficar apto a navegar no nosso Blogue que tem imenso para ler. No lado esquerdo da página encontrarás umas palavras intituladas Marcadores/Descritores. Bastará clicares em cima da que queiras pesquisar e abrir-se-ão alguns postes como início de busca. Depois é só seguir os links apresentados no fim de cada um dos postes.
Experimenta que é aliciante.

Uma vez que já mandaste as duas fotos da praxe, julgo que queres pertencer à nossa tertúlia e ajudar-nos a elaborar a nossa própria história.

As considerações que fazes em relação aos pormenores que por vezes alguns camaradas ainda retêm, são pertinentes, pois até custa a acreditar que passados tantos anos ainda os retenhamos. Às vezes basta uma imagem ou uma palavra para se fazer luz.

Antes que me esqueça, as fotos que nos mandares futuramente a ilustrar as histórias que queiras ver publicadas, devem vir em formato JPEG (fotografia) ou inseridas nos textos (Word). Desta vez mandaste uma em ficheiro PDF o que é complicado para editar.

Posto isto, poderás aguardar a publicação do teu primeiro texto, ou começar a trabalhar e enviar mais, com ou sem fotos (devidamente legendadas) para irem sendo publicadas.

Recebe desde já um abraço colectivo destes teus 438 novos amigos.

Em nome dos editores,
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6801: O Nosso Livro de Visitas (97): António Inverno, ex-Alf Mil Cav Op Esp, S. Domingos, 1973, amante da "bela" Kalash