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domingo, 14 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5993: Blogues que nos citam (3): Divagando - O Povo Português Vai Morrendo, de José Grave

1. Por sugestão do nosso camarada José Martins, e com a devida autorização de José Grave, Editor do Blogue Divagando, transcrevemos o seu poste de 29 de Janeiro de 2010 com o sugestivo título "O povo português vai morrendo".




O POVO PORTUGUÊS VAI MORRENDO

E já há muito tempo. De um blog muito interessante, dos ex-combatentes na Guiné, que os mais novos deveriam consultar para aprenderem, aqui, tirei a seguinte transcrição:

Não trouxeram o corpo do Viegas para Mansoa, meteram-no na urna e seguiu de barco para Bissau. Tenho sido eu a tratar das coisas dele, fui-lhe mexer na mala e fazer o espólio de todos os seus pertences para enviar à família. Possuía tão pouco, algumas quinquilharias e uma roupita tão pobre! O povo português vai morrendo, o nosso David foi apenas mais um.

Os ex-combatentes não foram bem ouvidos pelo país. E o país está hoje a pagar por isso. Claro que os políticos, jovens e ambiciosos, sem escrúpulos e sem convicções, não gostam dos ex-combatentes nem do que eles dizem. Nem querem saber do que eles sentem. Não percebem que os ex-combatentes sentem Portugal. Os soldados sempre lutaram para dar tempo e espaço à política, a fim de resolver os problemas.

Infelizmente os políticos, ou por incompetência ou por má-fé, ou ainda por estupidez, não resolvem. Sobretudo sempre tem faltado aos políticos, em Portugal e não só, a visão estratégica e geoestratégica para as boas decisões pacíficas e de desenvolvimento. Que tem de ser global. Até lá, até se atingir esse patamar, continuará a haver guerras, má distribuição da riqueza e muito sofrimento para muitas populações. Melhores políticos necessitam-se para este planeta. E novos modelos. Este modelo de democracia que se quer impor e dinamizar por todo o lado já provou que, facilmente, fica nas mãos de corruptos e vigaristas. Que depois manipulam as regras da democracia a seu belo prazer e impunidade. É um bug deste modelo de democracia, que permite a falha da segurança das regras e, como consequência, a minagem a partir do seu âmago.

Do excelente blog dedicado a António Quadros com link aí ao lado, remato com esta citação, de lá extraída, do post de 26/1/2010 :

Só o futuro tem realidade atêntica (sic), porque lhe fazemos face constantemente.


Comentário de CV:

Caros camaradas, imaginem aonde nos leva o link "aqui" do início do texto. Exactamente ao nosso Blogue e ao poste 3826* de António Graça de Abreu. Até a citação é retirada do seu livro "Diário da Guiné, Lama, Sangue e Água Pura" inserta no mesmo poste.
O camarada José Grave desenvolve a partir dali a sua ideia quanto ao tratamento dado aos ex-combatentes da guerra colonial, seguindo-se uns considerandos de ordem política.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3826: FAP (3): A entrada em acção dos Strella, vista do CAOP1, Mansoa, Março-Maio de 1973 (António Graça de Abreu)

Vd. último poste da série de 28 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1789: Blogues que nos citam (2): Amante da Rosa ou a Geração das Flores da Revolução de Bissau

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1789: Blogues que nos citam (2): Amante da Rosa ou a Geração das Flores da Revolução de Bissau

Amante da Rosa > "Meu Cabo Verde. História e Estórias. Minhas raízes, família e recordações. A Guiné. Pensamentos e Imagens. Sem ordem cronológica".


1. Um blogue no feminino. Carla. Cabo Verde. Ilha de Santiago. Praia... A Carla é filha do nosso amigo e camarada Manuel Amante (1) e, espero, futuro membro da nossa tertúlia ou Tabanca Grande....

Com a devida vénia, transcrevo este post recente que fala de nós, Luís Graça & Camaradas da Guiné (2):

Terça-feira, Maio 08, 2007 > Blogueforanada - sem palavras.


Muito ouvimos nós, a geração das Flores da Revolução de Bissau, falar da luta da libertação nacional que decorreu nas matas da Guiné e dos nossos bravos combatentes e libertadores da pátria amada que lutaram corajosamente contra os tugas colonizadores (assim era a linguagem, não há enganos). Enfim... Jovens cheios de ideais nobres que combateram contra outros jovens, alguns renitentes e outros "impregnados ainda dos ideais de um império moribundo" como alguém me disse.

A parte dos combates foi sempre muito abstracta e idealizada na minha mente. Uma de mistura de memórias de criança com imagens do filme "Mortu Nega" e uns salpicos daquelas elipses convenientemente cinematográficas, onde se leva o espectador directamente para o que interessa, sendo dispensado de ver a parte chata e, sobretudo, sem aflorar a tragédia que está por detrás da rotina dos acontecimentos. Gostaria de poder acreditar que, da minha parte, foi uma negação mascarada de ingenuidade.

Mas... e o concreto? O sangue, os massacres de populações civis indefesas, os fuzilamentos, as luta corpo a corpo? As situações mórbidas que poucos têm coragem de perguntar e que, muitos dos que levaram a cabo essas acções, não gostariam de se lembrar?

Há blogs engraçados, curiosos, originais e há blogs que me provocam, literalmente, uma reacção orgânica qualquer que não consigo explicar. O blogueforanadaevaotres editado por Luís Graça é um deles. Narrado quase sempre na primeira pessoa, relata o historial da guerra na Guiné e como foi vivido pelos portugueses. Está tudo lá! São descrições, factos e memórias impressionantes. Conforme ia lendo só me ocorria uma palavra - Catarse.

Não se consegue ler tudo de uma vez e o que se vai descobrindo arrepia. Arrepia a estória de Uloma, o comando africano “caçador de cabeças”. Sobressalta o alegado número de fuzilados que o historiador Leopoldo Amado avança e surpreende saber que o Supervisor da 1ª. Companhia de Comandos Africanos e Director de Instrução de Cursos de Comandos em Fá Mandinga, que se chamava Octávio Manuel Barbosa Henriques, nasceu em 18 de Novembro de 1938, na Freguesia de Nª. Sr.ª da Conceição, ilha do Fogo.É o outro lado e há muito a descobrir...

Já agora... Recomendo a visita a esta página, também no mesmo blog, que tem informações interessantes sobre a força expedicionária portuguesa em que passou por São Vicente durante a II Guerra mundial.

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2. Este post suscitou dois comentários: o primeiro é de alguém que, francamente, fez uma leitura muita apressada do nosso blogue (por onde já passaram mais de centena e meia de homens e mulheres e onde já se publicaram, em dois anos, cerca de 1800 textos, fora os milhares de imagens)... É de alguém que faz juízos de valor apressados e nem sequer leu (ou entendeu) as dez normas de conduta que norteiam o nosso blogue. Blogue que de resto não é dele, do tuga Luís Graça, é de um colectivo, de gente de grande generosidade, que ama a Guiné e o seu povo, que historicamente fez a guerra colonial, e que luta hoje pelo direito à memória... Ora ninguém pode viver sem memória, indivíduos ou povos... E a memória, tanto dos vencidos como dos vencedores, é sempre (re)construída...

É gente que tem nome, que pensa pela sua cabeça, que é cultural, ideológica e politicamente plural, e que até é capaz de pequenos gestos solidários como, por exemplo, estar hoje, às 10 hora da manhã, na Reitoria da Universidade de Lisboa, para apoiar, abraçar e escutar um dos seus, o lusoguineense Leopoldo Amado, a defender a sua tese de doutoramento em História Contemporânea > Guerra colonial 'versus' guerra de libertação: o caso da Guiné-Bissau... E muitos outros não puderam estar, porque vivem longe ou têm os seus inadiáveis afazares profissionais... Em representação da nossa Tabanca Grande estavam lá, além de mim, o João Tunes, o José Martins, o Carlos Fortunato, o António Santos e o Hugo Moura Ferreira (espero não ter omitido ninguém)... Sem contar os amigos e familiares do Leopoldo, pois claro... (LG)

hiena disse...

Por acaso passei há dias nesse blog (foranada...etc) , e fiquei sabendo algumas coisas - o outro lado... Claro que senti a escrita dele um pouco suspeita, naturalmente puxa a brasa pra sua sardinha, fiquei com a impressão que era americano que contava seus feitos heróicos no Vietnam, tipo foram os outros e não nôs, muito romântico... Ficou a dúvida mas essa sempre estará presente pois as guerras têm sempre duas verdades ! Qual será a mais verdadeira ? Nunca saberemos! By the way , continua ...

5/15/2007 11:37 AM

Anónimo disse...

É ainda mais difícil saber onde está a verdade porque um dos lados se recusa a falar sobre o assunto.

5/16/2007 8:23 AM

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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 27 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1787: Embaixador Manuel Amante (Cabo Verde): Por esse Rio Geba acima...

(2) Vd. post anterior desta série > 22 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1777: Blogues que nos citam (1): Rumos e Culturas, de Carlos Palmeiro

terça-feira, 22 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1777: Blogues que nos citam (1): Rumos e Culturas, de Carlos Palmeiro




Blog de Carlos Palmeiro , de 26 anos, Rumos e Culturas é apresentado como um "espaço dedicado à publicação de textos sobre os mais variados temas... opiniões independentes sobre o mundo social, político e cultural que partilhamos, lado a lado com a publicação de crónicas e histórias sobre todos os assuntos possíveis… todos mesmo... um blog em metamorfose quase constante". O autor interessa-se por fotografia, turismo, viagens, desporto e aventura, ambiente, política, sociedade, Portugal, blogosfera...

Com a devida vénia transcrevemos um excerto de um texto, ainda recente, sobre o nosso blogue (para o qual o Rumos e Culturas teve a gentileza de fazer uma hiperligação permanente):

Quinta-feira, 25 de Janeiro de 2007 > Luís Graça & Camaradas da Guiné

Não é de há muito tempo que venho lendo as crónicas publicadas no blog colectivo Luís Graça & Camaradas da Guiné, contudo, soube desde o primeiro momento que o visitei, que viria a ser um visitante frequente. E assim tem sido.

O endereço foi-me dado por um professor que muito prezo, um homem simples mas dotado em tudo o que lhe conheço, Dr. Mário Beja Santos, uma das personalidades que nele publica. São dele algumas das mais interessantes crónicas que li, peças de um romance que anda a ser escrito… pedaços de história que me deixam agarrado ao ecrã do computador até à última linha.

Operação Macaréu à Vista, nome do romance, é de uma riqueza informativa inquestionável, crónica narrativa de momentos passados na Guiné, numa descrição marcada por um poder de recordação imenso e por um humor subtil que julgo ser uma das grandes qualidades dos diversos relatos. Apesar de todo o romance estar disponível no blog, a sua publicação em livro é imprescindível, pois nem toda a gente acede à blogosfera, e um documento como este deverá chegar a todos.

O editor do Blog, Luís Graça, professor na Universidade Nova de Lisboa, tem vindo a acolher no seu espaço um grupo de camaradas seus da Guiné, que vão publicando em conjunto crónicas documentais, a que chamo, sem sentido pejorativo, pedaços de história, que, quer pela qualidade, quer pela quantidade de informação, já constituem um acervo histórico singular sobre a guerra colonial na Guiné, para consulta obrigatória não só por pessoas que viveram idêntica experiência de guerra ou tenham presenciado esse período em Portugal ou nas colónias, mas sobretudo para aqueles que como eu, se encontram afastados desse período histórico por razões geracionais.

O blog, para além do espaço de publicação, conta ainda com ligações a outros sítios e blogs da mesma área temática, existe inclusive a possibilidade de consultar cartas militares da Guiné (muito interessante), enfim, um projecto muito bem organizado, uma mais valia para a memória da guerra colonial (...).

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Guine 63/74 - P415: O que os outros (blogues) dizem de nós (1): Caminhos por onde andei (Manuela Gonçalves)


Guiné > "Frente Sul" > Fevereiro de 1968 > Carmen Pereira, comissária política do PAIGC

(Foto: John Sheppard, Granada TV. Fonte: DAVIDSON, Basil. The liberation of Guiné: aspects of an African revolution. (With a foreword by Amilcar Cabral). Harmondsworth, G.B.: Penguin Books, (Penguin African Library; 27), 1969 (Imagem gentilmente cedida à tertúlia por Jorge Santos, 2005)


1. Manuela Gonçalves (Nela) mandou-nos a seguinte mensagem, que nos honra e que eu agradeço vivamente em nome dos amigos e camaradas de tertúlia. Reproduzo, com a devida vénia e para conhecimento de todos, o que ela escreveu sobre nós e a sobre a sua Guiné revisitada, no seu próprio blogue.

Devo sublinhar quão importante é o seu ponto de vista, já que nos faltam testemunhos (escritos) das nossas companheiras, que viveram a guerra de África através das fotos e dos aerogramas que mandávamos pelo SPM, tendo elas aprendido a ler nas entrelinhas. Aliás, faltam-nos também os testemunhos das corajosas mulheres que, do outro lado, nos combateram... como foi o caso, por exemplo, de Carmen Pereira (n. 1937), cuja foto publicamos, como um pequeno gesto de homenagem à única mulher que, na sua qualidade de comissária política da Frente Sul, pertencia ao Comité Executivo da Luta.


Cópia da mensagem:

Não posso deixar de enviar os meus parabéns pela excelente ideia deste blog! Também nós temos muitas recordações de Bissau! Vou recordar alguns desses momentos no meu blog. Continuem o vosso blog!

Blog: Caminhos por onde andeiPost: Guiné- Bissau (1)

Manuel Gonçalves (Nela)
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Sábado, Janeiro 7, 2006

Guiné- Bissau (1)

Esta noite, ao navegar pelos blogs que visito habitualmente, fui parar , através de hiperligações de posts, ao Blogue Fora-Nada, que reúne documentos e memórias de ex-combatentes da Guiné-Bissau!

Não fui combatente na Guiné, mas esses caminhos foram percorridos por mim de modo e tempo diferentes... Tornaram-se mesmo decisivos na minha vida de jovem estudante universitária rebelde , namorada de um alferes miliciano que para ali fora enviado para a guerra , mais tarde meu companheiro de vida (já lá vão 35 anos) e de mulher e mãe, que considerou importante ir para Bissau, como cooperante!

A Guiné dos aerogramas despertara um desejo imenso de conhecer a Guiné das bolanhas, das tabancas, dos mosquitos, dos rios e pântanos e das gentes que ali viviam, dos felupes, dos mandingas, dos papéis, de Amílcar Cabral, dos guerrilheiros do PAIGC...

Nunca tinha aceite a Guerra Colonial, mas uma vez que ela tinha entrado nas nossas vidas abruptamente e deixado incapacidades físicas ao maridão, senti uma vontade imensa de viajar para aquele pequeno país e conhecê-lo bem!

Era como que uma necessidade intrínseca de compreender bem uma etapa importante da vida vivida pelo companheiro de route!

Bissau, Bafatá, Mansoa, São Domingos, Ingoré eram locais que precisávamos (re)visitar.

E fomos lá! Também os nossos filhos nos acompanharam , crianças ainda, viram e pisaram as picadas que, anos antes, o pai cruzara, sempre alerta! Agora podíamos circular livremente, apesar do mau estado das estradas, mas em paz e liberdade!

Gostei da Guiné-Bissau! Voltar lá foi um modo de "exorcizar" fantasmas de guerra que habitavam a nossa casa!

Hei-de voltar ao tema!

Manuela Gonçalves
Blog > Caminhos por onde andei