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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15685: Notas de leitura (801): "Catarse", da autoria do Pe. Abel Gonçalves (Major-Capelão do BCAÇ 1911 e do BCAV 1905), edição de autor, 2007 (2) (Mário Beja Santos)

1. Conclusão da recensão do livro "Catarse", da autoria do Major Capelão Abel Gonçalves, enviada ao Blogue em 22 de Janeiro passado pelo nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70).


Catarse, pelo Major Capelão Abel Gonçalves (2)

Beja Santos

O Alferes Capelão Abel Gonçalves já tem quem o ajude no setor de Bambadinca, dedica-se a tempo inteiro aos 18 destacamentos sob o comando do BCAV 1905, que ele enumera: Camamudo, Catacunda, Fajonquito, Cambajú, Jabicunda, Contuboel, Sara-Bacar, Sara-Banda, Banjara, Sinchã-Jobel, Sara-Ganá, Geba, Sinchã-Dembel, Sinchã-Sulu, Fulacunda, Udicunda, Bansci. Insisto que esta é a enumeração que o autor faz, tenho dúvidas que tivéssemos um destacamento em Sinchã-Jobel, sempre me disseram que era uma base do PAIGC em território de intervenção exclusiva do Comando-Chefe. Desloca-se de jipe, e muitas vezes em coluna, guarda memórias de jipes que griparam ou a que rebentaram pneus. Em Contuboel relacionou-se com um chefe muçulmano de nome Caramon-Mamadu. Dispunha de um altar portátil, convidava muitas vezes as gentes das tabancas, e encontrava recetividade:
“Na recitação do Pai Nosso uniram-se aos nossos gestos espontaneamente erguendo as mãos para o céu, implorando do Deus único, com nomes diferentes a paz eterna para os finados”.

Conserva recordações das pessoas que encontrou ao longo das deambulações pelo setor de Bafatá, caso do alemão luterano de Geba:
“Conheci o único branco da população de Geba, um alemão chamado Lindorf. Não sei como foi ali parar. Vivia bem, casado com uma nativa, cristão, afirmando com um certo orgulho que tinha tido uma só mulher. Um homem crente, que me dizia com muita simplicidade: 
- Eu sou luterano, tal como o senhor é católico. Nasci numa aldeia onde todos eram luteranos.
Mandava limpar e enfeitar a igreja e dava esmolas para a missão católica. Como não tinha filhos, sustentava os inúmeros sobrinhos da mulher”.

Considerava que a companhia sediada em Geba estava destroçada, o seu comandante tinha morrido a levantar uma mina. Dos quatro alferes primitivos só restava um. Em Outubro de 1968 é louvado e colocado no Hospital Militar de Bissau, vai conviver diariamente com o sofrimento. Em Maio de 1969 regressa a Lisboa, em conversa com o Bispo Castrense, este incita-o a continuar com o seu trabalho nas Forças Armadas. Entretanto é colocado na base aérea de S. Jacinto, dá aulas na Escola de Formação de Pilotos. Dão-lhe missões de ir comunicar à família a morte de militares, é um ponto alto das suas descrições.

Temo-lo agora na base de Bissalanca, é o Capelão da Base Aérea 12. É encarregado da assistência a muitas unidades do Exército: Unidade Militar de Bá (Adidos, Comandos, Engenharia e o COMBIS), a Força Aérea não via com bons olhos que o seu capelão andasse pelos destacamentos do Exército. Não esqueceu a Capela de Bissalanca, onde tinha quarto e um salão onde dava aulas, era o responsável pela biblioteca e dava aulas a negros e brancos, de preparação para a quarta classe. A morte ronda por toda a parte. Em plena pista de Bissalanca, a enfermeira Celeste foi sugada pela hélice do avião, que lhe cortou, como se fosse uma lâmina, a nuca, morte instantânea. Mas havia também os acidentes alheios à guerra e encomendavam ao capelão que fosse dar a funesta notícia às famílias. É enternecedor o retrato que faz do padre Marcos, um bondoso capuchinho italiano que vivia com um grupo de rapazes negros junto à Capela de Brá. Vivia pobremente, chegava a comer as sobras que lhe davam dos quartéis. A Engenharia Militar fez-lhe uma pequena casa. E dá-nos a impressão encantadora de um encontro entre os dois:
“Os rapazes da pequena comunidade dele gostavam mais de ir à minha missa por causa dos cânticos mais alegres.
Um domingo, lá o vejo ao fundo da capela a assistir à missa, com o seu ar muito castanho, com as costumadas nódoas de pó, a sua barbinha ruça, os cabelos desgrenhados. No fim da missa foi à sacristia e disse-me: 
- Sabe, senhor capelão, eu antes de ir para frade, fui mundano e estes cânticos lembram-me esses tempos do pecado.
- Ora, ora, senhor Padre Marcos, a mim não me lembra nada disso, porque nunca andei nessas vidas! Disse-lhe eu, a rir muito”.

Recorda aqueles meses de pesadelo do primeiro semestre de 1973, o assassinato de Cabral, a chegada dos mísseis Strella, o agravamento da situação militar. Veio o 25 de Abril e toda a situação se alterou, regressou a S. Jacinto em Agosto de 1974, apanhou o PREC e o 25 de Novembro. Foi visitar os presos:
“Também fui à prisão de Custóias. Visitei um paraquedista que me não disse uma única palavra. Admirei, no entanto, os frescos pintados a cores nas paredes da cela. Recordo ver desenhado um paraquedista, deitado com as mãos no chão, com a legenda o paraquedista, mesmo depois de morto ainda fez 100 flexões”.

Apresenta a lista dos capelães militares que prestaram serviço no CTIG entre 1961 e 1974. Rende a sua homenagem a todos os capelães que prestaram serviço na Guiné, manifesta o seu grande apreço pelo trabalho dos missionários. A título do posfácio, dá-nos a saber que também andou pelo Hospital Militar da Força Aérea, no Lumiar, e pede-nos para não esquecermos todos os nossos camaradas:
“Quase todos os que estiveram mergulhados nas emoções de uma guerra… sempre à espera do inesperado, vendo nos outros aquilo que só por sorte não os atingia a eles, imaginando-se na situação desses, face à família e aos amigos. Se o corpo está íntegro, a mente está ferida, a emoção retalhada, o subconsciente entulhado de horrores, desgostos, tragédias, vigílias, incertezas, medos… mais o que não somos capazes de definir com palavras".
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Nota do editor

Poste anterior de 25 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15665: Notas de leitura (800): "Catarse", da autoria do Pe. Abel Gonçalves (Major-Capelão do BCAÇ 1911 e do BCAV 1905), edição de autor, 2007 (1) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15665: Notas de leitura (800): "Catarse", da autoria do Pe. Abel Gonçalves (Major-Capelão do BCAÇ 1911 e do BCAV 1905), edição de autor, 2007 (1) (Mário Beja Santos)

1. Reprodução da mensagem que o nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), enviou ao autor do livro Catarse em 22 de Janeiro de 2016:

Meu prezado Reverendo Abel Gonçalves,

Agradeço-lhe muito o envio do seu livro, que muito apreciei. As duas recensões serão publicadas no blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné. Peço-lhe o favor de ver no seu computador esta referência, é bem possível que possa rever todos os locais por onde andou.

Em 2010, voltei à Capela de Bambadinca que está felizmente recuperada pelas missionárias que ali trabalham.

Porquê publicar as nossas recordações em blogue? No meu caso, trata-se de uma colaboração que vem de longa data e não tem fim, procuro repertoriar tudo aquilo que tem a ver com a Guiné, nomeadamente os testemunhos de quem ali combateu a partir de 1963.

O seu testemunho é singularíssimo, não conheço outro capelão que tenha bisado a comissão, o que acresce a importância do seu testemunho. Seria muito tocante que se inscrevesse no nosso blogue, estou certo e seguro que tem muitas histórias para contar e rever as imagens preciosas ali contidas também podem ser um refrigério para a sua alma.

Receba o agradecimento profundo e a elevada consideração do
Mário Beja Santos


Catarse, pelo Major-Capelão Abel Gonçalves (1)

Beja Santos

É a primeira vez que oiço falar num capelão que fez duas comissões na Guiné. Tem hoje 85 anos, é major, e vive na Ordem da Trindade, no Porto. Em 2007, em edição de autor, publicou Catarse (palavra que nos remete para o procedimento terapêutico pelo qual uma pessoa se cura revivendo acontecimento traumáticos). Telefonei-lhe, pedi-lhe o livro, prontamente acedeu e convidou-me a passar pela Rua da Trindade, para conversarmos. Lembro-me dele na capela de Bambadinca, num domingo em que vim muito cedo de Missirá, as fotos que ele publica no livro coincidem com a lembrança que me ficou.

Como escreve, estava pacatamente a ajudar nas confissões quaresmais, na paróquia de Oliveira do Douro, quando apareceram dois agentes da GNR que entregaram uma guia de marcha para se apresentar com urgência no RI 15, em Tomar.

Acha-se com o ordenado de alferes, habituado a paróquias pobres, começa a sonhar com uma máquina fotográfica. Em Abril de 1967, incorporado no BCAÇ 1911  [Teixeira Pinto, Pelundo, Có e Jolmete, 1967/69], embarca no Uíge, em Bissau é despejado numa barcaça, dias depois, após uns treinos de desembarque no Ilhéu do Rei, ficam sediados em Brá. A experiência foi gratificante:


“Tive oportunidade de batizar um pequeno grupo de nativos que os militares catequistas do Batalhão de Engenharia tinham devidamente preparado".

Seguem para Teixeira Pinto numa LDM, fica a viver numa casa da missão católica e celebra numa pequena igreja. Aproveita a evacuação de um ferido grave e vai até ao Jolmete. O então alferes capelão Abel Gonçalves gosta do pícaro, e não esconde certos embaraços por que passou. O caso do banho, nuzinho diante de todos, ele que estava marcado pelo seminário, onde não podiam tirar as calças, senão debaixo da roupa da cama. Um dos alferes comete a brejeirice, diz-lhe:
“Sabes o que estavam os soldados a dizer? Que viram os limões ao capelão!”.
Não ficou sem resposta:
“É para que fiquem a saber que os capelães também têm dessa fruta!”.

[foto à esquerda, major-capelão ref Abel Gonçalves]

Fala da solidão, da falta de correio, da sensaboria da comida, apercebeu-se rapidamente da dureza da guerra. Regressa a Teixeira Pinto, sofrem uma emboscada, alguém a seu lado foi atingido mortalmente. Albino, o jovem cristão que guardava a casa de missionário, recebe-o com alegria quando chega a Teixeira Pinto e prepara-lhe um churrasco, ele não esqueceu a solicitude do jovem e guardou na memória a receita:
“Num tacho tinha posto rodelas de cebola, alhos, azeite, piripiri, loureiro, muito sumo de limão, de uns limões e pequeninos, casca fina como papel. Cada pedaço de carne era molhado naquele preparado e logo assado nas brasas”.

Dão-lhe instruções para sair Teixeira Pinto, vem de férias. Acaba por se comportar como qualquer militar, fica nervoso quando lhe fazem perguntas pois dirigem comentários descabidos, sente-se apático, indiferente às banalidades, tudo lhe parece insignificante com o que viu, sentiu e aguentou até à exaustão. Regressa e é destacado para um batalhão da cavalaria. Apresenta o novo território:
“É um setor muito grande, com 18 destacamentos. Trata-se de Bafatá. Na sede do batalhão não se conhecem problemas, a vida está difícil mais para a fronteira ou da povoação de Geba em diante”.

Presta igualmente assistência ao setor de Bambadinca, mas no essencial o seu território vai de Cambajú ao Xitole, de Banjara ao Xime, de Sara Bácar a Geba. Lembra-nos que a sua arma é sempre o terço, faz-se acompanhar com uma imagem do Imaculado Coração de Maria que lhe fora oferecida pelos ex-paroquianos de Ervedosa do Douro.

Cortesia do Carlos Coutinho
Gostou do ambiente de Bafatá e do primeiro comandante do BCAV 1905 [Teixeira Pinto, Bissau e Bafatá, 1967/68]. É um capelão solícito:

“Os missionários não podiam sair da cidade, e quem prestava um mínimo de assistências às pequenas comunidades católicas era o capelão. Levava o dinheiro atribuído a essas comunidades a pedido do senhor Prefeito Apostólico. O capelão girava sempre de destacamento para destacamento, com a mochila às costas e o mínimo indispensável para celebrar a Eucaristia. Um bloco de notas para apontar pedidos”.

Levava também rebuçados, velas para oferecer às mesquitas, jornais, revistas e livros para toda a malta. Descreve as duas missões de Bafatá, a masculina e a feminina e depois dá-nos conta de certas solicitações insólitas para o seu múnus. Encontrou em cima da secretária o requerimento de um soldado que pedia para ser autorizado a usar barba, tinha feito uma promessa a Nossa Senhora de Fátima. O comandante despachou para ele. Leu, meditou e escreveu:
“Indeferido, porque não se pode prometer o que é contra a legislação”.
Falou com o soldado e tranquilizou-o, ficaram amigos.

Descreve Bambadinca:

“A povoação de Bambadinca tinha uma sala de aulas/capela, polivalente, que pertencia à missão católica de Bafatá, mas os missionários não podiam lá ir. Só os capelães militares e com grande escolta. Um cortinado separava o altar do resto da sala. Ao lado, outra sala mais pequena, sempre cheia de urnas com mortos, para oportunamente serem transportados para Bissau. Era no meio das urnas que me paramentava para a celebração da Eucaristia”.

Visitou várias vezes o Xime, bem como o Xitole, lembra-se muito bem das atribulações da viagem. E vem mais uma brejeirice que ele intitula “o médico do Xitole”:

“No Xitole havia um alferes médico, o Dr. Sílvio, que era quem praticamente comandava o destacamento.
O capitão miliciano era, creio eu, um notário que não queria saber de nada.
O Dr. Sílvio é que me recebia e sempre muito bem. Mostrava-me os abrigos que mandara fazer e as valas de acesso aos mesmos.
- Capelão, que quer comer ao pequeno-almoço? - O que o senhor doutor me receitar! 
- Umas sopas de vinho fresco que tenho no frigorífico. 
- Se dão força aos cavalos e o senhor doutor receita, vamos lá a elas!
Os dois, um de cada lado de um bidão de gasolina vazio, sentados em cadeiras improvisadas com as aduelas dos pipos. E este vinho era muito cristão, pois tinha sido muitas vezes batizado pelos lugares por onde tinha passado!”.

(Continua)



Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72 > A parada do quartel de Bambadinca, a capela (que servia também de casa mortuária...) e, à direita, a secretaria da CCAÇ 12 (1969/74).

Foto: © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados.


2. Nota do editor:

Do BCÇ 1911, temos pelo menos um membro da nossa Tabanca Grande, desde 11/12/2011, o Fernandino Vigário, ex-soldado condutor auto rodas, CCS/BCAÇ 1911 (Teixeira Pinto, Pelundo, Có e Jolmete, 1967/69).  Tem vários postes publicados sobre a história do batalhão, além de uma história deliciosa sobre um outro capelão, um jovem alferes, que ele conheceu em Bissau e a quem deu um boleia...,  e "que queria ensinar o Pai-Nosso ao Vigário"...

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Nota do editor

Último poste da série de 22 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15652: Notas de leitura (799): “La Découverte de L'Áfrique", por Catherine Coquery (2) (Mário Beja Santos)

domingo, 15 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12045: Em busca de... (229): Camaradas e memórias do Sold Cav António Manuel Rosa dos Santos (CCAV 1651/ BCAV 1905, Teixeira Pinto, 1967/69)... Para realização de um vídeo à não-memória, no âmbito da candidatura ao Prémio EDP Novos Artistas (Sandro Ferreira, artista plástico)

1. Mensagem do nosso leitor Sandro Ferreira:

De: Sandro Ferreira

Data: 27 de Agosto de 2013 às 10:51

Assunto: Guiné 1967/69

Olá, bons dias, desde já felicito os administradores do blog por toda a pesquisa e postagem desta parte da nossa História recente.

Chamo-me Sandro Ferreira, sou artista plástico e um dos seleccionados para o Prémio EDP Novos Artistas, todo o meu trabalho anda em torno da Guerra Colonial/Guerra do Ultramar e as memórias da mesma.

Um dos trabalhos que conto apresentar é um video que em conjunto com a base onde é apresentado representa um monumento à não memória. Tenho conhecimento de um ex-combatente (pai de uma amiga) que combateu na Guiné entre 1967 e 69, António Manuel Rosa dos Santos nº 2082/66,  fazendo parte da CCAV 1651/BCAV 1905 [, A CCS esteve sediada em Teixeira Pinto, 1967].

O António sofre de uam doença crónica degenerativa, num estado muito avançado, daí o monumento á memória perdida ou não memória.

Gostaria pois de saber se seria possivel encontrar alguém (nos vossos contactos) que tivesse estado na mesma comissão e que pudesse contar algo sobre António Manuel Rosa dos Santos para incluir no video como únicas memórias exteriores.

Não sei se fui claro no que pretendo mas se me pudessem ajudar agradecia imenso.

Muitos cumprimentos

Sandro Ferreira

2. Comentário de L.G:

Infelizmente não temos aqui ninguém da CCAV 1651. Mas temos camaradas da CCS/BCAV 1905. Talvez através deles possamos chegar à companhia do António Rosa Rosa Santos. Esperemos que este seu apelo obtenha uma resposta positiva. Transmita à sua amiga, filha do nosso camarada, as nossas preocupações pela saúde do pai. E ao Sandro, desejamos que faça um bom trabalho, fazendo bom uso do seu talento para homenagear a memória dos ex-combatentes da guerra colonial. Parabéns por ter sido selecionado no âmbito do Prémio EDP Novos Artistas.
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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12016: Em busca de... (228): Foto do malogrado Júlio Lemos Martins (, da CCaç 797, Tite e Nhacra, 1965/67, afogado no Rio Louvado, em 12/8/1965) para inclusão em livro dos combatentes mortos na guerra do ultramar, naturais de Ponte de Lima (Júlio Pinto)

segunda-feira, 25 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11309: Notas de leitura (468): Catarse, por Abel Gonçalves (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Novembro de 2012:

Queridos amigos,
Aqui temos um livro escrito por um Padre Capelão, quase inteiramente dedicado às suas duas comissões na Guiné.
Percebe-se rapidamente porque escolheu o título para a sua obra "Catarse": Não esconde os comportamentos mandões, a falta de apoio que sentiu, em diferentes situações, de outros padres e seus superiores.
Teve manifesto orgulho pela sua missão em Bafatá, transcreve o louvor que lhe foi dado pelo BCAV 1905. Ali se diz claramente que tomou a iniciativa de percorrer toda a ação do batalhão para que a assistência religiosa não faltasse às tropas.
É um homem de coragem, confessa a sua admiração por Spínola e Amílcar Cabral. E pede humildemente desculpa por não ter feito livro mais claro e detalhado, conforta-se com a compreensão dos seus leitores.

Um abraço do
Mário


Catarse: As duas comissões na Guiné do Padre Abel Gonçalves

Beja Santos

Vem nos dicionários que a palavra catarse provém do grego, foi utilizada por Aristóteles para designar o processo de purgação ou eliminação das paixões que se produz no espectador quando, no teatro, assiste à representação de uma tragédia. Com a escola psicanalista o método catártico corresponde ao procedimento terapêutico pelo qual uma pessoa consegue eliminar os afetos patológicos revivendo os acontecimentos traumáticos a que estão ligados. Segundo esta última definição, uma parte substancial da literatura da guerra tem tal finalidade.

O Padre Abel Gonçalves foi nomeado pároco de Valença do Douro em 1958, a seguir passou por várias dioceses até que em Março de 1967 foi incorporado no BÇAC 1911, com destino à Guiné. Revive as suas memórias quase como se tivesse um bloco de notas onde registou impressões e estados de alma (“Catarse”, por Abel Gonçalves, edição de autor, 2007). Foi praxado pelo chefe da secretaria, fez-lhe tirar fotografias por quatro vezes. Vêm de Tomar para a Rocha do Conde de Óbidos e embarcam no Uíge em 26 de Abril de 1967. Regista que as praças iam nos porões, em condições desumanas.

Celebrava missa no convés, notou grande afluência e respeito. Filho único, o seu principal cuidado foi tranquilizar os pais, quando pôs os pés em terra. Seguem para o Quartel de Adidos, aí começa o treino para operações no mato. Morre um soldado atirador e ele escreve: “Transido de medo, não sei se da teimosa trovoada, da guerra devorada, do morto inofensivo e sereno ou da obrigação odiosa e cruel de comunicar à família aquela trágica e injusta perda… Parecia que me sentia criminoso por ter de anunciar que já estava morto aquele que vivia ainda num entendimento dos que o amavam. A pior coisa que confiavam aos capelães era esta de anunciar aos familiares a morte de um ente querido”. Nunca se ambientou a Bissau, às conversas com ataques, mortos e mutilados. Descobre, na sucessão dos dias, que um bom punhado de militares tem problemas de saúde, desde a epilepsia à tuberculose.

E rumam para Teixeira Pinto, fica numa pequena residência com chão e cimento junto de uma pequena igreja, era visível o aspeto de abandono. Guarda-lhe a casa e acolita-o nos deveres religiosos um menino chamado Albino. É chamado ao batalhão onde lhe comunicam que vai ser nomeado gerente de messe, recusa, alega que o serviço de assistência religiosa é o seu dever e nada mais. E vai para Jolmete, descreve o aquartelamento com as suas torres feitas de cibes, os abrigos, a falta de gerador elétrico, a iluminação era dada por garrafas de cerveja com uma torcida de pano; a casa de banho é constituída por um bidão, ele vinha com pudores entranhados por 12 anos de seminário, ali tinha mesmo que se expor e vencer o acanhamento, resistiu a frases irreverentes e maliciosas. Celebra regularmente missa no Jolmete, num local rodeado por bidões cheios de terra, comparecem crentes e descrentes. Ali perdia-se a noção do tempo, sofria-se pela falta de correio, pela péssima alimentação, pelo silêncio confrangedor, as noites em expetativa. Volta ao Jolmete, é iniciado em emboscadas e em minas. Um dia, dão-lhe ordem para regressar a Bissau, aproveita para vir de férias, sofre pelo alheamento da sua diocese. No regresso, apresenta-se ao chefe dos capelães, indicam-lhe que vai para Bafatá, tem um enorme setor para prestar assistência, estende-se mesmo ao sector de Bambadinca, inclui o Xime e o Xitole, sente-se em missão de paz, a sua arma era o terço do Rosário.

Descreve Bafatá, está contente com o bom ambiente militar, faz amizade com o 2º comandante do BCAV 1905, Andrade e Silva, e regista com satisfação: “No BCAV 1905 até me agradeciam uma colaboração franca e amiga. Compreenderam e respeitaram sempre os limites da minha, por vezes, melindrosa missão de capelão na guerra. Nunca me exigiram que fosse informador pidesco. Dava gosto trabalhar aqui”.

Percorre os destacamentos de lés a lés, faz amizade com os padres missionários e mesmo com a Missão da Sagrada Família de Bafatá, que estava a cargo das Irmãs Hospitaleiras Franciscanas Portuguesas, o seu auxiliar era o 1º Cabo Marques, assim apresentado: “Bondoso, paciente, humilde, simples, sincero, prestável. Só que tinha medo de ir comigo para o mato”.

Visita Bambadinca, o Xime e o Xitole. A viagem para o Xitole foi um calvário, nunca esqueceu o alferes médico, o Dr. Sílvio, seria ele quem comandava o destacamento já que o capitão miliciano, um notário, não queria saber de nada. É o Dr. Sílvio quem lhe receita para o pequeno-almoço umas sopas de vinho fresco, ali estavam os dois, um de cada lado de um bidão de gasolina a beber um vinho muito cristão, teria sido muitas vezes “batizado” pelos lugares onde tinha passado.

Visita sem desfalecimento Camamudu, Catacunda, Fajonquito, Cambajú, Jabicunda, Contuboel, Sare-Cacar, Sara-Banda, Banjara, Sinchã-Jobel, Geba, Sinchã-Dembel, Sinchã-Sulu, Furacunda, Udicunda e Banchi. Comunica com os chefes de tabanca, os régulos e os chefes religiosos. Faz amizade com o capitão miliciano Pires, de Contuboel. Por vezes, regista o pícaro entremeado pelo sofrimento: “A companhia que estava em Geba, era uma companhia distorçada. O capitão tinha morrido a levantar uma mina. Dos quatro alferes primitivos só restava um, o Fernandes. O capitão atual parecia transtornado quando vinha a Bafatá, num jipe de escape livre, com o barulho que fazia logo todos exclamavam: é o capitão de Geba!”.

Nunca esqueceu o presépio montado pelos militares de Banjara, com a imaginação e arte transformaram bugalhos, paus, latas de coca-cola, pequenas garrafas, gaze, algodão hidrófilo em imagens da Virgem, de S. José, do Menino, vaca, burro e anjos colocados numa fruta improvisada num barril de madeira. Finda a missão do BCAV 1905, o Padre Abel Gonçalves foi colocado no hospital militar, habituou-se a ver sangue por todos os lados.

Regressa no Niassa a Lisboa em Maio de 1969. É colocado na Base Aérea 7, em S. Jacinto, para além da assistência religiosa foi designado professor de deontologia militar e psicologia do voo. Entregam-lhe a sempre espinhosa missão de ir comunicar às famílias a morte deste ou aquele militar. Ao fim de 3 anos e meio de uma vida calma, parte novamente para a Guiné, é colocado na Base Aérea 12, em Bissalanca; fica igualmente encarregado de dar assistência a muitas unidades do Exército, enfim, todos os destacamentos a norte de Bissau até ao Biombo e, para o interior, todos os destacamentos até Mansoa. A Base tinha boa e espaçosa capela, o capelão dispunha de quarto e de um salão para aulas, leitura e estudo.

A tessitura das suas memórias revela que o trabalho é árduo, variegado, sente-se muito bem no relacionamento social. Refere a morte da paraquedista Celeste, acidentes de viação que levavam o capelão procurar dar apoio aos familiares dos sinistrados, nunca esqueceu o Padre Marcos, um simples e bondoso capuchinho italiano que vivia pobremente em Brá, vivia de esmolas, era de uma ingenuidade e franqueza que desarmava toda a gente. O seu passatempo era cuidar de uma horta onde plantou pedaços de tronco de mandioca, caroços de mangueiros, bananeiras e uma figueira.

Gostava de visitar Salgueiro Maia em Pete, e depois refere o agravamento da situação a partir de 1973. Assiste aos comícios do PAIGC em Bissau e os militares transformados em revolucionários. Impressionou-se com a saída dos últimos militares portugueses: os nossos soldados estavam na fortaleza de Amura, perto do cais de embarque e deitavam pelas muralhas abaixo parte das rações de combate que os nativos apanhavam e agradeciam de lágrimas nos olhos.

Assistiram ao embarque com manifesta tristeza. Sem sequer um insulto. Eles sabem que nós, ainda hoje, os temos no coração.

Em 15 de Agosto de 1974, regressa e é novamente colocado em S. Jacinto. Termina, rendendo homenagem a todos os capelães que prestaram serviço na Guiné, confessa que gostaria de ter feito melhor, mas aceita tranquilo a responsabilidade das suas limitações.
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 22 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11292: Notas de leitura (467): A palavra aos desertores portugueses (Mário Beja Santos)

sábado, 19 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10967: Blogoterapia (221): As nossas vidas valiam pouco ou nada para quem ficava na retaguarda (Júlio Benavente)

1. Mensagem do nosso camarada Júlio Benavente, ex-Fur Mil da CCS/BCAV 1905, Teixeira Pinto, 1967/68, com data de 16 de Janeiro de 2013: 

Caros camaradas,
Gostava de vos mostrar a desorganização e a falta de ética militar por que passámos muitos de nós.

Em fevereiro de 1967 chegámos a Bissau pela manhã no navio Uíge.
Até aqui nada de especial, só que permanecemos, até às tantas da noite, a bordo, à espera que chegassem as LDGs que nos haviam de levar rio acima a Teixeira Pinto.

O mais curioso é que o nosso batalhão inteiro não tinha uma única arma, só os marinheiros que compunham a guarnição das LDGs é que tinham algumas metralhadoras.
Quem conhece esse rio, sabe como era fácil alguém, mesmo da margem, lançar algumas granadas para dentro das embarcações e matar dezenas de companheiros.

No dia a seguir à nossa chegada a Teixeira Pinto, eu furriel miliciano mecânico de armamento, mais o meu segundo comandante, major Luís Rodrigues de Carvalho, e o alferes de transmissões, voamos num Dornier de volta a Bissau onde eu fui levantar todo o armamento em caixotes e novamente metido na LDG regressei a Teixeira Pinto.

Escusado será dizer que todo o batalhão ficou cerca de uma semana sem uma única arma, com excepção das que o 7 ou 10 de espadas, que era o pelotão que fomos render, tinha.

Por outro lado, as G3 que vieram nos caixotes eram velhas e a maior parte delas encravava.
Nessa altura aquela zona de Teixeira Pinto era bastante agitada sempre com emboscadas, minas, etc!...

O Pelundo era mau, o Cacheu era mau, e muito especialmente Jolmete onde os ataques eram quase diários. Na única vez em que lá fui tive a sorte de nada acontecer.

A razão por que vos escrevo é para comentar o pouco ou nada que as nossas vidas valiam para gente que ficava sempre na retaguarda, dando ordens e estratégias para muitos de nós que passamos maus bocados naquela guerra. Felizmente isto não se aplica muito a mim.

P.S. -  Desculpem a falta de acentuação, mas estou a escrever num teclado americano, e alguns erros de composição e ortografia que possa ter dado, pois já estou um pouco enferrujado, já que vivo há 33 anos nos Estados Unidos da América.

Júlio Benavente
ex-furriel miliciano
CCS/BCAV 1905
North Providence
Rhode Island
USA
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10941: Blogoterapia (221): Fantasmas do fundo do baú... A morte, em 24/1/1971, do cap inf op esp Fernando Assunção Silva,1º comandante da CCAÇ 2796 , e meu amigo (Vasco Pires, 23º Pel Art , Gadamael, 1970/72)

terça-feira, 8 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9868: O Nosso Livro de Visitas (135): José Ferreira, ex-1.º Cabo (Bafatá e Teixeira Pinto, 1967/68)

1. Mensagem do nosso camarada José Ferreira, ex-1.º Cabo que esteve em Bafatá e Teixeira Pinto, com data de 29 de Março de 2012:

Bom dia amigo Luís Graça 
Sou um ex-combatente na Guiné do Batalhão de Cavalaria1 905 que regressou em fevereiro de 69.
Estivemos em Bafatá e Teixeira Pinto, fizemos escoltas a Bambadinca, Nova Lamego e muitas outras.

Vi o teu blog e pensei em me ajuntar a vós caso me aceiteis.
Sou de Viana do Castelo e chamo-me José Ferreira, mais conhecido por Cabo Viana.

Sem mais, um abraço
José Ferreira


2. No passado dia 3 de Maio foi enviada uma mensagem a José Ferreira nos seguintes moldes:

Caro camarada José Ferreira
A tua mensagem andou uns dias perdida numa caixa de correio do Luís Graça, onde ele vai poucas vezes. Em futuros contactos usa antes esta: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

Se quiseres juntar-te a este numeroso grupo de camaradas que fez a guerra colonial na Guiné, manda uma foto do teu tempo de Guiné e outra actual, tipo passe de preferência e faz uma pequena apresentação de ti, a saber:
Nome, Posto e especialidade militares, datas de ida e volta da Guiné, Companhia e Batalhão a que pertenceste, quartéis por onde andaste, etc. para fazermos a tua apresentação formal à tertúlia.
Se quiseres podes contar uma pequena história passada contigo e mandar outras fotos que tenhas em teu poder.

Esperamos a tua resposta.
Até lá recebe um abraço do teu camarada
Carlos Vinhal
Co-editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


3. Nota do editor:

Salvo melhor opinião suponho que o camarada José Ferreira está equivocado quanto à identificação do seu Batalhão e à data de regresso. O número de Batalhão de Cavalaria mais parecido com 905 é 1905.

O BCAV 1905 partiu para a Guiné em 01 FEV67 e regressou a 19NOV68.

O BCAV 1905 assumiu a responsabilidade do Sector 01-A com sede em Teixeira Pinto entre FEV e AGO67. Em SET67 rendeu em Bafatá o BCAÇ 1877. Em NOV 68 recolheu a Bissau para aguardar o regresso à Metrópole.

- Elementos recolhidos da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) - 7.º Volume - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9820: O Nosso Livro de Visitas (134): Rogé Henriques Guerreiro, que vive em Cascais, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 4743 (Gadamael e Tite, 1972/74)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6680: O Nosso Livro de Visitas (91): A. Branco, CCAÇ 16, Bachile, chão manjaco, 1971

1. Mensagem do nosso camarada José Romão [, foto à esquerda], com data de 30 de Junho último:

Assunto:  Bachile, CCAÇ 16


Amigos e camaradas Magalhães Ribeiro e António Graça Abreu


Aqui vos mando uma mensagem enviada pelo camarada Branco que também prestou serviço militar no Bachile.


Um grande abraço. Romão


2. Mensagem do A. Branco, com data de 29 de Junho passado, para o Zé Romão:

Assunto -  Bachile,  CCAÇ 16

Caro Romão

Acabo de fazer mais uma das minhas habituais visitas ao blogue do Luis Graça e rapidamente me apercebi do texto e das imagens da CCAÇ 16.

Tal como referes, e ao contrário da opinião do António Graça Abreu, o Bachile nessa altura era efectivamente tal qual o descreves e sublinhas com fotos.

A confusão do António Graça Abreu, deve ter a ver com o que eu algures já li,  noutros sítios,  em que o Bachile antes da conclusão da estrada até ao Cacheu não tinha nem por sombras  aquelas condições, até porque a CCAÇ 16 só foi organizada em Fevereiro de 1970,  conforme nota descretiva que a seguir envio.

Esclarecida esta situação, queria-te pedir que me autorizasses a copiar para o meu album pessoal as imagens do quartel e nomeadamente da minha secção, a arrecadação, já que as que eu tenho não têm a mesma qualidade.

Por agora um abraço e vou continuando atento a tudo o que surja referente à nossa companhia e ao Bachile.

A. Branco
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Notas sobre a Companhia de Caçadores nº 16, compiladas por José Martins (Vd. poste P4347, de 14 de Maio de 2009)


(i) Subunidade do recrutamento local, foi organizada no CIM de Bolama, em 4 de Fevereiro de 1970;

(ii) À semelhança de outras, da chamada "nova força afriacna", por quadros (oficiais, sargentos e praças especialistas) de origem metropolitana e por praças guineenses, de etnia manjaca;

(iii) Colocada em Teixeira Pinto, em 4 de Março de 1970, destacou dois pelotões para Bachile, passando a estar integrada no dispositivo do BCAV nº 1905, e substituindo a CCAÇ nº 2658, que se encontrava em reforço no sector;

(iv) Em 30 de Abril de 1970, já com o quadro orgânico de pessoal completo,  passa a ser a unidade de quadrícula de Bachile;
(v) Em 28 de Janeiro de 1971 passa a depender do CAOP 1 (com sede em Teixeira Pinto);

(vi) A partir de 1 de Fevereiro de 1973, fica na dependência do o BCAÇ nº 3863 e do BCAÇ nº 4615/73, que assumiram, a seu tempo, a responsabilidade do sector em que aquela subunidade estava integrada;

(vii) Destacou forças para colaborar nos trabalhos de reordenamento de Churobrique;

(viii) Em 26 de Agosto de 1974, desactivou e entregou o quartel de Bachile ao PAIGC, recolhendo a Teixeira Pinto, onde foi extinta a 31 de Agosto desse ano.

(ix) Assumiram o comando desta subunidade, os seguintes oficiais:

Cap Inf Rolando Xavier de Castro Guimarães
Cap Inf Luciano Ferreira Duarte
Cap Mil Inf  José Maria Teixeira de Gouveia
Cap QEO [Quadro Especial de Oficiais] José Mendes Fernandes Martins
Cap Inf Abílio Dias Afonso
Cap Mil Art  Luís Carlos Queiroz da Silva Fonseca
Cap Mil Inf Manuel Lopes Martins

(x) Esta subunidade não tem História da Unidade: existem  apenas alguns registos,  muito incompletos, relativo aos períodos de 1 de Janeiro a 31 de Setembro de 1972 e de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 1973 (Vd. Arquivo Histórico Militar, caixa nº 130 – 2ª Divisão/4ª Secção).

3. Comentário de L.G.:

Agradeço ao Romão e ao Branco (bem como ao nosso infatigável colaborador, amigo e camarada José Martins) estas preciosas notas sobre o historial da CCAÇ 16, da qual não temos falado muito no nosso blogue, a não ser mais recentemente.

O Branco, que é nosso leitor regular, fica deste já convidado a integrar a nossa Tabanca Grande, se assim o desejar. Basta-lhe mandar-nos duas imagens, digitalizadas, uma actual e outra do tempo da tropa. Diz-nos também qual foi o teu percurso na tropa, onde moras e, ainda, se quiseres, o que fazes ou fazias na vida activa, além do dia do teu aniversário. Tens aqui um batalhão de gente à tua espera. E que desejarão saber mais coisas sobre Bachile, a CCAÇ 16 e os teus manjacos. Até á volta do correio. (*)
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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 5 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6674: O Nosso Livro de Visitas (91): Hélio Matias, ex-Alf Mil Cav, comandante do Pel Rec Daimler 805 (Nova Lamego, 1964/66), que conheceu o Triângulo do Boé (José Martins)

sábado, 21 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2971: O 10 de Junho visto pelo Cor Manuel Amaro Bernardo

A Raça e o Sangue no Dia de Portugal

Por Cor. Manuel Amaro Bernardo

(…) Hoje já não há o sangue que o regime nos pede, pela guerra. O sangue que hoje há é aquele que nós pedimos ao regime pelo aborto. E esse sangue não nos fala de dever. (…)

Discurso de João César das Neves, no Encontro de Combatentes (Restelo), em 10-6-2008

O ocorrido no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, neste ano de 2008, pautou pela imponência das bem organizadas cerimónias, em Viana do Castelo e Lisboa, mas também pela originalidade das intervenções.

Logo na véspera o Presidente da República, interpelado pelos jornalistas, afirmou que estávamos a comemorar o Dia da Raça, com vista ao projecto comum deste Portugal com 600 anos de História, dando assim o alento para suplantar a crise actual e as que se avizinham.

Poderia parecer que estava a recuperar a terminologia do Estado Novo salazarista e caetanista, como foi lembrado por partidos, como o PCP e o Bloco de Esquerda (até exigiram publicamente uma retratação do Presidente, que os ignorou), mas, na opinião generalizada dos portugueses, não foi isso que sucedeu.

Para alguns políticos foi uma gaffe, enquanto que para outros, onde me incluo, tratou-se de um apelo à "raça portuguesa" nestes tempos tão difíceis e bastante complexos, que atravessamos.

Curiosamente o pressuroso comentador de "serviço" Rui Tavares (julgo que professor universitário ou historiador) viria logo fazer afirmações deste tipo (“Público” de 11-6-2008): (…)

Onde estava a raça? No aniversário da morte de Camões, que morreu abandonado”.
É questão para lembrar a este e outros senhores que a raça lusitana esteve bem visível nos grandes feitos dos Portugueses, nos Descobrimentos, cantados por Luís de Camões, nos Lusíadas. Ou não será?

O Encontro de Combatentes, cada vez mais pujante e com maior participação, voltou a realizar-se nos Jerónimos e junto do Monumento aos Combatentes do Ultramar (Restelo). Nele tenho participado desde o início, onde, na Comissão Executiva, se incluíam militares, como o José Pais (querido amigo já falecido) e os “Comandos” Caçorino Dias, Vítor Ribeiro e Francisco Van Úden. Eles têm continuado imperturbáveis com o seu esquema alternante de ser, em cada ano, um distinto oficial general de cada um dos três Ramos das Forças Armadas, a organizar a cerimónia.

Desta vez esmeraram-se na organização com a realização, na véspera, pela primeira vez, de um colóquio na Fundação Gulbenkian, para onde foram convidados conceituados conferencistas, como Adriano Moreira, João Ferreira do Amaral, Joaquim Aguiar, Jaime Nogueira Pinto e Vítor Bento, além dos militares General Espírito Santo e Almirante Vieira Matias.

O tema “Os Valores da Nação e o Papel das Forças Armadas nas Sociedades Desenvolvidas”, foi apreciado e desenvolvido sob as diferentes perspectivas dos participantes. Vários deles concluíram que continua a faltar um projecto estratégico para Portugal, com as inevitáveis nefastas repercussões nas Forças Armadas.

No dia 10 de Junho, e tendo sido conseguida a participação do Cardeal Patriarca, D. José Policarpo, na presidência da Missa no Mosteiro dos Jerónimos, com vários padres coadjutores, como um vindo de Damão e outro africano, levou a que, também pela primeira vez, esta monumental Igreja se enchesse de público e de combatentes do Ultramar.

A afluência junto do Monumento aos Combatentes do Ultramar, no Restelo, também excedeu as expectativas. Lá fui encontrar o meu amigo Coronel Jaime Neves, ainda em convalescença de um acidente de viação ocorrido há alguns meses e a grande maioria dos restantes militares condecorados com a Ordem da Torre Espada, postados em local de honra.

O Presidente da República enviou uma mensagem, que foi lida pelo locutor de serviço, o Coronel Piloto Aviador António Lobato.


Um sanguinário discurso


Para destoar do sucesso destas cerimónias, numa altura em existe uma grande desmotivação cívica para empreendimentos deste género, acabaria por surgir um discurso despropositado, que ninguém (nem eu) esperava da parte da entidade convidada, o Prof. universitário João César das Neves.

Já o tinha ouvido numa palestra feita na Associação de Comandos, sobre temas da economia nacional e internacional, o que me satisfez plenamente.

No texto deste discurso, que tive ocasião de apreciar posteriormente num blog, acabou por fazer, na minha opinião, uma autêntica provocação aos combatentes do Ultramar, em vez de homenagear os seus mortos, como julgo devia ter sido a sua obrigação.

No meio do bulício de amigos e camaradas de armas, eu e outros já tínhamos reparado que aquilo tinha "sangue a mais". Esta palavra foi repetida até à exaustão – cerca de 100 vezes, acrescentando termos como o “sangue da violência”, o “sangue de multidão” e afirmando a certa altura:

“Será que o sangue nos fala de coragem? De valor? De heroísmo? Algum, sem dúvida! Mas muito dele, não! A maior parte certamente, não. Algum deste sangue foi derramado em feitos notáveis, actos valorosos, gestos memoráveis. Mas a maior parte não.”
E acrescentou: A maior parte, certamente, foi sangue que não queria ser derramado, que não concordava com aquela guerra, que não compreendia bem porque estava ali, que não desejava estar ali. (…)

Este discurso do tipo pacifista, não devia ter sido feito naquele local, e onde significativamente não foram dirigidas as palavras devidas de homenagem aos que tombaram pela Pátria. Não é falando no "sangue das multidões", que, como refere, agora é "sangue escondido", que essa homenagem seria feita.

À semelhança de António Barreto e de Pacheco Pereira, que não compreendem devidamente o sucedido na Guerra de África, nas décadas de 60 e 70 do século passado, e também pouco conhecedores das relações humanas e sociais neste continente, sempre desgastado por guerras tribais, César das Neves não devia ter generalizado o ocorrido na guerra na primeira metade com o da segunda. Dada a sua idade, percebe-se que seja maior conhecedor em relação à parte final, quando os seus amigos e conhecidos procediam à conhecida contestação académica.

Apenas quem passou por acções de combate poderá melhor avaliar como ocorrem os actos valorosos, quer no cumprimento da missão, quer na defesa dos camaradas que combatem ao seu lado.

Quantos, arriscando a vida, não tiveram um arranque notável para ajudar a salvar um amigo, que antes caíra numa mina ou armadilha, ou tinha sido alvo de uma rajada de tiros? E isto não tem nada a ver com a defesa do regime, do colonialismo ou de qualquer ideologia. Tem a ver com a solidariedade, a amizade e a camaradagem bem característica dos elementos que constituem as Forças Armadas.

A Guerra não é uma figura de retórica…

Dos 8290 elementos do Exército, oriundos do Continente e dos territórios africanos, que a Comissão de História Militar diz terem morrido na Guerra do Ultramar (Angola Moçambique e Guiné), desde 1961 e até à sua independência, 48% (3.947) foram considerados como falecidos em combate.

Os restantes terão sido motivados por acidentes com arma de fogo, acidentes de viação, doença, etc. Todos os seus nomes foram colocados no paredes do Forte do Bom Sucesso, junto ao Monumento. Também lá está (contra a vontade do então CEME, General Martins Barrento), o do Ten-Coronel Maggiolo Gouveia, fuzilado pela FRETILIN, nas vésperas do Natal de 1975, enquanto decorria a guerra civil em Timor.

A Associação de Comandos, com o apoio do actual CEME, General Silva Ramalho pretende que os nomes dos 53 combatentes guineenses (20 oficiais, 29 sargentos e quatro praças) fuzilados pelo PAIGC, por terem combatido do nosso lado, também lá sejam colocados, como já o foram junto ao Monumento ao Esforço Comando, recentemente transferido da Amadora para o recém-constituído Centro de Instrução de Tropas Comando, na Serra da Carregueira.

Por isso, juntamente com as flores, lá colocaram um painel com a relação desses militares para lembrar à Liga dos Combatentes que tal acto de homenagem, a quem deu a vida por Portugal, continua por fazer.

Recordo, com emoção, a presença, nesta cerimónia, de Regina Djaló, viúva do fuzilado Furriel “Comando” Demba Seca, que me cedeu um pequeno ramo das suas flores brancas; dividi-as com o meu amigo invisual Coronel Caçorino Dias, antes de as colocarmos no Monumento.

Chegando aqui, poderá perguntar-se qual é actualmente a essência da Forças Armadas, de Portugal e de qualquer outro país civilizado.É que nos nossos dias, apesar de não ser tão visível ou destacado pela Comunicação Social, a questão continua a passar pelo combate e pela luta a travar no terreno, e pela sua preparação para estarem prontas para o fazer. É isso que actualmente fazem os “Comandos” no Afeganistão e onde for necessário.

O risco de guerras localizadas continua a estar na ordem do dia, face às situações de crise que se avizinham. E nesse aspecto, África continua infelizmente a ser um palco possível e provável, além do Médio Oriente.

Agora, se me permitem, queria dar um conselho a este professor universitário. Assista a uma cerimónia de homenagem aos Mortos “Comando”.

Vai ocorrer uma já no próximo dia 29 de Junho, “Dia do Comando”.
Pode ter a certeza que ficará deveras impressionado, como eu fico sempre que tenho ocasião de estar presente num cerimonial desse tipo. Enquanto um oficial, um sargento e um soldado, marcham em passo cadenciado, em direcção ao mastro da Bandeira Nacional, transportando uma Espingarda G3 e uma boina “comando”, o locutor de serviço afirma:

Caíram …, no campo da Honra …, no cumprimento do Dever …, pela Pátria …, e pelos “Comandos”. Oficiais (presente) …, Sargentos (presente) …, e Praças (presente).

Lisboa, 15 de Junho de 2008
Manuel Amaro Bernardo
__________

1. Os nossos agradecimentos ao Cor Manuel Amaro Bernardo pelo envio do texto.

2. Fixação e adaptação da responsabilidade de vb.

3. Artigos relacionados em

14 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2760: Notas de leitura (8): Guerra, Paz e Fuzilamentos dos Guerreiros... ou a guerra que não estava perdida (A.Graça de Abreu)

2 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2713: Notas de leitura (7): Guerra, Paz e Fuzilamentos dos Guerreiros: Resposta a um Combatente (M. Amaro Bernardo)

2 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2711: Notas de leitura (6): Guerra, Paz e Fuzilamentos dos Guerreiros, de M. Amaro Bernardo (Mário Fitas)

31 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2706: Notas de leitura (5): Guerra, Paz e Fuzilamentos dos Guerreiros, de Manuel Amaro Bernardo (Mário Beja Santos)

30 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2318: Notas de leitura (4): Na apresentação de Guerra, Paz e Fuzilamento dos Guerreiros: Guiné 1970/80 (Virgínio Briote)

28 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2308: Notas de leitura (3): Guerra, Paz e Fuzilamento dos Guerreiros: Guiné, de Manuel Amaro Bernardo (Jorge Santos)

19 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P886: Terceiro e último grupo de ex-combatentes fuzilados (João Parreira)

31 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXXII: Mais ex-combatentes fuzilados a seguir à independência (João Parreira)

27 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCVI: O colaboracionismo sempre teve uma paga (6) (João Parreira)

23 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)

6 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIX: Salazar Saliú Queta, degolado pelos homens do PAIGC em Canjadude (José Martins)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Guiné 73/74 - P2839: Ainda os Comandos fuzilados a seguir à independência (I): O Justo Nascimento e os outros (Carlos B. Silva / Virgínio Briote)



Foto das ossadas de militares fuzilados na Guiné. Com a devida vénia ao autor, não identificado.

1. Mensagem de Carlos Silva, de 10 de Maio

Questão de justiça

Sobre o ex-Tenente Comando: JUSTO ORLANDO LOPES DOS REIS NASCIMENTO:

Venho por este meio lembrar (que) muito lamentavelmente o seu nome não consta na lista dos ex-Comandos Africanos, oficiais, que deram a sua vida pela pátria portuguesa desde a juventude. Igual a tantos outros, foi ferido em Tite, ao lado do então falecido, João Bacar Djaló e foi ao funeral do mesmo, engessado.

Foi Comandante da CCS do Batalhão dos Comandos Africanos, depois de suspender as actividades operacionais. Era muito conhecido para que o seu nome não conste na lista dos oficiais Comandos Africanos, no site, juntamente com os seus camaradas de Armas e que juntos combateram do mesmo lado.

Daí que, julgo, só fica bem e a bem da verdade fazer esta justiça e correcção em acrescentar o seu nome, como aos de Adriano Sisseco, Jamanca, António J.Gomes, Vieira e tantos outros.

Mais informo que ele também participou na célebre Operação Mar Verde, isto diz tudo.

Pela verdade e justiça e por sua alma e pelos filhos.

Obrigado pela atenção

Carlos B. da Silva
ex-Fur Mil CCAÇ 18,
Quebo 73
__________

2. Caro camarada Carlos B. da Silva,

Sobre os Comandos fuzilados na Guiné podes consultar os artigos relacionados, no nosso blogue (*).

Aproveitamos para juntar a relação dos nomes que constam da lista elaborada pelo Cor Manuel Amaro Bernardo (em Guerra, Paz e Fuzilamentos dos Guerreiros), a quem agradecemos todo o trabalho de recolha de informação sobre este caso que ainda nos dói.

vb
__________


Relação dos Comandos do BCA, fuzilados na Guiné (Provisória)

Nome, Posto, Companhia, Local, Data




Luís Assaul, Sold 2ª CC, (?), 1986



Fodé Baio, 1º Srg 1ª CC, Mansoa, (?)



Braima Baldé, Alf 1ª CC, Bambadinca, 1975



Dabo Baldé, Fur 2ª CC, Portogole (regressado de Dakar), (?)



Malan Baldé, Alf 3ª CC, Cumeré, (?)



Samba Baldé, Fur 1ª CC, Cumeré, (?)



Silvério Samba Baldé, Fur 2ª CC, Bambadinca, (?)



Armando Carolino Barbosa, Ten 2ª CC, Bambadinca, 25 Mar 1975



Braima Bari, Fur 2ª CC, Cumeré, (?)



Mamadú Saliú Bari, Alf 2ª CC, Cumeré, 1977



Américo Lamine Camará, Fur 2ª CC, Cumeré, 1975



Braima Camará, Fur, Gr Vingadores, Bissau, 1975



Bubacar Camará, Fur 3ª CC, Cumeré, (?)



Granque Camará, Sold 3ª CC, Bissau, 1979



Mussa Camará, Fur 1ª CC, (?), 1975



Quecumba Camará, 1º Srg 2ª CC, Mansoa (fuzilamento público), (?)






Tomás Camará (foto de Julho ? de 1966, op Atraca, corredor de Canja, Ingoré), Ten 1ª CC, Cumeré, 1975

Alfa Candé, Fur 2ª CC, Mansoa, 1975



Aruna Candé, 1º Srg 2ª CC, Cuntima, (?)



Aliu Sada Candé, Alf 2ª CC, Bambadinca, (?)



António Samba Juma Djaló, Alf 1ª CC, Bambadinca, 1975


Bacar Djassi (foto de Set? 1965, Gr Diabólicos), Ten 3ª CC, Cumeré, (?)



Bailo Djau, Alf 2ª CC, Cumeré, 1986



Alfa Embaló, Fur 2ª CC/Gr Vingadores, Cumeré, 1975



Fodé Embaló, 1º Srg 1ª CC, Bambadinca, (?)



Sijali Embaló, Fur 1ª CC, Cumeré, (?)



Anastácio Moreira Ferreira, Fur BCmds, Canchungo, Set 1974



Augusto Filipe, 2º Srg 1ª CC, Cumeré, (?)



Francisco Alenquer Imbadé, Fur 3ª CC, (?), (?)



Cube Jaló, Sold 3ª CC, Bissau, 1979








Mamadú Jaló (foto de Set? 1965, Gr Diabólicos), 1º Srg 2ª CC/ Gr Vingadores, Bafatá , (?)



Mário Bubacar Jaló, Fur 3ª CC, Portogole/Farim ? (regressado de Dakar), (?)


Abdulai Queta Jamanca (na foto, em Brá, Set 1965, Gr Diabólicos), Ten 1ª CC, Bambadinca, 1975


Carlos Bubacar Jau, Alf 2ª CC, Cumeré





Justo Orlando Nascimento Lopes (na foto de Set 1965, Gr Vampiros)Ten 1ª CC, Canjambari, Set 1974)


Manga Mané, Fur 1ª CC, Zinguinchor, Dez 1975


António Mendonça, Fur 2ª CC, Portogole (regressado de Dakar) (?)


Belente Mepe, Fur (preso em 19 Nov 1974), (?), (?)


Marcelino Moreira, Alf 2ª CC, Mansoa, 1975


Marcelino Pereira, Alf 2ª CC, Cumeré, (?)


Col Quessange, 1º Srg 3ª CC, Mansoa (fuzilamento público) (?)


José Aliú Queta, 1º Srg 2ª CC, Mansoa, (?)


Tumane Queta, Sold BCmds, Cumeré, 1975 (?)


Amarante Saja, Fur 3ª CC, Cumeré, (?)


Zacarias Saiegh, Cap 1ª CC, Portogole, 18 Dez 1978


Carlos D. Facene Samá, 2º Srg 2ª CC, Portogole, (?)


Demba Cham Seca, Alf 1ª CC, Bambadinca, 25 Mar 1975


Adriano Sisseco (na foto, em Bissalanca, Dez ? 1965, Gr Vampiros), Cap 2ª CC, Portogole, 18 Dez 1978

Braima Turé, Fur Gr Vingadores, Cumeré?, 1975?


João Uloma, Alf 1ª CC, Canjambari, (?)


António Vasconcelos, Alf 3ª CC, Bafatá, Dez 1975


Cicri Marques Vieira, Ten 2ª CC, Portogole, 18 Dez 1978

__________

Notas de vb:

1. Texto e imagens da responsabilidade de vb.

2. Informações recolhidas do livro Guerra, Paz e Fuzilamentos dos Guerreiros, de Manuel Amaro Bernardo, Ed. Prefácio, 2007.

3. Há informações (ainda não totalmente confirmadas) de mais nomes de militares Cmds fuzilados.

__________


(*) Artigos relacionados em

14 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2760: Notas de leitura (8): Guerra, Paz e Fuzilamentos dos Guerreiros... ou a guerra que não estava perdida (A.Graça de Abreu)

2 de Abril de 2008 >
Guiné 63/74 - P2713: Notas de leitura (7): Guerra, Paz e Fuzilamentos dos Guerreiros: Resposta a um Combatente (M. Amaro Bernardo)

2 de Abril de 2008 >
Guiné 63/74 - P2711: Notas de leitura (6): Guerra, Paz e Fuzilamentos dos Guerreiros, de M. Amaro Bernardo (Mário Fitas)

31 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2706: Notas de leitura (5): Guerra, Paz e Fuzilamentos dos Guerreiros, de Manuel Amaro Bernardo (Mário Beja Santos)

30 de Novembro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2318: Notas de leitura (4): Na apresentação de Guerra, Paz e Fuzilamento dos Guerreiros: Guiné 1970/80 (Virgínio Briote)

28 de Novembro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2308: Notas de leitura (3): Guerra, Paz e Fuzilamento dos Guerreiros: Guiné, de Manuel Amaro Bernardo (Jorge Santos)

19 de Junho de 2006 >
Guiné 63/74 - P886: Terceiro e último grupo de ex-combatentes fuzilados (João Parreira)

31 de Maio de 2006 >
Guiné 63/74 - DCCCXXII: Mais ex-combatentes fuzilados a seguir à independência (João Parreira)

27 de Maio de 2006 >
Guiné 63/74 - DCCCVI: O colaboracionismo sempre teve uma paga (6) (João Parreira)

23 de Maio de 2006 >
Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)

6 de Março de 2006 >
Guiné 63/74 - DCIX: Salazar Saliú Queta, degolado pelos homens do PAIGC em Canjadude (José Martins)

sábado, 19 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2454: PAIGC - Instrução, táctica e logística (8): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (VIII Parte): Minas III (A. Marques Lopes)

Publica-se hoje a terceira e última parte relativa ao capítulo sobre minas e outros engenhos explosivos utilizados pela guerrilha, no CTIG. Extractos de Supintrep, nº 32, de Junho de 1971, documento classificado, de que nos foi enviada uma cópia, em 14 de Setembro de 2007 pelo nosso camarada A. Marques Lopes:

PAIGC - Instrução, táctica e logística (8): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (VII) > UTILIZAÇÃO DE ENGENHOS (III Parte)


Revisão e fixação de texto: L.G. (As imagens digitalizadas pelo AML, a partir de um exemplar do original, têm fraca qualidade; optou-se, mesmo assim, por inseri-las, na maior parte dos casos (1).

6. Técnicas de implantação [de engenhos explosivos] detectadas na Província da Guiné


(i) Em 1 de Dezembro de 1966, o IN implantou um engenho explosivo A/C no itinerário Xime-Bambadinca, procedendo da seguinte forma:

O itinerário encontrava-se bastante danificado, principalmente na bolanha do Rio Canhala, junto ao Xime. As NT, a fim de possibilitar a passagem das viaturas e, na falta de cascalho e pedra para tapar os inúmeros buracos, obstruíram alguns com cibes. O IN, aproveitando-se dessa circunstância, colocou debaixo de um desses cibes um engenho explosivo A/C, sem possibilidades de detecção por picagem.

(ii) Em 5 de Agosto de 1968, pelas 10h07, em [?] 1615 1220 A0-74, foi levantada uma mina A/C TMD, reforçada com 2 granadas P27, uma de cada lado. As duas espoletas MUV foram escorvadas em 2 petardos de 20 gramas de trotil e colocadas ao alto, indo o armador apoiar-se directamente na cauda do percutor, estando a mina montada para ser accionada por pressão.

Em lugar da cavilha normal metálica da espoleta MUV encontrou-se uma cavilha calibrada, de madeira. O peso de qualquer indivíduo era suficiente para partir tal cavilha e accionar a espoleta, pelo que a mina assim montada funciona como anti-carro e anti-pessoal.




(iii) Em 20 de Junho de 1968, forças do BCAV 1905 verificaram que o IN, na estrada Sare Banda - Banjara [ Zona Leste] implantou 1 engenho explosivo do seguinte modo (2):



- no trilho do rodado implantou uma mina A/P e acoplada com esta uma mina A/C no centro das estrada;

- atravessados na estrada encontravam-se troncos de árvore, colocados por cima da mina A/C que aos serem pisados pelos rodados das viaturas accionariam esta mina.


(iv) Em 4 de Julho de 1969, foi levantado o engenho explosivo abaixo descrito no itinerário Madina do Boé - Cheche [, no sudeste da Guiné]:



Era constituído por uma mina A/P PMD-6 associada a uma mina A/C TMD reforçada com 2 petardos de 200 gramas de TNT. A ligação entre ambas era feita por cordão detonante. Em ambas as minas existia 1 detonador (na extremidade do cordão detonante) ligado aos invólucros das minas por uma substância deformável de cor negra. A mina A/P (que fazia actuar o conjunto) estava colocada numa das margens da estrada e a A/C no eixo da mesma. O engenho poderia, portanto, ser accionado por elementos apeados ou por viaturas.

(v) Em 19 de Dezembro de 1969, no itinerário Guidaje-Cufeu, foi accionada uma mina A/C por uma viatura após a picagem das NT.

Um elemento das NT, que seguia próximo da viatura, ao ouvir o rebentamento, lançou-se para a berma da estrada, para se instalar, fazendo accionar uma mina A/P.

Na berma da estrada, escondidas no capim, foram detectadas e levantadas 8 minas A/P.

As NT verificaram criteriosamente o local e encontraram pequenos bocados de trapo desfeitos, pelo que se supõe que a mina A/C estivesse coberta com trapos e papéis para abafar o som característico das minas na picagem para não serem detectadas.


(vi) Em 8 de Março de 1970, o BCAÇ 2893 refere que foram detectadas e levantadas no itinerário Ieromaro Delta – Madina Mandinga [, região de Gabu,] 9 minas, 1 A/C e 8 A/P, com a seguinte disposição:



A mina A/C encontrava-se implantada no rodado das viaturas e junto a uma árvore, e uns metros mais afastados estavam implantadas as minas A/P, estas fora do itinerário e em locais que têm logicamente de ser utilizados pelas NT ao saltarem das viaturas para socorrerem os feridos, no caso de ser accionada a mina A/C.

(vii) No relatório da Acção Querubim realizada em 6 de Novembro de 1970 consta terem sido detectados alguns túneis abertos sob o itinerário Nova Sintra - S. João, provavelmente para colocação de minas.

O leito do itinerário, debaixo do qual se encontram aqueles túneis, é bastante duro, o que impossibilita a detecção das minas aí colocadas pelo sistema de picagem.

É de presumir que as minas assim colocadas sejam comandadas, pois será difícil o seu accionamento por pressão.


(viii) Em 17 de Dezembro de 1970 a CCAÇ 2700 detectou 6 minas A/P em Padada 201-42 colocadas segundo o esquema que a seguir se apresenta (3):



(ix) Do relatório da Acção Salpicos realizada em 13 de Novembro de 1970 extraíu-se a seguinte técnica de implantação de engenhos explosivos pelo IN:

Durante o regresso ao aquartelamento, quando a força que havia executado a acção se deslocava por uma picada que não transitava há muito tempo e que se encontrava cheia de capim com excepção de um trilho que corria a meio dela, foi detectada e levantada uma mina A/P PMD-6, sob a qual havia uma mina A/C TM46 que, na abertura para o detonador, tinha um petardo de 100 grs. O conjunto estava reforçado com vários petardos observando-se ainda 2 tampões da mina A/C, os quais produziriam estilhaços.

Feita picagem na área, foram detectados mais dois conjuntos em todo semelhantes ao anterior, estes reforçados com uma granada de RPG2 e uma granada de mão defensiva F1, respectivamente, distanciados de cerca de 50 metros e sempre junto de árvores de grande porte, distantes de todas as outras para fácil referenciação.

A colocação dos engenhos não foi feita sobre os trilhos mas sim imediatamente ao lado.


(x) Em 13 de Janeiro de 1971, viaturas das NT accionaram 2 minas A/C no itinerário Bambadinca – Nhabijões, implantadas segundo o esquema que a seguir se refere (4):



Dos ensinamentos colhidos realça-se que o IN colocou uma mina no leito da estrada e outra na berma a uma distância que calculou ser suficientemente longe para não ser abrangida pela habitual pesquisa em redor dos engenhos explosivos detonados mas suficientemente perto para ser accionada na inversão de marcha das viaturas de socorro.

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Notas de L.G.:

(1) Vd. postes anteriores:

4 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2327: PAIGC - Instrução, táctica e logística (6): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (VI Parte): Minas I (A. Marques Lopes)

17 de Janeiro de 2008 > Guine 63/74 - P2446: PAIGC - Instrução, táctica e logística (7): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (VII Parte): Minas II (A. Marques Lopes)


(2) Sobre o temível itinerário Sare Banda - Banjara que pertencia ao sector de Geba (Sector L2, Zona Leste), há vários postes do A. Marques Lopes (que foi Alf Mil da CART 1690, Geba, 197/68): vd. por exemplo:

25 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXIV: O ataque ao destacamento de Banjara (1968) (1) (A. Marques Lopes)

30 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXXIII: A morte no caminho para Banjara (A. Marques Lopes)

5 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - XLVI: Em memória dos bravos de Geba... (A. Marques Lopes)
10 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1745: Eu e o meu capitão e amigo Guimarães, morto aos 29 anos, na estrada de Geba para Banjara (A. Marques Lopes, CART 1690)

10 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2424: Álbum das Glórias (37): Os alferes da CART 1690 ou uma estória de amizade e camaradagem a toda a prova (A. Marques Lopes)

(3) Vd. 15 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1595: História da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72) (Fernando Barata) (3): minas, tornados, emboscadas, flagelações e acção... psicossocial

(4) Vd. postes de:
23 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCV: 1 morto e 6 feridos graves aos 20 meses (CCAÇ 12, Janeiro de 1971) (Luís Graça)


(...) "O dia 13 seria uma data fatídica para as NT, e em especial para a CCAÇ 12 cujos quadros metropolitanos estavam prestes a terminar a sua comissão de serviço em terras da Guiné. Eis o filme dos acontecimentos:

"(i) Às 5.45h o 1º Gr Comb detectou, durante a batida à região de Ponta Coli, vestígios dum grupo IN de 20 elementos, vindos em acção de reconhecimento aos trabalhos da TECNIL na estrada Bambadinca-Xime e locais de instalação das NT.

"(ii) Às 11.25h, na estrada de Nhabijões-Bambadinca, uma viatura tipo Unimog 411, conduzida pelo Sold Soares (CCAÇ 12) que ia buscar [a Bambadinca] a 2ª refeição para o pessoal daquele destacamento, accionou uma mina A/C.

"0 condutor teve morte instantânea. Ficaram gravemente feridos 1 Oficial (CCS / BART 2917)[Alf Mil Moreira] , 1 Sargento (Fur Mil Fernandes/CCAÇ 12) e 1 Praça (CCS / BART 2917).

"(iii) Imediatamente alertadas as NT em Bambadinca, o Gr Comb de intervenção (4º, CCAÇ 12) recebeu a missão de seguir para o local a fim de fazer o reconhecimento da zona, enquanto outras forças acorriam a socorrer os sinistrados.

"Ao chegar junto da viatura minada, o Cmdt do 4° Gr Comb [Alf Mil Rodrigues] (b) deixou duas praças a fazer a pesquisa, na estrada e imediações, de outros possíveis engenhos explosivos, no que foram apoiados por alguns elementos do destacamento, seguindo depois uma pista de peugadas recentes, detectadas nas proximidades, e que se dirigiam para a orla da mata.

"Aqui, a 50 metros da estrada, atrás duma árvore incrustada num baga-baga, encontraram-se vestígios muito recentes. Seguindo os rastos através da mata, foi dar-se à antiga tabanca de Imbumbe [um dos cinco núcleos populacionais de Nhabijões, agora transferidos para o reordenamento], mas nas proximidades do reordenamento (Bolubate) aqueles passaram a confundir-se com os do pessoal que trabalha na bolanha.

"(iv) Regressado ao local das viaturas, o Gr Comb pelas 13.30h recebeu ordens para recolher, tendo o pessoal tomado lugar no Unimog e na GMC em que tinha vindo. Esta última [onde vinham as secções, comandadas pelos Fur Mil Marques e Henriques] , entretanto, ao fazer inversão de marcha, e tendo saído fora da estrada com o rodado trazeiro, accionaria uma outra mina A/C colocada na berma, a 10 metros da anterior, e que não havia sido detectada pelos picadores.

"Em resultado de terem sido projectados, ficaram gravemente feridos o Fur Mil Marques e os Sold Quecuta, Sherifo, Tenen e Ussumane. Sofreram escoriações e traumatismos de menor grau o Alf Mil Rodrigues, o Sold Trms Pereira e os Sold Cherno e Samba" (...).


2 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXIX: E de súbito uma explosão (Luís Graça)

(...) "E de súbito uma explosão. O sol dos trópicos desintegra-se. O céu torna-se bronze incandescente. O mamute de três toneladas dá um urro de morte ao ser projectado sob a lava do vulcão. E depois, silêncio... Era uma hora e meia da tarde quando o meu relógio parou, na estrada de Nhabijões-Bambadinca" (...).

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2285: Roubaram-me a Caderneta Militar (Júlio Benavente/Carlos Vinhal)


A nossa Caderneta Militar que tinha uma cor muito triste. Neste caso, a minha (CV)...

Foto: © Carlos Vinhal (2007). Direitos reservados.


1. Mensagem do nosso camarada Júlio Benavente, ex-Fur Mil da CCS/BCAV 1905, de 15 de Novembro:

Nunca se sabe o que a net nos pode dar.

Em 1990 fui de férias a Portugal (vivo nos States) e na Batalha fui roubado.

Entre várias coisas, lá foi a minha Caderneta Militar. Parece estranho, mas entre muitas coisas quiçá mais importantes, esta é a que tem mais valor para mim.

Claro que participei o roubo à GNR da Batalha.

Muitos anos já se passaram e, como a vida é cheia de surpresas, é possível que já tenha acontecido o mesmo a outros camaradas.

O que fazer? Ideias?

Julio da Silva Benavente


2. Comentário de CV:

O nosso camarada Júlio Benavente ficou sem o símbolo da sua vida militar. Lá estariam registados todos os passos que ele deu, desde a Incorporação até à Disponibilidade.

Na nossa Caderneta podem constar Unidades por onde passámos, postos, datas das promoções, louvores, punições, licenças, etc.

Para ele, que está nos Estados Unidos, longe da sua Pátria, há tantos anos, a Caderneta representava o tempo em que serviu Portugal para o bem e para o mal. Não tínhamos grande escolha, então. Nas suas entrelinhas podiam ler-se as horas de Sangue, Suor e Lágrimas. Saudades e privações de toda a ordem.

Perguntei-lhe porque razão não pedia uma segunda via, ao que ele respondeu que não seria a mesma coisa. Que interessa um segundo documento onde diz que esteve aqui, ali e acolá, se já não é o original?

Se calhar, muitos de nós nem sabemos onde está a nossa Caderneta Militar neste momento. As gavetas do tempo guardam muita coisa fora de ordem.

Se alguém achar este post despropositado, lembre-se do nosso camarada Baptista que tem sido espoliado, precisamente por lhe negarem o direito de ter uma Caderneta Militar (1).

E se alguém que acede à nossa página tivesse o Documento Militar do Júlio Benavente? Porque não devolvê-lo?

Afinal não serve a ninguém, a Caderneta, a não ser ao próprio.

CV

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Nota de CV:

(1) Vd. post de 30 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2011: Vamos ajudar o António Batista, ex-Soldado da CCAÇ 3490/BART 3872 (Júlio César / Paulo Santiago / Álvaro Basto / Carlos Vinhal)

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2056: Convívios (24): Notícias de convívios de Unidades que estiveram no TO da Guiné (Jorge Santos, Carlos Vinhal)

Para conhecimento de todos os frequentadores da nossa Página, damos notícia de convívios de Unidades que estiveram no TO da Guiné.


Companhia de Transportes 2642 (1969/1971)
No dia 25 de Agosto realiza-se o Convívio na Batalha, na Quinta de Santo Antão. A concentração é às 10h30 junto ao Mosteiro, seguindo-se missa às 11 horas pelos camaradas falecidos. Contacto: Armindo Neves 919 279 970 / E-mail: armindoneves@netcabo.pt





Companhia de Caçadores 1426 (Geba, 1965/1967
No dia 8 de Setembro realiza-se o Convívio em S. João da Ribeira (Rio Maior).
Contacto: Fernando 243 949 744





Companhia de Artilharia 2519 (1969/1971 )
No dia 8 de Setembro realiza-se o 5.º Convívio em Boleiros (Fátima).
Contacto: Henriques Martins 212 901 490




3.ª Companhia de Artilharia do Batalhão de Artilharia 6523 (1973/74)


No dia 8 de Setembro realiza-se o Convívio anual perto das Termas de S. Vicente, na Estrada entre Penafiel e Paredes.
Local de concentração junto ao Quartel da GNR, ex-Regimento de Artilharia Ligeira N.º 5, às 10 horas


Companhia de Caçadores 4541 (Caboxanque, 1972/1974)
4541
No dia 22 de Setembro realiza-se o 7.º Convívio na zona da Gafanha da Nazaré. Contacto: Guilhermino 914 679 51


Companhia de Polícia Militar 590 (1963/1965 )

No dia 23 de Setembro realiza-se o Convívio em Pombal.
Contacto: Domingos 212 740 744


Companhia de Caçadores 763 (Cufar, 1965/1966)

No dia 23 de Setembro realiza-se o Convívio em Ameirim.
Contacto: Albuquerque 214 684 787 – 914 908 920


Companhia de Artilharia 2714 (Mansambo, 1970/1972
No dia 29 de Setembro realiza-se o Convívio em Fátima.
Contacto: Mário 969 069 348


2.ª Companhia do Batalhão de Caçadores 4612/72 (Jugudul, 1972/1974
No dia 29 de Setembro realiza-se o Convívio no Fundão.
Contacto: Barata Ascensão 275 951 743 / Santos Costa 966 042 248



Companhia de Caçadores 4540/72 (Cabo Xanque, 1972/1974
No dia 6 de Outubro realiza-se o 4.º Convívio no “Complexo Turístico D. Nuno”, na Estrada Minde-Boleiros-Fátima.
Contacto: Virgílio Carvalho 249 831 228 – 969 619 102



3.ª Companhia do Batalhão de Caçadores 4612/72 (Mansoa, 1972/1974
No dia 13 de Outubro realiza-se o 18.º Convívio em Foros de Almada (Infantado).
Contacto: Alberto Melo 969 690 551 - Jorge Canhão 912 748 556 /mail: jorgea.ferreira@netcabo.pt



Batalhão de Cavalaria 1905 (CCS/CCav 1649/1650/1651)
(Guiné 1967/1968)
No dia 20 de Outubro realiza-se o 9.º Convívio em Celeiro – Reguengo do Fétal, no restaurante “Pérola do Fetal”, junto à EN 356 (entre Fátima e a Batalha). Contacto: António Paulo 917 416 460 – 243 329 924 – scalabis44@yahoo.co.uk

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Nota dos editores:

O Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné,agradece a preciosa colaboração do nosso companheiro Jorge Santos , que nos forneceu os elementos indispensáveis para a elaboração deste Post com notícias de convívios de Unidades que estiveram no TO da Guiné.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Guiné 63/74 - P720: Tabanca Grande: Dos Estados Unidos com saudades dos velhos camaradas (Júlio Benavente, CCS/BCAV 1905, 1967/68)

Texto do Júlio Benavente:

Amigo Luis:

Somos quase da mesma idade, estive na Guiné em 67/68 e que saudades desse tempo, embora pareça um paradoxo, pois como se pode ter saudades duma coisa como foi o tempo de guerra ?!...

Mas lá aprendemos o que é a camaradagem que nos juntou ateé hoje, mesmo sem contacto pessoal... E como ficamos putos novamente quando falamos com alguém que também lá esteve, na Guiné!...

O meu nome é Julio Benavente, fui furriel miliciano na CCS do BCAV 1905, de Fevereiro 1967 até Novembro de 1968 (1).

Hoje vivo no Estado de Rhode Island, na cidade de North Providence, nos Estados Unidos da América.

Um abraço, camarada, e obrigado por esta oportunidade de reviver.
Júlio Benavente
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Nota de L.G.

(1) Vd post de 28 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXIX: Um ataque a Sare Ganá (1968)

Texto de A. Marques Lopes, coronel (DFA) na situação na reforma, ex-alferes miliciano da CART 1690 (Geba, 1967/1968), sobre o ataque a Sare Ganá, 12 de Agosto de 1968, e a resposta das NT:


(...) "Às 01H00 atingiram Sare Ganá as forças de socorro de Bafatá e enviados pelo Comando de Batalhão. Estas forças eram constituídas a primeira por um pelotão do EREC 2350 e o PEL CAÇ NAT 64 a segunda por outro PEL REC do EREC 2350 e 2 secções da CCS/BCAV 1905.

"Uma vez que a situação estava praticamente normalizada, um pelotão do EREC 2350 e as 2 secções da CCS regressaram a Bafatá levando os feridos mais graves, tanto milícias como população, enquanto as outras forças se instalavam em Saré Ganá, montando segurança a tabanca"(...).