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sexta-feira, 17 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24149: Em busca de... (319): Camaradas do combatente Avelino da Silva Pereira da CCAV 677/BCAÇ 599, natural de Penude - Lamego - e de um exemplar do livro “Vem comigo à guerra do Ultramar”, escrito pelo Coronel António Luís Monteiro da Graça, CMDT da CCAV 677

1. Mensagem de 13 de Março de 2022 das nossas amigas Fátima Soledade e Fátima Silva, ambas filhas de antigos combatentes da guerra do ultramar, procurando camaradas do combatente Avelino Pereira, da CCAV 677:

Boa noite, Carlos Vinhal
Espero que se encontre bem de saúde.

Ontem, estivemos em contacto com o antigo combatente, ferido na Guiné, Avelino da Silva Pereira, de Penude, Lamego. Esteve integrado na Companhia de Cavalaria 677 do Batalhão de Caçadores 599.

O seu capitão foi o célebre Monteiro Graça (Coronel de Cavalaria António Luís Monteiro da Graça,
(n
a foto à direita)falecido em 2014.

Sabemos que este Coronel escreveu as suas memórias num livro intitulado “Vem comigo à guerra do Ultramar” que, com certeza, poderia ajudar a esclarecer alguns episódios referidos pelo antigo combatente.

Sabemos que a publicação foi da responsabilidade do autor, por isso foi limitada a alguns exemplares. O seu amigo João Sena foi presenteado com um exemplar.

Será que conhece alguém que o tenha e nos faculte informação do mesmo, relativa ao período do desembarque em Bissau, 13 de maio de 1964 a 24 de junho/julho de 1964, altura em que o nosso conhecido foi ferido?

Mas também localizamos no vosso blogue, o filho de um furriel miliciano dessa companhia, José Matos. Talvez nos pudesse com algum registo que o pai deixasse (fotografias, …). O nosso conhecido não tem quaisquer registos fotográficos, nunca esteve em convívios, mas é associado da Liga dos Combatentes de Lamego.

Se nos pudessem ajudar a localizar um antigo combatente dessa companhia, gostaríamos muito de o contactar.

Muito gratas,
Fátima Soledade e Fátima Silva

____________

Notas do editor:

- Sobre o livro "Vem Comigo à Guerra do Ultramar", de António Luís Monteiro da Graça, Combatente do Ultramar, ver aqui a recensão de Mário Beja Santos: Guiné 63/74 - P11399: Notas de leitura (472): Vem Comigo à Guerra do Ultramar, pelo Coronel António Luís Monteiro da Graça (Mário Beja Santos), de 15 de Abril de 2013.

- O filho do nosso camarada José Matos, ex-Fur Mil da CCAV 677, é o nosso tertuliano José Matos, investigador em História Militar, que no nosso blogue tem já uma extensa colaboração.
As nossas amigas Fátimas e o Dr. José Matos já estabeleceram contacto telefónico.

- Ver aqui a apresentação de José Matos à tertúlia: Guiné 63/74 - P15080: Tabanca Grande (472): José Matos, investigador independente em história militar, filho do nosso falecido camarada José Matos, fur mil da CCAV 677 (Fulacunda, São João e TIte, 1964/66)... Novo grã-tabanqueiro nº 701, de 7 de Setembro de 2015

- Último poste da série de 13 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23877: Em busca de... (318): Fernando José Machado Gouveia (1945-2022), ex-militar da FAP, que passou pelo CTIG; era natural de (ou morador em) Crato, distrito de Portalegre... Sobrinha procura antigos camaradas

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21383: Notas de leitura (1309): "O Cântico das Costureiras", de Gonçalo Inocentes (Matheos) - Parte III (Luís Graça): a conquista da Ponta de Jabadá, em 29/1/1965, importante posição na defesa do rio Geba

 


Guiné > Região de Quínara > Ponta de Jabadá > CCAÇ 423 > 1965  > O alf mil médico Serpa Pinto, natural do Porto, "à entrada do seu apartamento"... Vê-se que o destacamento foi feito com as ruínas do antigo entreposto comercial, florescente até ao início da guerra.

 


Guiné > Região de Quínara > Ponta de Jabadá > CCAÇ 423 > 1965  > "Uma pausa: o dr, Serpa Pinto a ajeitar o banco [, à esquerda]; a seguir o alferes Alcides Pereira, comandante da força; eu e à frente com óculos o furriel João Vaz"
"
 


Guiné > Região de Quínara > Ponta de Jabadá > CCAÇ 423 > 1965  > "Sessão de consultas à população local. A tomar notas o [furriel]  enfermeiro Machado, e logo atrás o doutor S[erpa] Pinto" (*)

Fotos (e legendas): © Gonçalo Inocentes (2020) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da apresentação do último livro do Gonçalo Inocentes (Matheos), membro nº 810 da nossa Tabanca Grande: foi fur mil at cav, CCAÇ 423 e CCAV 488 / BCAV 490, de rendição individual (1964/65), tendo passado por Bissau, Bolama, S. João, Ponta de Jabadá, e Jumbembem... Nasceu em 1940, em Nova Lisboa (hoje, Huambo, Angola). Está reformado da TAP e vive em Faro. (*).


Capa do livro de Gonçalo Inocentes (Matheos), "O Cântico das Costureiras: crónicas de uma vida adiada, Guiné, 1964/65" (Vila Franca de Xira, ModoCromia, 2020, 126 pp, ilustrado).

É um livrinho despretensioso, com mais fotos do que texto, mas que tem o mérito de nos fazer desfilar uma série de situações que todos conhecemos no TO da Guiné, no mato, fosse no Norte, no Leste ou no Sul.

Por exemplo, a evocação do médico que, se calhar, nem todos conheceram tão intimamente como a malta da CCAÇ 423. Estamos no início da guerra, em que cada companhia ainda tinha um médico!... Um luxo!... 

Recorde-se que, no meu tempo (1969/71), haveria (, quando havia!) um médico por batalhão. E que ficava no "bem bom" da sede do batalhão, a trabalhar na "psico",  nunca ou raramente saindo para o mato em operações... Era mais médico "civil" do que "militar",,, O mesmo se aplicava ao furriel enfermeiro... (Estamos a falar do tempo de Spínola, em que aumentaram os efectivos militares e o país não tinha médicos  suficientes para mandar para a guerra; por outro lado, a política "Por uma Guiné Melhor" absorvia uma grande parte dos recursos  sanitários das Forças  Armadas.)

Aqui, nesta época,  no tempo ainda da malta do caqui amarelo, há um médico para cada 150/160 homens (=1 companhia), e que dorme no mato, nos mesmos buracos dos "infantes"... E participa em operações, como a conquista da Ponta de Jabadá!

Para poder escrever este livrinho, a vantagem do Gonçalo Inocentes, em relação a muitos de nós, é que tinha um máquina fotográfica Minolta 16 mm Spy que cabia no bolso do camuflado e que levava para o mato. Além disso, tinha um bloco de notas e o hábito saudável de ir tomando notas.. 

Alguns de nós tinham um diário, mas ao fim de seis meses (que era o tempo de provação da "periquitagem"), deixavam de escrever por lassidão, cansaço, exaustão, falta de disciplina... Outros anotavam nas cartas e aerogramas o seu pequeno dia a dia, incluindo a atividade operacional... Enfim, de uma maneira ou de outra, todos temos "pequenos apontamentos" da nossa passagem pelo inferno que foi a Guiné...

Nalguns casos, como o deste livrinho, são "flashes", relampejos da memória, que vêm contribuir, e em muito,  para o preenchimento dos buracos do "puzzle" da nossa memória... 

Por exemplo, quem é que sabia da história da Ponta de Jabadá onde o PAIGC até ao início do ano de 1965 era "rei e senhor", impondo ali o terror à navegação no Geba ?!... 

Quando lá passei, ao largo, em LDG, no dia 2 de junho de 1969,  o nosso medo era a Ponta Varela,  logo a seguir, passada a foz do Corubal, já no Geba Estreito, antes de se aportar ao Xime... (Os barcos civis, ou "barcos-turra", que prosseguiam até Bambadinca tinham, no Geba Estreito, outro temível ponto de passagem que era o famigerado Mato Cão onde se podia, da margem direita,  lançar uma granada de mão para o meio do rio.)

Jabadá ?... Já ninguém se lembrava em 1969,,,

Explica o autor:

"Depois de várias operações infrutíferas à Ponta de Jabadá, os barcos que navegavam no rio Geba, o que banha Bissau, contibuaram a ser castigados vom fogo do IN a partir dali. Da Ponta." (p. 76)

Foi por isso que os "maiores" de Bissau decidiram ocupar  a dita Ponta (que outrora lterá sido uma bela horta de um algum colono cabo-verdiano). Com "um pelotão reforçado" (!), as NT foram mandadas ocupar o "antigo entreposto comercial". 

A força era comandada pelo capitão Monroy, e tinha o apoio de uma fragata [, o autor queria dizer:LFG - Lancha de Fizcalização Grande] da Marinha, postada em frente, no Geba. (Este capitão Monroy  [Garcia] devia ser o oficial de informações e operações do BCAÇ 599.]

"Fomos comandados pelo alferes Alcides Pereira e pela primeira vez foi também o médico, dr. Serpa Pinto, e o furriel enfermeiro Machado" (p. 76).

Ficamos a saber que:

"Jabadá era como que uma ilha. Rodeada a Sul pela grande bolanha, e  Norte pelo rio Geba" (...). 

Mas a fragata [leia-se: LFG]  foi chamada a Bissau, para algum assunto mais urgente do que a guerra (, vá-se lá saber o quê e o porquê), e rapaziada passou a ser "bombardeada diariamente ao cair da noite" (p. 77). Jantava-se às 18h e recolhia-se aos "abrigos" às 19h.

Depois foram "40 dias de trabalho intenso", a construir abrigos "à prova de morteiro": com troncos de cibe, terra, e em cima uma camada de adobe. "De dia o trabalho e de noite o infeno"... Virá depois um reforço, um pelotão da CCAÇ 508, comandada pelo alferes Ferreira,

Pormenor delicioso é a foto (, infelizmente em miniatura) do ten cor [Carlos Barroso] Hipólito, comandante do batalhão [BCAÇ 599,]  sediado em Tite, a atravessar o tarrafe às costas de um soldado, depois da gloriosa conquista da Ponta de Jabadá, em 29 de janeiro de 1965 (. precisamente no dia em que eu fiz 18 anos e dava o nome para a tropa)...  

Em suma, o senhor tenente coronel não podia molhar o pezinho,,,

O Gonçalo Inocentes presta depois homenagem ao médico e ao enfemeiro que ficaram no destacamento. Do médico ele diz:

(...) "Ele é o anjo da guarda de todos os dias. (...) A relação de todos com o médico, ali o dr. Torcato Adriano Serpa Pinto, homem do Porto, era de filhos para pai.  O carinho era mútuo" (p. 86).

Teve por isso, direito a um abrigo exclusivo, especial e seguro;

"No destacamento em Jabadá, o abrigo pessoal do doutor era mesmo a dois passos do rio Geba e por isso ele não dormia- Temia uma aproximação a coberto da noite pela margem do rio e o lançamento de uma granada para o sítio onde morava".

Qual foi a solução para pôr o médico "a dormir bem", o que era fundamental para que todos dormissem bem ? A ideia  foi do fur mil Inocentes: "construir duas defesas paralelas rio adentro, que fizessem de anteparo o abrigo do doutor"... Cercado "de arame farpado à semelhança do Rommel nas costas da Normandia", o dr. Serpa Pinto nunca mais teve insónias  nem pesadelos (p. 86). 

É uma bonita história de homenagem e de gratidão aos nossos médicos... (**)

(Contnua)

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Notas do editor:

(*) Vd., postes anteriores:


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19536: (D)o outro lado do combate (45): A morte de Rui Djassi - II (e última) Parte - A Op Alvor, península de Gampará, de 22 a 26 de abril de 1964 (Jorge Araújo)


Guiné (1964) - Operação militar. Foto de Manuel Parreiras (1941-2017), natural de Elvas, o 1.º da direita [Unidade desconhecida], pai da minha aluna Ana Parreiras, filha de mãe guineense, de Bafatá. (vou fazer um poste… com mais detalhes).



Mapa da península de Gampará. Território batido pelas NT durante a «Operação Alvor» onde morreu Rui Djassi (Faincam) em 24 de Abril de 1964. Fonte: Carta de Fulacunda (1955), escala 1/50 mil

Infografia: Jorge Araújo (2019)



 Jorge Alves Araújo, ex-fur mil op esp / Ranger, CART 3494 
(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue



A «OPERAÇÃO ALVOR», DE 22 A 26ABR64, NA BUSCA DO "QUARTEL-GENERAL" DE RUI DJASSI (FAINCAM) - A PRIMEIRA MISSÃO DAS NT NA PENÍNSULA DE GAMPARÁ,  15 MESES APÓS O INÍCIO DO CONFLITO ARMADO - 




1. INTRODUÇÃO


Como complemento à narrativa anterior – P19532 – onde caracterizamos algumas das vicissitudes da vida do guerrilheiro do PAIGC, Rui Demba Djassi (Faincam), primeiro cmdt da Zona 8 (região de Quinara), com particular relevância para o desconhecimento do seu paradeiro desde o início do ano de 1964, vimos hoje ao fórum dar conta como foram os últimos 'combates' da sua vida, e dos seus subordinados, travados em redor do seu "Quartel-General", algures na Península de Gampará.


2. A «OPERAÇÃO ALVOR», DE 22 A 26ABR1964


A execução da «Operação "Alvor"» foi determinada pelo Comandante Militar do CTIG, à data o Brigadeiro Fernando Louro de Sousa, através da Directiva de Operações n.º 1/64, ficando agendada para o período compreendido entre 22 e 26 de Abril desse ano, um mês depois de concluída a Operação "Tridente". A missão tinha como área de intervenção a península de Gampará, uma vez que, desde o início do conflito, esta região ainda não tinha sido percorrida por forças militares.

Para cumprir esta "Directiva de Operações", a primeira de 1964, a responsabilidade de comando foi atribuída ao BCaç 599 (Sector G), com sede em Tite, que abrangia, do ponto de vista operacional, os subsectores de Tite, S. João e Fulacunda. 

De referir que o BCaç 599, Unidade mobilizada pelo RI 15, de Tomar, era comandada pelo tenente-coronel Carlos Barroso Hipólito, sendo apenas composto de Comando e CCS, não dispondo, por isso, de subunidades operacionais orgânicas. Este Batalhão sucedeu, em 18Out1963, ao BCaç 237, dele transitando os elementos de recompletamento.


 2.1. AS FORÇAS MILITARES ENVOLVIDAS


Tendo em consideração as distâncias que havia que percorrer, os meios logísticos à disposição da Unidade de quadrícula [BCaç 599], bem como os efectivos operacionais que esta podia empregar em acções prolongadas, foi considerado que uma operação de "reconhecimento e controlo da população" na península de Gampará, só poderia ser levada a efeito com êxito por efectivos mais numerosos, com forte apoio aéreo e o concurso de meios navais, operacionais e de transporte. 

Para esse efeito, a operação mobilizou os seguintes efectivos:

● Forças do Sector G:

> Companhia de Cavalaria 353 (CCav 353) – 2 Gr Comb;

> Companhia de Artilharia 565 (CArt 565) – 2 Gr Comb.

● Reforços:

> Companhia de Artilharia 643 (CArt 643) – 3 Gr Comb;

> Destacamento de Fuzileiros Especiais (DFE 2). 

O DFE2 e as restantes Forças Navais tinham a seu cargo o transporte de pessoal, água potável e reabastecimentos com as LDM 302, 303, 304 e 305 e a fiscalização dos rios Geba e Corubal compreendidos na ZO, com especial atenção para as "cambanças" e flagelações do IN partindo de Ganjeque, Ponta do Inglês e Ponta Luís Dias.

A Força Aérea, por outro lado, apoiava os desembarques e reembarques e a actividade das forças de superfície durante a acção; fiscalizava o rio Pedra Agulha, bem como os rios Geba e Corubal dentro da ZO impedindo "cambanças"; fazendo ainda a ligação, PCA e a evacuação sanitária. 


2.2. AS RAZÕES QUE JUSTIFICARAM A OPERAÇÃO

O facto da península de Gampará nunca ter sido percorrida por forças militares desde que se iniciou o conflito armado [23 de Janeiro de  1963], embora se soubesse que a maioria dos habitantes das tabancas limítrofes de Fulacunda as tivessem abandonado, passando a residir em locais desconhecidos, situados nos matos existentes nessa península. 

Por reconhecimentos feitos a Uaná Porto e à região marginal do rio Geba, junto à foz do rio Pedra Agulha, sabia-se que o IN se tinha revelado com fraco poder combativo. Em função dos factos anteriores, ainda não se tinham realizado contactos entre a população e as forças militares estacionadas nessa área. Acresce, por outro lado, terem sido referenciadas dez canoas na orla marítima, bem como observadas de Porto Gole, entre as 18h00 e as 20h00, luzes da outra margem. De referir, também, que em 16 de Abril de 1964, pelas 00h30 ter sido atacada uma embarcação das Forças Navais (FN) com MP [, metralhadora pesada].


2.3. A MISSÃO


i) - Percorrer os matos e as povoações de toda a área da península de Gampará, contactando com a população a fim de avaliar do seu grau de lealdade. Sempre que estas se manifestarem pacíficas procurar acalmá-las quando for caso disso, incutindo-lhes confiança e sensação de segurança pela presença das NT.

ii) - Obter, por meio de interrogatórios a PG [prisioneiros de guerra] ou civis, os elementos de informação que conduzam à detecção de elementos lN, seus acampamentos, ligações, pontos de "cambança", chefes de zona, etc.

iii) - Explorar, imediatamente, as notícias ou informações obtidas no decorrer das operações e que se refiram à localização de órgãos de apoio do IN, à identificação destes ou dos seus chefes, de elementos activos ou de simples simpatizantes.

iv) - Procurar, sempre que possível, fazer prisioneiros por necessidade e conveniência em se obterem os elementos de informação desejados, que venham a permitir avaliar-se do grau de confiança que essas populações possam merecer.

v) - Deixar intactos os géneros, a água, o gado ou outros bens pertencentes aos habitantes encontrados, desde que os seus proprietários não tenham hostilizado as NT, incluindo mesmo os daqueles que tiverem fugido quando da sua aproximação. Mas, destruir ou recuperar, conforme os casos e as possibilidades, as habitações, o gado, os géneros, os poços de água, ou outros bens ou pertences existentes nas povoações donde tenham sido hostilizadas as NT ou tenha havido reacção à presença das mesmas.

vi) - Abater ou destruir, por qualquer meio, todo o elemento IN que reaja ou actue pelo fogo contra as NT assim como todo o indivíduo armado que não entregue acto contínuo a sua arma ou que pretenda fugir, bem como ainda todas as instalações que lhe sirvam de guarida ou apoio, todas as canoas encontradas e ainda as povoações abandonadas donde tenham sido hostilizadas as nossas forças.

vii) - Explorar o sucesso, imediatamente a seguir à neutralização de núcleos do ln quer esta tenha sido levada a cabo pelas Forças de Superfície ou pela FA, por forma a tornar possível a apreensão do armamento ou a recolha e identificação dos mortos e dos feridos, do lN.

viii) - Destruir todas as casas de mato e outras instalações de fortuna, localizadas fora das áreas das povoações, permitindo-se porém aos seus proprietários a recuperação dos seus bens uma vez que não tenham mostrado hostilidade à presença das NT.


2.4. A EXECUÇÃO


Com vista ao reconhecimento da península de Gampará, a fim de permitir o controlo e a assimilação da sua população pacífica e a destruição dos núcleos de elementos do IN aí existentes, seriam realizados desembarques simultâneos na foz do Rio Agulha e em Uaná Porto, conjuntamente com as restantes forças saídas de Fulacunda e com o apoio da FA, de modo a isolar a península de Gampará e criar as condições favoráveis ao reconhecimento e à limpeza desta área segundo três eixos de progressão paralelos.




2.5. O DESENROLAR DA OPERAÇÃO


No dia 22 de Abril de 1964, quarta-feira, pelas 03h00 da madrugada, deu-se início à «Operação Alvor» na península de Gampará com desembarques simultâneos das CCav 353, CArt 565, CArt 643 e DFE 2, utilizando quatro LDM, na foz do rio Pedra Agulha e Uaná Porto, conjugados com forças progredindo de Fulacunda e com apoio aéreo, a fim de isolar essa região. 

As forças desembarcadas ocuparam posições ao longo da linha Gansambo-Uaná Porto-Uaná Beafada. A partir dessas posições executaram uma batida conjunta e simultânea na península de Gampará.

No dia 23 de Abril, quinta-feira, elementos In armados, escondidos no tarrafo, detectados pelo PCA, foram batidos pela CArt 643, com a colaboração da FA e fugiram. O DFE 2 venceu uma ligeira resistência em Canquecuta, que destruiu com o apoio da FA. O IN opôs resistência à progressão da CArt 643. Foi isolado e aprisionado um grupo da população que escondia 8 guerrilheiros. A CArt 565, emboscada pelo IN, reagiu prontamente, dispersando-o. As NT tiveram um guia auxiliar morto e dois feridos. Foram mantidos os horários de coordenação e as forças atingiram os objectivos estabelecidos para este período.

No dia 24 de Abril, sexta-feira,  também foram atingidos os objectivos determinados para o terceiro dia de operações. Foi capturado material e documentos. As NT não tiveram baixas e foram mortos três guerrilheiros [, um deles pondendo ser o Rui Djassi... ] e feitos mais de vinte prisioneiros. 

O IN estava sitiado e a operação prosseguia. Durante a noite os estacionamentos das NT foram flagelados, sendo o IN posto em fuga. Em toda a zona revelaram-se guerrilheiros isolados, alguns dos quais foram abatidos. Foram evacuados para Bissau oito prisioneiros, mulheres e crianças. O IN, cercado no extremo da península de Gampará, exerceu violenta repressão na população que pretendia apresentar-se às NT. Estas recolheram três centenas de pessoas, no mato e no rio, das quais foram evacuadas noventa, para Bissau. 

No dia 25 de Abril, sábado, o IN flagelou a CArt 565 que recolheu a Fulacunda, sem baixas. O DFE 2, em colaboração com a CCav 353, fez batidas na orla do rio. As NT acompanharam a população, na reocupação das tabancas, antes do reembarque.

No dia 26 de Abril de 164, domingo,  recolheram a quartéis todas as forças que tomaram parte na operação.



3. MAIS DUAS NOTAS DA PARTICIPAÇÃO DAS FORÇAS NAVAIS NESTA OPERAÇÃO


Para concluir o contexto sobre a «Operação Alvor", e como adenda ao modo como a mesma decorreu, importa dar conta de alguns testemunhos individuais de camaradas que nela participaram, ainda que as mesmas já tenham sido publicadas neste espaço.


No primeiro caso, cito uma passagem do livro "Homem  Ferro - memórias de um combatente", da autoria de Manuel Pires da Silva [SMor Grad FZE (Ref) do DFE 2] – P11521: "Notas de Leitura", de Mário Beja Santos, onde se pode ler:


"Tudo se agrava no rio Corubal, as embarcações são constantemente alvo de emboscadas, atacam navegação na Ponta do Inglês, e mesmo no canal do Geba. Volta-se à península de Gampará, vão com o apoio de forças terrestres, conclui-se que o inimigo não estava até então implantado no terreno. E depois atacam Cafal Balanta, Cafal Nalu e Santa Clara, há fogo do inimigo que só deixa de reagir quando chegam os T6. E no mês de Junho [1964] acabou a guerra para o DFE 2". 


No segundo caso, a narrativa está ligada à "LDM 302", recurso logístico utilizado na "Operação Alvor", e que é contada em livro de A. Vassalo, em BD, Edições Culturais da Marinha, 2011, com o título "A Epopeia da LDM 302".

No P15003, de novo em "Notas de Leitura", de Mário Beja Santos, retiramos a seguinte passagem: 


"Em 22 de Abril [1964, a LDM 302] conheceu o baptismo de fogo. Frente a Jabadá quando, em conjunto com mais três LDM [303, 304 e 305] procedia a um desembarque de fuzileiros [DFE 2], o inimigo tentou opor-se com fogo de armas ligeiras, mas não conseguiu evitar o desembarque".


Também no P10084 – "A Vida e morte da gloriosa LDM 302", o marinheiro fogueiro Ludgero Henriques de Oliveira [, lourinhanense, vizinho, amigo de infância,  e colega de escola primária do nosso editor e camarada Luís Graça, nascido em 1947 e falecido em 2011, ]  que pertenceu à guarnição desta Lancha de Desembarque Média, atribuída ao DFE 2, em 18 de Março de 1964, para fiscalização da zona do Rio Geba, conta-nos alguns dos aspectos mais relevantes da sua existência. 




A LDM 302 no rio Cacheu onde viria a ser violentamente atacada e afundada por duas vezes com baixas pessoais dramáticas, com mortos, feridos graves e feridos ligeiros. Fonte: Cortesia do blogue Reserva Naval, do Manuel Lema Santos [1.º Tenente da Reserva Naval, Imediato no NRP Orion, Guiné, 1966/68]


4. A OCUPAÇÃO [?] DE GAMPARÁ PELAS NT

Por último, depois de consultada a bibliografia a que tivemos acesso, nada encontrámos para satisfazer a curiosidade relacionada com a instalação das NT em Gampará (e em Ganjauará)  Apenas temos, como referência, o Monumento ali existente, onde constam as diferentes Unidades de quadrícula que por lá passaram, conforme imagem abaixo (vd. P12247).



Guiné > Zona Leste > COP 7 (Bafatá) > Margem esquerda do Rio Corubal > Península de Gampará > Gampará > 1972 > Monumento da CART 3417 (Magalas de Gampará), assinalando a passagem por Gampará (e Ganjauará) da 38ª CCmds e de outras tropas especiais.

Vê-se que por ali também passaram, ao serviço do COP 7 (Bafatá), vários DFE - Destacamentos de Fuzileiros Especiais (4, 8, 13, 21, 22), a CCP 121/BCP 12, a 2ª CCA - Companhia de Comandos Africanos, o 29º Pel Art e o Pel Mil 331.

A última Unidade que aí esteve instalada, até à independência, foi a CCAÇ 4142 (1972/1974) "Herdeiros de Gampará".

Foto (e legenda): © Amilcar Mendes (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Fontes consultadas:

«Operação Alvor» (texto adaptado): Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro I; 1.ª edição, Lisboa (2014); pp 252/257.

Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

26Fev2019.

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Nota do editor:

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15080: Tabanca Grande (472): José Matos, investigador independente em história militar, filho do nosso falecido camarada José Matos, fur mil da CCAV 677 (Fulacunda, São João e TIte, 1964/66)... Novo grã-tabanqueiro nº 701

1. Mensagem enviada ontem ao José Matos, na sequência do poste  P15077 (*) 

José:  Convite aceite? Posso por o seu nome na coluna do lado esquerdo do blogue, na lista alfabética, de A a Z,  dos "amigos e camaradas" da Guiné?

Vamos naturalmente publicar, mais à frente, o outro artigo, que escreveu em coautoria com o nosso conhecido Matt [Matthew] Hurley, A arma que mudou a guerra", e que também saiu na Revista NMilitar, nº 2553,outubro de 2014, pp. 893-907 (2014).

Sou contemporâneo da Op Mar Verde, em 22/11/1970... Vi os comandos africanos chegarem ao Xime e a Bambadinca, depois do regresso de Conacri... Começámos a dar conta do risco sério de escalada da guerra (Strela, MiG, blindados...). Regressei em março de 1971... Mas 4 dias depois da invasão de Conacri apanhei uma brutal emboscada, com cubanos a enquadrarem a guerrilha... Tivemos 6 mortos e 9 feridos graves, na Op Abencerragem Candente... Isto, em pleno coração da Guiné...

Boa noite para si.. (ou para ti, que na Tabanca Grande, tratamo-nos todos por tu, os camaradas... e os filhos dos camaradas)...

Abração.
Luís


2. Resposta pronta do José Matos, que passa a ser o grã-tabanqueiro nº 701:

Ok,  Luís.

Sim, podes meter o meu nome na coluna da esquerda... não há problema... Tenho feito muita investigação à volta da Guiné e mais novidades vão surgir na RM  [Revista Militar]. no futuro...
Já tenho um outro artigo alinhado sobre o início da guerra na Guiné, que vai sair no futuro e estou agora a trabalhar numa coisa sobre o fim da guerra muito interessante, com o seguinte título: "O fim da guerra na Guiné: dúvidas e factos."

Portanto, à medida que for publicando tenho todo o gosto que o blogue divulge...

Não estou a pensar escrever nada sobre a [Operação]  Mar Verde, porque o [Luís] Marinho já escreveu muita coisa naquele livro de 2005 sobre o tema, portanto é um assunto já explorado... e o meu objectivo é trazer coisas novas à luz dia e não falar de coisas que outros já falaram...

Mas vamos falando... Olha, só uma pequena correcção o meu pai morreu em 1987 e não em 98, morreu novo tinha 45 anos, deu-lhe um AVC que foi fatal... Ele tem dois álbuns de fotos engraçadas da Guiné, e eu arranjei material sobre o Batalhão dele, mas é um tema muito específico, não está nos meus planos publicar nada... agora poderei partilhar algumas fotos, quando calhar...

Abração
José Matos



3.  Sobre o José [Augusto] Matos:

(i)é filho de um camarada nosso, José Matos,  ex-fur mil,  CCAV 677, Fulacunda, S. João e Tite, 1964/66), já falecido em 1987, aos 45 anos;

(ii) vive na região de Aveiro;:

(iii) e investigador independente em história militar, tem feito investigação sobre as operações da Força Aérea na Guerra Colonial, principalmente na Guiné;

(iv) é colaborador da revista Mais Alto, da Força Aérea Portuguesa, e tem publicado também o seu trabalho em revistas europeias, em França, Inglaterra e Itália.

Da CCAV 677, camarada do pai do José Matos, temos, na Tabanca Grande, o António Correia Rodrigues, também fur mil

A CCAV 677, mobilizada pelo RC 7 (Lisboa),  embarcou  em 8/5/1964, chegou a Bissau em 13/5/1964 e regressou à metrópole em 26/4/1966. Foi colocada em Tite com a função de intervenção e reserva do BCAÇ 599 em 14/5/1964, com um pelotão destacado em Fulacunda.

Realizou operações nas regiões de Jufá, Bária, Budugo, Gamol, Jabadá e Brandão, e destacou pelotões para reforço das guarnições de Jabadá e Enxudé. Assumiu, em 24/4/1965, a responsabilidade do subsetor de S. João. Voltou a Tite em 6/4/1966, seguindo para Bissau para efetuar o regresso. Há um livro escrito, com histórias da companhia, da autoria do então capitão António Luís Monteiro da Graça.

O Cap Cav Pato Anselmo foi outro dos comandantes da companhia, segundo informação do nosso camarada Santos Oliveira, contemporâneo do José Matos (pai).
____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15077: FAP (84): a ameaça dos MiG na guerra da Guiné (José Matos, Revista Militar, nº 2559, abril de 2015) - Parte I

sábado, 19 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4977: Convívios (165): Almoço/Convívio: BCAÇ 237/599, PEL MORT 912 e PEL AM DAIMLER 807 - Como/Cufar/Tite 1964/66 - (Santos Oliveira)

1. Mensagem do nosso camarada Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf/RANGER, esteve no Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66:



CONVÍVIO

BCAÇ 237/599,
PEL MORT 912
e
PEL AM DAIMLER 807

Camaradas,

Como havia sido programado, realizou-se ontem, 5 de Setembro o GOLPE DE MÃO ao Restaurante FLOR DO PARAÍSO, em Arcozelo - V.N. de Gaia.

O empenho e valentia dos Veteranos, que pertenceram aos Batalhões 237/599, Pel.de Morteiros 912, CCav 677 e outros, é documentado por imagens da Divisão de Fotografia e Cinema, da Unidade.


No final da Operação, ficou apurado que os objectivos foram integralmente cumpridos, tendo as Tropas regressado, em Paz, aos acantonamentos habituais.



Assinado
Pel'O Comandante









Foto da esquerda: O Santos Oliveira , a solicitação do Cor Gama, a fazer as descrições da Guerra na Ilha do Como. A atenção é manifesta no Furr Mil Machado(PelRecInf) e Cor Gama, Foto da direita: 1º Cabo Catarino(CCS), SrgtºMilº Santos Oliveira(PM912) e Cor Gama(2ºCMDT)










Foto da esquerda: Furr.Milº Rodrigues(CCav677),Alf.Milº Rodrigues (PM912) e Alf.MilºAlmeida (PRecInfª), Foto da direita: Furr's Mil.Machado(PRecInf), Franklin(CCav677) e Furr Liberato(CCS)













Foto da esquerda: Foto da Família, Foto da direita: Filho de Camarada atento aos ditos entre o Cor Gama e o Srgt Santos Oliveira












Aspecto de duas das mesas da confraternização












Foto da esquerda: O Coronel Dias da Gama (2º Comandante do BC599) no uso da Palavra

Fotos: © Santos Oliveira (2009). Direitos reservados.
Santos Oliveira
2º Sarg Mil AP Inf/RANGER do Pel Mort 912,
__________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

17 de Setembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P4972: Convívios (162): Ex-combatentes da Guiné do Concelho de Godomar, no dia 5 de Outubro

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Guiné 63/74 - P4886: Em busca de... (86): Informação sobre Américo dos Santos Alves, Sold At NIM 2161/63, da CART 565 e BCAÇ 599 (Fernando Chapouto)


1. O nosso Camarada Fernando Chapouto, que foi Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 1426 (1965/67), Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda, enviou-nos o seguinte apelo em 29 de Agosto de 2009:

Camaradas,

Lanço-vos o seguinte apelo, solicitando qualquer informação sobre a morte de um militar nosso.


O seu nome era Américo dos Santos Alves Onde, era Soldado Atirador NIM 2161/63 e pertencia à CART 565 e BCAÇ 599.


Vivia em Ferrugende, freguesia de Friões no concelho de Valpaços.


Eu sou da mesma freguesia e como era da mesma idade do falecido, fomos no mesmo dia à inspecção.


Sei que ele morreu em 27/08/64, segundo consta em combate, e foi sepultado no cemitério de Bissau na campa nº 1058.


Nestas férias estive na aldeia com uns sobrinhos, que sabem que eu também estive na Guiné, e me perguntaram se eu sabia a causa da sua morte. Eu disse que não, pois ainda não tinha ido sequer para a Guiné, quando ele morreu.


Fiquei de lhes dar notícias, caso consiga alguma através deste nosso blogue.


Espero que alguém se recorde do sucedido e me informe para o e-mail: fchapouto@gmail.com

Desde já muito agradecido por qualquer esclarecimento prestado.


Um abraço,
Fernando Chapouto
Fur Mil da CCAÇ 1426
_________
Nota de MR:

Vd. último poste desta série em:


domingo, 26 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4741: Convívios (155): Pessoal dos BCAÇ 237/599, PEL MORT 912 e PEL AM DAIMLER 807 - Como/Cufar/Tite 1964/66 - (Santos Oliveira)


1. Mensagem do nosso camarada Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, esteve no Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66:


CONVÍVIO

BCAÇ 237/599, PEL MORT 912 e PEL AM DAIMLER 807

ORDEM DE OPERAÇÕES - 05SET09

Por ordem do Comando de Sector de TITE, são convocados todos os Veteranos, que pertenceram a estes Batalhões e Pelotões Independentes, para um GOLPE DE MÃO a levar a cabo no Restaurante FLOR DO PARAÍSO (Estrada Nacional 109 5087-Tel.227 531), em Arcozelo - V.N. de Gaia.

A hora de início da Acção, será conforme a seguinte ORDEM DE OPERAÇÕES.

Concentração das Forças junto á Santa Maria Adelaide, Arcozelo, Vila Nova de Gaia.

NOME DE CÓDIGO:

CONVÍVIO/2009

EQUIPAMENTO:

- Cantil (atestado de boa disposição);
- Armas (braços para apertar os velhos Camaradas);
- Mão firme (para segurar o Talher);
- Histórias para serem contadas ou recontadas.

INÍCIO DA ACÇÃO:

- 11h00 – Concentração na Santa Maria Adelaide;
- 12h30 – Saída com destino ao OBJECTIVO;
- 13h00 – Início do GOLPE DE MÃO;
- hh/mm – Final da ACÇÃO até ao ano de 2010.

CUSTO DA OPERAÇÃO:

- 25€/Militar ou Acompanhante Adulto e 15 € / Criança.

INSCRIÇÕES:

- até ao dia 25 de Agosto de 2009.

CONTACTOS:

- Manuel Paiva (Pedreiras) - tel.: 220808693 / tlm.: 938526228
- José Oliveira (Sinqueiral) - Tel.227823806 / Tlm.: 918180724
- Santos Oliveira – Tel.: 227112117, ou, santosoliveira912@gmail.com
____________
Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:


quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3531: Controvérsias (14): PAIGC/FLING, Tite/São Domingos...(Carlos Silva)

Quando começou a Luta de Libertação?



Início da Guerra Colonial – Guerra do Ultramar [Guiné]
Início da Luta Armada – Início da Luta pela Libertação da Pátria [Guiné]
Início da Luta Armada pela Independência dos Territórios Ultramarinos da Guiné e Cabo Verde


As expressões referidas em epígrafe em minha modesta opinião e salvo o devido respeito, que é muito, por opiniões contrárias, consubstanciam ou podem traduzir vários sentidos ou interpretações, que neste momento, me dispenso de desenvolver.

Não sou Historiador e nem tenho formação académica na área de História e desconheço quais os factos relevantes que os Historiadores lançam ou irão lançar mão, neste caso concreto para qualificar o início da luta armada do povo da Guiné e Cabo Verde que conduziu à Independência destes dois territórios.

Da vasta bibliografia que possuo e li sobre a Guiné, Guerra da Guiné, Guerra Colonial, cerca de 200 livros, jornais, revistas e filmes que tenho visto na TV e em DVDs, sempre ouvi, li e vi referências que o início da luta armada pelo PAIGC que conduziu à independência daqueles dois territórios, iniciou-se com o ataque ao Aquartelamento de TITE, em 23 de Janeiro de 1963, levado a efeito pelos guerrilheiros nacionalistas, data invocada em todos os meios de comunicação referidos, sendo que, alguns fazem breves referências a tais acontecimentos, não desenvolvendo algo sobre os factos que ali se passaram, a não ser a data em que efectivamente teve lugar o início da luta armada levada a efeito pelo PAIGC.

Ataque ao Aquartelamento de Tite – 23-01-1963

Algumas Referências Bibliográficas

Sobre o começo das hostilidades ou início da luta armada pelo PAIGC em 23-01-1963 com o ataque ao Aquartelamento de Tite, situado no Centro-Sul da Guiné, por estranho que pareça, não encontramos qualquer narração escrita de forma desenvolvida sobre os factos que se passaram, quer do lado português, quer do lado do movimento nacionalista.

Da bibliografia aqui indicada, apenas se encontram breves referências alusivas a tão importante facto histórico no seguinte sentido:

1 - "... Em Janeiro de 1963, foi a sede do Batalhão atacada com armas automáticas e de repetição e granadas de mão. Deste ataque resultou 1 morto e 1 ferido das NT e 8 mortos confirmados e vários feridos graves IN. Depois deste ataque foram intensificados os patrulhamentos de que resultou a morte de Papa Leite, elemento IN que actuava na área e que facultou a recolha de valiosíssimos elementos da Ordem de Batalha IN..."

In, Carta de 7-07-1981 do Ten Cor Manuel José Morgado, enviada ao Director do Arquivo Histórico Militar, em resposta ao assunto " História das Unidades".

Resumo da Actividade do BCaç nº 237/BCaç nº 599 - Maio de 1963 a Maio de 1965 [Caixa nº 123 - 2ª Div/4ª Sec., do AHM]

2 - A propósito da detenção de alguns dirigentes do PAIGC em Conakry, por alegado contrabando de armas, diz Luís Cabral:

“... O Aristides respondeu em poucas palavras, justificando o nosso acto pelo interesse da luta comum e pedindo-lhe [ao Ministro da Defesa da República da Guiné-Conakry, Keita Fode] que transmitisse o nosso reconhecimento ao presidente pela sua fraterna compreensão. Quanto ao regresso do Amílcar, falando com toda a franqueza, não acreditávamos que ela pudesse ter lugar antes da nossa libertação, mesmo com a mensagem.

"Era lógico que ele fosse aconselhado a reflectir muito sobre a questão pois, se havia razões para estarmos ainda detidos, essas razões seriam certamente mais válidas em relação a ele, como primeiro dirigente do Partido.

"Entretanto, nas diferentes zonas do interior do país, ao tomarem conhecimento da nossa detenção, os combatentes decidiram juntar o pouco material de que dispunham e agir prontamente contra as posições colonialistas, onde isso fosse possível.
A 23 de Janeiro era realizado o primeiro ataque das forças nacionalistas do PAIGC, contra o quartel de Tite, sede administrativa da circunscrição de Fulacunda...”


In, Cabral, Luís – Crónica da Libertação, O jornal, 1ª edição 1984, pág. 144

3 – “…Malogradas as tentativas pacificas, só restaria a luta armada e, após uma declaração de Amilcar Cabral à Imprensa, em Dacar, de 26 de Agosto de 1962, verificou-se o ataque de guerrilheiros ao quartel de Tite, a 23 de Janeiro de 1963…
No caso do Senegal, conquanto inicialmente o seu apoio se evidenciasse mais favorável à FLING, Léopold Sédar Senghor viria a transferi-lo para o PAIGC…”

In, Sambu, Queba, TenCoronel – Dos Fuzilamentos ao caso das Bombas da Embaixada da Guiné, Edições Referendo, 1989, pág 18

4 - "... 23 Janeiro de 1963 - O PAIGC assalta o quartel de Tite e inicia a guerra na Guiné.

"Cabral tentou ainda fazer-se ouvir, com apelos ao diálogo, mas é pelo efeito das armas que a minúscula Guiné se torna a segunda frente de contra-ataque português...."


In Antunes, José Freire, A Guerra de África 1961-1974, volume 1, Temas & Debates, Outubro de 1996, pág. 34.

5 - António E. Duarte Silva, citando Amílcar Cabral "O Desenvolvimento..." Cit. Obras...Vol. II, pág.37, sobre este facto salienta:

"...b) O início da luta armada

"A luta armada de libertação nacional começou efectivamente em 23 de Janeiro de 1963 com o ataque, por uma centena de guerrilheiros ao quartel de Tite, na margem sul do Rio Geba, onde estava instalado o comando de um batalhão português:

"(...) vindos das florestas, das zonas pantanosas e das tabancas distantes surgiam então os combatentes do nosso partido. Não vinham mais com as mãos vazias. Vinham armados com material eficiente, com uma coragem e uma disciplina a toda a prova, assim como do conhecimento das condições concretas e dos objectivos da nossa luta e, como sempre, com o apoio incondicional do nosso povo. (...)

"Em Julho de 1963 a guerra atingiu as florestas de Oio, a norte do Geba, de modo que, ao chegar-se ao final de Agosto de 1963, a situação na enorme região que abrange Bissorã, Binar, Encheia, Mansoa, Mansabã e Olassato, não era muito diferente da existente em grande parte do sul da Província: populações fugidas, tabancas abandonadas ou destruídas, estradas obstruídas, a vida administrativa e actividade comercial profundamente afectada"...


In Silva, António E. Duarte, A Independência da Guiné-Bissau e a Descolonização Portuguesa, Edições Afrontamento, Março de 1997, pág. 47

6 - "... Na Guiné, as acções de guerrilha foram iniciadas pelo PAIGC em Janeiro de 1963, com um ataque ao quartel de Tite, a Sul de Bissau, junto ao rio Corubal [1], embora outras pequenas acções tivessem ocorrido antes. As operações estenderam-se rapidamente a quase todo o território, em contínuo crescendo de intensidade, que exigiu o empenhamento de efectivos portugueses cada vez mais numerosos..."

In Afonso, Aniceto, Gomes, Carlos Matos, Guerra Colonial - Angola, Guiné, Moçambique - Ed. Diário de Notícias, em fascículos.

[1] - Lapso dos Autores, porquanto, Tite situa-se a poucos quilómetros da margem esquerda do rio Geba. Enquanto o rio Corubal é um afluente da margem esquerda do rio Geba e desagua próximo das povoações de Ganjaurá, Ganturé e Ponta do Inglês, situadas a Norte de Fulacunda.


7 - "... O Partido procurou, deste modo, responder às reivindicações destes estratos, que pretendiam ascender a um patamar superior na hierarquia social. A mobilização dos camponeses iniciou-se após os acontecimentos do Pidjiguiti, altura em que foi decidida a preparação para a luta armada.

"O primeiro ataque armado eclodiu a 23 de Janeiro de 1963, contra as instalações de um aquartelamento das Forças Armadas Portuguesas, em Tite..."


In Pinto, Jorge, Paulo, Manuel, Duarte, Paula - Guiné Nô Pintcha! - Para uma análise Socio-económica da Guiné-Bissau, Edições Universitárias Lusófonas, Outubro de 1999, pág. 33

8 - "... Em 23 de Janeiro de 1963, o PAIGC desencadeia a luta armada na Guiné-Bissau. Três dias depois, o governo de Salazar fixa os vencimentos dos elementos das Forças Armadas em serviço nas Províncias Ultramarinas.....

"23 de Janeiro de 1963 - Início da luta armada, com ataque ao Quartel de Tite, no Sul da Guiné-Bissau. Chegam a Conakry os primeiros recrutas a fim de receberem treino militar..."


In Cabral, Amílcar - Sou um simples africano, Fundação Mário Soares, 2000, págs. 32 e 83.

9 - “ ... A Guiné apresentava características diferentes. De acordo com o censo de 1960, a sua população era de aproximadamente 500.000 habitantes, cerca de dez vezes menos do que a de Angola, estando concentrada no delta costeiro ocidental e dividida em vinte e oito grupos etnolinguísticos distintos. O PAIGC [Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde], fundado em Lisboa em 1956, arrancou para a luta armada em 23 de Janeiro de 1963 com um ataque ao Quartel de Tite.

"O seu líder era Amílcar Cabral, engenheiro agrónomo licenciado em Lisboa e aí convertido à doutrina marxista-leninista.

"As condições topográficas da província e o apoio de Conakry aos terroristas do PAIGC fizeram da guerrilha da Guiné a mais dura de todas as que se travaram nas frentes do Ultramar. Afectado por convulsões internas [como as que originaram o assassínio de Cabral em 1973], sem nunca ter conseguido resolver o problema da rivalidade existente entre guinéus e cabo-verdianos, o PAIGC, em 1974 e ao invés do que proclama a versão oficial estava disposto a entender-se com os portugueses e a abandonar o mato...”


In, Santos, Bruno Oliveira – Histórias Secretas da PIDE/DGS, Nova Arrancada, 2ª edi. 2000, pág. 93

10 - "... O primeiro ataque armado eclodiu a 23 de Janeiro de 1963, contra as instalações de um aquartelamento das Forças Armadas Portuguesa, em Tite..."

In Atlas da Lusofonia, 1º Vol. – Guiné-Bissau, Ed. Instituto Português da Conjuntura Estratégica e do Instituto Geográfico do Exército, Maio 2001, pág. 25

11 – "... Instalados nos territórios estrangeiros limítrofes, os atacantes preparados e armados por potências interessadas em expulsar os portugueses de África, à sombra da bandeira da independência, sob o lema da 'África para os africanos', passaram a realizar acções violentas com a continuidade, na Guiné, desde 23Set63, [ataque ao aquartelamento de Tite] {aqui, a data está errada e para a qual já alertei a Comissão…} e na sequência de alguns ataques esporádicos, o primeiro dos quais levado a efeito na noite de 20 para 21 de Julho de 1961, em S. Domingos por iniciativa do Movimento para a Libertação da Guiné [MLG], antecessor do PAIGC na luta pela independência do Território… “

………
"....Bat Caç nº 237 - Síntese da Actividade Operacional

Após o início das primeiras acções contra as NT, com o ataque ao aquartelamento de Tite, em 23 Janeiro de 1963, comandou e coordenou a actividade operacional das suas forças numa série de acções ofensivas nas áreas do Quitifane, Cantanhez, Quinara e Jabadá - Gã Chiquinho."


In Estado-Maior do Exército - Comissão para o Estudo das Campanhas de África - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África [1961-1974] - 7º Volume - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné, 1ª edição, Lisboa 2002 - p. 6 e 40

Posto isto, relativamente aos Postes nº 3294, 3298 e 3308 relativos ao ataque a Tite em 23-01-1963; Postes 3459 e 3492, CCaç 84 em Defesa de Guidage, Bigene, 1961; Poste 3503, Comentário de Santos Oliveira, e Post 3514, posição do nosso Camarada Mário Dias, publicados no Blogue, em que ressaltam os entendimentos destes Camaradas sobre o [início da guerra na Guiné??..] parece-me de salientar principalmente o seguinte:

Carlos Silva

1 – Parece que é aceite pela opinião pública em geral [portugueses, guineenses e cabo-verdianos] que o início das hostilidades pelo PAIGC que conduziram à independência dos dois territórios, tiveram lugar com o ataque ao Aquartelamento de Tite em 23 de Janeiro de 1963, para findarem apenas após atingido o seu objectivo principal, a independência alcançada após o 25 de Abril de 1974.

S. Domingos

2 – O nosso camarada Mário Dias no Poste 3514 diz que "...é falso. O PAIGC pretende os louros de ter iniciado o que se passou a designar por luta de libertação. Mas não foi assim. Em Julho de 1961, a FLING (Frente de Libertação e Independência da Guiné, liderada por François Mendy e sediada no Senegal) atacou com armas de fogo o quartel de S.Domingos onde se encontrava instalada parte (julgo que apenas um pelotão) da Companhia de Caçadores 5, destacada na Guiné…

(...) "Foi um ataque deliberado a um quartel e a uma unidade militar feito por um movimento que também lutava pela independência mas cuja existência o PAIGC procura ignorar e até negar….

(...) "Falei com alguns dos militares pertencentes a essa unidade destacada em S.Domingos e um furriel…

(...) "Quanto à posterior ocorrência de incidentes em Guidaje, conforme já relatei, não me recordo deles e, por isso, nada posso acrescentar…]"


Carlos Silva

O Mário tem a sua razão, depende da perspectiva de interpretação que cada um de nós dê à referida expressão.

Pois se a mesma significar um sentido global, então a Luta de Libertação não começou em 1961, mas, com certeza, começou após a ocupação do território ou a partir de outras campanhas, como por exemplo foi o caso no tempo de Teixeira Pinto, creio que em 1912 ou 1913 contra os revoltosos do Oio.

Carlos Silva


3 - Contudo, é de salientar o que é referido pela Comissão de História das Campanhas de África 1961-1974 “…e na sequência de alguns ataques esporádicos, o primeiro dos quais levado a efeito na noite de 20 para 21 de Julho de 1961, em S. Domingos por iniciativa do Movimento para a Libertação da Guiné [MLG], antecessor do PAIGC na luta pela independência do Território… “

vd ponto 11 das Referências Bibliográficas.

Daqui resultam informações contraditórias.

A Comissão, refere que o ataque que se verificou em S. Domingos é da iniciativa do MLG, antecessor do PAIGC…, embora eu, de momento, não me recorde de ter lido algo sobre este MLG e que o mesmo tivesse reivindicado tal ataque - o que tenho lido é sobre o MING -Movimento para a Independência da Guiné, fundado por Amilcar Cabral e Rafael Barbosa, e não li em parte alguma a reivindicação por este Movimento relativamente ao citado ataque.

O Mário refere-se à FLING - Frente de Libertação e Independência da Guiné, liderada por François Mendy e sediada no Senegal, como sendo quem efectuou o ataque.

Efectivamente eu não sei quem efectuou o ataque e desconheço, de momento, para além destas duas, outra qualquer referência a tal facto, ficando agora na dúvida. - Quanto às datas do ataque parecem ser coincidentes no que se refere ao mês e ano.

Bigene e Guidaje

4 – […Quanto à posterior ocorrência de incidentes em Guidaje, conforme já relatei, não me recordo deles e, por isso, nada posso acrescentar…], isto dito pelo Mário.

Carlos Silva

Eu também nunca ouvi falar sobre estes incidentes naquela localidade, assim como em Bigene, segundo vem referido no Poste 3459 do Alberto Nascimento [que não presenciou os factos] que diz:

“…Agora era só meter no saco o estritamente necessário para uso pessoal e desandar para Farim porque tinha havido um ataque em Bigene….

"…e toca a correr para Bigene, onde passámos a noite à espera “que o assassino voltasse ao local do crime”, mas como não voltou, de manhã cedo voltámos a Farim…

"…Estávamos a começar a entrar na rotina militar, quando se deu um ataque a Guidaje e lá fomos nós ver os prejuízos…

"É óbvio que nos limitámos a verificar as marcas deixadas pelos tiros que dispararam, a olhar para o armazém de mancarra parcialmente queimado e a conversar com alguns habitantes, após o que o comando da coluna decidiu, ao fim da tarde, regressar a Farim" (...).


Carlos Silva

Enfim, não há notícias de mortos, feridos, se eram muitos ou poucos os guerrilheiros, quais os estragos causados, porque não avançou para lá o mencionado Esq ou Pel de Cavalaria estacionado em Farim, não há registos militares elaborados por essa Unidade, etc, etc…

Poste 3492

“… a ida para Farim e o recebimento da G3 são um dado que está absolutamente correcto, seja qual fôr a data convencionada para o início da história da guerra na Guiné"…

Carlos Silva

Provavelmente serão estes ataques a que a dita Comissão se refere quando menciona “…e na sequência de alguns ataques esporádicos"!...

5 - Do atrás exposto verificámos:

A ausência de outras referências e outros testemunhos, pelo menos, ao nível do Blogue, embora daquilo que li e vi, como já disse, não registei qualquer alusão a estes factos.

Um lapso de tempo de ano e meio que vai de Julho de 1961 a Janeiro de 1963, sem se ouvir contar que houvesse continuidade de escaramuças.

6 – Prosseguindo, continuação do Poste 3459

“ 3. Comentário de L.G.:

"…Em terceiro lugar, os acontecimentos que tu nos relatas, obrigam-nos a rever a história da guerra da Guiné. Afinal, a guerra não começou em Tite, em 23 de Janeiro de 1963. Essa é a lenda que nos contam os camaradas do PAIGC, e que os historiógrafos (guineenses, portugueses e outros) tendem a reproduzir... tal como nós, aqui no blogue.

"Pelo que tu nos contas, já usavas G3 em meados de 1961, em substituição da velhinha Mauser. E devias também usar capacete de aço! Imagino o suplício, com aquela torreira toda... Esta é, de facto, uma história da velhice mais velha! Portanto, em meados de 1961, os camaradas - possivelmente gente da FLING, e não do PAIGC - já andavam aos tiros aos nossos comerciantes e aos seus armazéns de mancarra, lá na região do Cacheu , na fronteira com o Senegal, em Bigene e em Guidaje….”


Carlos Silva

7 – Donde, embora respeite a opinião do nosso Camarada Luís Graça, não comungo da mesma, com o fundamento no relato de apenas dois camaradas, quando afirma “... obrigam-nos a rever a história da guerra da Guiné. Afinal, a guerra não começou em Tite, em 23 de Janeiro de 1963. Essa é a lenda que nos contam os camaradas do PAIGC, e que os historiógrafos (guineenses, portugueses e outros) tendem a reproduzir... tal como nós, aqui no blogue... ”

8 – Porquanto, nesse sentido, tal como atrás referi, se considerarmos esses ataques esporádicos de Julho de 1961, como refere a Comissão e sem qualquer continuação, então poderemos considerar que o início da luta da libertação ou a guerra da Guiné, como lhe queiram chamar, remonta à época da sua ocupação... ou às campanhas de Teixeira Pinto, etc., etc.

9 - Tenho para mim, como facto assente, público e notório que o início da luta armada levada a efeito pelo PAIGC e que conduziu à independência dos dois territórios aqui mencionados, iniciou-se com o ataque ao Aquartelamento de Tite, em 23 de Janeiro de 1963, efectuado por guerrilheiros nacionalistas pertencentes àquele Partido, sem qualquer interrupção até atingirem o seu objectivo, a independência, que veio a concretizar-se após o 25 de Abril de 1974.

10 – Seria bom que outros Camaradas, presentes na Guiné em 1961 e posteriormente, conhecedores de elementos comprovativos destes factos relevantes para a História Contemporânea dos nossos Países, dessem a conhecer por qualquer meio sobre o que sabem ou presenciaram.

Aqui deixo o repto

Carlos Silva

Ex-Fur Mil CCaç 2548/Bat Caç 2879
Massamá, 26 de Novembro de 2008

________

Notas de vb:

1. O nosso muito obrigado por este contributo do Carlos Silva, nosso ilustre camarada e jurista e que mantém um blogue com muita informação pouco conhecida.

2. Em referência ao artigo publicado em

25 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3514: Controvérsias (12): A G3, a FLING, o PAIGC, o Pdjiguiti, São Domingos, Tite e outras lendas (Mário Dias)