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segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24807: Notas de leitura (1629): "Memórias de um Combatente na Guiné de 69/71", por Diogo Aloendro; 5livros.pt, 2021 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Março de 2022:

Queridos amigos,
Um relato memorial de quem passou a sua comissão militar na região de Nova Lamego, conta os antecedentes, como se formou antes de ir para a guerra, desvela como aqueles pontos da região Leste passaram da acalmia à turbulência. É uma narrativa serena, não há para ali prosápias nem arroubos heroicos, o que o António Henriques de Matos desejava era preparar os seus soldados para terem a quarta classe, foi um sucesso completo. Manifesta um pleno orgulho em ter concluído em regime noturno o curso liceal e a licenciatura em economia, depois da vinda da Guiné, trabalhou num banco prestigiado mais de 40 anos, chegara a hora de pôr por escrito a sua vida militar e as suas recordações do Gabu.

Um abraço do
Mário



Memórias de um combatente na Guiné (1969-71), por Diogo Aloendro

Mário Beja Santos

Diogo Aloendro é pseudónimo de António Henriques de Matos, fez parte do BCAÇ 2893, pertenceu à CCAÇ  2618, e escreveu agora as suas memórias, 5livros.pt, 2021. Dá-nos conta da sua vida de furriel atirador desde a recruta nas Caldas da Rainha, a especialidade em Tavira, a passagem pela Amadora, a ida para Chaves formar batalhão, e depois toda a sua comissão na região de Nova Lamego. Deixa-nos belos parágrafos de profundo afeto por quem o tratou bem em Lisboa, para onde emigrou aos quinze anos, não esqueceu as vicissitudes da sua formação militar, as novas formas de camaradagem, largados na Serra do Caldeirão com alguns instrumentos de orientação e rações de combate, chuvas inclementes, e guardou memória de um episódio de terem andado por sítios inóspitos, ali estava todo encharcado e apareceu alguém a convidá-lo a entrar para secar a roupa e descansar um pouco, uma senhora convidou-o a ir ao quarto do filho e vestir um pijama. Observou que o quarto estava impecavelmente arrumado e com a cama feita, tinha numa das paredes uma moldura de um soldado, vestiu o pijama, entregou à dona de casa a farda encharcada, comeu um caldo à mesa com o casal. O filho tinha falecido havia dois anos, morto em combate na Guiné.

São parágrafos tocantes:
“O quarto mantinha-se tal qual ele o deixou na última noite que ele lá dormiu. Não estávamos preparados para tamanha desgraça. Levaram-nos o nosso filhinho que era tudo o que tínhamos Como poderemos suportar esta dor, sabe explicar-nos?
– Ninguém sabe explicar – desabafava a mulher – numa voz sofrida. Ninguém sabe, acrescentava, como que a pensar alto. Soletrava estas frases com os olhos tristes já sem lágrimas para verter, enquanto o seu homem a aconchegava no ombro pedindo-lhe, carinhosamente, força e ânimo para o ajudar também a ele, a suportar o desgosto.”


Ele não podia aceitar dormir na cama do filho, acabou por ir descansar num barracão onde havia palha no chão. E na manhã seguinte juntou-se aos seus camaradas para continuar a subir e descer na Serra do Caldeirão. Concluída a especialidade, foi enviado para Beja, depois para o Regimento da Infantaria 1, na Amadora, mobilizado para a Guiné foi formar batalhão em Chaves. Continuava a estudar, queria concluir o sétimo ano.

Em novembro de 1969 chega à Guiné. Descreve Nova Lamego, é ali que está a sede do batalhão:
“Era uma pequena cidade implantada ao longo de uma rua principal, que se confundia com uma estrada, à imagem do que aconteceu na formação das nossas aldeias e vilas. Aqui se encontravam algumas casas de betão, a sede da Administração, composta pelo Comando Administrativo. Para além deste edifício, havia uma casa comercial, um cineteatro e o quartel militar, um edifício colonial de dois pisos, que servia de instalação ao Comando do batalhão. Contíguo a este edifício na parte de trás, existia uma vasta área onde se localizavam as casernas e alguns espaços, como sendo um campo para jogar futebol de salão. Nestas casernas se instalaram duas companhias. Vivia-se então um estado de acalmia.
Não fossem as preocupantes notícias, trazidas pela tropa que aportava a Nova Lamego, onde se vinham abastecer, ou de passagem para os respetivos aquartelamentos, nada se passava naquele paraíso”.

Lê, escreve e estuda. Tendo ficado órfão de pai aos oito anos de idade, dedica-lhe uma elegia, uma conversa em voz alta no fulgor das recordações de quando era petiz, gostaria muito de um dia ir à Angola visitar-lhe a campa.

Cabe-lhe fazer patrulhamentos à volta de Nova Lamego, há um pelotão que está destacado em Canssissé, este a cerca de 40 km da sede do batalhão. Fazem-se patrulhamentos diários, o objetivo era impedir as movimentações dos guerrilheiros, recorda que Madina do Boé fora abandonada em fevereiro de 1969, ficara uma grande área a descoberto para infiltrações. Surgem situações inesperadas, por vezes caricatas, barulhos dentro da mata, pensa-se inicialmente que vai haver confronto com grupo guerrilheiro, afinal é um grupo de javalis que passa a tropel. Descreve minuciosamente esses patrulhamentos, perto e longe de Nova Lamego, os contactos com o inimigo são esporádicos. O comandante do pelotão entra em depressão, foi hospitalizado depois de uma emboscada, é ele que assume interinamente as funções de comandante.

Decide dar aulas aos soldados que ainda não possuem a quarta classe, constituíam a maioria, é por essa altura que o pelotão do Matos é destacado para Cansissé, descreve a povoação e o sistema defensivo, as casernas dos soldados eram feitas de lona, a situação era um pouco melhor para furriéis e alferes. Não perde oportunidade de descrever as alegrias no recebimento do correio. E dá a compreensível importância às aulas para se chegar ao exame da quarta classe. “Achei mais apropriado ter apenas uma sessão diária de duas horas em simultâneo para ambos os alunos, logo após o pequeno-almoço, o rancho da manhã. Tinha inscrito catorze alunos para a quarta classe e dois cabos e um soldado propunham estudar para fazerem o primeiro ciclo, ou seja, o primeiro e o segundo ano, a fazer num só ano. Do nosso pelotão de trinta soldados, vinte e sete e três cabos, pelo menos, catorze, não tinham a quarta classe”. E dá-nos conta de como implantou o método mais adequado e obteve apoio do batalhão para adquirir livros. A vida em Canssissé podia não ser o paraíso, mas não havia flagelações, não se esquece de nos contar as desinteligências e até homicídios entre civis. Fizeram-se obras, apareceu o heliporto. E de Canssissé regressam a Nova Lamego. Continua a estudar e irá fazer exames no Liceu Honório Barreto.

A vida calma naquela região do Leste da Guiné vai conhecendo sobressaltos. Chegou a hora do pelotão do Matos provar uma mina anticarro, felizmente sem danos mortais. As coisas parecem complicadas em Pirada e Buruntuma. Foi o que aconteceu quando o pelotão do Matos foi até Cabuca, tudo parecia estar a correr bem, não picaram no regresso, uma mina anticarro rebentou no rodado da GMC.

Já se passou um pouco mais de um ano da sua comissão, como muitos outros autores ele vai acelerar a prosa, descreve sumariamente a ação psicológica nas tabancas à volta de Nova Lamego, os patrulhamentos, há depois o ataque a Nova Lamego, aparecem os mísseis, e o Matos vai dar instrução a pelotões de milícias em Contuboel, experiência que lhe agradou imenso. Ainda voltou a Cansissé, a comissão está praticamente no fim, já estão no Cumeré a aguardar embarque.

Concluída a viagem, frente ao Cais da Rocha do Conde de Óbidos, sente a diferença do que vivera dois anos antes:
“Não voltaram ao cais os familiares dos camaradas que lá perderam a vida. O desespero, os gritos e desânimo de quantos, há dois anos se vieram despedir, contrastava com a alegria incontida, em cada abraço que se multiplicavam no cais da nossa esperança”.

Igreja de Nova Lamego, Foto Serra, Bissau
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Nota do editor

Último poste da série de 27 DE OUTUBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24799: Notas de leitura (1628): "Dos Sonhos e das Imagens, A Guerra de Libertação na Guiné-Bissau", por Catarina Laranjeiro; Outro Modo Cooperativa Cultural, 2021 (2) (Mário Beja Santos)

sábado, 26 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24589: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (4): Adelaide Barata Carrêlo, filha do ten SGE José Maria Barata, CCS/BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71)... Voltou lá, em 2015, "numa viagem que nunca acabará"...

 

Foto nº 1 > Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Nova Lamego > 1970 >  Inauguração de uma nova escola,  na qual a Adelaide foi  a menina branca a pegar na fita,  segura do outro lado por uma menina guinenese, que se vê perto dela, para o gen António Spínola cortar...  Repare-se na atenção com que a Adelaide escuta o "homem grande de Bissau"... A sua colega, pelo contrário, está de costas voltadas... Uma foto fabulosa! Uma imagem que vale por mil palavras!

Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Bissau > 4 de novembro de 2015 > Cemitério do tempo colonial  >  Talhão da Liga dos Combatentes... Vê-se que o talhão estava então cuidado e que havia flores nalgumas campas.

Foto nº 3  > Guiné-Bissau >Bissau > 3 de novembro de 2015 >  O edifício da UDIB -União Desportiva Internacional de Bissau, na atual av Amílcar Cabral.

Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Buba > 23 de outubro e 2015  > Uma das terras mais bonitas,,, 

(...) Esta viagem podia ser intitulada de "Branco umbelélé", esta era a saudação por quem passávamos ao longo das aldeias, pelas crianças principalmente. À medida que nos afastávamos de Bissau, a paisagem abraçavamo-nos como irmãos que retornam. Os sorrisos das crianças eram mais sonoros e as mãos dos adultos mais demoradas nas nossas. No dia 23 de Outubro conheci uma das terras mais bonitas da Guiné - Buba.(...)

Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Buba > 23 de outubro de 2015  > Uma das terras mais bonitas,,,  Este é o BU [um chimpanzé, ou "dari", em crioulo, que ] vivia em cativeiro numa reserva natural em Buba. 

Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá  > Bafatá > Outubro de 2015 > A viagem continuou de Buba até Bafatá por estradas de terra molhada pelas chuvas que caem sem pejo, escondendo o alcatrão de outrora  Em Bafatá revi o sr. Dinis [João Dinis, 1941-2021], que conheci em Nova Lamego, na altura tinha uma escola de condução que permanece ainda hoje em Bafatá.  Ele lembrava-se muito bem dos meus pais, e de nós os três ainda meninos.

Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > Outubro de 2015 > Ponte Nova > Pôr do sol no rio Geba 

Fiti nº 8  Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > 27 de outubro de 2015 > Vendedeira de mangas

Foto mº 9 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > 27 de outubro de 2015 > Cartaz ao projeto de eletrificação "Bambadinca sta claro"
 



Fotos nº 10 e 11  > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Parque Natural das Lagoas de Cufada  (PNLC) > 24 de outubro de 2015 > Foi assim que começámos o dia 24 de outubro de 2015. Fomos visitar o Parque Natural das Lagoas de Cufada. Contudo, chegámos próximo, a água que caiu na noite anterior não nos permitiu avançar. Os guardas do parque vieram ter connosco e aconselharam-nos a não avançar mais. Ainda tivemos tempo para saborear a paisagem e tirar algumas fotos [vd. acima]. Depois seguimos para Fulacunda. Local inóspito onde a Guiné é mais dela, o tempo parou e as crianças quase não existem. Os mais velhos falam dos portugueses de outros tempos.

Vd. a localização do parque no Google Map. No tempo da guerra colonial, era um dos "santuários" do PAIGC...  Foi criado em 2000... É constituído pelas lagoas de Biorna, Bedasse e a própria Cufada. O PNLC fica situado na parte leste da Região de Quínara,  mais concretamente a leste e sudoeste do sector de Fulacunda e a noroeste do sector de Buba. A sua superfície total é estimada em 89 000 ha (890 km²) (sendo maior portanto que nosso Parque Nacional da Peneda-Gerês, que tem 702,9 km²).






Fotos nº 12 e 13 > Guiné-Bissau > Região de Quínara >  Outubro de 2015 > Travessia do rio Grande de Buba (ou, melhor do "canal do porto"), de São João para Bolama, vindo de  Fulacunda.

(...) Depois de passar por Fulacunda, seguimos a caminho de Bolama. À beira estrada surge-nos uns montes de argila vermelha compacta, que podem atingir os dez metros de altura e pesar toneladas, são erguidos pelas formigas térmitas ou salalé, que na Guiné se denominam por "Bagabaga".

Ao longo da estrada avistam-se braços do rio Geba onde corpos nus se banham dando conta da nossa passagem. Sempre a contornar as poças de água na estrada e em ziguezague chegámos ao fim da estrada, a S.João, onde iríamos atravessar as águas profundas para chegar a Bolama.

Alguns rapazes que se encontravam neste cais improvisado, prontificaram-se para chamar o dono da piroga para nos levar. Atravessámos as águas que se rasgavam no casco da piroga e vimos pequenos peixes saltavam brilhando ao sol.(...)



Foto nº 14 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Piche > 28 de outubro de 2015 > Restos da capela

(...) Depois da estadia de 2 dias em Gabu, prosseguimos para Pitche, muito perto da fronteira de Guiné - Conacry. Tivemos oportunidade de ter uma visita guiada pelo que se mantém "em sentido" do antigo quartel. Vimos a porta de armas, as paredes da capela , a cozinha e o monumento em homenagem aos militares que morreram em combate

(...) Quando regressávamos ao centro, um homem interpelou-nos com uma recordação da tropa de cavalaria [guião do BCAV 2922,] que lá deixou marcas: "Foi um militar que me deu e eu guardo-o até hoje!!!". Foi com orgulho que falou, como que com uma saudade dos tempos que recorda como se tivesse sido ontem. (...)

Foi uma tarde agradável, onde parece que nada se passa, a não ser o abandono e a recordação.(...)
 
 (...) A  viagem à "minha Guiné" nunca acabará, porque não há dia em qua não nos lembramos do que vivemos lá e não há melhor do que relembrar, com tanto carinho, esta gente e esta terra.(...)


Fotos (e legendas): © Adelaide Barata Carrêlo (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


A Adelaide
 com 8 anos
1. Há anos depois que não temos notícia da nossa amiga  Adelaide Barata Carrêlo, filha do tenente SGE José Maria Barata, da CCS/BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71), e que se senta à sombra do poilão da nossa Tabnaca Grande no lugar nº 721 (*). 

A Adelaide tem 34 referências no nosso blogue. Tem página no Facebook e é amiga da nossa página, Tabanca Grande Luís Graça. Como filha de militar, estudou no Instituto de Odivelas (frequentou também  o 3º ano da Faculdade de Direito / Universidade de Lisboa).  Nasceu em Nampula, Moçambique. Vive e trabalha em Lisboa. 

Recorde-se que estava na Guiné, em Nova Lamego, com a família (pai, mãe, irmã gémea e e irmão mais velho)   na altura da segunda parte da comissão de serviço do pai (1970/71) (entretanto falecido, em 1979, com o posto de capitão), quando o quartel e a vila  em 15/11/1970  foram violentamente flageladas por um numeroso grupo IN, estimado em 150 elementos, com armas ligeiras e 4 morteiros 82, tendo disparado cerca de 122 granadas, durante 35 minutos .

As NT tiveram 3 mortos (incluindo o srgt mil enf da CCAÇ 5, Cipriano Mendes Pereira),  4 feridos graves (incluindo 1 milícia), enquanto a população teve 8 mortos (incluindo a esposa do nosso camarada Cipriano), 50 feridos graves e 30 ligeiros.  As NT reagiram com fogo de morteiro 81 e canhão s/r, manobra de envolvimento e perseguição, apoiadas  pela FAP. A artilharia de Cabuca e Piche bateram com fogo de obus os prováveis itinerários de retirada do IN.

A Adelaide, com apenas sete aninhos, apanhou o maior susto da sua vida. Nem por isso  quis esquecer as melhores imagens dos dias maravilhosos que passou no Gabu. E fez questão de  lã voltar muitos anos depois, mais de quatro décadas depois, em outubrto e novembro de 2015 ... Disse aqui que foi a "viagem da sua vida".

(...) "Tudo começou quando o meu filho nos disse que tinha sido selecionado para trabalhar na TESE em Bafatá. Foi como um relembrar daquilo que nunca vi mas sabia que não poderia ser muito diferente de Nova Lamego há quarenta e quatro anos atrás. Muito estranho este sentimento, não tive medo de o deixar partir. Claro que em condições diferentes de quem partiu para lá durante a Guerra.(...) "

Do álbum fotográfico dessa viagem de saudade (de que publiámos 14 postes) (***) vamos fazer uma seleção de algumas das melhoree fotos, com interese documental, para a série "Por onde andam os nossos fotógrafos"- (****)

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(*) Vd. poste de 11 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16294: Tabanca Grande (490): Adelaide Barata Carrêlo, filha do ten SGE Barata, CCS/BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71)... Com sete anos apenas, sofreu a brutal flagelação do IN ao quartel e vila do Gabu, em 15/11/1970, que causou 3 mortos e 4 feridos graves entre as NT e 8 mortos e 80 feridos (graves e ligeiros) entre a população... Passou a ser a nossa grã-tabanqueira nº 721

(**) Vd. poste de 4 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14322: Ser solidário (179): "Bambadinca Sta Claro", projeto-piloto na Guiné-Bissau, de uma central híbrida fotovoltaica, leva luz a 8 mil habitantes de Bambadinca. Documentário produzido pela ONG TESE e entrevista da Antena 1 a Sara Dourado



Vd. postes anteriores:
(...) Fotobox é um Programa, na RTP 3, sobre fotografia. Aos sábado 11h45. Autor: Luiz Carvalho. Realização: Luiz Carvalho. Tem página no Facebook. O autor e realizador é um fotojornalista conhecido, professor de fotografia e arquitecto.

Luiz Carvalho tem-se mostrado interessado em levar alguns dos fotógrafos do nosso blogue ao seu programa Já lá levou, por exemplo, o nosso veteraníssimo Jorge Ferreira (ex-alf mil da 3ª CCAÇ, Bolama, Nova Lamego, Buruntuma e Bolama, 1961/63)-

Por razões de agenda (de ambas as partes) e de saúde (do nosso editor), ainda não foi possível concretizar o seu desejo de fazer um ou mais programas com os nossos colaboradores que precisam de ser contactados e autorizarem a divulgação das suas imagens (e eventualmente serem entrevistados).

O autor e realizador do Fotobox prefere a fotografia a preto e branco. Na expetativa desse colaboração do nosso blogue com o Luiz Carvalho, vamos dar início a esta série, com o título "Por onde andam os nosso fotógrafos ?", listando alguns dos nossos fotógrafos ou donos de álbuns fotográficos com fotos no nosso blogue.(...)

sábado, 23 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23192: Convívios (923): XII Almoço/Convívio do pessoal do BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71), dia 28 de Maio de 2022 em Venda da Serra-Mouronho-Tábua (Constantino Neves, ex-1.º Cabo Escriturário)

1. Mensagem do nosso camarada Constantino Neves (mais conhecido por "Tino Neves", ex-1.º Cabo Escriturário da CCS/BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71), com data de 22 de Abril com o convite para o próximo Convívio do seu Batalhão a levar a efeito no próximo dia 28 de Maio em Tábua:


CONVITE

Caro Camarada


É com grande entusiasmo que vimos convidar-te para mais um almoço de celebração do nosso regresso no ano em que assinalamos 50 anos, e que constitui o 12.º Convívio e que é um marco histórico após a pandemia que nos vai assolando.

Agendamos o dia 28 de Maio para o nosso almoço convívio e marcamos a Quinta da Hortinha como servidor do citado almoço, como consta do meu anexo, cuja localização é Venda da Serra-Mouronho, com concentração às 12 horas junto à Câmara Municipal de Tábua.

Relembramos a todos a importância de se juntarem neste almoço, após a pandemia e que tanto tem coagido a nossa liberdade de conviver.

Como já é prática usual deste Grupo, as nossas Famílias são também convidadas a estarem presentes, para que em conjunto, possamos passar este dia da melhor forma e celebrarmos o nosso presente através de um passado que faz de nós o que em parte somos hoje, de forma a construir laços fortes para um futuro preenchido de convívio e boa companhia.

É salutar tirar do baú das recordações a nossa vivência dos longínquos anos 1969/1971, o que só se consegue com a presença e envolvimento de cada um de nós. Queremos que permaneça, que se repita e que traga a todos nós mmentos de amizade e conforto, capazes de alimentar a nossa vida, afastar fantasmas que ainda permanecem no nosso subconsciente e isto consegue-se, relembrando a nossa história... para a contarmos aos nosso netos.

Concluindo: o nosso convívio tem a principal função rever amizades, partilhar experiências, sendo uma forma de enriquecer o futuro e de dizer presente, porquanto para muitos camaradas a vida findou.

O almoço está marcado para as 13 horas do dia 28 de Maio, mas quanto mais cedo vierem, mais tempo terão para partilhar a presença de todos.

Valores:
38,00 euros/pessoa
19,00 euros/crianças até 12 anos

A confirmação da tua presença deverá ser feita até 21 de Maio

Os contactos deverão ser feitos para:
carlosalmeidasantos@gmail.com, tlm 932 794 190, telef 239 718 598
valejorge480@gmail.com, tlm 966 371 688
António Castanheira - tlm 967 010 413

Com estima e consideração um abraço do amigo Carlos Santos, do Jorge Vale e do António Castanheira


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Nota do editor

Último poste da série de 6 DE ABRIL DE 2022 > Guiné 61/74 - P23147: Convívios (922): XXXVII Encontro Nacional dos Oficiais, Sargentos e Praças do BENG 447 - Brá/Bissau/Guiné, a ter lugar no dia 25 de Junho de 2022 na Tornada/Caldas da Rainha (Lima Ferreira, ex-Fur Mil)

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23185: Humor de caserna (52): O anedotário da Spinolândia: "Não, não quero falar com o teu comandante, quero falar contigo!" (Tino Neves, ex-1º cabo escriturário Tino Neves, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)


Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > CCAÇ 2588 > Natal de 1970 > Destacamento de Bindoro > Visita no gen Spínola (1)

Foto (e legenda): © José Torres Neves (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Tino Neves, foto atual,
bancário reformado,
vive na Cova da Piedade,
Almada
1. Esta história do gen Spínola, verídica, é/foi contada  pelo nosso camarada Constantino (ou Tino)  Neves, ex- 1º. cabo escriturário, CCS / 
BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71). 

Sem qualquer tom depreciativo usa, no fim, o
vocábulo "Spinolândia" para se referir à Guiné
do seu tempo. O termo, de resto, era popular durante o "consulado de Spínola" (1968-1973), e nomedamente 
na zona leste (regiões de Bafatá e de Gabu).

O nosso editor, também sem qualquer intuito depreciativo, vai incluí-la no "andedotário da Spinolândia". Muitos dos nossos leitores mais recentes  nunca a lerem. 

Spínola tem mais de 410 referências no nosso blogue, muito mais do que qualquer outro governador-geral e comandante-chefe (Arnaldo Schulz, por exemplo, tem menos de 90; Bettencourt Rodrigues tem pouco mais de 50).

Esclareça-se o que se entende por anedotário e anedota. O anedotário é uma coleção de anedotas. A anedota é. segundo os dicionários: 

(i) uma breve narrativa de um caso verídico pouco conhecido; 
(ii) uma pequena narrativa que provoca (ou pretende provocar) o riso; 
e (iii), também se diz, em tom depreciativo, de uma pessoa que, pelos seus ditos ou atitudes, provoca riso ou é motivo de troça. 

No nosso blogue não há (ou não deve haver) lugar à "anedota" nesta última aceção, referindo-se a camaradas ou a comandantes operacionais... que passaram pelo TO da Guiné, embora tenhamos conhecido alguns...

2. A spinolândia, 
por Tino Neves

Vou contar uma pequena estória do nosso General Spínola. Das poucas visitas programadas que fez, houve uma, não programada, muito especial.

Um determinado dia, pousou na pista de Nova Lamego, uma DO-27, e quando o único soldado, que estava de guarda à pista, se apercebeu de quem se tratava, já o General Spínola e o seu guarda costas 
[ou talvez ajudante de campo]um capitão paraquedista, estavam junto dele. Apalermado, correu logo para o telefone.

O General Spínola perguntou então ao soldado:

 O que é que vais fazer?
 Vou telefonar ao nosso Comandante, a dizer que o Sr. está aqui!
 Não, não vais ligar, não quero falar com ele, vim aqui falar contigo.
 Comigo???
 Sim, contigo!!!

Spínola falou com o soldado durante 30 minutos, e logo a DO-27 levantou voo.

O soldado então depois disso, ligou então a dizer ao Comandante do Batalhão, o Sr. Tenente Coronel Fernando Carneiro de Magalhães, que tinha acabado de falar com o Sr. General Spínola durante 30 minutos.

O Comandante Magalhães, admirado, pergunta:

 Então e não me avisaste?!
 O nosso General não deixou, disse que só queria falar comigo!
 Contigo???
 Sim, comigo!
 Então o que era que ele queria?
 Saber se eu gostava de estar aqui, se comia bem… assim essas coisas.

Conclusão, o General Spínola, da última vez, que tinha visitado Nova Lamego, em visita programada, tinha deparado com um quartel que estava um primor, só faltava estar todo embandeirado com pequenas bandeiras de várias cores, e os militares a dançarem o Vira, o Fandango ou qualquer outra dança tradicional portuguesa, para mostrar que estávamos todos alegres e contentes, e satisfeitos por termos nascido.

E o nosso General sabia disso, quando as visitas são programadas. E nós também, tanto que nós dizíamos que não estávamos na Guiné, mas sim na... Spinolândia. (**)

Tino Neves
_________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 5 de abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1647: Estórias do Gabu (2): A Spinolândia (Tino Neves)

(**) Último poste da série > 20 de abril de  2022 > Guiné 61/74 - P23182: Humor de caserna (51): O anedotário da Spinolândia: "Sabes o que é um lapso, rapaz?" (Rogério Ferreira, ex-fur mil at inf, MA, Teixeira Pinto, Bachile, Nhamate, Galomaro, Nova Lamego, Pirada, Paiama, Paunca, Sinchã Abdulai e Mareue, 1970/71)

terça-feira, 15 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23080: (De) Caras (186): Isabel Amora, atuando no Cine Gabu, em Nova Lamego, em 1970 (Tino Neves, ex-1º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)

Foto nº 1 > Em segundo plano, a Isabel Amora, em palco, no Cine Gabu, em 1970...Era acompanhada pelo teclado musical, possivelmente Yamaha (mulher, de costas, junto ao palco)... Em primeiro plano, um aspeto da assistência na primeira e segunda filas: um capitão e um tenente coronel, de costas.

Foto nº 2 > Aspecto (parcial) da assistência, constituída por militares, familiares e populaçao local, O Tino Neves, com o capacete da PU - Polícia da Unidade, está de pé, de óculos escuros, junto à porta. O outro elemento da PU era o sold básico auxiliar de cozinheiro Miranda.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lameho > BCAÇ 2893 (1969/71) > 1970 > Atuação da cantora ié-ié Isabel Amora para as Forças Armadas


Fotos (e legendas): © Tino Neves (2021). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Constantino Neves, mais conhecido por "Tino" Neves,  ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada; tem mais de sessenta referências no nosso blogue):


Data: segunda, 14/03/2022 à(s) 16:10
Assunto: Isabel Amora

Ela também actuou em 1970 no Cine Gabu (Nova Lamego).

Falei com ela e quando lhe disse que eu era da Cova da Piedade (Almada), ela respondeu-me dizendo ser do Seixal.

Ao ver o primeiro poste (*), pareceu-me ser ela, mas não tinha a certeza até que fiquei sabendo o nome dela, como Isabel Amora. (**)

Junto foto do espectáculo:  na foto nº 1,  a Isabel Amora actuando;  na  foto nº 2  estou eu de pé, de óculos,  com o capacete da PU (Polícia da Unidade).

Abraços, Tino



Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CSS/BCAÇ 2893 (1969/71) > O 1º cabo escriturário Constantino (Tino) Neves e o sold básico auxiliar de cozinheiro Miranda, em missão de PU - Polícia de Unidade. 

"A foto foi tirada no salão do cinema de Nova Lamego, numa festa de variedades, em que actuava uma cantora vinda da Metrópole, do Seixal [ Isabel Amora]e eu estava de cabo de dia. Como o furriel destinado à Polícia da Unidade (PU) se tinha baldado, o oficial de dia, o capitão, comandante da CCS, mandou-me substituir o furriel, e assim aproveitei para ir assistir às variedades".  

O Miranda, acusado justa ou injustamente de ser "amigo do alheio", e de ser punido com 10 dias de prisão disciplinar agravada (por duas vezes, em fevereiro e março de 1970) acabou por "fugir" para o PAIGC, talvez logo a seguir, em março/abril de 1970 (***). Tudo indica que o Manuel Augusto Gomes Miranda tenha sido aciolhido em  Holanda, em maio ou junho  de 1970, com o apoio do Comité Angola de Amsterdão, e em resposta a um pedido do Amílcar Cabral de 15/5/1970.

O espectáculo no Cine Gabu,com a Isabel Amora,  só poderá ter sido realizado em data anterior a abril de 1970, talvez no princípio do ano de 1970. Talvez o Tino Neves possa confirmar a data desse espectáculo (LG).

Foto (e legenda): © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 11 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23069: Foto à procura de... uma legenda (163): Uma imagem relativamente rara, esta, de uma cançonetista, de minissaia, a atuar em Jabadá, por volta de 1969/70


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21812: Os nossos médicos (90): A equipa de saúde, da CCS/BCAÇ 2893, da qual fazia parte o alf mil médico João Bexiga Martins Pisco, futuro grande especialista do cancro da próstata, e infelizmente já falecido, em 2019 (Constantino Neves, ex-1º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 2893 (1969/71) > A esquipa de saúde: ao centro e de pé, de bigode e cabeça rapada, está o  Alferes Mil Médico João Bexiga Martins Pisco, E, à sua esquerda, outro alf mil médico, não identificado.


Foto (e legenda): © Tino Neves (2021). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. M
ensagem de  [Constan]tino Neves   ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 
2893, Nova Lamego, 1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada; tem cerca de sessenta  referências no nosso blogue):

Date: domingo, 24/01/2021 à(s) 14:40

Subject: Equipa médica

Aqui vos envio a foto da equipa médica da CCS/Batalhão de Caçadores 2893, em Nova Lamego.

No centro e de pé, é do Alferes Mil Médico João Bexiga Martins Pisco, que estava permanentemente em Nova Lamego, e logo à sua esquerda outro Médico Alferes Mil,  que não estou a reconhecer, nem de que companhia será.

Com um forte abraço a todos os Camarigos.

Tino Neves
Almada

2. Comentário do nosso editor LG:

Nota sobre o prof doutor João Bexiga Martins Pisco (1941-2019)
 
O Prof Doutor João Bexiga Martins Pisco foi meu colega na NOVA... Era professor catedrático jubilado da NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas (NMS|FCM), e faleceu, em 12 de abril de 2019.

Recolhemos, com a devida vénia, do sítio da NOVA Medical School, os seguintes dados curriculares, a partir de um extenso texto do seu colega,  colaborador e discípulo, Prof. Doutor Tiago Bilhim

In memoriam – Professor João Bexiga Martins Pisco (1941-2019)



Prof João Pisco, foto da NOVA
Medical School
(i) era conhecido no meio médico e académico como o Professor [João] Pisco, e pelo grande público como especialista do cancro da próstata;

(ii) diferenciou-se na "área da Radiologia de Intervenção, à qual dedicou grande parte da sua vida profissional e pessoal";

(iii) despois de regressar da Guiné, fez o Internato da Especialidade de Radiologia nos Hospitais Civis de Lisboa (1972-75):

(iv) em seguida fez um "Fellowship" em Radiologia Cardíaca no National Heart Hospital de Londres (1975-76);

(v) entre 1977 e 1980,  trabalhou na  Universidade de Louisiana, EUA:  "esta ligação aos EUA marcou toda a sua carreira, na forma de abordar a Medicina, o Ensino e a Investigação" (...); o seu lema era muito americano: “see one, do one, teach one” [vê, faz e ensina só uma coisa];

(vi) regressou a Portugal, sndo "um dos pioneiros na implementação da Radiologia de Intervenção a nível nacional",  le evando quase 40 anos a formar Radiologistas de Intervenção;

(vii) foi Diretor do Serviço de Radiologia do Hospital de Santa Marta (1980-1998);

(viii) foi depois Diretor do Serviço de Radiologia do Hospital de Pulido Valente, de outubro de 1998 a setembro de 2005, deixando então o SNS;

(ix) desde setembro de 1998 até aos últimos dias de vida, assumiu o cargo de Diretor do Serviço de Angiografia Diagnóstica e Terapêutica do Hospital St. Louis, "sempre com enorme energia e entusiasmo (...),  uma das imagens de marca do Professor Pisco";

(x) "implementou inúmeras técnicas de Radiologia de Intervenção que permitiam tratar doentes de forma minimamente invasiva, sem ter de recorrer ao bisturi, com menor morbilidade e mortalidade quando comparadas às opções cirúrgicas convencionais" (...) como "por exemplo: angioplastia transluminal percutânea; fibrinólise intra-arterial; colocação de endopróteses arteriais e venosas por via percutânea; embolização arterial através de catéter; aplicação de citostáticos por via intra-arterial; quimioembolização; colocação de filtro na veia cava inferior; esclerose de varicocelo e síndrome de congestão venosa pélvica"

 (xi) destaque também para a sua "apetência pelo ensino e investigação": fez o Doutoramento em Medicina e Radiologia na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, em novembro de 1990; foi o Regente de Radiologia e Professor Catedrático na Faculdade de Ciências Médicas desde 1997 a Agosto de 2011 (data da jubilação);

(xii)  deixa "mais de 200 artigos publicados, mais de 400 comunicações em congressos nacionais e estrangeiros, mais de 100 participações em mesas redondas, 6 livros publicados, 78 capítulos de livros";

(xiii) "obteve múltiplos prémios por trabalhos publicados e posters apresentados sobre a técnica inovadora de embolização das artérias prostáticas na hiperplasia benigna da próstata. 

(xiv) foi "membro de 14 Sociedades Internacionais e 5 Sociedades Nacionais. 

(xv) "morreu após um dia intenso", tendo recebido uns dias antes um prémio do Journal of Vascular and Interventional Radiology (JVIR) por um dos artigos publicados em 2018.

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Nota do editor:

terça-feira, 12 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19578: Memória dos lugares (385): a tasca do sr. Geraldes, no Gabu... O casal era de Setúbal ( Tino Neves, ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)








Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. 1970 > A tasca do sr. Geraldes

Fotos (e legenda): © Tino Neves (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem do  Constantino Neves (Tino Neves), ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada; tem mais de meia centenas de referências no nosso blogue):

Data - Segunda, 11/03, 13:13 

Assunto - A tasca do Geraldes no Gabu

Olá, Camarada Luís

Desta vez venho completar e confirmar uma das fotos do Poste 19573, do Camarada Virgílio Teixeira (*), a almoçar na tasca do Geraldes, com três fotos tiradas na referida Tasca, em que tinha também um jogo de bilhar "Sinaleiro". em 1970.

Era a Tasca/Restaurante que muitas das vezes ia-mos comer um bom frango assado ou um bom bife com molho de chabéu, uma delicia.

Segundo conversas com o Sr. Geraldes e esposa, fiquei sabendo que eles eram de Setúbal.(**)

Um Alpha Bravo
Tino Neves

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(**)  Último poste da série > 28 de dezembro de  2018 > Guiné 61/74 - P19342: Memória dos lugares (384): Tradições do Natal crioulo em Bissau: o "fanal" e o "mbim pidi festa" da meninada do meu tempo (Nelson Herbert)

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18044: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte XIV: Piche: restos da capela e memórias dos BART 2857 (1969/71) e BCAV 2922 (1970/72)


Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Piche > 28 de outubro de 2015 > Restos da capela (1)


Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Piche > 28 de outubro de 2015 > Restos da capela (2)


Foto nº 3  > Guiné-Bissau > Região de Gabi > Piche > 28 de outubro de 2015 > Guião do BCAV 2922, "À carga", Piche,  1970/72 (que era composto por CCS, CCAV 2747,  CCAV 2748 e  CCAV 2749)


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Piche > 28 de outubro de 2015 > Restos de memorial  dos mortos do BART 2857, Piche, 1969/72


Foto nº 4 A > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Piche > 28 de outubro de 2015 > Restos de memorial > Mortos da CCS/ BART 2857, Piche, 1969/71 > 1º cabo António S. Gonçalves, morto em 25/3/1969; 1º cabo Augusto e Vieira, morto em 21/5/1969; 1º cabo João G. Antunes, morto em 3/1/1970


Foto nº 4 B > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Piche > 128 de outubro de 2015 > Restos de memorial > Mortos da CART 2439 / BART 2857, Canquelifá 1969/71 > 1º cabo [aux enf] José M. Laranjo, sold Manuel J. Ferreira, sold Joaquim Carvalho e sold Manuel C. Parreira. Todos mortos no mesmo dia, 7 de outubro de 1969, numa mina a/c reforçada,  na estrada Dunane-Canquelifá,  a cerca de 2 km de Canquefilá... Além destes 4 mortos da CART 2439, morreu ainda o sold guineense Satone Colubali, da CART 2479 / CART 11, Houve ainda uma dúzia de feridos graves. evacuados para o HM 241, Bissau.


Foto nº 4 C > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Piche > 28 de outubro de 2015 > Restos de memorial > Mortos da CART 2440 / BART 2857, Piche, 1969/71 >   Sold Serafim P. Madeira, morto em 13/5/1969; sold Manuel M. Ferreira, morto no mesmo dia: 1º cabo Aires S. Pedrosa, morto em 7/6/1969; sold Henrique G. Salvador, morto em 17/11/1060; 1º cabo Álvaro Barreira Go[mes], morto em 12/2/1970; sold João C.Pereira. morto em 20/3/1970; e 1º cabo Aníbal A. Carreira, morto em 12/6/1970.

Fotos (e legendas): © Adelaide Barata Carrêlo (2017), Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico
e das notas de viagem de Adelaide Barata Carrelo, à Guiné-Bissau, em outubro-novembro de 2015 (*). 

Com sete anos, a Adelaide passou uma larga temporada (1970/71) em Nova Lamego, com o pai, a mãe e os irmãos, tendo regressado no N/M Uíge, em 2 de março de 1971. Em 15/11/1970 teve o seu "batismo de fogo" (**).

O pai era o ten SGE José Maria Barata, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71). Quarenta anos depois regressa à Guiné-Bissau...

É nossa grã-tabanqueira, nº 721 (membro da nossa Tabanca Grande desde 11/7/2016).

2. Mensagem da Adelaide Barata Carrêlo, com data de 15 do corrente:

Bom dia,  Luís,

Como havia dito, a viagem à "minha Guiné" nunca acabará, porque não há dia em qua não nos lembramos do que vivemos lá e não há melhor do que relembrar, com tanto carinho, esta gente e esta terra.

Segue um relato/diário - um dia passado em Pitche e algumas fotos.

beijinhos,

Adelaide Carrêlo
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Piche, 4ª feira 28 de outubro de 2015

Depois da estadia de 2 dias em Gabu, prosseguimos para Pitche, muito perto da fronteira de Guiné - Conacry.

Tivemos oportunidade de ter uma visita guiada pelo que se mantém "em sentido" do antigo quartel. Vimos a porta de armas, as paredes da capela [Fotos nºs 1 e 2] , a cozinha e o monumento em homenagem aos militares que morreram em combate [Foto nº 4]

Pelo caminho, quase deserto, ainda tivemos a oportunidade de entrar numa sala de aulas e ouvir os alunos e dois professores a saudarem-nos com um olá em uníssono. Reparámos que no quadro em ardósia estava escrito "WA IÁ".

Quando regressávamos ao centro, um homem interpelou-nos com uma recordação da tropa de cavalaria [, guião do BCAV 2922,] que lá deixou marcas: "Foi um militar que me deu e eu guardo-o até hoje!!!". Foi com orgulho que falou, como que com uma saudade dos tempos que recorda como se tivesse sido ontem. [ Foto nº 3].

Foi uma tarde agradável, onde parece que nada se passa, a não ser o abandono e a recordação.
Ainda fomos convidados para visitar o Régulo, mas, face ao adiantado da hora, o regresso a Bafatá fez-nos declinar o convite.

Quando deixámos Pitche, já não vimos o guineense que tapou os buracos da estrada, recebendo em troca placas de zinco para a sua casa (de um elemento do governo) como forma de pagamento. 

Limitava-se agora a levantar e a baixar um cordel de sisal (atado a uma árvore junto à estrada), como se de uma portagem se tratasse,  ficando à espera de uma moeda que demoraria muito tempo a "cunhar". O rânsito de viaturas era parco, mas a paciência e o saber esperar são duas das regras que aprendemos assim que pisamos esta terra.

Adelaide Carrêlo


Guiné > Região de Gabu > Piche > 1971 > A capela, ao lado do heliporto (Cortesia do blogue Combatentes de Avintes;  sem indicação de autoria; vd. também página no Facebook, que dá continuidade ao blogue, editado entre 2010 e 2014; um dos editores do blogue era o nosso grã-trabanqueiro Antero Santos; tem cerca de 71 mil visualizações).



Guiné > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > O nosso grã-tabanqueiro  Jacinto Cristina (o famoso padeiro da Ponte Caium), à direita, de camuflado,  com um camarada junto á capela de Piche.

Foto: © Jacinto Cristina (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:

(*) Vd. último poste da série > 28  de outubro de 2016 >  Guiné 63/74 - P16649: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte XIII: Bolama, uma experiência agridoce (II)


(**) Vd. poste de 9 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16288: (In)citações (95): "Terra vermelha quente e de paz, / lugar onde tive medo, fui feliz e vivi, / amar-te-ei sempre, / minha Guiné menina velha encantada"... (Adelaide Barata Carrêlo, filha do tenente Barata, que viveu em Nova Lamego, no início dos anos 70, durante a comissão do pai, e aonde regressou, maravilhada, quarenta e tal anos depois)

(...) Em 1970 aterrámos em Bissau onde o meu pai nos esperava ansiosamente, seguimos alguns dias depois para Nova Lamego onde ele estava colocado.

Eu tinha 7 anos, sou gémea com uma irmã e tenho um irmão mais velho 1 ano. Somos a família Barata. Quando chegou a hora dos meus pais decidirem juntar-se naquela terra, não conseguiram convencer-nos de que poderíamos separar-nos, não, fomos também. E até hoje agradeço por ter conhecido gente tão bonit,  tão pura.

As primeiras letras da cartilha, foram-me desenhadas pelo Prof. José Gomes, na Escola que hoje se chama Caetano Semedo.

Aquele cheiro, a natureza comandada pelo calor húmido que sufoca e a chuva que cai como uma cascata sobre a pele e o cabelo que teima em não se infiltrar...cheguei a pedir à minha mãe para me deixar correr como aqueles meninos que se ensaboavam no meio da rua e com um chuveiro gigante que deitava tanta água de pingos grossos e doces.

Também me lembro de quem lá ficou para sempre, não éramos muitos. (...)

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16680: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (17): que país terá acolhido o sold básico a aux cozinheiro Manuel Augusto Gomes Miranda ? Talvez a Holanda, em maio de 1970, com o apoio do Comité Angola de Amsterdão (Tino Neves, ex- 1º cabo escriturário, CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)


Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CSS/BCAÇ 2893 (1969/71) > O 1º cabo escriturário Constantino (Tino) Neves e o sold básico aux cozinheiro Miranda, em missão de PU - Polícia de Unidade. "A foto foi tirada no salão do cinema de Nova Lamego, numa festa de variedades, em que actuava uma cantora vinda da Metrópole, do Seixal, e eu estava de cabo de dia. Como o furriel destinado à Polícia da Unidade (PU) se tinha baldado, o oficial de dia, o capitão, comandante da CCS, mandou-me substituir o furriel, e assim aproveitei para ir assistir às variedades". (*)

Foto (e legenda): © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Telegrama enviado por Amílcar Cabral, em 15 de maio de 1970, para o Comité Angola, sedeado em Amsterdão, Holanda. (Cortesia dlo portal Casa Comum / Arquivo Amílcar Cabral).

Fonte: Casa Comum
Fundação Mário Soares
Pasta: 07070.117.043
Assunto: Jovens desertores
Remetente: Cabral, PAIGC
Destinatário: Angola Comité
Data: Sexta, 15 de Maio de 1970
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Telegramas.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Correspondência

Citação:
(1970), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34754 (2016-11-3)


1. Comentário  do Tino Neves [ex- 1º cabo escriturário da CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71] ao poste P16672 (*)

Olá,  Luis. Respondendo ao teu pedido sobre a identidade do Miranda, fiz a minha pesquisa sobre os dados que tenho sobre todos os militares da CCS/BCAÇ 2893, que consegui na altura em que comecei a organizar os convívios da Companhia.

Na História da Unidade tenho a referência ao único Miranda  da CCS que foi punido em fevereiro e março de 1970, com 10 (dez) dias de prisão disciplinar agravada em ambos os meses, ou seja 10 + 10 dias de prisão. 

Trata-se do Manuel Augusto Gomes Miranda, soldado auxiliar de cozinheiro nº mec. 084929/66. [,Como se vê, um velhinho de 1966!]

Nunca consegui saber o contacto dele nem onde residia. Como referi no poste em causa, alguém num dos convívios que organizei, me disse que ele após o 25 de Abril  regressou à terra dele e foi recebido como um herói. 

A quando do ataque de 15/11/1970 [a Nova Lamego] ele com toda a certeza já lá não estaria, pois a punição dele foi em fevereiro e março de 1970. 

Um abraço, Tino Neves


 2. Resposta do editor [Tabanca Grande]

Obrigado, Tino...  Tendo a punição sido dada em fevereiro de 1970 e agravada em março [, pelo Cmd Agrup 2957, de Bafatá], a  deserção do Miranda deve ter sido logo a seguir, talvez por volta de março/abril, uma decisão que só poderia ter sido tomada "a quente"... O Miranda era um animal acossado pelo medo, depois do que fez (ou do que foi acusado) e do "bullying" de que passou a ser vítima...

Mas quem nos garante que o Miranda  não tenha morrido "pelo caminho" ? O PAIGC não costumava "acampar" nos arredores de Nova Lamego... Não sabemos se ele foi levado para a região do Boé ou se foi logo encaminhado para Conacri... Amílcar Cabral adorava receber os desertores e os prisioneiros tugas...

Na Net não há rasto do seu nome... O que parece vir confirmar o provérbio popular, "de gente pobre até o rasto é triste"...

Mais próximo destas datas, encontrei no Arquivo Amílcar Cabral um telegrama, assinado por Amílcar Cabral, e com data de 15 de maio de 1970, dirigido ao Comité Angola, em Amsterdão, Holanda. Eis o teor do telegrama, em inglês:

"Please inform possibility receive two young desertors arriving by plane without visa. Cabral PAIGC"

[Tradução: "Por favor digam-nos da possibilidade de receber dois jovens desertores que irão chegar de avião sem visto de permanência".]

É possível que o nosso Manuel Augusto Gomes Miranda seja um destes 2 jovens desertores que o Amílcar Cabral, sem grandes condições logísticas para os receber, recambiou para a Holanda. Deve viver hoje na Holanda, e talvez até tenha a nacionalidade holandesa, a menos que tenha regressado a Portugal e viva ainda algures, numa terreola perdida atrás do sol posto...  È apenas uma pista... 

Talvez os arquivos do "Comité Angola", de Amsterdão, um das organizações holandesas que apoiavam os movimentos nacionalistas africanos que lutavam contra o colonialismo português (e contra o "apartheid" na África do Sul), possam confirmar ou informar esta nossa hipótese de investigação... 

Mas será que existem esses arquivos ? Existem... em holandês. Aqui: Archief Komitee Zuidelijk Afrika   [Angola Comitee/Holland Committee on Southern Africa 1961-1997]

Contrariamente aos portugueses, os holandeses guardam tudo o que tem interesse documental e serve os seus interesses...

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Nota do editor: