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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Guiné 61/74 - P20040: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XXVI: Augusto Manuel Casimiro Gamboa, alf inf (S. Tomé e Príncipe, 1944 - Guiné, 1967)






1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais, oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do ultramar ou guerra colonial (em África e na Ásia). (*)

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva [, foto atual à direita], instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.


Morais da Silva foi cadete-aluno nº 45/63, do corpo de alunos da Academia Militar. É membro da nossa Tabanca Grande, com o nº 784, desde 7 do corrente.

Sobre o alf inf Augusto Manuel Casimiro Gamboa temos seis referências no nosso blogue (**).

 ________


(**) Vd. também poste de 28 de dezembro de  2017 > Guiné 61/74 - P18149: In Memoriam (309): Alf inf QP Augusto Manuel Casimiro Gamboa, CCAÇ 1586 (Piche, Nova Lamego, Canjadude, Madina do Boé, Béli, Bajocunda, 1966/68), nascido em São Tomé , morto em combate, em 14/12/1967, em Uelingará, entre Canjadude e Nova Lamego (José Martins / Virgílio Teixeira / António J. Pereira da Costa / José Corceiro)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19262: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LIV: O aquartelamento de Piche, ao tempo da CCAV 1662


Foto nº 5


Foto nº 4


Foto nº 3

Foto nº 2

Foto nº 1


Foto nº 11


Foto nº 10


Foto nº  9


Foto nº 7


Foto nº  9


Foto nº 6

Foto nº 6A

Guiné > Região de Gabu > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)


CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:
T029 – O AQUARTELAMENTO DE PICHE


I - Anotações e Introdução ao tema:

Junto mais algumas fotos para o Blogue, para postar das quando houver espaço, para a malta que não sabe, conhecer um pouco de Piche – que agora alguns escrevem Pitch.

Dizem respeito a Piche – Sector de Nova Lamego – L3 – nos anos de 67/68.

Durante a minha estadia em Nova Lamego – 21set67 a 26fev68 – fiz muitas deslocações e saídas as diversos aquartelamentos, em missões de comando de colunas de reabastecimentos, e outras na minha função de controlo e fiscalização das contas das Companhias sob o nosso comando, eram no total 17 Unidades independentes. Não fui a todas, mas a algumas

Cortesia da página do Facebook
"Guerra Colonial Portuguesa 1961-1974"
Uma delas tem a ver com Piche, fui lá umas 3 a 4 vezes no total, no tempo da CCAV 1662.

[Sobre a  CCAV 1662:  (i) mobilizada pelo RC 7, partiu para o CTIG em 1/2/1967 e regressou em 19/11/1968;  (ii) esteve em Nova Lamego e Piche; (iii) cmdt: cap mil art António de Sousa Pereira; (iv)  em 6 de abril de 1967,  rendendo a CCAÇ 1586, assumiu a responsabilidade do subsector de Piche com um pelotão em Nova Lamego,  tendo de seguida sido deslocado para Madina do Boé, onde a 4 de novembro foi substituído, seguindo para Bissau para regressar.]

As viagens eram por estrada de terra batida, não eram boas nem más, e alguns troços eram mesmo de picadas.

Para Piche nunca fui a comandar nada, eram colunas já grandes, comandadas por oficiais ditos operacionais, não sei nem me lembro de nenhum, porque enfiava-me nos camiões e não queria saber do resto, ia tirando umas fotos. Nunca houve qualquer percalço, apenas me ficou na mente a morte do Alferes [Augusto Manuel Casimiro] Gamboa, num dia em que eu devia ter ido nessa coluna, que sofreu a emboscada fatal.

Assim, tirando essa fatalidade, tenho recordações de um jovem que não conhecia os perigos, nem estava para aí virado, não era essa a sua missão.

II – Legendas e fotos do tema


As fotos aqui inseridas, dizem respeito apenas a uma deslocação a Piche, a primeira, onde se encontrava na altura a CCAV 1662, cujos nomes do Comandante e outro pessoal não me lembro.

As seguintes estão inseridas noutros temas, misturados com outros assuntos. Todas as fotos aqui reproduzidas são do mês de Novembro – não sei o dia certo – do ano de 1967, tinha eu nessa altura quase 2 meses de Guiné.

F01 – Saída de uma coluna de Nova Lamego para Piche, dentro, da caixa, de um Unimogue.  Virgílio Teixeira ao centro, Alferes capelão [Carlos Augusto Leal] Moita, à esquerda, e Alferes Mesquita,  das TSM.

F02 – Sentado na caixa do Unimogue, com uma Bazuca, ao lado o Capelão Moita.

F03 – Junto a um templo fula, na zona da CCav 1662, em Piche, com o seu zelador, o homem vestido à civil, que me pareceu ter visto recentemente noutro poste, e noutra zona.  Ao lado o capitão da companhia, ao centro o médico Lema Santos [, irmão do Manuel Lema Santos,], e do outro lado, outro militar que tendo eu tantas fotos dele, nem sei o nome, nem, o que fazia no Batalhão.

F04 - Junto ao templo fula, o comandante da Companhia[, a CCAV 1662], o Alferes Mesquita e eu.

F05 – Uma foto do autor, junto ao templo fula [", mesquita"].

F06 – O almoço do dia, com o comandante da CCAV 1662, o capelão Moita, o Mesquita, o Teixeira e outros.

F07 – Uma foto do autor, dentro do aquartelamento da CCAV1 662, num dia normal.

F08 – Uma foto do autor, junto ao mastro e bandeira dentro do aquartelamento.

F09 – Uma foto do autor, dentro de um jeep, na estrada para Canquelifá, mas ficamos pelo caminho e voltamos para trás.

F10 – Uma coluna de Piche ao Curval, dentro de um Unimogue, numa mata cerrada.

F11 – Uma coluna de Piche ao Curval, num Unimogue, mata dentro.

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

NOTA FINAL DO AUTOR:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. Nada mais. #

Acabadas de legendar, hoje,

Em, 2018-12-05

Virgílio Teixeira
____________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 27 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19238: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LIII: As fontes e as lavadeiras de Nova Lamego

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18512: CCAÇ 1586, "Os Jacarés" (Piche, Ponte Caium, Nova Lamego, Beli, Madina do Boé, Bajocunda, Copá e Canjadude (1966-1968): Subsídios para a reconstituição da sua história (Jorge Araújo) - Parte I





Guiné > Bissau> Cais > 9 de Maio de 1968 > Preparativos para o regresso à metrópole da CCAÇ 1586 a bordo do T/T Niassa (fotos gentilmente cedidas pelo camarada ex-fur trms Aurélio Dinis, da mesma unidade).


Jorge [Alves] Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 

(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue desde março de 2018; 
criador da série "D(o) outro lado do combate"




Companhia de Caçadores 1586, "Os Jacarés"  (Piche, Ponte Caium, Nova Lamego, Beli, Madina do Boé, Balocunda, Copá e Canjadude ((1966-1968):  Subsídios para a reconstituição da sua história - Parte I



1. INTRODUÇÃO

Com algum atraso, mas ainda a tempo de cumprir com os objectivos de partida, o presente trabalho surge na sequência da publicação no blogue de dois postes: o P18149 e o P18158, ambos em memória do Alferes QPAugusto Manuel Casimiro Gamboa [, foto à esquerda, cortesia da Academia Militar[, pertencente à CCAÇ 1586 (1966/1968), e da referência à emboscada que o vitimou, em 14 de dezembro de 1967, na estrada entre Canjadude e Nova Lamego.

Ele é também, por um lado, um modesto contributo escrito (subsídio) visando ajudar na reconstituição da História desta Unidade (a possível) e, por outro, a concretização da promessa feita em comentário ao segundo texto, uma vez que, de acordo a informação dada pelo nosso colaborador permanente José Martins, especialista em Arquivo Histórico Militar do Exército (Guerra do Ultramar), "no volume 7.º da CECA [Comissão para o Estudo das Campanhas de África], consta que [da CCAÇ 1586] não existe História da Unidade".

Não estando expressas as razões da ausência documental da sua História no AHM, não é difícil presumir como uma forte possibilidade, , quiçá a mais provável, que ela teve como principal causa a divisão física e logística permanente dos seus efectivos e as responsabilidades que lhes foram atribuídas em cada um dos locais onde esteve instalada, num total de oito, como se indica em título e como se assinala no mapa abaixo.

Para além desta probabilidade (suspeita), que naturalmente não podemos comprovar, uma outra variável poderá ter influenciado também a sua não transcrição para o papel, na justa medida em que estamos perante um colectivo militar metropolitano que muito sofreu ao longo dos vinte e um meses da sua comissão (de agosto de 1966 a  maio de 1968), fazendo fé nos factos que conseguimos apurar, entre eles os seus mortos e feridos.

Será que foram estas as principais causas?

Ainda assim, admitimos a hipótese de terem existido outras razões/causas para além das que acima presumimos. Mas só o saberemos, em definitivo, se algum elemento da CCAÇ 1586 tiver a resposta certa a esta questão. Vamos esperar que tal aconteça ou que no aprofundamento deste projecto de investigação possamos chegar lá.

Porém, perante a caracterização sumária do quadro supra, compreende-se (compreendo) perfeitamente as dificuldades em se estruturar/organizar as suas memórias, pois foram, certamente, muitos os factos e ocorrências que mereceriam ficar gravadas como testemunhos históricos da sua presença na região do Gabu, situada a Leste do território da Guiné, e que não foi possível centralizá-las ou juntá-las, passando-as a escrito, devido à dispersão dos seus efectivos nas diferentes frentes das muitas missões.

Lamentamos que assim tenha sido.

Porque não fazemos parte desse colectivo de camaradas (ex-combatentes), estes sim fiéis depositários das suas memórias durante aquele período ultramarino, enquanto principais personagens fazedores da sua história, esta narrativa não podia deixar de não ser corolário da consulta realizada a diferentes fontes de informação, escrita e oral, onde cada referência encontrada e relato obtido dos directamente envolvidos, se considerou relevante para a concretização do objectivo geral, ou seja, o início de um processo de reconstituição da História da CCAÇ 1586.

Dessa análise global e da sua triangulação, como metodologia da investigação, procurou-se caminhar na busca do que considerámos fidedigno, idóneo, exacto ou válido, enquanto sinónimos do mesmo valor, deixando à reflexão de cada leitor o que se pode considerar, inquestionavelmente, genuíno ou, pelo contrário, uma trapalhice (propaganda), uma vez que circulámos por ambos os lados do combate.

Em função do já pesquisado e dos resultados obtidos, decidimos dividir o trabalho em diferentes partes, sendo esta a primeira, onde se divulgam aspectos relacionados com a sua mobilização, locais das principais actividades operacionais e quadro das baixas em combate.


2. MOBILIZAÇÃO E LOCAIS DAS MISSÕES NO CTIG


Mobilizada no Regimento de Infantaria n.º 2 [RI 2] , em Abrantes, a Companhia de Caçadores 1586 [CCAÇ 1586] embarcou no Cais da Rocha, em Lisboa, a 30 de julho de 1966, sábado, zarpando rumo a Bissau a bordo do N/M Uíge, numa altura em que a cronologia da guerra registava já três anos e meio.

Aí desembarcou a 4 de agosto, 5.ª feira, sendo destacada para o sector do Batalhão de Caçadores 1856 [BCAÇ 1856], assumindo a 8 do mesmo mês a responsabilidade do subsector de Piche, substituindo dois pelotões da Companhia de Caçadores 1567 [CCAÇ 1567], e guarnecendo o destacamento da Ponte do Rio Caium com um pelotão, até 21 de setembro de 1966.

A partir desta data assumiu, também, funções de unidade de intervenção na zona de Nova Lamego, reforçando diversas localidades, entre elas:

(i)  Nova Lamego, de 10 de outubro de 1966 até princípios de dezembro desse ano;

(ii) Béli, de 25 de janeiro a 15 de abril de 1967;

(iii)  e Madina do Boé, de 10 de fevereiro a 1 de maio de 1967.


A 6 de abril de 1967 foi rendida no subsector de Piche, assumindo o subsector de Bajocunda no dia seguinte [7abr1967], rendendo a Companhia de Caçadores 1417 [CCAÇ 1417] e guarnecendo Copá com um pelotão, mantendo-se integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores 1933 [BCAÇ 1933] e posteriormente do Batalhão de Caçadores 2835 [BCAÇ 2835].

Entre 28 de outubro e 4 de dezembro de 1967, integrou, com um pelotão, o sector temporário de Canjadude.

Foi rendida no subsector de Bajocunda a 27 de abril de 1968 pela Companhia de Caçadores 1683 [CCAÇ 1683], embarcando em Bissau, de regresso à metrópole, a 9 de maio de 1968, 5.ª feira, a bordo do N/M Niassa, com a chegada a Lisboa a acontecer a 15 de maio, 4.ª feira, ou seja, seis dias depois [adap. do P3797, José Martins, ex-Fur Trms CCAÇ 5 (1968/1970), nosso colaborador permanente].


 3. MAPA DOS LOCAIS ONDE A CCAÇ 1586 DESEMPENHOU AS SUAS DIFERENTES ACTIVIDADES OPERACIONAIS


No mapa abaixo, sinalizadas no interior de elipses, encontram-se os locais onde a CCAÇ 1586 desempenhou as suas diferentes actividades operacionais.


Infografia: Jorge Araújo (2018)



4. QUADRO DE BAIXAS DURANTE A COMISSÃO


No âmbito da pesquisa realizada, foram identificadas e agrupadas por datas as baixas contabilizadas pela CCAÇ 1586 durante a sua comissão, cujo quadro se apresenta de imediato.

A organização do quadro, segundo esta metodologia, corresponde à ordem da descrição dos factos conhecidos sobre cada causa ou ocorrência, e que daremos conta ao longo das próximas narrativas.


Infografia: Jorge Araújo (2018)

Sitografia consultada:

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/

http://www.apvg.pt/

http://ultramar.terreweb.biz/ (com a devida vénia)

(Continua)
______________

Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.
16JAN2018.

PS - Este é o primeiro dos textos que estavam em atraso, o da CCAÇ 1586, na medida em que me comprometi a dar uma ajuda na reconstituição da sua HU, que não existe. Entretanto, fui convidado para participar no seu Convívio Anual que se realiza em Abrantes, a 19 de maio de 2018. Já lhes pedi um cartaz para fazer a sua divulgação na «Tabanca».

domingo, 31 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18158: O que dizem os Perintreps (Nuno Rubim) (6): a emboscada que vitimou o alf inf Augusto Manuel Casimiro Gamboa, em 14/12/1967, no setor L3 (Nova Lamego)


Guiné > Região de Gabu > Setor L3 (Nova Lamego) > Canjadude > CCAÇ 5, "Os Gatos Pretos" > Aspeto geral do aquartelamento, em 1973: em primeiro plano, um dos pedregulhos ali existentes.

Foto (e legenda): © João Carvalho (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Documento que nos chega a 28 do corrente, por gentileza do nosso amigo e camarada Nuno Rubim, cor art ref, e que tem a ver com a emboscada ocorrida em 14/12/1967 que vitimou o alf inf Augusto Manuel Casimiro Gamboa (*):

[ Foto à esquerda, Nuno Rubim (2007); tem duas comissões no TO da Guiné, a última no QG, já como major ("trabalhei no departamento 'mais secreto', a Cheret , onde desempenhei, como criptólogo AED - Aptidão Especial para Descriptamento, as funções de chefe da Secção de Análise e Controlo. Descriptamos  todos (!) sistemas de decifrar dos países vizinhos");


na primeira comissão comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (out 1964/jul 1966) e a CCAÇ 1424 (jan 1966/dez 1966); trabalhador incansável, é também um bom amigo e um grande camarada, a que pedimos informação e conselho sobre as coisas e os feitos da Guiné; é membro da nossa Tabanca Grande desde 10 de junho de 2006]



Excerto da página 4 (de 14) do Perintrep nº 50/67, 
relativo ao setor L3 (Nova Lamego) (**)



Excerto da página 4 (de 14) do Perintrep nº 50/67, relativo ao setor L3 (Nova Lamego).

Foto (e legenda): © Nuno Rubim (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Transcrição:

f. SECTOR L3 [Nova Lamego]

(1) Em 14 de dezembro [de 1967], às 8h00, [o IN] emboscou com LGFog [RPG] e armas automáticas, durante 30 minutos, a 1 km a sul de Uelingará (14151205 E9), no itinerário Canjadude-Nova Lamego, forças do destacamento de Canjadude, causando dois mortos (1 oficial) e 1 ferido e incendiado 1 viatura GMC.

Da reação das NT, o IN sofreu 2 mortos.

Do grupo IN foram referenciados elementos de cor branca. (Fonte: BCAÇ 1933)

(2) Em 17 de dezembro, às 21h00, [o IN] flagelou com morteiro 82 mm o destacamento de Che Che, sem consequências.(Fonte: BCAÇ 1933).

A última ação contra este destacamento foi em 7 de novembro de 1967.

(3) Em 18 de dezembro, às 20h00, [o IN] roubou gado e vestuário na tabanca de Bantanto Jaia (14101210 A3). (Fonte: BCAÇ 1933).

(4) Em 19 de dezembro, foi acionado por uma Autometralhadora Fox do destacamento de Cabuca uma mina A/C no itinerário Cabuca-Nova Lamego em 14101210 B3, provocando a sua danificação. (Fonte: BCAÇ 1933).

Salienta-se que a atuação do IN nesta região caracteriza-se por uma  intensa implantação de engenhos explosivos, emboscadas nos itinerários e ações contra as populações. Estas ações são realizadas por grupos itinerantes que vêm atuando há tempo nesta região.

[ Revisão / fixação de texto: LG]
_____________

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18149: In Memoriam (309): Alf inf QP Augusto Manuel Casimiro Gamboa, CCAÇ 1586 (Piche, Nova Lamego, Canjadude, Madina do Boé, Béli, Bajocunda, 1966/68), nascido em São Tomé , morto em combate, em 14/12/1967, em Uelingará, entre Canjadude e Nova Lamego (José Martins / Virgílio Teixeira / António J. Pereira da Costa / José Corceiro)


Foto nº 1 > O alf inf Augusto Manuel Casimiro Gamboa, morto em combate, em 14 de dezembro de 1967 - Pertencia à CCAÇ 1586.

Foto: cortesia de Academia Militar > Alunos Mortos ao Serviço da Pátria > Campanha do Ultramar (1961-1974) > Alferes de infantaria Augusrto Manuel Casimiro Gamboa


Foto nº 2 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego >  c. 1967 > Foto de grupo: vários miliatres e população. Na primeira fila, sentados, aparecem à esquerda  o alf inf Gamboa (X), seguido do alf mil SAM Virgílio Teixeira.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


Foto nº 3 > Guiné > Região de Gabu > Canjadude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos" (1968/70) > Parada Alferes Gamboa, no aquartelamento de Canjadude, frente ao edifício do Comando. Na base do mastro da bandeira existia uma placa gravada, em madeira, com a referida indicação.  Na foto, parte da Secção de Transmissões, 2º semestre de 1968.

Foto (e legenda): © José Martins  (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


Juntámos aqui quatro textos e algumas fotos sobre o nosso camarada Augusto Manuel Casimiro Gamboa, um dos 75 alferes mortos no TO da Guiné, e sobre o qual até agora tínhamos escassas referências no nosso blogue. Agradecemos a pronta colaboração dos nossos camaradas José Martins, Virgílio Teixeira, António J. Pereira da Costa e José Corceiro. Connosco, aqui no blogue da Tabanca Grande, ninguém fica na "vala comum do esquecimento".


1.  José Martins (ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70; nosso colaborador permanente), em mensagem de ontem:

O Alferes de Infantaria AUGUSTO MANUEL CASIMIRO GAMBOA, com o número 0741211 era natural da freguesia da Conceição, concelho de S. Tomé, em S. Tomé e Príncipe, filho de Augusto da Costa Gamboa e de Maria Isabel Casimiro Gamboa. [Foto nº 1 ]

Foi mobilizado no Regimento de Infantaria nº 2 (Abrantes) para a Companhia de Caçadores nº 1586, embarcando em 30 de julho de 1966.

Sob o comando do Capitão de Infantaria António Marouva Cera, foi colocado em Piche, Sector Leste, onde assumiu a responsabilidade do referido sector a 8 de agosto de 1966.

Cumulativamente passou a ter a função de subunidade de intervenção, tendo pelotões destacados em Nova Lamego de 10 de outubro a princípios de dezembro de 1966; Madina do Boé de 10 de fevereiro a 1 de maio de 1967; Béli de 25 de janeiro a 15 de abril de 1967.

A 6 de abril de 1967 foi transferido para assumir o subsector de Bajocunda.

O subsector temporário de Canjadude, criado em 28 de outubro de 1967 teve um pelotão da CCAÇ 1586 onde, oficialmente, se manteve até 4 de dezembro de 1967.

Deve ter sido aquando da retirada desta força de Canjadude, em direção a Nova Lamego que, cerca de 1 quilómetro a sul de Uelingará, a coluna foi emboscada, tendo sido morto o Alferes Gamboa, em 14 de dezembro de 1967. [Foto nº 3]

Foi inumado no cemitério do Alto de São João, em Lisboa.


Foto nº 4 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > 14 de dezembro de 1967 > O cadáver do guerrilheiro do pAIGC, morto na emboscada que vitimou o alf inf Augusto Manuel Casimiro Gamboa.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


2. Virgílio Ferreira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), em mensagem de ontem:

Olá a todos,

Em relação ao Alferes Gamboa, eu tive vários contactos com ele, quer em Nova Lamego, ou até Piche, e possivelmente em Canjadude onde fui algumas vezes.

Aqui vai uma foto que tirei com ele, a última antes de ele morrer, agora me relembro, barbaramente assassinado [Foto nº2] . Foi por isso que o turra que apanharam no seguimento desse ataque, também foi maltratado, já depois de morto. Tenho a foto, uma delas, vou enviá-la para memória futura.
Foi o pessoal do pelotão de AML Daimler 1143, que 'trataram' dele. [Foto nº 4]

Eu tenho uma ideia de estar envolvido nessas viagens, e isso foi precisamente por volta de 14 de dezembro de 1967, estava lá há pouco tempo. Isto marcou-me, como é óbvio. Na foto aparece mais pessoal. O Gamboa está de chapéu de abas largas enroladas, eu estou ao lado dele.

Não sabia que era do QP, era um gajo porreiro a falar e conversar, levava tudo a brincar.


3. António José Pereira da Costa [, cor art ref, ex-alf art, CART 1692 / BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt  das CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74):

Mensagem de ontem, às 22:01:



Olá, Camaradas

O Alf Gamboa era um ano mais antigo do que eu.

Sai da Academia Militar em outubro de 1967 e terá embarcado ou ainda em dezembro de 1967  ou no início de janeiro de 1968.

Na altura a morte dele foi muito falada. Soube-se que foi brutalizado, esperemos que depois de morto, e que lhe deixaram um galão em cima do peito.

Soubemos que foi numa emboscada, mas não soube mais pormenores.

Um Abraço
António J. P. Costa


4. Excerto de texto de Virgílio Teixeira, publicado  no poste P 18145 (**)

(...) Há uma história triste com o alferes inf Gamboa, da CCAÇ 1589, que também estava subordinada ao nosso comando. Num certo dia de dezembro eu estava para ir numa coluna a Piche, estivemos a conversar debaixo duma enorme árvore, e tenho uma foto desse momento, com ele e outros militares que seguiram mais logo. Depois por qualquer razão que desconheço, não me deixaram ir, e a coluna partiu para Piche.

Uma ou duas horas depois vem uma informação de uma emboscada com minas e a noticia que um dos mortos era o alf Gamboa. Foi um choque. Apanharam um turra que fez parte dessa emboscada e trouxeram-no para Nova Lamego já morto, foram os elementos do pelotão AML 1143 e foi exposto na praça pública. Tenho fotos dessa exposição pública, não sei se interessa mostrar isto. Sei que depois se fizeram algumas barbaridades e eu, apesar de fotografar alguma coisa, não participei nesse baile.

Nessa noite fizemos o velório do Gamboa, ele usava um chapéu de cowboy americano com as abas para cima [, Foto nº 2]. Foi uma grande perda, pois falamos algumas vezes. (...)


5. Excerto do poste de 8 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6698: José Corceiro na CCAÇ 5 (14): Emissor receptor AN/PRC-10

(...) Em Canjadude, em 1971, pode-se testemunhar o seguinte: Durante uma flagelação do inimigo ao Aquartelamento, no dia 21 de Julho de 1971 ao escurecer, o fogo do IN danificou as duas antenas horizontais existentes do AN/GRC-9, que estavam instaladas e suportadas pelos ramos do embondeiro grande, que estava ao lado do campo de futebol e de uma mangueira que estava junto da Parada Alferes Gamboa.

O nome desta Parada, era uma homenagem ao Alferes Augusto Manuel Casimiro Gamboa que,  segundo se dizia, já após o término da sua comissão de serviço na Guiné, perdeu a vida numa emboscada do IN, no dia 14 de Dezembro 1967, quando a coluna que o transportava de Canjadude para Nova Lamego sofreu um ataque, em Uelingará, entre Canjadude e Nova Lamego. 

Contava-se em Canjadude, que foi todo esquartejado no tórax para lhe arrancarem o coração, assim como o despojaram de todos os seus haveres). (...)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 7 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17942: In Memoriam (308): Nelson Batalha (1948-2017), um dos 15 "ilustres TSF" do meu curso, meu padrinho de casamento, meu grande amigo e camarada...Natural de Setúbal, ferido em Catió, e depois de 10 anos a lutar contra o Alzheimer, acaba de cambar o Rio Caronte... A título póstumo, passa a integrar a nossa Tabanca Grande, sob o lugar nº 759 (Hélder Sousa, régulo da Tabanca de Setúbal)

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18145: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte V: Nova Lamego e São Domingos


Guiné > Região de Cacheu > São Domingos  > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >  São Domingos

Foto 242 – O Dakota 655 a levantar voo da pista de S. Domingos, talvez em abril ou maio de 68. Os abastecimentos e as deslocações daquela zona eram feitas por avião ou barco, a via terrestre estava interditado. As fotos das aeronaves eram feitas em muitas posições, e o normal era captar o avião numa pequena vala, deitado e virado com a máquina para o ar. Tenho fotos espectaculares, espontâneas, inéditas. A visita do Dakota significava a vinda e ida de militares, e o correio, e os víveres frescos, armamento e munições urgentes.



Guiné > Região de Cacheu > São Domingos  > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >  São Domingos

Foto 408 – É um impressionante pôr de sol, em São Domingos, 1968, época das chuvas, possivelmente entre maio e outubro. Tenho muitas destas, acho que parece o cogumelo da bomba atómica de Hiroxima e Nagasáqui. Para conseguir isto era preciso esperar às 6 horas da tarde, início da noite, e esperar a sorte para apanhar o sol e nuvens. Até merece ir para o concurso das melhores fotos!...


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAªÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > Nova Lamego

Foto 727 – Esta é uma rua de Nova Lamego, já era uma cidadezinha com ruas e população, alguns civis brancos, mas muito poucos, e eram Libaneses comerciantes. A tropa ocupava vários edifícios, isolados uns dos outros, mas aqui era o centro das operações do sector Leste, comandado pelo nosso Batalhão, tínhamos sob o nosso comando 17 unidades, entre várias Companhias da metrópole, comandos locais, milícias, pelotões independentes num total de cerca de 3000 homens, espalhados por Madina do Boé, Beli, Cabuca, Piche, Canquelifá, Buruntuma, Pirada, e tantas outras. Aqui os abastecimentos também eram feitos por via terrestre, organizavam-se colunas de muitas viaturas, fazia-se o percurso de 70 km até Bambadinca, onde descarregavam no porto os nossos abastecimentos. Também me coube a mim comandar algumas destas colunas, nunca tivemos problemas de maior, tínhamos Bafatá pelo meio, e aquilo era mais ou menos seguro. Estivemos lá entre outubro de 67 e fevereiro de 68.



Guiné > Região de Gabu >Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >    Foto s/n > Coluna Nova Lamego-Piche. De pé, o alferes mil SAM Virgílio Teixeira.



Guiné > Região de Gabu > Piche > Foto s/n (já aqui publicada no poste P18095)


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]



1. Esclarecimentos adicionais do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69):
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Quanto ao assunto da foto de Piche, é assim:

Eu fiz uma pesquisa completa nos meus papéis e fotos e em especial pelo livro original que tenho da 'História da Unidade - BCAÇ 1933'. Neste livro está cá tudo que passou sob o comando do BCAÇ 1933, quer em Nova Lamego, em Bissau - um mês - e em São Domingos. 

Foram muitas unidades que no total não andam longe de 40 a 50, não vou contá-las agora. Parte das Companhias orgânicas, como a  CCAÇ 1792 foi um mês mais tarde e para outras zonas, e a CCAÇ 1791 andou por Farim etc, só a  CCAÇ 1790 esteve em Nova Lamego, mas a maior parte do tempo sob o comando doutro batalhão, BCAÇ 2832, salvo erro.

Faziam parte das Unidades sob o comando do nosso Batalhão de NL, a CCAV 1662, eles tinham um pelotão em Nova Lamego, e por isso fazíamos muitas deslocações entre estas duas unidades. Estive a ler ontem muita coisa à procura do Capitão da 1662. Realmente encontrei-o, é mesmo o Cap Mil António Sousa Pereira, e encontrei o nome dele nas páginas dos Louvores, recebeu um Louvor no dia 1-3-68 do Comandante do Batalhão, que nessa altura era o nosso Ten Cor Armando Vasco de Campos Saraiva, e foi feito mais ou menos na hora da despedida de Nova Lamego. O nosso Cap Sousa Pereira era um homem bem fixe, por isso eu gostava de ir lá, Não sei a qual Batalhão pertencia esta Companhia, eu julgo que era do BCAV 1915 que nós fomos render em Nova Lamego, mas não encontrei nada, inclusive no blogue da Tabanca Grande,  por isso não afirmo. 

Nunca mais osube deste camarada Capitão Sousa Pereira, pode ser que ele venha a ver a foto e dê sinais de vida, oxalá!

Curiosamente encontrei uma foto da autoria do alf mil médico Lema Santos, na hora do embarque, em 4 de agosto de 1969, mas tirada de terra para o mar, ao contrário das minhas, pois eu já estava no Uíge desde o dia anterior, e muita tropa também embarcou de terra no porto de Bissau, e foi essa que ele postou - é assim que se chama? - Pelos vistos ele anda por aí também na Tabanca Grande

Sobre a nossa foto, está à esquerda um Homem da terra, pertencia lá à religião cujo templo é o fundo da foto, depois temos o capitão [António Sousa Pereira, cmdt da CCAV 1622] o nosso médico, alf mil Lema Santos, eu,  Virgilio Teixeira, e ao meu lado direito um cabo do meu batalhão que me lembro bem dele, mas não sei o nome nem o que fazia em concreto na nossa companhia.


Alf inf Gamboa
Foto: Academia Militar,com a devida vénia 
Há uma história triste com o alferes inf Gamboa, da CCAÇ 1589,  que também estava subordinada ao nosso comando. Num certo dia de dezembro eu estava para ir numa coluna a Piche, estivemos a conversar debaixo duma enorme árvore, e tenho uma foto desse momento, com ele e outros militares que seguiram mais logo. Depois por qualquer razão que desconheço, não me deixaram ir, e a coluna partiu para Piche. 

Uma ou duas horas depois vem uma informação de uma emboscada com minas e a noticia que um dos mortos era o alf  Gamboa. Foi um choque. Apanharam um turra que fez parte dessa emboscada e trouxeram-no para Nova Lamego já morto, foram os elementos do pelotão AML 1143 e foi exposto na praça pública. Tenho fotos dessa exposição pública, não sei se interessa mostrar isto. Sei que depois se fizeram algumas barbaridades e eu, apesar de fotografar alguma coisa, não participei nesse baile. 

Nessa noite fizemos o velório do Gamboa, ele usava um chapéu de cowboy americano com as abas para cima. Foi uma grande perda, pois falamos algumas vezes. (***)


2. Continuação da publicação de um conjunto de fotos, selecionadas, do álbum do nosso camarada Vírgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*).

Cremos que o Virgílio Teixeira é o primeiro alferes miliciano SAM - Serviço de Administração Militar,  a integrar a nossa Tabanca Grande. É economista reformado.

Recorde-se que o nosso camarada Virgílio Teixeira passou o Natal de 67 em Nova Lamego, e o Natal e Fim de Ano de 68 em São Domingos (**)

O alf mil SAM Virgílio Terixeira
Como fez questão de partilhar connosco a sua vida militar, sabemos que o Virgílio Teixeira:

(i) entrou em Mafra, na Escola Prática de Infantaria (EPI),  em 3 de janeiro de 1967, ainda antes de completar os 24 anos de idade:

(ii) como habilitações literárias, tinha já os dois primeiros anos da Faculdade de Economia do Porto;

(iii)  ao fim de 9 meses, partiu de Figo Maduro em 20 de setembro desse ano num avião militar, com o comando avançado para render o outro batalhão., o BCAV 1915, que seguiu para Bula;

(iv) fez  o serviço no CTIG  como alferes miliciano, sendo a sua especialidade o serviço de  administração militar (SAM), portanto chefe do conselho administrativo do BCAÇ 1933, ou seja. o oficial mais perto do comandante de batalhão;

(v) não sendo  "operacional", não pode, por isso, "contar muita coisa sobre operações em concreto, embora tivesse feito muitas colunas militares de reabastecimentos, quer por rio ou por estrada, fazendo muitas patrulhas à volta dos aquartelamentos, e vivendo muitas vezes os bombardeamentos contínuos às nossas posições, pois como digo sempre, as balas e morteiros não traziam o código postal de destino, caíram muitas à porta do meu dormitório, da messe e em muitos outros lugares";

(vi) faz questão também de declarar  que dá "um valor enorme ao sacrifício das nossas tropas": "conheço,  por aquilo que leio agora, o que se passou e nós não sabíamos quase nada. Passaram mais de 40 anos até se perceber o que foi aquela guerra".

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 21 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18117: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte IV: Bissau, ponte-cais, 4 de agosto de 1969, no regresso a casa.. O fotógrafo estava lá em cima, no N/M Uíge, a ver chegar as lanchas LDG, LDM e LDP, carregadas de tropas vindas do interior e que encostaram ao navio... Vinha tudo ao molhe e fé em Deus!

(**) Vd. poste de 23 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18129: Feliz Natal 2017 e Melhor Ano Novo 2018 (10): Virgílio Teixeira, ex-Alf Mil SAM da CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)

(***) Augusto Manuel Casimiro Gamboa, alf inf. QP, morto em  14/12/67. Era natural de São Tomé e Príncipe. Está sepultado no cemitério do Alto de São João, Lisboa.

Ver  também poste de  poste de 29 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6658: Lista alfabética dos 75 alferes mortos no CTIG, 54 (72%) dos quais em combate (Artur Conceição)

Ver ainda poste de 8 de julho de  2010 > Guiné 63/74 - P6698: José Corceiro na CCAÇ 5 (14): Emissor receptor AN/PRC-10

(...) Em Canjadude, em 1971, pode-se testemunhar o seguinte: Durante uma flagelação do inimigo ao Aquartelamento, no dia 21 de Julho de 1971 ao escurecer, o fogo do IN danificou as duas antenas horizontais existentes do AN/GRC-9, que estavam instaladas e suportadas pelos ramos do embondeiro grande, que estava ao lado do campo de futebol e de uma mangueira que estava junto da Parada Alferes Gamboa. (O nome desta Parada, era uma homenagem ao Alferes Augusto Manuel Casimiro Gamboa, que segundo se dizia, já após o término da sua comissão de serviço na Guiné, perdeu a vida numa emboscada do IN, no dia 14 de Dezembro 1967, quando a coluna que o transportava de Canjadude para Nova Lamego sofreu um ataque, em Uelingará, entre Canjadude e Nova Lamego. Contava-se em Canjadude, que foi todo esquartejado no tórax para lhe arrancarem o coração, assim como o despojaram de todos os seus haveres). (...)