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quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25081: As mulheres que afinal foram à guerra (21): Cerca de 400 aerogramas estavam ainda esta manhã à venda, ao desbarato, no OLX - Parte I - O remetente era o nosso camarada José..., ex-1º cabo radiotelegrafista, nº mec. 1491/64, CCAÇ 763, "Os Lassas" (Cufar, 1965/67) - II ( e última) parte: As agruras de um operacional de trms no mato: a Op Razia, 15/16 de maio de 1965, relatada a uma jovem correspondente



Fonte: OLX  > https://www.olx.pt/d/anuncio/aerogramas-guerra-colonial-frica-ultramar-cufar-guiné-bissau-car (o anúncio ainda lá estava esta manhã) (reprodução com a devida vénia...)


1. Segunda e última parte de um texto relativo a um maço de cerca de 4 centenas de aerogramas que apareceram recentemente no OLX para venda. O vendedor fez uma  oferta de 470 € ("negociável). É do Porto, Campanhã.

Escrevemos (*): 

"É chocante ver este maço de aerogramas vendido em leilão "on line", ao desbarato. Foram escritos por uma camarada nosso, José..., ex-1º cabo radiotelegrafista, nº mec 1491/64, CCAÇ 763, "Os Lassas (Cufar, 1965/67), a companhia do nosso camarada Mário Fitas, e que teve um intensa atividade operacional no sul da Guiné. (Tem, de resto, mais de 70 referências no nosso blogue.)" 

Afinal, o lote ainda estava "on line" esta manhã (para o caso de haver algum comprador interessado...), não tendo por isso mudado de dono. (Quando mudar, que fique ao menos em boas mãos.)

Em todo o caso, convém referir que todos os aerogramas que escrevemos, durante os anos de 1961 a 1975, a terceiros (esposa, noiva, namorada, madrinha de guerra, pais, irmãos, amigos, vizinhos, colegas,  camaraadas, etc.) não nos pertencem. Nem, na maior dos casos, sabemos agora por onde param.

Há, por isso,  sempre o risco de ver a nossa vida íntima daquele tempo, na "praça pública", no OLX, na Feira da Ladra (Lisboa), na  Feira da Vandoma (Porto), nos antiquários, nos alfarrabistas, nas redes sociais, etc.

Os nossos aerogramas podem ter (e têm) interesse documental, do ponto de vista das ciências sociais e humanas (da linguística à história, da etnologia à sociologia, etc, ). Por isso, fica aqui mais um apelo para tentarmos recuperar, salvar e fazer a sua doação ao Arquivo Histórico-Militar. (Mas os nossos leitores podem também mandar cópia digital de alguns, de maior interesse, para publicação no nosso blogue, que é de todos. )

Segue-se, a título meramente ilustrativo, didático ou pedagógico, a reprodução de três excertos de um ou ou mais dos aerogramas acima referidos, a partir da amostra que o vendedor facultou no OLX (que, como é sabido, é uma empresa global de comércio eletrónico, sediada em Amsterdam, Países Baixos, fundada em 2006, está presente em cerca de meia centena de países; publica anúncios classificados na Internet, em geral oferta de coisas em segunda mão, desde livros a mobiliário).

2.  Desconhecemos quem é a destinatária destes aerogramas, tal como não sabemos a identidade do remetente... Pelo teor dos mesmos (ou dos escassos fragmentos de que dispomos),  a destinatária é uma jovem rapariga, menor, de 18/19 anos, namorada ou madrinha de guerra do nosso "Lassa", ex-1º cabo radiotelegrafista, que fez a guerra em Cufar, região de Tombali, entre 1965 e 1967. Era alguém das relaçóes próximas do remetente, vivendo com os padrinhos deste...

Com a 4ª classe de escolaridade (naquele tempo), o nosso "Lassa" evidencia uma boa  caligrafia, escreve com desenvoltura, com um estilo onde se reconhece facilmente a  oralidade dos meios rurais (talvez nortenhos). Tivemos que recorrer aos parênteses retos para recuperar uma ou outra palavra cortada nas imagens. Um ou outro erro ortográfico ou de gramática também foi corrigido por nós. Mas, no essencial, fizemos questão de manter a pontuação e a ortografia originais. O autor fala da sua vida como operacional (os radiotelagrafistas saíam para o mato mas ele também era "eletricista" no qurtel de Cufar, ainda sem luz!) e das suas relações  com a sua correspondente (e confidente). No primeiro fragmento (aerograma datado de Cufar, 17 de maio de 1965)  há uma breve mas dramática  descrição da Op Razia (Cufar Nalu, 15/16 de maio de 1965) sem, todavia, mencionar o seu nome (mas  só pode ser esta).

***
Cufar, 17 maio 1965.

Meu Amor:

Ao principiar este, faço votos para que os padrinhos se encontrem de óptima saúde, que eu, com a graça de Deus, cá vou andando.

Amor, o motivo de eu não te ter escrito é o facto, primeiro de ter estado novamente com febres, mas desta vez foi pior que a outra. E a outra razão é motivada por ter que ter ido fazer uma operação especial, à tal mata que já te tinha dito, [aonde ] ainda não se tinha conseguido lá ir entrar, pois os terroristas não o consentiam.

Essa operação demorou vários dias, ou seja, ao certo três dias, os quais todos nós passámos o que só Deus sabe. Mas não interessa agora o cansaço, nem o susto que apanhámos, pois não tivemos um único ferido, nem morto e conseguimos lá entrar.

As balas [choviam] por todos os lados, os morteiros e as bazucas também não se calavam, enfim, isto contado não acreditam 99% do que se passou.

Os tiros que mais medo nos metiam, e que vinham de cima das árvores, e nós não conseguíamos [localizá-los].  Estivemos  assim uma boa hora que para nós  [pareceu] toda a nossa vida, até que o fogo cessou. Depois fomos nós ao ataque, mais tiros para ambos os lados, mas eles não consentiam que se lá [entrasse].

Tivemos, então, que recuar para dar vez da artilharia fazer a sua parte de ataque. Então começaram a cair morteiros e obuses em cima do acampamento inimigo. Por sua vez, os aviões bombardeiros  [T6] começaram a bombardear também. Num curto prazo de 15 minutos a mata começou a arder por todos os lados. Tivemos que esperar que ardesse para voltar novamente ao ataque.

Não fazes uma pequena ideia como é que nós estávamos nessa altura. Mesmo debaixo do fogo, nós andávamos para a frente. Nessa altura, não se pensa em ninguém, só se pensa em frente [?] e nada mais.

Juntamente connosco, estiveram também presentes mais três companhias e a aviação. Estiveram também presentes a equipa de cinema [fotocines] para mandarem depois para a metrópole. Qualquer dia destes deves ler no jornal, até podes ver a partir do dia 17, pois nós entrámos lá no dia 16, altura em que conquistámos a mata. Mas também, mais dia menos dia, veremos (…)

***

(...) Sinceramente, não gosto disso, mas tu é que sabes o que queres e, além disso, já vais fazer 19 anos. Espero também agradecer-te os aerogramas que dizes me vais mandar. Para a próxima vez já não volto a pedi-los a meu pai para ele não te dizer nada. Julgo que, embora o meu pai não [pudessel] ainda havia mais pessoas em casa para os mandar. Mas o meu pai é destas graças.

Também já me esquecia de te agradecer a tua foto que me tinhas prometido. Embora ainda não tivesse chegado, agradeço-te na mesma. O meu oferecimento continua de pé. Quando receber uma fotografia [tua], envio duas minhas. Sem receber nenhuma, também não te mando.

Quanto ao aerograma que me mandaste, o que até tinha umas linhas a “VERMELHO”, ainda não o li nem sei quando terei paciência para o ler. No entanto, está aqui de lado para quando eu tiver disposição.

Junto te envio uma pequeno cartão de aniversário, já que não pode ser melhor. Faço votos para que esse dia para ti seja feliz, e te decorra da melhor maneira na companhia de familiares e amigos. Desculpa não te mandar uma minha de prenda, mas como tu também não te importas de fazer, acho que não vale a pena eu fazê-lo. Por agora (…)

***

(...) É certo que tenho algumas vezes que sou eu que, com esta vida, não tenho [paciência] nem cabeça para escrever. Ainda esta semana o tempo que tive […], foi a mesma coisa, pois eu presentemente tanto sou radiotelegrafista como sou também electrecista. Como aqui não há luz, eu é que tenho andado a montar [a rede], mas esta semana já chega uma equipa de engenharia para me auxiliar nestes trabalhos. Entretanto, eu cá vou me desenrascando […], e é também uma maneira de passar melhor o tempo.

Aém disso, que não é tudo [?], ainda tenho as saídas para o mato que, apesar de eu já ter feito sete, com a [graça] de Deus tudo tem corrido da melhor maneira e na minha companhia ainda não temos nenhum ferido, pois também ainda não tivemos nenhum ataque.

Mudando agora de assunto e dizendo-te antes que me fizeram aqui um concurso para atribuir um nome à nossa cantina. […] Quando,  ao fim de um mês, se foram ver os nomes, fui eu que ganhei, com o nome de “GUERRA E PAZ”. Ainda não recebi o prémio, segundo dizem parece ser uma cerveja, o que é sempre melhor que [nada].

Quero desde já perguntar de como vai  ultimamente a saúde da madrinha, já está melhor, já pode comigo ao colo? Isso é que é preciso, para quando eu aí chegar ela me levantar ao ar. 

E tu, amor […]

(Seleção, revisão / fixação de texto, parênteses retos: LG.)

(PS - Perdi uma manhã inteira a fazer este poste, no mínimo foram 6 horas de trabalho intenso; a escrita dos aerogramas teve de ser lida, com lupa (!), ditada para o gravador do meu PC, que processou depois o texto, e que eu tive naturalmente de rever; os robôs ainda não fazem blogues, mas é só uma questão de tempo e nessa altura reformo-me mais o Carlos Vinhal.)


2. Comentário do editor:

A operação aqui referida é a Op Razia, no Sector S3 - Catió, temos várias referências no n0sso blogue a esta dura batalha em que o PAIGC sofreu um grande revés (**):

(...) " Em 15Mai65, durante a operação "Razia", com a participação das CCaç 617, 763, 764 e CCav 703, o ln opôs forte resistência no interior da mata de Cufar Nalu e junto ao acampamento, tendo sofrido vários mortos. 

As NT mantiveram o cerco durante a noite, tendo sido assaltada a "base de
Cufar Nalu", no dia 16, que acabou por ser destruída, sendo capturados
vários sabre-baionetas, granadas de lança-granadas foguete, munições, carregadores, catanas e outro material de guerra. 

As NT verificaram que o ln estava disperso pela mata e empoleirado nas árvores e junto ao acampamento estava instalado em trincheiras e abrigos dispostos na periferia. O acampamento dispunha de 3 abrigos enterrados, com seteiras e diversos abrigos individuais. A base era constituída por 10 casas de grandes dimensões e 5 mais pequenas, servindo uma delas de enfermaria; a construção era de pau a pique, com cobertura de zinco, numa lotação total de 200 homens;
a densidade da mata dava-lhe uma perfeita dissimulação e tomava muito
difícil a sua localização." (...)

Fonte: Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 6º volume:  aspectos da actividade operacionaç Tomo II: Guiné, Livro I. Lisboa: 2014. pp. 14/315
____________


(**) Vd. postes de;

22 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16512: Pré-publicação: O livro de Mário Vicente [Mário Fitas], "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (2.ª versão, 2010, 99 pp.) - XIII Parte: Cap VII: Guerra I: 15 de maio de 1965, op Razia: a mata de Cufar Nalu agora é nossa!... Viva a merda da guerra!...

31 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10599: (In)citações (43): Recordando coisas da Guiné (Manuel Lomba)

19 de dezemb5ro de 2010 > Guiné 63/74 - P7474: Resenha histórica da CCAÇ 764 (Aldeia Formosa, Colibuia, Cumbijã, 1965/66): Pela garra se conhece o leão (Parte I) (António Clemente)

Guné 61/74 - P25078: S(C)em Comentários (25): Salvemos a nossa correspondência de guerra, e nomeadamente os aerogramas que escrevemos (amarelos) e que recebemos (azuis)



Um exemplar do aerograma amarelo, gratuito para os militares. "Este Aerograma foi-me devolvido tal como está, traçado de balas ou estilhaços na emboscada de 26/10/1971, efectuada à coluna Piche-Nova Lamego, em que faleceram o Alf Mil Soares, o 1º. Cabo Cruz, o Sold Cond Ferreira e o Sold Manuel Pereira, todos da CART 3332. Guardo-o religiosamente comigo..." (Carlos Carvalho,, ex-fur mil, CCAV 2749/BCAV 2922, Piche e Ponte Caium, 1970/72).


Aerograma azul recebido pelo nosso camarada João Crisóstomo, SPM 2918 (a viver hoje em Nova Iorque, EUA). O aerograma azul era vendido a familiares e madrinhas de guerra, ao preço unitário de 20 centavos (até 1971), e depois 30 centavos (a partir de 1971) (a preços de hoje, e na moeda em vigor, seriam 9 e 8 cêntimos, respetivamente).

Fonte: Arquivo (digital) do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)


1. Foram 376 milhões os aerogramas distribuidos pelo Movimento Nacional Feminino durante a guerra colonial / guerra do ultramar, de acordo com a investigadora Sílvia Espírito-Santo. Foi criado em meados de 1961.  (*)

...Mesmo que 20% não se tenha usado (metido no correio), temos 300 milhões de aerogramas amarelos e azuis escritos, que circularam no "Portugal multirracial e pluricontinental" de então...

A grande maioria já se perdeu irremediavelmente: foram parar ao caixote do lixo, à Feira da Lada, à Feira da Vandoma, ao OLX, etc. É pena, são documentos de uma época, de uma geração, de uma sociedade... São documentos nossos, pedaços da nossa pequena história que devem alimentar a História com H grande, 

Os amarelos, sobretudo, os que eram de distribuiçãoo gratuita aos militares.  Os que os nossos camaradas mandaram, de África (e nomeadamemte da Guiné, Angola, Moçambique) para a família, as namoradas, as noivas, as madrinhas de guerra, os amigos, os vizinhos, os colegas de escola e de trabalho, os camaradas de armas, etc. (**)

Reforçamos aqui o apelo do nosso blogue para que os salvemos e os divulguemos.) (***)

2. Por seu turno, o nosso grão-tabanqueiro Antrón J. Pererira da Costa, cor art ref, já aqui,  por várias vezes,  chamou  a nossa atenção para um projecto do Arquivo Histórico Militar (AHM): 

"Chama-se 'Faltam Elementos'  e resume-se a enviar, se possível tratados pelo próprio, todos os documentos de todos os tipos que possam (e devam) ser arquivados no AHM.

"Uma carta não é assim muito cara e basta acrescentar a identificação do dono dos documentos e dar, por seu turno, autorização para utilização e estudo do AHM" (...).
____________

Notas do eidtor:

(*) Vd. poste de 28 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23119: Bibliografia (50): Movimento Nacional Feminino: Área de apoio material: secção de aerogramas (Sílvia Espírito-Santo, excerto de artigo em preparação, cortesia da autora)

(**) Vd., poste de 16 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25074: As mulheres que afinal foram à guerra (20): Cerca de 400 aerogramas estavam ainda esta manhã à venda, ao desbarato, no OLX - Parte I - O remetente era o nosso camarada José..., ex-1º cabo radiotelegrafista, nº mec. 1491/64, CCAÇ 763, "O Lassas" (Cufar, 1965/67), a companhia do nosso grão-tabanqueiro Mário Fitas

(***) Último poste da série > 28 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P25009: S(C)em Comentários (24): Os últimos anos do Amadu Djaló (1940-2015) devem ter sido de uma grande amargura e de arrependimento (Cherno Baldé, Bissau)

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23237: Efemérides (367): Faz hoje precisamente 55 anos que um estrangeiro, o ten-cor H. Meyer, adjunto do Adido Militar Americano em Lisboa, participava, com as NT (CART 1525, Bissorã, 1966/67) na Op Beluário... Não sabemos em que circunstâncias nem a que título (Virgínio Briote)


Guiné > Carta de Mansoa > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bissorã, a norte de Biambe e de Mansoa, bem como de  Queré (onde em 1967 o PAIGC tinha uma base)...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)



Guiné> Mapa da província (1961) > Escala 1/500 mil > Pormenor: posição relativa de Bissorã, Biambe e Encheia, entre Mansoa, Binar e Bula, em plena região do Oio... A vermelho, está sinalizada Queré, uma base do PAIGC, ativa em 15/3/1970. As estradas Biambe-Bissorã e Encheia-Bissorã estavam na altura cortadas.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


1. Descobrimos há dias, eu e o Virgínio Briote, esta "preciosidade" que reproduzimos a seguir.  Trata-se do relatório sucinto da Op Beluário, que vem na página 65 do historial da CART 1525, "Os Falcões" (Bissorã, 1966/67). Foi um dos nossos camaradas do Arquivo Histórico-Militar, cujo nome não fixei, que deu a "dica" ao Virgínio Briote.

Confirmámos a informação, que consta da história da página de "Os Falcões", uma das mais antigas,  existentes  na Internet, das páginas dos ex-combatentes da Guiné.  Achámos por bem fazer este poste na série Efemérides (**). Na realidade, a Op Beluário realizou-se há precisamente 55 anos, em 6/5/1967.

O que torna digna de registo a Op Beluário, para além do "desenrolar da ação" (comum a muitas outras operações realizadas no TO da Guiné), é que nela participou  um estrangeiro, o tenente coronel H. Meyer, Adjunto do Adido Militar Americano em Lisboa...  Era para todos os efeitos um estrangeiro, embora representando um país amigo de Portugal, e aliado da NATO.

Não sabemos a que a título, nem em que circunstâncias, integrou esta operação. Nem sabemos se foi armado ou levou guarda-costas. Tanto quanto sabemos, não era "normal" a participação de militares estrangeiros em operações do exército português no TO da Guiné. Todavia, o adido do Adjunto Militar Americano em Lisboa, podia estar de visita à Guiné, ao tempo do gen Arnaldo Schulz. Podia ter visitado Bissorã e ter sido convidado pelo comandante da companhia, o Cap Art Jorge Manuel Piçarra Mourão (**), para "fazer o gosto ao dedo"... Por certo que não foi uma "missão secreta", para  tal facto, honroso para "Os Falcões",  vir mencionado na história da unidade. Humor à parte, talvez o camarada Rogério Freire possa satisfazer a nossa natural curiosidade.



2. C
ART 1525, "Os Falcões", Bissorã (1966/67) >Atividade Operacional > 41. Operação Beluário 

QUERÉ,  carta de  Mansoa, 06Mai67

MISSÃO

Golpe de mão ao esconderijo onde se presumia a existência de armamento pesado, seguindo-se uma batida a toda a zona.

FORÇA EXECUTANTE

- Comandante da Companhia;
- Companhia (Comandos e 1º Gr Comb), um Pelotão de Milícia e um Pelotão de Polícia Administrativa;
- Tomou parte na operação o Exº Ten Coronel H. Meyer, Adjunto do Adido Militar Americano em Lisboa (negritos nossos);
- Actuou ainda na zona a CART 1612;
- Apoio Aéreo.

DESENROLAR DA ACÇÃO

Saíram as NT pelas 00h00, seguindo pela estrada do Biambe, e atingindo a zona do objectivo pelas 05h00. O deslocamento fez-se sem incidentes. 

Chegados ao local indicado pelo guia, este não deu quaisquer indicações dignas de crédito, confundindo-se e provando cabalmente que desconhecia por completo qualquer refúgio do IN, onde ele albergasse o seu armamento. 

Feita uma pequena batida na zona indicada inicialmente pelo guia, em Mansoa 2 C/5, nada de especial foi referenciado, a não ser vestígios de comida e permanência inimiga, debaixo de uns mangueiros. No intuito de provocar o IN,  obrigando-o a referenciar-se, iniciou-se então uma batida para S, a W da bolanha do Queré. 

Pouco depois de a mesma se haver iniciado, o IN efectivamente reagiu à penetração das NT, com intenso tiro de LRock (10 granadas), Mort 60 (6 granadas) e Mort 82 (2 granadas), ML e PM, durante cerca de 30 minutos. 

O fogo foi aberto do nosso lado esquerdo, sensivelmente em Mansoa 2 D1/51, e muito perto das tropas que seguiam desse lado da batida (Pol Adm), ocasionando imediatamente 12 feridos (9 Pol., l Mil. e 2 soldados). 

Entretanto, na reacção, as NT tentaram envolver o IN na sua posição, cercando-o por S, mas este mal se apercebeu da nossa manobra retirou sem mais fogo. 

Pelas 06h45 surgiu o PCV, sendo-lhe pedido o indispensável apoio e meios para as evacuações, que contudo só terminaram cerca das 08h30. 

Por indicação do PCV, continuou-se depois a batida mais para S, até se atingir a bolanha de Camã. Aqui foram incendiadas algumas tabancas abandonadas e, próximo do local (Mansoa 2 B8/41), foi destruída uma escola, com capacidade para cerca de 50 alunos. 

Continuando-se a batida, no dispositivo adequado, e sem que o IN jamais se tenha vindo a revelar, destruíram-se mais algumas tabancas, junto à orla O da bolanha do Queré. 

Pelas 10h00 e debaixo de um sol escaldante, iniciaram as NT a retirada, a qual por esse facto se tornou particularmente penosa, vindo a atingir a estrada do Biambe, e ali serem recolhidas em viaturas, chegando a Bissorã pelas 12h00.

Fonte: Página da CART 1525, "Os Falcões", Bissorã, 1966/67, criada, administrada e editada pelo nosso amigo e camarada, ex-alf mil mil MA, Rogério Freire, ex-alf mil art MA, membro da nossa Tabanca Grande desde 13 de outubro de 2005. 

___________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 1 de maio de 2022 > uiné 61/74 - P23219: Efemérides (366): "O primeiro 1.º de Maio", por Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20249: Brasões, guiões ou crachás (8): A nossa bicharada de estimação ou o bestiário da nossa guerra... dava uma tese de doutoramento em antropologia!


































Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)


1. Não sei se algum camarada, com espírito de colecionador, tem a lista completa com os "nomes de guerra" das nossas unidades e subunidades, nomeadamente as que passaram pelo TO da Guiné entre 1961 e 1974. (E também os seus lemas ou divisas...)

A mim, particularmente, interessava-me conhecer e analisar o "bestiário da Guiné": pelo breve apanhado que fiz (ver acima alguns brasões, crachás e/ou miniguiões,trata.se de  um amostra de conveniência...) , temos todos e mais alguns nomes da bicharada da arca de Noé, dos Tigres do Cumbijã (CAV 8351), aos Leões Negros (CCAÇ 13), passando pelos Falcões (CART 1525) e os Abutres (CCAÇ 3545) ... Os Lacraus (CART 11) também eram/são criaturas de Deus e temidos pela sua peçonha. E, para não parecermos racistas, é até criámos umas Águias Negras (BART 645), umas Onças Negras (CCAÇ 6) e uns Gatos Pretos (CCAÇ 5).

Não sei se alguém já teve a ideia de fazer um apanhado desta bicharada, ou do nosso "bestiário"... Do céu à terra, e se calhar ao mar, há cá de tudo,dos Répteis de Contuboel (CCAÇ 3547), dos Jagudis (CCAÇ 3, ou pelo menos, de um grupo de combate da CCAÇ 3, comandado pelo nosso camarada e amigo A. Marques Lopes). Os camaradas da CCAÇ 3325, por sua vez, eram os Cobras de Guileje.

Temos muitos animais, dos felinos às aves de rapina, há cá tudo como no Jardim Zoológico, dos Gaviões (Pel Caç Nat 52, mas também  CCAÇ 2796) aos Leopardos (38ª CCmds), sem esquecer os Jacarés (CCAÇ 1586) e os Panteras, em duplicado (CCAÇ 3538 e CART 1742)., uns talvez mais "astutos e ferozes" do que outros.

Será que havia ratos, sapos, doninhas... ? Ninguém gosta de ratos...E símbolos de paz, como os pombos ou as aves do paraíso  ou as borboletas ? Não deveria haver. Até cães havia...Mas os Elefantes, ainda não os encontrei...em os Hipopótamos, os Tubarões ou as  Baleias...

Em boa verdade, seria ridículo as Baleias ou as Avezinhas do Paraíso iram para o mato...Os "nomes de guerra" são isso mesmo, são para impressionar e intimidar o inimigo... Ou servem tudo para reforçar a identidade e o espírito de corpo dos militares e do seu grupo ?

De qualquer modo, também aqui os bravos da Guiné não se mediam aos palmos: veja-se o caso  dos Lassas (CCAÇ 763), um formidável exército de formigas ("lassas"), guiadas por cães e comandadas por um "leão", o Leão de Cufar...

O Leão (mais o Milhafre ou o Açor ?) aparece no brasão da CCAÇ 2726, mobilizada pelo BII 18 (Açores). E quem também não podia faltar era o patriótico Galo de Barcelos, a "mascote" dos Magriços de Guileje (CCAÇ 2617). De igual modo,  a CCAÇ 4143 tem o Leão (Jubas) , o rei dos animais, no seu guião, leão que também  aparece no brasão dos bravos da CCP 121 / BCP 12.

Ah!, também os Vampiros (CCAÇ 2367) fizeram a guerra da Guiné... sem esquecer os veteranos da CCmds da Guiné (Brá, 1965/66): o alferes António Vilaça  comandava  o Gr Cmds Vampiros,  de que faziam parte entre o Jamanca e o Justo (, integrarão mais tarde  a 1ª Companhia de Comandos Africanos, tendo sido executados pelo PAIGC, já depois da independência).

Nessa época. a nossa imaginação era mais limitada, bem como o próprio bestiário: ainda não havia a mania dos Dinossauros nem o T. Rex, o Tyrannossaurus, tinha chegado às salas de cinema... Mas já era popular o King Kong, o Gorila Gigante, desde os anos 30...

De resto, na Guiné, não havia gorilas, só em Angola, em Cabinda, na floresta do Maiombe. O BCAÇ 11 (Cabind, Angola, 1970/72) foi buscar a figura do Gorila de Maiombe para sua mascote. Na Guiné havia o chimpanzé (o "dari", em crioulo), mas não creio que alguém tenha aproveitado a ideia de o meter num brasão militar...

2. Não tenho espírito de colecionador, mas admiro os colecionadores. Não sou persistente o suficiente (nem obsessivo, perfeccionista, metódico, muito menos rico...) para fazer uma colecção do que quer que seja (borboletas, caricas, notas e moedas, caixas de fósforo, livros raros, obras de arte, ...até às loiras e aos carros!).


Minto, tive em tempos uma colecção de recortes de jornais e revistas, devidamente tratada, com os artigos ou notícias recortados e colados em folhas de papel A4... Isto muito antes da era dos computadores e da Internet. 

Cheguei a ter, no "escritório" do meu sótão, .largas e largas dezenas de arquivadores, de A a Z, com alguns vinte mil recortes (incluindo coisas, poucas, da "guerra colonial",  já que naquele tempo, antes e depois do 25 de Abril,o tema era tabu) ...

Um dia deu-me uma fúria danada e fiz um "auto de fé" (neste caso, acabou tudo ingloriamente, anos de trabalho, não no "papelão" (ainda não havia o "papelão" nem "vidrão"),  mas no caixote do lixo indiferenciado... Tal como o Zé Manel, o nosso Josema, da Régua, fez com os poemas que ia compondo religiosamente, todos os dias, nas patrulhas de segurança, à nova estrada em construção Mampatá, Nhacobá, Colibuia, Salancaur, etc. O seu suplício de Sísifo!

Um dia o mesmo vai acontecer (ou já com aconteceu, infelizmente, acontece todos os dias, sempre que um ex-combatente morre) com as nossas fotos, álbuns, objectos, aerogramas, cartas, diários, poemas, agendas, rascunhos, segredos, fardamento, roncos, estatuetas, e por aí forma... 

Um dia vai acontecer o mesmo com o nosso corpinho (1 metro e 72, 75 quilos): sete palmas de terra, um caixão, umas pasadas de terra e cal... Ou então, crematório, com ele, que é para não ficar cá a feder...e a roubar espaço aos vivos...

Os vivos, em todas as culturas e em todas as épocas, apressam-se a queimar os pertences dos mortos, depois de queimarem ou enterrarem o seus corpos... Com uma única excepção: o ouro, a prata, o vil metal, as notas de banco e os títulos de propriedade dos bens imobiliários... Dizem que é para os "purificar" dos "pecados terrenos"...

Por isso eu só posso aplaudir a iniciativa dos nossos camaradas António J. Pereira da Costa (, o "Tó Zé"), do Eduardo MR, do Carlos Coutinho e dos demais coleccionadores da nossa Tabanca Grande e demais tabancas... Guardemos o que pudermos para um futuro museu da(s) Guerra(s) de África... Simplesmente por "dever de memória"!... Ou por respeito por nós!... Sobretudo por respeito por nós!...

Eu até já tenho, sem querer,  um pequeno núcleo, desde uma espada de régulo (mandinga, creio eu) que me ofereceu o Juvenal Amado até alguns emblemas e sobretudo livros, até as cartas e aerogramas (centenas) que o Beja Santos escreveu à Cristina e que eu estou incumbido de entregar, um dia, ao Arquivo Histórico-Militar...

Mas podemos pensar melhor: talvez um dia possamos mesmo ter um museu (ou núcleo museológico) dedicado à Guiné (1961/74)... Tem é que haver uns carolas com sentido de missão e capacidade organizativa para esta missão, se possível com alguma formação museológica...

Com a idade em que estamos e com os problemas de saúde que aí vêm, é difícil arranjar alguém que lidere esta iniciativa... Se calhar é preferível optar por soluções mais expeditas: doar o corpo ao departamento de anatomia de uma faculdade de medicina (, como fez recentemente um amigo que morreu de cancro) e os nossos pertences (de guerra) ao Arquivo-Histórico Militar...

A lista dos objectos pode ser publicada no nosso blogue, para saber onde param os itens, qual a a sua origem, significado, dono ou fiel depositário, etc.

Antes que tudo acabe, tristemente, na feira da Vandoma (no Porto) ou na Feira da Ladra (em, Lisboa)... E depois vá parar à estranja (Américas, Alemanhas, Inglaterras, China etc.) para estudo dos historiadores dos conflitos geo-estratégicos que nunca molharam o cu numa bolanha nem apanharam um balázio no ombro ou ficaram sem um pé numa mina ou tiritaram de frio com paldudismo...

Camaradas, amigos, camarigos: TUDO ISTO É PATRIMONIO e, embora imaterial, tem um valor incalculável... Porra, tenhamos orgulho nas nossas coisas, grandes, médias, pequenas ou micro... Até nas nossas ninharias!... A começar pelos brasões, crachas e guiões...

Um dia, estes gajos todos, dos pipis aos fanfarrões, que nos sucederem, ainda vão olhar para a nossa geração e dirão:

- Fogo!, gente do carago!

3. Esta matéria já foi abordada neste blogue pelo nosso camarada de armas Carlos Coutinho, que é um dos maiores coleccionadores nacionais desta temática. Muito dedicado, possui, segundo me disse, há uns anos atrás,  cerca de 2 mil emblemas e mini-guiões de Unidades que cumpriram as suas comissões no Ultramar (, não sei se em suporte físico ou em formato digital)... [Hoje são mais de 3 mil!).

Aliás o Carlos Coutinho ofereceu-nos já, em tempos,  um CD com centenas desse emblemas, que temos vindo a usar em diversos postes no blogue.

O Carlos inclusivamente já solicitou, num anterior poste do blogue, que quem tivesse algum emblema (brasão, guião ou crachá)  em casa, e nunca os tivesse ainda visto no blogue, fizesse o especial favor de o mandar para nós, editores, para publicação. Assim, o Carlos, posteriormente, faria a respectiva recolha e juntaria as novas peças no dito CD.

Quanto à criação no blogue de um banco de dados sobre brasões, crachás e guiões (, sugestão do António. J. Pereira da Costa, no poste P7513, de 27 de dezembro de 2010), penso ser interessante e importante conhecer a experiente opinião do Carlos Coutinho, que já tem muito trabalho desenvolvido sobre esta matéria na Internet e nos poderá informar de tal viabilidade neste blogue e a quem vou enviar uma cópia deste poste.

Para eventuais contactos, aqui fica o e-mail do Carlos: ccbitton@gmail.com

Os "emblemas" acima reproduzidos são de várias fontes, a começar pela  coleção do incontornável Carlos Coutinho, grande parte da qual está publicada no portal UTW, Dos Veteranos da Guerra do Ultramar, trabalho esse (do Coutinho e da valorosa equipa dos nossos camaradas do Ultramar TerraWeb) de se lhe tirar o chapéu (neste caso o boné, a boina ou o quico!)... Só da Guiné são mais de 900  fichas completas.

A todos, o nosso obrigado. E continuem alimentar esta série... que tem estado parada desde 2009 (*)

PS - Em suma, temos material para uma tese de doutoramento em antropologia, com a indispensável colaboração do... Carlos Coutinho 3 da equipa do UTW.. A coleção está feita, falta-nos são as histórias do "making of" de cada brasão, guião e crachá, a ideia, o design, a inspiração, a heráldica, etc. E, naturalmente, uma análise exaustiva por categorização temática, a começar pelo "bestiário"...
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Nota do editor

(*) Vd. postes desta série:

10 de novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3429: Brasões, guiões ou crachás (1): CCAÇ 2797, Pel Caç Nat 51 e Pel Caç Nat 67, Cufar, 1970/72 (Luís de Sousa)

14 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3453: Brasões, guiões ou crachás (2): CCAV 678, 1964/66 (Manuel Bastos)

22 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3501: Brasões, guiões ou crachás (3): CAOP 1: BCAÇ 2885; CART 2732 e CCAÇ 5 (Jorge Picado/Carlos Vinhal/José Martins)

1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3551: Brasões, Guiões ou Crachás (4): CCAÇ 728; CCAÇ 2617; CCAÇ 3566; PEL CAÇ NAT 63; CCAV 677 e CCAÇ 2402 (José Martins)

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3580: Brasões, guiões ou crachás (5): BCAÇ 2893, CART 730 e 23339, CCAÇ 726, 1426, 2406, 2636, 2701 e 3477 (José Martins)

14 de dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3622: Brasões, guiões ou crachás (6): BART 2917 e 2924, BCAÇ 507 e 512, CCAV 1484, Pel Caç Nat 52 e Pel Mort 4574 (José Martins)

25 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3938: Brasões, guiões ou crachás (7): Pelotão Independente de Morteiros 912 (Santos Oliveira)

sábado, 24 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19229: Consultório militar do José Martins (38): Pedido de Informações sobre a CCAÇ 2466 / BCAÇ 2861, Bula e Encheia, 1969/70, a que pertenceu o meu avô (Cristiana Duarte)

1. Mensagem do nosso colaborador permanente José Martins [ex-Fur Mil Trms,  CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70):

Data: quarta, 14/11/2018 à(s) 21:43
Assunto: Resposta a pedido de informações sobre a CCAÇ 2466

Caríssimos:

Estive hoje no AHM [, Arquivo Histórico-Militar,]  e consultei a História do BCAÇ 2861, processo bastante extenso. [Cota: 2/4/109/1)

Capítulo I – Mobilização, Composição, Deslocamento

Historia o início do batalhão, em 4 páginas.

Do Anexo 1, ao Capítulo I, constam 17 páginas com a composição de todo o batalhão. Em relação à CCAÇ 2466 [, Bula e Encheia, 1969/70,], estão nas páginas 13 a 17 (5 páginas).

Capítulo II – Actividade operacional

São 194 páginas, cujo resumo se encontra nos livros da CECA, volume 7, páginas 124 a 126.

Capítulo III – Baixas – Punições – Louvores – Condecorações.

São 41 páginas com os respectivos registos que, sem saber o nome do nosso camarada, o avô da Cristiana Duarte,] não é possível detectar algum registo.

Arquivo Histórico Militar

Telefone 218 842 415

Largo do Outeirinho da Amendoeira

1100-386 Lisboa

Horário: 2ª a 6ª feira, das 10H00 às 12H15 e das 13H45 às 16H45.

Não sei se o mail «ahm@mail.exercito.pt» ainda está activo.

Se necessitarem de algo mais, ao serviço de V. Exªs.

"Saúde e Fraternidade" e "A Bem da Nação"

Abraço

Zé Martins


2. Mensagem da nossa leitora Cristiana Duarte:

De: Cristiana Duarte  [email: cristianaduarte1425@gmail.com]

Data: terça, 11/09/2018 à(s) 14:48

Assunto: Pedido de Informações sobre a CCAÇ 2466

Boa tarde.

Tenho estado a ver o vosso blogue "Luís Graça & Camaradas".

O meu avô esteve na Guiné, no BCAÇ 2861,  CCAÇ 2466, tenho procurado informações sobre esse batalhão e essa companhia.

Gostaria de saber se por acaso o senhor não tem informações do mesmo ou se não me consegue disponibilizar um site que contenha por exemplo a listagem dos militares presentes nesse batalhão.

Aguardo resposta

Cumprimentos
Cristiana

PS - O nome do meu avô é José Henriques Ferreira [mensagem de 25/11/2018]
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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18653: Consultório militar do José Martins (37): Monumento aos Combatentes de Vila Chã da Beira

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17523: "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é já hoje", da autoria do 2.º Sargento Ref António dos Anjos, Tipografia Académica, Bragança, 1937 (1): Até à pág. 14 (Alberto Nascimento, ex-Soldado Condutor Auto)


Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > 1908 > "Bissau: Soldados em grupo dentro da fortaleza"... Foto proveniente do Arquivo Histórico Militar, que nos chegou pela mão do nosso camarada Carlos Cordeiro, açoriano,  professor universitário. Ainda hoje a fortaleza está coberta de poilões centenários como este, seguramente contemporâneos das "campanhas de pacificação" da Guiné, do 1.º Tenente Oliveira Muzanty (1908) e do capitão Teixeira Pinto (1913-1915).

Foto: Arquivo Histórico Militar  (com a devida vénia...)


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > c. 1970 > Parque da cidade com a estátua de Oliveira Muzanty e, ao fundo, a Casa Gouveia, dois símbolos do "colonialismo"... A estátua foi apeada (e provavelmente destruída) depois da independência da Guiné-Bissau. "Estupidamente", acrescente-se... Não há história sem memória, e a história da Guiné-Bissau, não começou com a "gloriosa luta" do PAIGC contra os "tugas"... Oliveira Muzanty e todos os "tugas", colonialistas e anticolonialistas, fazem parte da história da Guiné-Bissau. Tal como as legiões romanas, o direito romano e o latim fazem parte da história de Portugal e da identidade dos portugueses... Todos os iconoclastas são fundamentalistas e terroristas... Porque, afinal, só há uma terra e uma humanidade... O esclavagismo, o colonialismo, o fascismo, o nacionalismo, o chauvinismo, e todos os demais ismos, incluindo o racismo e a estupidez dos iconoclastas, não têm pátria...

Foto: © Benjamim Durães (2011). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O nosso camarada, o "veteraníssimo" Alberto Nascimento [na foto à direita] (ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 84 (Bambadinca, 1961/63), enviou-nos um pequeno livro, em formato PDF, datado de 1937, de autoria do 2.º Sargento reformado António dos Anjos, para publicarmos no nosso Blogue.

Trata-se de um opúsculo que tem um título do tamanho de um comboio ("Resumo do que era a Guiné Portuguesa e há vinte anos e o que é hoje:  para cujo progresso muito contribuiu o capitão de infantaria João Teixeira Pinto", 97 pp. ).

O ficheiro que nos chegou é proveniente da digitalização de uma cópia pessoal que está nas mãos do Alberto Nascimento e que lhe terá sido entregue por um familiar, um amigo ou simples conhecido do autor, já falecido, António dos Anjos, um transmontano de boa cepa, como muitos dos militares que por andaram nesta época.

Trata-se de uma edição de autor. O livro foi impresso na Tipografia Académica, Bragança. Os acontecimentos relatados por ele remontam às "campanhas de pacificação" dos princípios do séc. XX. Não sabemos em que ano o autor terá morrido. Terá nascido por volta de 1890, a ser vivo teria agora quase 130 anos. Em 1953, ainda estaria vivo, tendo publico um livrinho de versos: "Campanhas, resistências na Guiné: heroicidades" (ed. autor, Bragança, tip Académica).

Depois de ponderados os prós e os contras, e não são sabendo ao certo se a obra é do domínio público, decidimos a sua publicação no nosso blogue, baseados no seguintes pressupostos e fundamentos:
(i) a obra foi há publicada há 80 anos, mas o autor deve ter morrido há menos de 70;
(ii) os nossos leitores (e nomeadamente os camaradas que fizeram a dura guerra da Guiné entre 1961 e 1974) têm o "direito" de conhecer este livrinho;
(iii) o autor, que é um camarada nosso, mais velho, quis publicamente fazer uma homenagem a um português, o Cap Inf Teixeira Pinto, sob cujas ordens serviu; e
(iv) o 2.º Sargento António dos Anjos, reformado à data da publicação deste seu livrinho de memórias, viveu 25 anos na Guiné, conheceu-a, de palmo a palmo, é credor do nosso apreço e admiração.

Para o efeito vamos publicar 10 postes com uma média de 9 páginas em formato JPG.

Agradecemos ao camarada Alberto Nascimento a possibilidade de dar a conhecer e divulgar desta obra já com 80 anos, esperando que desperte a atenção (e os comentários) dos nossos leitores.

O editor,
Carlos Vinhal

PS - Síntese: o autor oferece-se para uma comissão de serviço de dois anos na colónia da Guiné e acaba por lá ficar 25 anos. Desembarca em Bissau em 29/3/1911. Na altura, havia uma surto de febre amarela que terá feito bastantes vítimas. Nas 15 primeiras páginas, recapitula, de memória, algumas das principais rebeliões dos povos da Guiné desde 1844 até às "campanhas de pacificação" dos finais da monarquia e princípios da República. O paciente e conhecedor leitor irá, por certo, identificar facilmente e desculpar algumas gralhas, erros e imprecisões: por exemplo, topónimos (Bafatá e não Rafatá, p. 9), onomástica (Muzanty e não Mozanti)...

Recorde-se que nesta época, estava  à frente dos destinos da província o Governador João Augusto de Oliveira Muzanty (1906-1909), 1.º Tenente da Marinha. Sobre as campanhas de Oliveira Muzanty, nos anos de 1907-08, vd., aqui texto do José Martins.



(Continua)