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sexta-feira, 3 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24115: Álbum fotográfico de Manuel Seleiro, 1º cabo ref, DFA, Pel Caç Nat 60 (São Domingos, Ingoré e Susana, 1968/70) - Parte II: Mais imagens de Ingoré... e de pessoal da CCAÇ 1801 (Ingoré, Bissum-Naga, São Domingos)


Foto nº 7 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > Despedida do pessoal da CCAÇ 1801 (1968/69), que estava em Ingoré e no destacamento de Antotinha  O Manuel Seleiro, nesta foto, parece ser o segundo, ao centro, de bigode,


Foto nº 8 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > O quartel de Ingoré


Foto nº 9 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > "Dois batelões" (... no Leste, no rio Geba, eram chamados "barcos turras" que faziam transporte de mercadorias e de pessoal civil...)


Foto nº 10 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > Pôr do sol

Fotos (e legendas): © Manuel Seleiro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Região de Cacheu > Carta de Sedengal  (1953) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Sedengal, Ingoré, Antotinha e rio Cacheu.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do álbum do Manuel Seleiro (*), membro da Tabanca Grande nº 870 (**). Trata-se de mais algumas imagens de Ingoré, editadas pelo nosso blogue, com a devida vénia e a autorização do autor. Numa destas fotos vê-se pessoal da CCAÇ 1801, que estve destacado em Antotinha. A CCÇ 1801 passou por Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) (1968/69).  Sobre Ingoré temos mais de 80 referências. INgoré fica na carta de Sedengal (1953) (escala 1/50 mil),

Recordamos que o Manuel Seleiro era o sapador do seu Pel Caç Nat 60. Tirou um curso de minas e armadilhas, de 10 dias, em Bissau. Quando lhe faltavam dois meses para terminar a comissão, foi vítima, em combate, da explosão de uma mina A/P. 

Mesmo totalmente cego, e apenas com dois dedos na mão esquerda, o nosso camarada edita dois blogues (Pel Caç Nat 60 e Luar da Meia Noite). Só reconhece as suas fotos pelas legendas (que procuramos manter). Segue (e comenta) o nosso blogue há muito. O seu exemplo de tenacidade, resistência, camaradagem, e amor à vida e à sua terra natal, Serpa, Baixo Alentejo,  é digno da nossa admiração e do nosso maior apreço. Podemos apontá-lo como um grande exemplo de capacidade de luta contra a adversidade.

Estas fotos, que constam, da  página pessoal do Manuel Seleiro, Luar da Meia Noite, também podem ser, algumas, da autoria do Nelson Gonçalves, que foi o segundo comandante do Pel Caç Nat 60 (criado em São Somingos, em 1968), e também ele vítima de uma mina (neste caso A/C), e DFA.

Julgo que o Nelson Gonçalves vive nas Caldas da Rainha, é viúvo da nossa amiga Manuela Gonçalves, a Nela, falecida em 2019; não temos, infelizmente, o contacto do nosso camarada Nelson Gonçalves que gostaríamos ainda dever sentado à sombra do nosso poilão.
Da CCAÇ 1801, só temos infelizmente quatro referências: o  Carlos Sousa, o Carlos Fernando da Conceição Sousa [ex-alf mil op esp /ranger, CCAÇ 1801, Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) 1968/69] é membro da nossa Tabanca Grande. E é o único representante da CCAÇ 1801.

domingo, 11 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15236: O Spínola que eu conheci (32): A primeira vez que comi caviar, foi com ele, em Bambadinca (Jaime Machado); um militar que eu admirava (João Alberto Coelho); em Antotinha, formámos o pelotão e batemos-lhe a pala no campo de futebol, em tronco nu: estávamos a jogar à bola, quando chegou de heli (Carlos Sousa)



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > 29 de maio de 1969 > Comando e CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Visita do gen Spínola, acompanhado do cor Hélio Felgas, cmdt do Agrupamento de Bafatá. À esquerda, de pé, o ten cor Pimentel Bastos.


Foto (e legenda) : © Jaime Machado  (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]



Guiné > Região de Cacheu > CCAÇ 1801 (Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha, 1968/69) > Carlos Sousa e o gen Spínola no destacamento de Antotinha (que pertencia a Ingoré)

Foto (e legenda) : © Carlos Sousa  (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]



Três comentários ao poste P15227 (*)


1. Jaime Machado [ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968 / fevereiro de 1970, ao tempo dos BART 1904 e BCAÇ 2852)] (*):

9 out 2015 17:34

Caro Luis

A propósito do inquérito sobre os últimos três comandantes.-chefes no TO da Guiné (*)... Só conheci o gen Spinola que,  tal como eu, prestou serviço militar na Guiné entre 1968/1970.

Vi-o em Bambadinca,  uma ou duas vezes.

Recordo perfeitamente que o vi na manhã seguinte ao ataque a Bambadinca [, 28 de maio de 1969,] e que causou mossa no Comandante, segundo comandante e comandante da CCS do BCAÇ 2852.

Julgo que visitou Bambadinca num outro momento em que lhe foi servido um lanche no qual comi caviar (!) pela primeira vez na vida, (embora fosse de conserva).

Segue foto de uma das visitas. Na foto Spinola, Hélio Felgas [. comandante do CAgrup , Pimentel Bastos [, cmdt do BCAÇ 2852]. O piloto era o Honório [não vísível na foto].



2. João Alberto Coelho (ex-alf mil opp esp/ranger da 1.ª CART do BART 6522, S. Domingos , 1972/74)

9 out 2015 19:39

Olá, camarada Luis

Fiz toda a minha comissão de serviço (21 meses) em S. Domingos.

Tivemos a visita dos dois últimos [, António de Spínola e Bettencourt Rodrigues], que estiveram connosco quase uma manhã inteira,  estando eu a comandar a companhia aquando da visita do gen Spínola.

Tive a oportunidade de constatar do enorme interesse do general Spínola em relação à "segurança" e ao bem estar dos combatentes, especialmente dos não graduados. Gostaria de ter trabalhado diretamente com ele, pois era um militar que eu admirava.

Em relação ao blogue, só peço que não desistas, pois faz-me muito bem relembrar o que se passou, para mim há mais de 40 anos... já é muito tempo!

Um alfabravo para todos
João Alberto Coelho


3. Carlos Sousa [, ex-alf mil op esp /ranger, CCAÇ 1801, Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) 1968/69]


9 out 2015 18:00 

Caro Luís,

Não localizei onde se podem enviar fotos (neste caso do então General António Spínola).

Envio-te uma foto do general em visita de fim de ano.

Como todas das fotografias, esta também tem uma história.

Eu era alferes miliciano, comandante do destacamento de Antotinha (CCaç 1801, de Ingoré). No último dia de 1968 apareceu um helicóptero que aterrou no meio do quartel de mato. Nessa altura disputava-se um desafio de futebol entre os que vestiam camisola e os que estavam em tronco nu. É claro que o jogo parou: o campo estava agora ocupado pelo helicóptero de onde saiu, austero como sempre, o nosso general. 

Tal como estava, eu fui receber o nosso ilustre visitante, que saudou as tropas e desejou um bom ano novo.

A foto foi tirada quando, após formar a tropa (sem que alguém tivesse uma peça de farda vestida) eu acompanhava Spínola onde ele falou aos muitos habitantes do aldeamento,  que entretanto tinham aparecido no quartel.

Termino com uma referência à minha grande admiração pelo comandante militar António Spínola! (**)

O meu abraço,

Carlos Fernando da Conceição Sousa

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12683: Tabanca Grande (425): António Rocha Costa, ex-Alf Mil Op Especiais da CCAV 2539/BCAV 2876, S. Domingos, Antotinha e Bissau, 1969/71)

1. Mensagem enviada, no dia 3 de Fevereiro de 2014, ao nosso camarada, e meu vizinho de há muitos anos, António Manuel Rocha Costa:

Caro camarada, amigo e vizinho António Costa
A propósito do comentário que fizeste, sabendo que acedes por vezes ao nosso Blogue, lembrei-me de te convidar para a nossa tertúlia.
Esta nossa página pretende apenas ser um repositório de memórias escritas e fotográficas dos ex-combatentes da Guiné, ex-militares milicianos e profissionais. Deste último grupo temos felizmente alguns representantes que não se importam de conviver com a esmagadora maioria daqueles que foram civis fardados para participarem na guerra do ultramar. Por outro lado, a tua Unidade só se encontra representada pelo nosso camarada João Manuel Félix Dias.

Precisamos de mais histórias e fotos da CCAV 2539, assim como possíveis memórias tuas, e fotos que tenhas guardadas que podem aumentar o nosso espólio colectivo, e quem sabe, futuro local de pesquisa para quem quiser um dia refazer a História de Portugal dos anos 60 e 70, particularmente a parte da guerra colonial.
Podes dizer-me que há o facebook onde a malta vai publicando e mandando umas bocas, às vezes foleiras, mas num blogue consegue-se alguma organização que o "face" não contempla, digo eu que não me entendo muito bem lá.

Posto isto e se te que quiseres juntar ao numeroso grupo de leceiros que fazem já parte da nossa tertúlia, envia-me uma foto actual, outra do tempo de Alferes e uma pequena história que servirá de apresentação.
O teu posto terá sido Alferes de Cavalaria, mas queremos saber a especialidade. Atirador?
Se foste e vieste com a tua CCAV, às vezes aparecem casos de rendição individual, locais por onde andaste, etc.
Para desfazer qualquer dúvida que queiras ver esclarecida quanto ao funcionamento do Blogue, forma de navegação no mesmo, etc, fico à tua disposição.

OBS: - As chamadas fotos da praxe que te peço são para encimar os postes publicados, como poderás verificar.

Por agora é tudo, recebe um abraço
Carlos Vinhal


2. Resposta chegada ao nosso Blogue no mesmo dia, do nosso camarada, e novo tertuliano, António Rocha Costa, ex-Alf Mil Op Especiais da CCAV 2539/BCAV 2876, S. Domingos, Antotinha e Bissau, 1969/71:

Olá Vinhal,
Pois, como é mais que óbvio, não posso deixar de aceder ao vosso convite para fazer parte do grupo de leceiros que fazem parte da vossa tertúlia e para tanto começo por anexar as fotos pretendidas: uma "selfie" tirada hoje mesmo e uma outra tirada em Dão Domingos em 1969.

A minha apresentação:
A minha "guerra" começou em 16-07-1968 em Mafra onde depois dos habituais 3 meses de recruta, fui "selecionado" para Lamego, onde tirei a especialidade de "Operações Especiais". Portanto, sou um homem de infantaria.

Formei batalhão (2876) em Estremoz num Batalhão de Cavalaria, tendo sido agregado à CCAV 2539.
Embarquei para a Guiné em 19-7-1969, data da minha promoção.

Lisboa - Julho de 1969 - Desfile que antecedeu o embarque para a Guiné. Reconhece-se: Porta bandeira: sargento Gonçalves; atrás eu e os meus furriéis: o Henriques, o Lage e o Mendes; ao lado esquerdo o Paiva e os seus furriéis: o Brandão e ???

Um dia em Bissau, e deslocação imediata para São Domingos, com passagem por Cacheu, onde tivemos a nossa primeira prova de fogo. Uma brincadeira dos "velhinhos" do Cacheu, que irritou sobremaneira o comandante do batalhão, pois, grande parte dos "piriquitos" limparam os carregadores!

Nunca mais me esqueço que o único "esperto" do nosso Unimog foi o básico Melécio, um alentejano muito débil que ia tão fraquinho, tão fraquinho, que nem capacidade teve para reagir!

Depois da descompostura do Coronel Sirgado Maia, lá prosseguimos em direção a São Domingos. Fomos substituir a Companhia 1790, uma companhia toda esfrangalhada pelo triste episódio da travessia do rio Corubal onde pereceram cerca de 50 militares, após retirada de Madina de Boé, companhia essa comandada pelo capitão Aparício, um militar com muito prestígio.

Estive em São Domingos até finais de 1970, altura em que o meu pelotão foi destacado para Antotinha, dentro da chamada "psico" preconizada pelo General Spínola. Apesar de eles não gostarem de nós, aqui, foi uma guerra santa. Um mês de comissão liquidatária em Bissau e eis-me de regresso a Portugal em 26-07-1971.

São Domingos 1969 - Av Central que ia do porto até a Administração local o edifício que se vislumbra lá em cima.

Antotinha, 2 de janeiro de 1971 - Na traseira do meu quarto

Bissau, Junho de 1970

Fotos: © António Rocha Costa

Não quero deixar de referir dois dos episódios mais marcantes nesta "viagem" até à Guiné:
1. - A maneira desumana como foram transportados os soldados no Uíge: nós, como uns lordes lá em cima, não faltava nada, mas mesmo nada; eles, nos porões tratados como mercadoria, como gado (alguns nunca chegaram a vir ao convés: escandaloso); chocante o contraste;
2. - A forma como viviam as populações, a falta de tudo, o primitivismo, ficava indignado com tudo isto e muitas vezes interrogava-me: mas o que fizemos aqui, nos últimos 500 anos?!
Foi assim que começou a minha politização, eu, diga-se em abono da verdade, que ia todo convencido da minha... missão.

Um abraço
António Rocha Costa


2. Comentário do editor:

Caro amigo Lelo, muito obrigado por te juntares a nós.
Passámos anos sem falar e num curto espaço de tempo, pessoalmente e no facebook, já nos encontramos vezes sem conta.

Cabe aqui uma explicação breve. O nosso camarada Costa, mais conhecido entre a malta por Lelo, é mais velho do que eu cerca de 3 anos. Se pensarmos nos nossos 9/10 anos, 3 são uma diferença muito grande. Cada idade tem o seu núcleo de amigos, como se sabe.
Une-nos a amizade que mantive com o seu irmão Alfredo, meu companheiro de instrução primária, que infelizmente nos deixou muito cedo. Agora, na casa dos 60, quase 70, quando somos já da mesma idade, reatamos a conversa e começamos a falar dos amigos comuns e das referências da nossa meninice e juventude, enquanto leceiros. Descobri também nele há pouco tempo aquele "virus" tão vulgar entre muitos ex-combatentes da guerra do ultramar, a Guiné. Convidá-lo para se juntar à nossa tertúlia foi a cereja em cima do bolo.

Amigo Lelo, sabes quais são as nossas intenções quanto ao Blogue e o que queremos de ti. No "face" tens imensas fotos que, se não te importares, publicarei aqui, salvaguardando sempre a tua propriedade intelectual, como é óbvio. Contamos também com as tuas memórias escritas, onde nos poderás descrever  a experiência de viver entre aquele povo extraordinário, os felupes, com usos e costumes tão peculiares.
Outra forma de participação activa, é reagir ao que se publica, comentando nos postes ou enviando aos editores textos com os contraditórios que achares oportunos.

Termino, enviando-te um abraço de boas-vindas em nome dos editores e da tertúlia em geral.
Podes contar comigo para qualquer esclarecimento adicional, por escrito ou pessoalmente.

Até um destes dias em qualquer rua de Leça City
Carlos Vinhal
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Nota do editor:

Último poste da série de 3 DE FEVEREIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12672: Tabanca Grande (424): Carmelino Cardoso, ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 2701/BCAÇ 2912, Condutor ao serviço do então Major Carlos Fabião, (QG/Bissau, 1970/72), grã-tabanqueiro n.º 644

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11881: Crónicas de uma viagem à Guiné-Bissau: de 30 de abril a 12 de maio de 2013: reencontros com o passado (José Teixeira) (10): A caminho de Varela, chão felupe, passando por João Landim, Antonina, Ingoré, S, Domingos e Susana



Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Ingoré > 7 de maio de 2013 > Aspeto exterior do Jardim de Infância Flor de Arroz em Ingoré (1)



Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Ingoré > 7 de maio de 2013 > Aspeto exterior do Jardim de Infância Flor de Arroz em Ingoré (2)



 Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Ingoré > 7 de maio de 2013 >  Aspeto imterior do Jardim de Infância Flor de Arroz em Ingoré (1)


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Ingoré > 7 de maio de 2013 >  Aspeto imterior do Jardim de Infância Flor de Arroz em Ingoré (2)


 Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Ingoré > 7 de maio de 2013 >  Aspeto imterior do Jardim de Infância Flor de Arroz em Ingoré. (3)

Fotos (e legendas): © José Teixeira (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: LG]


1. Crónicas de uma viagem à Guiné-Bissau (30 de Abril - 12 de maio de 2013) - Parte X

por José Teixeira

O José Teixeira é membro sénior da Tabanca Grande e ativista solidário da Tabanca Pequena, ONGD, de Matosinhos; partiu de Casablanca, de avião, e chegou a Bissau, já na madrugada do dia 30 de abril de 2013; companheiros de viagem: a esposa Armanda; o Francisco Silva, e esposa, Elisabete.

No dia seguinte, 1 de maio, o grupo seguiu bem cedo para o sul, com pernoita no Saltinho e tendo Iemberém como destino final, aonde chegaram no dia 2, 5ª feira. Ba 1ª parte da viagem passaram por Jugudul, Xitole, Saltinho, Contabane Buba e Quebo.

No dia 3 de maio, 6ª feira, visitam Iemberém, a mata di Cantanhez e Farim do Cantanhez; no dia 4, sábado, estão em Cabedú, Cauntchinqué e Catesse; 5, domingo, vão de Iemberém, onde estavam hospedados, visitar o Núcleo Museológico de Guileje, e partem depois para o Xitole, convidados para um casamento ] (*)... 

É desse evento que trata a 8ª crónica: os nossos viajantes regressam a Bissau, depois de uma tarde passada no Xitole para participar na festa de casamento de uma filha de um fula que, em jovem, era empregado na messe de sargentos e que tinha reconhecido o Silva, no seu regresso ao Xitole. A crónica nº 7 foi justamente dedicada ao emocionante reencontro [, em 1 de maio, ] com o passado, por parte do ex-alf mil Franscisco Silva, que esteve no Xitole, ao tempo da CART 3942 / BART 3873 (1971/73), antes de ir comandar oPel Caç Nat 51, Jumbembem, em meados de 1973,

A crónica anterior a nº 9, corresponde ao dia 6 de maio: os nossos viajantes foram até Farim e regressaram a Bissau. já que o Francisco Silva, mesmo de férias, teve de fazer uma intervenção cirúrgica, a uma criança que esperava um milagroso ortopedista há mais de um ano! Na crónia nº 10, descreve-se a viagem até Varela, em 7 de maio.

Próximas crónicas: 8 maio – visita a Elalab; 9 maio- Visita a Djufunko e um cheirinho de praia em Varela; 10 maio – Descanso em Varela; 11 maio – Regresso a Bissau e embarque de madrugada, de regresso a casa.

2. Parte X > 7 de maio de 2013: de Bissau a Varela...

Eis-nos de novo na estrada a caminho de Varela, nesta tarde de fim da época seca. O aspeto dourado da planície lembra-nos que o fim da época de verão se aproxima. Os mangueiros vergam-se com o peso dos seus frutos. Em conjunto com cajueiros pintalgados de botões vermelhos dão vida e cor às planícies que bordejam as picadas afastando de vez o fantasma de um hipotético inimigo à espreita, que por vezes insiste em permanecer na nossa mente.

As pessoas caminham num vai e vem permanente, alheias à nossa passagem, ou então miram-nos com um olhar, por vezes interrogativo, por vezes sorridente,  como que a dizer-nos: bem-vindo. Começam a surgir no ambiente os primeiros sinais de que a chuva está a chegar. Algumas nuvens, calor seco e sufocante, e, as pequenas moscas, teimosas e incomodativa.

As secas bolanhas, algumas, já queimadas e prontas para receber a semente que irá produzir em cêntuplo o arroz, assim o esperam as gentes da Guiné. Outras a servir de pasto, onde os bovinos se alimentam, em grandes manadas, sem pastor por perto.

Lá fomos fazendo caminho, passando a ponte em João Landim e um pouco mais a norte a ponte de S. Vicente, exatamente no local onde em Maio de 1968 este vosso amigo escrivão desembarcou a caminho de Ingoré, tal como hoje, só que agora, como voluntário em gozo de todas as suas liberdades, o que não aconteceu naquele tempo. Na realidade, a farda que me obrigaram a vestir por ser um mancebo,  filho de Portugal,  condicionou a minha liberdade e atirou-me para uma guerra que eu não queria fazer.

Ao passar de novo naquele lugar, vieram-me à memória os momentos da chegada, sem ninguém à nossa espera e o barco (LDM) a partir de imediato por causa das marés. Depois, uma ou duas horas atrasada chegou a Maciel, carro de combate, uma Daimler,  que eu nunca tinha visto, na frente da coluna, ao longe na picada deixando atrás de si uma nuvem de terra que nos impediu de ver numa primeira fase, as viaturas que vinham na retaguarda. Um susto para alguns logo a começar, no primeiro dia em que pisamos a terra da Guiné.

Recordei, só para mim, o espanto sentido quando vi logo à frente os primeiros africanos, balantas, semi-nus a trabalhar na bolanha e perguntei na minha ingenuidade se aqueles é que erem os turras. O resto do caminho, nem viva alma havia para nos desejar boa sorte. Mas ao chegar a Ingoré, para nosso espanto e arregalo doa olhos, logo um grupo de bajudas de “mama firma” espreitavam sorridentes esperançosas em encontrar forma de ganhar mais uns patacões na lavagem da roupa dos periquitos.



Guiné > Região de Cacheu > Ingoré > CCAÇ 2381 (1968/70) > A famosa Daimler Massiel





Guiné > Região de Cacheu > Ingoré > CCAÇ 2381 (1968/70) > O 1º cabo aux enf Teixeira, convivendo com duas crianças da Mocidade Portuguesa em Ingoré em 1968, no início da sua comissã. Foram dias, em geral, alegres e descontraídos, os dias de Ingoré, com o pessoal da CCAÇ 2381 em treino operacional antes de ser colocado no sul (Buba, Empada, região de Quínara)..



Guiné > Região de Cacheu > Ingoré > CCAÇ 2381 (1968/70) > Antotinha > Recordando os tempos de enfermagem na tabanca em construção de Antotinha

Fotos (e legendas): © José Teixeira (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: LG]


A tabanca de Antotinha, uma aposta na altura para juntar os povos perdidos no mato e que tanto sofrimento provocou nas pessoas que eram obrigadas a deixar as suas raízes, as suas moranças, campos e sonhos para à força das armas para se juntarem nesta tabanca que o exército estava a construir. Esta tabanca é hoje um mundo de gente, perdida pela estrada fora.

Ingoré cresceu. Desenvolveu a agricultura e o comércio. Talvez tenha uns milhares de habitantes. Tem escolas, dois infantários, um dos quais da responsabilidade pedagógica da AD - Acção para o Desenvolvimento, que a Tabanca Pequena tem apoiado com livros, brinquedos mesas e cadeiras. Tem uma feira semanal bem apetrechada com produtos da terra e bem concorrida de clientela, incluindo do Senegal, ali ao lado.

Foi em Ingoré que fizemos a nossa primeira paragem para visitar o infantário “Flor de Arroz” e conviver com o pessoal que o serve e alguma população que logo apareceu, incluindo um velho combatente do Exército Português, curvado pelo peso dos anos, de uma magreza impressionante, agarrado ao seu arco e flecha com os quais se serve para obter alguma caça para sobreviver. Como em todo o lado, desfiam-se as contas da saudade do tempo que foi tempo de guerra e dor. A guerra acabou, mas a dor, essa ficou, se não outra, a da saudade, mas muito maior é a sensação, lá como cá, do abandono da pátria, para este velhinho que se diz português, com o corpo cheio de maleitas.

Sem grande tempo para paragens, seguimos em direção a S. Domingos, onde chegamos ao cair da noite. Ainda a tempo de visitar o CENFOR – Centro de Formação de S. Domingos e jantar, já acompanhados pelo “Velho” Kissimá,  da etnia saracolé,  que escolheu para esposa um bela felupe e foi viver para Varela.

Depois de passarmos Susana e quando já estávamos às portas de Varela, já a noite ia alta, deparamos com uma cena no mínimo caricata. Uma barreira na estrada que não era mais que uma corda feita de farrapos velhos impedia-nos a passagem. Ao lado, a casa onde deviam estar os militares encarregados de controlar o que se chama pomposamente a barreira de controlo de fronteira. Se estavam, dormiam a sono solto, talvez agitado pelos vapores do álcool que lhe tapou os ouvidos de tal maneira que não houve meio de os acordar, para nosso prazer em viver estes cenas e desespero do motorista que se farou de chamar e bater, bater… sem resposta.

Tal como no tempo da guerra, este homem, soldado português de outros tempos, também ele esquecido, há que desenrascar. Inversão de marcha rápida, murmurando- Se não há estrada (picada) há o caminho da mata.

Demos uma grande volta, internados na mata de Varela. Parece que até a viatura sabia o caminho, por caminhos nunca dantes percorridos. Só o “faro” do condutor e do Kissimá nos permitiu chegar a Varela em tempo para descansar, depois desta pequena aventura que nos transportou a outros tempos bem mais difíceis.

Zé Teixeira

(Continua)
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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11845: Crónicas de uma viagem à Guiné-Bissau: de 30 de abril a 12 de maio de 2013: reencontros com o passado (José Teixeira) (9): Uma visita ao cais do Pidjiguiti e à baixa de Bissau da nossa tristeza, enquanto o Franscisco Silva operava na clínica de Bor uma menina que esperava este milagre há mais de um ano