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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21528: Notas de leitura (1322): "Biambe e os Biambenses", por Manuel Costa Lobo; 5livros.pt, 2019 - Um levantamento ímpar: toda a história de Biambe (1966/1974), sítio de coragem e martírio (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Novembro de 2020:

Queridos amigos,
Foi obra, pôr em sequência cronológica, entre 1966 e 1974, as atividades desenvolvidas por um conjunto de Unidades Militares que puseram de pé o quartel de Biambe, que aqui lutaram e muito sofreram, que refizeram o quartel, que acompanharam reordenamentos, que viveram o drama do duplo controlo, e que naquele ponto estratégico estiveram sempre na mira de uma guerrilha bem motivada, não longe do santuário do Morés. 

Aqui igualmente se desenham, em termos corográficos, as ligações de Biambe com Encheia e Bissorã, é elevada a lista dos sinistrados com minas anti-pessoal, mas também minas anticarro e nenhuma das unidades que por ali passou foi poupada a flagelações grandes e compridas. Épico o nascimento do quartel e a 26 de julho o aquartelamento de Bissum foi entregue ao PAIGC, o mesmo acontecendo no dia 31 com o aquartelamento de Inquida. O que se entregou estava limpo e arrumado. A 7 de setembro entregou-se Biambe. "O único acontecimento digno de relevo foi o desgosto demonstrado pela população que se manifestou ruidosamente no adeus aos militares. Estavam apreensivos e temerosos porque não sabiam como seria o dia seguinte"

O trabalho de Manuel Costa Lobo incentiva-nos a repensar nos benefícios historiográficos que era coligir outras histórias, de molde a angariarmos testemunhos dos antigos combatentes, os que escreveram e os que porventura terão orgulho em serem convocados para dar o seu contributo.

Um abraço do
Mário


Um levantamento ímpar: toda a história de Biambe (1966/1974), sítio de coragem e martírio (2)

Mário Beja Santos

Por uso e costume, o antigo combatente fala da sua experiência, comenta o lugar ou lugares em que permaneceu, fala do quotidiano, a guerra está sempre presente. Há também as histórias de unidade, passadas todas estas décadas ainda há quem as esteja a cotejar, é um dever de memória que mais cedo ou mais tarde nos abala a consciência. 

A raridade de haver narrativa de como se constituiu um aquartelamento e fazer figurar todos os que lá estiveram, honrar o esforço, homenagear o heroísmo, abraçar quem figurou na gesta coletiva, naquele lugar e por todo o tempo da guerra. "Biambe e os Biambenses", por Manuel Costa Lobo, 5livros.pt (telemóvel 919 455 444), 2019, é um documento exemplar, uma faina de coligir a implantação de um aquartelamento em 1966, numa das regiões mais ásperas da luta armada, nas fímbrias do Morés, ali ganhou esporas de valentia a CCAV 1485, seguir-se-ão outras unidades até se chegar à missão final, que marcará a partida das forças portuguesas na região. 

Não é literatura memorial, é um registo dos dados disponíveis destas unidades envolvidas a que se vão averbar testemunhos e ilustrar com imagens, muitas delas pessoais. Biambe era lugar estratégico para evitar infiltrações do PAIGC na ilha de Bissau.

Está feito o registo da CCAV 1485 e da CART 1688, chegou a hora de pôr em cena mais unidades militares, logo a CCAÇ 2464 que permaneceu em Biambe de 15 de fevereiro a 8 de junho de 1969, teve pois uma curta estadia, o treino operacional foi feito em sobreposição com a CART 1688, um dos seus pelotões foi para o destacamento de Encheia, destacamento que também era reforçado com um outro pelotão da CCAÇ 2444. Não para a via-sacra das flagelações, as minas antipessoal fazem vítimas, responde-se bem aos ataques, fez-se um golpe de mão a uma base de guerrilha conhecida por Biambinho ou Biambifoi, os guerrilheiros tinham retirado deixando lá apenas velhos, doentes e feridos, na última retirada foram colhidos por uma tempestade de fogo, segue-se outra emboscada já perto de Biambe, só com a chegada dos Fiat é que findou o tiroteio. 

É neste contexto que surge um problema de desobediência ao Capitão Prata levou a um pelotão a ter-se negado a sair, acusando-o de incompetente. 

Escreve-se na obra que “Durante a permanência em Encheia, do Capitão Prata e sua comitiva, houve muitas atuações que ultrapassaram os limites da falta de segurança, nas operações efetuadas em locais muito perigosos houve atuações junto das populações das tabancas limítrofes detestadas pelos residentes, em suma houve uma atuação que saía fora de todas as normas de um correto comando e de uma normal convivência com as populações nativas”

E, mais adiante: 

“Deste facto resultou que, no dia seguinte, o Comandante-Chefe, General António de Spínola, tenha visitado Encheia com uma mensagem apaziguadora, enaltecendo as qualidades dos soldados açorianos e sobrepondo a coragem do capitão às suas falhas nas questões de segurança, dando o assunto como encerrado sem punições para ninguém”

Mas o sarrabulho não ficou por aqui, houve queixa da população civil, no dia seguinte chegou um major como instrutor do auto de averiguações ao capitão e a outro réu. No dia seguinte, em plena manhã, uma flagelação com quatro morteiradas, Encheia é flagelada dois dias depois. Sabe-se, entretanto, o resultado das averiguações, o pelotão desobediente da CCAÇ 2444 fora castigado.

Manuel Costa Lobo inclui o depoimento do radiotelegrafista José Maria Claro a quem foi amputada a perna esquerda decorrente do rebentamento de uma mina antipessoal, ele escreveu a um camarada, António Graça Nobre, um belíssimo depoimento, pungente, que assim termina: 

“Dia 7 de abril, dia trágico para mim, depois de estar duas horas de serviço no rádio fui tentar adormecer. Ao fim de meia hora acordaram-me para que fosse formar a coluna para sair, mas voltei a adormecer. Daí a meia hora, voltaram a acordar-me e disseram que o pelotão já estava à minha espera há uma hora. Até este dia protegi os meus camaradas, pedindo auxílio à Força Aérea, e neste dia, até pedi a minha própria evacuação, com a consternação de todos os colegas do curso, posicionados nos postos do nosso sector”

Quem está a testemunhar é o ex-Alferes António José Vale que descreve também, e com imensa intensidade, um grande ataque a Biambe em 7 de junho. Nesse mês de junho e até finais de novembro temos novo protagonista, a CCAÇ 2531. Registo de novas flagelações, há igualmente reações. É tempo de reconstrução do quartel, as casernas começavam a acusar o desgaste, foi por aqui que começaram as obras, fez-se novo edifício do comando (secretaria, gabinete do comandante, os quartos deste e do 1.º sargento, o bar, a messe de oficiais e sargentos), mais tarde os balneários. Procede-se ao reordenamento da tabanca. 

É um soma e segue de ataques e respostas, a guerrilha podia ver incendiadas as suas instalações, reinstalava-se depressa, sobretudo no Queré e no Iusse. Chegou a hora de aparecerem os foguetões, o Alferes José Manuel Guedes Freire Rodrigues foi condecorado com a Cruz de Guerra 3.ª classe.

Entra no terreno a CCAÇ 2780, chegou a hora do autor fazer jus aos seus registos, estarão no Biambe entre novembro de 1970 e agosto de 1972, terá muito para contar, ele é Furriel Enfermeiro. 

É minucioso no seu registo, terno a descrever as aflições que presenciou, as operações efetuadas, os meses passam-se, as obras continuam, abrem-se picadas, a vida é bastante dura no destacamento de Inquida, fala da sua preparação, nunca percebeu como foi selecionado para enfermeiro, fala do seu currículo, das peripécias que viveu e de como se desenvencilhava de situações melindrosas: 

“Um homem andava em cima de uma árvore no seu trabalho usando uma catana como instrumento. Por qualquer motivo imprevisto ter-lhe-á falhado o movimento e atingiu o próprio pénis. Quando chegou ao posto médico vinha com aquele órgão a pingar sangue. A solução que encontrámos foi dar-lhe uma injeção de um produto coagulante e para evitarmos ter que lhe mexer improvisámos uma lata de conserva de pêssego, enchemo-la de água oxigenada e mandámos o indivíduo mergulhá-lo ali. Assim se procedeu à desinfeção do dito".

"Noutra vez apareceu-me outro homem com um pé ao dependuro, só preso pela pele, com os ossos (tíbia e fíbula) completamente separados pela fratura. Não tivemos outra solução senão fazer uma imobilização muito cautelosa por meio de talas, chamar o meio aéreo e evacuá-lo para Bissau. Passados uns tempos regressou agarrado a um varapau com uma manifesta incapacidade de mobilização”

Narra a rendição pela CCAÇ 4610, conta a história de dois militares que foram caçar e acabaram prisioneiros do PAIGC, serão libertos após a independência da Guiné-Bissau, na troca com os prisioneiros do PAIGC que estavam detidos na Ilha das Galinhas.

E caminhamos para o fim da história de Biambe na guerra, a 3.ª Companhia do BCAÇ 4610/72 permanecerá em Biambe de agosto de 1972 a julho de 1974. Aqui se escreve que Biambe tinha pela frente uma força hostil que atuava com as secções em Biambe, Biur, Quinhaque e Quitamo, 2 grupos de infantaria, uma bateria de artilharia ligeiro e um grupo de sapadores; no Queré tinham um grupo reforçado com 1 ou 2 morteiros 82. 

A unidade militar apanha a transição para a chegada dos mísseis Strella, uma flagelação em maio de 1973 levou à morte de sete crianças num disparo de morteiro 82. O último episódio é a presença da 3.ª Companhia do Batalhão de Cavalaria 8320/73.

Na conclusão, o autor lembra o sacrifício que todos tiveram que suportar, agradece os testemunhos de quem com ele colaborou na elaboração de todo este histórico de Biambe e assim põe termo à sua iniciativa:

“Tudo aquilo que aqui foi escrito traduz a minha maneira de ver, de sentir e de interpretar. Muitos dirão que não foi bem assim, que foi mais assado. Embora a guerra fosse a mesma, cada um viveu uma experiência pessoal muito própria, com cores, cheiros e intensidades muito diversas, tenho consciência de que me dei por inteiro neste testemunho e que não ocultei o que sei”.
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21507: Notas de leitura (1321): "Biambe e os Biambenses", por Manuel Costa Lobo; 5livros.pt, 2019 - Um levantamento ímpar: toda a história de Biambe (1966/1974), sítio de coragem e martírio (1) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 18 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14382: Convívios (658): Almoço do pessoal da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, dia 18 de Abril de 2015 em Vila Real (António Nobre)

1. Mensagem do nosso camarada António Nobre (ex-Fur Mil da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Buba, Nhala e Binar, 1969/70), com data de 14 de Março de 201e:

Olá Carlos
Junto envio anuncio da realização de mais um encontro/convivio da rapaziada da CCaç 2464 que no periodo de Fevereiro de 69 a Dezembro de 1970 cumpriu serviço militar obrigatorio da Ex-Guiné Portiguesa.
Solicito pois faças a sua inserção no nosso Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné.
 Um abraço
Antonio Nobre



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Nota do editor

Último poste da série de 14 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14363: Convívios (657): XXXII Encontro do pessoal da CCAÇ 2317, dia 30 de Maio de 2015, no Restaurante Choupal dos Melros - Quinta dos Choupos - Fânzeres - Gondomar (Joaquim Gomes Soares)

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13612: (Ex)citações (237): Li a versão do António Nobre onde está referenciado o meu acidente. Não havia ninguém até agora que se tivesse lembrado de mim (José Maria Claro)

1. Mensagem do nosso camarada José Maria Pinto Claro(1), Deficiente das Forças Armadas (ex-Soldado Radiotelegrafista de Engenharia da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969), com data de 10 de Setembro de 2014:

Boa tarde camaradas
No decorrer do Post colocado pelo camarada António Nobre (2), reuni alguns dados e fotos que seguem em anexo.
Disponham das informações e fotos que considerem relevantes.

Um abraço
José Claro


Claro, o Radiotelegrafista

Camaradas de Guerra 
BCAÇ 2464/BCAÇ 2861:
Biambe 1969

Ao camarada António Nobre

Camarada,
Sou o radiotelegrafista Claro que no dia 7 de Abril de 1969 foi ferido com gravidade ficando com amputação da perna esquerda, no rebentamento de uma mina antipessoal.

Amigo, por curiosidade estive a ver e a ler situações referentes à Guerra na Guiné e li a tua versão onde referenciaste o meu acidente, pois até este dia não havia ninguém que se lembrasse do Claro, por isso, meu amigo, um muito obrigado, por me fazeres chorar.

Amigo, como deves saber, eu fui formar e completar a companhia tudo à pressa e neste caso não tive convivência nem grandes amizades convosco, tinha sempre muito trabalho de rádio. Ninguém sabia o que eu passava, estava de 2 em 2 horas no rádio, noite e dia, dormia de 2 em 2 horas, nem tinha tempo de jogar umas cartadas.
Por isso te digo, ninguém da companhia sabia que em todas as operações que tivemos e que aparecia a Força Aérea, era sempre a meu pedido, nunca por ordens superiores, e não nos demos mal Graças a Deus. As preocupações que tive por não termos rádios operacionais, com avarias por vários dias enquanto todos dormiam… E às 3 da madrugada agarrei-me ao portátil e vim para o meio da parada fazer alto sarrabulho, que até acordei o Pratas, a pedir auxílio, também correu bem.

No levantamento de rancho, a meu pedido, também correu bem, pois como sabíamos para o soldado era, ao almoço, bianda com duas rodelas de chouriço e ao jantar, duas rodelas de chouriço com bianda, e se cheirava bem para os lados dos nossos queridos oficiais, até cabrito assado com batatinhas faziam…

Tive várias ocasiões em que a minha intervenção foi crucial, como aquela da saída dos pelotões em que intervieram os T6 e o capitão Pratas indicou--me que a situação da coluna se encontrava a Norte e os aviões lá foram. Não era para Norte, era para Sul que a coluna se encontrava. Tentei contacto com os T6, indiquei-lhes a rota correcta com panos reflectores no chão em forma de seta. Resultou.

A emboscada que tivemos na bolanha com a nossa companhia e outra posicionada no lado esquerdo em que pedi auxílio à FA pela outra companhia não ter transmissões apropriadas para a situação e terem feridos e apareceu o FIAT, correu tudo bem.

Os arranjos nos rádios, porque o furriel não percebia nada daquilo, ou não se estava para ralar, enfim, etc. etc. etc., era eu que os fazia.

Amigo e camarada, estou a desabafar para contigo e estou com a lágrima no canto do olho, porque os camaradas não sabem o que os RTs têm na memória, e digo-te que todos os RTs, estejam onde estiverem sabem, por informações dadas por todos os outros RTs as situações presentes.

Dia 7 de Abril, dia trágico para mim, depois de estar 2 horas de serviço no rádio fui tentar adormecer. Ao fim de meia hora acordaram-me para que fosse formar a coluna para sair, mas voltei a adormecer. Daí a mais meia hora voltaram a acordar-me e disseram que o pelotão já estava à minha espera há uma hora, até parecia que não havia mais operadores.

Até este dia protegi os meus camaradas, pedindo auxílios via FA e outros, e neste dia, até pedi a minha própria evacuação, com a consternação de todos os colegas de curso de Radiotelegrafista de Engenharia, posicionados nos postos do nosso Sector.

O Claro
Radiotelegrafista de Engenharia.
Soldado RT


Biambe, 1969

Biambe, 1969

Biambe, 1969

No HMP de Lisboa
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Notas do editor

(1) Vd. poste de 11 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13601: Tabanca Grande (444): José Maria Pinto Claro, DFA, ex-Soldado Radiotelegrafista de Eng.ª da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861 (Biambe, 1969)

(2) Vd. poste de 4 DE MAIO DE 2012 > Guiné 63/74 – P9853: Breve historial da CCAÇ 2464 / BCAÇ 2861 que esteve em Biambe, Encheia, Buba, Nhala e Binar (António Nobre)

Último poste da série de 9 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13381: (Ex)citações (236): O horror e a beleza: Buba, meados de 1971 [ Francisco Baptista, mil inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72)]

domingo, 23 de março de 2014

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11123: Convívios (492): Encontro do pessoal da CCAÇ 2464 (Guiné, 1969/70), dia 27 de Abril de 2013 em Rio Maior (António Nobre)

1. Mensagem do nosso camarada António Nobre (ex-Fur Mil da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Buba, Nhala e Binar, 1969/70), com data de 19 de Fevereiro de 2013:

Meu caro Carlos Vinhal
Como habitualmente estou a remeter em “attachement” o anuncio do próximo almoço da minha Companhia (C.Caç. 2464) - que em 69/70 cumpriu serviço militar obrigatório na ex-Guiné Portuguesa.
Dentro deste contexto, solicito a publicitação no nosso blog.

Obrigado e SAUDAÇÕES CAMARIGAS
António Nobre


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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 DE FEVEREIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11106: Convívios (491): VII Encontro dos ex-Combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, dia 2 de Março de 2013 (Carlos Vinhal)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Guiné 63/74 – P9853: Breve historial da CCAÇ 2464 / BCAÇ 2861 que esteve em Biambe, Encheia, Buba, Nhala e Binar (António Nobre)

1. Trabalho do nosso camarada António Nobre* (ex-Fur Mil da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Buba, Nhala e Binar, 1969/70), historiando resumidamente a actividade operacional da sua Companhia na Guiné.


COMPANHIA CAÇADORES 2464

BATALHÃO DE CAÇADORES 2861 

GUINÉ - FEV69 / DEZ70

Embarcámos em 05 de Fevereiro de 1969 no paquete UIGE, com chegada a Bissau a 11 do mesmo mês, e colocação temporária nos Adidos.

Toda a viagem decorreu com perfeita normalidade. Passados 4 dias foi superiormente decidido a nossa partida para zonas operacionais, concretamente: Metade da Companhia foi colocada no Biambe sob o comando do Capitão Prata - A outra metade, sob o comando do Alferes Miliciano António Vale, administrativamente com destino idêntico, mas alocada fisicamente em Encheia.

Após o normal período de adaptação, ocorreram as primeiras operações em 23 de Março do mesmo ano, com três pelotões e uma primeira emboscada que resultou em 2 prisioneiros inimigos e não registando quaisquer feridos nas nossas Tropas. Nesta mesma noite, provavelmente por represália à nossa intervenção, ocorreu o primeiro ataque (flagelação) ao nosso aquartelamento que resultou no primeiro ferido ligeiro. Dada a intensidade deste ataque, fomos forçados a socorrermo-nos de apoio aéreo que resultou plenamente.

Posteriormente, concretamente a 23 de Março, desenvolveu-se uma operação denominada “ FOGO RASANTE”, concretizada a nível de Batalhão com a participação de tropas de 3 Companhias, tendo a minha - CCAÇ 2464 - participado com 2 pelotões (O 1.º sob o comando do Alferes Lázaro e o 4.º sob o comando do Alferes Vale) Operação que chegou ao fim após nove horas, e fomos alvo de uma emboscada após contacto com o IN, sem consequências muito graves (um ferido ligeiro) tendo em conta uma intervenção rápida da força aérea que nos acompanhou no regresso ao aquartelamento.

O pior viria nos dias seguintes, designadamente em 07 de Abril de 1969 com a saída para o TAMA de 2 pelotões (3.º sob o comando do Alferes Viamonte e o 4.º sob o comando do Alferes Vale), tendo no inicio da operação, após termos percorrido cerca de 1,5 quilómetros. Sofrida uma intensíssima emboscada, resultando que em pleno teatro de operações o Soldado Radiotelegrafista Claro pisasse uma mina anti-pessoal, tendo ficado sem uma perna, mais ferimentos graves no Fur. Mil.º Mendes e um Milícia os quais, após os primeiros socorros, foram posteriormente evacuados para o Hospital Militar em Bissau.

Ainda durante os meses de Abril e Maio desenvolveram-se diversas operações, grande parte delas com contactos com o IN, particularizando-se uma bala na mão do Soldado Loureiro e uma bala nas costas do Soldado Sousa e ainda diversos feridos graves em soldados de uma Companhia de açorianos que connosco participaram nestas operações.

Após estas operações, mais concretamente a 23 de Maio de 1969, o 4.º Pelotão parte para Encheia para reforçar aquele aquartelamento onde já se encontrava o 2.º Pelotão e um de açorianos Com a nossa tropa (4.º Pelotão) segue igualmente o Capitão Prata, Comandante da Companhia, acompanhado com a sua comitiva de excelência, o Furriel Cascais, o Domingos (técnico), o chefe da milícia local, o “Quinze” e o Fur. Mil.º Alves.

O Capitão Prata, segundo ele, com esta comitiva iria dinamizar a actividade operacional do destacamento em Encheia que estaria muito pouco activa.

Durante a permanência em Encheia, houve incompatibilidades com a Companhia açoriana que se terá negado a intervir conjuntamente com a nossa Companhia. Deste facto resultou que o Comandante-Chefe, sua Excelência General António de Spínola tenha visitado Encheia para resolver o diferendo sem resultados.

Com efeito, naquele destacamento e durante a sua visita, a população, via Chefe de Posto, fez muitas queixas, designadamente sevícias, violações sexuais, tendo-se retirado com promessas de que iria mandar averiguar. Para ultimar a averiguação, foi deslocado para o aquartelamento um Oficial do Batalhão, concretamente o Senhor Major Lima.

Para evitar quaisquer diferendos futuros e dentro daquela politica da “PSICO” a nossa Companhia foi mandada apresentar-se em Bissau - Aquartelamento de Brá, onde pernoitámos e saímos em 09 de Junho para o aquartelamento de Buba, numa LDG, tendo chegado ao entardecer para integrarmos um contingente operacional de apoio ao CAOP e COP 5, cuja intervenção conjunta se destinava a reabertura da estrada BUBA / ALDEIA FORMOSA, com 750 capinadores, em conjunto com uma Companhia de Comandos, o COP comandados pelo nosso bem conhecido, na altura Major Fabião, e um Esquadrão de Panhards comandados pelo então Major Monge. Toda a companhia permaneceu durante algum tempo em Buba, tendo posteriormente sido alocada num aquartalemento (?) próximo, concretamente em NHALA.

Permanecemos naquele aquartelamento durante algum tempo, mas dadas as precárias condições de alojamento (foram as piores instalações de toda a nossa Comissão, onde o nosso banho pessoal era efectuado na Bolanha e na “fonte”, vejam bem).

Passados largos meses e para compensar a nossa péssima estadia em NHALA, fomos transferidos para Binar- Sector de Bula - onde permanecemos “principescamente” até ao final da Comissão, tendo embarcado para a Metrópole em DEZEMBRO de 1970.

Em resumo, não tivemos mortes, pese a existência de vários feridos, alguns deles com muita gravidade.

Esta é a história da “minha guerra”.

Para a completar esta informação, junta-se algumas fotos evocativas.

FOTO 1 - Biambe - Abril de 1969 - Quelha, Quinze, Nobre, Sena e Humberto

FOTO 2 - Tabanca do Biambe - Abril (Páscoa de 1969) - Prata, Viamonte, Nobre, Quinze e Humberto

FOTO 3 - Biambe - Junho de 1969 - Branco, Teixeira, Mesquita, Nobre, Silva e Sena

FOTO 4 - Nhala - Agosto de 1969 - Equipa da Formação que venceu o Torneio relâmpago - De pé: Nobre, Óscar, Lázaro, Gomes e Ventura. Em primeiro plano: Setúbal, Daniel, Djacta e Henrique

FOTO 5 - Chaves - Fevereiro de 2009 - Em Almoço de comemoração do 40.º aniversário do embarque
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 – P9724: Convívios (331): Encontro do pessoal da CCAÇ 2464, dia 28 de Abril de 2012 em Aveiro (António Nobre)

terça-feira, 10 de abril de 2012

Guiné 63/74 – P9724: Convívios (410): Encontro do pessoal da CCAÇ 2464, dia 28 de Abril de 2012 em Aveiro (António Nobre)

1. Mensagem do nosso camarada António Nobre (ex-Fur Mil da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Buba, Nhala e Binar, 1969/70):

Meu caro Carlos
Para teu conhecimento e publicitares no nosso Blogue se assim o entenderes, junto envio programa de mais um Almoço da “malta” da minha Companhia, que, desta vez, ocorrerá em Aveiro no próximo dia 28 de Abril.

Como atractivo e para fugirmos um pouco à rotina, este ano o Almoço será completado com um passeio na Ria de Aveiro através de Moliceiro.
Quem porventura estiver interessado, inscreva-se junto do nosso camarada Pereira da Costa, pois forçosamente serão bem vindos.

Um abraço para todos vós.
Saudações Camarigas do
António Nobre
Ex-Fur Mil da CCAÇ 2464


ALMOÇO/CONVÍVIO DO PESSOAL DA CCAÇ 2464 

DIA 28 DE ABRIL DE 2012 EM AVEIRO


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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 9 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 – P9720: Convívios (330): Encontro/Almoço do pessoal da CCAÇ 412, dia 12 de Maio de 2012 na Mealhada (Alcídio Marinho)

terça-feira, 27 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9669: Parabéns a você (396): Armando Pires, ex-Fur Mil Enf da CCS/BCAÇ 2861 (Guiné, 1969/70)

Sobre o nosso camarada Armando Pires, ver aqui mais postes.

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2. Mensagem do nosso camarada António Nobre (ex-Fur Mil da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Buba, Nhala e Binar, 1969/70) dedicada ao nosso aniversariante:

Meu Caro Armando
A “AMIZADE” EXISTE... EXISTE SEMPRE.

No longínquo ano de 1968, quando nos conhecemos no BC10 em Chaves, unidade esta onde formámos o BCaç 2861, constituído pelas CCaç 2464/5/6, deu para perceber que o Armando Pires era um HOMEM solidário e que gostava de cultivar amizades, sempre sinceras e desinteressadas. Quem já esqueceu aquelas “brutas” farras à noite, designadamente as “ceias” ajantaradas com o pão quente que comprávamos na Panificação aquando do nosso regresso ao Quartel? Foram tempos fantásticos, em que cimentámos uma grande amizade, posteriormente continuada em Binar aquando da tua passagem por aquela localidade onde a minha Companhia - CCaç 2464 - terminou a comissão.
Enfim, bons tempos que infelizmente não voltam.

Tudo isto vem a propósito do teu aniversario de hoje - estamos a ficar “cotas”.

Muita saúde para ti e toda a família e que nos possamos falar durante muitos anos.

Um grande abraço e até sempre
António Nobre
Ex-Fur Mil
CCaç 2464
Guiné, 1969/1970
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9654: Parabéns a você (395): Rui Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 816 (Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9305: Memória dos lugares (169): A CCAÇ 2464 em Biambe e Binar (António Nobre)

1. Mensagem do nosso camarada António Nobre (ex-Fur Mil da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Buba, Nhala e Binar, 1969/70), com data de 29 de Dezembro de 2011:

Meu caro Carlos
Se porventura vislumbrares algum interesse nas fotos que se juntam, publica no nosso Blogue

A título informativo esclareço tratar-se de Pessoal da CCAÇ 2464/BCaç 2861 que nos anos 69/70 cumpriu serviço militar na ex-colónia portuguesa da Guiné

As fotos reportam-se à nossa estadia em Biambe e Binar.

Um abraço
Saudações camarigas
António Nobre
(ex-Fur Mil da CCaç 2464)


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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8234: Convívios (324): Almoço de confraternização do pessoal da CCAÇ 2464, ocorrido no dia 30 de Abril de 2011 em Fátima (António Nobre)

Vd. último poste da série de 26 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9272: Memória dos lugares (168): Bambadinca, de 1969/71... Evocando a figura do antigo comerciante Fernandes Rendeiro, natural da Murtosa, recentemente falecido... (Leopoldo Correia)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9212: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (2): Mensagens dos nossos camaradas José Carlos Gabriel, Alcides Silva, José Lima da Silva, José Corceiro, António Nobre, Fernando Chapouto, António Paiva e Armando Fonseca

MENSAGENS DE NATAL DOS NOSSOS CAMARADAS

1. Mensagem do nosso camarada José Carlos Gabriel (ex-1.º Cabo Op Cripto da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74):

Nesta data festiva não poderia deixar de endereçar os meus votos de UM FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO DE 2012 para todos os camaradas e respetivas famílias.


José Carlos Gabriel
Ex-1º Cabo Op. Cripto
2ª CCAC do BCAC 4513
Nhala 73/74

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2. Mensagem de Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador na CCS/BART 1913, Catió,1967/69:

Amigos e companheiros de guerra,
Envio o desejo de Bom Natal e Feliz Ano novo para todos os camarigos.


Um grande abraço para todos e muita saúde.
Alcides Silva

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3. Mensagem de José Lima da Silva (ex-Soldado da CCAÇ 1496/BCAÇ 1876, Bissum, Pirada e Bula, 1966/67):

Com os votos de que tenham Festas felizes e Santo Natal para todos em geral
Um abraço
JLS


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4. Mensagens de José Corceiro (ex-1.º Cabo TRMS, CCaç 5 - Gatos Pretos , Canjadude, 1969/71)

António Nobre (ex-Fur Mil da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Buba, Nhala e Binar, 1969 e 1970):
e
Fernando Chapouto (ex-Fur Mil da CCAÇ 1426, 1965/67, Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda

Natal Feliz com muita saúde e alegria
Um abraço


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5. Mensagem do nosso camarada António Paiva (ex-Soldado Condutor Auto no HM 241, Bissau, 1968/70):


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6. Mensagem de Armando Fonseca (ex-Soldado Condutor do Pel Rec Fox 42, Guileje e Aldeia Formosa, 1962/64):

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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 14 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9196: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (1): Gabriel Gonçalves (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)