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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20879: In Memoriam (364): Dos sete militares chacinados pelo PAIGC no “Chão Manjaco”, mártires da sua fé na autodeterminação e na consagração do direito do Povo da Guiné- Bissau ao poder (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav)

1. Em mensagem do dia 17 de Abril de 2020, o nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil Cav da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66) traz-nos à lembrança o Massacre dos Três Majores no Chão Manjaco  ocorrido há precisamente 50 anos.


IN MEMORIAM

Dos sete militares chacinados pelo PAIGC no “Chão Manjaco”, mártires da sua fé na autodeterminação e na consagração do direito do Povo da Guiné- Bissau ao poder.

Em 16 de Abril de 1970, o Governador e Comandante-Chefe General António de Spínola reuniu em Bissau cerca de 400 oficiais do CTIG (Comando Territorial Independente da Guiné), capitães do mato na sua maioria, para directivas e anúncio do “fim da guerra” – o fim do seu sonho louco, de sentar Amílcar Cabral no Palácio cor-de-rosa da Praça do Império, em Bissau, investido das funções de Secretário-Geral (Chefe do Governo) da Guiné, a oportunidade para o Capitão Vasco Lourenço, Comandante da CCaç 2549, na quadrícula de Cuntima, revelar a sua verve conspiratória e, também, o momento em que ele o tomou de ponta, com a inspecção ao seu comando, 15 dias depois, circunstância que ajudará à emergência do MFA (Movimento das Forças Armadas) e às suas consequências.

No entendimento do General Spínola, o “fim da guerra” da Guiné começara no Norte, pela transumância das FARP do comando do PAIGC o comando do Exército Português, trabalhada pela PIDE e manobrada pela nata dos oficiais do seu Estado-Maior, os malogrados Majores Magalhães Osório, Passos Ramos e Pereira da Silva, extensiva às restantes, por efeito sistémico, a começar pelas do Sul.


Para Amílcar Cabral e seus pares cabo-verdianos, a ideia spinolista do “fim da guerra” presenteou-os com a oportunidade de lhe aprontar a cilada da sua liquidação física (já recorrente, afirmará Nino Vieira), sob a superintendência do Comandante Pedro Pires, do Conselho Superior de Luta, manobrada por Quintino Vieira e Luís Correia, responsáveis da pide paigcista na região e na zona Norte, comandada pelo corajoso André Gomes, ora membro do Comité Executivo, que havia sido condecorado com a medalha da “Estrela Negra”, pelo seu êxito no ataque do aeroporto de Bissalanca com morteiros de 82, em 1968, e que o ex-milícia Braima Camará, implacável comandante militar da zona Norte, executou mas não consumou, pela falta de comparência do General Spínola.

O Comandante-Chefe surpreendera o seu 9.º encontro com a sua presença, abraçara o Quintino e o André, mostrou grande satisfação em corresponder à continência deste, o caso teve o seu desenvolvimento, foram aprazados o 10.º encontro, o dia D e a hora H para a renegação, com uma última condição pelos renegados: Só se renderiam ao Comandante-Chefe, com o seu armamento, mas ele e a sua escolta teriam de comparecer desarmados…

Pelas 16H00 do dia 20 de Abril de 1970, aqueles três Majores, o Alferes Miliciano Ranger Palmeiro Mosca, os naturais e milícias 1.º Cabo Patrão da Costa, condutor, Aliú Sissé e Mamadu Lamine, guias, todos inermes, compareceram no ponto de encontro, junto aos destroços duma autometralhadora Daimler, na estrada Pelundo-Jolmete, foram logo assassinados a rajadas de metralhadoras, cobardemente, e os seus corpos esquartejados à catanada, criminosamente.

“Sacrifício das vidas para nada” – últimas palavras do Major Pereira da Silva, o operacional daquela manobra.

Enquanto no seu tempo, o Major Teixeira Pinto era o “Capitão Diabo”, no tempo General Spínola, a Guiné era a “Spinolândia”, e nem sempre este terá estado à altura daquele seu predecessor.

Meio século antes, os antepassados manjacos da mesma região massacraram a pequena força portuguesa que construía um pontão, refugiaram-se no Senegal, Teixeira Pinto disfarçou-se de comerciante, fez o reconhecimento a todos, comandou a patrulha que os foi catar, cuidou de negociar a paz com a autoridade gentílica, mas vitorioso.

Terá havido um Alto-Comando para a Guerra da Guiné? Não obstante as evidências do aventureirismo militar, do grau de temeridade dessa operação e da tragédia do seu resultado, por se ter subestimado a “natureza substantiva” do IN, o Comandante-Chefe da Guiné não só não foi demitido, como a recorrência lhe será permitida, com a “vendeta” a Conacri, que serviu para projectar o prestígio do PAIGC e acelerar a internacionalização da sua guerra.

O “massa dos majores” e o quase falhanço do assalto a Conacri evidenciaram a mediocridade atávica da PIDE, como agência de informações para acções militares. 

Manuel Luís Lomba
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Nota do editor

Último poste da série de 3 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20807: In Memoriam (363): Coronel Luís Fernando de ANDRADE MOURA (6-5-1933 - 23-3-2020), notável soldado da Pátria e da Democracia (Manuel Luís Lomba)

terça-feira, 17 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16101: Efemérides (226): Dia 20 de Abril de 2016, triste aniversário; 46 anos se passaram sobre o assassinato do Chão Manjaco (Manuel Resende, ex-Alf Mil da CCAÇ 2585)



Pelundo - Major Osório em primeiro plano


Pelundo - Major Passos Ramos, o primeiro à esquerda; Major Osório,
último à direita e de costas



Alferes Mosca em primeiro plano ajudando na preparação da ceia de Natal de 1969

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (Ferreira) (2016).


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Resende (ex-alf mil da CCaç 2585/BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71), com data de 20 de Abril de 2016, a propósito da passagem do 46.º aniversário do assassinato dos Majores PASSOS RAMOS, MAGALHÃES OSÓRIO, PEREIRA DA SILVA; Alferes Miliciano JOÃO MOSCA; dois condutores e um tradutor, no Chão Manjaco, no dia 20 de Abril de 1970.




Triste Aniversário

Caros amigos e camaradas
Hoje é o dia 20 de Abril. Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 46 anos?

Neste dia não houve saída para o mato, não saímos do quartel nem para caçar. Achámos estranho, mas o nosso Capitão Almendra disse aos Oficiais, não sei se a mais alguém, talvez ao Dandi, depois do almoço, que se estava a passar algo de anormal.

Nesse dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”, entre os chefes do PAIGC e os OFICIAIS do CAOP, num local junto à primeira bolanha a contar do Pelundo para Jolmete, a cerca de 4-5 Kms do Pelundo.
Essa reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.

No dia anterior, Domingo 19, o CAOP esteve em Bula, e ao jantar, o Sr. Major Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um tal “LUIS” iria estar presente na reunião no dia seguinte. Segundo o que me lembro dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e pensativo, ... devido à presença inesperada dessa pessoa.

Estavam previstos 5 jipes (isto é o que me lembro da altura dos acontecimentos), mas ficaram reduzidos a três, pois o Sr. Major Pereira da Silva, que superintendia o assunto, não autorizou os outros a serem “martirizados”. Lembro-me de ouvir dizer que o nosso Capelão, Padre António Gameiro queria ir, mas não foi autorizado. Eu tinha a impressão que o nosso médico Dr. Diniz Calado, também queria ir, mas ainda há poucos meses estive com ele, abordei o assunto e o próprio disse-me “que nunca essa hipótese foi colocada, não queria participar em aventuras dessas”.

Bom, o local foi alterado para a segunda bolanha, a 5 Kms de Jolmete. Porquê? Como lá foram parar, cerca de 8 Kms mais a norte, mais próximos de Jolmete?

Devo confirmar que ouvi alguns tiros por volta das 3 da tarde (e muitas outras pessoas também ouviram). Foi muito comentado, pois nesse dia estávamos proibidos de “fazer fogo”, nem a caçar.

Foram barbaramente assassinados pois estavam desarmados:

Major PASSOS RAMOS
Major MAGALHÃES OSÓRIO
Major PEREIRA DA SILVA
Alferes JOÃO MOSCA
Nativo MAMADÚ LAMINE 
Nativo ALIÚ SISSÉ 
Nativo PATRÃO DA COSTA 

OBS: Os nativos eram dois condutores dos jipes e um tradutor.

Não é meu interesse aqui entrar em pormenores, pois apenas quero lembrar a memória destes Oficiais, que devem figurar em todos os escritos com letra maiúscula.

Junto algumas fotos tiradas por mim, lamento não ter nenhuma do Sr. Major Pereira da Silva.

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884

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2. Comentário do co-editor CV

São devidas desculpas ao Manuel Resende por só hoje estarmos a dar conta desta triste efeméride mas, como este assunto é por demais marcante na história da guerra da Guiné, qualquer dia é próprio para se falar dele.

Quanto a mim, não esqueço esta data porque foi o dia em que nos apresentámos, na Parada do Depósito de Adidos, ao General Spínola. A 21 seguiríamos para Mansabá para uma longa estadia, ali, que só terminaria a 23 de Fevereiro de 1972.

Temos mais de meia centenas de referência a este trágico episódio; Três majores | Alferes Mosca | Chão manjaco
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Nota do editor

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14045: A minha máquina fotográfica (13): Tive, desse tempo, uma Kowa SE T que depois vendi; e tenho ainda uma Minolta SR T 101... Se um dia quiserem fazer um museu com as "máquinas de guerra", contem com a minha... Não a vendo, tem um grande valor sentimental... (Manuel Resende, ex-alf mil, CCaç 2585, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)

1. Mensagem de Manuel Resende, com data de 11 do corrente


[ Manuel Resende, com o Dandi, em pose para a fotografia; ex-Alf Mil da CCaç 2585/BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71]


Caros Luís e Vinhal,


Em anexo segue um pequeno texto sobre as minhas máquinas fotográficas na guiné.

Tambés as fotos para serem coladas nos locais próprios. (Vd aqui o link do meu álbum fotográfico.  referido no texto).

Desejo-vos um Santo Natal. Muitas prendinhas do Menino Jesus e um 2015 um pouco melhor que este.

Um abraço, Manuel Resende




Crachá da CCAÇ 2585 ( Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)


2. As minhas máquinas fotográficas 

por Manuel Resende


Amigo Luís Graça

A propósito da sondagem das fotos e máquinas fotográficas da nossa comissão na Guiné (*), tenho todo o prazer em dar a minha opinião, pois já nessa altura eu era o fotógrafo da Companhia, havia de facto mais algumas máquinas, mas quase todos me batiam à porta.

Tirava fotos individuais a quem me pedia e colectivas, sendo a revelação feita sempre em Bissau e com cópias “por cabeça”. O nosso 1º Sarg. Vinagre ia todos os meses a Bissau tratar dos assuntos necessários, e levava os rolos para revelar e trazer as cópias que eram feitas em tempo oportuno. Também comprava o que lhe encomendássemos, como foi o caso da minha máquina fotográfica, da minha pressão ar “Diana 37 de 5,5 mm”, etc. Convém não esquecer que Jolmete era só o Quartel, depois do arame farpado era mato e turras.

Lembro-me que o Fur Guarda tinha uma máquina, salvo erro Olympus. O Fur Rodrigues também tinha uma, mas a que me chamou mais a atenção era a do Alf. Mosca, uma Yashica, tipo caixa, de ver por cima, que fazia negativos de 60x60 mm e tinha uma lente com luminosidade de 1:1.2, o que na altura era o máximo que se fabricava. As fotos de 12x12 cm ficavam extremamente nítidas. Tenho a certeza que ele a levou para fotografar os “amigos”, como ele dizia, que o assassinaram juntamente com os Majores.





Eu, depois de “tirar” a especialidade de Atirador de Artilharia em Vendas Novas (a nossa artilharia era G3), fui colocado no BII 18 dos Arrifes, em Ponta Delgada - Açores, e passado um mês de lá estar a descansar, recebi guia de marcha para o Pragal (Almada) para formar Companhia para a Guiné, e no meu regresso dos Açores viajei no Paquete Funchal. Foi lá que eu vi uma linda máquina Reflex, marca Kowa, com lente de 1:1.8. Comprei também um Flash electrónico, com regulação de luz (manga de ronco), que ainda hoje funciona. A máquina custou 2.800$00 e o Flash custou 1.000$00.






Sensivelmente a meio da comissão resolvi comprar a máquina dos meus sonhos. Numa das idas a Bissau do nosso 1º Vinagre, pedi-lhe que me comprasse uma que eu já tinha namorado na casa Pintosinho, nos dois dias em Bissau à nossa chegada. Era uma Minolta SRT 101, com lente 1:1.2, só que na altura não tinham esse modelo, pelo que o nosso 1º resolveu comprar a melhor que lá tinham, a mesma mas com lente 1:1.4, e que me custou 7.800$00. Ainda hoje a tenho e funciona bem. Entretanto vendi a alguém da Companhia, e que já não me lembro, a anterior. 





Amigo Luís,

se um dia quiseres fazer um museu de máquinas antigas podes contar com a minha, pois o valor real é nulo, mas o valor sentimental é grande e eu não a vendo.

Em relação às minhas fotos e slides estão todas num álbum na net. São trezentas e tal, mas acho que muitas são de nível particular e penso que não terás interesse em publicá-las. Estás à vontade para publicar as que bem entenderes.


Um abraço

Manuel Resende

(Fotos e link em anexo)





Álbum do Manuel Resende > Foto nº 24 > "Como as palmeiras eram pesadas"



Álbum do Manuel Resende > Foto nº 57 > "Cubano ferido"



Álbum do Manuel Resende > Foto nº 85 > "Capitão Almendra" (**)


Fotos (e legendas): © Manuel Resende  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 15 de dezembro de2014 >  Guiné 63/74 - P14030: A minha máquina fotográfica (12): Ainda tenho, operacional, a minha Fujica Compact S, comprada em finais de 1972, em Bissau (Armando Faria, ex-fur mil, MA, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74)


(**)  Vd. poste de 1 de julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4622: Fichas de Unidades (4): História do BCAÇ 2884 (José Martins)


(...) Companhia de Caçadores nº 2585


(...) Iniciou o deslocamento, por fracções, em 15 e 16 de Março de 1969, com destino a Teixeira Pinto donde, no dia seguinte, segue para Jolmete, afim de render a Companhia de Caçadores nº 2366.

Na dependência do Batalhão de Artilharia nº 2845, assume a responsabilidade do subsector Jolmete e, após remodelação dos sectores, fica na dependência do Batalhão de Artilharia 2866 e posteriormente na dependência do seu batalhão.

Colaborou na protecção e segurança dos trabalhos da estrada de Bula - Ponta de S. Vicente, guarnecendo as bases de Bipo e Ponta Fortuna, e realizou operações nas regiões de Bugula, Ponta Nhaga, Peconha e outras.

Foi rendida, em 12 de Fevereiro de 1971, pela Companhia de Caçadores nº 3306.

(...) Distinguiram-se e foram condecorados os seguintes militares:

(...)

Por acção praticada no dia 22 de Outubro de 1970:

ANTÓNIO CAMILO ALMENDRA, Capitão Miliciano Graduado de Infantaria, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 1ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 17, IIª Série de 1971; (...)

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12704: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (10): O massacre do chão manjaco: acta informal das reuniões do Conselho de Guerra em Conakry, de 11 a 13/5/1970: Transcrição, fixação de texto e notas de Jorge Picado

1. Mensagem,  enviada com data de 28 de janeiro último, pelo Jorge Picado [, foto à direita: ex-cap mil,  CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72 . . aos 32 anos, pai de 4 filhos, engenheiro agrónomo, ilhavense]:
Amigo Luís

[...] Olha, quanto às minhas pesquisas que vou fazendo,  sempre que posso,  no Arquivo Amílcar Cabral, descobri numa acta de um Conselho de Guerra as referências do PAIGC ao caso dos "3 Majores e do Alf Mil Mosca".

Não sei é retirar para publicação as referências.

Lê e vê se tem algum interesse. Entre parenteses rectos estão achegas pessoais que fiz. Jorge Picado


2. Reprodução, com a devida vénia, do documento Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra em Conakry. 

 Transcrição, fixação de texto e notas pessoais [, dentro de parênteses retos, em itálicos] de Jorge Picado, que, como se sabe, também foi oficial do CAOP1, tal como os malogrados  Major Magalhães Osório, Major Passos Ramos, Major Pereira da Silva e Alferes Mosca


Para ver e ampliar o original, clicar aqui:

Conselho de Guerra: reuniões de 11-05-1970 a 1 13-05-1970: Acta das Sessões  (25 pp.)

Casa Comum

Instituição: Fundação Mário Soares

Pasta: 07073.129.004

Título: Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra em Conakry

Assunto: Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra, de 11 a 13 de Maio de 1970, manuscrita por Vasco Cabral. Membros Presentes: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, João Bernardo Vieira (Nino), Osvaldo Vieira, Francisco Mendes, Pedro Pires, Paulo Correia, Mamadu N'Djai, Osvaldo Silva, Suleimane N'Djai 

Secretário: Vasco Cabral

Data: Segunda, 11 de Maio de 1970 - Quarta, 13 de Maio de 1970

Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Relatórios 1960-1970.

Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral

Tipo Documental: ACTAS

Direitos: A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Citação:
(1970-1970), "Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra em Conakry", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34125 (2014-2-9)


“S. G. [Secretário Geral, Amílcar Cabral]- … A situação mudou também por causa da acção levada a cabo no Norte contra alguns oficiais superiores, em conseq[uência] da acção combinada das n[ossas] forças armadas, da segurança e da Dir[ecção] do P[artido]. 

A liquidação dos 3 majores, 1 Alferes e alguns outros elementos (2.º alguns cam[aradas] - um capitão e um Chefe da PIDE) [Não havia outros Of, mas sim mais 3 guineenses. Se algum era da PIDE, desconheço.], mostrou que era falsa a propaganda dos tugas [termo depreciativo para designar os Portugueses] de que estavam à vontade na n[ossa] terra e Por outro lado, os tugas estavam convencidos de que conseguiam comprar a n[ossa] gente. 

Toda a política de Spínola [COMCHEFE e GG], em conseq[uência] destas n[ossas] acções, está posta em causa. E para toda a gente, tanto dentro como fora da n[ossa] terra, o n[osso] prestígio aumentou bastante e até para o n[osso] inimigo. Sobretudo esta liquidação dos oficiais superiores, contribuiu para isso. O tuga, o Português, pensava antes que nós todos éramos cachorros. O tuga agora já se convenceu do contrário… Os nossos cam[aradas] foram capazes de enganar, discutir com eles, convencê-los, apesar da sua imensa experiência e capacidade e liquidá-los... 

Através [de] certos cam[aradas] que estão em CANCHUNGO, os tugas tentaram ligações com eles, com vistas a desmobilizar a n[ossa] gente. Tentaram, servindo-se de elementos do Fling [Frente de Libertação para a Independência Nacional da Guiné, fundada em Dakar-Senegal em 1962, opositora do PAIGC], portanto a um nível mais baixo, desmobilizar a n[ossa] gente. Sem resultados. As conseq[uências] foram a prisão de 4 dirigentes do Fling. Tentaram contactar Albino, Braima Dakar [Era um dos 2 componente do Comando Geral da Zona BIAMBI-NAGA-BULA, fazendo também parte do Comando Conjunto da Frente BIAMBI-CANCHUNGO] e outros. E na região de Quínara. E tb [também] com gente na periferia da n[ossa] luta: Laí, Pinto e João Cabral. 

Tentaram a ligação com André Gomes e Quintino [O 1.º era um dos 3 responsáveis pela Zona de NHACRA, um dos 3 componentes do Comando Conjunto da Frente NHACRA-MORÉS, um dos 23 componentes do Comité Executivo da Luta (CEL) e por inerência também um dos componentes do Conselho Superior da Luta (CSL). O 2.º, Quintino (Vieira), era o responsável pela Segurança e Controle (SC) do Sector Autónomo de CANCHUNGO, no Comité Regional da Região Libertada a Norte do Geba (CRRLNG) e por inerência igualmente membro do Comité Nacional da Região libertada a Norte do Geba (CNRLNG)].

 Eles avisaram a Dir[ecção] do P[artido], para a interrogar. André Gomes deu mais uma prova de confiança ao P[artido]. Ele mesmo supunha que os tugas queriam desertar. Só depois é que se viu que o [que] queriam [era] desmobilizar a n[ossa] gente. O S.G. [ Secretárioi Geral, Amílcar Cabral] deu o seu acordo à proposta, mas pediu que agíssemos depressa.

 Luís Correia [Responsável pela SC do Sector do OIO no CRRLNG e igualmente do CNRLNG, além de membro do CSL e creio também do CEL], pôs-se, por sua própria iniciativa, em contacto com os cam. [camaradas] da zona. Lúcio Tombô [Ou Tombon, um dos comandos da Zona de BULA] tb [também] foi envolvido na combinação. Ele pôs-se em contacto com os tugas, mas quem devia falar era Braima Dakar que jogou um papel de defesa do P[artido]. 

Os tugas escreveram cartas amáveis e respeitosas aos cam[aradas], num grande namoro. Deram-lhes grandes presentes. Propunham que os guineenses deviam ir substituir os cabo-verdianos, de quem já tinham feito uma lista negra de 30 e que deviam ceder os seus lugares a guineenses. Deram presentes vários: conhaque, whisky, rádios, relógios, panos para as mulheres, cigarros bons, etc. Encontraram-se 5 vezes. Na 4.º vez esteve presente o Governador, que apertou a mão, tirando a luva, do n[osso] cam[arada] André Gomes. (Amílcar lê uma das cartas de um major, Pereira da Silva, a André Gomes). 

No dia do encontro deviam vir os n[ossos] cam[aradas] chefes e estava prevista a vinda do próprio Governador. Os cam[aradas] vieram de facto acompanhados das suas armas. Apareceu mesmo o Luís Correia e eles já sabiam da sua presença. Para não desconfiarem, disseram-lhes que o Luís Correia estava presente e era um alto dirig[ente] do P[artido]. Durante as conversações com os tugas, foi decidido pararem os bombardeamentos aéreos, e os combates. Isso aconteceu de facto: os nossos camar[adas] pararam também certas acções. (Amílcar lê uma outra carta do Major Mosca). [Mosca não era Maj, mas sim Alf Mil]. 

Durante as conversas, Braima Dakar, aproveitou para fazer certas exigências. Pediu a libertação de seu pai, a libertação de 2 cam[aradas] (Claude e José Sanhá) [Este 2.º elemento, antes de 1964 já comandava guerrilheiros numa Zona do Norte e depois de libertado foi novamente integrado pelos responsáveis da Frente BIAMBI-CANCHUNGO, sem que tivessem consultado a Direcção do Partido, acto entretanto criticado pelo S.G. na reunião alargada da Direcção Superior que teve lugar em Conakry de 12 a 15ABR70 e onde foi apresentada e aprovada uma nova Estrutura do Partido e onde este elemento em causa foi confirmado como um dos comandantes da Zona de BIAMBI, da Frente BIAMBI-CANCHUNGO] e foram mesmo soltos (já cá estão). 

Durante as tréguas, os cam [aradas] levantaram minas na estrada de Bula-Binar. Mesmo assim, houve uma emboscada em Biambi, aos tugas, na qual, 2.º uma carta apanhada, de um dos majores, afirmam que morreram 4 tugas. Também dão notícia dos ferimentos graves que sofreu um capitão que estivera com eles numa reunião, ao tentar detectar minas: perdeu um braço e uma das vistas. Salienta ainda o facto de ter havido nas nossas bases, vários camaradas que começavam a protestar contra as ligações que estavam a ver com os tugas. Alguns disseram que se isso continuasse se iam embora. Isto é tb [também] uma coisa muito importante, porque mostra a fidelidade desses cam[aradas ao P[artido] (eles não estavam ao corrente das coisas).

Nino – Saliente a import[ância] de os n[ossos] cam[aradas] terem levado à certa grandes homens dos tugas. Isso foi porque os tugas nos consideram como cachorros. Os tugas sentem hoje qual é a n[ossa] força, tanto moral como política.

Amílcar – Este acto foi um acto de grande consciência política e um acto de independência. Foi um acto de grande acção e de capacidade dos n[ossos] cam[aradas] do Norte. É a 1.ª vez que numa luta de libertação nacional se mata assim 3 majores, 3 oficiais superiores que, nas condições da n[ossa]  luta, equivale de facto à morte de generais…“.


3. Esclarecimento posterior do Jorge Picado [12 fev 2014, 23:18]


Amigo Luís:

Sobre o conteúdo transcrito nas actas desse Conselho de Guerra, apenas encontrei motivo de interesse nessa parte que transcrevi sobre o caso dos "3 Majores e do Alf Mil do CAOP 1" e que se resumiu a esse pedaço.

Quanto ao resto são questões variadas internas do PAIGC sem qualquer interesse para a nossa temática da Guerra.

Abraço, Jorge.
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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12349: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (9): Em setembro de 1964, a situação estava feia na antiga Zona 7 do PAIGC, segundo carta do 'Nino' Vieira [Marga]: (i) falta de homens, material, medicamentos e alimentos; (ii) 1 guerrilheiro deserta e apresenta-se em Bambadinca; (iii) as NT desembarcam no Rio Corubal, na Ponta Luís Dias, e avançam até ao Poindom e à Ponta do Inglês, provocando baixas entre a população e a guerrilha; (iv) 300 fulas da zona leste recebem instrução militar em Bissau, mas... (v) o moral da guerrilha parece ser... alto, estando disposta a ocupar militarmente o Saltinho e o Xitole (o que, como sabemos, nunca virá a acontecer até ao fim da guerra)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11471: Efemérides (125): No passado dia 20 de Abril fez 43 anos que foram assassinados os Majores Passos Ramos, Magalhães Osório e Pereira da Silva, O Alferes João Mosca, dois Condutores e um tradutor (Manuel Resende)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Resende (ex-Alf Mil da CCaç 2585/BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71), com data de 20 de Abril de 2013:

Caros amigos e camaradas,

Hoje é o dia 20 de Abril. Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 43 anos?

O nosso Capitão Almendra, disse aos Oficiais, não sei se a mais alguém, talvez ao Dandi, depois do almoço, que se estava a passar algo de anormal.

Nesse dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”, entre os chefes do PAIGC e os OFICIAIS do CAOP, num local junto à primeira bolanha a contar do Pelundo para Jolmete, a cerca de 5 Kms do Pelundo.
Essa reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.

No dia anterior, 19, Domingo, o CAOP esteve em Bula, e ao jantar, o Sr. Major Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um tal “LUIS” iria estar presente na reunião do dia seguinte. Segundo o que me lembro dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e pensativo.

Só para resumir, o local foi alterado para a segunda bolanha, a 5 Kms de Jolmete. Porquê?

Devo confirmar que ouvi dois tiros por volta das 3 da tarde (e muitas outras pessoas também ouviram).

Foram barbaramente assassinados (pois estavam desarmados) os nossos Oficiais:

Major PASSOS RAMOS
Major MAGALHÃES OSÓRIO
Major PEREIRA DA SILVA
Alferes JOÃO MOSCA
Dois condutores dos jipes e um tradutor (total 7 pessoas).

Não é meu interesse aqui entrar em pormenores, pois apenas quero lembrar a memória destes Oficiais, que devem figurar em todos os escritos com letra maiúscula.

Junto algumas fotos tiradas por mim, mas lamento não ter do Sr. Major Pereira da Silva.

Major Passos Ramos o primeiro à esquerda

Major Osório em primeiro plano

Alferes Mosca em primeiro plano

Alferes Mosca

Manuel Resende
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Nota do editor:

Último poste da série de 22 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11445: Efemérides (124): Matosinhos comemorou o Dia do Combatente e o 4.º aniversário do Núcleo da Liga dos Combatentes (Carlos Vinhal)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7152: Os nossos camaradas guineenses (27): Dandi, natural de Jol, no chão manjaco, capitão da companhia de milícias do Pelundo, agraciado com Cruz de Guerra pelo Gen Spínola em 1972, fuzilado pelo PAIGC em 1975 (Manuel Resende / Augusto Silva Santos)



Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > O >Alf Mil At Inf Manuel Resende e o chefe de secção de milícias, Dandi, mais tarde Capitão da Companhia de Milícias do Pelundo...





Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > "Junto vou-te enviar uma foto, especial para mim, pois fui eu que a tirei em pleno mato, da última operação que ele [, o Alf Mosca,]  fez com o Capitão Tomás da Costa antes de ir para o CAOP. Como não tem legendas, vou explicar: ao centro, com as cartucheiras e ar de mau (para a foto) é o Cap Tomás da Costa; ao lado esquerdo,  sentado com a G3 ao alto no ombro,  é o Mosca; do lado direito em pé, sempre equipado a rigor, é o nosso amigo Dandi, que nunca facilitava em serviço (mais tarde também graduado em Capitão de milícia pelo Gen Spínola, em 72 Cruz de Guerra, e em 75 fuzilado)" (Manuel Resende, 16/6/2009).




Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > O Dandi, junto ao monumento da CCAÇ 2585


Fotos:  © Manuel Resende (2009). Direitos reservados


1. Excerto do depoimento do nosso camarada Manuel Resende, ex-Alf Mil At Inf, CCaç 2585/BCaç 2884 (Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71) (, foto à esquerda) (*):

(...) Neste apontamento quero e tenho o dever de salientar o contributo altamente positivo dos soldados africanos do Pelotão de Caçadores Nativos nº 59, comandado inicialmente pelo colega Alferes Mosca, e pela secção de milícias, comandada pelo chefe da milícia, o célebre Dandi, mais tarde promovido a Capitão de Milícia pelo Sr. General Spínola, e que já vinha com boas referências da companhia anterior [, CCAÇ 2366].


Sempre que saíamos para o mato estes homens iam sempre à frente, pois como conhecedores do terreno, sabiam como chegar ao objectivo. O Dandi,  natural do Jol, conhecia como ninguém todos os recantos da mata.

Bom guerrilheiro, bom caçador, muito nos ajudou a evitar cair em emboscadas, abrindo trilhos novos na mata. Quando saíamos para o mato com ele, ninguém tinha medo, por mais difícil que fosse a missão. Mais tarde fez parte do rol dos fuzilados [, a seguir à independência]. Sinceramente não sei se a Cruz de Guerra prometida pelo Sr. General Spínola lhe foi entregue antes de 1975. Que será feito dos outros?

Apesar do primeiro contacto a sério com o inimigo, já referido atrás, com 2 mortos e alguns feridos, o dia ou o facto que mais me marcou durante toda a comissão, e o fez profundamente, foi a morte dos Oficiais do CAOP, os três Majores e o meu colega Alferes Mosca (além dos outros três nativos) no dia 20 de Abril de 1970, em prol da paz e do entendimento dos povos do Chão Manjaco.

O Alferes Joaquim João Palmeiro Mosca pertencia à minha Companhia, a 2585, pois era comandante do Pel Caç Nat  59 (já referenciada) que fazia parte da Companhia, embora a rendição fosse individual. Em Set/Out de 1969 o Alferes Mosca foi convidado pelo CAOP em Teixeira Pinto, para cuidar das plantações experimentais que se começavam a desenvolver no Chão Manjaco, pois ele era Regente Agrícola de formação.

Como as suas qualidades para a Psico eram boas, foi convidado para colaborar nessa área com o Sr  Major Joaquim Pereira da Silva, Oficial de Informações e Coordenador da Acção Psicológica com as populações. (...)

2. Comentário de Agusto Santos Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833 (Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73) (, foto à esquerda)

Olá Camarada e Amigo!


Sempre com Jolmete por fundo, aqui estou eu a saudar-te por esta tua iniciativa.

Por tua influência, juntei-me a este blogue, por minha influência (julgo), decidiste publicar no Correio da Manhã a tua passagem pela Guiné, mas aqui bem mais completa e esclarecedora.

Sabes uma coisa curiosa? É que eu antes de ser chamado para o serviço militar, estive na marinha mercante dos 18 aos 21 anos, e um dos navios em que prestei serviço foi precisamente no "Niassa", embora só em 1970. Outra curiosidade. Sabes onde eu moro? Em Almada, e nessa altura residia muito perto do quartel onde te foste apresentar, mas que hoje já não existe. Com algum atraso, as nossa vidas andaram cruzadas (Almada / Niassa/ Guiné / Jolmete).

Sobre o célebre Dandi... No meu tempo ele já era o Comandante da Companhia de Milícias do Pelundo, embora estivesse sempre no Jol, e já tinha sido agraciado com a cruz de guerra pelo General Spínola. Numa das operações (a mais difícil que me lembro), ele chegou a ser ferido com um tiro numa perna.

Era de facto um excelente guerrilheiro. Numa ocasião, para escaparmos a uma emboscada do IN, lembro-me que ele nos levou por um trilho de caça muito antigo que, segundo o próprio Dandi, já não passavam por lá pessoas há alguns anos.

Também me lembro de irmos fazer segurança ao local onde morreram o Alferes Mosca e os 3 Majores, para o General Spínola ir lá depôr uma coroa de flores, acto que sempre praticou enquanto se manteve na Guiné.

Um Grade Abraço,

Augusto Silva Santos
 
____________
 
Notas de L.G.:
 
(*) Vd. poste de 21 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7151: Recortes de imprensa (34): A guerra do Manuel Resende, ex-Alf Mil At da CCaç 2585/BCaç 2884 (Correio da Manhã)
 
(**) Último poste da série > 13 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6586: Os nossos camaradas guineenses (26): O regresso do inesquecível Mamadu Camará (Mário Beja Santos)

sábado, 5 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6538: As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho) (13): Três acontecimentos com impacto na Guiné - Março/Abril de 1970

1. Mensagem de Arménio Estorninho* (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), com data de 3 de Junho de 2010:

São passados quarenta anos sobre três acontecimentos de grande significado para as chefias militares e para a sociedade civil da Guiné, os quais se deram nos meses de Março e Abril de 1970.
Presenciei parte e também tive conhecimento de algo à surdina.
Assim rebuscando na memória, irei narrar os meus comentários, apresentando extractos de uma ímpar reportagem fotográfica, puxando ao pormenor a ordem cronológica das situações.
Concluiu-se o que eram preparativos para a paz na Guiné.
Arménio Estorninho


Três acontecimentos com impacto na Guiné - Março/Abril de 1970

Parte 1


Cidade de Bissau, a 16 de Março, de 1970

Tendo eu conhecimento de que um Homem Grande de Lisboa e Ministro do Ultramar, Dr. Silva Cunha, estava prestes a chegar a fim de efectuar uma visita Ministerial à Guiné, para “in loco” contactar o Povo Guinéu e inteirar-se da situação politica e militar, preparei o meu equipamento fotográfico, para ir presenciar e captar imagens de um grande ronco.

Havia vasta informação para a população estar presente e manifestar-se ao longo do percurso desde o Aeroporto de Bissalanca, Estrada de Brá, Sacor e Praça do Império.

Haveria concentração a partir da rotunda da Sacor / Mãe d’Àgua (foto 1), Av. Teixeira Pinto e em frente ao Palácio do Governador. Dentro da cidade o percurso estava engalanado e embandeirado, a população indígena estava disposta ao longo, trajando as suas vestes domingueiras e festivas, dançando e cantando ao som de batucadas.

Duvidando da forte presença humana, dando o meu palpite se devido a ofertas de sacos de bianda” e/ou por indicação dos Chefes Tradicionais (foto 2 a 6). Não sei de onde me vem esta ideia, será por detrás de cada memória há sempre um sopro de curiosidade.


Foto 1 – Guiné> Bissau> Rotunda da Mãe d,Água/Sacor> Março de 1970. Zona para início da concentração e recepção do Homem Grande de Lisboa. No centro dois polícias sinaleiros e no perímetro a presença de vários outros polícias.

Encontrei uma certa alegria dos indígenas embora estivessem em situação de guerra, sendo eu um dos poucos brancos que circulavam por entre a multidão, conforme se comprova pelas fotos, a fazer a reportagem que considerei interessante.

Foto 2 –Guiné> Bissau> Av. Teixeira Pinto (Av. Francisco J. Mendes)>Março de 1970. Artéria engalanada a propósito, com muito povo a aguardar a passagem do ministro do Ultramar. Fiquei surpreso em ver um indivíduo indígena (que segue pela direita), arrastando um tronco de árvore, amedrontando e marcando posicionamento.

Foto 3-Guiné> Bissau> Av. Teixeira Pinto (Av. Francisco J. Mendes)> Março de 1970. Batucada, com dança nativa, foi uma boa forma de divertimento, preenchendo o tempo de espera. O africano que se apresenta em primeiro plano, pareceu-me que seria um dos filhos do Chefe Religioso Cherno Rachid, de Aldeia Formosa, e simular não perdendo por isso a oportunidade de tirar a foto.

Foto 4-Guiné> Bissau> Av. Teixeira Pinto (Av. Francisco J. Mendes)> Março de 1970. Enquanto aguardam, há batucada e dança nativa para alegrar o povo.

Foto 5- Guiné> Bissau> Av. Teixeira Pinto (Av. Francisco J. Mendes)> Março de 1970. Batucada e dança nativa. Pormenor, a diversidade da cor das vestes das bajudas.

Foto 6-Guiné> Bissau> Av. Teixeira Pinto (Av. Francisco J. Mendes)> Março de 1970. Em fundo o Parque Teixeira Pinto (Praça dos Combatentes) e o povo colocado ordeiramente.

Quando da passagem dos Homens Grandes de Lisboa e de Bissau, deu-se um alarido e em forma de algaraviada. Nunca tinha presenciado uma manifestação com tanta expressão popular.

Depois, ficando na embrulhada, no meio do povo, aproximei-me da Polícia Metropolitana (foto 7), não fosse o diabo tecê-las, cometendo alguma imprudência naquele mar de gente.

Foto 7 – Guiné> Bissau> Em fundo o Parque Teixeira Pinto> Março de 1970. O povo aguardando a iminente passagem dos Homens Grandes, os civis brancos aparentemente seriam Polícias/Seguranças e o militar, Operador de Fotocine.

Chegados à Praça do Império, estava toda engalanada, já com imenso Povo a aguardar, enchendo-se literalmente com os que vinham no cortejo, sempre com os manifestantes a cantar e a dançar ao som dos batuques (foto 8 a 11). Nas zonas frontais ao Palácio viam-se dísticos de ocasião e faziam-se alegorias com aclamações.

Foto 8 – Guiné> Bissau> Praça do Império (Praça Heróis Nacionais)> Março de 1970. “Mindjeres garandis, firma junti di Palácio,” cantando e batendo as tabuínhas. Esta foto foi tirada com consentimento, “nha mim mist leva metrópole,” veja-se a pose.

Cada etnia agrupava-se e dando um certo colorido e forma carnavalesca, que só as gentes africanas é que têm a arte e o saber do que lhes traz na alma.

Tudo se conjugava para uma grande concentração e manifestação, via-se no Pátio de entrada do Palácio muitos Homens Grandes, demonstrando apoio e confiança.

Foto 9 – Guiné> Bissau> Praça do Império (Praça Heróis Nacionais)> Março de 1970. Chegada do séquito que se aglomerou defronte do Palácio do Governador.

Foto 10 – Guiné> Bissau> Praça do Império (Praça Heróis Nacionais)> Março de 1970. Concentração do Povo defronte do Palácio do Governador. Recordo-me muito bem do africano que me olha defronte, desconfiado. Fiz de conta que não me apercebi simulando tirar outras fotos.

Foto 11 – Guiné> Bissau> Palácio do Governador> Março de 1970. Vista obtida do lado da Associação Industrial e Comercial. À varanda, a elite de Bissau aguardando a vinda das Entidades Oficiais “Homens Grandes Tugas.”

“O Homem Grande”, General António de Spínola, com a voz bem arrastada como era seu timbre, ainda me ficou na memória excertos do seu discurso, agradecendo a presença do Ministro do Ultramar e focando como era seu apanágio que queria para o Povo da Guiné melhores condições de vida, de bem estar (APSICO) e a paz.

Que o chão da Guiné era dos Guinéus e eram eles que tinham que o defender (auto defesa), os militares só ali estavam para os apoiar enquanto fizessem a comissão e depois iam-se embora para suas terras (foto 12). Foram palavras bem aceites pelo Ministro Silva Cunha e esfuziantes para o povo que se manifestava.

Por sua vez o Ministro do Ultramar Dr. Silva Cunha, fez a explanação dos motivos da sua vinda à Guiné. Vinha trazer mais apoio do Governo de Lisboa ao Governador General António de Spínola, para uma Guiné Melhor e dar mais condições (foto 13).

Em cada discurso, os manifestantes a mostravam exuberantemente o seu apoio, enquanto da varanda do Palácio retribuíam com agradecimentos através da aparelhagem sonora e com acenos.

Seguindo-se o descer ao Pátio de entrada do Palácio, para os cumprimentos aos Homens Grandes dominantes da Sociedade Tradicional, “Religiões e Chefes de Tabancas” (foto 14 e 15).

Foto 12 – Guiné> Bissau> Palácio do Governador> Março 1970. Na varanda, momento de discurso perante a expectativa dos manifestantes.

Foto 13 – Guiné> Bissau> Palácio do Governador> Março de 1970. Na varanda, momento de discurso. O militar Fotocine não dava descanso à máquina (está posicionado entre a primeira e a segunda porta).

Foto 14 – Guiné> Bissau> Palácio do Governador> Março de 1970. Na varanda, fim do discurso, que agrada ao Povo que se manifesta. O Ministro Dr. Silva Cunha correspondeu elevando o chapéu.

Foto 15 – Guiné> Bissau> Átrio da entrada do Palácio do Governador> Março de 1970. As altas individualidades desceram ao Pátio a fim de cumprimentarem os Homens Grandes dominantes da Sociedade Tradicional; “há mesmo manga di ronco.”

Terminada a manifestação, “outro péssoal bai nha gosse gosse,” para a baixa da cidade velha, palco de “Manga di ronco,” pensando eu o que iria nas cabeças daquele povo indígena, sendo sabido que estávamos em guerra com a outra parte oculta.


Parte 2

Irei comentar resumidamente do que tive conhecimento em Bissau (entre Março e Abril de 1970) e outros dados que ao tempo foram decorrendo e contados em primeira mão. Entre os militares havia a suspeição de que algo estava para acontecer, interrogavam-se sobre determinados rumores e só havia palpites.

Era sabido que o General António de Spínola, já tinha convocado vários Comandantes das Unidades do CTIG para uma reunião em Bissau. O boato correra célere, pairava uma ansiedade para se saber da verdade, mas nada transparecia.

Assim, em dia e hora aprazada, deu-se a reunião com os Comandantes de todas as Unidades Militares do CTIG. Em surdina foram passando comentários de boca em boca, a pedir segredo, mas isso existe quando somente uma pessoa sabe de algo.

O COMCHEF General António de Spínola agradeceu a presença de todos e depois de uma breve dissertação de que já havia contactos entre Oficiais Portugueses e de grupos rebeldes, em que estes pretendiam entregar-se desde que não tivessem problemas e fossem integrados na sociedade guineense.

Mais comunicou que a guerra poderia estar prestes a acabar, mandando parar de imediato todas as acções ofensivas, operando-se somente situações meramente de caris defensivos, isto é, nunca disparavam primeiro e só o faziam se fossem atacados.

Foram dadas instruções a todas as Unidades Militares para se prever a possibilidade de grupos da guerrilha se poderem entregar.

No campo operacional estas instruções deram suspeição, perante os Alferes e os Furriéis, em que os seus comandantes, por força das circunstâncias, tiveram que se abrir e dar conta da situação deparada.

No entanto a 20 de Abril de 1970, gorou-se toda a tentativa de paz como consta devido ao assassinato dos três Majores: Pereira da Silva, Passos Ramos e Magalhães Osório, assim como do Alferes Mosca e outros acompanhantes, o trágico acontecimento em Jolmete, junto ao Rio Cacheu na Região de Teixeira Pinto (Canchungo)

Já li em qualquer lado e presenciei em imagens audiovisuais, dito pelos da facção dos intelectuais do lado do In, contrários ao acordo, “talvez por cobiça do poder”, pois tiveram o desplante de armarem uma cilada e matarem barbaramente militares desarmados em funções de paz. Ainda se deram ao descaramento de pavoneio em comentar a façanha, como heróis, da atitude e do propósito tomado. Provavelmente depois aperceberam-se do erro que cometeram e do bem que se perdeu, porque alguns quando em situações de aperto vieram acomodar-se na sombra de Portugal e em termos algarvios digo “pó diebo máquegêtos mã, tágafes, natescondas que játevite”

- E o Ministro Silva Cunha, como se veio a saber, apoiara esta tentativa de paz e até se dispôs a uma oferta monetária para eventuais despesas, mas depois de chegado a Lisboa roera a corda.

Enfim, quando houve uma boa oportunidade para uma Guiné melhor, logo o baralho se desmoronou e todos sofreram mais quatro anos. Provavelmente seria uma Guiné para melhor e sendo necessária a mudança “mas aquela exemplar descolonização.”

No acordo de Argel, pela situação politica/militar após o 25 de Abril, não foi tomado em conta aqueles que combateram a nosso lado e contudo Portugal prometeu apoiar a reintegração na vida civil desses militares.

Por parte do PAIGC, foi dito que como se acabou a guerra, para aqueles que estiveram ao lado do exército português não haviam vinganças. Pouco foi cumprido, porque depois da independência ocorreram por toda a Guiné situações inaceitáveis de julgamentos sumários, de prisões e de condenações à morte (foto 16), não se sabendo quantas mortes aconteceram e consta que provavelmente foram milhares.

Quem esteve na guerra, sabe que por vezes existem excessos e actos condenáveis por verem os seus morrerem, e de ambos os lados, mas em tempo de paz deverá haver tolerância.

Foto 16 – Guiné> Região de Quinara> Empada> 1969. Eu, com Homens Grandes das Tabancas e Milícias, estando à minha esquerda o Chefe da Milícia de Empada, Bakar Cassamá. Depois da Independência alguns foram assassinados de forma violenta e em grupo. Quanto a Bakar consta que foi desumanamente lançado ainda vivo para uma vala comum.

E assim, foram citados alguns acontecimentos do conhecimento geral e desta feita agora ilustrados com a achega de um lote de fotografias.

Com cordiais cumprimentos deste camarada e amigo.
Arménio Estorninho
Ex-1.º Cabo Mec Auto
CCaç 2381 ”Os Maiorais"
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 20 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6441: (Ex)citações (59): Comentários e respostas (Arménio Estorninho)

Vd. último poste da série de 17 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6373: As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho) (12): Algumas aventuras em Bissau

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4223: Efemérides (20): Faz hoje 39 anos que foram mortos os 3 majores e o Alf Mosca no chão manjaco (Manuel Resende)

Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > Em primeiro plano, o Alf Mil Cav Op Esp Mosca na véspera de Natal de 1969 a preparar um petisco na cozinha (3 meses e meio antes de ele morrer, juntante com os 3 majores e o resto dos seus acompanhantes, guineenses).

Passam hoje 39 anos sobre sobre a tragédia do chão manjaco. Curvamo-nos à sua memória dos nossos camaradas (Maj CEM Raul Ernesto Mesquita Costa Passos Ramos, Maj Art Joaquim Pereira da Silva, de Inf Alberto Fernão Magalhães Osório, e Alf Mil Cav Joaquim João Palmeiro Mosca) e à memória dos guineenses que os acompanhavam (Mamadu Lamine Djuare, Patrão da Costa e Aliu Sissé).

Segundo a legenda (rectificativa) que nos mandou o Manuel Resende (que mora em São Domigos de Rana), "ao meio é 2º Sargento da Companhia, (não me lembro o nome); ao fundo é o Alf Marques Pereira". A crescenta ainda que a companhia dele, a CCaç 2585 partiu para a Guiné, no T/T Nassa, em 7 de Maio de 1969, portanto duas semanas antes da CCaç 2590, independente (futura CCaç 12) a que pertenci eu e o Humberto Reis, o cartógrafo-mor... (LG)



1. Mensagem do Manuel Resende, ex-Alf Mil da CCaç 2585, BCaç 2884, que esteve em Jolmete, Pelundo, Teixeira Pinto, chão manjaco (1969/71):

O Manuel Resende já se apresentou há tempos à nossa Tabanca Grande (**). Hoje envia-nos as fotos da praxe e um pequeno apontamento sobre a morte dos MAJORES no Chão Manjaco, faz hoje precisamente 39 anos.

Caro Luís:

Sou o Manuel Resende, ex-Alf da CCaç 2585 de Jolmete. Lá era o Alf Ferreira. Junto envio as duas fotos da praxe e um pequeno apontamento sobre a morte dos três MAJORES. É o meu contributo para um futuro esclarecimento total desta situação.

Alguém questionava, num dos artigos que li no Blogue sobre o local exacto onde os Majores foram assassinados. Pois o local exacto já foi devidamente explicado, até com fotos do Google Earth. Está correcto. Foi junto à segunda bolanha a contar de Jolmete-Pelundo (cerca de 5 Km de Jolmete).

Mas surge outro problema: porquê ali e não no local previamente combinado entre eles, junto à terceira bolanha (no mesmo sentido, ou primeira a contar do Pelundo-Jolmete também a cerca de 5 Km do Pelundo)?

Devido à demora nos resultados da reunião, ao anoitecer foi-nos dito pelo Comandante da Companhia o que se estava a passar, e que tinha sido decidido sair tropa de Jolmete em direcção ao Pelundo e do Pelundo em direcção a Jolmete, até se encontrarem. O resto já todos sabem.

Acrescento só que eu também ouvi alguns tiros, penso que três, longínquos, cerca das três ou quatro horas da tarde. Em tempo de defeso ouvir tiros no mato,... foi muito esquosito e comentado, mas como só o Capitão sabia o que se estava a passar, a coisa ficou assim.

Acredito mas não compreendo como os mártires foram esquartejados por rajadas de metralhadora, sem que nós tivéssemos ouvido. É mais fácil ouvir uma rajada do que um tiro avulso. A ideia com que fiquei na altura é que foram todos assassinados com um tiro na nuca. Por quem? ... Esse é outro problema.

Não quero contradizer ninguém, mas no Domingo, véspera do fatídico dia 20 de Abril de 1970, ao jantar, o Major Pereira da Silva recebeu um telefonema dizendo que um tal "Luís" iria estar presente na reunião. Segundo testenunhas o Major ficou petrificado, depois desse telefonema. Foi ele que não autorizou a ida do comandante do CAOP, Coronel Alcino, e outras pessoas que estavam previstas ir, pois parece que já adivinhava o que se ia passar. Daí também ele ter escrito a carta à esposa antes de sair. Estavam previstos três jipes e só saíram dois.

Caro Luís, em 1980 fui à Guiné em serviço da empresa onde trabalhava. Estive a falar com um Tenente do PAIGC, que me foi apresentado. Éramos vizinhos em Jolmete, pois ele lembrava-se bem da Companhia 2585. Depois de alguma conversa concluímos que estivemos várias vezes em confronto. Disse ele:
-Os Portugueses eram muito ingénuos, pensavam que nós nos íamos entregar ...

Nota: Podes corrigir ou cortar texto se for necessário para melhor enquadramento.
Eu tenho cerca de 200 fotos, muitas sem interesse, mas irei enviar algumas. Hoje vou mandar três, sendo uma com três Alferes da Companhia (eu estou no meio), outra com o Alf Mosca na véspera de Natal de 1969 a preparar um petisco na cozinha (3 meses e meio antes de ele morrer), e uma do Dandi, Cap de Milícia, para preparar o próximo apontamento.

No comentário anterior que fiz, ao dizer o nome dos Alf da Companhia, por lapso, não disse Raul antes de Manuel Charraz Godinho (*). Aqui fica a rectificação: Raul Manuel Charraz Godinho.

Um abraço e até outro dia.

Manuel Resende

Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > O Capitão de Milícia, Dandi.

Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > 3 alferes da companhia, o Manuel Resende, mais conhecido pelo último apelido, Alf Ferreira, é o do meio.

Fotos: Manuel Resende (2009). Direitos reservados
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Notas de L.G.:

(*) Vd. os últimos postes sobre o massacre do chão manjaco:

1 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2320: Relatórios Secretos (1): Massacre do Chão Manjaco: O resgate dos corpos (Virgínio Briote)

27 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2004: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (Anexo A): Depoimento de Fur Mil Lino, CCAÇ 2585 (Jolmete, 1970)

(**) Vd. poste de 26 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4080: Tabanca Grande (127): Manuel Resende, ex-Alf Mil, CCAÇ 2585 (Jolmete, 1969/71): como o mundo é pequeno e o nosso blogue é grande