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domingo, 2 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24444: (De)Caras (200): Graduados da segunda e terceira geração da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1972/74) - II ( e última) Parte: Bambadinca (António Duarte, ex-fur mil, CART 3493 e CCAÇ 12, dez 71/jan 74)


Foto nº 5    


Foto nº 5A


Foto nº 5B


Foto nº 5C

Fotos nº 5, 5A, 5B  e 5C> Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xime >  CCAÇ 12 > c. 1973/74 

Legenda: Foto tirada junto à capela do Xime, s/d (a CCAÇ 12 foi transferida para o Xime em março de 1973)

Da esquerda para a direita, temos:
  • Fur Garrido; Alf Tavares (II) (Foto nº 5B);
  • Fur Emílio Costa; Fur Mec António Lalanda Jorge; Fur António Duarte e Alf Viana (Foto nº 5C).


Foto nº 6


Foto nº 6A

Fotos nº 6 e 6A > Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xime >  CCAÇ 12 > c. 1973/74. Tirada no Xime, junto a um de três obuses 10,5 cm, lá estacionados (20º Pel Art): a  espreitar no aparelho de pontaria o Fur Emílio Costa e ao lado o Fur Mec António Lalande Jorge
 


Fotos nº 4 e 4A> Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xime >  CCAÇ 12 > c. 1973/74 . Uma pequena paródia com os seguintes camaradas da esquerda para a direita: Fur Art  Manuel Lino (20º Pel Art ); Alf Tavares (I) e Fur Mec António Lalande Jorge. Tirada no Xime depois de abril de 1973.

Fotos: © António Lalande Jorge (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: António Duarte e Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Segunda (e última) parte da seleção de fotos enviadas pelo António Duarte (ex-fur mil,
 CART 3493 / BART 3873, Mansambo, 1971/72, e CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74):



(...) Os originais são na sua maioria do António Lalande Jorge, furriel mecânico da companhia entre maio de 1972 e 20 de abril de 1974. Esteve com a segunda e terceira geraçãode graduados.  Reencontrei-o  agora, reside a maior parte do tempo em Salvaterra de Magos, tendo trabalhado em várias gráficas. (Vd. foto à direita, em primeiro plano, o Jorge, de perfil, juntamente com o José Sobral, em Coimbra, 27 de maio de 2023). Seguem Algumas notas sobre esta gente, graduados, metropolitanos, de rendição individual, da 2ª e 3ª geraçóes da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1972/74). (*)

(i) o Fur Garrido sei que trabalhou na CP; seu nome completo: Henrique Francisco Garrido; era do 3º pelotão: veio da CCAÇ 3327/ BII17 e era natural da zona de Coimbra (segundo informaçáo do José Câmara, em comentário ao poste P24441) (*);

(ii) o Fur Emílio Costa vive no Porto e faltou ao convívio de Coimbra, em 27 de maio de 2023; tinha prometido ir;

(iii)  Fur Enf Osório, segundo sei, foi enfermeiro no Hospital de Lamego;O Fur Rodrigues que faleceu em 2018, era de Oliveira do Bairro e foi professor do ensino secundário;

(iv) o Fur Monteiro, estive com ele em 1993 e era empresário, sócio de uma pequena empresa; perdi o contacto;

(v) O Fur Emílio Costa e o Alf Tavares (II), eram oriundos do Batalhão de Bafatá (BART 3884) e eu, bem como o Fur Andrade de Op Especiais, pertencíamos ao Batalhão de Bambadinca (BART 3873).

Este último foi delegado de batalhão e pediu para ir para o mato (pertencia à Cart 3492 no Xitole, mas foi colocado na Cart 3493 em Mansambo). Os pais viviam em Bissau, pois o pai era comandante da PSP, havendo a particularidade de falar crioulo correctamente, já que foi criado em Bissau. Veio para Portugal fazer o serviço militar (CSM). Cheguei a falar com ele em Chaves em 1979.

Os Alferes eram atiradores de infantaria e todos os furriéis eram também atiradores de infantaria, excetuando eu próprio que era Atirador de Artilharia. Os primeiros faziam a especialidade em Tavira e eu em Vendas Novas. Obviamente que o Fur Andrade por ser de Op Esp. esteve em Lamego

Bem e é tudo. Se recordar é viver, acho que vamos ser eternos. (...)
___________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 30 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24441: (De)Caras (199): Graduados da segunda e terceira geração da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1972/74) - Parte I: Bambadinca (António Duarte, ex-fur mil, CART 3493 e CCAÇ 12, dez 71/jan 74)

sábado, 13 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22000: Memórias cruzadas da região do Xime: a Op Garlopa e o ataque ao Enxalé, em 19 de julho de 1972, ao tempo da CART 3494 (Jorge Araújo)


Imagem de satélite da região do Xime/Enxalé [Sector L1] com infografia da área percorrida durante a «Operação Garlopa» e o modo como foi pensado/executado o ataque IN ao Enxalé, factos ocorridos ao longo do dia 19 de Julho de 1972, 4.ª feira, e que fazem parte das muitas memórias gravadas pelo colectivo da CART 3494 (1971/74).

 


Foto 1 - Enxalé (Jul'72). Uma das áreas atingidas durante o ataque IN à tabanca e ao Destacamento do Enxalé, onde se encontrava o 2.º Gr Comb da CART 3494, ocorrido em 19 de Julho de 1972, 4.ª feira, a partir das 20h20, e que teve uma duração de 20 minutos (aproximadamente). 

 


Foto 2 - Xime (19Jul72). Grupo de elementos da população sob controlo do PIAGC, no subsector do Xime, capturado em 19 de Julho de 1972, no decurso da «Operação Garlopa», num total de 10 indivíduos.


Jorge Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494

(Xime-Mansambo, 1972/1974)

MEMÓRIAS CRUZADAS DA REGIÃO DO XIME EM 19 DE JULHO DE 1972 (4.ª FEIRA) NO TEMPO DA CART 3494

- A «OPERAÇÃO GARLOPA» E O ATAQUE IN AO ENXALÉ -

► ADENDA AO P21960 (02.03.2021)

1.   - INTRODUÇÃO



Previno, desde já, que a presente adenda ao poste acima mencionado, não está directamente relacionada com a narrativa "do baú de memórias" do camarada José Ferraz de Carvalho, ex-fur mil op esp da CART 1746, titulada "não matem a bajudinha!", mas aproveita a legenda da foto que nela consta para a cruzar com outras "Memórias do Xime", em que estivemos envolvidos três anos depois, eu e o camarada cmdt António J. Pereira da Costa… entre outros, naturalmente!


2. - «OPERAÇÃO GARLOPA» EM 19 DE JULHO DE 1972.  


●► A «OPERAÇÃO GARLOPA I», também designada por "Acção", foi agendada para o dia 19 de Julho de 1972, 4.ª feira, para a qual foram mobilizadas as seguintes forças:


■ CCAÇ 12 – a 4 Gr Comb

■ CART 3494 – a 3 Gr Comb

■ CCP 121 – a 2 Gr Comb

■ Apoio aéreo de DO-27 e Helicanhão.


Segundo o livro da "História do BART 3873", p. 75 (capa ao lado), apenas consta o seguinte: "o percurso definido para esta operação/acção foi: "Bambadinca - Xime - Ponta do Inglês - Ponta Varela e Xime, consistindo numa batida, precedida de batimento da Artilharia do 20.º Pel Art (sediado no Xime) e heli-colocação (CCP 121). 


As NT destruíram oito tabancas, vários celeiros e recuperaram dez elementos da população (sob controlo do PAIGC). As NT não sofreram consequências.


Nota: Os locais anteriormente citados estão identificados na infogravura acima.


▬ OUTRAS «OPERAÇÕES» COM O MESMO NOME


●► «GARLOPA II» = Em 22 de Julho de 1972, sábado, envolvendo as seguintes forças:


■ CCAÇ 12 – a 4 Gr Comb

■ CART 3494 – a 3 Gr Comb

■ CART 3493 – a 1 Gr Comb

■ Apoio aéreo de DO-27 e Helicanhão.


A mesma fonte (pp 78-79) refere: "desencadeou-se a "operação/acção" com patrulhamento, emboscada e prévio batimento da Zona, na área de Xime - Madina Colhido - Ponta do Inglês e Poindom. Destruíram-se uma tabanca com dezassete moranças e capturaram-se peças de fardamento usado.


O IN flagelou com RPG-2 a CART 3494, causando-lhe um ferido ligeiro.


Além disso cumpre assinalar o denodo e destemor com que os Militares empenhados encaram os momentos de perigo, tal como sucedeu na flagelação havida no desenrolar da acção «GARLOPA II», aspecto este que se pode e deve reputar uma constante.


●► «GARLOPA III» = Em Setembro de 1972 (?), envolvendo as seguintes forças:


■ CCAÇ 12 – a 3 Gr Comb

■ CART 3494 – a 3 Gr Comb

■ Apoio aéreo de DO-27 e Helicanhão.


Sobre a 3.ª «GARLOPA», segundo a mesma fonte (p 81), é referido: "consistiu em patrulhamento e emboscada na zona Xime - Madina Colhido - Estrada da Ponta do Inglês e Poindom. As NT foram atacadas duas vezes no espaço de meia hora, sofrendo um ferido ligeiro.


3. - «ATAQUE AO ENXALÉ» EM 19 DE JULHO DE 1972.


Para o desenvolvimento deste ponto, recuperamos alguns factos historiográficos já publicados no Blogue, em particular a narrativa do meu/nosso camarada e amigo Luciano de Jesus (ex-fur mil art da CART 3494), escrita na primeira pessoa, por nele ter estado envolvido numa dupla missão: a primeira, por ser mais um elemento do grupo; a segunda, por ser o seu líder.

◙ Cito do P14022:

"Eram vinte horas e vinte minutos da data supra, estava eu a jantar na companha do furriel Benjamim Dias, quando rebentou o fogachal que logo fez estoirar com toda a iluminação do quartel. No céu via-se o rasto das balas tracejantes que tinham por missão orientar o fogo das armas pesadas em direcção do quartel. O furriel Dias saltou de imediato para o abrigo do nosso morteiro e fez um trabalho exaustivo de bater toda a zona circundante.

Eu fui ao gabinete buscar o mapa dos pontos marcados pela nossa bateria de obuses do Xime (20.º Pel Art), com o objectivo de orientar o nosso fogo pesado, logo que se localizassem os pontos de origem do fogo pesado IN. Nesse percurso passou uma canhoada a cerca de dez metros de mim que entrou pelo depósito de géneros, causando alguma destruição. Entretanto, o nosso posto mais acima no quartel, onde tínhamos alguns elementos utilizando também um morteiro pesado, fazia o seu trabalho de contenção, a um eventual avanço, respondendo em conformidade.

O ataque durou cerca de vinte minutos.

O grupo de assalto IN movia-se perto do arame farpado, fazendo fogo. O nosso pessoal despejava metralha. Uns enchiam carregadores e outros disparavam. A bazuca não funcionou. Esperámos nova vaga… mas ela não aconteceu… porque eles tiveram algumas baixas, graças à competência do nosso camarada Fur Art Josué Chinelo, do 20.º Pel Art [obuses 10,5] instalados no Xime, onde este observava perfeitamente, em posição privilegiada da margem esquerda do rio Geba, o desenrolar dos acontecimentos.

Com a sua experiência e saber, ainda que a olho nu, apontou ao ponto de origem do fogo pesado IN (canhão s/r) e… foi na muche. Acertou no posto de comando e fez algumas baixas entre os quais o comandante. Entretanto eles já tinham despejado o fogo todo.

Nessa altura chegou a milícia da tabanca com um ferido grave, um sargento de um dos pelotões. Ainda enviamos um grupo até ao rio para evacuar o ferido para o Xime e recolher mais munições, pois o stock tinha ficado muito em baixo. O ferido entretanto veio a falecer durante a caminhada.

No dia seguinte, como seria de esperar, fizemos o reconhecimento do terreno. Encontrámos um ferido IN junto ao arame farpado; tinha um ferimento grave nas costas e outro na perna e estava em mau estado, crivado de estilhaços.

É de assinalar que este ferido pertencia ao grupo de assalto; tinha vindo da zona do Morés. Estava ferido, mas que eles julgaram morto por isso levaram a sua arma. Vestia uma farda de nylon verde azeitona, calçava bota de lona francesa e as calças tinham elásticos nas bainhas para passar por baixo do pé. Estava, pois, devidamente equipado.

Viemos a saber dias depois, por informantes privilegiados, que o IN, constituído por uma força de 150 unidades (3 bi-grupos, sendo 1 CE), reforçados com 1 canhão s/r, dois morteiros pesados, mais de uma dezena de RPG e um grupo de assalto, tinham feito a sua aproximação durante o dia. Ficaram na orla da bolanha e quando anoiteceu montaram o dispositivo. Um grupo de assalto [o do ferido] oriundo de um mangal e outro arvoredo do lado esquerdo do quartel [para quem está de costas para o Xime, logo a seguir ao final da bolanha).

O mais curioso é que montaram o canhão s/r na bolanha, junto a uma árvore isolada, e que não era visível do quartel mas amplamente observada do Aquartelamento do Xime e que foi [bem] aproveitado pela experiência do Josué Chinelo.

Dois dias depois fui de férias e foi aí que o Jorge Araújo se deslocou ao Enxalé até à chegada do Alferes José Henriques Araújo (1946-2012)".

Para além do guerrilheiro ferido, foram recuperadas cinco dezenas de invólucros de granadas de canhão s/r, um deles ainda com a respectiva granada, que não foi retirada devido ao facto de estar amolgado, e muitas dezenas de invólucros de outras munições, nomeadamente 7,62.

Do ataque ficaram, também, mais duas imagens "memórias" desse combate nocturno, que seguidamente se reproduzem.

 


Foto 3 - Enxalé (Jul72). Um chapéu "cubano" recuperado após o ataque de 19Jul72.




Foto 4 - Enxalé (Jul72). Imagens dum RPG-7 destruído durante o ataque de 19Jun72.



 

▬ O QUE DIZ A "HISTÓRIA" DO BART 3873 SOBRE ESTA OCORRÊNCIA


●► No 4.º fascículo; Julho de 1972, ponto 31. «INIMIGO»; alínea d) Subsector do Xime; refere-se o seguinte:


● "Em 192030, o Destacamento do ENXALÉ foi intensamente atacado e durante 20 minutos. A nossa reacção surgiu pronta e ajustada. Sofremos 1 morto [Milícia] e 2 feridos [Milícias]. O inimigo: 4 mortos, 7 feridos e 1 prisioneiro [ferido]. Salienta-se o tiro acertado de Artilharia do XIME em apoio às forças atacadas.


● Quanto ao ferido [prisioneiro], foi evacuado, primeiramente, para a enfermaria do Xime, sendo aí prestados, pelo camarada Fur Mil Enf Carvalhido da Ponte, todos os actos de enfermagem que se impunham, dos quais fui testemunha, seguido do pedido de evacuação para o Hospital Militar de Bissau (HM 241).

Estava, de facto, muito mal tratado, e ainda hoje me interrogo como é possível um ser humano resistir tanto tempo, sempre a perder sangue. O seu corpo mais parecia um "mapa político" onde, em cada estilhaço, estavam projectados vários espaços. 

Enquanto aguardava pela sua evacuação, perguntei-lhe se queria comer algo. Com um sinal positivo transmitido por um pequeno movimento de cabeça, pedi ao cozinheiro Machado algumas batatas cozidas, que já estavam prontas para o almoço desse dia, vindo a comer algumas metades… mas com muita dificuldade. Enfim… lá foi; mas a minha/nossa melhor expectativa era muito baixa.

Segundo informação oral dada, recentemente, pelo camarada Luciano de Jesus, algum tempo após o ataque, um elemento do seu Gr Comb, ao deslocar-se ao HM 241 em consulta externa, acabou por encontrar este guerrilheiro ferido, estando ele em franca recuperação.

    

▬ A MINHA IDA PARA O ENXALÉ DOIS DIAS DEPOIS


●► Dois dias após o ataque fui "convidado", pelo camarada Cmdt Pereira da Costa, para ir dar uma ajuda ao 2.º Gr Comb do Enxalé, aliás como é referido acima. E lá atravessei o Rio Geba, que as imagens abaixo confirmam.




Foto 5 - Rio Geba (21Jul72). Travessia em canoa entre o Xime e o Enxalé com o objectivo de apoiar o 2.º Gr Comb da CART 3494,  na sequência do ataque IN.

 


Foto 6 - Enxalé (22Jul72). Eu na companhia do camarada Fur Benjamim Dias e de dois elementos da população da tabanca, onde estes fizeram questão de partilhar connosco algumas porções de carne, como reconhecimento do nosso apoio.




Foto 7 - Enxalé (22Jul72). O Furriel Benjamim Dias em amena cavaqueira com alguns elementos da população, onde se falava, ainda, do episódio da antevéspera. 


 

4. - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE ARTILHARIA 3494

       = XIME - ENXALÉ - MANSAMBO - BAMBADINCA - PONTE DO RIO UDUNDUMA (1971-1974)


Mobilizada pelo Regimento de Artilharia Pesada 2 [RAP2], de Vila Nova de Gaia, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Artilharia 3494 [CART 3494], a terceira e última Unidade de Quadrícula do BART 3873, do TCor Art António Tiago Martins (1919-1992), embarcou no Cais da Rocha, em Lisboa, em 22 de Dezembro de 1971, 4.ª feira, a bordo do N/M «NIASSA», sob o comando do Cap Art Vítor Manuel da Ponte da Silva Marques (o 1.º; até 22Abr72), Cap Art António José Pereira da Costa (o 2.º; de 22Jun72 a 10Dez72) e Cap Mil Inf Luciano Carvalho da Costa (o 3.º; de Dez72 a 03Abr74), tendo chegado a Bissau em 28 do mesmo mês.



4.1 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CART 3494


Após a realização da Instrução de Aperfeiçoamento Operacional «IAO», que decorreu no CMI do Cumeré, de 30Dez71 a 26Jan72, a CART 3494 seguiu em 28Jan72, em LDG, para o Xime, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CART 2715 [25Mai70-25Mar72; do Cap Art Vítor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014) - (1.º)], assumindo, em 15Mar72, a responsabilidade do respectivo subsector do Xime com um Gr Comb (o 2.º) destacado em Enxalé. 

Em finais de Mar73, foi substituída pela CCAÇ 12 [do Cap Mil Inf José António de Campos Simão] e foi colocada no subsector de Mansambo, onde rendeu a CART 3493 [28Dez71-02Abr74; do Cap Mil Inf Manuel da Silva Ferreira da Cruz], tendo destacado um Gr Comb para Bambadinca em reforço da guarnição local. 

Em 09Mar74, foi rendida no subsector de Mansambo pela 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4616/73 [05Jan74-12Set74; do Cap Mil Inf Augusto Vicente Penteado] e recolheu seguidamente a Bissau a fim de aguardar o embarque de regresso, tendo ainda colaborado na segurança de operações de descarga de navios. 


O regresso à metrópole realizou-se em 03 de Abril de 1974, a bordo do TAM (Transporte Aéreo Militar), (CECA; 7.º Vol; pp. 236-237).


Fontes consultadas:

Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).

Ø  Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

03Mae2021

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P13037: Convívios (586): VIII Encontro/Convívio do pessoal da CCS do BART 2917, dia 24 de Maio de 2014 em Torreira (Benjamim Durães)


1. O nosso Camarada Benjamim Durães, que foi Fur Mil Op Esp/RANGER do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917 – Bambadinca -, 1970/72, solicitou-nos a publicação do seguinte convite para a festa do convívio anual do BART 2917 e unidades adstritas:

8º ENCONTRO-CONVÍVIO DA CCS / BART 2917
DIA 24 DE MAIO DE 2014
JARDINS DA RIA
QUINTA DO COCHEL – MURANZEL – TORREIRA  


O 8º Encontro-convívio da CCS do BART 2917 é extensivo a todas as unidades que operaram sob o comando do BART [Cart 2714, 2715 e 2716, CCaç 12; Pel Caç Nat 52, 53 e 63, Pel Rec Daimler 2206 e 3085, Pel Mort 2106 e 2268, Pel Intend A/D 2189 e 3050, 20º Pel Art/GAC 7 e Pel Eng do BENG 447 de Bambadinca], seus familiares e amigos, e será no dia 24 de Maio de 2014, no EMPREENDIMENTO JARDINS DA RIA – QUINTA DO COCHEL, MURANZEL, TORREIRA, situado na estrada nº 327, a cerca de 7,5 kms da Praia e cidade turistica da Torreira, na direcção Torreira/S. Jacinto (coordenadas GPS - N 40.7180671º -  W 8.7077497º), com a concentração a partir das 09h00. 

EMENTA
BUFFET DE ENTRADAS
Rissóis de Camarão, pataniscas, pastéis de bacalhau, Lulinhas estufadas, peixinhos fritos com molho criativo, bola de carne, azeitonas temperadas, orelheira de coentrada, pezinhos de porco, croquetes, carapauzinho frito, pão d'alho, pizza.
BUFFET DE SALADAS E FRIOS
Camarão ao natural, paté de sapateira, sapateira, alface, primavera, tomate.
BUFFET DE QUENTES
Sopa, camarão à africana, massada de marisco, amêijoa à Bolhão Pato, amêijoa à espanhola).
BUFFET DE PRINCIPAIS
Arroz de marisco, feijoada de marisco, grelhada de peixes variados, misto de carnes na brasa.
BUFFET DE SOBREMESAS
Fruta laminada, doces de colher, bolos diversos.
LANCHE
Idêntico às entradas, caldo verde, bifanas.
Bolo comemorativo e espumante.
BEBIDAS
Águas, refrigerantes, vinhos da casa, cerveja e café. 

RESPOSTA, O MAIS TARDAR, ATÉ DIA 10 DE MAIO

Nota:
Saindo nas Portagens em Estarreja, segue em direcção à Murtosa e depois em direcção à Torreira e em última instância segue em direcção a S. Jacinto sempre pela N327 junto à Ria. Passa a Torreira em direcção a S. Jacinto e vai encontrar mais ou menos 4 kilometros depois a Pousada da Ria do seu lado esquerdo. Mais ou menos 200 metros à frente encontra uma Rua à direita e vira segue em frente e está no complexo Jardins da Ria que se situa na Rua B, Quinta do Cochel 3870-301 Murtosa. Vindo da A29, sai em Ovar Norte e segue em direcção à Torreira/ S. Jacinto e o processo repete-se. 

Os aperitivos terão início às 10h45, com o almoço às 13.00 horas, conforme ementa. O lanche-ajantarado terá início pelas 17h30. O custo do Encontro-Convívio é de 30,00 Euros para adultos e 15,00 euros para crianças dos 04 aos 09 anos. 

Gratuito até aos 3 anos. Para quem quiser pernoitar neste Hotel, o custo é de 55 euros por quarto de casal (preço especial). 

A reserva terá de ser efectuada directamente pelos interessados para aquela unidade, o mais cedo possível.  

Se necessário, contactar com os organizadores. 

Solicita-se a confirmação das presenças no convívio, o mais tardar, até dia 10 de maio:
JOSÉ A. ALMEIDA – Telemóvel 969 872 211 ou email: jotarmando@gmail.com
PAIS DA SILVA – Telemóvel 968 635 665 ou email: antoniodamas1948@gmail.com BENJAMIM DURÃES – Telemóveis 939 393 315 e 93 93 93 939 ou email: duraes.setubal@hotmail.com

A Organização agradece desde já a todos os camaradas a melhor colaboração no cumprimento dos prazos.
Um abraço,
___________
Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em:

24 DE ABRIL DE 2014 > Guiné 63/74 - P13033: Convívios (585): XXXI Almoço do pessoal da CCCAÇ 2317 / BCAÇ 2835, dia 7 de Junho de 2014 em Penafiel (Joaquim Gomes Soares)

quarta-feira, 27 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11323: Convívios (507): 7º Encontro-Convívio do pessoal das unidades adstritas ao BART 2917, Viseu, 4 de Maio de 2013 (Benjamim Durães)


1. O nosso Camarada Benjamim Durães, que foi Fur Mil Op Esp/RANGER do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917 – Bambadinca -, 1970/72, solicitou-nos a publicação do seguinte convite para a festa do convívio anual do BART 2917 e unidades adstritas:



7º ENCONTRO-CONVIVIO DA CCS / BART 2917


DIA 04 DE MAIO DE 2013 EM VISEU-2


O 7º Encontro-convívio da CCS do BART 2917 é extensivo a todas as unidades que operaram sob o comando do BART [Cart 2714, 2715 e 2716, CCaç 12; Pel Caç Nat 52, 53 e 63, Pel Rec Daimler 2206 e 3085, Pel Mort 2106 e 2268, Pel Intend A/D 2189 e 3050, 20º Pel Art/GAC 7 e Pel Eng do BENG 447 de Bambadinca], seus familiares e amigos e será no dia 04 de Maio de 2013 em Viseu, no Hotel Onix situado a 3 Km do Centro de Viseu, na Via Caçador 16 (coordenadas GPS - N 40º 38' 36,9'' W 7º 51' 52,48''), com a concentração a partir das 08h30.

Os aperitivos terão início às 10h45 horas com o almoço às 13 horas com um prato de peixe e outro de carne.

O lanche-ajantarado terá início pelas 16h30 horas e que consiste de um porco no espeto acompanhado de arroz de feijão e caldo verde.

O custo do Encontro-Convívio é de 35,00 Euros para adultos e 20,00 Euros para crianças dos 07 aos 11 anos.

Quem quiser pernoitar no Hotel Onix, o custo é de 40,00 euros por quarto de casal e a marcação terá de ser efectuada até ao dia 15 de Abril para o organizador ÁLVARO GOMES SANTOS – ex-1º Cabo caixeiro – telemóvel 96 693 08 88 / telefone 232 641 470

A organização do evento está a cargo de BENJAMIM DURÃES - ex-Fur. Milº e ÁVARO GOMES SANTOS – ex-1º Cabo caixeiro, ambos da CCS/BART 2917.

Solicita-se que confirmem até dia 20 de Abril as presenças para:

- BENJAMIM DURÃES – telemóvel 93 93 93 315 ou através de correio electrónico duraes.setubal@hotmail.com ou

- ÁLVARO GOMES SANTOS – telemóvel 96 693 08 88 – telefone 232 641 470

A Organização agradece desde já a todos os camaradas de armas pela atenção dispensada com um até JÁ.

Um abraço,
Benjamim Durães
Fur Mil Op Esp/RANGER do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917
___________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

25 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11311: Convívios (506): III Almoço mensal da Tabanca Ajuda Amiga, dia 28 de Março próximo na Cantina da Associação de Comandos, em Oeiras (Carlos Fortunato)

terça-feira, 20 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9630: A minha CCAÇ 12 (23): Julho de 1970: "pessoal não ataca população, guerra é com tropa", diz o comissário político... (Luís Graça)


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CART 2715 (1970/72) > Xime > s/d  [Julho de 1970 ?] > A artilharia do Xime, a única guarnição do setor L1 que dispunha, em meados de 1970, de um pelotão de artilharia com 3 obuses 10.5, o 20º Pel Art / GAC7... Reconheço, nas fotos, os meus camaradas da CCAÇ 12,  o Arlindo Roda (em cima e em baixo) e o António Marques (em baixo, do lado direito, de perfil).

Fotos: © Arlindo Teixeira Roda  (2010). Todos os direitos reservados.



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BART (1970/72) >  c. Julho de 1970  > Instalações do comando, bem como de oficiais e sargentos > Em plena época das chuvas...

Foto: © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados.







Fonte: História da Companhia de Caçadores 12 (CCAÇ 2590): Guiné 1969/71. Bambadinca: CCAÇ 12. 1971. Policopiado, pp. 36/37.



A. Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (*)

por Luís Graça

Não me lembro de acontecimentos marcantes (nem exaltantes), no decurso do mês de julho de 1970... Nem mesmo depois de reler a história quer da CCAÇ 12 quer do BART 2917, que tinha acabado, em junho de 1970, de tomar conta do setor L1, rendendo o BCAÇ 2852 (1968/70).

 Possivelmente foi o mês em que vim de férias à metrópole, via TAP. Não vou gastar energias a confirmar isso nos meus papéis. É possível que tenha sido nesse mês, ou em agosto.  

Por outro lado, estava-se em plena época das chuvas, o que trazia sempre fortes condicionalismos à actividade operacional quer das NT quer do IN.  Uns e outros abrandavam a atividade de carater mais ofensivo. Em julho, nessa época, chovia a potes, como já não chove hoje na Guiné-Bissau (pelo me dizem, e tendo em conta as alterações climáticas que se fazem sentir em todo o planeta). Chovia  a potes na região dominada pela bacia hidrográfica dos Rios Geba e Corubal.  Chovia a postes no triângulo Xime-Bambadinca-Xitole. Chovia a potes no setor L1.

O que não impediu a realização em julho de 1970 de, pelo menos, mais 3 colunas logísticas ao Xitole levando os comes & bebes aos nossos camaradas, periquitos, das companhias de quadrícula do novo batalhão (, o BART 2917), estacionados em Mansambo (CART 2714) e Xitole (CART 2716)... Colunas sempre penosas, com montes de viaturas civis, que se atascavam, que levavam um dia, às vezes dois, a chegar ao destino e a regressar a Bambadinca...

Por outro lado, tinham (re)começado as nossas idas ao  Xime, aquartelamento ribeirinho, na margem esquerda do Rio Geba, agora com novos inquilinos, a CART 2715... Era patente já, e logo no início da sua comissão de serviço,  a obsessão do comando do BART 2917 com a Ponta do Inglês, e as populações que, sob o controlo do PAIGC, cultivavam a bolanha do Poidon... Os RVIS mostravam, lá em baixo, os laboriosos balantas a cultivar o arroz que depois iria alimentar a rapaziada do(s) bigrupo(s)... Rapaziada que tanto estava in su situ (a 27) como aparentemente dava sumiço (a 13)...

Por outro lado, o novo reordenamento de Nhabijões (um dos maiores, senão o maior, da Guiné) tinha um destacamento, que era guarnecido pela gente mais desconcertante da CCS do BART 2917 e de outras subunidades adidas (como a própria CCAÇ 12), dos básicos aos "aleijados" (sem desprimor)... Não admira que à noite pusessem Bambadinca à beira de um ataque de nervos, com os seus SOS lancinantes via rádio: "Aqui há turras!"... Aconteceu mais do que uma vez, não seria esta (a 22) nem a primeira nem a última...

Pau para toda a obra, os "pretos" da CCAÇ 12, além do destacamento da ponte do Rio Udunduma (e não Undunduma...) e das emboscadas noturnas na famosa Missão do Sono, em Bambadincazinha,  estarão também na segurança aos trabalhos de levantamento topográfico  da nova estrada Bambadinca-Xime, cuja construção vai ser obra da TECNIL... (Não posso perguntar pelo antecessor do António Rosinha nesse tempo, já que  a equipa de topógrafos não era da TECNIL, mas sim da Brigada das Obras Públicas, que presumo tivesse sede em Bissau)...

Vejo, por outro lado,  que o PAIGC, em meados de 1970, já tinha também adoptado a política de sedução do Spínola: afinal, a guerra, no setor L1, era só com a tropa (leia-se: os tugas e os seus aliados, fulas), não com a polução civil, fula ou de outra etnia, muito menos com os negociantes de gado, mesmo que o gado sirva para alimentar as bocas esfomeadas da tropa colonialista...

Era para isso que serviam os comissários políticos do PAIGC, subordinando o poder militar ao poder político... A frase só pode ser de um comissário político: "pessoal não ataca população, guerra é só com tropa"... E esse comissário político poderia ser, na época, um tal Pedro Landim...

Recorde-se o que já se disse, noutro poste, sobre o dispositivo IN na região (apenas no que diz repeito aos subsetores do Xime e do Xitole, excluindo portanto, a região a norte do Rio Geba):

(...) "Nas zonas que o IN efectivamente controla no Setor L1, implantou uma organização e hierarquias paralelas Administrativa e Militar cuja estrutura em pormenor é ainda mal conhecida.


Na primeira, definida pelo Rio Coruibal, entre a foz do Rio Buruntoni e Rio Pulon, por uma linha imaginária que une a foz deste último à nascente do Rio Buruntoni e por este rio até à sua foz, está referenciada a existência do Comissário Político Pedro Landimn que com as FARL controla toda a população civil, sendo Jorge João Bico aparentemente o Comandante Militar da mesma Zona, esta está, dentro da organização IN, incluída na Frente Bafatá-Xitole, Setor 02, e dispõe dos seguintes efectivos:  (i) um Grupo, Comandado por Mamadu Turé na área de Tubacutá; (ii) um Grupo, comandado por Incude na área de Gã Júlio; (iii) um Grupo, comandado por Mário Mendes,  na área de Satecuta...

"Estes quatros Grupos permutam entre sí com frequência as áreas em que actuam. Dispõe o IN ainda na zona, em permanência, de um Grupo Especial de Bazucas comandado por Vitorino Coluna Costa,  normalmente estacionado na área de Gã João e de um Grupo de Sapadores comandado por Mário Nancassa.


"Frequentemente o IN balanceia os meios da Frente Bafatá-Xitole com os da Frente do Quínara pelo que na situação de esforço sobre a Frente Bafatá-Xitole (incluí toda a zona do Sector L-1 a sul do Rio Geba) os efectivos indicados podem ser substancialmente reforçados". (...)

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Nota do editor:

terça-feira, 11 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6368: O Spínola que eu conheci (20): "Erros graves cometidos do ponto de vista de segurança explicam o êxito da emboscada do IN, em 26/11/1970, na região Xime-Ponta do Inglês [, Op Abencerragem Candente] " (Benjamim Durães / Jorge Cabral / Luís Graça)



Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 (1972/74), Os Unidos de Mampatá  > Maio de 1974 > Um bigrupo do PAIGC, a caminho de um encontro (desta vez, pacífico) com o pessoal aquartelado em Mampatá.  

Em 26 de Novembro de 1970, por volta das 8h50, no decorrer da Op Abencerragem Candente, a CART 2715 e a CCAÇ 12 sofreram uma violenta emboscada, de que resultaram 6 mortos, 9 feridos graves e um número indeterminado de feridos ligeiros entre as NT... Quinze dias depois, Spínola visita o aquartelamento do Xime (CART 2715) e tece duras críticas ao comando do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).

Foto: © José Manuel Lopes (Josema)  (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Estrada (alcatroada) Bambadinca - Xime > Chegada ao Xime, em 9 de Março de 1974, da CCAÇ 3491 (Dulombi,  1971/74), para embarque em LDG a caminho de Bissau. A esta companhia pertencia o nosso camarada Luís Dias.  O Xime era a porta de entrada na zona leste...

Foto: ©  Luís Dias  (2008). Direitos reservados. (com a devida vénia...)

Continuação da publicação do Despacho do Com-Chefe, de 7/1/1971, relativo à visita de inspecção ao BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), um documento de 12 páginas (*)



7. Visita a Xime em 12dez70 

- A impressão colhida na inspecção à Companhia do Xime [, CART 2715, ] foi má.

- O Comandante da Companhia  revelou uma muito precária preparação táctica para conduzir a sua subunidade no mato, nomeadamente no que toca a noções elementares de segurança.

Com base na descrição que me foi feita da acção realizada em 26 de Novembro [de 1970]  na região Xime-Ponta do Inglês [, Op Abencerragem Candente,] (**), conclui que o êxito da emboscada do IN se deve fundamentalmente a erros graves cometidos pelos Comandos de Batalhão [na altura o comandante interino era o Major de Artilharia José António Anjos de Carvalho ] e Companhia, do ponto de vista de segurança. Ao primeiro por ter marcado um itinerário a percorrer numa operação,  tirando iniciativa ao Comandante da Companhia, e ao segundo por não se ter deslocado em adequado dispositivo.

É evidente que uma força que se desloca no mato por uma picada [a antiga estrada Xime-Ponta do Inglês] constitui um objectivo altamente vulnerável para uma emboscada.

Encontrei a Companhia com fraco moral em consequência das baixas sofridas (**), e não encontrei por parte dos Comandos a determinação de cumprir a missão cometida às forças emboscadas. Uma emboscada é um incidente e não pode nunca constituir motivo impeditivo do cumprimento de uma missão.

O Comando do Batalhão deveria ter imediatamente, com reforço ou não, providenciado no sentido de no mais curto prazo de tempo ter sido reconhecida a região de Ponta do Inglês (objectivo da operação). (***).

- O Comando da Companhia [CC] desconhecia a quem competia a responsabilidade da área do Destacamento do Enxalé durante o espaço de tempo em que aquele Destacamento esteve temporariamente dependente do CC; assim como também não teve conhecimento da altura em que cessou aquela responsabilidade.

É incompreensível tal situação.

- O Comandante de Companhia queixou-se que passam barcos de noite no Xime sem que este tenha conhecimento, o que dificulta o cumprimento da sua missão. Este problema deveria já ter sido coordenado pelo Comandante de Batalhão, ou posto superiormente.

- Não tem sido respeitada a orgânica das subunidades.

A Companhia do Xime foi reforçada com 1 Grupo de Combate de Mansambo [CART 2714] que foi desmembrado, ficando o seu Comandante no Xime a comandar uma secção, e tendo sido destacadas para o Enxalé duas Secções. Essa solução carece de lógica e afecta os laços orgânicos.

- Há que averiguar as condições em que está a ser pago,  com carácter permanente, pessoal nativo destinado a “picagem”, pois não é permitida a utilização de pessoal nativo a título permanente (O Tenente-Coronel Robin esclarecerá este assunto).

- A tabanca de Xime não tem chefe. O Comandante do Batalhão já devia ter levantado este problema junto da Administração.

- Verificou-se que a Companhia não emprega minas e armadilhas, especialmente em zonas onde não há população, o que não tem justificação, face à carência de meios disponíveis.

- A população da tabanca [do Xime] encontra-se completamente entregue a si própria, desconhecendo o que terá de fazer em caso de ataque e apresentando as suas armas em estado manifestamente precário de limpeza, nem tão pouco as sabendo utilizar. Não há qualquer plano de defesa da tabanca.

- O Comandante da Companhia desconhecia o plano de tráfego de canoas no Rio Geba, o que é inadmissível. Como é possível controlar o tráfego quando se desconhecem os respectivos condicionamentos (zonas amarela, azul e vermelha) ?

- O plano de defesa do Xime necessita de ser elaborado em novas bases, em ordem a englobar a defesa da tabanca.

- Não está a ser tirado rendimento da mobilidade da Artilharia [, 20º PEL GAC 7, operando o 0bus 10.5, ] que se deve deslocar por entrada para apoiar operações nas zonas nevrálgicas.

-Os abrigos da defesa encontram-se concentradas em determinadas zonas em detrimento de defesa global do quartel e tabanca.

- Não está a ser tirado rendimento da metralhadora Breda que se encontra mal localizada.

- Na missão atribuída à Companhia refere-se que deve colaborar na defesa de Bambadinca. Como ? (pp. 5/8).
_____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 7 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6335: O Spínola que eu conheci (19): "Fiquei francamente mal impressionado com a visita à Companhia sediada em Mansambo" (Benjamim Durães / Jorge Cabral / Luís Graça)

(**) Desta emboscada  resultaram 6 mortos (quase uma secção inteira, massacrada)  e 9 feridos graves... Os mortos foram o guia e picador da CCS / BART 2917, Seco Camará (natural e residente no Xime, mandinga); e, da CART 2715, o Fur Mil Joaquim de Araújo Cunha, 1º Cabo José Manuel Ribeiro, o Sold Fernando Soares, o Sold Manuel da Silva Monteiro e o Sold Rufino Correia de Oliveira. 

(***) Vd. postes de:

26 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1317: Xime: uma descida aos infernos (1): erros de comando pagam-se caros (Luís Graça)